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I SRST – SEMINÁRIO DE REDES E SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES

INSTITUTO NACIONAL E TELECOMUNICAÇÕES – INATEL


ISSN 2358-1913
SETEMBRO DE 2014

Método para Estimação de Tráfego e


Dimensionamento de Recursos para grandes
eventos
Marcus Vidon Carneiro da Rocha1, Daniel Andrade Nunes2

demonstrado na seção VII. Através da multiplicação do


Abstract— Due the major events that are taking place in Brazil tráfego médio por assinante pela quantidade de usuários de um
and the rapid emergence of new areas of concentrated public like dado serviço (voz 2G, voz 3G, dados 3G e 4G) obtém-se o
malls, business centers and concert halls, the number of requests tráfego total do mesmo. Além disso, ainda existe a
for new coverage in these places is growing rapidly, so it makes
necessidade de se calcular a quantidade de assinantes para
necessary to develop tools that can estimate simply and quickly
the requested capacity to meet the traffic demands for 2G, 3G cada fluxo de serviço para que se tenha a maior precisão nos
and 4G networks. The following work aims to propose an resultados.
algorithm that meets the requests stated above, ie, at the end of Finalmente serão demonstrados valores de referência para o
this document the reader will be able to calculate the voice traffic cálculo da quantidade de recursos necessários para cada
on 2G and 3G network and data over 3G and 4G networks in the tecnologia – TRX (Rádios) na rede 2G e células nos sistemas
busy hour in addition be able to estimate the amount of resources
3G e 4G.
needed for each technology - amount of TRX for 2G network and
cells for 3G and 4G networks.
Index Terms—3GPP, Dimensioning, Traffic Estimation, II. DISPOSIÇÕES GERAIS
Events, Traffic. A previsão de tráfego para grandes eventos é uma tarefa
Resumo—Em função dos grandes eventos que estão ocorrendo árdua aos projetistas. Há um grande número de variáveis
no Brasil e do rápido surgimento de novas áreas de concentração
de público, como shoppings, centros empresariais e casas de
envolvidas no processo que podem apresentar
espetáculos, a quantidade de solicitações de novas coberturas comportamentos totalmente descorrelacionados quando
nesses locais vem crescendo rapidamente, por isso se faz comparados a acontecimentos de diferentes naturezas. Por
necessário o desenvolvimento de ferramentas que possam estimar exemplo, em um jogo de futebol a distribuição do tráfego no
de maneira simples e rápida a capacidade necessária para o tempo é bem diferente do encontrado em um concerto, como
atendimento das demandas de tráfego nas redes 2G, 3G e 4G. se pode perceber nas Figuras 1 e 2.
Este artigo tem como objetivo propor um algoritmo capaz de
calcular o tráfego de voz nas redes 2G e 3G e dados nas redes 3G
e 4G na hora de maior movimento, além disso será capaz de Final Copa Confederações 2013 -
estimar a quantidade de recursos necessárias por tecnologia – Volume Dados - M B
quantidade de TRX para rede 2G e células para as redes 3G e
20000
4G. 18000
Palavras chave—3GPP, Dimensionamento, Estimação de 16000
14000
Tráfego, Eventos, Tráfego. 12000
10000
8000
I. INTRODUÇÃO 6000
4000
2000
Este artigo tem como objetivo propor um método de 0
estimação dos volumes de tráfego em grandes eventos para os
0

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diferentes tipos de serviços ofertados pelas redes móveis


3GPP – GSM (Global System for Mobile Communications),
Fig. 1. Volume de dados UMTS – Final Copa das Confederações 2013 [3].
UMTS (Universal Mobile Telecommunications System) e LTE
(Long Term Evolution).
O método consiste em atribuir a cada assinante um tráfego
médio, esse valor pode ser obtido, por exemplo, através da
observação de outros eventos semelhantes, como será

