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4.

5 Conversão em Frequência e Demodulação

Assim como a modulação linear implica em translação do espectro de mensagem para adiante, a
demodulação implica na translação inversa, a fim de se recuperar a mensagem original que está contida
no sinal modulado.
Existem duas categorias de demodulação: os detectores síncronos e os detectores de envoltória.
Por sua vez, a translação (ou conversão) em frequência é usada para deslocar um sinal modulado para
uma nova frequência portadora (para cima ou para baixo no espectro), para fins de amplificação e outras
formas de processamento de sinais.

Conversão em frequência
A conversão em frequência começa com a multiplicação por uma senoide como, por exemplo, quando o
sinal DSB [ou seja, x(t)cosω1t ] é multiplicado por cosω2t:

O produto consiste de frequências soma (f1+f2) e diferença (|f1−f2|), cada qual modulada por x(t).
Assumindo que f2 ≠ f1, a multiplicação translada o espectro do sinal x(t) para duas novas frequências
portadoras.

Esta operação é chamada de heterodinagem ou mixing.

Heterodinagem (ou mixing):


DSB
sinal modulado em DSB, portadora f1

−f1 0 f1 f

*
−f2 0 f2 f

mudança de portadora do sinal DSB anterior (??)

−(f2+f1) −f2 −(f2−f1) 0 (f2−f1) f2 (f2+f1) f

A multiplicação translada o espectro do sinal x(t) para duas novas frequências portadoras.
Com filtragem passa-banda apropriada, o sinal é up-converted ou down-converted.

DSB, portadora (f1+f2)


DSB

0 (f2−f1) f2 (f2+f1) f

cosω2t DSB, portadora (f2−f1)

0 (f2−f1) f2 (f2+f1) f

Os dispositivos que realizam esta operação são chamados de conversores de frequência ou mixers.
Aplicações: oscilador de frequência de batimento, divisor de frequência regenerativo, embaralhador
de voz, analisador de espectro, etc.
Exemplo 4.5-1: Transponder de satélite (Full-duplex communication)
Transponder = Transmitter + Responder
A figura abaixo apresenta um esboço de um transponder de satélite de retransmissão que proporciona
comunicação bidirecional entre duas estações terrestres.

Diferentes frequências portadoras (6 GHz e 4 GHz) são usadas no uplink e downlink, a fim de se evitar
auto-oscilação devido a realimentação positiva do lado transmissor para o lado receptor.

A conversão de frequência translada o espectro do sinal amplificado de uplink para a banda passante
do amplificador de downlink.

Detecção Síncrona (detecção de produto ou detecção coerente)

Todos os tipos de modulação linear podem ser detectados pelo demodulador de produto, o qual está
mostrado na Fig. 4.5-3:

Assume-se que o oscilador local (LO) está sincronizado exatamente com a portadora de xc(t), tanto em
fase quanto em frequência.

Seja o sinal de entrada generalizado:

sendo que: Kc = 0 → portadora suprimida (SSB ou VSB)


xq(t)=0 → AM sendo [ ]
Kc = 0 e xq(t)=0 → DSB.
A entrada do filtro é dada por: y(t) =

ou seja: y (t )
(mostrar isto!)
y (t )
_________________________________________
Como fc>>W, os termos em frequência dupla são rejeitados pelo filtro passa-baixa, restando apenas:

sendo KD = ALO/2 a constante de detecção.


A componente DC, KDKC, pode ser removida da saída através de um capacitor de bloqueio ou um
transformador, os quais também removem qualquer termo DC presente em x(t). (Isto é um problema!)
______________________________________________________________
Exemplo: Detecção síncrona de sinal VSB

ALO/2 ALO/2
f
−fc fc
O espectro da mensagem é X(f), com largura W.
O espectro modulado em VSB é Xc(f).
O espectro Y(f) é obtido pela convolução de Xc(f) com os impulsos em ±fc mostrados acima.
(continua...)

(...continuação)

recuperação
LPF

−fc fc

O resultado da convolução com os impulsos em ±fc está mostrado na Fig. 4.5-4c).


