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Modulações em Amplitude:

DSB-SC e SSB

Princípios de Comunicação
Prof. Luiz Henrique Bonani
Universidade Federal do ABC
Modulação DSB-SC
 A Modulação de Faixa Lateral Dupla com portadora
suprimida (DSB-SC: Double Sideband – Supressed Carrier)
consiste do produto do sinal de mensagem m(t) pela onda
portadora c(t):
s(t) = c(t) m(t) = Ac cos(2πfct) m(t)
 O dispositivo usado para gerar a onda DSB-SC é chamado
de modulador de produto.

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Modulação DSB-SC
 Uma observação que se pode fazer é que o sinal modulado
DSB-SC é reduzido a zero quando o sinal de mensagem
m(t) é desligado.
 Outra observação é que o sinal modulado s(t) sempre sofre
inversão de fase quando m(t) cruza o zero.
 A envoltória do sinal s(t) é, portanto, diferente do sinal de
mensagem m(t), o que implica um processo de
demodulação mais complexo.

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Onda Modulada DSB-SC

Sinal de mensagem m(t)

Inversões de fase

Onda modulada DSB-SC s(t)

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TF do Sinal DSB-SC
m(t) ↔M(f)
S(f) = ½ Ac [M(f – fc) + M(f + fc)]

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Características da modulação DSB-SC
 Quando o sinal de mensagem m(t) é limitado em
–W ≤ f ≤ W, pode-se observar que o espectro S(f) é
transladado por fc para a direita e por –fc para a esquerda.
 Assim, a largura de faixa de transmissão necessária pela
modulação DSB-SC é a mesma da AM comum: 2W.
 A única vantagem da modulação DSB-SC está na economia
de potência transmitida.

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Espectro do DSB-SC Senoidal
 Se a modulação DSB-SC for usada com uma onda
modulante senoidal com amplitude Am e frequência fm, o
espectro da mensagem será:
M(f) = ½ Am δ(f – fm) + ½ Am δ(f + fm)
 Assim, aparecem duas faixas laterais para frequências
positivas:
¼ AcAm δ(f – (fc + fm)) e ¼ AcAm δ(f – (fc – fm))
 E duas faixas laterais para frequências negativas:

¼ AcAm δ(f + (fc – fm)) e ¼ AcAm δ(f + (fc + fm))

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Detecção Coerente
 Como a envoltória da onda modulada DSB-SC s(t) é
diferente do sinal de mensagem m(t), deve-se considerar
outra forma para recuperar m(t) a partir de s(t).

 A recuperação do sinal de mensagem m(t) pode ser feita


multiplicando, primeiro, s(t) por uma onda senoidal gerada
localmente e, então, filtrando o produto com um filtro
passa-baixa.

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Detecção Coerente

1 1
cos(1 ) cos( 2 )  cos(1   2 )  cos(1   2 )
v(t )  Ac' cos(2f c t   ) s (t )
2 2
 Ac Ac' cos(2f c t ) cos(2f c t   )m(t )
1 1
 Ac Ac' cos(4f c t   )m(t )  Ac Ac' cos( )m(t )
2 2

Onda Filtro passa- Sinal demodulado


Modulador
Modulada s(t) de produto
Baixa
v0(t)

1
Ac Ac' cos( )m(t )
Oscilador
local v0 (t ) 
2

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Detecção Coerente
 Na saída do modulador de produto verifica-se um sinal v(t)
com frequência da portadora 2fc.

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Detecção Coerente
 O oscilador local é extremamente coerente ou
sincronizado, tanto em frequência como em fase, com a
onda portadora c(t).
 Este método de demodulação é chamado de detecção
coerente ou demodulação síncrona.
 O oscilador local no receptor deve sempre ser mantido em
sincronismo (tanto em frequência como em fase), com a
onda portadora usada para gerar o sinal DSB-SC no
transmissor.

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Exemplo: DSB-SC
 Sinal senoidal com frequência de 0,05 Hz m(t), modulado
por uma onda portadora c(t) de frequência 0,4 Hz.

