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O alcance da penhora sobre o banco de dados de uma empresa judicialmente

executada

O ALCANCE DA PENHORA SOBRE O BANCO DE DADOS DE UMA EMPRESA


JUDICIALMENTE EXECUTADA
The assets attachment reach on an judicially executed company’s database
Revista de Processo | vol. 297/2019 | p. 117 - 132 | Nov / 2019
DTR\2019\40947

Alexandre Henrique Tavares Saldanha


Doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor dos cursos de Direito da Universidade
Católica de Pernambuco e da Universidade de Pernambuco. Diretor de conteúdo da PlacaMãe.org. Advogado.
alexandresaldanha@hotmail.com
 
Paloma Mendes Saldanha
Doutoranda e Mestre em Direito Processual (UNICAP). Bolsista (CAPES/PROSUC). Especialista em Direito e
Tecnologia da Informação (UCAM/RJ). Participante do International Visitor Leadership Program USA/2018 –
Legislação e regulação na era digital. Especialista em Justiça Constitucional e Tutela Jurisdicional dos Direitos
Fundamentais pela Universidade de Pisa (UNIPI/Itália). Idealizadora e Fundadora da PlacaMãe.Org. Professora de
Direito Processual Civil da Faculdade Imaculada Conceição do Recife – FICR. Subdiretora de Comunicação da
ABDPro. Membro do grupo de pesquisa LOGOS – Processo, Linguagem e Tecnologia (UNICAP/CAPES).
paloma_mendes@hotmail.com
 
Área do Direito: Civil; Processual; Digital
Resumo: O presente trabalho busca questionar se o patrimônio digital de uma pessoa pode ser atingido pelas
medidas executivas quando a parte ré de um processo judicial não possuir outros bens disponíveis, ou quando seu
valor for suficiente para pagar a dívida exequenda. Mais especificamente, o trabalho possui como objetivo o de
verificar se sob as perspectivas da lei geral de proteção de dados e da economia digital é possível penhorar o banco
de dados que uma empresa possui reunindo informações sobre sua clientela, considerando que tal patrimônio seja
bastante valioso na dinâmica econômica contemporânea. Trata-se de trabalho de natureza discursiva, elaborado com
base em levantamento e revisão de bibliografia especializada, abstendo-se de recolhimento e análise de dados
concretos. Ao final serão expostas as conclusões obtidas.
 
Palavras-chave:  Banco de dados – Penhora – Economia digital – Processo judicial – Execução
Abstract: This work faces a question about if it´s possible affecting a person's digital assets when this attachment is
providing by judicial measures, when a debtor does not have other goods available to solve the debt, or when their
value isn’t enough to pay charged bills. Specifically, this work has the objective of verifying, under the perspective of
general protection data’s rules, and considering digital economy, if it’s possible to attach a company database, as
information gathered about its clients. One argument analyzed its that such database is valuable in contemporary
economic dynamics, so, companies may have interests in obtaining it, and paying for this. It is a discursive work,
elaborated based on reviewing bibliography, giving up from gathering and analyzing concrete data, such as decisions
percentages. At the end the conclusions will be presented.
 
Keywords:  Database – Attachment of assets – Digital Economy – Judicial Process – Execution
Sumário:
 
1 Introdução - 2 O valor da informação na economia digital - 3 Sobre a penhora no processo de execução - 4 Os
dados pessoais e sua proteção legal - 5 Impenhorabilidade do banco de dados de uma empresa executada - 6
Considerações finais - 7 Referências bibliográficas
 