Os termos de alta frequência são eliminados por filtragem passa-baixa, enquanto as bandas laterais
down-converted se sobrepõem em torno da frequência zero.
Recordando-se da propriedade de simetria do filtro vestigial, observa-se que a porção removida da
banda lateral superior é recuperada com exatidão pelo vestígio correspondente da banda lateral inferior.
Assim, X(f) é reconstruído na saída e o sinal detectado é proporcional a x(t). #
(1) (3) (4) (6) (7)
Recordação: Seção 4.4 BPF-2 BPF-1

fc2 fc1
Transmissor de SSB: (2) (5)

__________________________________________________________________________________
(1) mensagem X(f) (2)
455 kHz, sub-portadora = fc2
f
f W fc2
(3) filtro mecânico, BPF-2

f
(4) fc2 (5)
fc 2 − f fc 2 + f
portadora SSB = fc1
f
fc2 fc1
(6) filtro LC, BPF-1
| 910 kHz |

f
(7) fc1−fc2 fc1 fc1+fc2
USSB

f
fc1 fc1+fc2
O primeiro oscilador a cristal opera na sub-portadora de 455 kHz, em torno da qual são construídos os filtros mecânicos.
Utilizando-se fc2=455 kHz, se dá uma margem de aproximadamente 2fc2=910 kHz para a atuação do filtro LC (região de
transição), a qual é mais do que suficiente. #

Receptor prático de SSB


Assim como o processo de geração de SSB prático usa dois estágios para modulação, o processo
inverso de demodulação também é executado em duas etapas:

<

antenna AGC loud


speaker

3 a 30 MHz
RF ⊗ BPF FI FI ⊗ LPF AF •
fc1 mechanical fc2 filter
455 kHz
filter
455 kHz

X-TAL X-TAL synchronous detector


Análise espectral: Xc(f)

−fc1−fc2 −fc1 0 fc1 fc1+fc2 f

−fc1 0 fc1 f
mechanical filter fc2

−2fc1−fc2 −2fc1 −fc1 −fc2 0 fc2 fc1 2fc1 2fc1+fc2 f

−fc2 0 fc2 f
LPF

−2fc2 −fc2 0 fc2 2fc2 f


(continua...)

<
antenna AGC loud
speaker

RF ⊗ BPF FI FI ⊗ LPF AF •
fc1 mechanical fc2 filter
filter 455 kHz
455 kHz

X-TAL X-TAL
_________________________________________________
Como o sistema não transmite a portadora, não é possível implementar o AGC (Automatic Gain
Control ou Controle Automático de Ganho) da forma convencional de AM. (Capítulo 7)
É comum encontrar receptores de baixo custo com controle de ganho manual, no qual se ajusta o ganho
da etapa de FI para compensar as variações de distância entre o transmissor e receptor.
Uma outra alternativa, utiliza a amplitude do próprio sinal de áudio, o qual, após uma retificação de
pico, atua no AGC da etapa de FI.

Transceptor de SSB

Em comunicações ponto-a-ponto entre rádio-amadores ou operadores da faixa do cidadão, costuma-se


utilizar um equipamento que possa tanto transmitir quanto receber informações: o transceptor.
Em geral, utilizam a tecnologia PTT (Push-To-Talk), o qual emprega blocos comuns ao transmissor e
receptor.
(continua...)

Tx - transmitter PTT

AF

455 kHz

Rx - receiver

455 kHz

Permite transmitir e receber sinais, porém, não simultaneamente, através do comando dado por um
interruptor de pressão localizado no corpo do microfone (chaveia entre T e R).

455 kHz
Efeitos da falta de sincronismo (problemas de desvanecimento ionosférico, desvio de frequência Doppler, etc.)

Embora em teoria a demodulação por produto seja trivial, na prática, podem ocorrer problemas devido
a sincronismo.
A sincronização de um oscilador local com uma senoide (portadora), que nem mesmo está presente de
forma isolada na entrada de sinal (se a portadora for suprimida), gera dificuldades.
Considera-se que o sinal do oscilador local seja: cos(ωc t + ω ' t + φ ' ) , onde ω´ e φ´ representam derivas
(drifts) lentas de frequência e erros de fase, respectivamente, em relação à portadora.
A análise será realizada primeiramente com modulação de tom na frequência ωm : x(t ) = Am cos ωmt

a) DSB
Multiplicando-se x c (t ) = x(t ) Ac cos ω c t = Ac ( Am cos ω m t ) cos ω c t pelo sinal do oscilador local, vem:

x c (t ) cos(ω c t + ω ' t + φ ' ) = Ac ( Am cos ω m t ) cos ω c t × cos(ω c t + ω ' t + φ ' )


Ac Am
= cos ω m t × [cos(2ω c t + ω ' t + φ ' ) + cos(ω ' t + φ ' )]
2
componentes removidas pelo filtro passa baixa
AA
= c m {cos( 2ω c t + ω ' t + φ '+ω m t ) + cos(2ω c t + ω ' t + φ '−ω m t ) + cos(ω m t + ω ' t + φ ' ) + cos(ω m t − ω ' t − φ ' )}
4
O filtro passa-baixa remove as componentes de frequência dupla, produzindo na saída:
yD (t ) = ( Ac Am / 4){cos[(ωm + ω ')t + φ '] + cos[(ωm − ω ')t − φ ']
= K D cos ωmt .cos(ω ' t + φ ')
sendo KD=AcAm/2. (continua...)

