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TA Xe S = J¢ expressa em Por que tanta difi , ele convenceu a ua © nucleo da teoria evolutiva, ¢ mal citada erroneamente. Essa dificliJdade na de de sua estrutura ldgica, j4 que a base d S40 da simplicidade: dois fato$| inegaveis 1. Os organismos variam||e essas v menos em parte) por seus destendentes. 2. Os organismos produzem} mais de podem sobreviver. 3. Na média, a descendéndia que varia com diregdes favorecidas pelo meio “ambiente sobreviverd e se propagard Variacdes favoraveis, portantotrescerio na populacdo através da se- legao natural, Essas trés afirmagdes asseguram que a selecdo natural se efetuard, mas ndo garantem, elas préprias, o papel fundamental que Darwin !hes atribuiu. A teoria de Darwin repousa na afirmagSo de que a selecdo natural ¢ a fora criativa da evolucdo — nao apenas 0 verdugo dos nao- aptos. A selegdo natural também precisa criar os aptos; precisa cons- truir a adaptacdo em estdgios, preservando, Beracdo apds geracdo, a parte favordvel de um espectro casual de variagSes. Se a seleco natural ¢ cria- tiva, entdo nossa primeira afirmacao precisa ser ampliada por duas Oulras restrigdes. DARWIN E OS GRANDES ENIGMAS DA VID. ‘© lugar, a variacdo devera ser casual, ou pelo menos clinar-se preferencialmente para a adapta¢4o, Isso por- ¢4o jd vem dirigida no rumo certo, entaéo a selegao do pc s¢ a var desempenha papel criativo algum, simplesmente elimina os de- iduos que nao variaram da maneira adequada, O >, com sua insisténcia em que Os animais reagem criativa- as necessidades ¢ transmiltem caracteres adquiridos a sua a, nesse aspecto ¢ uma teoria ndo-darwinista, Nossa com- preensao da mutagdo genética sugere que Darwin estava certo em que a variacao nao ¢ pré-dirigida para a forma favordvel. A man cvolugdo ¢ um misto de acaso ¢ necessidade — acaso a nivel da varia- ¢4o, ne idade no trabalho de selecao. n segundo lugar, a variag¢do deve ser pequena em relagdo a extenséo da mudanga evolutiva na formacdo de novas espécies. Pois, se as novas espécies surgissem todas de uma s6 vez, a sele¢do teria ape- nas de remover os antigos ocupantes para dar lugar a uma melhoria que ela ainda nao fabricou. Uma vez mais, nossa compreensio da ge- nética encoraja © ponto de vista darwiniano, de que as pequenas muta- Zo a base da mudanga evolutiva, Assim, a teoria aparentemente simples de Darwin nao deixa de ter complexidades sutis ¢ exigéncias adicionais. Nao obstante, acredito que © grande obstaculo a aceitacao nao reside em qualquer dificuldade cien- tifica, mas sim no conteudo filoséfico radical da mensagem de Darwin — no seu desafio a um conjunto de atitudes entrincheiradas no Oci- dente que ainda ndo estamos preparados para abandonar. Em primeiro lugar, Darwin argumenta que a evoluc¢do naéo-tem um propésito defini- do. Os individuos lutam para aumentar a representatividade de seus genes nas gerac¢des futuras, e isso é tudo. Se o mundo demonstra qualquer harmonia ou ordem, isso é um resultado incidental de individuos em busca de vantagens préprias — a economia de Adam Smith transferida para a matureza. Em segundo lugar, Darwin sustenta que a evolucao nao tem diregao: nao leva inevitavelmente a coisas mais altas. Os orga- nismos ficam melhor adaptados a seus ambientes; isso ¢ tudo. A “de- generescéncia” de um parasila é to perfeita quanto a marcha de uma gazcla. Terceiro, Darwin aplicou uma filosofia materialista consistente asua interpreta¢4o da natureza. A mattria ¢ a base de toda existéncia; mente, espirito, ¢ Deus também, s4o meras palavras para expressar a assombrosa complexidade neurOnica. Thomas Hardy, falando em pro) gdes - PROLOG da natureza, expressou sua angustia diante da reivindicagdo de que fj ja ni : _ ae nalidade, direcdo ¢ espirito haviam sido banidos: When I took forth at dawning, pool, Field, flock, and lonely tree, All seem to gaze at me , , Like chastened children sitting silent in a school; Upon them stirs in lippings mere (As if once clear in call, But now scarce breathed at all) — “We wonder, ever wonder, why we find us here!”"