1 Introdução
Com o amplo e veloz desenvolvimento das tecnologias da informação ocorrido no passado recente, talvez com maior
intensidade nos últimos dez a quinze anos, diversas alterações foram ocorrendo em praticamente todas as áreas de
conhecimento e em todo e qualquer âmbito que envolva comportamentos humanos. Seja nos meios de comunicação
(onde as transformações tecnológicas produzem efeitos mais óbvios e manifestos) ou nas práticas esportivas, seja
em atos do cotidiano (como compras e vendas) ou na indústria do entretenimento, as alterações surgidas com as
recentes tecnologias da informação, mais especificamente a ampliação de potência e usos da rede mundial de
computadores, criaram uma cultura própria que por sua vez, como num efeito dominó, produz impactos nas diversas
ciências que regem e são regidas por comportamentos sociais, a exemplo do direito e da economia.
Esta cultura própria da sociedade da informação, denominada por alguns de cibercultura, fez surgir novos valores,
novas regras, novas formas de propriedade e uma série de novos padrões de comportamento social, ainda surgindo e
de forma potencialmente imprevisível.
No âmbito deste artigo, serão trabalhadas duas específicas alterações provocadas pelas novas dinâmicas surgidas
com a sociedade da informação. Uma, é o valor propriamente dito da informação como bem. Em outros termos, os
impactos das transformações tecnológicas na sociedade fizeram com que a informação seja encarada como bem de
valor, como produto cujo valor de mercado é calculável e, dependendo do caso, transferível. Neste contexto a
informação é transformada em moeda, pois em diversos segmentos econômicos o segredo do sucesso do
empreendimento está no domínio e controle deste patrimônio informacional. Outra alteração abordada neste trabalho
é a da previsão legal de normas que controlem a gestão de informações que estejam protegidas por serem de
natureza pessoal e inalcançável sem a autorização do titular delas.
A lei geral de proteção de dados surge neste contexto de necessidade de existir um conjunto de regras que sejam
impostas sobre quaisquer comportamentos de natureza econômica que venha a explorar informações privadas.
Diante disto, da transformação da informação em bem de interesse econômico e das normas jurídicas que passaram
a controlar o acesso e o domínio destas informações, surge a indagação sobre se este patrimônio imaterial, os dados
de uma empresa, pode ser atingido por medidas judiciais de natureza executiva, mais especificamente a penhora,
com sua função de preparar os atos de alienação da pessoa que está sendo executada.
É possível que o conjunto de informações de uma empresa interesse a diversas outras pessoas, assim como também
é possível que tais pessoas paguem por tal patrimônio, daí a questão de poder penhorar ou não poder penhorar o
banco de dados com informações de grande valor em tempos de cibercultura.
Para isto serão analisadas as questões do valor econômico da informação, das funções da penhora no processo de
execução, bem como das regras que regem os dados pessoais. Tudo com base em levantamento bibliográfico,
abrindo mão de pesquisa empírica ou outra metodologia que envolva análise de estatísticas ou coisa parecida. Ao
final pretende-se responder à questão se as informações detidas por uma empresa podem ser penhoradas ou não.
2 O valor da informação na economia digital
Com o amadurecimento da cibercultura como uma espécie de padrão cultural da sociedade da informação, valores
surgem provocando ondas de alterações em lógicas e padrões até então vigentes, antes da ampliação do acesso aos
computadores e, principalmente, dos usos de suas potencialidades. Com a intensa interação entre pessoas e
aparelhos digitais, para acessar a rede mundial de computadores e daí partir para inúmeras estradas digitais, outras
valorações vão surgindo, representando o que pode ser chamado (ao menos como premissa de trabalho) de novas
exigências sociais na contemporaneidade, com base nestas alterações mencionadas.
Daí a propriedade ser redimensionada, as formas de consumo serem repensadas, a sensação de segurança é
alterada, dentre outros exemplos de valorações alteradas pelo padrão da cibercultura. Mas, esta onda de
transformações torna a previsão do futuro como algo fraturado diante da dificuldade de definição de sentidos, pois
