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PATOS DE MINAS
2021
BRUNO TOLENTINO DA SILVA
PATOS DE MINAS
2021
Seja você quem for, seja qual for a posição
social que você tenha na vida, a mais alta ou a
mais baixa, tenha sempre como meta muita
força, muita determinação e sempre faça tudo
com muito amor e com muita fé em Deus, que
um dia você chega lá. De alguma maneira
você chega lá. - Ayrton Senna
Meu agradecimento principalmente:
A Deus, por ter permitido que eu tivesse saúde
е determinação, e para não desanimar diante
das dificuldades.
A todos que direta ou indiretamente fizeram
parte dessa minha formação, e em especial a
minha mãe e esposa, o meu muito obrigado.
Aos professores, pelas correções e
ensinamentos que me permitiram apresentar
um melhor desempenho no meu processo de
formação profissional ao longo do curso.
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RESUMO: O presente artigo enfoca a Sucessões de Bens Digitais, sob o ponto de vista do Direito
Sucessório no Brasil, em virtude da lacuna estabelecida na legislação brasileira acerca do assunto.
Também são delineadas às possibilidades de inclusão do patrimônio digital como parte tocante aos
herdeiros através do Direito Sucessório. Para tanto, vários conceitos são apresentados com o intuito
de configurar a temática e suas peculiaridades. O método de pesquisa se fez por revisão de literatura
de forma dedutiva, onde serão fornecidas informações mais abrangentes sobre um tema, com busca
das fontes de referência incluindo tanto estudos originais como revisões teóricas e relatos de casos
apresentados em periódicos atuais online, livros de autores conceituados e plataformas nacionais de
renome. A temática abordada tem uma importância fundamental, tendo em vista que dia a dia
aumentam os bens que são armazenados digitalmente pela rede internacional de computadores, e
estas têm uma conotação de herança no post mortem do seu titular.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A única certeza que todos os seres vivos têm é a certeza da morte, e infelizmente
esse acontecimento, pode se tornar um verdadeiro pesadelo para os entes do de cujus, que não
deixa expresso qual será a destinação dos seus bens, sejam eles tangíveis ou intangíveis.
As interações humanas foram se tornando mais virtuais, devido às novas
tecnologias que surgiram, e um grande número de informações online foram sendo criadas e
armazenadas virtualmente. Estas tecnologias influenciaram diretamente a vidas das pessoas,
seus relacionamentos sociais e impactaram outros segmentos como os setores sociais,
econômicos e políticos.
Na atualidade, uma parte significativa da população mundial, aproximadamente
metade, possui algum tipo de rede social e consequentemente possui, algum patrimônio
virtual, seja ele na forma de fotos, vídeos, áudios, mensagens privadas e moedas virtuais. O
1
Acadêmico do 8º Período do curso de Direito do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM.
E-mail: bruno.tolentino@hotmail.com.br
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indivíduo que possui algum tipo de rede social, ou conta em um site online é detentor dessa
nova classificação de propriedade, é detentor de um bem digital.
Houve uma mudança significativa na forma de armazenamento dos ativos
econômicos, antes acessíveis na forma de dinheiro (papel moeda) e a bens materiais, hoje se
encontram mais no campo virtual das chamadas "nuvens" de armazenamento digital.
Criou-se uma sociedade baseada na informação, sem fronteiras e sem regras
próprias, altamente influenciada pelas mídias sociais e aplicativos de mensagens, com uma
velocidade de propagação de informação nunca antes vivida na história moderna da
humanidade.
Essas novas informações foram, de uma forma gradativa, se acumulando online,
sem a preocupação, pelo menos por parte usuário, no que poderia acontecer posteriormente
com essas informações. Com isso, surgiram desafios a serem estudados e solucionados pelos
Operadores do Direito, como o destino correto dessas informações dentro do Direito
Sucessório.
O aumento das novas tecnologias interfere não só na vida dos indivíduos, mas
também na evolução do dinamismo jurídico, em razão das novas relações decorrentes da
modernização dos acontecimentos através da informática e da viabilização de fácil acesso à
rede mundial de computadores.
