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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO


Subsecretaria de Julgamentos - 7a.TURMA ESPECIALIZADA
!
Nº Julgamento: 45 TRF2
Fls 298
0115698-60.2015.4.02.5101 (2015.51.01.115698-4) Apelação Cível - Turma Espec. III
- Administrativo e Cível (07ª Vara Federal do Rio de Janeiro
(01156986020154025101))

PAUTA: 04/05/16 JULGADO: 04/05/16

RELATOR: DES.FED. LUIZ PAULO DA SILVA ARAUJO FILHO


PRESIDENTE DA SESSÃO : DES.FED. SERGIO SCHWAITZER

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PROCURADOR REGIONAL DA REPÚBLICA: Dr(a) ARTHUR GUEIROS

AUTUAÇÃO
APTE : UNIAO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL
PROCDOR : Procurador da Fazenda Nacional
APDO : EVOLUÇÃO CLÍNICA E CONSULTORIA LTDA-EPP
ADVOGADO : CARLOS ADOLFO TEIXEIRA DUARTE

CERTIDÃO

Certifico que a Egrégia 7a.TURMA ESPECIALIZADA ao apreciar os autos do


processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Decide a Sétima Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por


unanimidade, negar provimento ao recurso e à remessa necessária, nos termos do voto
do Relator.

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a CLAUDIA RIBEIRO SIMOES.


Votou o(a) ou Votaram os(as) DES.FED. SERGIO SCHWAITZER, DES.FED. JOSÉ
ANTONIO NEIVA e DES.FED. LUIZ PAULO DA SILVA ARAUJO FILHO.

CLAUDIA RIBEIRO SIMÕES


Secretário(a)
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TRF2
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Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível
Nº CNJ : 0115698-60.2015.4.02.5101 (2015.51.01.115698-4)
RELATOR : Desembargador Federal LUIZ PAULO DA SILVA ARAUJO FILHO
APELANTE : UNIAO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : Procurador da Fazenda Nacional
APELADO : EVOLUÇÃO CLÍNICA E CONSULTORIA LTDA-EPP
ADVOGADO : CARLOS ADOLFO TEIXEIRA DUARTE
ORIGEM : 07ª Vara Federal do Rio de Janeiro (01156986020154025101)

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RELATÓRIO

Trata-se de apelação interposta pela UNIÃO /FAZENDA NACIONAL e de


remessa necessária de sentença (fls. 242/253) que, em habeas data impetrado por EVOLUÇÃO
CLÍNICA E CONSULTORIA LTDA. julgou procedentes os pedidos, concedendo a ordem para
determinar que a autoridade impetrada (fls. 252/253):

"1) forneça cópia (Extrato) de todos os débitos (tributos e contribuições previdenciárias)


declarados pela Impetrante ou quaisquer outros que estiveram registrados a partir de agosto/2010
até a presente data;

2) forneça cópia (Extrato) de pagamentos efetuados pela Impetrante ou por terceiros em nome

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a LUIZ PAULO DA SILVA ARAUJO FILHO.
desta (retenções na fonte), utilizados na liquidação dos débitos, através de vinculação automática
ou manual referente aos períodos acima citados;

3) forneça a relação dos pagamentos efetuados pela Impetrante e disponíveis (não vinculados)
existentes nos Sistemas SINCOR/CONTACORPJ e CCORGFIP e quaisquer outros programas em
que estiverem registrados débitos e créditos relativos a tributos administrados pela Receita Federal
do Brasil, inclusive, contribuições previdenciárias e PARCELAMENTOS RESCINDIDOS, com
indicação expressa dos respectivos códigos;

4) permita o seu acesso a todos os dados constantes no Sistema SINCOR/CONTACORPJ, bem


como no Sistema CCORGFIP (INSS) ou qualquer outro onde estiverem registrados ou neles
constantes os sistemas de créditos e débitos em nome da Impetrante;

5) forneça a relação de pagamentos sem correlação a débitos existentes (p. ex. retenções pelas
fontes pagadoras), estando de formas disponíveis (não - vinculados), constantes no banco de dados
da Receita Federal do Brasil (inclusive relativamente a parcelamento rescindidos)."