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de


Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado
de Pós-Graduação em Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações.
Orientador: Profº Daniel Andrade Nunes. Trabalho aprovado em 09/2014.
os diversos serviços e dos parâmetros envolvidos no perfil de
Lollapalooza - Volume Dados - M B tráfego.
12000
10000 III. DISTRIBUIÇÃO DOS ASSINANTES ENTRE OS SERVIÇOS
8000
O input mais básico em um dimensionamento é a
6000
quantidade de assinantes que deverá ser atendida. Esse dado é
4000 relativamente simples de se obter da área de vendas da
2000 operadora, porém a quantidade de assinantes por serviço quase
0 nunca é informada. Por exemplo, atualmente os dois principais
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tipos de serviço em uma rede móvel são voz e dados, que
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podem ser atendidos pelas redes 2G, 3G e 4G, deste modo o
Fig. 2. Volume de dados UMTS – Primeiro dia do Festival Lollapalooza projetista deverá distribuir as demandas dos assinantes entre as
2014 [4]. redes.
Contudo é possível verificar uma grande similaridade na Para o dimensionamento da rede GSM será considerado
distribuição temporal dos tráfegos em eventos de uma mesma apenas o serviço de voz, pois a demanda de dados provém
categoria, o que pode ser verificado na Figura 3. Assim sendo, majoritariamente de clientes comerciais que utilizam
é possível extrair perfis médios de comportamento dos máquinas de pagamento. Essa particularidade será tratada com
usuários em cada tipo de evento, o que torna possível a mais detalhes na seção VI.
previsão de tráfego em um novo acontecimento futuro. O UMTS atualmente é a rede mais importante para as
Volume de Dados - M B operadoras em grandes eventos provendo tanto serviço de voz
14000
quanto de dados. A tendência atual de mercado é da migração
12000

10000
do tráfego de voz GSM para as redes UMTS e uma ainda leve
8000 migração de tráfego de dados das redes 3G para 4G, o que
6000 indica que nos próximos anos haverá um aumento na carga
4000
dessas redes.
2000

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A chamada rede de quarta geração – LTE, é usada
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atualmente apenas para prover serviços de dados no país. Este


06/11/13 10/11/13 27/11/13 05/02/14
fato é decorrente da falta de terminais compatíveis e suporte a
IMS (IP Multimedia Subsystem) na rede core das operadoras,
Fig. 3. Volumes de dados em jogos no Estádio do Maracanã [7].
que devem estar preparados para a solução VoLTE (Voice
Além das dificuldades de se prever comportamento dos
Over LTE). Assim, todas as chamadas de voz são
usuários, outro grande problema vem do modo como as
redirecionadas para a rede 2G ou, principalmente, para o
operadoras de telefonia móvel funcionam. Em função da
UMTS, empregando-se a funcionalidade CSFB (Circuit
grande concorrência, as engenharias das operadoras têm que
Switch Fall Back). O LTE possui uma capacidade muito
trabalhar com prazos apertados, falta de informações das áreas
superior a do HSPA (High Speed Packet Access), podendo ser
de makerting e ao final do processo têm que defender os
uma boa opção para desafogar a carga de tráfego de dados da
projetos da maneira mais didática possível para que eles sejam
rede 3G, se possível.
aprovados pelos setores financeiros. Sendo assim, é de
Além da distribuição dos assinantes entre as redes, é
fundamental importância que o processo proposto neste artigo
importante verificar as subdivisões existentes entre os
seja de simples execução e entendimento.
diferentes serviços, por exemplo, o tráfego de dados pode se
Assim sendo, a metodologia que será apresentada foi
dar através de terminais do tipo smartphone ou modem (no
construída tendo três principais pilares: rapidez, requerer o
país comumenta chamados de banda larga). Essa consideração
mínimo de inputs de outras áreas e didatismo.
é importante, pois os usuários desses diferentes aparelhos têm
Todo método de estimação de tráfego pode ser resumido em
perfis de tráfego diferentes. Sabe-se que o volume consumido
uma equação genérica (1):
por um usuário que acessa a rede através de modem é bem
superior ao demandado por um cliente que utiliza um
T S = # Ass total × Penetração × Perfil × (1 + ∑ M ) (1)
S S smartphone [9]. A divisão do tráfego nos diferentes sentidos
TS é o tráfego do serviço, # Asstotal é a quantidade de (downlink e uplink) é outro ponto de extrema importância,
pois, em grandes eventos, nota-se que a demanda nos dois
assinantes que usarão o serviço, PenetraçãoS é o fator que sentidos apresentam valores semelhantes [10], o que
define a quantidade de utilizadores do serviço dentro do demandará mais investimentos porque a capacidade das redes
público total, Perfil S é o tráfego médio por assinante, celulares para o downlink é superior à do uplink.
Para se obter as quantidades de assinantes das diferentes
∑ M é a soma de todas as margens que serão aplicadas ao redes, seus serviços e suas subdivisões, serão utilizados
dimensionamento. estimadores percentuais denominados de Penetração que estão
As seções III, IV e V apresentarão os principais itens para o detalhados na Tabela I, assim como os quantitativos de
dimensionamento de tráfego: distribuição dos assinantes entre assinantes para cada tipo de serviço:
A SS Dado 4 G = A SS Dados × (1 − pDado 3G ) (9)
TABELA I
LEGENDA DOS PARÂMETROS DE DISTRIBUIÇÃO DE ASSINANTES
A SS DadosSP 4 G = A SS Dados 4 G × pSP 4 G (10)
Parâmetro Legenda Unidade
pOP Penetração da Operadora (%)
ASS DadosBL 4G = ASS Dados 4G × (1 − pSP 4G ) (11)
pVoz Penetração de Voz (%)
IV. PERFIL DE TRÁFEGO
pDados Penetração de Dados (%)
O perfil de tráfego pode ser entendido como os fatores
Penetração de Voz 2G (%)
necessários para estipular o tráfego médio de um usuário. A
pVoz2G obtenção desses parâmetros pode ser feita de maneira empírica
Penetração de Dados 3G (%) através da observação de eventos similares. Há também a
pDados3G
possibilidade de a operadora estipular um consumo médio por
pSP 3G Penetração SmartPhone 3G (%) assinante e assim dimensionar a rede para essas condições. Os
parâmetros necessários a cada tecnologia estão dispostos nas
pSP 4G Penetração SmartPhone 4G (%) Tabelas II, III e IV.

