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Abordagens e Metod de Pesquisa em Ergonomia
Abordagens e Metod de Pesquisa em Ergonomia
3º Ano
UniRovuma
Nampula
2021
Índice
1. Iintrodução ............................................................................................................................... 3
2. Contextualização teórica.......................................................................................................... 4
2.1. Abordagens em ergonomia............................................................................................... 5
2.1.1. Abordagem quanto à abrangência ............................................................................. 5
2.1.2. Abordagem quanto à contribuição ............................................................................ 6
2.1.3. Abordagem quanto a área interdisciplinar (relação com o psicólogo) ..................... 8
2.2. Abordagens de análise do trabalho................................................................................. 10
2.2.1. Abordagem orientada ao trabalho vs abordagem orientada na pessoa ................... 12
2.3. Métodos de análise de tarefa e da actividade ................................................................. 14
2.3.1. Instrução do pedido e o pré-diagnóstico ................................................................. 16
2.3.2. A observação ........................................................................................................... 17
2.3.3. Recolha de dados .................................................................................................... 19
2.3.4. Análise documental ................................................................................................. 21
2.3.5. As verbalizações ..................................................................................................... 21
2.3.6. As simulações e experimentação ............................................................................ 22
2.3.7. O tratamento dos dados e o diagnóstico ................................................................. 23
3. Conclusão .............................................................................................................................. 24
4. Referências bibliográficas ..................................................................................................... 25
1. Iintrodução
O trabalho é considerado como uma prática, actividade ou tarefa formal ou informal que
desempenha um papel fundamento na construção da identidade humana de um certo indivíduo.
Como já é por nós compreendido, os colaboradores de uma determinada empresa ou instituição
dedicam a maior parte do seu dia ao trabalho. Sendo, portanto, que esse ambiente, tem total
influência sobre a sua qualidade de vida e do seu convívio social.
Alguns autores têm afirmado que com as rápidas e contínuas mudanças sociais,
económicas e políticas que ocorrem na contemporaneidade, de modo especial no mundo do
trabalho, têm gerado novos desafios de análise e intervenção. A ergonomia enquanto ciência tem
se destacado sobre o valor de melhoria de adaptações de trabalho, de maneira a que os
colaboradores das empresas ou organiza coes efectuem ou desenvolvam suas actividades de
maneira segura e eficiente.
Esta ciência propõe-se ao estudo da relação do ser humano com outros elementos do
ambiente de trabalho e a profissão. Constitui-se como ciência que procura aplicar teorias,
princípios, dados e métodos para a optimização do bem-estar do ser humano e para a melhoria do
desenvolvimento de todo o sistema de trabalho, possibilitando a eficiência de trabalho, o
conforto e a segurança, tendo, como foco, o desempenho do ser humano no trabalho, o ambiente
de trabalho, o interagir com as máquinas e, em geral, o negociar com o ambiente de trabalho.
Entretanto, vendo-se discriminado pelos seus colegas por visitar locais de trabalho e seus
pacientes a fim de identificar as causas de seus problemas, Ramazzini chegou a conclusão de
que, “com as condições em que as tarefas são desempenhadas tendo em conta o tempo de
execução, o trabalhador que permanece na mesma posição pode criar problemas como
desconforto e fadiga, ou seja, esforços repetitivos e postura inadequada causam lesões e, para
evita-las, é necessário analisar a adequação do trabalho ao ser humano.”. Portanto, essa análise
torna-se o cerne da criação da ergonomia.
Analise de trabalho refere-se a uma abordagem mais global, onde a analise de actividades
ocorre, em relação a uma análise de determinantes do trabalho em termos de restrições
económicas da empresa, as características da força de trabalho, a organização da produção e
processos técnicos, assim como, restrições de qualidade e de tempo em relação a actividade.
De acordo com Meshkati (1993 apud Wojcikiewicz, 2018), a macro ergonomia consiste
na análise das interfaces “tecnologia, organização e ser humano, e das interacções cultura,
gerência e tecnologia”, ou ainda “o estudo dos factores humanos num nível macro ou num
sistema de pessoas e tecnologias mais abrangentes, que estão relacionadas às interacções entre
sistemas e subsistemas tecnológicos, organizacionais, gerência, pessoais e culturais”.
Concepção
Essa intervenção é feita directamente no projecto do ambiente, com o intuito de promover
uma melhor organização do trabalho e dos sistemas de produção. Cuida, ainda, do uso correcto
dos equipamentos e da manutenção da postura correcta pelos funcionários.
