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Sistemas de Telecomunicações III

Aspectos de Engenharia de
Transmissão Óptica
Elementos de uma Ligação Óptica
• Estrutura de uma ligação óptica
Fibra
Conector
óptica

Emissor Receptor
Repetidor
Óptico Óptico Sinal Eléctrico
Sinal Eléctrico Sinal óptico

t
t t

• Emissor óptico: consiste numa fonte óptica e em circuitos electrónicos; a


fonte óptica é normalmente um díodo laser; faz a conversão dos sinais
eléctricos em ópticos.

• Receptor óptico: consiste num fotodíodo, que é responsável por converter o


sinal do domínio óptico para o domínio eléctrico, e por circuitos electrónicos
apropriados para amplificar o sinal.

• Repetidor: pode ser um amplificador óptico, ou um regenerador; o primeiro


amplifica o sinal óptico e o segundo dá ao sinal o formato original.

• Fibra óptica: consiste numa guia cilíndrico geralmente de vidro que permite a
transmissão dos sinais ópticos à distância.

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Princípios da Transmissão Digital Óptica
• Considere-se um sistema de transmissão digital óptico com compensação da
dispersão:
Fotodíodo Filtro
Fibra Óptica v(t)
DCF
Fonte
óptica

Juntas Hr(f)
Ps(1) Pr(1)
Pr(0)
Ps(0) Z0
Razão de extinção (r) =Ps(0)/Ps(1) ITU-T rITU =Ps(1)/Ps(0)

• As fontes ópticas podem ser de três tipos: LED, Laser modulado


directamente e laser+modulador externo.
P0
Laser modulado P0 Laser + P0
directamente modulador Modulador
externo externo
t t

Corrente I V

t t

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Caracterização do Sinal Recebido
• Admitindo que o fotodetector é um PIN a corrente na sua saída tem a
contribuição do sinal e do ruído quântico. Essa corrente é dada,
respectivamente, para o nível lógico 1 (i1(t)) e para o nível 0 (i0(t)) por
nível lógico 1 : i1 (t ) = Rλ Pr (1) + iq1 (t ) nível lógico 0 : i0 (t ) = Rλ Pr (0) + iq 0 (t )

• A tensão na saída do filtro receptor relaciona-se com a corrente na saída do


fotodetector através da transimpedância. Tendo presente que o receptor
introduz ruído de circuito, a tensão na saída do filtro (para os dois níveis
lógicos) é dada por Tensão de ruído para o nível 1 Tensão de ruído
para o nível 0
nível lógico 1 : v1 (t ) = V1 + n1 (t ) nível lógico 0 : v0 (t ) = Vo + n0 (t )
Valor médio da tensão Valor médio da tensão
Densidade de para o nível 1 para o nível 0
probabilidade
v σ1 Instante de decisão
Tensão

V1 p(v|1) V1

D D Limiar de decisão
V0 p(v|o) V0

σ0 t0 Tempo

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Estatística do Sinal Amostrado
• O sinal i(t) é aplicado à entrada de um regenerador, cujo esquema de blocos é
o seguinte: Decisão e formatação
Amostragem do pulso
i(t) i(t0)
i(t0)> D simbolo 1

i(t0)< D simbolo 0

Recuperação de relógio

• Admite-se que a amostra i(t0) tem uma distribuição Gaussiana com média I1 e
variância σ12=<n12> para o nível lógico 1 e média I0 e variância σ02=<n02> para o
nível lógico 0.
σ 12 = σ q2,1 + σ c2 σ 02 = σ q2, 0 + σ c2

σ q2,1 = 2qRλ Pr (1) Be,n σ q2, 0 = 2qRλ Pr (0) Be,n σ c2 = 4k BTf n Be,n / Rb
Be,n: largura de banda de ruído do receptor; fn: factor de ruído do receptor; Rb:resistência de polarização do
fotodetector; T :Temperatura em K; KB: constante de Boltzmann (1.38 ×10-23 J/K)