Público Público total do evento Unidade TABELA II


PARÂMETROS DE TRÁFEGO REDE GSM
Quantidade de assinantes de Unidade
ASS Voz voz Parâmetro Descrição Unidade
Tráfego médio de voz por assinante Erl
ASS Voz 2G Quantidade de assinantes de Unidade Tvoz user 2G
voz atendidos pela rede 2G
Tráfego total de voz Erl
ASSVoz3G Quantidade de assinantes de Unidade Tvoztotal 2G
voz atendidos pela rede 3G
Quantidade de assinantes de Unidade
ASS Dados dados TABELA III
Quantidade de assinantes de Unidade PARÂMETROS DE TRÁFEGO REDE UMTS
ASS Dados3G dados atendidos pela rede 3G
Parâmetro Descrição Unidade
Quantidade que acessam Unidade
ASS DadosSP3G dados através de smartphone Tvoz user 3G Tráfego médio de voz por Erl
3G assinante
Quantidade que acessam Unidade Tráfego médio de dados por bps
ASS DadosBL3G dados através de modem 3G
TdadosuserSP 3G assinante com terminal
Quantidade de assinantes de Unidade smartphone
ASS Dados4G dados atendidos pela rede 3G TdadosuserBL3G Tráfego médio de dados por bps
assinante com terminal
Quantidade que acessam Unidade modem
ASS DadosSP 4G dados através de smartphone Tráfego total de downlink bps
4G TdadostotalDLSP3G cursado por smartphones
Quantidade que acessam Unidade
ASS DadosBL4G dados através de modem 4G TdadostotalULSP3G Tráfego total de uplink bps
cursado por smartphones
Através da aplicação das equações abaixo obtém-se os Tráfego total de downlink bps
quantitativos de assinantes para cada tipo de serviço: TdadostotalDLBL3G cursado por modens
Tráfego total de uplink bps
TdadostotalULBL3G
A SS Voz = Público × pOP × pVoz (2) cursado por modens
Tráfego total de downlink bps
TdadostotalDL3G
ASS Voz 2G = ASS Voz × pVoz 2G (3)
Tráfego total de uplink bps
TdadostotalUL3G
A SS Voz 3G = A SS Voz × (1 − pVoz 2 G ) (4) DLSP 3G Relação entre Tráfego Dados (%)
DL/Tráfego Total Dados para
terminais smartphone
A SS Dados = Público × pOP × pDados (5) DLBL3G Relação entre Tráfego Dados (%)
DL/Tráfego Total Dados para
terminais modem
A SS Dados 3G = A SS Dados × pDados 3G (6)

A SS DadosSP 3G = A SS Dados 3G × pSP 3 G (7)

A SS DadosBL 3G = A SS Dados 3G × (1 − pSP 3G ) (8)