__________________________________________________

(deriva em frequência)
yD (t)
(deriva na fase)

♣ Portanto, uma deriva em frequência (por exemplo, devido a shift Doppler) que não seja pequena
comparada com W altera substancialmente o tom detectado.
Além disso, um par de tons em fm+f’ e fm−f’ é produzido.
Se f’ << fm, isto soa como um gorjeio ou nota de batimento ouvida quando dois instrumentos musicais
tocam em uníssono, mas levemente fora de sintonia.

♠ Relativamente à deriva de fase, se φ’ = ±900 (quadratura entre OL e portadora), o sinal detectado


se anula (desvanece) completamente.
Quando φ’ varia lentamente (p. ex.: propagação ionosférica), tem-se o efeito de desvanecimento.

b) SSB
Para SSB, foi visto que x c (t ) = Ac cos(ω c ± ω m )t , (+) → USSB, (−) → LSSB , e assim, tem-se:

x c (t ) cos(ω c t + ω ' t + φ ' ) = [ Ac cos(ω c ± ω m )t ] × cos(ω c t + ω ' t + φ ' )


Ac
= {cos[(ω c ± ω m )t + (ω c + ω ' )t + φ ' ] + cos[(ω c ± ω m )t − (ω c + ω ' )t − φ ' ]}
2
A
= c {cos( 2ω c t ± ω m t + ω ' t + φ ' ) + cos(±ω m t − ω ' t − φ ' )}
2 (continua...)
frequência dupla
A
x c (t ) cos(ω c t + ω ' t + φ ' ) = c {cos( 2ω c t ± ω m t + ω ' t + φ ' ) + cos( ±ω m t − ω ' t − φ ' )}
________________________________________ 2
O filtro passa-baixa remove as componentes de frequência dupla, produzindo na saída:

(deriva em frequência)
yD (t) ♠ (deriva na fase)
sendo KD=Ac/2.
♣ A deriva em frequência produz apenas um tom (com desvio de frequência, para mais ou para
menos), mas que também pode causar distúrbio, em particular, para transmissão musical.
No caso de transmissão de voz, derivas de frequência menores que ±10 Hz são toleráveis, mas no
caso contrário, soa como a “voz do Pato Donald”.

♠ Relativamente à deriva de fase, esta aparece como distorção de delay, sendo o caso extremo quando
φ’ = ± 900, quando o sinal demodulado torna-se xˆ (t ) .
Contudo, o ouvido humano pode tolerar uma quantidade relativamente grande de distorção por delay,
tal que o desvio de fase não é tão sério em sistema SSB para sinais de voz.

*No caso de sistema de transmissão de dados, fac símile e vídeos com portadora suprimida, uma
sincronização cuidadosa é necessária.

Generalização para sinais DSB e SSB arbitrários


Considere-se a expressão geral para o sinal modulado: xc (t ) = K μ x(t ) cos ω c t − K μ x q (t ) sin ω c t

e que o oscilador local seja: cos[(ω c + ω ' )t + φ ' ) . x(t) arbitrário

distributiva
O produto será:
x c (t ) cos[(ω c + ω ' )t + φ ' ] = K μ [ x(t ) cos ω c t − x q (t ) sin ω c t ] × cos[(ω c + ω ' )t + φ ' ]

= { x(t ){cos[(2ω c + ω ' )t + φ ' ] + cos(ω ' t + φ ' )} − x q (t ){sin[( 2ω c + ω ' )t + φ ' ] − sin(ω ' t + φ ' )}}
2

Após o filtro passa baixa: y D (t ) = K D [ x(t ) cos(ω ' t + φ ' ) + xq (t ) sin(ω ' t + φ ' )] , KD = Kμ /2 .

a) DSB [xq(t)=0]
Neste caso, o sinal detectado resulta: y D (t ) = K D x(t ) cos(ω ' t + φ ' )
fator de distorção

i) Se ω’ ≠ 0 e φ’ = 0 : y D (t ) = K D x(t ) cos ω ' t portadora ω’

Como ω’ << ωc  cos(ω’ t) é uma função que varia lentamente no tempo: distorção na bx. freq.
X(f) YD(f)
aliasing distorção
DSB
 =
−W W f −W−f’ −f’ f’ W+f’ f −W−f’ W+f’ f
(continua...)
y D (t ) = K D [ x(t ) cos(ω ' t + φ ' ) + xq (t ) sin(ω ' t + φ ' )]
y D (t ) = K D x(t ) cos(ω ' t + φ ' )