* Sim, 0 mundo ficou diferente a partir de Darwin. Nem por isso menos excitante, instrutivo ou enaltecedor; pois, se nado podemos achar uma finalidade na natureza, teremos de defini-la nés mesmos, Darwin era estuipido do ponto de vista moral; simplesmente nao se incomodava Pensamento ocidental, Na verdade, sugiro que o verdadeiro espirito dar- winiano possa salvar este nosso depauperado mundo, ao negar-lhe um dos temas favoritos da arrogancia ocidental — o de que fomos desig- nados para controlar e dominar a Terra e a vida nela existente porque somos O mais elevado Produto de um processo Preordenado, Seja como for, Precisamos entrar num acordo com Darwin. Para tanto, teremos de compreender suas crencas e as implicagées Tesultantes. Todos os ensaios deste livro sio dedicados a explorar “essa concepcao de vida” — a expressdo de Darwin para seu novo mundo evolucionista, +) — * Quando pani de madrugada, lagoa, = Campo, rebanho ¢ arvore solitaria, Todos pareciam me contemplar Como criangas de Castigo, senladas quictas numa escola; Sobre todos Paira, num sussurro apenas (Como se de tho a posios antes, Agora mal respirassem) — “Por que serd, por que ser que estamos aqui!” (NT.) Sigmund Freud explicou bem o inexordvel impacto da evolu¢ao so- bre a vida e O pensamento, quando escreveu: No decurso do tempo, a humanidade teve de agiientar, das mos da ciéncia, duas grandes ofensas a seu ingénuo amor- proprio, A primeira foi quando percebeu que a Terra nao era o centro do universo, mas apenas um pontinho num sis- tema de magnitude dificilmente compreensivel... A segunda quando a pesquisa biolégica roubou-lhe o privilégio de ter sido criada especialmente, ¢ relegou o homem a descendente do mundo animal, Proponho que o conhecimento de que fomos relegados também scja nossa maior esperanga de continuidade numa Terra fragil. Que “essa concep¢ao de vida’ floresca durante seu segundo século € nos ajud a entender tanto os limites quanto as licdes da compreensao ci ie . — enquanto nds, como os campos e as arvores de Thom, va m continuamos & perguntar-nos por que estamos aqui. xe sob olugdo e ev rque A. R, Wallace estava presi 38 ¢ publ ntacto com a natureza, a bordo do Beagle, Darwin na fixidez das espécies. Em julho ois da viagem, iniciou seus primeiros apontamen- do". Ja ento convencido de que a evolucdo ou uma Leoria que explicasse seu mecanismo. muitas ¢speculagdes preliminares e de algumas hipdteses ve um insight enquanto lia, por distracdo, um tra- © relacionado com o assunto. Em sua auto- eveu; n esc) Em outubro de 1838... estava Jendo, para me distrair, o Essay on Population de Malthus ¢, estando ja bem preparado’para compreender a luta pela existéncia travada em toda parte atra- ves de uma observagdo continua dos habitos de animais ¢ Plantas, ocorreu-me de stibito que, sob tais circunstancias, as variagdes favordveis tenderiam a ser Preservadas, enquanto as desfavoraveis seriam destruidas, O resultado disso seria a formagao de novas espécies. ; Ha muito Darwin ja tinha percebido a importancia da Sclecdo ar- Uficial praticada por criadores. Mas s6 depois que a visdo de luta ¢ su- Perpopulacio de Malthus catalisou seus pensamentos ¢ que pode identificar um agente para a selecdo natural. Se todas as chaturas pro- 1] ra, Mas a teoria era barata. 40 conseguisse reunir um nie esses vinte anos de- to de vista. Dedicou oito anos in- TO grandes tomos sobre a taxionomia e histéria natural das cracas, Diante deste simples fato, os tradicionalistas s6 po- dem oferecer Gesculpas pouco convi centes — qualquer coisa como; Dar achou que precisaya compreender completamente as espécies antes de proclamar 9 modo como mudavam; sé poderia fazé-lo desco- brindo por si 56 a classificacdo de um grupo dificil de organismos — Mas nao durante ONO anos, ¢ nao enquanto estava de posse da mais ropricdade desse po feiros Dara escrever guat 12 DAKWINIANA sua propria ava da biologi4- Darwin da se autobiogralia volumes ©™ sua ciondria tcor" at ro revol Jiagio dos 9) elec) formas notavelsy estab : x a aahes ¢ provel 4 existéncia, rc miares © asculos machos compleme aan Mesmo assim, duvido que consumi nele m de descobrir vari ee ntre as diversas P' a homologia ¢! certos gencros, aes a hermafrodilas. ~ trabalho tenha,merecido o tempo da demora de Darwin nao 0 certeza de uma coisa: ° ‘ado um papel tao impor- mais dados ¢ documenta- Questdo tao complexa quanto omotivo o sil hi tem uma Unica solu¢ao simplista, mas ten! ; deve ter desempen efeito negativo do medo { 1 de positiva de reunir lante quanto @ neécessida ‘a cdo adicional. Mas o que Darwin (emia? a : Quando Darwin teve seu insight malthusiano, tinha 