Orselli (2008 apud Wojcikiewicz, 2018) aponta que a ergonomia de concepção interfere,
amplamente, no projecto, da concepção do posto de trabalho, tais como: dimensões, iluminação,
ruído, temperatura, etc. Para este autor, a ergonomia de concepção tem eficácia limitada, pois
corrigir sempre custa mais dinheiro.
Correcção
Actua de maneira parcial e restrita, modificando pontualmente elementos como a
iluminação, os ruídos, a temperatura, as dimensões e posicionamento do mobiliário, etc. Ou seja,
a ergonomia de correcção envolve e estuda as actividades, ambientes físicos, a iluminação, ruído,
temperatura, o posto de trabalho, as dimensões, formas, concepção, e etc., com o objectivo de
modificar os elementos parciais do posto de trabalho (Orselli, 2008 apud Wojcikiewicz, 2018).
Conscientização
Trata da educação sobre a ergonomia para o funcionário, por meio de palestras e
treinamentos, com foco na correcção de hábitos posturais ou do uso de equipamentos.
Participação
O factor humano dentro da organização é um termo fundamental para as decisões e
adequações com o objectivo de garantir uma integridade física e mental saudável dos
colaboradores. Wojcikiewicz (2018), afirma que na implementação da identificação e avaliação
das necessidades organizacionais e o projecto organizacional são adoptadas vários métodos, a
destacar, a abordagem da ergonomia participativa.
Neste sentido, um ambiente de trabalho mais seguro significa menor risco e melhores
condições de trabalho e, para que isto se torne possível, é necessário que haja envolvimento dos
colaboradores, pois estes viabilizam a concepção, planeiam e implementam as adequações
necessárias ao ambiente. Portanto, a ergonomia participativa suscita um carácter motivacional
nos colaboradores, pois uma vez que os colaboradores actuam em conjunto, possuem maiores
chances de sucesso nas suas proposições e, como consequência, maior empenho em garantir a
ergonomia na organização.
Entretanto, Hendrick & Kleiner (2006 apud Wojcikiewicz, 2018) identificam como
factores que influenciam no projecto da ergonomia participativa como sendo o tamanho e cultura
organizacional, natureza dos problemas de ergonomia, estrutura do tempo disponível, os recursos
disponíveis e o nível de treino ou educação.
Engenharia
Design
Psicologia
Como aponta Schein (1982), este profissional exerce a funcao de avaliar a organizacao,
seu ambiente e suas equipas de colaboradores, de maneira a identificar possiveis problemas e
falhas, e sugere solucoes para elas.
Administração
Gestão de recursos humanos, projectos e mudanças organizacionais.
Concepção de situação de trabalho que não alterem a saúde dos operadores, e nas quais
estes possam exercer sal competências, ao mesmo tempo num plano individual e
colectivo, e encontrar possibilidades de valorização de suas capacidades; e,
Alcançar os objectivos económicos determinados pela empresa, em função dos
investimentos realizados Guérin (2001 apud Shida & Bento, 2012).
Souza (1994, p. 53) afirma que a análise de trabalho refere-se a uma abordagem
ergonómica mais global sobre o trabalho, onde é possível entender a actividade dos
colaboradores (tais como, a postura, esforços, busca de informação, tomada de decisão, ou ainda,
comunicação) como uma resposta pessoal a uma série de determinantes relacionadas à empresa
(o projecto de estacão de trabalho, organização do trabalho formal, restrições de tempo, entre
outros), e outras relacionadas ao operador ou colaborador (idade, características antropométricas,
experiencia, entre outras).
Segundo Shida & Bento (2012), a análise ergonómica do trabalho surge da escola franco-
belga de ergonomia e que, desde os seus primórdios, tem possibilitado compreensão e a
transformação de inúmeras situações de trabalho.
De acordo com Garrigou et al., (1993 apud Souza, 1994), no processo de condução da
análise de trabalho, o ergonomista usualmente revelará determinantes desconhecidos da
actividade dos colaboradores, a destacar:
Outros autores citados pelo mesmo autor afirmam, ainda, que através da análise do
trabalho, o ergonomista “torna-se familiarizado com a situação técnica, económica e social da
companhia e, em particular, com o sistema de produção a ser estudado. Todo o comportamento é
verificado, seja ele um comportamento referente a acção (controlo do sistema), observação ou
comunicação”; com base do estudo, tanto dos aspectos micro e macro sistémicos da organização
e da conjugação destes na situação do trabalho, o ergonomista encontra condições de influenciar
projectistas e gerentes a respeito das decisões que serão tomadas para definir o trabalho na
organização.