tensões e conflitos de interesses são criados, estruturas políticas e econômicas tradicionais se despedaçam,
confusões e incompreensões surgem1.
Em resumo, e considerando os objetivos e porte deste trabalho, as transformações que caracterizam a sociedade da
informação criam novos valores e padrões, ao tempo em que quebra certas lógicas, e um destes impactos está nas
tensões eventualmente surgidas na produção econômica e nas regras jurídicas a ela associadas.
Uma das identificáveis transformações na dinâmica econômica surgidas no contexto da sociedade da informação é,
justamente, o valor da informação. O papel da informação como ativo financeiro provavelmente nunca esteve tão em
destaque como na contemporaneidade, ainda que haja uma espécie de contradição nisto, pois o ambiente digital foi
pensado para ser um lugar de amplo e gratuito fluxo de informações. Neste cenário de paradoxos e contradições nas
possibilidades de usos do ambiente digital, a informação funciona como uma espécie de “denominador comum”
dentre os diversos interesses daqueles que transitam pela rede de computadores, seja aquela pessoa que busca
imprensa digital, ou uma pessoa que acessa um artigo científico, ou ainda a que procura o melhor preço para o item
que pretende adquirir.
Para os fins dos argumentos aqui expostos, a expressão “informação” é compreendida em sentido bem amplo, sendo
qualquer produto que possa ser digitalizado, que possa ser considerado como bem da informação, a exemplo dos
livros, resultados, notícias, filmes, músicas dentre outros exemplos2. Assim, o núcleo das transformações que fizeram
surgir uma economia digital está nas possibilidades de gerar, obter e fazer fluir informações, pois o que era físico
(dinheiro, títulos, reuniões presenciais, material publicitário, documentos pessoais etc.) torna-se imaterial, ou, mais
especificamente digital, uma vez que a informação passa a ser armazenada e distribuída por computadores, criando
um novo mundo de possibilidades econômicas3.
Diante da premissa, ao se falar numa nova economia, ou ao menos em novas dinâmicas econômicas, com base na
cultura geral da sociedade da informação, destaca-se que um dos elementos que identificam este novo contexto
econômico reside em identificar o valor dado ao “capital informacional” de qualquer agente econômico. Em outros
termos, nas atividades empresariais atuais, considerando o estado da arte do mercado num contexto
hipertecnológico, uma das estratégias de empreendimento é transformar o fluxo de informações em fator de
rentabilidade.
Transformar domínio e controle da informação em elemento de produção e em ativo financeiro. Daí o fato de na
contemporaneidade, independente de juízo de valor, é crível que, independente da natureza da informação, haverá
sempre interessados em pagar por informações, seja porque esta é valiosa por si (a exemplo de fórmulas, esquemas
etc.), ou seja porque com base nas informações é possível obter lucros (informações pessoais que podem ser
direcionadas para uso publicitário, por exemplo).
Daí a premissa de que informação, em geral, vira a base dos negócios na cibercultura. Informação sobre os gostos do
consumidor; informação enquanto audiovisual, música e entretenimento; informação enquanto conteúdo privado das
pessoas, seja qual for o tipo de conteúdo analisado, este conteúdo informacional terá valor no mercado, pois existirão
pessoas interessadas em adquiri-las. E um dos fatores que problematizam a economia da informação é o conjunto de
regras que controlam o fluxo de informações (quando existente!). Pois, só é possível falar em comercialização de um
conjunto de informações, se este for considerado um bem alienável, no sentido de comercializável. Novas
informações surgem e se difundem todo o tempo (inclusive no momento em que se tecla este texto), mas isto não
significa que toda e qualquer informação possa ser compartilhada ou possa ser objeto de transações comerciais.
Para os fins propostos neste trabalho, o problema levantado versa sobre o conjunto de informações obtido por uma
empresa sobre seus clientes e fornecedores. É corriqueiro que nas práticas empresariais, o consumidor tenha que
fornecer dados de natureza pessoal ao responsável pelo empreendimento econômico, seja para fins de cadastro, de
