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3.

4 Filtros e Filtragem
Em geral, sistemas de comunicação incluem filtros, com a finalidade de separar um sinal, contendo
informação, de contaminações indesejáveis como interferência, ruído e produtos de distorção.

Filtros Ideais
Por definição, um filtro ideal exibe as características de transmissão sem distorção, ao longo de uma
ou mais bandas especificadas, e resposta nula à todas as demais frequências.
Em particular, a resposta em frequência de um filtro passa-banda (BPF) ideal é

f  = frequência de corte inferior


f u = frequência de corte superior

Largura de banda do filtro: , Hz


(definida apenas na porção positiva do espectro)

*De maneira similar, um filtro passa-baixa (LPF) ideal é definido por:

porém, com f  = 0 . H(f)

Largura de banda: B = f u K

−B +B f

*Um filtro passa-alta (HPF) ideal é definido por:

porém, com f  > 0 e f u = ∞ . H(f)

− f + f f
*Um filtro rejeita faixa (ou filtro notch) ideal é definido por:
0 ≤ f ≤ f  and f ≥ f u

ou seja, em f  ≤ f ≤ f u , ocorre H(f ) = 0 .

H(f)

− fu − f f fu f

______________________________________________
Contudo, filtros ideais não são fisicamente realizáveis, no sentido de que suas características não
podem ser sintetizadas com um número finito de elementos.

A prova geral dessa afirmação será discutida mais adiante.


Por enquanto, ilustrar-se-á uma tal situação para o caso particular do filtro passa-baixa ideal.
(continua...)

A
Realizabilidade de Filtros Ideais A sinc2 Bt ↔ Π ( f / 2 B)
2B
Considere-se um LPF ideal cuja reposta em frequência é mostrada na Figura 3.4-2a:

h(t )
−1
ℑ A=2BK

precursor

usando o teorema
do retardo no tempo

A expressão de H(f) é:

com resposta impulsiva:


a qual está desenhada na Figura 3.4-2b.
Desde que h(t) é a resposta a δ(t) (que não existe para t ≠ 0), e, como h(t) tem valores não nulos para
t < 0, a saída aparece antes da entrada ser aplicada: isto é fisicamente impossível!
Este filtro é antecipatório ou não causal, e a porção da saída que aparece antes da entrada é chamada
de precursor.
Limitação em Banda e Limitação no Tempo

Já foi estabelecido que um sinal v(t) é limitado em banda se existir uma constante W tal que:

ou seja, o espectro não apresenta nenhum conteúdo fora de | f | < W.

De forma similar, um sinal é limitado no tempo se, para as constantes t1 < t2 , ocorre:

ou seja, o sinal começa em t ≥ t1 e termina em t ≤ t2 .


________________________________________________
A aplicação de um sinal a um LPF ideal produz um sinal limitado em banda na saída.

Viu-se que a resposta impulsiva de um LPF ideal é um pulso ‘sinc’ que persiste por todos os tempos.

Afirma-se que qualquer sinal que emerge de um LPF ideal existirá para todos os tempos (ver teorema
a seguir).

Consequentemente, um sinal estritamente limitado em banda não pode ser limitado no tempo.

Inversamente, recorrendo-se ao teorema da dualidade, um sinal estritamente limitado no tempo não


pode ser limitado em banda.

Causalidade
Em sistemas práticos, o efeito (ou resposta) devido a uma causa (ou entrada) não pode se antecipar à
entrada.
A saída de um sistema causal em qualquer instante particular depende apenas da entrada anterior
àquele tempo, e não de valores futuros de entrada.

Teorema*: Para um sistema linear ser causal é necessário e suficiente que a resposta ao impulso, h(t),
seja zero para t < 0.
Causalidade
Em sistemas práticos, o efeito (ou resposta) devido a uma causa (ou entrada) não pode se antecipar à
entrada.
A saída de um sistema causal em qualquer instante particular depende apenas da entrada anterior
àquele tempo, e não de valores futuros de entrada.

Teorema*: Para um sistema linear ser causal é necessário e suficiente que a resposta ao impulso, h(t),
seja zero para t < 0.
_______________________________________________________________________________
Prova:
a) Suficiência (se h(t) = 0 para t < 0, então, é causal):

A saída y(t) à entrada x(t) é dada por: y (t ) =  h(λ )x(t − λ )dλ


−∞
.