O papel deste profissional diz respeito muitas vezes à declaração do problema (“setting
problem”) mais do que solucionar o problema (“solving problem”). A consciência a respeito dos
problemas de trabalho, levam o ergonomista a “declarar um problema”, que advém da análise
ergonómica do trabalho, “um método desenvolvido para analisar o funcionamento real das
situações de trabalho” (Wisner; Tersac, 1992; 1991 apud Souza, 1994).
Geralmente essas relações podem ser descritas de diferentes maneiras, isto é, apresentar
num gráfico correlativo de influências, onde se apresentam variáveis que agem sobre as outras,
permitindo a melhor demonstração dos efeitos de uma combinação de variáveis sobre uma
determinada variável.
Ida (2005 apud Strabeli & Neves, 2015) afirma que a análise de tarefa constitui-se como
uma das etapas do processo metodológico da análise ergonómica do trabalho, que se propõe a
identificar procedimentos executados pelos colaboradores, que devem estar documentados por
escrito. Nesta análise objectiva descobrir as discrepâncias entre o que é prescrito de maneira
formalizada e o que é realmente executado. Tal como aponta Souza (1994),
Por sua vez, uma actividade é a mobilização do colaborador para realizar suas tarefas. A
compreensão das características principais da actividade de trabalho permite ao ergonomista
elucidar os efeitos do trabalho sobre a saúde e as características da performance do trabalhador
que são resultados do trabalho.
De acordo com Trombly (1989 apud Strabeli & Neves, 2015), a análise de actividade é o
processo através do qual se pode determinar os componentes de uma actividade, as habilidades,
experiências e capacidades necessárias para a sua realização e os aspectos que podem ser
melhorados se a pessoa desempenhá-la de modo satisfatório. É uma ferramenta, onde são
caracterizados os comportamentos dos colaboradores ao realizar determinadas tarefas. A análise
da actividade incide sobre um trabalho efectivamente realizado, num dado momento (portanto,
em condições especificas) Guérin et al. (2006).
Garrigou et al. (1993 cit Souza, 1994) afirma que a análise da actividade é uma
“metodologia que busca o entendimento do comportamento do operador, das estratégias de
operação, processos de pensamento e a interacção entre operadores em uma dada situação.
Implica em longas observações no local de trabalho, associadas com entrevistas dos
trabalhadores, a fim de entender o que explica suas estratégias de operação.
Guérin et al. (2006) afirmam que “para além das escolhas das situações a estudar, o
ergonomista deve reorganizar as informações que vier a receber, pois lhe serão úteis”. Portanto,
ele deve:
Garantir um domínio suficiente sobre os dados técnicos referentes à situação de trabalho;
Servir de base para a construção de hipóteses, para a elaboração do pré-diagnostico;
Constituir ferramentas de referência úteis para a descrição e a interpretação dos dados
que serão produzidos pela análise da actividade;
Prover-se de apoio para a demonstração e a comunicação com os diferentes
interlocutores.
Muito explícita;
Menos formalizada, entretanto, mais importante, para justificar junto aos operadores a
implantação de técnicas específicas.
2.3.2. A observação
Observar é aplicar os sentidos para obter uma determinada informação sobre algum
aspecto da realidade. É mediante o acto intelectual de se observar o fenómeno estudado, que se
concebe uma noção real do ser ou ambiente natural como fonte directa dos dados, tornando-se
assim, uma técnica científica de recolha de dados a partir do momento em que passa pela
sistematização, planeamento e controlo da subjectividade.
De acordo com Quivy & Campenhoudt (2003), a observação adequa-se mais a uma
análise de comportamentos espontâneos e a percepção do não verbal e daquilo que se revela
como códigos de comportamentos. Tal como afirmam (Guérin et al., 2006),
Neste sentido, na óptica dos autores, a observação corresponde a uma abordagem mais
imediata da actividade, que pode ser realizada de maneira muito aberta (“observações livres”,
que ocorre, principalmente por ocasião das primeiras visitas ao posto de trabalho), ou tendo
como foco a recolha de certas categorias de informações com objectivos precisos (observações
sistemáticas). Desta forma, quase sempre a observação é o ponto de partida, que permite ao
observador, tomar conhecimento dos elementos de uma dada situação e, que, voluntariamente ou
não, a observação é sempre focalizada, pois se apoia essencialmente em tomadas de informações
visuais (Guérin et al., 2006, p. 144).
De acordo com o mesmo autor, as técnicas de registo também podem ser distinguidas
levando em conta a três dimensões que diferenciam as modalidades de registos, relativas à
consideração ou não da continuidade temporal do que se observa; ao suporte dos registos; e à
utilização de meios de gravação permitindo um registo diferido.
