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PROCESSO Nº: 0800079-87.2014.4.05.

8403 - APELAÇÃO
APELANTE: UNIÃO FEDERAL (e outro)
APELADO: MUNICÍPIO DE FERNANDO PEDROZA
ADVOGADO: ROZENILDO DA SILVA
ORIGEM: JUIZO FEDERAL DA 1ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO GRANDE DO
NORTE - JUIZ FEDERAL MAGNUS AUGUSTO COSTA DELGADO
RELATOR: DESEMBARGADOR(A) FEDERAL CARLOS REBELO JUNIOR
ÓRGÃO: TERCEIRA TURMA

i- RELATÓRIO

Recurso interposto de acórdão que deu provimento à apelação do FNDE e parcial provimento à
remessa oficial e à apelação da União.

O r. julgado recebeu a seguinte ementa:

EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.


INSCRIÇÃO NO SIAFI/CADIN DE UM DOS CONVÊNIOS SUSPENSA ANTES DO
AJUIZAMENTO DO FEITO. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.
MUNICÍPIO. CONVÊNIO FIRMADO EM GESTÃO ANTERIOR. INSCRIÇÃO NO SIAFI/CADIN.
EXISTÊNCIA DE MEDIDAS TENDENTES À REPARAÇÃO AO ERÁRIO E À
RESPONSABILIZAÇÃO DO EX-GESTOR. PRECEDENTES DESTA CORTE E DO STJ.

1. Cumpre ressaltar que a Remessa Oficial se encontra tida por interposta, já que a sentença a
quo foi contrária à Fazenda Pública, bem como não se encontra nas hipóteses de exceção
previstas nos §§2º e 3º do art. 475 do CPC.

2. O convênio 655.484 - o qual foi firmado perante o FNDE - já se encontrava com sua inscrição
no SIAFI suspensa antes do ajuizamento do presente feito. Sendo assim, resta prejudicado o
interesse processual, já que com relação ao referido convênio, não havia a necessidade/utilidade
de ingressar na via judiciária para obter os efeitos da suspensão, quais sejam, a liberação de
repasse de recursos federais ao município autor.

3. Rejeitada a preliminar de ausência de interesse de agir suscitada pela União. Isto porque o
ingresso na via judicial não estaria condicionada à prévia postulação do direito na via
administrativa à luz da nova ordem constitucional (art. 5º, V), além do fato de a pretensão
formulada ter sido resistida pela União, a qual contestou o mérito da demanda. Neste mesmo
sentido, AC564249/PB, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MARCOS MAIRTON DA
SILVA (CONVOCADO), Primeira Turma, JULGAMENTO: 16/01/2014, PUBLICAÇÃO: DJE
23/01/2014 - Página 91, PJE: 08002820420134058300, APELREEX/PE, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL EMILIANO ZAPATA LEITÃO (CONVOCADO), Quarta Turma,
JULGAMENTO: 28/01/2014 e PJE: 08027876520134058300, APELREEX/PE, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, Quarta Turma, JULGAMENTO:
06/05/2014.

4. Esta Corte e o Colendo Superior Tribunal de Justiça são firmes no sentido de que o município
não pode ser penalizado com a permanência da inscrição em órgãos de restrição ao crédito se a
atual gestão tomou providências para responsabilizar o antigo gestor. Precedentes: PJE:
08000161420134058107, AC/CE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL GUSTAVO DE
PAIVA GADELHA (CONVOCADO), Terceira Turma, JULGAMENTO: 15/01/2015; PJE:
08000766620134058404, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO,
Primeira Turma, JULGAMENTO: 18/12/2014.

5. No caso concreto, constata-se que o Município demandante adotou medidas pertinentes a


responsabilizar o ex-gestor e reparar os danos ao erário, pois, por meio de representação
criminal, comunicou o fato ao MPF e demonstrou a instauração da tomada de contas especial
pelo TCU, referentes aos convênios em questão.

6. Extinção do processo, sem resolução de mérito, com relação ao FNDE - com base na ausência
de interesse processual - nos termos do art. 267, VI, do CPC.

7. Apelação do FNDE provida; Remessa Oficial parcialmente provida; Apelação da União


desprovida.