___________________________________________ fator de distorção


ii) Se ω’ = 0 e φ’ ≠ 0 : y D (t ) = K D x(t ) cos φ '
Se φ’ variar lentamente no tempo (variações durante a trajetória de propagação atmosférica) 
 desvanecimento.
Se φ’ = ±900  yD(t) = 0.

b) SSB [xq(t)=  xˆ (t ) ]
Neste caso o sinal detectado resulta: y D (t ) = K D [ x(t ) cos(ω ' t + φ ' )  xˆ (t ) sin(ω ' t + φ ' )]
portadora ω’
i) Se ω’ ≠ 0 e φ’ = 0 : y D (t ) = K D [ x(t ) cos ω ' t  xˆ (t ) sin ω ' t ]
Ocorre uma distorção semelhante (aliasing) ao caso DSB, com a segunda parcela distorcendo ainda
mais o sinal modulado.

No caso de transmissão de voz, para f ’ >10Hz, ocorre o efeito de “voz do Pato Donald”.

ii) Se ω’ =0 e φ’ ≠ 0 : y D (t ) = K D [ x(t ) cos φ '  xˆ (t ) sin φ ' ]


termo indesejado e que não pode ser eliminado por filtragem
Aplicando-se a TF:
YD ( f ) = K D [ X ( f ) cos φ '  Xˆ ( f ) sin φ ' ]
(continua...)

YD ( f ) = K D [ X ( f ) cos φ '  Xˆ ( f ) sin φ ' ]


_________________________________________
Recordação: filtro de
Hilbert
X(f) Xˆ ( f ) = (− j sgn f ) X ( f )
HQ(f)
_____________________________________________________

Observe-se que:  je jπ 1 = j (−1) = − j para f > 0


− j sgn f = je jπ u ( f ) =  jπ 0
 je = j (+1) = j para f < 0
sendo u(f) a função degrau unitário.

Portanto:
Xˆ ( f ) = − j sgn f X ( f ) = je jπu ( f ) X ( f )

ou seja: YD ( f ) = K D [ X ( f ) cos φ '  je jπu ( f ) X ( f ) sin φ ' ]

 YD ( f ) = K D X ( f ){cos φ '  [ je jπu ( f ) ] sin φ '}

 K X ( f ) {cos φ '  (− j ) sin φ '} = K D X ( f ) e ± jφ ' para f > 0


YD ( f ) =  D  jφ '
 K D X ( f ) {cos φ '  (+ j ) sin φ '} = K D X ( f ) e para f < 0
hermitiano

A distorção total sobre SSB é devido a um erro de fase (distorção de fase).


Portadora piloto
A fim de facilitar a sincronização em sistema com portadora suprimida (DSB, SSB, VSB), uma pequena
amostra da portadora pode ser re-inserida no sinal modulado pelo transmissor.
Esta portadora piloto é captada pelo receptor, separada usando-se um filtro de banda passante muito
estreita, amplificada e usada no lugar do oscilador local.
yD(t) yout(t)

p(t) (piloto)


Exemplo: DSB+C DSB+C
Importante: o sinal de mensagem deve conter
pilot pouco conteúdo espectral em
baixa frequência.
f

Pilot filter Filtro de difícil implementação, pois está


centrado em portadora de frequência elevada.
f
O sinal detectado será: 0 fc
não é necessário
yD (t ) = [ p (t ) + xc (t )] p (t ) = p 2 (t ) + p (t ) xc (t ) = cos 2 ωc t + cos ωc t[ Ac x(t ) cos ωc t ] detector de envoltória!
1 cos 2ωc t Ac x(t ) Ac x(t ) cos 2ωc t 1 Ac x(t )
= cos 2 ωc t + Ac x(t ) cos 2 ωc t = + + +  yout (t ) = + #
2 2 2 2 2 2

Característica do filtro VSB


Seja H(f) a característica do filtro VSB (sistema passa banda).
Se x(t) é o sinal de mensagem e X(f) é a sua TF, então, o espectro do sinal residual será:
1
X c ( f ) = [ X ( f + f c ) + X ( f − f c )]H ( f )
2