Se h(t) = 0 para t < 0, ocorre: y (t ) =  h(λ )x(t − λ )dλ .


0

Mudando as variáveis: k=t−λ  λ = t−k  dλ = −dk, λ= +∞  k = −∞, λ = 0  k = t.


−∞ 0
y (t ) = −  h(t − k )x(k )dk =  x(k )h(t − k )dk
t −∞

Portanto, y(t) depende apenas de x(k) para −∞< k < t, ou seja, dos valores passados de x(k). #
______________________________________________________
*Roden, M.S., Analog and Digital Communication Systems, 4th ed., Prentice Hall, p.560, 1996. (continua...)

Teorema: Para um sistema linear ser causal é necessário e suficiente que a resposta ao impulso h(t)
seja zero para t < 0.
Prova:
__________________________________________________________
b) Necessidade (se causal, então, h(t) = 0 para t < 0):

Sabe-se que δ(t) = 0 para todo t < 0.

Num sistema causal, x(t) = 0 e x(t) = δ(t) devem gerar as mesmas saídas para todo t < 0.

Isto é, se o sistema não puder antecipar valores futuros de entrada, então, ele não tem nenhum modo
de estabelecer a diferença entre x(t) = 0 e x(t) = δ(t) antes do tempo t = 0.

Porém, sabe-se que num sistema linear, uma entrada identicamente nula x(t) = 0 causa uma saída
identicamente nula.

Portanto, h(t) , a resposta a x(t) = δ(t) , deve ser igual a zero para t < 0, estabelecendo assim a
necessidade. #
_______________________________
Nota:
O critério de causalidade estabelecido neste teorema aplica-se aos casos onde h(t) é previamente
conhecido.
Entretanto, nas situações onde h(t) é de difícil obtenção, porém, onde H(f) é conhecido, pode-se
aplicar o critério de Paley-Wiener.
Critério de Paley-Wiener (condição necessária, mas não suficiente♦ , da causalidade):

Se um sistema é causal, então, H(f) deve ser tal que (é necessário que):
∞ ∞
ln H ( f )

2

−∞ 1 + (2π f ) 2
df < ∞ e
−∞
H ( f ) df < ∞

O contrário pode não ser verdadeiro. ♦Ver: Roden, M.S., Analog and Digital
Communication Systems, 4th ed.,
A prova deste critério está além do escopo deste curso. Prentice Hall, p.560, 1996.
_________________________________________________________________________
Este critério não satisfaz a condição de suficiência, uma vez que não leva em conta a fase de H(f),
mas apenas seu módulo.

Assim, pode-se ter valores de |H(f)| idênticos, porém, com fases distintas, sendo que um deles conduz
a um sistema causal e outro não.
_______________________________________________________

Exemplo: h(t) f(t)=h(t+td )


+ j ωt d
↔ H(f) ↔ H ( f )e
precursor

0 t −td 0 t
(ambos os espectros têm o mesmo H ( f ) )

Ambas as funções H(f) podem possuir |H(f)| que satisfazem ao critério de Paley-Wiener, porém,
somente a primeira é causal. #

∞ ∞
ln H ( f )

2
Para H(f) ser causal é necessário que:
−∞ 1 + (2π f )
 2
df < ∞ e H ( f ) df < ∞
−∞
________________________________________________________
Exemplo: Filtro passa-baixa ideal
|H(f)| = 0 para | f | > B.
|H(f)|
K Para os valores de | f | > B  | ln H(f) |→∞.
a primeira integral diverge para +∞
Então, como o critério de Paley-Wiener não é
−B 0 +B f satisfeito, h(t) não é causal. #
_________________________________________________________________________________________________________________

Corolário: Desde que o logaritmo de zero se aproxima de −∞, se |H(f)| = 0 para qualquer intervalo
não nulo ao longo do eixo f, então, a primeira integral acima não converge.
Por isso, um tal sistema não pode ser causal.
Portanto, todos os filtros passa-baixa, passa-banda, ... ideais são não causais.
______________________________________
*A observação acima sobre H(f) é um caso especial do teorema geral que estabelece que “um sinal
limitado em banda não pode ser estritamente limitado no tempo, e vice-versa”.