29 ane a tinha uma posi¢do profissional, mas havia granjeado a admiragao colegas por seu trabalho perspicaz a bordo do Beagle. Nao iria com- prometer uma carreira promissora divulgando uma heresia que nao pu: desse provar. a Mas qual era essa heresia? A crenga na evolugdo € a resposta dbvia, Entretanto, nao é esta, ainda, a parte principal da solucdo; isso porque, ao contrario do que s¢ pensa, a evolugao foi uma heresia muito comum durante a primeira metade do século 19. Era ampla e aber- lamente discutida, ¢ certo, com uma grande maioria de opositores, mas admitida ou pelo menos levada em consideragao por boa parte dos grandes naturalistas. Dois extraordinérios livros de anota¢des de Darwin podem conter a resposta para texto e comentarios mais extensos (veja H. E. Gruber ¢ PH, Barrett, Darwin on Man). Os chamados M ¢ N notebooks foram escritos em 1838 € 1839, enquanto Darwin reunia as notas que formariam a base para seus ensaios de 1842 ¢ 1844, Neles se acham os ieee de Darwin sobre filosofia, estética, psicologia e antropo- an a. A relé-los, em 1856, Darwin classificou-os como “Cheios de me- isicas sobre a moral". Muitas de suas declaragdes ‘sposava mas temia expor principi icone hata expor principios de algo que sabia ser muito mais an quea propria evolugao: o materialismo filoséfico — 0 postu- € que a matéria ¢ tudo na existéncia e de r Mentais ¢ espirituais s4o subprodutos d oe at are : produtos cla. Nenhuma nopio Ws week ANDES ENIGMAS DA VIDA parnin £ OSG uietante para as arraigadas convicgées do pensamento Oci- aa ar a declara¢do de que a mente — por mais complexa ¢ po- dental €o.9 a —¢um simples produto do cérebro. Pense, por exemplo, derosa U6 on Milton de uma mente superior e separada do corpo, de oe aiabila por algum tempo (// Penseroso, 1633). 0 Or let my lamp, at midnight hour, Be seen in some high lonely tower, Where | may oft outwatch the Bear, With thrice-great Hermes,! or unsphere The spirit of Plato, to unfold What worlds or what vast regions hold The immortal mind that hath forsook Her mansion in this freshly nook? ee he! As notas provam que Darwin se interessava por filosofia e que es- tava cliente de suas implicagdes. Sabia que a principal caracteristica a distinguir sua teoria de todas as outras doutrinas evolucionistas era seu inflexivel materialismo filosdfico. Outros evolucionistas falavam em for¢a vital, dirigismo histérico, luta organica, ¢ na irredutibilidade essencial da mente — uma armadura de conceitos que a cristandade tradicional podia aceitar como meio-termo, ja que permitia a um Deus cristdo tra- balhar pela evolugdo, e nao pela cria¢do. Darwin falava apenas em va- riagdo ao acaso e sele¢do natural. 1. A “Ursa” (Bear) refere-se a consiclacdo da Ursa Maior, “Hermes trés vezes pode- roso” (thrice-great Hermes) ¢ Hermes Trimegistus (nome grego para Thoth, deus egipcio da sabedoria). Os “livros herméticos", supostamente escritos por Thoth, sao uma colecdo de trabalhos metafisicos ¢ de magia que influenciaram grandemente a Inglaterra no século 17, Foram comparados, por alguns, ao Velho Testamento, como uma fonie de sabedoria pré-crista. Declinaram de importincia quando foram apresentados como pro- dulo de Alexandria, mas sobreviveram em varias doutrinas rosa-cruz ¢ na expressdo “hermeticamente fechado”, a * Ou deixe que minha luz, em horas noturnas, Sea vista em alguma alta torre solitdria, Onde eu possa vigiar sempre a Ursa, Com Hermes trés veres poderoso, ou decifrar O espirito de Platto, para desvendar Que mundo ou vastas regides possucm A mente imortal que abandonou % Sua mansio neste carnal recesso. WT). * sy St DARWINIANA Nas notas, Darwin aplicou resolutamente scu materialismo & tco: ria da evolugdo de todos os fenémenos da vida, inclusive ao que ele préprio chamou de “a prdpria cidadela” — a mente humana. E se a mente nao tem existéncia real para além do cérebro, seria possivel Deus ser algo mais que uma ilusio inventada por uma ilusdo? Num de seus livros sobre transmutacao, ele escreveu: Amor pelo efeito deificador da organizacdo, 6 materialistas! Por que © pensamento, sendo uma secrecio do cérebro, é mais maravilhoso que a gravidade, uma propriedade da ma- teria? Por nossa arrogancia, por nossa aulo-admira¢ao. Essa crenca'era tao herética que Darwin chegou a contornd-la em The Origin of Species (A Origem das Espécies, 1859), onde aventurou- Se