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Embora as perturbações do sinal sejam introduzidas ao longo do sistema, é prática comum

atribuí-las ao canal de transmissão, considerando-se então o emissor e o receptor como ideais.


A caracterização destas perturbações é essencial para determinar os problemas resultantes no
sinal recebido, e estimar assim o grau de qualidade que será possível obter.

Por outro lado, é possível melhorar o desempenho do sistema, reduzindo as próprias


perturbações ou contrariando os seus efeitos:
- optimizando a construção do canal, quando este é constituído por um suporte físico
como as linhas de cobre ou as fibras ópticas (não aplicável se o canal for o espaço livre);
- projectando adequadamente o emissor e o receptor, tendo em conta o canal e os
objectivos de qualidade pretendidos.

As distorções consistem em alterações do sinal devido a imperfeições do sistema. Podem ser


reduzidas através de um projecto adequado ou de componentes adicionais de compensação.

A atenuação consiste na redução do nível do sinal, o qual pode tornar-se excessivamente baixo
em comparação com outros sinais indesejados. Tal como a distorção, a atenuação pode ser
controlada dentro de certos limites.
As interferências são a contaminação do sinal desejado por outros sinais da mesma natureza
que partilham o mesmo canal físico de transmissão. As interferências podem igualmente ser
reduzidas.
O ruído refere-se a sinais eléctricos de natureza aleatória, internos ou externos ao sistema. Tem
como efeito mascarar parcialmente ou alterar profundamente o sinal desejado. Uma das
características únicas do ruído é que não pode ser completamente eliminado, mesmo em teoria.
Por esta razão, o ruído coloca limites fundamentais na capacidade de transmissão de sinais
através de canais de comunicação.

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Um sistema linear e invariante no tempo tem as seguintes propriedades:
- obedece ao princípio da sobreposição
sendo y (t ) = F [x(t )]

N
e sendo
x(t ) = å ai xi (t )
i =1
então N
y (t ) = å ai F [xi (t )]
i =1

- as suas características são invariantes com o tempo, isto é


se x1 (t ) = x(t - d )

então y1 (t ) = F [x1 (t )] = F [x(t - d )] = y (t - d )

Um sistema linear e invariante no tempo pode ser completamente caracterizado pela sua
resposta impulsional ou pela sua resposta em frequência. A relação entre a entrada e a saída no
domínio dos tempos é a seguinte (convolução): ¥
y (t ) = x(t ) * h(t ) = ò x(t ) h(t - t )dt

A relação entre a entrada e a saída no domínio das frequências é a seguinte:


Y ( f ) = X ( f )H ( f )

Aplicando as propriedades da transformada de Fourier, se y (t ) = Kx(t - t d )

então H ( f ) = Ke - jwtd = Ke - j 2pft d


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O declive da fase deve ser negativo para que o sistema se comporte como um sistema causal.
Não existem canais não causais. Seria necessário que a saída do canal se antecipasse à
respectiva entrada.

A fase da resposta em frequência deve, para além de ser linear, passar por zero ou por um
múltiplo inteiro de p. Note-se que o termo ±m×p aparece na expressão da fase sem ter qualquer
efeito, se m for par, ou traduzindo uma simples inversão de fase, se m for ímpar.
Exemplo 1:

Se aplicarmos o sinal x(t)


x(t ) = cos(2pt ) + cos(4pt )

à entrada de um canal com resposta em frequência

H(1)=1 e H(2)=1/2

então ocorrerá distorção de amplitude e a reposta do filtro, y(t), ao sinal x(t) será a seguinte
1
y (t ) = cos(2pt ) + cos(4pt )
2
Sugestão: Verifique a alteração da forma do sinal de y(t) relativamente a x(t), desenhando alguns períodos de x(t)
e y(t), utilizando o MATLAB.