Pergunta-se: H(f ) = ?? espectro DSB filtro VSB


detecção síncrona
O produto do sinal VSB, i.e. xc(t), por cosωct, é tal que (teorema da translação em frequência):
1
xc (t ) cos ωc t ↔ [ X c ( f + f c ) + X c ( f − f c )]
2 filtragem passa baixa da demodulação síncrona
1
↔ {[ X ( f + 2 f c ) + X ( f )] H ( f + f c ) + [ X ( f ) + X ( f − 2 f c )] H ( f − f c )}
4
Os termos em (f ±2fc) são rejeitados pelo filtro passa-baixa, e a saída resultante será tal que:
1
y D (t ) ↔ X ( f )[ H ( f + f c ) + H ( f − f c )]
4
Para recuperar a mensagem sem distorção é necessário que:
y D (t ) ↔ K X ( f ) e − jωtd = K X ( f )
para K constante e td = 0, e assim, a resposta em frequência H(f) deve satisfazer a:
H ( f + f c ) + H ( f − f c ) = C = constante .... C = 4K
(continua...)
1
y D (t ) ↔ X ( f )[ H ( f + f c ) + H ( f − f c )]
4
H ( f + f c ) + H ( f − f c ) = C = constante
_______________________________________________
Observe-se que X(f) = 0 para |f | > W, logo, a equação acima deve ser satisfeita apenas quando |f | < W.
Portanto, o filtro deve apresentar a característica de corte com simetria complementar ao redor da
portadora:

H(ω)
forma geral do sistema passa banda, H(f)]
filtro vestigial

ω
0

H(ω+ωc)
banda base, H(f+fc) Esta característica satisfaz a condição:
H ( f + f c ) + H ( f − f c ) = C = constante

ω
W
#

Detecção de Envoltória (ou Detecção Assíncrona)


Como a envoltória de um sinal AM tem a mesma forma da mensagem, independentemente da frequência
e fase da portadora, a demodulação pode ser realizada extraindo-se a envoltória, sem preocupação com
sincronismo.
filtro passa alta sinal AM de entrada

Na ausência de C1, R2 e C2, a tensão v seria a


versão retificada (meia-onda) da entrada vin.

Porém, R1C1 atua como um filtro passa baixa,


respondendo apenas às variações nos picos de
vin, desde que:

(ver discussão a seguir)

Sob tais condições, C1 descarrega ligeiramente entre os picos da portadora e v se aproxima da envoltória
de vin.
Finalmente, R2C2 age como um bloqueio DC para remover o bias da componente de portadora não
modulada. (continua...)
Resumo: Sinal de AM

Detector de envoltória Bloqueio DC (HPF)

bias

Importante:
Desde que o bloqueio DC distorce as componentes de baixa Mensagem
frequência da mensagem, os detectores de envoltória
convencionais não são adequados para sinais com importante
conteúdo de baixa frequência.

Escolha da constante de tempo RC


O capacitor C1 se carrega rapidamente até o valor de pico do sinal modulado, através de uma pequena
resistência direta oferecida pelo diodo em condução, e então, descarrega lentamente através da
resistência R1 (a qual é bem maior que a resistência do diodo).
Se a constante de tempo é escolhida adequadamente, a tensão de saída se parece muito com a envoltória.
Para operação apropriada, o inverso da constante de tempo é escolhida para ser pequena o suficiente
para frequências da mensagem, e, ao mesmo tempo, grande o suficiente para a frequência da portadora:
1 1
<< R1C1 << 
fc W
Se a constante de tempo for muito pequena, a saída do detector tem o aspecto da figura abaixo: em
vez da envoltória desejada, a forma de onda de saída possui um excessivo ripple de RF.

modulação de tom

A inclinação (em módulo) de cada


descarga capacitiva é bem maior que
a inclinação (em módulo) da envoltória
em cada instante de tempo.

(continua...)
Escolha da constante de tempo RC
O capacitor C1 se carrega rapidamente até o valor de pico do sinal modulado, através de uma pequena
resistência direta oferecida pelo diodo em condução, e então, descarrega lentamente através da
resistência R1 (a qual é bem maior que a resistência do diodo).
Se a constante de tempo é escolhida adequadamente, a tensão de saída se parece muito com a envoltória.
Para operação apropriada, o inverso da constante de tempo é escolhida para ser pequena o suficiente
para frequências da mensagem, e, ao mesmo tempo, grande o suficiente para a frequência da portadora:
1 1 1 1
<< R1C1 <<   << R1C1 <<
fc W fc W
a) Se a constante de tempo for muito pequena, a saída do detector tem o aspecto da figura abaixo: em
vez da envoltória desejada, a forma de onda de saída possui um excessivo ripple de RF.

R1C1 (seg) é muito rápida, R1C1 < 1/fc


envelope slope
AM com modulação
de tom
A inclinação (em módulo) de cada
descarga capacitiva é bem maior que
a inclinação (em módulo) da envoltória
em cada instante de tempo.

(continua...)