2
*Supondo que h(t ) dt < ∞ , então, se h(t) é identicamente nulo para alguma faixa finita ao
−∞

longo do eixo t, sua TF não pode ser zero para qualquer faixa finita ao longo do eixo f, e vice-versa.
Considerações sobre a utilização de filtros ideais

As observações anteriores geram preocupações a respeito dos modelos de sinais e filtros usados no
estudo de sistemas de comunicação.

Como um sinal não pode ser limitado em banda e no tempo simultaneamente, deveria se abandonar
o conceito de sinais limitados em banda (e daí, os filtros ideais), ou então, no caso contrário,
aceitar modelos de sinais que existam para todos os tempos.

Por outro lado, se reconhece que qualquer sinal prático é limitado no tempo, tendo um tempo de
início e um tempo de fim.
_________________________________________________________
Contudo, os conceitos de espectro limitado em banda e filtros ideais são muito úteis e atraentes para
serem totalmente descartados.

Além disso, muitos filtros reais possuem comportamentos muito próximos do ideal.

Embora um sinal estritamente limitado no tempo não seja estritamente limitado em frequência, seu
espectro pode ser desprezivelmente pequeno acima de algum limite superior de frequência W.

Da mesma forma, um sinal estritamente limitado em banda pode ser desprezivelmente pequeno fora
de um certo intervalo de tempo t1 ≤ t ≤ t2 .

Portanto, será assumido que os sinais são essencialmente limitados em banda e no tempo para a
maioria das aplicações práticas.

Filtros Práticos
Na Figura 3.4-3 mostra-se o espectro de amplitudes de um típico filtro passa-banda prático:

Comparado com o BPF ideal, o filtro prático tem uma banda passante onde |H(f)| é relativamente grande
(mas não constante), e uma banda de rejeição na qual |H(f)| é muito pequena (mas não nula).

Os pontos extremos da banda passante geralmente são definidos por:

tal que |H(f)|2 decai à K2 /2 para

A largura de banda é então chamada de largura de banda de meia potência ou de 3 dB.


K/10 or K/100
K/10 or K/100

_______________________________________________
Os pontos extremos das bandas de rejeição podem ser tomados onde |H(f)| decai a um valor adequada-
mente pequeno, tais como, K/10 ou K/100 (de acordo com a aplicação).

Entre a banda passante e as bandas de rejeição estão as bandas de transição, dentro das quais não há
nem passagem nem rejeição significativas das componentes de frequência.

Uma filtragem mais efetiva ocorre em filtros com regiões de transição muito estreitas, algo que ocorre
com filtros de ordem superior.

Filtro Butterworth

O filtro mais simples dentre os filtros padrões é o LPF Butterworth de ordem n, cujo circuito contém
n elementos reativos (capacitores e indutores).

A resposta em frequência com magnitude máxima K = 1 tem a forma:

onde B é a largura de banda de 3 dB e Pn(jf /B) é um polinômio complexo.

Na Tabela 3.4-1 estão listados polinômios para n entre 1 e 4, usando a variável normalizada p = jf /B:
Sobre os polinômios de Butterworth
A família de polinômios de Butterworth exibe as seguintes propriedades:

tal que

Consequentemente, a primeira derivada de |H(f)| é igual a zero em f =0 , e se diz que |H(f)| possui
planicidade máxima (maximally flat).
________________________________________________
Prova:  1 1  f  
2 n −1 / 2 2 n −3 / 2
d  f  f  
2 n −1
d H( f ) 
= 1 +    = − 1 +    2n   =0
df df   B    2   B   B B 
f =0 f =0   f =0
________________________________________________________________________________
A relação (3.4-4b) também pode ser escrita como:
2 1 1 2 2
H( f ) = 2n
= 2n
= H (ω / ω C ) = H ( p)
f  ω 
1+   1 +  
B  ωC 
sendo ω/ωC = f /B = − jp, com ωC = 2πB.
Na sequência, procura-se fatorar o denominador desta expressão a fim de se obter os polinômios
de Butterworth. (continua...)