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Uma forma rudimentar, mas muito útil, de caracterizar a distorção de amplitude de um canal é
através das respectivas “frequências de corte”, que se definem da mesma forma que para um
filtro.
Ou seja, são as frequências para as quais
H ( f ) max
H( f ) =
2

Da definição, resulta que a potência das componentes do sinal a essas frequências à saída é
metade da potência das respectivas componentes à entrada.
Quando um filtro (ou canal) tem uma resposta em frequência com as seguintes características:

H ( f ) max
H( f ) < para f < f1 ,
2

H ( f ) max
H( f ) < para f > f 2 e
2

H ( f ) max
H( f ) ³ para f1 £ f £ f 2
2

diz-se que tem uma largura de banda (B) de:

B = f 2 - f1

|H(f)|
H ( f ) max
H ( f ) max
2

f1 f2 f

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Exemplo 2:

Se aplicarmos o sinal:
x(t ) = cos(2pt ) + cos(4pt )

à entrada de um canal com a seguinte resposta em frequência


p
- j sgn ( f )
H1 ( f ) = e 2

obtemos à saída o sinal


y1 (t ) = cos(2pt - p 2) + cos(4pt - p 2)

O primeiro termo foi atrasado de 1/4 do seu período, que tem a duração de 1s, logo foi atrasado de 1/4s. O
segundo termo foi atrasado de 1/4 do seu período, que tem a duração de 1/2s, logo foi atrasado de 1/8s.

Se a resposta em frequência passar a ser


1
- j 2pf ×
H2( f ) = e 4

a saída passará a ser


y 2 (t ) = cos(2pt - p 2) + cos(4pt - p )

Neste caso ambos os termos foram atrasados de 1/4s. Enquanto um atraso constante não provoca distorção de fase
em x(t), uma fase constante provoca distorção de fase em x(t) (a menos que seja 0º ou múltiplo inteiro de p).

Sugestão: Desenhe alguns períodos dos sinais x(t), y1(t) e y2(t), utilizando o MATLAB, e compare os resultados.

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Exemplo 3:

Se tivermos um canal linear e invariante no tempo para o qual

arg H (1) p 2 1
t d (1) = -
p
H (1) = e
-j
2 = = s
2p 2p 4

1 -j3
p
arg H (2 ) p 3 1
H (2 ) = e t d (2 ) = - = = s
2 2p × 2 2p × 2 12

O valor da resposta em frequência do filtro igualizador para as frequências f=1 Hz e f=2 Hz terá que ser
(considerando K=1 e td=1s)

Ke - j 2ptd
f = 1 Hz H ig (1) = p
= e - j ( 2p -p 2)
-j
e 2

Ke - j 4ptd
f = 2 Hz H ig (2 ) = p
= 2e - j ( 4p -p 3)
1 -j3
e
2

Sugestão 1: Verifique que se td fosse inferior a 1/4 s, o igualizador teria que ser não causal.

Sugestão 2: Calcule o sinal que se obteria à saída da cascata formada pelo canal e pelo filtro igualizador, se lhe
fosse aplicado à entrada o sinal x(t) do exemplo 1. Compare os dois sinais.

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A compensação das distorções não lineares é em muitos casos impossível.

No caso dos filtros (ou canais) lineares e invariantes no tempo, o sinal de saída tem o mesmo
conteúdo espectral do que o sinal de entrada, isto é, se o sinal de entrada tiver amplitude zero
para uma determinada frequência, o sinal de saída não poderá ter uma amplitude diferente de
zero para essa frequência.

Pelo contrário, no caso dos canais (ou filtros) não lineares, o sinal de saída pode ser mais rico
harmonicamente do que o sinal de entrada.
Exemplo 4:

Consideremos um canal não linear para o qual y (t ) = 10 x(t ) - x 2 (t )


Se x(t ) = cos(2pt )
então 1 1
y (t ) = - + 10 cos(2pt ) - cos(4pt ).
2 2

Apesar de o sinal x(t) só ter uma componente diferente de zero à frequência 1 Hz, o sinal y(t) tem componentes
diferentes de zero às frequências 0 Hz (componente dc), 1 Hz e 2 Hz.