Alega a União, ora embargante, que o v. acórdão foi omisso por não haver se manifestado sobre
o art. 25, § 3º, da Lei de Responsabilidade Fiscal, o qual proíbe o recebimento da transferência
voluntária ou a prestação de garantia pela União (art. 42, §2º, do mesmo diploma legal), caso o
ente beneficiário venha a descumprir seus dispositivos, à exceção dos recursos destinados a
atender ações na área de educação.
0804202-40.2014.4.05.8400/RN JMCDA

PROCESSO Nº: 0800079-87.2014.4.05.8403 - APELAÇÃO

APELANTE: UNIÃO FEDERAL (e outro)

APELADO: MUNICÍPIO DE FERNANDO PEDROZA

ADVOGADO: ROZENILDO DA SILVA

ORIGEM: JUIZO FEDERAL DA 1ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO GRANDE DO


NORTE - JUIZ FEDERAL MAGNUS AUGUSTO COSTA DELGADO
RELATOR: DESEMBARGADOR(A) FEDERAL CARLOS REBELO JUNIOR

ÓRGÃO: TERCEIRA TURMA

II FUNDAMENTAÇÃO

O recurso de Embargos Declaratórios, previsto nos arts. 535 a 538 do CPC possuem a sua
abrangência limitada aos casos em que haja obscuridade ou contradição na Sentença ou no
Acórdão, ou quando for omisso ponto sobre o qual se devia pronunciar o Juiz ou o Tribunal.

Alega a União, ora embargante, que o v. acórdão foi omisso por não haver se manifestado sobre
o art. 25, § 3º, da Lei de Responsabilidade Fiscal, o qual proíbe o recebimento da transferência
voluntária ou a prestação de garantia pela União (art. 42, §2º, do mesmo diploma legal), caso o
ente beneficiário venha a descumprir seus dispositivos, à exceção dos recursos destinados a
atender ações na área de educação.
Reconheceu seguindo o entendimento consolidado na jurisprudência do colendo STJ e deste
egrégio Tribunal no sentido de que o município não pode ser penalizado com a permanência da
inscrição em órgãos de restrição ao crédito se a atual gestão tomou providências para
responsabilizar o antigo gestor, como no caso dos autos, in verbis:

(...)

5.No caso concreto, constata-se que o Município demandante adotou medidas pertinentes a
responsabilizar o ex-gestor e reparar os danos ao erário, pois, por meio de representação
criminal, comunicou o fato ao MPF e demonstrou a instauração da tomada de contas especial
pelo TCU, referentes aos convênios em questão.

Desta feita, não há o que se falar em omissão, contradição ou obscuridade, pelo que os
presentes Embargos Declaratórios interpostos merecem serem rejeitados.

Com efeito, as hipóteses legais autorizadoras para interposição de Embargos Declaratórios (CPC,
arts. 535 usque 538) não foram verificadas, descabendo a utilização de dito recurso para
modificação do acórdão regional.

Em verdade, a parte embargante busca apontar um erro no julgar, ou seja, o chamado error in
judicando que, segundo entendimento dominante e diante da própria natureza meramente
integrativa do recurso, não é passível de impugnação na estreita via dos embargos de
declaração.

Ademais, deve-se destacar que o juiz ou Tribunal não está obrigado a se pronunciar sobre os
dispositivos constitucionais ou legais elencados pelas partes, mas sim sobre a tese juridica por
elas apresentadas, o que foi feito.

O objetivo de prequestionamento não é hipótese autônoma para utilização dos embargos de


declaração, sendo indispensável a demonstração da existência de obscuridade, contradição ou
omissão (art. 535 do CPC), como requisitos específicos dessa espécie recursal integradora.