2 1 1 2 2
H( f ) = 2n
= 2n
= H (ω / ω C ) = H ( p)
f   ω 
1+   1 +  
B ω
_____________________________________________  C 
Polinômios de Butterworth
No domínio da transformada de Laplace, |H(s)|2 = H(s) H*(s) e H(−s) = H*(s).
2 1
Procurar-se-á fatorar a expressão: H ( s ) = H ( s ) H (− s ) = 2n
 s2 
1 +  − 2 

 ωC 
a qual é convertida em |H(ω/ωC )|2 (mostrada acima) quando s = jω.
Os n pólos de H(s) H(−s) ocorrem sobre um círculo de raio ωC , em pontos igualmente espaçados em
ângulo e com simetria em torno do eixo imaginário do plano-s.
Para estabilidade, a função de transferência H(s) é escolhida tal que contenha apenas pólos no semi-
plano real negativo de s.
Sendo sk o k-ésimo pólo de H(s) H(−s) , procura-se uma fatoração através da forma (p=jω/ωC=s/ωC):
1 1 1
H (s) H * (s) = = = 2
 n  s − sk 
2
P ( s / ω C ) Pn ( p )
2

∏
n
 
 k =1  ωC  (continua...)
2 1
H ( s) = H ( s) H (− s) = 2n
 s2 
1 +  − 2 
 ωC 
1 1 1
H ( s) H * ( s) = = 2 = 2
 n  s − s k 
2
Pn ( s / ω C ) Pn ( p )
∏  
 k =1  ω C 
_________________________________________________________
n
 − s2  − s2
Os pólos são dados por pelas raízes de: 1 +  2k  = 0 → 2k = (−1)1 / n

 ωC  ωC

Como −1 = e j(2k−1)π , k=1, 2, ..., n, a relação acima torna-se igual a:


1/ 2 1/ 2  ( 2 k −1)  π
− s k2 j
( 2 k −1)π
 j
( 2 k −1)π
  j
( 2 k −1)π
 j +1 
=e n
→ s k = − ω C2 e n  = ω C2 e jπ e n  = ωC e  n 2
ω C2    
 2 k + n −1 
j π
e daí, obtém-se os pólos: s k = ωC e  2n  , para k = 1, 2, ..., n.

Os pólos de H(s) H(−s) podem ser escritos na forma complexa, porém, é preferível escrever tal relação
com coeficientes reais, multiplicando-se os pares de fatores que contêm termos complexos conjugados
como, por exemplo, s1 e sn . (continua...)

 2 k + n −1 
j π
s k = ωC e  2n 
_________________________________________________________
( 2 + n −1)π (1+ n )π jπ jπ
j j
De fato, para k = 1: s1 = ω C e 2n
= ωC e 2n
= e 2 e 2n
( 2 n + n −1)π ( 3 n −1)π j 3π − jπ − jπ − jπ
j j
e, para k=n: sn = ωC e 2n
= ωC e 2n
=e 2
e 2n
=e 2
e 2n
= s1*

O mesmo ocorre para k = 2 e k = (n−1), para k = 3 e k = (n−2), e assim por diante.

Im
s1
s2
Pólos complexos
s3

Re

sn−2
sn−1 (continua...)
sn
jϕ jϕ
A fim de se confirmar o fato, sejam s1 = ω C z = ω C e e s n = ω C z* = ω C e pares complexos
conjugados.
Com isto:
( s − ω C z ) ( s − ω C z*) s 2 − sω C ( z + z*) + ω C2 z z * s 2 − sω C (e jϕ + e − jϕ ) + ω C2 e jϕ e − jϕ
= =
ωC ωC ω C2 ω C2
s 2 − 2sω C cos ϕ + ω C2
= = p 2 − 2 p cos ϕ + 1 ou s 2 − 2s cos ϕ + 1 para ω C = 1.
ω 2
C

sendo p = jf /B = s/ωC , ωC = 2πB e s = jω = j2πf.


1 1 1
Recordando: H (s) H * (s) = = = 2
 n  s − sk 
2
P ( s / ω C ) Pn ( p )
2

∏
n
 
 k =1  ωC 
1 1
então, H(s) sozinho será: H (s) = =
n
 s − sk  Pn ( s / ω C )
∏  
k =1  ωC 
n
 s − sk 
e o polinômio de Buterworth será: Pn ( s / ω C ) = ∏  
k =1  ω C 
(continua...)

