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UMA PROPOSTA DE ECOSSISTEMA
DE BIG DATA PARA A ANÁLISE DE
DADOS ABERTOS GOVERNAMENTAIS
CONECTADOS
RESUMO O presente estudo trata da apresentação de uma proposta ** Doutor em Ciência da Informação
pela Universidade de Brasília, Brasil.
de Ecossistema de Big Data para dar suporte à análise de Analista de Risco Financeiro e Corpora-
dados abertos governamentais conectados. O ambiente de tivo da Caixa Econômica Federal, Brasil.
Big Data caracteriza-se por um conjunto de dados de grande Membro do Grupo de Pesquisa EROIC.
E-mail: marcelo.schiessl@gmail.com.
volume, grande variedade de formatos e com a necessidade de
serem processados a uma velocidade adequada. No referido *** Doutor em Ciência da Informação
pela Universidade de Brasília, Brasil.
Ecossistema, o processamento de dados massivos se dá por meio Professor Adjunto da Universidade de
do uso de novas abordagens das áreas de Ciência da Informação e Brasília, Brasil.
E-mail: ecosta@unb.br.
Ciência da Computação, que envolvem tecnologias e processos
para a coleta, representação, armazenamento e disseminação **** Doutor em Engenharia de Sistemas
da informação. Utiliza-se um modelo de Arquitetura da e Computação pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Brasil. Professor Adjun-
Informação composto por princípios de usabilidade, metadados, to do Departamento de Ciência da Com-
tesauros, taxonomias e ontologias para organizar e representar putação da Universidade de Brasília, Brasil.
E-mail: ishikawa@cic.unb.br.
esse enorme volume de dados e a respectiva semântica. Com
a implantação do Ecossistema, pretende-se proporcionar ao ***** Doutora em Engenharia Elétrica
pela Universidade Federal do Rio
usuário final consultar um grande volume de dados públicos das Grande do Norte, Brasil. Professora
mais diversas áreas do governo; ao profissional da informação, Adjunta do Departamento de Ciência
identificar fontes de dados relevantes, a fim de preparar um da Computação da Universidade de
Brasília, Brasil.
ambiente apropriado à tomada de decisão, com base na análise E-mail: mholanda@cic.unb.br.
e mineração de dados; e, ao gestor público, realizar as análises
****** Mestrando do Curso de Pós-
em busca de insights que possam ajudar no estabelecimento e Graduação em Computação Aplicada do
monitoramento de políticas públicas eficazes. Departamento de Ciência da Computação
da Universidade de Brasília, Brasil.
Administrador de Dados Corporativos do
Palavras-chave: Big Data. Ecossistema. Dados abertos. Dados conectados. Exército Brasileiro, Brasil.
Arquitetura da informação. E-mail: lima@cds.eb.mil.br.
H
á alguns anos, o governo brasileiro vem o Ministério do Planejamento, Orçamento
demonstrando a intenção de tornar a e Gestão – MPOG, estabeleceram a Portaria
sua administração o mais transparente Interministerial CGU/MPOG n. 140, de 16 de
possível por meio da publicação de informações março de 2006, que determina que os órgãos e
de interesse da sociedade na web. Em 2006, a entidades da Administração Pública Federal são
Controladoria-Geral da União – CGU – agora, responsáveis por manter nos seus respectivos
Ministério da Transparência, Fiscalização e sítios eletrônicos as informações detalhadas sobre
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Marcio de Carvalho Victorino, et al
determinados aspectos, como, por exemplo, problema, um grupo formado por pesquisadores
execução orçamentária, licitações, contratações, das áreas de Ciência da Informação e Ciência
entre outros. Estas devem ser mantidas em da Computação vislumbrou a possibilidade
páginas específicas, denominadas Páginas de de iniciar um projeto de pesquisa que pudesse
Transparência Pública (CGU, 2006). estruturar um Ecossistema de Big Data
Segundo a CGU, as Páginas de para dar suporte à análise de dados abertos
Transparência têm como missão promover a governamentais conectados.
visibilidade dos gastos públicos e incentivar Diante do exposto, o presente estudo tem
o controle social para que as práticas da por objetivo a apresentação da especificação, em
Administração Pública sejam pautadas pela um alto nível de abstração, de um Ecossistema
legalidade e ética (CGU, 2006). de Big Data para dar suporte à produção e
Em 2011, o Brasil passou a integrar a Open consumo de dados abertos governamentais de
Government Partnership (OGP), uma instituição qualidade no âmbito do governo brasileiro. Este
com o objetivo de fornecer uma plataforma deverá possibilitar o armazenamento dos dados
internacional para tornar os governos mais oriundos de diversas origens para serem tratados
abertos. A OGP (2011) destaca diversos benefícios e, posteriormente, servirem de subsídio para
das iniciativas de abertura de dados, tais a avaliação e o monitoramento de programas
como: a melhoria dos serviços públicos e mais sociais, com o objetivo de apoiar o desenho e a
compreensão das atividades governamentais; gestão de políticas públicas.