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O magistrado ainda condenou a recorrente ao pagamento de honorários fixados em
R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Em suas razões (fls. 260/268), a recorrente sustenta que a sentença está em


descompasso com a orientação desta Corte; que as informações buscadas pela impetrante/recorrida
deveriam ser de seu conhecimento, eis que decorrentes de informações prestadas por ela ao Fisco;
que seu banco de dados é de uso interno e privativo da Receita Federal, não sendo alcançável pelo

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manejo do habeas data, por não ter caráter público; que descabida a condenação em honorários no
habeas data, tal como no mandado de segurança.

Em contrarrazões (fls. 272/283), a apelada alega que os precedentes colacionados


pela recorrente confrontam posição pacificada pelo plenário do STF; que cabível a fixação de
honorários sucumbenciais em habeas data, consoante jurisprudência.

Apesar de regularmente intimado, não houve manifestação do Ministério Público


Federal (fl. 297).

É o relatório.

LUIZ PAULO DA SILVA ARAÚJO FILHO

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a LUIZ PAULO DA SILVA ARAUJO FILHO.
Desembargador Federal
(bvr)

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Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível
Nº CNJ : 0115698-60.2015.4.02.5101 (2015.51.01.115698-4)
RELATOR : Desembargador Federal LUIZ PAULO DA SILVA ARAUJO FILHO
APELANTE : UNIAO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : Procurador da Fazenda Nacional
APELADO : EVOLUÇÃO CLÍNICA E CONSULTORIA LTDA-EPP
ADVOGADO : CARLOS ADOLFO TEIXEIRA DUARTE
ORIGEM : 07ª Vara Federal do Rio de Janeiro (01156986020154025101)

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VOTO

1. O recurso deve ser desprovido, bem como a remessa necessária, que considero
realizada.

2. Conforme já decidiu o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE


nº 673.707/MG, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 30/09/2015:

"DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. HABEAS DATA. ARTIGO 5º,


LXXII, CRFB/88. LEI Nº 9.507/97. ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a LUIZ PAULO DA SILVA ARAUJO FILHO.
SISTEMAS INFORMATIZADOS DE CONTROLE DE PAGAMENTOS DE TRIBUTOS.
SISTEMA DE CONTA CORRENTE DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO
BRASIL-SINCOR. DIREITO SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ
PROVIMENTO.
1. O habeas data, posto instrumento de tutela de direitos fundamentais, encerra amplo espectro,
rejeitando-se visão reducionista da garantia constitucional inaugurada pela carta pós-positivista de
1988.
2. A tese fixada na presente repercussão geral é a seguinte: “O Habeas Data é garantia
constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do
próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da
administração fazendária dos entes estatais.”
3. O Sistema de Conta Corrente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conhecido também
como SINCOR, registra os dados de apoio à arrecadação federal ao armazenar os débitos e
créditos tributários existentes acerca dos contribuintes.
4. O caráter público de todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou
que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade
produtora ou depositária das informações é inequívoco (art. 1º, Lei nº 9.507/97).
5. O registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que

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diga respeito ao interessado, seja de modo direto ou indireto. (…) Registro de dados deve ser
entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que diga respeito ao interessado, seja de
modo direto ou indireto, causando-lhe dano ao seu direito de privacidade.(...) in José Joaquim
Gomes Canotilho, Gilmar Ferreira Mendes, Ingo Wolfgang Sarlet e Lenio Luiz Streck.
Comentários à Constituição. Editora Saraiva, 1ª Edição, 2013, p.487.
6. A legitimatio ad causam para interpretação de Habeas Data estende-se às pessoas físicas e
jurídicas, nacionais e estrangeiras, porquanto garantia constitucional aos direitos individuais ou

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coletivas.
7. Aos contribuintes foi assegurado constitucionalmente o direito de conhecer as informações
que lhes digam respeito em bancos de dados públicos ou de caráter público, em razão da
necessidade de preservar o status de seu nome, planejamento empresarial, estratégia de
investimento e, em especial, a recuperação de tributos pagos indevidamente, verbis: Art. 5º.
…LXXII. Conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou
de caráter público, considerado como um writ, uma garantia, um remédio constitucional à
disposição dos cidadãos para que possam implementar direitos subjetivos que estão sendo
obstaculados.
8. As informações fiscais conexas ao próprio contribuinte, se forem sigilosas, não importa em
que grau, devem ser protegidas da sociedade em geral, segundo os termos da lei ou da
constituição, mas não de quem a elas se referem, por força da consagração do direito à informação
do art. 5º, inciso XXXIII, da Carta Magna, que traz como única ressalva o sigilo imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado, o que não se aplica no caso sub examine, verbis: Art.
5º.…XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse

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particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
do Estado.
9. In casu, o recorrente requereu à Secretaria da Receita Federal do Brasil os extratos atinentes
às anotações constantes do Sistema de Conta- Corrente de Pessoa Jurídica-SINCOR, o Sistema
Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-CONTACORPJ, como de quaisquer dos sistemas
informatizados de apoio à arrecadação federal, no que tange aos pagamentos de tributos federais,
informações que não estão acobertadas pelo sigilo legal ou constitucional, posto que requerida
pelo próprio contribuinte, sobre dados próprios.
10. Ex positis, DOU PROVIMENTO ao recurso extraordinário." (s. g.)

Ressalte-se que precedente transcrito autoriza o fornecimento de todos os dados


referentes ao impetrante constantes do Sistema de Conta- Corrente de Pessoa Jurídica-SINCOR, o
Sistema Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-CONTACORPJ, como de quaisquer dos sistemas
informatizados de apoio à arrecadação federal, de modo que incluídos todos os dados deferidos na
sentença.

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3. No tocante aos honorários, cabe esclarecer que, diferentemente do alegado em
apelação, o mandado de segurança possui regra específica de não cabimento da referida verba
(artigo 25 da Lei nº 12.016/2009), ao contrário do habeas data.

Conforme fundamentado pelo magistrado de primeiro grau, citando precedentes


desta relatoria, o artigo 21 da Lei nº 9.507/97 "não afasta a incidência do art. 20 do CPC no rito do
habeas data, pois se refere às custas e taxas judiciárias, de modo a viabilizar o acesso do cidadão à

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informação desejada, e não à condenação do sucumbente ao pagamento de honorários advocatícios"
(AC 2010.51.01.020546-1, DJ de 30/04/2012.

No mesmo sentido:

PROCESSUAL CIVIL. HABEAS DATA. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


ARTIGO 21 DA LEI N. 9507/97. GARANTIA DE ACESSO À INFORMAÇÃO. GRATUIDADE
DE CUSTAS E TAXAS. RECURSO ESPECIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 284/STF.
I - A norma federal que se diz afrontada não trata da fixação de
honorários advocatícios. Diversamente, diz serem "gratuitos o procedimento administrativo para
acesso a informações e retificação de dados e para anotação de justificação, bem como a ação de
habeas data". Noutras palavras, é norma que garante o acesso do cidadão à informação, nada tendo a
ver diretamente com os efeitos de uma condenação.
II - Enfim, de se relevar que mesmo o texto doutrinário trazido à
colação pelo agravante diz que "a gratuidade a que se refere o art. 21 diz respeito exclusivamente às

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custas e taxas (...)", que não se confundem com ônus sucumbenciais.
III - Assim sendo, aplica-se a Súmula n. 284/STF, na espécie.
IV - Agravo regimental improvido. (STJ - 1ª T., AgRg no REsp 1084695, Rel. Min. Francisco
Falcão, DJ de 02/03/2009)

4. Por fim, quanto aos honorários advocatícios de sucumbência (art.85, § 11, do CPC),
consoante o Enunciado Administrativo nº 7 do Superior Tribunal de Justiça: “Somente nos
recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o
arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC.”

Dessa forma, como a decisão recorrida veio a público em novembro/2015, antes da


vigência do CPC/15, descabe a fixação de honorários sucumbenciais.

5. Diante do exposto, nego provimento ao recurso e à remessa necessária.

É como voto.

3
(bvr)

ÀDIDRA, para incluir a remessa necessária na autuação.


LUIZ PAULO DA SILVA ARAÚJO FILHO
Desembargador Federal
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TRF2
Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a LUIZ PAULO DA SILVA ARAUJO FILHO.

Documento No: 473376-66-0-301-4-449103 - consulta à autenticidade do documento através do site http://portal.trf2.jus.br/autenticidade

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