TABELA IV Tdados totalULSP 3G = A SS DadosSP 3G ×
PARÂMETROS DE TRÁFEGO REDE LTE
Tdados userSP 3 G × (1 − DL SP 3 G ) (15)
Parâmetro Descrição Unidade
Tráfego médio de dados por bps
TdadosuserSP 4G assinante com terminal Tdados totalDLBL 3G = A SS DadosBL 3G ×
smartphone 4G Tdados userBL 3 G × (DL BL 3G ) (16)
Tráfego médio de dados por bps
TdadosuserBL 4G assinante com terminal
modem 4G
Tráfego total de downlink bps
Tdados totalULBL 3G = A SS DadosBL 3G ×
TdadostotalDLSP 4G cursado por smartphones Tdados userBL 3 G × (1 − DL BL 3 G ) (17)
Tráfego total de uplink bps
TdadostotalULSP 4G cursado por smartphones
 Tdados +
TdadostotalDLBL4G Tráfego total de downlink bps Tdados totalDL 3 G = 
totalDLSP 3 G
 × (1 + ∑ M )
cursado por modens
 Tdados totalDLBL 3 G  (18)
Tráfego total de uplink bps
TdadostotalULBL4G cursado por modens
 Tdados +
TdadostotalDL 4G Tráfego total de downlink bps
Tdados totalUL 3 G = 
totalULSP 3 G
 × (1 + ∑ M ) (19)
 Tdados totalULBL 3 G 
Tráfego total de uplink bps
TdadostotalUL 4G
Relação entre Tráfego Dados (%)
Tdados totalDLSP 4 G = A SS DadosSP 4 G ×
DLSP 4G DL/Tráfego Total Dados para Tdados × DL SP 4 G
(20)
userSP 4 G
terminais smartphone
Relação entre Tráfego Dados (%)
DLBL 4G DL/Tráfego Total Dados para Tdados totalULSP 4 G = A SS DadosSP 4 G ×
terminais modem
Tdados userSP 4 G × (1 − DL SP 4 G ) (21)
V. MARGENS
Em qualquer projeto de engenharia a aplicação de margens Tdados = A SS DadosBL 4 G ×
totalDLBL 4 G
de segurança é essencial, ainda mais quando se trata de
Tdados × (DL BL 4 G ) (22)
eventos onde milhares de pessoas estarão usufruindo da rede userBL 4 G

simultaneamente.
O primeiro fator importante vem da utilização de perfis
Tdados totalULBL 4 G = A SS DadosBL 4 G ×
médios de tráfego, ou seja, não se pode garantir que se terá (23)
durante a HMM sempre o valor médio de tráfego por usuário. Tdados userBL 4 G × (1 − DL BL 4 G )
Existem também margens que são inerentes à tecnologia
utilizada, como observa-se no adicional de tráfego de Soft
 Tdados +
Handover na rede UMTS, onde as células vizinhas absorvem Tdados totalDL 4 G = 
totalDLSP 4 G
 × (1 + ∑ M ) (24)
tráfego umas das outras. Em redes bem otimizadas essa  Tdados totalDLSP 4 G 
característica chega a exigir uma carga adicional da célula que
gira em torno de 30% a 35%, porém, se o projeto de RF não  Tdados +
for cuidadoso, podemos ter esse percentual elevado a quase Tdados totalUL 4 G = 
totalULSP 4 G
 × (1 + ∑ M ) (25)
 Tdados toatlUL 4 G 
50%. É importante saber que essa margem não deve ser
aplicada ao tráfego HSDPA, pois não há Soft Handover para
esse serviço. VI. CÁLCULO DOS RECURSOS NECESSÁRIOS
Após apresentação de todos os parâmetros necessários A parte final do projeto consiste em estimar os recursos
segue abaixo as equações (12 a 25) que modelam o tráfego de necessários para o atendimento do evento – quantidade de
cada tipo de serviço: TRX (rede GSM) e quantidades de células para as redes
UMTS e LTE.
Tvoz total 2 G = A SS Voz 2 G × Tvoz user 2 G × (1 + ∑ M ) (12) A. Rede 2G
A capacidade de uma estação rádio-base GSM é dada pelo
Tvoz total 3 G = A SS Voz 3 G × Tvoz user 3 G × (1 + ∑ M ) (13) número de transceptores (TRX). Cada um desses rádios tem a
capacidade de transmitir até 8 time-slots com taxa de 16Kbps
Tdados totalDLSP 3G = A SS DadosSP 3 G × (14)
por onde trafegam os serviços voz, dados e informações de
Tdados × DL controle do site e das chamadas (sinalização).
userSP 3 G SP 3 G
Cada operadora tem uma estratégia própria de mapeamento
desses serviços entre os recursos (time-slots). Conforme
comentado na seção III, o interesse é o atendimento das
chamadas de voz e, por esse motivo, as conexões de dados ao
público geral não serão consideradas. TABELA VI
REFERÊNCIAS DE CAPACIDADE EM CÉLULA LTE
Considerando-se a demanda de tráfego de voz GSM
(calculada através da equação (1)) e uma taxa de bloqueio BW Disponível
(cada operadora deve definir o grau de serviço que deseja 10 MHz 20MHz
ofertar), é possível utilizarmos a equação de ERLB (sistema Tecnologia UL DL UL DL
sem fila e com vários servidores) [5] para calcular a Antena 6,35 Mbps 8,35 Mbps 12,7 Mbps 16,7 Mbps
quantidade de canais de voz para atendimento do evento. A SIMO N/A 16,7 Mbps N/A 33,4 Mbps
MIMO - 2x2
equação (26) resulta no número de transceptores necessários
Como há um dimensionamento para Dowlink e outro para
para suprir a demanda:
Uplink considera-se como resultado final o valor máximo
entre os dois.
ERLB
# TRX = (26)
N ( Tráfego , GraudeServ iço )