Sugestão: Repita o exemplo anterior para a seguinte situação:

1 3
y (t ) = 10 x(t ) - x 2 (t ) + x (t ) e
4

x(t ) = cos(2p × 2000t ) + 2 cos(2p × 2100t )

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É comum em telecomunicações expressar os ganhos em decibeis (dB), devido ao facto de
poderem assumir valores muito grandes (amplificação) ou muito pequenos (atenuação).
Por definição
Psaída
g dB = 10 log10
Pentrada
Como em dB se utilizam logaritmos de base 10, g=10m corresponde a gdB=m´10 dB. Quando
gdB=0 dB, o ganho em potência é unitário, g=1. Se gdB for negativo estamos perante uma
atenuação.
P
LdB = - g dB = 10 log10 entrada
Psaída
Os dB’s correspondem sempre a uma razão (comparação). No caso que vimos trata-se de uma
comparação de potências. Se pretendermos comparar por exemplo a amplitude de uma
sinusóide à entrada e à saída de um filtro, define-se gdB da seguinte forma:
V
g dB = 20 log10 saída
Ventrada
Uma vez que a potência é proporcional ao quadrado da tensão e admitindo que a impedância é
a mesma temos 2
Psaída Vsaída V
g dB = 10 log10 = 10 log10 2 = 20 log10 saída
Pentrada Ventrada Ventrada

É igualmente frequente apresentar a potência de um sinal em dB referido a uma potência


padrão, em vez de a apresentar directamente em valor absoluto.
P
Se a referência for 1 W temos PdBW = 10 log10 com P em W
1W
P
Se a referência for 1 mW temos PdBm = 10 log10 com P em mW
1mW
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Para evitar que o nível do sinal se aproxime (ou se torne mesmo inferior) ao nível do ruído, é
comum dividir as ligações em troços, no fim dos quais é colocado um amplificador (repetidor)
para repor o nível do sinal.

Para uma ligação dividida em K=N/2 troços temos

g2 g4 gN
Pentrada Psaída
L1=1/g1 L3=1/g3 LN-1=1/gN-1

Psaída = ( g1 × g 2 × g 3 × g 4 ! g N -1 × g N ) Pentrada

N N
Psaída dB = åg
i =2
i dB - åLi =1
i dB + Pentrada dB
i par i ímpar

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Exemplo 5:

Considere uma ligação por cabo coaxial com 20 km e a funcionar a 3 MHz. Pretende-se garantir que a potência
do sinal à entrada (-13 dBW) seja igual à potência do sinal à saída.

Consideremos primeiro um único troço de 20 km.

A atenuação no troço será L1 = 20 ´ 4 = 80 dB.

Logo a potência no fim da linha será Pr= -13 - 80 = -93 dBW

Para restaurar a potência original, será utilizado um amplificador na recepção cujo ganho terá o seguinte valor
g2 = 80 dB

-13 dBW 20 km -93 dBW -13 dBW


g2

L1 = 80 dB
80 dB

Com dois troços iguais de 10 km L1 = L3 = 10 ´ 4 = 40 dB.

Sendo Psaída= Pentrada e Psaída = (g2 + g4 ) - ( L1 + L3 ) + Pentrada

virá, se os ganhos forem iguais g2 = g4 = L1 = L3 = 40 dB.

-13 dBW 10 km -53 dBW -13 dBW 10 km -53 dBW -13 dBW
g2 g4

L1 = 40 dB 40 dB L3 = 40 dB 40 dB

Como se pode verificar, na primeira solução o nível de sinal desce a um valor de potência muito baixa de -93
dBW (5.10-10 W), enquanto que a segunda solução impede que o nível do sinal desça abaixo de -53 dBW (5.10-6
W), assegurando muito maior imunidade a interferências e ruído.