Assim tem decidido esta eg. Corte:

"(...) 4. Mesmo nos embargos de declaração com o fito de prequestionamento, deve-se observar os
limites traçados pelo art. 535 e incisos, do Código de Processo Civil, pois, conforme julgamento
do RE nº 141.788/CE, "O prequestionamento para o RE não reclama que o preceito constitucional
invocado pelo recorrente tenha sido explicitamente referido pelo acórdão, mas, sim, que este
tenha versado inequivocamente a matéria objeto da norma que nele se contenha." (Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, publicado no DJ em 18/6/93)". 5. Embargos de Declaração improvidos." (TRF - 5
a
Reg. - AC 435347/01/CE - Segunda Turma - Rel. Des. Federal MANOEL ERHARDT - DIÁRIO DA JUSTIÇA -
DATA: 12/11/2008 - PÁGINA: 360 - Decisão UNÂNIME) (g. n.) Nesta circunstância, não existindo
omissão, contradição ou obscuridade a ser sanada no acórdão embargado, o presente recurso há de
ser julgado improvido

III DISPOSITIVO

Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO aos embargos de declaração.

PROCESSO Nº: 0800079-87.2014.4.05.8403 - APELAÇÃO


APELANTE: UNIÃO FEDERAL (e outro)
APELADO: MUNICÍPIO DE FERNANDO PEDROZA
ADVOGADO: ROZENILDO DA SILVA
ORIGEM: JUIZO FEDERAL DA 1ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO GRANDE DO
NORTE - JUIZ FEDERAL MAGNUS AUGUSTO COSTA DELGADO
RELATOR: DESEMBARGADOR(A) FEDERAL CARLOS REBELO JUNIOR
ÓRGÃO: TERCEIRA TURMA

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. CARACTERIZADA AS


HIPÓTESES LEGAIS (ARTS. 535 USQUE 538 DO CPC). INEXISTÊNCIA NA DECISÃO
ATACADA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE.IMPROVIDOS.

1. O recurso de Embargos Declaratórios, previsto nos arts. 535 a 538 do CPC possui a sua
abrangência limitada aos casos em que haja obscuridade ou contradição na Sentença ou no
Acórdão, ou quando for omisso ponto sobre o qual se devia pronunciar o Juiz ou o Tribunal.

2. Alegou a União, ora embargante, que o v. acórdão foi omisso por não haver se manifestado
sobre o art. 25, § 3º, da Lei de Responsabilidade Fiscal, o qual proíbe o recebimento da
transferência voluntária ou a prestação de garantia pela União (art. 42, §2º, do mesmo diploma
legal), caso o ente beneficiário venha a descumprir seus dispositivos, à exceção dos recursos
destinados a atender ações na área de educação.

3. O julgado atacado à luz do entendimento consolidado na jurisprudência do colendo STJ e


deste egrégio Tribunal no sentido de que o município não pode ser penalizado com a
permanência da inscrição em órgãos de restrição ao crédito se a atual gestão tomou providências
para responsabilizar o antigo gestor, reconheceu que o Município demandante adotou medidas
pertinentes a responsabilizar o ex-gestor e reparar os danos ao erário.

4. Isto se deu por meio de representação criminal que comunicou o fato ao MPF e pela
instauração da tomada de contas especial pelo TCU, referentes aos convênios em questão.

5. O juiz ou Tribunal não está obrigado a se pronunciar sobre os dispositivos constitucionais ou


legais elencados pelas partes, mas sim sobre a tese juridica por elas apresentadas, o que foi
feito.

6. É incabível, em sede de embargos de declaração, a busca por novo julgamento da matéria já


expressamente decidida na decisão combatida.

7. Não estão caracterizadas nenhuma das hipóteses legais previstas para interposição de
embargos declaratórios (CPC, arts. 535 usque 538), descabendo, assim, a utilização de dito
recurso para modificação do julgado.

8. A parte embargante, em verdade, busca apontar um erro no julgar, ou seja, o chamado error in
judicando que, segundo entendimento dominante e diante da própria natureza meramente
integrativa do recurso, não é passível de impugnação na estreita via dos embargos de
declaração.

9. Os embargos de declaração não se prestam à pretensão de novo julgamento da causa, nem


são cabíveis para fins de prequestionamento, na ausência de omissão, obscuridade ou
contradição.

10.Recurso improvido.
ACÓRDÃO

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Terceira Turma do
Tribunal Regional Federal da 5a Região, por unanimidade, negar provimento aos embargos de
declaração, na forma do relatório e voto constantes dos autos, que ficam fazendo parte
integrante do presente julgado

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