Quantidade CanaisdeVo z D. Outros Limitantes de Capacidade


Afim de se exemplificar como é feito o dimensionamento O projetista deverá atentar-se a outros fatores limitantes de
considera-se, por exemplo, que em um TRX alocam-se 5 capacidade ligados a hardware, licenças de usuários
(cinco) desses recursos para voz, 2 (dois) para controle e, simultâneos e condição de rádio de tal forma que seja possível
conforme comentado na seção III, 1 (um) time-slot para suprir ao sistema entregar as capacidades de tráfegos demonstradas
a demanda das máquinas de pagamentos por cartão que acima.
utilizam a tecnologia GPRS (General packet radio service). Claramente existem uma série de outros fatores que também
Como é possível a redução da taxa de transmissão de voz de limitam os sistemas, por exemplo, na rede 3G temos
16 Kbps (codec full-rate para 8Kbps (codec half-rate) pode-se limitações por Channel Elements, quantidade de códigos
corrigir o número de recursos reservados para voz para 10 OVSF (Orthogonal Variable Spreading Factor) e quantidade
(dez) time-slots, com esse dado e a equação (26) obtém-se a de usuários HSPA (High Speed Packet Access), na rede LTE
equação (27): há limitação de usuários conectados. Nenhum desses fatores
foi levado em consideração para que os requisitos
ERLB demonstrados acima fossem atingidos, o que não impede que
# TRX = (27)
N ( Tráfego , GraudeServ iço )
futuramente novos estudos incluam esses limitantes no
10
algoritmo.
B. Rede 3G
A definição precisa da capacidade de uma célula baseada VII. DESENVOLVIMENTO
em tecnologia CDMA que provê diferentes serviços (voz e Afim de se exemplificar o método, neste tópico será
dados) varia de acordo com as condições de interferência do apresentado um exemplo de projeto.
ambiente. Assim sendo, serão utilizadas referências de
A. A Demanda
capacidades médias observadas em redes UMTS reais.
Através de estudos realizados [6] concluiu-se que uma célula A área de marketing da operadora GHOST verificou que a
UMTS suportaria até 15 ERL de voz sem comprometer construção de uma nova casa de espetáculos, com capacidade
drasticamente a experiência de navegação de dados do de 10000 (dez mil) espectadores, para clientes com alto poder
usuário, ou seja, nessa condição teríamos um throughput aquisitivo, está em processo de finalização e solicita à
médio por usuário por volta de 1 Mbps. engenharia um pré-projeto para atendimento dos serviços de
Para o tráfego de dados, pode-se utilizar a referência de 5 voz e dados. A partir desse dimensionamento será avaliada a
Mbps para tráfego HSDPA [6] e até 1 Mbps para tráfego de viabilidade econômica do projeto. O demandante também
Uplink [2] por célula. informa que não há interesse no fornecimento de cobertura
Como tem-se três serviços (Voz, Dados DL e Dados UL) GSM, pois a estratégia global do provedor é de não investir
com diferentes referências de capacidade o valor final da nessa tecnologia.
quantidade de células deverá ser o máximo entre os três B. Interpretação da Solicitação
resultados encontrados, conforme irá se verificar na equação
A primeira informação relevante da solicitação é a
31.
quantidade de espectadores (10000) que a nova casa de
C. Rede 4G espetáculos irá receber. Porém, este dado está incompleto, pois