1 1
<< R1C1 << 
fc W
________________________________________________
b) Quando a constante de tempo R1C1 é selecionada muito grande, observa-se um efeito de descola-
mento diagonal (diagonal clipping): não se permite que a tensão no capacitor siga as variações na
forma de onda modulada (como mostrado na figura abaixo).

R1C1 (seg) é muito lenta, R1C1 > 1/W

Na condição de descolamento diagonal AM com


envelope
a inclinação (em módulo) de cada slope modulação
descarga capacitiva é menor que a de tom
inclinação (em módulo) da envoltória
em cada instante de tempo.

1 1
Percebe-se então que a restrição << R1C1 << é muito vaga para efeito de projeto.
fc W
Pergunta: qual a faixa de valores mais específica sugerida para a constante de tempo R1C1?
(continua...)
Na figura a seguir, mostra-se como a tensão do capacitor vc(t) segue (aproximadamente) a envoltória,
quando a constante de tempo R1C1 é selecionada adequadamente.

derivada da envoltória em t0

modulação de tom

charge/

derivada da descarga em t0

para não haver descolamento diagonal


O módulo da inclinação da curva de descarga do capacitor, i.e., dvc (t ) , deve ser maior que o módulo
dt
dA(t ) dvc (t ) dA(t )
da inclinação da envoltória, ou seja, , para operação apropriada: ≥ .
dt dt dt

Existe uma relação entre a constante de tempo R1C1 , o índice de modulação (μ) e a maior frequência
do sinal de modulação ( fm= W ), que deve ser satisfeita no caso de detecção de envoltória de um sinal
de AM com tom único.
a justificativa é dada a seguir
(continua...)

Regra prática: para uma detecção eficiente do sinal de modulação, pede-se que:
1 1− μ 2
≤ R1C 1 ≤
ωc μ 2πW
___________________________________________________________
Prova:
a) Limite inferior:

Sabe-se que o tempo para um capacitor descarregar 99% de sua carga inicial é de aproximadamente
5R1C1 .
Note-se, ainda, que a saída não deve decair apreciavelmente entre dois picos consecutivos da onda
modulada.
O tempo entre dois picos da onda modulada é 2π /ωc, tal que, 5R1C1>> 2π /ωc  R1C1 >> 2π /(5ωc).

Como 2π /5 ≅ 1  R1C1 >> 1/ωc  o limite inferior é R1C1 = 1/ωc , abaixo do qual se produz muito
ripple na saída.

(O valor exato das constantes 5 e 2π não precisa ser específico, desde que a inequação acima está
sendo satisfeita, e que 5 (que vem de 5R1C1) não é um limite exato de qualquer forma.)

Por fim, ressalta-se que o importante para detecção apropriada é operar próximo ao outro extremo,
i.e., o limite superior, imediatamente antes que ocorra o descolamento diagonal; assim, a
determinação do limite superior é essencial.
(continua...)
1 1− μ 2
≤ R1C 1 ≤
b) Limite superior: ωc μ 2πW
Procura-se garantir que a tensão no capacitor vc(t) siga a envoltória, no caso da modulação tonal em
fm= W , com um mínimo de ripple e próximo ao limite de deslocamento diagonal.
dvc (t ) dA(t )
A fim de vc(t) seguir a envoltória A(t), é necessário que ≥ , em qualquer t0.
dt dt
 t −t 0  descarga capacitiva
− 
vc (t ) = E0 e  R1C1  

 t −t 0 
− 
dvc (t ) 1 RC 
= E0 e  1 1 
dt t =t0 R1C1 t =t0
charge/
1 E0 A(t )
= vc (t ) = =
R1C1 t =t 0
R1C1 R1C1 t =t0

Ac [1 + μ cos 2πWt 0 ]
=
R1C1
dA(t )
Por outro lado: A(t ) = Ac [1 + μ cos 2πWt ]  = μAc 2πW sin 2πWt 0
dt t =t0
Ac [1 + μ cos 2πWt 0 ] 1 + μ cos 2πWt 0
Assim, deve-se impor que: ≥ μAc 2πW sin 2πWt 0  R1C1 ≤ = f (t 0 )
R1C1 μ 2πW sin 2πWt 0
sendo que tal inequação deve ser satisfeita para todo t0.
(continua...)

1 + μ cos 2πWt 0 1 1− μ 2
R1C1 ≤ = f (t 0 ) Obs: ≤ R1C 1 ≤
μ 2πW sin 2πWt ωc μ 2πW
________________________________________
0

Como a inequação deve ser satisfeita para todo t0 , fica claro que t0 passa a ser uma nova variável.
O pior caso ocorre quando o lado direito da inequação é mínimo, uma vez que, se for menor, ocorre o
descolamento diagonal.
Mostrar
O valor mínimo de f(t0) é obtido a partir de d[f(t0)]/dt0=0, o qual conduz a: cos 2πWt 0 = − μ . isto!