 2 k + n −1 
( s − s1 ) ( s − s n ) j π
Dados: = p − 2 p cos ϕ + 1 , s k = ω C e
2  2n 
= ω C e jϕ , p = s/ωC
ωC ωC
_________________________________________________________
 s − sk  n/2  2 2k + n − 1  
 = ∏  p − 2 p cos
n
Para n par tem-se que: Pn ( s / ω C ) = ∏  π + 1 = Pn ( p)

k =1  ω C  k =1   2n  

No caso em que n é ímpar, o produto é realizado em pares complementares até (n − 1)/2, e então,
acrescenta-se o fator central devido a k = [(n−1)/2+1] = (n+1)/2, ou seja,
1  2 ( n +1)  1
j + n −1 π 2 nπ
2 n  2
j

devido a: s ( n +1) / 2 = ω C e 
= ωC e 2n
= ω C e jπ = −ω C
( n −1) / 2
 2  2k + n − 1  
e daí: Pn ( p ) = ( p + 1) ∏k =1
 p − 2 p cos
  2n
π + 1 ... n ímpar.
 
Pn(s/ωC) para ωC=1

#
1 1 1
O filtro Butterworth de primeira ordem é dado por: H ( f ) = = =
P1 ( p ) 1 + p 1 + jf / B
e tem a característica de um filtro RC passa-baixa, já estudado na seção 3.1 [ver Eq. (3.1-18a)].

p = jf / B
ver Exemplo 3.1-2
1
Largura de banda: B =
2πRC

Esta aproximação é pobre,


estando longe de um LPF
ideal.

um elemento
reativo, n=1

As aproximações melhoram
à medida que se aumenta n,
acrescentando-se mais
elementos ao circuito.

(continua...)

Na Figura 3.4-4a, ilustra-se a resposta impulsiva de um filtro de terceira ordem, a qual lembra a do
filtro LPF ideal [ ], logicamente, sem precursores.

As curvas de resposta em frequência estão


mostradas na Figura 3.4-4b.

1
↔ H(f) =

Nota-se que o deslocamento


de fase tem uma inclinação
razoavelmente linear ao longo
da banda passante.

_________________________________________ 1 dθ ( f )
Já foi visto que, se arg H(f) = θ(f), então, o time delay (eq. 3.2-3) é: t d = = td ( f ).
2π df
O deslocamento de fase θ (f) implica em time-delay, e também, um pouco de distortion delay.
(continua...)
Na Figura 3.4-5 ilustra-se o diagrama de Bode (escala log × dB) do LPF Butterworth com vários
valores de n, enfatizando-se o comportamento da região de transição de |H(f)|.
escala logarítmica

Definindo-se (arbitrariamente) a borda superior


da banda de rejeição como |H(f)| = −20 dB, a
largura dessa região quando n =1 é 10B −B= 9B.

Quando n = 10 ela cai para apenas


1,25B−B = 0,25B.

Fica claro que, quando n → ∞,


|H(f)| se aproxima da
característica retangular do
LPF ideal no limite.

O aumento da ordem do filtro Butterworth causa aumento das oscilações na sua resposta impulsiva h(t).
(continua...)

Contudo, enquanto |H(f)| tende à característica do LPF ideal quando n → ∞, ao mesmo tempo, a
inclinação da curva de deslocamento de fase aumenta [sem ser linear, ou, td = td(f)], e, com isso, a
distorção por delay (distortion delay) torna-se intolerável.

Para valores de n muito elevados


(n>>4), |H(f)| tende ao LPF ideal
dentro da faixa 0<f/B<1.

Para valores de n muito elevados


a fase torna-se não linear dentro
da faixa 0<f/B<1.
Outros tipos de filtros de ordem superior:

• Filtros Butterworth
Vantagem: maximally flat, pequena largura da região de rejeição quando n → ∞.
Desvantagem: distortion delay quando n → ∞.

• Filtros Bessel–Thomson
Vantagem: maximally linear phase shift para um dado valor de n.
Desvantagem: região de transição mais larga.
Aplicações típicas: pulsos (onde se exige elevado desempenho no transitório).

• Filtros Equiripple (Chebyshev e elíptico)


Vantagem: menor região de transição de todos (sharpest transition) para um dado n.
Desvantagem: pequenas amplitudes de ripple na banda passante e deslocamento de fase não linear
significativo.
Aplicações típicas: áudio.

Observações gerais:
• Todas essas classes de filtros podem ser implementadas com dispositivos ativos (amplificadores
operacionais).
• Todas podem ser modificadas (a partir do filtro passa-baixa) para se obter filtros passa-alta e
passa-banda.