A capacidade de tráfego da rede LTE também será o público será divido entre as diversas operadoras existentes.
mensurada através de dados práticos que dependem do Afim de solucionar este problema tem-se de recorrer à
espectro disponível e da tecnologia de antena utilizada de penetração da operadora ( pOP ), ou seja, quanto do público
acordo com a Tabela VI [1]: total será atendido pela operadora GHOST. Uma boa
aproximação para esta variável é considerá-la igual ao market-
share do provedor na região do atendimento e, para fins
explicativos, será considerada igual a 30%.
Em seguida os clientes são descritos como de alto poder
aquisitivo, ou seja, todos com um de alto consumo tanto de
serviços de voz quanto de dados (assim sendo, pode-se de 5 GB. Além disso foi verificado que, em média, há cerca de
considerar um perfil de tráfego agressivo), o que faz tanto a 2000 clientes desse provedor na localidade.
penetração de voz ( pVoz ) quanto a de dados ( pDados ) O tráfego médio por usuário de voz pode ser obtido através
serem iguais a 100%. da equação (28):
Como não há interesse em investimento na rede GSM,
Tvoz observado
conclui-se que todo o tráfego de voz deverá ser cursado pela Tvoz user 3 G = (28)
rede 3G, o que torna a penetração de chamadas de voz em 2G A SS Voz 3G observado
( pVoz 2G ) nula.
30
As conexões de dados serão divididas entre as redes 3G e Tvoz user 3 G =
= 15 mERL
4G e um bom indicativo de quanto cada sistema receberá de 2000
O tráfego médio por usuário de dados smartphone 3G é dado
chamadas pode ser retirada das estatísticas de penetração de
através da equação (29):
terminais puramente UMTS e LTE na rede entre clientes de
alto consumo. Nesse exemplo será considerado que 30% dos
8 × VOLUMEdado s totalSP 3 G observado
aparelhos são aparelhos puramente 3G, ou seja, a penetração
Tempo
de conexões de dados em 3G ( pDados3G ) assumirá este Tdados userSP 3 G =
observação (29)
A SS DadosSP 3G observado
valor.
Uma última conclusão é de que, como se trata da cobertura
de uma casa de espetáculos, tem-se uma quantidade de 8 × 5 × 10 9
usuários de modens muito baixa, contudo pode-se considerar Tdados userSP 3 G = 3600 = 5,556 Kbps
que todas as chamadas partirão de smartphones, o que faz as 2000
penetrações desses terminais, tanto 3G ( pSP3G ) quanto 4G Como a tecnologia 4G ainda é recente, a operadora GHOST
ainda não tem dados históricos em eventos similares para
( pVoz 4G ), iguais a 100%. tomar com referência a área de engenharia que poderia utilizar
Da equação (4), em conjunto com (2) obtém-se a as informações dos planos de smartphones 4G, para que se
quantidade de assinantes de voz 3G: possa ter ideia do consumo diário de um usuário. Por exemplo,
tomando como base um plano de 1 GB mensal, chega-se a um
A SS Voz = Público × pOP × pVoz = 10000 × 0 ,3 × 1 = 3000 consumo diário de 33 MB ao dia e, considerando 12 horas de
uso, obtêm-se 2,78 MB por hora, valor que utilizado na
A SS Voz 3G = A SS Voz × (1 − pVoz 2 G ) = 3000 × 1 = 3000 equação (30) nos fornece o thoughput médio de dados
smartphone 4G:
Da equação (7), em associação com (5) e (6), obtém-se as
quantidades de assinantes de dados 3G que utiliza
8 × VOLUMEdado s userSP 4 G observado (30)
smartphone: Tdados userSP 4 G =
Tempo observação