a gestão mais efetiva dos recursos públicos; o
aumento da responsabilização e da prestação
de contas; o aumento da integridade pública; 2 DADOS ABERTOS GOVERNA-
a criação de comunidades mais seguras; e, uma MENTAIS CONECTADOS
maior participação do cidadão na gestão pública.
Neste sentido, além das Páginas de
Transparência Pública que apresentam dados Segundo a definição da Open Knowledge
referentes às despesas realizadas por cada órgão International, antes conhecida como Open
e entidade da Administração Pública Federal, Knowledge Foundation, os “dados são abertos
o Governo Federal também disponibiliza quando qualquer pessoa pode livremente usá-los,
informações sobre a aplicação de recursos reutilizá-los e redistribuí-los, estando sujeito a,
públicos, a partir da consolidação de milhões no máximo, a exigência de creditar a sua autoria
de dados oriundos de diversos órgãos federais e compartilhar pela mesma licença” (TCU, 2015,
relativos a Programas e Ações de Governo em um p. 5).
único sítio denominando Portal da Transparência Sobre tal questão, a World Wide Web
(CGU, 2012). Esses ambientes disponibilizam um Consortium (W3C), um consórcio internacional
massivo volume de dados públicos estruturados, com a missão de conduzir a web ao seu
semiestruturados e não estruturados de interesse potencial máximo por meio da criação de
coletivo ou geral. Assim, torna-se um grande padrões e diretrizes que garantam sua evolução
desafio a criação de aplicações capazes de permanente – endossa a definição proposta por
gerar insights em uma velocidade apropriada Eaves (2009, p. 1):
a partir do enorme volume de dados nos mais
Dados Abertos Governamentais são
variados formatos. Para lidar com a questão da a publicação e a disseminação das
velocidade, do volume e da variedade, tem-se informações do setor público na web,
um novo conceito de ambiente de tratamento da compartilhadas em formato bruto
informação: o Big Data. aberto, compreensíveis logicamente,
O processamento desse recurso de modo a permitir sua reutilização em
aplicações digitais desenvolvidas pela
informacional tem demandado o estudo de sociedade.
novas abordagens nas áreas de Ciência da
Informação e Ciência da Computação, que Eaves (2009), especialista em políticas
envolvem tecnologias e processos para de coleta, públicas e ativista dos dados abertos, propôs
representação, armazenamento e disseminação três leis que foram adotadas pelo W3C, quais
da informação. Ciente da complexidade deste sejam:
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Uma proposta de ecossistema de Big data para a análise de dados abertos governamentais conectados
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org ou Comma Separated Values – CSV em que provê um modo de mapear as informações
vez de MS-Excel); necessárias à própria organização, que se referem
• “4 Estrelas”: seguindo todas as regras aos processos do negócio e à documentação de
anteriores, mas dentro dos padrões seus inter-relacionamentos.
estabelecidos pelo W3C (Resource Macedo (2005) afirma que a AI é uma
Description Framework - RDF e SPARQL metodologia de ‘desenho’ que se aplica a
Protocol and RDF Query Language - qualquer ‘ambiente informacional’, sendo este
SPARQL): uso de Uniform Resource Locator compreendido como um espaço localizado em
– URL para a identificação de coisas e um ‘contexto’, constituído por conteúdos em
propriedades, de modo que todos possam fluxo, que serve a uma comunidade de ‘usuários’.
direcionar para suas publicações; e Sua finalidade é, portanto, viabilizar o fluxo
• “5 Estrelas”: todas as regras anteriores e efetivo de informações por meio do desenho de
mais a conexão de seus dados a outros ‘ambientes informacionais’.
dados, fornecendo um contexto. Na bibliografia atual é possível encontrar
várias propostas de AI, dentre elas, pode-se citar
Segundo Isotani e Bittencourt (2015), Rosenfeld e Morville (2002); Morrogh(2002);
é aconselhável que os dados sejam abertos Batley (2007); e Wodtke e Govella (2011). A
considerando no mínimo três estrelas. Porém, proposta de Rosenfeld e Morville (2002) tornou-
o ecossistema aqui proposto tem por objetivo se um dos marcos mais importantes para a área
atingir as cinco estrelas para os dados abertos de AI. Os autores propõem um modelo no qual a
governamentais conectados por meio de uma AI é representada como a interseção de contexto,
Arquitetura da Informação – AI, a fim de conteúdo e usuários. No espaço informacional
organizar e representar esse volume de dados de uma organização é necessário conhecer os
massivo e a respectiva semântica. objetivos do negócio da organização (contexto),
estar consciente da natureza e do volume
de informações existentes e de sua taxa de
3 ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO crescimento (conteúdo), bem como, entender as
necessidades e os processos de busca do público-
O termo “Arquitetura da Informação” alvo (usuários).