Filtros mecânicos
Problemas de ordem prática podem surgir quando se deseja implementar um filtro passa-banda com
uma banda passante relativamente estreita e razoavelmente retangular (principalmente em rádio-
frequências, RF).
Filtros especiais que exploram o fenômeno eletromecânico têm sido projetados para essas aplicações:
são os filtros mecânicos.

Na Fig. 3.4-6 mostra-se


o espectro de amplitude
de um BPF em cristal
monolítico, de sétima
ordem e dedicado ao uso
em rádio AM (filtro de
FI operando em torno
de 455 kHz).
Exemplo 3.4-1: LPF de segunda ordem
O circuito da Figura 3.4-7 corresponde a implementação de um LPF Butterworth de segunda ordem:

Estabelecer a relação necessária entre R, L e C, e determinar a largura de banda B.

A resposta em frequência é dada por:

onde

Portanto,

(continua...)

Dado: H(f)
______________________________________________________________________
Consultando a Tabela 3.4-1 para filtro Butterworth, com p = jf /B, n = 2 , obtém-se

A relação requerida entre R, L e C que satisfaça esta equação pode ser obtida fixando-se:
2
1
(2π LC ) =  
2
e ,
B

as quais conduzem a: e .#
Filtro de Cancelamento Adaptativo
Sinais frequentemente são contaminados por interferências geradas por fontes humanas.
Um exemplo é o sinal de áudio contaminado pelo 60 Hz (hum ou zumbido) da rede elétrica.
A solução óbvia seria usar um filtro rejeita banda (notch), que rejeitaria a componente de 60 Hz mas
deixaria passar todo o resto.
Contudo, como não existe filtro notch ideal, um filtro prático também rejeitaria, além da interferência
indesejável em 60 Hz, algumas componentes desejáveis.
Uma solução é usar o cancelamento adaptativo mostrado na Fig. 3.4-8:

(continua...)

____________________________________________
O sinal y(t) observado consiste do sinal desejado x(t) e da interferência em 60 Hz, resultando em:

sendo AI e φI a amplitude e a fase do sinal de interferência, respectivamente.


Uma referência de 60 Hz é criada no ramo de baixo do sistema:

sendo AR e φR a amplitude e a fase do sinal de referência, respectivamente.


Variam-se AR e φR tal que, quando xR(t) é subtraído do sinal contaminado y(t), o sinal interferente em
60 Hz é cancelado. (continua...)
____________________________________________
Ou seja, variando-se AR e φR tal que AR ≅ AI e φR ≅ φI , resulta:

O ajuste de amplitude e fase do sinal de referência, a fim de se obter uma estimativa exata do sinal
desejado, é um processo interativo e realizado através de algum processo de otimização.

Resposta ao Pulso e Tempo de Subida


Um pulso retangular, ou qualquer outro sinal com transição abrupta, contém componentes significantes
de alta frequência, que são atenuadas ou eliminadas ao atravessarem um filtro passa baixa.
A filtragem de pulso produz um efeito de suavização/espalhamento que deve ser estudado no domínio
do tempo.
Seja a função degrau unitário x(t) = u(t), a qual poderia representar a borda dianteira de um pulso
retangular.
A resposta ao degrau, quando este atravessa um filtro com resposta impulsiva h(t), é g (t ) = h * u (t ) :

pois u(t−λ) = 0 para λ > t.


_________________________________________________________________________________________________________________

u(λ)
Obs: 1
λ
u(−λ)
1
λ
u(t−λ)
1
λ (continua...)
t
t
No caso do filtro RC passa baixa estudado no Exemplo 3.1-1, g (t ) =  h ( λ ) dλ (3.4-5)
−∞

a resposta ao degrau x(t) = u(t) resultou na


expressão (3.1-8a), y(t) = g(t) tal que:

esta equação não foi obtida pela integral de h(λ)

1
onde B = é a largura de banda de 3 dB (ver Exemplo 3.1-2).
2πRC
Obviamente, um LPF de primeira ordem não restringe severamente a transmissão de alta frequência.
__________________________________________________________________________________

Analisa-se agora o caso extremo do LPF ideal, considerando-se ganho unitário (K = 1) e tempo de
resposta nulo (td = 0) na expressão (3.4-2b), ou seja, na resposta impulsiva:

obtendo-se assim: h(t ) = 2 B sinc 2 Bt


t
Neste caso, (3.4-5) torna-se: g (t ) =  h(λ )dλ
−∞

onde μ = 2Bλ e dμ = 2Bdλ (e quando λ = t → μ = 2Bt). (continua...)

g(t) = ???
_______________________________________________
A primeira integral é bem conhecida: resulta igual a 1/2.