A SS Dados = Público × pOP × pDados =


10000 × 0 ,3 × 1 = 3000 8 × 2 ,78 × 10 6
Tdados userSP 4 G = = 6 ,178 Kbps
3600
A SS Dados 3G = A SS Dados × pDados 3G = 3000 × 0 ,3 = 900 Para finalizar a definição do perfil de tráfego, ainda falta
verificar o quanto do tráfego médio de dados por usuário é
A SS DadosSP 3G = A SS Dados 3G × pSP 3G = 2100 × 1 = 900 cursado no downlink e uplink. Com o advento das redes
sociais e tecnologias de armazenamento em nuvem, tem-se
Substituindo o resultados das equações (5) e (9) em (10), tem-
verificado um incremento significativo do tráfego de uplink
se a quantidade de assinantes de smartphones 4G:
fazendo com que ele apresente praticamente o mesmo peso do
A SS Dados 4 G = A SS Dados × (1 − pDados 3G ) = downlink. Assim sendo, considera-se tanto DLSP3G quanto
3000 × 0 , 7 = 2100 DLSP 4G iguais a 50%. Para a margem de diferenças entre
valor médio e de pico admite-se 25% e de 35% para Soft
A SS DadosSP 4 G = A SS Dados 4 G × pSP 4 G = 2100 × 1 = 2100 Handover a tecnologia 3G, onde for aplicável.
Através da equação (13) pode-se calcular o tráfego total de
C. Perfil de Tráfego voz na rede UMTS:
Conforme apresentado na seção II é possível se extrair o
perfil de tráfego através de indicadores de eventos similares, Tvoz total 3 G = A SS Voz 3G × Tvoz user 3 G × (1 + ∑ M )
por exemplo, supondo que a operadora em questão já provê
cobertura 2G e 3G a uma outra casa de espetáculos (com as Tvoz total 3 G = 3000 × 15 × 10 −3 × (1 + 0 , 25 + 0,35 ) = 75 ERL
mesmas características do novo empreendimento) e que no
horário de maior movimento é alcançado um tráfego de voz de
Para o cálculo do tráfego total de downlink 3G utilizam-se as
30 ERLs e um volume de dados total (downlink mais uplink)
equações (14) e (18):
 Tdados totalDL 4 G 
Tdados = A SS DadosSP 3G × Tdados =  ,
totalDLSP 3 G userSP 3 G
 CapDadosDL Cell 4 G  (32)
900 × 5556 × 0 ,5 = 2 ,5 Mbps # Cells 4 G = MAX  
Tdados totalUL 4 G
 
Considerando o tráfego de downlink totalmente
 CapDadosUL Cell 4 G 
transportado via tecnologia HSPA, não se aplica a margem de
Por se tratar de um sistema indoor, há um elevado custo e
Soft Handover:
complexidade em se empregar um sistema MIMO (Multiple

( )
Input, Multiple Output) [8]. Por isso considera-se as
Tdados totalDL 3 G = 2,5 × 10 6 + 0 × (1 + 0, 25 ) = 3,125 Mbps referências de capacidade para um sistema SIMO (Single
Como DLSP3G = 0,5 temos Input, Multiple Output) em 20 MHz de largura de faixa:
Tdados totalDLSP 3G =TDados totalULSP 3 G = 2,5 Mbps , aplicando-se
 8,109 8,109 
margem de 35% para Soft Handover e de 25% de variação do # Cells 4 G = MAX  ,  =1
valor médio e utilizando-se a equação (19) tem-se:  12 ,7 16 ,7 
Conforme pode-se perceber, o sistema 4G apresenta uma
( )
Tdados totalUL 3G = 2,5 × 10 6 + 0 × (1 + 0, 25 + 0,35 ) = 4 Mbps
capacidade muito superior à da rede UMTS, necessitando
apenas de uma célula para fornecer chamadas de dados a três
Conforme esclarecido no item B do tópico VI, conclui-se vezes mais pessoas do que as atendidas pelo 3G, com taxa
que a quantidade de células necessárias para atendimento das média por usuário superior.
diversas demandas de tráfego da rede 3G é dada pela equação
(31): VIII. CONCLUSÕES
 Tvoz total 3 G Tdados totalDL 3 G  A proposta inicial do trabalho era de se obter um modelo
 , , (31)
 CapVozCell 3 G CapDadosDL Cell 3 G  que fornecesse resultados rápidos, com o mínimo de inputs e
# Cells 3 G = MAX  
Tdados totalUL 3 G de maneira didática. Nisso se obteve sucesso, pois a rapidez
 CapDadosUL Cell 3 G  vem da simplicidade do modelo, a utilização de perfis médios
 