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Relembrando: DSB-SC
 A envoltória do sinal não possui relação clara com a onda
senoidal modulante.
 Para executar detecção coerente:
 Multiplica-se a onda DSB-SC por uma réplica exata da portadora
 Passa-se o produto por um filtro passa-baixa

A complexidade resultante do sistema é o preço que se deve pagar


para suprimir a onda portadora e poupar potência do transmissor

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Receptor Costas
 A detecção coerente de uma onda modulada
DSB-SC requer que a portadora gerada localmente no
receptor esteja sincronizada tanto em fase como em
frequência com o oscilador responsável pela geração da
onda portadora no transmissor.
 Isso pode ser feito com o chamado receptor Costas.

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Para ϕ pequeno:
cos ϕ ≈ 1
Receptor Costas sen ϕ ≈ ϕ

Canal I (em fase)

Modulador Filtro Passa-


Sinal
de produto baixa
Demodulado

Oscilador controlado Discriminador


por tensão de fase
Onda DSB-SC

Deslocador de
Fase -90º

Modulador Filtro Passa-


de produto baixa

Canal Q (em quadratura)

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Multiplexação por Portadora em
Quadratura
 O efeito nulo de quadratura do detector coerente pode ter
uma boa utilidade na construção da chamada
multiplexação por portadora em quadratura, ou
modulação de amplitude em quadratura (QAM).
 Este esquema permite que duas ondas DSB-SC (resultantes
da aplicação de dois sinais de mensagem fisicamente
independentes) ocupem a mesma largura de faixa do
canal.

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Modulação SSB
 Com a supressão da portadora, a modulação DSB-SC
soluciona uma limitação do AM-DSB (desperdício de
potência transmitida).
 Para resolver a outra limitação, relacionada com a largura
de faixa do canal, deve-se suprimir uma das duas faixas
laterais da onda modulada por DSB-SC.

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Modulação SSB
 A modulação SSB (Single SideBand) utiliza apenas a faixa
lateral inferior ou a faixa lateral superior para a
transmissão de um sinal de mensagem.
 Dependendo de qual faixa lateral for transmitida, fala-se
de SSB inferior ou SSB superior.

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Modulação SSB: Teoria
 De modo a generalizar os resultados para a modulação
SSB, primeiramente será analisado o caso simples de uma
onda modulante senoidal.
sDSB-SC (t )  c(t )m(t )  Ac Am cos(2 f ct ) cos(2 f mt ) 
1 1
 Ac Am cos[2 ( f c  f m )t ]  Ac Am cos[2 ( f c  f m )t ]
2 2
 Esta onda é caracterizada por duas bandas laterais: uma
em fc + fm e outra em fc – fm.

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Modulação SSB: Teoria
 Suprimindo o segundo termo da equação anterior, pode-se
expressar a onda SSB Superior como
1
sSSB Superior (t )  Ac Am cos[2 ( f c  f m )t ]
2

cos(   )  cos  cos  sen  sen 


 Expandindo os termos em cosseno:
1 1
sSSB Superior (t )  Ac Am cos(2 f ct ) cos(2 f mt )  Ac Amsen(2 f ct )sen(2 f mt )
2 2
 Fazendo o mesmo para a onda SSB Inferior:
1 1
sSSB Inferior (t )  Ac Am cos(2 f ct ) cos(2 f mt )  Ac Amsen(2 f ct )sen(2 f mt )
2 2

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Modulação SSB: Teoria
 As duas equações anteriores podem ser combinadas para
definir a onda modulada SSB:
1 1
sSSB (t )  Ac Am cos(2 f ct ) cos(2 f mt ) Ac Amsen(2 f ct )sen(2 f mt )
2 2

 Para a generalização da equação acima pode-se considerar


um sinal de mensagem periódico definido pela série de
Fourier:
m(t )   an cos(2 f nt )
n

 Assim, a onda SSB pode ser reescrita como:


1 1
sSSB (t )  Ac cos(2 f c t ) an cos(2 f nt ) Acsen(2 f c t )  ansen(2 f nt )
2 n 2 n

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Modulação SSB: Teoria

1 1
sSSB (t )  Ac cos(2 f c t ) an cos(2 f nt ) Acsen(2 f c t )  ansen(2 f nt )
2 n 2 n

mˆ (t )

 Definindo outro sinal periódico a partir da série de Fourier:

mˆ (t )   an sen(2 f nt )
n

 Assim, pode-se reformular genericamente a onda SSB por


Ac Ac
sSSB (t )  m(t ) cos(2 f ct ) ˆ (t )sen(2 f ct )
m
2 2

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Algumas Observações Importantes
 Sabe-se da análise de Fourier que sob condições
apropriadas a representação por série de Fourier de um
sinal periódico converge para a transformada de Fourier de
um sinal não periódico.