Prova: recorrendo-se a (2.2-19ab):


A  f 
z (t ) = Asinc 2Wt ↔ Z( f ) = Π 
2W  2W 
função par
 f 
e fazendo A = 2W: z (t ) = 2Wsinc 2Wt ↔ Z ( f ) = Π 
 2W 
área ∞ 0 0 0
 f = 0
Portanto, Z (0) = Π   = 1 =  z (t )dt = 2  z (t )dt = 2  2Wsinc 2Wt dt = 2  sinc μ dμ , c.q.d.
 2W  −∞ −∞ −∞ −∞
μ
_________________________________________
Por outro lado, a segunda integral exige avaliação numérica.

Na realidade, o resultado pode ser expresso em termos da função seno integral, definida como:

(α = πμ  dα = π dμ , α=θ → μ=θ/π) cujos valores encontram-se tabelados em livros de matemática.


(continua...)
integral executada numericamente

__________________________________________________
A função “seno integral”:

O gráfico da função Si(θ ) está mostrado na Figura 3.4-9, apenas para a porção θ > 0:

Propriedades:
• Si(θ ) é uma função ímpar: Si(−θ ) = −Si(θ ) .
• Para θ > 0, a função Si(θ ) → π/2 rad quando θ → ∞.
(continua...)

__________________________________________________________

Prosseguindo: 
1/2 ???

 g(t)

2 Bt 2πBt / π θ /π
Si(θ ) Si(2πBt )
obtém-se:  sinc μ dμ =  sinc μ dμ =  sinc μ dμ =
0 0 0
π
=
π
para θ = 2πBt.

Portanto:

que é a resposta do LPF ideal à entrada degrau.

Este gráfico corresponde ao gráfico de Si(θ)/π (o qual varia


entre −1/2 e +1/2) deslocado para cima de ½ unidade.

(continua...)
(3.1-8a)

_________________________________________
Na Figura 3.4-10 comparam-se os resultados da resposta ao degrau obtidos com o filtro ideal
[expressão (3.4-7)] e com o filtro LPF de primeira ordem [expressão (3.1-8a] :

gráfico de Si(θ)/π (o qual varia entre


−1/2 e +1/2) deslocado para cima
de ½ unidade.

precursor

O LPF ideal remove toda a alta frequência |f | > B, porém, produz precursor, overshoot e oscilações na
resposta temporal.
Nenhum destes efeitos aparece na resposta temporal do LPF de primeira ordem, porém, como se sabe,
este atenua gradativamente, mas não chega a eliminar as altas frequências. (continua...)

(3.1-8a)

___________________________________________________________________

LPF ideal × primeira ordem:

mais lento
mais rápido

aumentando a banda B → aumenta rapidez de subida

A resposta ao degrau de um filtro mais seletivo como, por exemplo, um LPF Butterworth de 3ª.
ordem (não mostrada na figura), se pareceria mais com uma versão atrasada no tempo da resposta
do LPF ideal (contudo, sem precursores, e mais lento que a resposta de primeira ordem).

Medida de lentidão do filtro?


Tempo de Subida (Risetime)
O tempo de subida é uma medida da rapidez da resposta ao degrau, geralmente definido como um
intervalo de tempo tr , entre g(t) = 0,1 e g(t) = 0,9 (conhecido como tempo de subida de 10 – 90%).

90%

10%

• LPF de primeira ordem: tr ≅ 0,35/B.


• LPF ideal: tr ≅ 0,44/B. aumenta a ordem → aumenta lentidão

Como ambos os valores estão razoavelmente próximos de 0,5/B, costuma-se utilizar a aproximação:
regra prática

para o tempo de subida de um LPF arbitrário com largura de banda B.

Considera-se, a seguir, a resposta do LPF ideal a um pulso retangular x(t) de amplitude unitária e
duração τ, começando em t = 0.