No nosso ordenamento jurídico não existe uma lei voltada a regulamentação dos
bens digitais. Essa lacuna, após o falecimento do usuário, desampara os familiares na
sucessão desses ativos, que possuem valor econômico ou valor sentimental, como, por
exemplo, arquivos em “nuvem” mantidas por determinada plataforma digital
Vamos abordar o tema da “Sucessão de Bens Digitais”, o qual pode ser complexo
e muito abrangente, pois atinge vários ramos do Direito, como o Civil, Penal, Tributário,
Comercial, Processual e Internacional. Pretendemos analisar o tema na forma com que ele se
insere no nosso ordenamento jurídico, discutindo possíveis propostas de alteração legislativa
para ajustar a Legislação Civil ao fenômeno da Internet, pois os bens digitais, sendo
desprovidos de existência física, geram controvérsias na sua sucessão dentro do Direito
Sucessório. É um tema de extrema relevância, e muito atual, vasto e que alcança praticamente
todas as pessoas, não somente estudantes ou operadores do direito.
Apresentamos, portanto, a problemática: O Direito sucessório não prevê a
possibilidade de novas formas de herança, como os bens digitais. Diante das novas relações
sociais surgidas da atual sociedade, há uma grande dificuldade para o nosso Judiciário em
definir alternativas e posicionamentos aos problemas relativos à sucessão dos bens digitais.
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usuário tem seus “dados de identidade” online, podendo esse corpo, inclusive, entendido
como prolongamento do corpo físico. (LEAL, 2020)
O mundo digital ocorreu muito rápido e alterou nossas referenciais de
comunicação, produção, trabalho e consumo. Em alguns anos, passamos a conviver cada vez
mais com a tecnologia e desta forma acumular uma significativa parte da nossa vida no
universo on-line. (PINHEIRO, 2016)
Conforme postula Manoel Fagundes Lara:
Essa evolução exige que seja elaborado uma nova delineação sucessória e
tornando a existência da herança digital um tema inevitável. Uniformemente, como o
patrimônio acumulado pela pessoa durante toda a sua vida, é digno de um tratamento especial
a sua herança digital, em razão de eventuais desavenças sobre a divisão dos seus bens, o
patrimônio virtual também precisa ser protegido, seja esses bens com valoração econômica ou
não. (PEREIRA, 2018)
A grande maioria dos bens são regulados por termos contratuais que, não
garantem a propriedade desses aos usuários do serviço do provedor; ou quando garantem a
propriedade, em muitas situações, proíbem a possibilidade de sua transmissão sucessória.
Contudo, em muitas situações, o que se adquire na verdade é uma licença de uso, que pode, na
maior parte das vezes, ser intransmissível, independente do ato. (ZAMPIER, 2021),
Com os surgimentos dos bens digitais, fez se necessário, para a sua melhor
interpretação, a sua divisão em dois tipos de bens digitais: Bens digitais patrimoniais e bens
digitais existenciais e bens patrimoniais-existenciais.
1. Bem digital PATRIMONIAL. Aquele que tem conteúdo econômico. Ex:
milhas aéreas, moedas virtuais.
2. Bem digital EXISTENCIAL. Aquele ligado a direitos da personalidade de
natureza existencial. Ex: Rede social em que uma pessoa externa suas opiniões, seus
sentimentos, publica fotos, vídeos, simplesmente por lazer, sem finalidade econômica ou
lucrativa.
3. Bem digital PATRIMONIAL-EXISTENCIAL. Envolve, a um só tempo,
questões de cunho econômico e existenciais. Ex: Youtuber manifesta seu pensamento, ao
mesmo tempo em que essa manifestação do pensamento gera ativos financeiros. Monetiza.
4 DIREITO SUCESSÓRIO
Desta feita, segundo Maria Helena Diniz, a sucessão se faz de duas formas
principais: a sucessão inter vivos, ocorre quando a transmissão é realizada entre vivos e a qual
cabe ao Direito das Coisas e ao Direito das Obrigações regular.
Transmissão de bens feita por ato inter vivos, é aquela que se aplica a todos
os modos derivados de aquisição do domínio, indicando o ato inter vivos
pelo qual uma pessoa sucede a outra, investindo-se, no todo ou em parte, nos
direitos que lhe pertenciam. Exemplo: o comprador sucede o vendedor; o
donatário ao doador, tomando uns o lugar dos outros em relação ao bem
vendido ou doado. (DINIZ, 2015, p. 531)
Segundo a mesma autora, a sucessão causa mortis, é aquela em que ocorre devido
ao falecimento de uma pessoa, onde o seu patrimônio será transmitido aos seus herdeiros, por
meio da sucessão legítima e/ou da sucessão testamentária.