Daí, calcula-se: 1 − sin 2 2π Wt0 = cos 2π Wt0 = − μ  1 − sin 2 2π Wt0 = μ 2  sin 2π Wt0 = 1 − μ 2
1 + μ (− μ ) 1− μ 2 1− μ 2
Portanto, o mínimo valor possível de f(t0) é: min{ f (t 0 }} = = =
μ 2πW 1 − μ 2 μ 2πW 1 − μ 2 μ 2πW
Em resumo, a constante R1C1 não pode ser maior que este valor mínimo de f(t0) e, portanto,
1− μ 2
R1C 1 ≤ c.q.d. #
μ 2πW
_____________________
1
Esta relação dá origem a: μ≤ .
1 + (2πWR1 C1 ) 2
Para um dado W e uma constante de tempo R1C1 , existe um limite superior no índice de modulação
para que o detector de envoltória possa demodular com sucesso.

Pelo mesmo motivo, embora a máxima eficiência de potência em AM ocorra para μ=1, a rádio-difusão
comercial usa μ tipicamente na faixa de 0,85 a 0,95.
Método de reconstrução da envoltória
Alguns demoduladores de DSB e SSB empregam o método de reconstrução de envoltória:
somador
yD

A adição de uma grande portadora gerada localmente ao sinal de entrada reconstrói a envoltória para
ser recuperada por detector de envoltória.

Este método elimina a multiplicação de sinal, mas não evita o problema de sincronização: a portadora
local deve estar tão bem sincronizada quanto o oscilador local num demodulador de produto.
________________________________________________
Exemplo: Em caso de modulação de tom em SSB
Neste caso x(t) = Am cos2πfmt, tal que o sinal SSB é (ver Seção 4.4):
AA
xc (t ) = c m cos(ω c ± ω m )t = A cos(ω c ± ω m )t
2
Ac Am
para A = , (+) → USSB e (−) → LSSB .
2
(continua...)

Ac Am vout
xc (t ) = cos(ω c ± ω m )t = A cos(ω c ± ω m )t yD
2
AA
A= c m
2
(+) → USSB (−) → LSSB

_________________________________________________
admitindo-se a condição de sincronismo
Após a soma: vout = A cos(ω c ± ω m )t + ALO cos ω c t

Na frequência ω = ωc , definem-se os fasores: v1 = A e j ( ±ωmt ) (manter os sinais ±)


v 2 = ALO

a) Para USSB (+): Im


Em f=fc
v1 = A e j ( +ωmt ) A
A(t)
v2 = ALO v1
ωmt
φ(t)
v2 = ALO Re
vi (t ) = ALO + A cos ω m t , in phase
v q (t ) = A sin ω m t , quadrature
(continua...)
vi (t ) = ALO + A cos ω m t AA
(+) → USSB A= c m
v q (t ) = A sin ω m t 2
______________________________________
vi (t ) = ALO + A cos ω m t , in phase
b) Para LSSB (−):
Im v q (t ) = − A sin ω m t , quadrature
Em f=fc
v1 = A e j ( − ωm t ) ALO Re
v2 = ALO φ(t) ωmt

A(t) A

Resumo:
vi (t ) = ALO + A cos ω m t
v q (t ) = ± A sin ω m t (+) → USSB (−) → LSSB

Envoltória:
A(t ) = [vi2 (t ) + v q2 (t )]1 / 2 = [ ALO
2
+ 2 AALO cos ω m t + A 2 cos 2 ω m t + A 2 sin 2 ω m t ]1 / 2
2
 A  2A
= [ A + 2 AALO cos ω m t + A ] = ALO 1 + 
2
LO
 +
2 1/ 2
cos ω m t
 ALO  ALO
Se A/ALO <<1 (sendo A = Ac Am / 2 ), então, (A/ALO)2 ≅ 0, e:
grande portadora gerada localmente
2A
A(t ) ≅ ALO 1+ cos ω m t
ALO (continua...)

Ac Am vout
2A A= yD
A(t ) ≅ ALO 1 + cos ω m t
ALO 2
grande portadora gerada localmente

___________________________________________
Série de Taylor: 1 + x = 1 + x + ..., x < 1
2
Se ALO for grande o suficiente, 2A/ALO <<1, e assim tom na frequência
de áudio
envoltória  1 2A  A A
A(t ) ≅ ALO 1 + cos ω m t  = ALO + c Am cos ω m t = ALO + c x(t )
 2 ALO  2 2

ou seja, um sinal AM:


 A 
vout (t ) = A(t ) cos[ω c t + φ (t )] =  ALO + c x(t ) cos[ω c t + φ (t )]
(representação de envoltória e fase) 
2 

Vantagens: O sinal x(t) pode ser extraído por um detector de envoltória.