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Exemplo 6:

Considere um sistema de transmissão por satélite que opera a 6 GHz na ligação ascendente e a 4GHz na ligação
descendente.

Pentrada
Psaída

Sabendo que a distância entre cada uma das estações terrestres e o satélite é de 36 000 km, que as antenas
terrestres têm ganho de 50 dB e as antenas do satélite têm ganho de 35 dB, que o amplificador do satélite
(repetidor) tem ganho de 90 dB e que a potência do sinal à entrada do sistema é de 100 W, calcule a potência do
sinal à saída.

As perdas em espaço livre são


LdB = 92,4 + 20 log10 6 + 20 log10 36 000 = 199,0 dB (a 6GHz)
LdB = 92,4 + 20 log10 4 + 20 log10 36 000 = 195,6 dB (a 4GHz)
A potência do sinal à entrada, por exemplo em dBm, é de

10 log10 100. 103 = 50 dBm

Logo a potência de saída, igualmente em dBm, é igual a

Ganho da antena do Atenuação no


Atenuação no
receptor do satélite 2º percurso
1º percurso

Psaída = 50 + 50 - 199,0 + 35 + 90 + 35 - 195,6 + 50 = -84,6 dBm = 3,47 ´10-9 mW

Ganho do Ganho da antena


Pentrada
repetidor do receptor
Ganho da antena Ganho da antena do
do emissor emissor do satélite

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Como vimos na Introdução, a necessidade de aumentar a capacidade de sistemas de
telecomunicações requer alguma forma de partilha de meios, ou seja, dos suportes físicos de
transmissão disponíveis (dimensão espacial), ou do espectro electromagnético (domínio das
frequências), ou ainda do tempo (domínio dos tempos). Esta partilha não se faz, de um modo
geral, em condições ideais, sendo esta a principal causa das interferências.

Vejamos alguns exemplos de interferências resultantes de partilha de suportes físicos:


- As comunicações via rádio pelo espaço livre (radiodifusão, comunicações móveis,
comunicações por satélite,...) fazem a reutilização de frequências desde que garantida
uma razoável separação física entre as ligações - mesmo com certos cuidados de
planeamento e equipamentos, resultam sempre certos níveis de interferência.
- As comunicações entre pares de cobre não blindados dentro de um mesmo cabo
conduzem a acoplamento eléctrico entre sinais (nos cabos coaxiais e nas fibras ópticas
este efeito é desprezável).
No caso do domínio das frequências, as bandas de frequências estabelecidas para os diversos
serviços de telecomunicações são segmentadas em sub-bandas atribuídas a canais de
comunicação específicos. A filtragem insuficiente, a distorção não linear e outros efeitos
resultam igualmente em interferências entre canais.
Finalmente, no domínio dos tempos, as situações de interferência entre canais que utilizam
intervalos de tempo consecutivos têm geralmente a mesma natureza dos problemas de
interferência intrínseca a um canal (por exemplo, a interferência intersimbólica, que será
detalhadamente considerada em capítulo posterior).

As interferências podem ainda classificar-se em inteligíveis e ininteligíveis, sendo as primeiras


as que causam maior preocupação devido à quebra de sigilo, exigindo-se, como tal, maiores
níveis de isolamento.

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Ruído externo:
- Ruído atmosférico: Este ruído corresponde às perturbações provocadas pelos fenómenos
atmosféricos na radiação electromagnética. Afecta particularmente os sinais com
frequências inferiores a 30 MHz.
- Ruído térmico: Este ruído é devido à agitação molecular na atmosfera e na terra. É
aproximadamente uniforme até 10 GHz, aumentando significativamente para certas
frequências, por exemplo às frequências de 22 GHz e 60 GHz, correspondentes à
ressonância de moléculas de vapor de água e oxigénio, respectivamente.
- Ruído espacial: Este ruído tem origem em radiações solares e de outras estrelas, com
uma banda muito larga, e na agitação electrónica galáctica, observável na banda dos 8
MHz aos 1,5 GHz.
- Ruído industrial: Este ruído tem origem em equipamentos de fabrico humano, por
exemplo motores eléctricos, ignições de motores de combustão, equipamentos de
comutação, etc.. É dominante até aos 600 MHz.