O nosso Código Civil (2002), nos traz em seus Art. 12 e 20, que apesar de não
permitir a transmissão de direitos de personalidade, permite aos herdeiros a tutela de reclamar
no que se refere a alguns desdobramentos dos direitos de personalidade de alguém já falecido
quando houver ameaça ou lesão a esse direito. (BRASIL, 2002)
O artigo 20 do Código Civil (2002), refere-se à legitimidade processual sejam do
cônjuge, dos ascendentes ou dos descendentes, para tutelar o direito de manifestação de
pensamento e direito de imagem de uma pessoa falecida. (BRASIL, 2002)
Dentre juristas do Direito Sucessório, já se admite que não é pacífico o
reconhecimento do que se pode denominar de privacidade post-mortem ou de direito de
privacidade do morto. Dentro da tutela dos direitos morais do autor, é notório que os
herdeiros terão legitimidade processual para o exercício dos direitos morais de reivindicar a
autoria da obra; sejam eles: do direito de paternidade da obra; do direito de conservar a obra
como inédito e do direito de integridade da obra.
Um fato que torna muito difícil se ter acesso aos dados pessoais de outrem, após o
seu falecimento, envolve a ideia da tutela da privacidade, não só do falecido, o que por si só já
é bastante controverso, mas o direito à privacidade de terceiros que se correlacionaram com o
de cujus, na sua intimidade, de modo privado.
Trata-se de ponto extremamente complexo pois, tradicionalmente no nosso
ordenamento, não há a transmissão dos direitos de personalidade após o falecimento.
Desta feita entende-se que a legislação deve ser pensada com o intuito de suprir a
lacuna existente quanto a transmissão do patrimônio digital amealhado durante a vida do de
cujus, de maneira a não deixar desassistidos seus herdeiros legítimos.
A razão pela qual nenhum desses projetos de leis foram aprovados, pode ser pela
repercussão negativa no âmbito jurídico dessas alterações, pois ia de encontro as garantias
fundamentais, como o direito à privacidade.
Tramita na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), o projeto
de lei n.º 10.406/2002 do Código Civil Brasileiro, a fim de dispor sobre a sucessão dos bens e
contas digitais, alterar o artigo 1.788 da referida lei, que trata de sucessão/transmissão de
herança aos herdeiros legítimos quando não é deixado um testamento. O projeto de lei prevê
que os conteúdos digitais, sejam transmitidos aos herdeiros do autor da herança. O deputado
justifica a necessidade da lei baseado na ausência de regulamentação. Por não existir uma
regulamentação específica, as famílias têm recorrido à justiça, e cada juiz tem decidido
diferentemente em relação a esta questão. (VAZ, 2019)
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros
legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e
subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo. (BRASIL, 2002)
Art. 1º Esta Lei altera o art. 1.788 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que
institui o Código Civil, a fim de dispor sobre a sucessão dos bens e contas digitais do autor da
herança. (MELLO, 2019)
Art. 2º O art. 1.788 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, passa a vigorar
acrescido do seguinte parágrafo único: “Serão transmitidos aos herdeiros todos os conteúdos
de contas ou arquivos digitais de titularidade do autor da herança.”. (VAZ, 2019)
O relator da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, deputado Onofre
Santo Agostini (PSD-SC) justifica dizendo que a lei atende às necessidades de tempos
modernos e atualizaria a legislação. (VAZ, 2019)
Até que a lei fosse regulamentada, as decisões judiciais serão tomadas de acordo
com as disposições gerais do Código Civil. Até o momento de conclusão deste trabalho, o PL
já havia passado pela Câmara dos Deputados Federais e fora aprovado e encaminhado ao
Senado Federal e no momento encontra-se em tramitação na Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania. Especialistas em direito reiteram a importância de se escolher um
herdeiro para a transmissão destes dados digitais, para que não haja conflitos sobre quem
ficará responsável por determinada conta ou quem a apagará. (MELLO, 2019)
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil, para dispor sobre a sucessão dos bens e
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https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/140239. Acesso em: 20 jul.
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