– AI foi utilizado pela primeira vez em 1975, Rosenfeld e Morville (2002) apresentam
pelo arquiteto Wurman (2005), com base na uma visão direcionada quase que exclusivamente
importância da organização da informação para para o desenvolvimento se sites, no entanto, os
a sua compreensão tanto para os produtores recursos de AI utilizados se aplicam a quaisquer
quanto para os consumidores. O referido coleções de informações, dentre eles, esquemas
profissional afirma que os verdadeiros arquitetos de organização, rotulação e navegação de um
da informação dão clareza ao que é complexo, sistema de informação.
tornando a informação compreensível a outros Para esse trabalho é utilizada uma
seres humanos. adaptação da AI proposta por Victorino
De fato, não se tem uma definição precisa (2011). Essa proposta é embasada nos mesmos
sobre o que é ou o que constitui uma AI, e entre princípios de Rosenfeld e Morville (2002),
os vários pesquisadores que escrevem sobre no entanto, apresenta uma extensão para ser
o assunto, é possível observar uma grande utilizado em qualquer ambiente informacional.
quantidade e diversidade de definições. Em sua composição estão presentes recursos de
Para Davenport (1998), a AI é um usabilidade, metadados, tesauros, taxonomias e
conceito confuso, que pode abranger muitos ontologias.
significados alternativos. No entanto, na
perspectiva ecológica, significa um guia para a) Usabilidade
estruturar e localizar a informação dentro de uma
organização. De acordo com Bohmerwald (2005), os
Brancheau e Wetherbe (1986) afirmam que critérios de usabilidade fornecem parâmetros
a AI consiste em um plano para modelagem dos para medir a eficiência da interface e revela como
requisitos informacionais de uma organização, se dá a interação usuário-sistema. Segundo Bevan
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Uma proposta de ecossistema de Big data para a análise de dados abertos governamentais conectados
(1995), por “usabilidade” se entende a qualidade Segundo Conway e Sligar (2002), não
da interação dos usuários com uma determinada há uma definição consensual para o termo
interface – qualidade associada aos seguintes “taxonomia”. Neste sentido, aquelas autoras
princípios: facilidade de aprendizado; facilidade distinguem três tipos de taxonomia, a saber:
de lembrar como realizar uma tarefa após algum descritiva, navegacional e de vocabulário de
tempo; rapidez no desenvolvimento de tarefas; gerenciamento de dados, e propõem o uso
baixa taxa de erros; e, satisfação subjetiva do do termo para referenciar qualquer coleção
usuário. classificada de elementos.
b) Metadados e) Ontologia
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5 BIG DATA
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de Big Data. Neste sentido, a Figura 2, a seguir, propõem três tipos de análise, a saber: descritiva,
apresenta a arquitetura convencional de Big Data preditiva e prescritiva, levando-se em conta os
de Davenport (2014), com algumas adaptações. métodos utilizados. E ainda, tem-se outros dois
tipos de análise – qualitativa e quantitativa –
levando-se em conta os processos utilizados.
Figura 2 – Arquitetura convencional de um A análise descritiva envolve as ações de
ambiente de Big Data. coleta, organização, tabulação e apresentação
de dados para a exposição das características
do que está sendo estudado, sendo denominada
“elaboração de relatório” ou “resumo de dados”.
Consiste de um recurso que pode ser muito útil,
mas não explica os resultados ou as ocorrências,
nem indica o que pode acontecer no futuro.
Por outro lado, a análise preditiva vai além
da mera descrição das características dos dados e
das relações entre as variáveis, uma vez que faz
uso dos dados do passado para prever o futuro.
Em tal análise, primeiro são identificadas as
associações entre as variáveis e, em seguida, faz-
se a previsão da probabilidade da ocorrência de
um fenômeno, levando-se em conta as relações
identificadas.