Neste caso, se escreve: para o pulso retangular,

e, portanto, a saída será: ,

Lembrando que:

na Fig. 3.4-11 estão mostrados os resultados para três valores do produto Bτ, sendo que τ está fixado
na figura (quem varia é B):
Saídas, y(t)

Entrada x(t)
Aumenta a banda B, sendo τ cte.
B grande: deixa passar frequências mais altas

fixo
Entrada, x(t)
Saídas para 3 valores do produto Bτ:
Saídas, y(t)

_____________________________________________________________
• Para Bτ ≥ 2 → y(t) tem a forma mais ou menos retangular
• Para Bτ ≤ 1/4 → y(t) torna-se mais espalhado.
1 1 1 1 1
Observe-se que, no caso do LPF de 1ª. ordem, se τ ≅ RC → Bτ ≅ τ= RC = ≅ <
2πRC 2πRC 2π 6 4
Neste caso, é interessante comparar a resposta do LPF ideal com o resultado que foi obtido para a
Figura 3.2-4b, qual seja, para um LPF de primeira ordem e τ ≅ RC, abaixo reproduzido :
Entrada x(t)

Saída y(t), para Bτ=1/2π

Figure 3.2-4b

A resposta se parece com uma versão atrasada no tempo (sem precursor) da resposta do LPF ideal.

Considerações gerais sobre a largura de banda necessária para transmissão de pulso


•Fidelidade: reproduzir a forma real do pulso exige uma grande largura de banda (grande produto Bτ,
ou Bτ >> 2):

onde τmin = menor duração do pulso de saída.


Considerações gerais sobre a largura de banda necessária para transmissão de pulso
•Fidelidade: reproduzir a forma real do pulso exige uma grande largura de banda (grande produto Bτ,
ou Bτ >> 2):

onde τmin = menor duração do pulso de saída.


•Detecção: se for desejado apenas detectar que o pulso foi enviado, pode-se usar uma largura de banda
menor:

a qual constitui uma importante regra prática.

Considerações gerais sobre a largura de banda necessária para transmissão de pulso


•Fidelidade: reproduzir a forma real do pulso exige uma grande largura de banda (grande produto Bτ,
ou Bτ >> 2):

onde τmin = menor duração do pulso de saída.


•Detecção: se for desejado apenas detectar que o pulso foi enviado, pode-se usar uma largura de banda
menor:

a qual constitui uma importante regra prática.


•Resolução: a equação (3.4-10) também fornece a condição para distinguir entre pulsos de saída
espaçados por τmin ou mais.

Na Fig. 3.4-12 ilustra-se a condição de


resolução para um canal LPF ideal com:
B=1/2τmin . (deduzido da Fig. 3.4-11)

Uma largura de banda (B) ou um


overlap espaçamento (τ) menor (como Bτ ≤1/4)
resultaria num overlap considerável,
tornando difícil identificar pulsos distintos.
Considerações gerais sobre a largura de banda necessária para transmissão de pulso
(continuação...)

•Posição: se a preocupação for com a medida da posição do pulso em relação a algum instante/tempo
de referência, existe uma ambiguidade inerente devido à forma arredondada do pulso de
saída e ao tempo de subida não nulo das bordas dianteira e de cauda.

Para um tempo de subida mínimo especificado, a relação (3.4-8), qual seja, tr ≅ 1/2B, conduz à largura
de banda necessária:

outra importante regra prática. (Quanto menor tr min , maior será a banda B necessária.)

90%

10%

Considerações gerais sobre a largura de banda necessária para transmissão de pulso


(continuação...)

•Posição: se a preocupação for com a medida da posição do pulso em relação a algum instante/tempo
de referência, existe uma ambiguidade inerente devido à forma arredondada do pulso de
saída e ao tempo de subida não nulo das bordas dianteira e de cauda.

Para um tempo de subida mínimo especificado, a relação (3.4-8), qual seja, tr ≅ 1/2B, conduz à largura
de banda necessária:

outra importante regra prática. (Quanto menor tr min , maior será a banda B necessária.)

Característica de fase necessária para transmitir pulsos

Se a característica do deslocamento de fase não for satisfatória, a distorção por delay [quando, td =td(f)]
tornaria o canal LPF inútil para transmissão de pulsos, a despeito da largura de banda B.

Todas as relações para B citadas anteriormente são válidas desde que o deslocamento de fase seja
aproximadamente linear (arg H(f) = −ωtd) ao longo de |f |≤ B.

Uma rede equalizadora de fase pode ser necessária para se atingir esta condição.

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