Ruído interno:
- Ruído térmico: Este ruído é gerado por resistências ou elementos resistivos e é devido à
agitação molecular. A potência do ruído térmico é proporcional à temperatura e à largura
de banda.
- Ruído impulsivo: Este ruído tem origem em fenómenos que se verificam nas junções dos
semicondutores.
Vamos seguidamente considerar em maior detalhe o ruído térmico, por ser o predominante na
maioria dos sistemas de telecomunicações.
Sugestão: Para obter uma visão panorâmica das questões do ruído, em alternativa à secção
4.13 do Haykin, pode ler o capítulo 2 de Kennedy e Davis, “Electronic Communication
Systems”, McGraw-Hill.

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A constante de Boltzmann tem o seguinte valor: k=1,38´10-23 J/K (joule por kelvin). A
temperatura T é expressa em kelvin.
Pela expressão apresentada para a média quadrática da tensão, esta varia linearmente com a
largura de banda. Na realidade isto só é verdade para frequências entre 0 Hz e cerca de 10
GHz, o que inclui a maioria dos sistemas de comunicação.

Uma consequência dessa aproximação é o facto da densidade espectral de potência ser


constante, isto é, a potência do ruído distribui-se uniformemente por toda a banda. O ruído com
estas características chama-se “ruído branco” (em analogia com o facto da luz branca ser
composta por radiações a todas as frequências visíveis).

A expressão para a densidade espectral de potência apresentada foi calculada para uma
situação de adaptação, isto é, R=RL, o que garante a transferência máxima de potência para a
carga.

Para se calcular a potência gerada pela fonte de ruído para uma determinada banda só temos
que multiplicar a densidade espectral de potência pela largura da banda, uma vez que a
expressão para a densidade espectral de potência apresentada é unilateral. Por isso, potência do
ruído é dada por

N = kTB

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Exemplo 7:

Se tivermos uma antena, com temperatura efectiva de ruído de 290 K, ligada a um amplificador com ganho de
potência de 105 e largura de banda de 36 MHz, qual será a potência do ruído à saída do amplificador? Admita que
o amplificador não introduz ruído.

Ni g No

g=105
Tant=290 K
B=36 MHz

N i = kTant B = 1,38 ´10 -23 × 290 × 36 ´106 = 1,44 ´10 -13 W

N o = gN i = gkTant B = 105 ×1,44 ´10 -13 = 1,44 ´10-8 W

Refazendo o cálculo em dB’s


10 log10 kTo = -204 dBW/Hz

em que T0 é a temperatura ambiente convencional e tem o valor 290 K e que neste caso corresponde à
temperatura efectiva de ruído da antena.

N idB = -204 + 10 log10 36 ´106 = -128.4 dBW


Como gdB=50 dB temos
N odB = N idB + 50 = -78,4 dBW

Nota: Uma vez que é possível determinar pelo contexto se se está a trabalhar em dB’s vamos deixar de o referir
em índice.

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No caso de um sistema de recepção de radiocomunicações, a temperatura de ruído de entrada
Ti é a temperatura de ruído da antena Tant.
A temperatura de ruído de sistema TS é uma grandeza que exprime todas as componentes de
ruído, externas e internas, que afectam o sinal. Como se pode verificar toma-se como
referência a entrada do receptor, pelo que a temperatura de ruído de sistema tem o significado
físico de uma temperatura a que seria colocada uma resistência à entrada do receptor, para
produzir a mesma potência de ruído à saída do sistema real.

Um indicador importante da qualidade de uma transmissão é a relação sinal-ruído, que


corresponde à razão entre a potência do sinal e a potência do ruído. No estudo de sistemas de
comunicação é comum calcular para diversos pontos da ligação a relação sinal-ruído para
avaliar o efeito do ruído.