Não é usado nenhum multiplicador, mas apenas o somador (linear, mais simples).

Problemas: Erros de frequência e de fase no oscilador local podem demandar circuitos complicados
de ajuste automático do sincronismo.
Detector retificador
Deve ficar claro que o mecanismo responsável pela demodulação por detector de envoltória é a não
linearidade do diodo retificador, o qual torna o circuito de saída não-linear.
Por outro lado, um diodo semicondutor também pode ser usado para recuperar o sinal de mensagem
quando usado como chave eletrônica (sistema variante no tempo).
sinal retificado/chaveado

sinal AM
sinal filtrado

é usado um filtro passa-baixa


(não é um detector de envoltória)
bloqueio DC

sinal de AM sinal detectado

(LPF)

impedância de entrada alta impedância de saída baixa

O sinal retificado equivale à multiplicação dos valores positivos do sinal de mensagem por +1, e,
dos valores negativos, por zero; o sistema é variante no tempo. (continua...)

Solução gráfica:

Sinal de AM

(convolução espectral)
(multiplicação temporal)
chaveamento pelo diodo
⊗ *

produto síncrono
filtro passa baixa
observe-se a grande quantidade
de energia desperdiçada com a
filtragem

(continua...)
Na seção 4.3 foi mostrado que um trem de pulsos retangulares p(t), com amplitude unitária, largura τ,
com período Tc e τ/Tc = fcτ=1/2, é tal que: ∞
p(t ) ↔  c(nf c ) δ ( f − nf c )
n = −∞
1 n
sendo: c(nf c ) = f cτ sinc(nf cτ ) = sinc 
2 2

 n −1
2  n −1
1
Recorrendo-se a: ( − 1) 2
, n ímpar ( − 1) 2
, n ímpar
n sin nπ / 2  nπ  n π
sinc = =  1, n =0  c(nf c ) = 1 / 2, n =0
2 nπ / 2  0, n = par  0, n = par
 
 

n −1
1 1 ∞
(−1) 2
Portanto, p(t ) ↔ δ ( f ) +
2 π

n = −∞ n
δ ( f − nf c ) = P( f )
n ímpar

E também:  n −1

sinal retificado/chaveado δ( f ) 1 ∞
(−1) 2
xc (t ) p(t ) ↔ X c ( f ) * P( f ) = X c ( f ) *  +  δ ( f − nf c )
 2 π n = −∞ n
 n ímpar 
n −1
1 1 ∞ (−1) 2
↔ Xc( f ) +
2
 n
π n = −∞
X c ( f − nf c )
n ímpar (continua...)

n −1
1 1 ∞ (−1) 2
xc (t ) p (t ) ↔ X c ( f ) +
2
 n X c ( f − nf c )
π n = −∞
_____________________________________
n ímpar

A μA
No caso de sinal AM: X c ( f ) = c [δ ( f − f c ) + δ ( f + f c )] + c [ X ( f − f c ) + X ( f + f c )]
2 2
n=0 n= −1 n= +1
1 1 1
e então: xc (t ) p(t ) ↔ X c ( f ) + X c ( f + f c ) + X c ( f − f c ) + ...
2 π π
n=0
Ac μAc
↔ [δ ( f + f c ) + δ ( f − f c )] + [ X c ( f − f c ) + X c ( f + f c )] +
4 4
n= −1
1 Ac 1 μAc
+ [δ ( f ) + δ ( f + 2 f c )] + [ X ( f ) + X ( f + 2 f c )] +
π 2 π 2
n= +1
1 Ac 1 μAc
+ [δ ( f − 2 f c ) + δ ( f )] + [ X ( f − 2 f c ) + X ( f )] + ...
π 2 π 2
Se está interessado apenas na componente centrada em f=0, obtida a partir dos termos em n=±1:
1
y D (t ) ↔ Ac [δ ( f ) + μX ( f )] após a filtragem passa-baixa
π
e assim, a partir da TFI: 1 1/π = 0,318, perde-se quase 70% de sinal com a
y D (t ) = Ac [1 + μx(t )] filtragem!!
π
Portanto, a detecção por retificação é essencialmente uma detecção síncrona, uma vez que a operação
de retificação equivale a multiplicar o sinal modulado por um sinal periódico de frequência fc.
Tal “multiplicação” é realizada sem que haja necessidade de se gerar qualquer portadora no receptor.

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