Fonte: Adaptado de Davenport (2014). Já a análise prescritiva, por meio da
inclusão de métodos como projeto experimental
e otimização, se estende ainda mais. Tal como a
Na arquitetura apresentada na Figura 2, os receita de um médico, a análise prescritiva sugere
dados são persistidos em centenas ou milhares um curso de ação. Nesta, o projeto experimental
de bancos de dados NoSQL. O Hadoop age tenta responder às perguntas sobre porque
como um middleware que, após mapear os dados algo aconteceu, por meio de experimentos, e
distribuídos e aplicar as transformações ou regras a otimização tenta descobrir o nível ideal de
de negócio (MapReduce), consolida o resultado determinada variável em suas relações com
e apresenta a resposta ao usuário final. É preciso outra.
destacar que o Hadoop é um framework de Finalmente, a análise qualitativa tem por
computação distribuída implementado em Java, objetivo promover a compreensão das razões
voltado para clusters e processamento de grandes e motivações subjacentes a um fenômeno por
massas de dados. Em verdade, trata-se de um meio da observação de um pequeno número de
conjunto de tecnologias. casos representativos, enquanto que a análise
quantitativa almeja a investigação empírica
sistemática de um fenômeno por meio da
6 BIG DATA ANALYTICS observação de um grande número de casos e
posterior tratamento, fazendo uso de técnicas
O Big Data Analytics pode ser interpretado estatísticas, matemáticas ou computacionais.
como procedimentos complexos que são
executados em larga escala sobre grandes
repositórios de dados, cujo objetivo é a a) Arquitetura On Line Analytical Processing
extração de conhecimento útil mantido em tais em Big Data Analytics
repositórios (CUZZOCREA, 2013). Em outras
palavras, é a aplicação de técnicas analíticas Os Sistemas de Apoio à Decisão – SAD,
avançadas a grandes conjuntos de dados. antes do advento do Big Data, normalmente
Davenport e Kim (2013) classificam a eram organizados em uma arquitetura On
análise em ambientes de Big Data de acordo Line Analytical Processing – OLAP, que possui
com seus métodos e processos. Aqueles autores um repositório de dados multidimensional,
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Uma proposta de ecossistema de Big data para a análise de dados abertos governamentais conectados
denominado Data Warehouse – DW, capaz de de consulta SQL, muito utilizados em DWs
armazenar os dados oriundos de diversas fontes. convencionais, não são capazes de analisar a
Para compor um DW, os dados, oriundos de grande quantidade de dados de um Big Data.
sistemas de informação transacionais, passam Por outro lado, Indrawan-Santiago
por um processo de extração, transformação e (2012) ressalta que os bancos de dados NoSQL,
carga (em inglês, Extraction, Transformation, Load muito utilizados em ambientes de Big Data,
– ETL), para que possam ser analisados de modo foram concebidos para dar suporte a processos
integrado. operativos que manipulam um grande volume
Diante do exposto, a Figura 3, a seguir, de dados em diversos formatos em um tempo
apresenta os componentes de uma arquitetura aceitável, e não para fazer análises mais
OLAP sugeridos por Kimball e Ross (2013) para elaboradas, a fim de proporcionar suporte à
um ambiente de apoio à decisão: fontes de dados decisão. Outro aspecto importante que deve
transacionais; camada de ETL; DW; e, servidor de ser observado é que existem pouquíssimas
relatórios analíticos que dão suporte completo às ferramentas de consultas analíticas a repositórios
consultas ad hoc, onde o decisor pode navegar pe- de dados disponíveis para o Hadoop – principal
los dados organizados dimensionalmente em um framework utilizado em ambiente de Big Data.
DW, a fim de gerar planilhas ou gráficos, sem que O grande desafio consiste em disponibili-
seja necessária a criação de uma linha de código. zar uma arquitetura para que os dados estrutu-
rados e não estruturados de um ambiente de Big
Figura 3 – Arquitetura On Line Analytical Data possam ser utilizados em conjunto, a fim de
Processing convencional. dar suporte aos processos de tomada de decisão.
Neste sentido, Davenport (2014) apresenta uma
proposta para fundir as duas tecnologias – OLAP
e Big Data – em um ambiente integrado.
A Figura 4, a seguir, apresenta uma
extensão da arquitetura OLAP convencional,
segundo Davenport (2014), a fim de proporcionar
o seu uso em ambiente de Big Data.
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Uma proposta de ecossistema de Big data para a análise de dados abertos governamentais conectados
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Uma proposta de ecossistema de Big data para a análise de dados abertos governamentais conectados
Figura 5 – Arquitetura de um ambiente de Big Data Analytics com dados abertos conectados para o
ecossistema proposto.