ˆ (t ) é a transformada de Hilbert do sinal m(t). A


 O sinal m
transformada de Hilbert é um sistema cuja função de
transferência é definida por:
H(f) = – j sgn(f)  1, x  0

sgn( x)   0, x  0
 1, x  0

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Moduladores para SSB
 Há dois métodos para a geração de ondas
moduladas em SSB:
 Discriminação em frequência
 Discriminação em fase

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Método da Discriminação em Frequência
 O modulador SSB é constituído por um modulador de produto e por
um filtro passa-faixa.
 O modulador de produto produz a onda modulada
DSB-SC com as faixas laterais inferior e superior, enquanto o filtro
passa-faixa é projetado para transmitir uma dessas faixas laterais,
dependendo se a modulação desejada for SSB inferior ou superior.

Sinal de
mensagem m(t) Modulador Filtro Onda modulada
de produto Passa-faixa SSB s(t)

Onda portadora

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Método da Discriminação em Fase
 Este método se constitui de dois caminhos paralelos, em fase e em
quadratura, cada um envolvendo um modulador de produto.
 O deslocador de fase de faixa larga visto no esquema é utilizado para
produzir a transformada de Hilbert do sinal de mensagem.
Sinal de Onda modulada
mensagem Modulador SSB s(t)
m(t) de produto

Oscilador

Deslocador de SSB superior ou


Deslocador
de fase de
fase (-90º) SSB inferior
faixa larga

Modulador
de produto

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Detecção Coerente de SSB
 A demodulação DSB-SC é complicada pela supressão da
portadora do sinal transmitido.
 Para compensar a ausência de portadora, o receptor utiliza
detecção coerente sincronizado tanto em fase como em
frequência com a onda portadora.
 Apesar da portadora ser suprimida, a informação de fase e
frequência está implícita nas faixas laterais da onda
modulada, que é explorada no receptor.

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Detecção Coerente de SSB
 A demodulação SSB é então mais complicada ainda devido
à supressão da faixa lateral superior ou inferior.
 Entretanto, as duas faixas laterais compartilham uma
importante propriedade: uma é a imagem da outra com
relação à portadora.
 Assim, o mesmo detector coerente mostrado
anteriormente para DSB-SC é novamente utilizado para
SSB, sendo a única diferença a maneira como a onda
modulada s(t) é definida.

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Problema com SSB
 Necessidade de um filtro passa-faixa com qualidade muito
alta, pois qualquer resquício da faixa lateral suprimida
pode comprometer o processo de recuperação da
informação.
 Contudo, a modulação AM-SSB funciona muito bem quando o sinal
de mensagem possui uma gap de frequências próximo da origem.
Nesse caso, a especificação do filtro passa-faixa pode ser relaxada.

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Exercícios
Considere um sinal de mensagem m(t) com o espectro mostrado a seguir. A
largura de faixa da mensagem é W = 1kHz. Este sinal é aplicado a um modulador
de produto, juntamente com a onda portadora Ac cos(2πfct), produzindo a onda
modulada AM DSB-SC s(t). Esta onda modulada é, a seguir, aplicada a um
detector coerente. Assumindo sincronismo perfeito entre as ondas portadoras no
transmissor e detector, esboce o espectro de saída do detector quando (a) a
frequência da portadora é fc = 1,25 kHz e (b) a frequência da portadora é fc = 0,75
kHz. Qual a menor frequência da portadora para a qual cada componente da
onda modulada s(t) é unicamente determinada de m(t)?

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Referências
1. S. HAYKIN, M. MOHER, “Introdução aos Sistemas de
Comunicação”, Bookman, 2a Ed., 2008.

Obs: As figuras mostradas nesta aula foram


adaptadas de [1].

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