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Avaliação de Desempenho
• A probabilidade de erro é dada por p1:probabilidade a priori de enviar o símbolo “1”
p0:probabilidade a priori de enviar o símbolo “0”
Pe = p1 Pr(0 / 1) + p0 Pr (1 / 0)
Pr(0/1):probabilidade de decidir pelo “0” tendo enviado o “1”
Pr(1/0):probabilidade de decidir pelo “1” tendo enviado o “0”

• Admitindo a equiprobabilidade dos símbolos, obtém-se para a probabilidade


de erro, ou BER (razão de erros binários) a seguinte expressão:
1 ⎡ D − I0 ⎤ 1 ⎡ I1 − D ⎤
Pe = erfc⎢ ⎥ + erfc ⎢ ⎥
4 ⎣σ0 2 ⎦ 4 ⎣ σ1 2 ⎦
• A função complementar de erro é definida por
e− x
2
∞ x=4.5, erfc(x)=1.966x10-10
2 erfc( x) ≈ x≥3
∫e
−t 2
erfc( x) = dt x=4.7, erfc(x)=2.995x10-11
π x π x=5.0, erfc(x)=1.538x10-12
x

• O limiar de decisão óptimo (Dop) que minimiza o BER, corresponde a fazer


Pr(0/1)=Pr(1/0).

Dop − I 0 I1 − Dop σ 0 I1 + σ 1 I 0 I1 − I 0 1 ⎡Q⎤


Dop = Q= Pe = erfc⎢ ⎥
= =Q σ1 + σ 0 σ1 + σ 0 2 ⎣ 2⎦
σo σ1

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Sensibilidade
• A sensibilidade do receptor ( Pr) é definida como a potência óptica mínima
necessária para obter um valor de Pe , normalmente para 10-12 (Q≈7).

• Para um receptor baseado num fotodíodo PIN o ruído quântico é


desprezável. Nesta situação a sensibilidade do receptor é aproximada por
Ruído de circuito branco Pr ∝ Be,n ∝ Db
1+ r Q σ c
2
1 1
Pr = Pr (1) + Pr (0) =
2 2 1 − r Rλ

• A sensibilidade do receptor com PIN diminui com a raiz do débito binário.

Um receptor é mais sensível quando necessita de menor potência para garantir o mesmo desempenho.

Débito Binário Tipo Sensibilidade Sobrecarga

Sobrecarga: valor
Sensibilidade de 155 Mbit/s pinFET -36 dBm -7 dBm
máximo da potência na
receptores que
622 Mbit/s pinFET -32 dBm -7 dBm entrada do fotodetector
operam a 1.55 μm
10 Gbit/s pin -20 dBm 0 dBm

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Sensibilidade com Pré-amplificação Óptica
Pré-amplificador
Fotodíodo
óptico Filtro
Fibra Óptica
DCF
Fonte
óptica

Juntas
Ps(1) Pr(1) Hr(f)
Pr(0)
Ps(0)

• Admitindo que o ganho do pré-amplificador é suficientemente elevado de


modo que o ruído quântico e de circuito sejam desprezáveis face aos
ruídos dependentes da emissão espontânea têm-se que (r=0,
Ies=RλSesBo), a sensibilidade do receptor é

2 QI es ⎡ Be ,n Be ,n ⎤
Pr = ⎢Q + ⎥
GR λ ⎢⎣ B o B 0 ⎥⎦

• A sensibilidade diminui com o aumento da potência de ruído espontâneo


e com a largura de banda do receptor.