Para um sinal de potência S corrompido por ruído de potência N, temos uma relação sinal ruído
de 2
S æ VS ö
=ç ÷
N çè VN ÷ø

A relação sinal-ruído é normalmente expressa em dB’s


æSö æSö
ç ÷ = 10 log10 ç ÷
è N ø dB èNø

Nota: Nos diagramas acima utilizou-se a letra C para expressar a potência do sinal para deixar
claro que se tratava de uma portadora, no caso geral utilizaríamos a letra S.

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O factor de ruído define-se como uma razão entre as relações C/N à entrada e à saída quando o
ruído na entrada resulta de uma resistência ruidosa adaptada, à temperatura ambiente T0.
Exemplo 8:

Calcule a temperatura equivalente de ruído de um receptor com figura de ruído de 1,5 dB. Se a temperatura de
ruído da antena for de 120 K, qual é a temperatura de ruído de sistema?

Ni
Receptor

Tant=120 K FdB=1,5 dB

Como FdB = 1,5 dB, temos F = 100,15 » 1,4 , logo

Tr = 290( F - 1) = 290(1,4 - 1) = 116 K e

Ts = Tant + Tr = 120 + 116 = 236 K.

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Para passarmos da configuração em cadeia para o modelo equivalente temos que referir o
ruído gerado por cada um dos andares à entrada da cadeia.
Para os três elementos da cadeia da figura temos

kT3 B kT2 B
N3 = N2 = N1 = kT1 B
g1 × g 2 g1

Logo o ruído gerado pelos três andares referido à entrada é igual a

kT2 B kT3 B æ T T3 ö
N = N1 + N 2 + N 3 = kT1 B + + = k çç T1 + 2 + ÷÷ B
g1 g1 × g 2 è g 1 g1 × g 2 ø

onde se pode identificar uma temperatura equivalente para o receptor de

T2 T3
Tr = T1 + +
g1 g1 × g 2

ou no caso geral
T2 T3 Tk
Tr = T1 + + +!+
g1 g1 × g 2 g1 × g 2 ! g k -1

Por esta expressão vê-se claramente que os primeiros andares são os mais relevantes para o
desempenho do sistema.

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Exemplo 9:

Calcule a temperatura de ruído de sistema da seguinte cadeia:

g1 g2 g3
Ti=50 K

g1=100 g2=10 g3=1 000


T1=30 K F2=6 dB F3=12 dB

Como F2 = 100,6 » 4, temos T2 = 290 (4-1) = 870 K e da mesma forma T3 = 4350 K.

870 4350
Ts = Ti + Tr = 50 + 30 + + = 93 K
100 100 ×10

Exemplo 10:

Considere a ligação por feixe hertziano representada na figura.

Pemissão=-25 dBW
f=11 GHz
Emissor Receptor
l=40 km
Tant=290 K Tr=450 K
gant=35 dB
gant=35 dB B=36 MHz

Calcule a relação portadora-ruído C/N à saída.

As perdas em espaço livre são de L=145,3 dB.

A potência da portadora à entrada do receptor é de

Ci = -25+35-145,3+35=-100,3 dBW

A temperatura de ruído do sistema é de

Ts = 290+450=740 K

æCö C
Como ç ÷ = i
è N ø o kTs B

então
N s = kTs B = -228,6 + 10 log10 740 + 10 log10 36 ´ 10 6 = -124,3 dBW

æCö
ç ÷ = -100,3 - (-124,3) = 24,0 dB
è N ø odB

(Nota: k em dB’s é igual a -228,6 dBW Hz-1 K -1)

Sugestão: Considere que foi introduzido um repetidor a meio da ligação com o ganho necessário para garantir a
mesma potência de emissão. As outras características são iguais às do receptor e as antenas são iguais às do
emissor e do receptor. Mostre que a introdução do repetidor provoca uma melhoria de 6 dB na relação sinal-
ruído.

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