A recolha de dados pode ser realizada mediante a observação instantânea assim como
contínuas, onde o ergonomista pode realizar a recolha devido ao interesse ou aos limites das
observações instantâneas. Desta forma, os registos podem ser efectuados seguindo um intervalo
de tempo regular das observações, ou em momentos significativos, um estado instantâneo da
situação. Ou seja, esse tipo de registo, particularmente acontece quando se quer registar
características comuns a um conjunto de operadores num determinado sector. Daí, que se
efectuam observações instantâneas sobre os operadores, um de cada vez.
a recolha de dados pode ser feita mediante registos manuais ou registos com aparelhos.
Os registos manuais fazem menção aos registos papel/lápis, no qual o observador ou ergonomista
faz o registo mediante a observação de uma situação de trabalho ainda prematura (observação
prévia). Devido a refutação de uso de aparelhos electrónicos nos processos de registos ao
ambiente, o ergonomista passa a anotar eventos importantes não previstos, tais como incidentes,
permite, também, a configuração de um esquema espacial (Guérin et al., 2006).
A recolha de dados também pode ser efectuada por registadores de eventos. Devido a
falta de diferença entre os sistemas de auxílio ao registo de observações, surge a necessidade de
diversificar os materiais disponíveis ou adaptáveis para cumprir esse papel. Essas ferramentas
são chamadas de registadores de eventos específicos, ou seja, microcomputadores de bolso com
relógio interno, que dispõe ao ergonomista uma forma rápida de registar os dados. Este
instrumento consiste numa recolha de eventos observáveis que estejam definidos no aparelho em
forma de códigos alfanuméricos ou de barras, cujo observador deve estar munido de saberes de
forma a manuseá-lo (Guérin et al., 2006). Existem, também, os sistemas “assistentes pessoais”,
providos de conhecimento de escrita ou de formas, cuja função é elaborar formulários ou
planilhas de entrada de dados adaptados às situações observadas.
2.3.5. As verbalizações
De acordo com Guérin et al. (2006, p. 165), no que diz respeito aos três objectos da
análise do trabalho (a actividade, as condições nas quais o trabalho é realizado, e suas
consequências), a verbalização do operador é essencial, devido as seguintes razões:
O autor salienta que as verbalizações do operador nem sempre são óbvias, isto é, o
operador tende a descrever seu trabalho e suas consequências em função do que ele pensa ser os
interesses e objectivos do seu interlocutor, nesse caso, o ergonomista. Por outro lado, o
ergonomista mesmo após explicações preliminares, pode suscitar má compreensão ao operador,
daí que, a maneira e o objecto de questionamento vão contribuir progressivamente para o seu
esclarecimento. As operações de rotinas e estratégias podem ser resultado de aprendizagens
antigas, de uma longa experiencia. Todavia, o operador nem sempre menciona,
espontaneamente, a sua importância, os seus motivos e os conhecimentos que lhe são
subjacentes. Certas dimensões de actividade não se prestam facilmente a uma expressão verbal,
daí a necessidade de o ergonomista observar e apreciar a qualidade de um produto por sensações
tácteis, entre outras.
Recorrer às verbalizações são necessárias para a execução das etapas da ergonomia, tanto
na progressão do conhecimento da situação do trabalho, assim como na compreensão da
actividade que são condicionadas pela troca de informações entre o operador e o ergonomista,
bem como, também, das informações específicas de que este necessita.
Na visão dos autores, o diagnóstico propõe uma formulação das relações entre condições
de exercícios da actividade, actividade realizada e resultados da actividade, que deve considerar,
melhor que as representações anteriores, as dificuldades encontradas naquela situação, e que
foram o objecto da demanda da acção ergonómica. Após a formulação, o diagnóstico será
divulgado na empresa de maneira a se confrontar com as outras decisões do trabalho que
existiam antes de sua acção, sem, no entanto, apontar questões resolutivas apenas do
ergonomista, e sim outros pontos de vista como forma de enriquecer as diferentes descrições do
que ocorre nas situações de trabalho, de modo a elaborar soluções para os problemas
encontrados.
3. Conclusão
Uma organização é uma entidade social, onde duas ou mais pessoas, conscientemente
coordenada, com limites relativamente identificáveis, que funciona sobre uma base relativamente
contínua, para alcançar um objectivo comum ou uma série deles.
A ergonomia pode ser classificada de três formas distintas, a destacar a ergonomia quanto
à abrangência, quanto à contribuição e quanto à área interdisciplinar.
É um conjunto de métodos, etapas, ou ainda acções que mantém uma coerência interna,
principalmente quanto à possibilidade de se questionar os resultados obtidos durante a colecta de
dados, validando-os ao longo do processo e aproximando-os mais da realidade pesquisada.
4. Referências bibliográficas
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