apenas ao criptico comentario de que “a origem do homem e sua historia sera esclarecida’. Sé trouxe suas crengas @ Juz quando nao pode escondé-las mais, em Descent of Man (A Descendéncia do Ho- mem, 1871) ¢ em The Expression of the Emotions in Man and Ani- mals (A Expressio das Emogées em Homens ¢ Animais, 1872). Alfred Russell Wallace, 0 co-descobridor da selecdo natural, nunca foi capaz de aplicd-la a mente humana, por ele considerada como a unica contri- buido divina a histéria da vida. Darwin, entretanto, transpds 2000 anos de filosofia ¢ religido no mais extraordindrio- epigrama do chamado M noteboo. Platao diz em Phaedo que nossas “idéjas imagindrias” sur- gem da preexisténcia da alma, nao sao derivaveis da experién- cia — leia macacos em lugar de preexisténcia, Comentando os apontamentos de Darwin, MeN, Gruber diz que, ‘na ¢poca, o materialismo era mais ofensivo que a evolugdo”, O autor documenta @ perseguigao as crencas materialistas durante o século 18 ¢ inicio do 19 e conelui: Praticamente em todos os campos do conhecimento usaram-se ” metodos repressivos: conferéncias foram Proscritas, publica- Ses prejudicadas, Negaram-se cdtedras ¢ a imprensa investiu ferozmente e ridicularizou. Os intelectuais ¢ cientistas apren- impopulares as vezes se retrataram, publicaram no anoni- deram a ligdo ¢ reagiram as pressOes. Os autores de idéias . . he ihe i RWIN E OS GRANDES ENIGMAS DA VIDA DARWI mato, apresentaram suas teorias diluidas, ou demoraram anos para publicar Darwin havia passado por uma experiéncia direta enquanto estu dante na Universidade de Edimburgo, em 1827. Seu amigo W. A. Browne defendeu uma tese com uma perspectiva materialista da vida e da men- te, perante a Plinian Society. Depois de inimeros debates, todas as re- feréncias a tese de Browne, incluindo os registros (de reunides anteriores) sobre sua intengao de apresentd-la, foram eliminadas das atas. Darwin aprendeu a ligdo, escrevendo no M notebook: Para evitar dizer 0 quanto acredito no Materialismo, diga- mos apenas que as emocoes, instintos, graus de talento, que sao hereditérios, 0 s4o simplesmente porque o cérebro da crianga se parece com © dos pais. Os mais ardentes materialistas do século 19, Marx e Engels, nao tardaram em reconhecer o que Darwin tinha concluido e em explorar seu conteido radical. Em 1869, Marx escreveu a Engels sobre The Origin, de Darwin: Embora desenvolvido no ristico estilo inglés, este € o livro que contém a base, em historia natural, para nossa tese. Mais tarde, Marx ofereceu-se para dedicar o volume 2 de Das Kapital (O Capital) a Darwin, que rejeitou a oferta, dizendo que nao gostaria de sugerir seu apoio a um livro que nao tinha lido. (Vi o exem- plar de Darwin do volume 1, em sua biblioteca, em Down House. Tem uma dedicatoria de Marx, que se assina um “admirador sincero” de Darwin. As paginas nao tinham sido cortadas. Darwin nao era devota- do a lingua alema.) Darwin cra, na verdade, um revoluciondrio brando, Nao s6 adiou por muito tempo a publicagdo de seu trabalho, como evitou constante- mente qualquer declaragdo publica sobre as implicagdes filoséficas de Sua teoria. Em 1880 escreveu a Karl Marx: Parece-me (certo ou errado) que Os argumentos diretos con- tra o Cristianismo ¢ 0 Telsmo nao tém praticamente efeito algum sobre 0 piiblico, e que a liberdade de pensamento serd melhor promovida com o esclarecimento gradativo da compreensdo humana que se segue ao progresso da ciéncia. DARWINIANA Por isso, sempre evitei escrever sobre religido, limitando-me a falar de ciéncia. Mesmo assim, o conteudo de seu trabalho foi tao perturbador para 0 pensamento ocidental tradicional, que ainda nao o abarcamos completamente A campanha de Arthur Koestler contra Darwin, por exemplo, apdia-se numa relut&ncia em aceilar o materialismo de Dar- win e num desejo ardente de investir novamente a matéria de alguma propriedade especial (veja The Ghost in the Machine [O Fantasma da Maquina] ou The Case of the Midwife Toad [O Caso da Parteira Toad)). Confesso que isso eu nao consigo compreender. Prodigio e sabedoria devem ser ambos apreciados. Devemos gostar menos da beleza da na- tureza porque nao é planejada? O potencial da mente deve parar de nos inspirar espanto ¢ medo sé porque muitos bilhdes de neurdnios resi- dem em nosso cranio? dol sa Za | Ped

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