de tráfego associados a uma distribuição dos assinantes pelos
serviços através de pesos (penetração) e, sendo assim, gera
 72 3,125 4 
# Cells 3G = MAX  , , =5 uma exigência mínima de informações de outras áreas. Para a
 15 5 1 defesa do projeto temos como resultados o tráfego de voz em
Ao final do processo verifica-se que o maior limitante para ERL (Erlang) e de dados em bps, o que juntamente com o
a rede UMTS foi o tráfego de voz. Atualmente as estações número de TRX (rede GSM) e células para redes 3G e 4G, são
rádio-bases dos fornecedores suportam até 12 células, ou seja, dimensões bastante conhecidas para os setores financeiros das
nesse caso é necessário apenas 1 NodeB para suportar a operadoras.
demanda gerada.
Para rede LTE adota-se margem de 25% de segurança e REFERÊNCIAS
DLSP3G = 0,5 , o que torna [1] Motorola -WHITE PAPER: Realistic LTE Performance – From Peak to
Subscriber Experience”
Tdados totalSPDL 4 G =Tdados totalULSP 4 G
e, consequentemente, [2] Xinsheng Zhao, Jian Qi, Hao Liang, and Xiaohu Yu, An Analytical
Method for Capacity Dimensioning of WCDMA with High Speed
Tdados totalDL 4 G =Tdados ttotalUL 4 G . Logo, utilizando as
Wireless Link,” National Mobile Communications Research Lab.
equações (20) e (24), obtém-se os totais de tráfego de dados [3] Operadora CONFIDENCIAL: “Relatório de Performance de Rede -
tanto no downlink quanto no uplink para a rede 4G: Final da Copa das Confederações Brasil 2013 “– CONFIDENCIAL
[4] Operadora CONFIDENCIAL: “Relatório de Performance de Rede -
Final da Festival Lollapalooza 2014 – CONFIDENCIAL
Tdados totalDLSP 4 G = Tdados totalULSP 4 G = [5] Iosé Marcos Câmara Brito, “Projeto e Análise de Redes de
Computadores – Cap. 4 Introdução `a Teorias de Filas”, INATEL.
A SS DadosSP 4 G × Tdados userSP 4 G × DL SP 4 G = [6] Operadora CONFIDENCIAL: “Recomendações de Análise de
2100 × 6178 × 0 ,5 = 6 , 487 Mbps Capacidade para Redes 3G” – CONFIDENCIAL
[7] Operadora CONFIDENCIAL: “Relatório de Performance de Rede –
Comparativos entre Jogos no estádio do Maracanã “–
Tdados totalDL 4 G = Tdados totalUL 4 G = CONFIDENCIAL
(Tdados totalDLSP 4 G + Tdados totalDLSP 4 G ) × (1 + ∑ M ) = [8] http://www.amplitec.cn/en-us/Solution.asp?ClassID=227
[9] http://graphics8.nytimes.com/packages/pdf/technology/cisco-mobile-
(6,487 × 10 6
)
+ 0 × (1 + 0, 25 ) = 8,109 Mbps forecast.pdf
[10] Jeffrey Erman, K.K. Ramakrishnan AT&T Labs Research, New Jersey,
USA, Understanding the Super-sized traffic of the Super Bowl.
Conforme esclarecido no item C do tópico VI, conclui-se
que a quantidade de células necessárias para atendimento das
diversas demandas de tráfego da rede 4G é dada pela equação
(32): Marcus Vidon Carneiro da Rocha nasceu em Juiz de Fora, MG, em 16
de agosto de 1983. Possui o título de Engenheiro Eletricista pelo INATEL.
De 2007 a 2009 trabalhou na empresa Huawei onde desempenhou
funções de instrutor de rede UMTS, implementação de rede 3G e coordenador
técnico do projeto CLARO UMTS. Desde 2009 trabalha no setor de
planejamento de rede de acesso da operadora Claro com foco no
dimensionamento de capacidade.

Daniel Andrade Nunes nasceu em Santa Rita do Sapucaí em 1973,


formado como Técnico em Eletrônica na Escola Técnica de Eletrônica
Francisco Moreira da Costa em 1992 e graduado em Engenharia elétrica em
1998 pelo INATEL – Instituto Nacional de Telecomunicações. Obteve o grau
de Mestre em Telecomunicações, também pelo INATEL em agosto de 2007.
Trabalhou 5 anos na multinacional Ericsson como instrutor técnico e
gerente de projetos principalmente na área de sistemas celular no
planejamento, otimização e desenvolvimento de cursos para sistemas AMPS,
DAMS, CDMA e GSM em 10 países da America latina, Estados Unidos e
Europa. Atualmente é professor de matérias relativas a comunicações móveis
e transmissão digital no programa de Graduação do INATEL, ministra
matérias referentes às tecnologias GSM, WCDMA, LTE, WiMAX, WiFI,
XDSL e DocSYS no programa de Pós Graduação do Inatel além de já ter
ministrado diversos cursos nas áreas de planejamento e otimização para
sistemas GSM, WCDMA, WiFI e WiMAX pelo ICC – Inatel Competence
Center.

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