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Uma proposta de ecossistema de Big data para a análise de dados abertos governamentais conectados
é mais simples, bastando transportá-los para tarefa simples processar o volume massivo
o ambiente de mineração, pois, a princípio, as dos dados gerados pelo governo brasileiro,
transformações dos dados necessárias já foram em uma enorme variedade de formatos a
executadas anteriormente pela operação de ETL. uma velocidade apropriada, a fim de gerar
• Infraestrutura de segurança do Big Data: insights úteis a gestores públicos, cidadãos e
a segurança da informação prevista para organizações interessadas.
o ecossistema tem como objetivo proteger Neste ínterim, a presente pesquisa
os dados e seus respectivos refinamentos, apresentou uma abordagem integrada para a
para que o ecossistema atinja seus criação de um Ecossistema de Big Data para
objetivos. Ela tem início com a proteção a análise de dados abertos governamentais
do dado na sua origem e permeia todo conectados, com base em princípios e técnicas
o ciclo da informação até o seu público das áreas de Ciência da Informação e Ciência
alvo, devendo ser integrada ao processo da Computação, que envolvem tecnologias
corporativo da segurança da informação e processos de coleta, representação,
das organizações geradoras de dados armazenamento e disseminação da
envolvidas. Apesar do ecossistema tratar informação.
os dados abertos, tem-se a necessidade O ecossistema proposto tem por objetivo
de se prover o controle do acesso aos disponibilizar dados compatíveis com o nível “5
dados e um ambiente de processamento Estrelas” para os dados abertos governamentais
seguro, haja vista que após a coleta, conectados por meio de uma AI composta por
pretende-se agregar inteligência a este princípios de usabilidade, metadados, tesauros,
conjunto de dados. Assim, é possível a taxonomias e ontologias, a fim de organizar
necessidade de restrição do acesso a tais e representar o volume de dados massivo e a
insights. E também ocorre a preocupação respectiva semântica.
de privacidade para garantir os direitos Para dar continuidade a esta pesquisa, a
individuais constitucionais. Outro aspecto equipe responsável, composta por pesquisadores
importante a ser analisado é a necessidade da área de Ciência da Informação e Ciência da
e viabilidade de cópias de segurança Computação, planeja conceber uma arquitetura
de parte dos dados, pois, mesmo sendo de software capaz de dar suporte ao ecossistema
possível refazer o tratamento dos dados apresentado a fim de proporcionar a sua
em uma situação de perda de informações, materialização.
o tempo necessário empregado na Pretende-se, com o referido ecossistema,
referida atividade pode ser impeditivo. proporcionar ao usuário final a consulta de um
Portanto, tem-se aí as questões inerentes grande volume de dados públicos das mais
à confidencialidade, integridade, diversas áreas do governo; ao profissional da
disponibilidade e autenticidade – informação, identificar fontes relevantes para
características básicas da segurança da preparar um ambiente apropriado à tomada
informação que devem ser preservadas. de decisão, com base na análise e mineração
de dados; ao gestor público, realizar análises
em busca de insights que possam ajudar no
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS estabelecimento de políticas públicas eficazes,
proporcionando o emprego racional de recursos
Diante do exposto, não se pode duvidar públicos para o desenvolvimento do País;
que a divulgação de dados governamentais além de incentivar a população em geral no
de forma aberta e conectada incrementa a acompanhamento das políticas públicas por
transparência da administração pública e meio do acesso irrestrito, no ambiente web,
pode proporcionar inúmeros benefícios aos a dados abertos governamentais conectados
governos e cidadãos. No entanto, não é uma consistentes.
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Marcio de Carvalho Victorino, et al
ABSTRACT The present study proposes a Big Data Ecosystem to support the analysis of government linked open
data. Big Data environments are characterized by large volume of data, in a wide variety of formats,
which require appropriate velocity processing. In the Ecosystem proposed in this study, the processing
of massive volumes of data is done using new approaches in Information Science and Computer
Science, which involves technologies and processes for the collection, representation, storage and
dissemination of information. An Information Architecture model, composed of usability principles,
metadata, thesaurus, taxonomies and ontologies is used to organize and represent these enormous
volumes of data and the respective semantics. With the implementation of the Ecosystem, we intend
to provide the end user with the means to consult a large volume of public data from the most diverse
areas of government. This aids information professionals in identifying sources of relevant data, to
prepare an appropriate environment for making decisions, based on the analysis and data mining, and
helps public managers carry out analyses in search of insights that can support them in establishing
and monitoring public policies efficiently.
Keywords: Big Data. Ecosystem. Open data. Linked data. Information architecture.
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Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.27, n.1, p. 225-242, jan./abr. 2017 241
Marcio de Carvalho Victorino, et al
242 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.27, n.1, p. 225-242, jan./abr. 2017