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Penalidade de potência
• A penalidade de potência representa o acréscimo de potência que é
necessário aplicar à entrada do receptor para garantir a mesma BER quando o
sistema se afasta das condições ideais de funcionamento.
Pr ideal Sensibilidade em condições de funcionamento ideais

Pr real
> Pr ideal Sensibilidade em condições de funcionamento reais

• Penalidade de potência em dB
Pr
ΔPr (dB) = 10 log10 real
Pr ideal

• Penalidade de potência devida à razão de extincão para receptores PIN

⎛ Pr ⎞ ⎛1+ r ⎞
ΔPr (r ) = 10 log10 ⎜ r ⎟
= 10 log10 ⎜ ⎟
⎜ Pr ⎟ ⎝ 1 − r ⎠
⎝ r =0 ⎠

• Penalidade de potência devida à dispersão usando lasers FP ou LEDs


[
ΔPr = −5 log10 1 − (4 Db LDλσ λ ) 2 ]

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Diagrama de Olho
• Formação do diagrama de olho (pulsos NRZ)

0 0 1

1 0
0 Abertura do olho

0 1 1

A Olho aberto

1 0 0

1 0 1
Penalidade de potência
devido ao fecho do olho

1 1 0

⎛ B⎞
B A ΔP(dB) = −10 log10 ⎜ ⎟
⎝ A⎠

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Diagramas de Olho para Pulsos RZ

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Medida do BER e do Diagram de Olho
• O medidor da razão de erros binários (BER) consiste num gerador de
sequências pseudo-aleatórias e num detector de erros.
Gerador de Sistema Detector de
sequências a testar erros

Relógio

• As sequências pseudo-aleatórias consistem num padrão repetitivo com


comprimento 2N-1, onde N é um inteiro. Os padrões com comprimentos N=15
e N=23 foram adoptados como norma internacional.

• A medida do diagrama de olho requer um gerador de sequências pseudo-


aleatórias e um osciloscópio perfeitamente sincronizado.
Gerador de padrões

Dados Relógio Trigger Entrada

Sistema
a testar

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Sistemas com Amplificação e
Regeneração
• Sistemas com amplificação óptica
Usam-se amplificadores ópticos para compensar a atenuação da fibra
óptica. O processo de amplificação têm lugar no domínio óptico.

Emissor Receptor
G G
óptico óptico
Fibra óptica
Amplificador óptico

• Sistemas com regeneradores


Os regeneradores usam-se para combater a distorção (deformação) do
sinal devida à dispersão da fibra óptica. O processo de regeneração tem
lugar no domínio eléctrico. É necessário converter o sinal do domínio
óptico para o eléctrico e vice-versa.

Emissor R Receptor
R
óptico óptico
Fibra óptica
Regenerador

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Sistemas de Transmissão Óptica com
Regeneradores

• A estrutura de um regenerador é constituída por um conversor


óptico/eléctrico, regenerador eléctrico e conversor eléctrico/óptico.

O/E Regenerador E/O


eléctrico

Regenerador

• Para analisar a probabilidade de erro da cadeia constituída por m


repetidores regenerativos é necessário calcular a probabilidade de erro
(pe) de cada elemento da cadeia (E/O, fibra óptica, O/E e regenerador
eléctrico).
m ⎛ m⎞ k
BER= ∑ ⎜⎜ ⎟⎟pe (1 − pe )m−k ≈ mpe
k =1 ⎝k⎠
k impar

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Dimensionamento de Ligações sem
Amplificação
• Ligação limitada pela atenuação
L
Fonte Receptor
óptica óptico

n juntas
Ac
Acoplador
Ps nA j Pr
Fibra Óptica
• Atenuação total
Ligações ponto-a-ponto Ligações ponto-a-multiponto (1XN)

At (dB) = αL + nA j + 2 Ac At (dB) = αL + nA j + 4 Ac + Ad log 2 N + 10 log N

• Balanço de potência
Potência máxima Ganho do sistema Gs = Ps (mín) − Pr
em potência
Potência mínima
Margem do
Atenuação mínima(Amin )
sistema M s = Gs − At − ΔPr ( Dλ L)
Sobrecarga

Atenuação máxima (Amax ) Inclui a margem de segurança necessária para


suportar variações dos parâmetros devido a
Penalidade de variações de temperatura e envelhecimento
Sensibilidade
caminho óptico ΔPr ( Dλ L)
Devida à dispersão e às reflexões.

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