pagamento, de entrega de bens, descontos ou outros.
O acúmulo de dados pessoais em um servidor gera o que chamamos de banco de dados. E alguns bancos de dados,
por questões quantitativas ou qualitativas, pode ser objeto de desejo de diversas outras empresas ou governos. Daí a
questão, o banco de dados de uma empresa pode ser alienado? Pode ser objeto de compra e venda ou outro ato de
alienação? Caso seja, será possível colocá-lo como objeto atingível por medidas executivas? Desenvolveremos à
frente.
3 Sobre a penhora no processo de execução
O problema de pesquisa proposto neste trabalho envolve tanto o valor e o interesse das informações postas como
ativo financeiro, conforme visto no item anterior, quanto a possibilidade destas informações serem alienadas por
alguém que a detenha, seja voluntária ou forçadamente. Como exemplo, e hipótese de trabalho, é mencionada a
sugestão de penhora do banco de dados de uma empresa que tenha guardado em seus servidores informações de
seus clientes, produto este que pode ser utilizado para fins de captação de clientela, desenvolvimento de produtos ou
serviços, dentre outros, daí a possibilidade de existirem terceiros interessados em adquirir tais informações. Uma vez
já analisada a questão de como a informação é um produto sobre o qual recaem interesses econômicos, passa-se a
analisar o papel da penhora.
A penhora é uma medida processual de natureza executiva cuja função é a de delinear no patrimônio do devedor
executado quais bens responderão pela dívida pecuniária objeto da ação de execução, ou do cumprimento de
sentença, envolvendo uma quantia certa. Tanto nas hipóteses envolvendo execução forçada de obrigações de pagar
quantia previstas em títulos executivos judiciais, quanto no cumprimento de sentença exigindo obrigações da mesma
natureza, uma das medidas a serem utilizadas para que haja a satisfação do crédito em execução é a definição de
quais bens do executado ficam vinculados ao processo, tornando-se inalienáveis até segunda ordem, justamento por
causa deste vínculo entre o bem penhorado e o processo pendente de extinção. É com esta função, de identificação e
afetação dos bens do devedor ao processo judicial que surge a penhora4.
Ainda que sua natureza seja executiva, pois só surge em contextos da exigência de uma obrigação pecuniária, o ato
de penhorar um bem não consiste em aliená-lo, mas sim de torná-lo inalienável até que o momento propício para tal
surja. Daí ser possível, ainda que tecnicamente incorreto (mas possível!), traçar um elo comparativo da penhora com
medidas de natureza cautelares, pois todas elas não satisfazem exatamente a obrigação, mas possuem o objetivo de
assegurar que posteriormente medidas satisfativas sejam realizadas com o fim de extinguir obrigações.
Porém, vale ressaltar que para que um bem seja penhorado, é necessário que a obrigação já tenha sido dada como
certa e exigível, ou seja, é necessário que se esteja em âmbito processual de execução, diferente dos âmbitos de
probabilidade, urgência e provisoriedade que caracterizam o uso das medidas de natureza cautelar.
Tendo esta função de identificar os bens do devedor executado que possam ser alienados para satisfação de
obrigações e, consequentemente vinculá-los ao processo judicial e declará-los inalienáveis, a realização da penhora
está sujeita a uma série de regras, que vai desde uma ordem preferencial na nomeação de bens submetidos à
penhora (considerando uma espécie de lógica de mercado pela facilidade na alienação e obtenção de valores), até
limitações quanto a bens que não podem ser atingidos por tal medida. Em princípio, há uma regra estabelecendo que
todo e qualquer bem do devedor executado está sujeito à penhora, seja corpóreo ou incorpóreo, seja disponível no
presente ou no futuro próximo.
Mas, tal regra encontra restrições bastante amplas na lista de impenhorabilidades taxativamente estabelecida no
próprio Código de Processo Civil. A ideia da impenhorabilidade está relacionada com ressalvas de determinados bens
do devedor executado, que não responderão pelas dívidas, seja por restrições que o próprio direito material traz, ou
restrições impostas por questões humanitárias5, daí, consequentemente, com preocupações de não prejudicar a
subsistência e o padrão médio de vida do executado.
Como o objetivo do trabalho é analisar a hipótese da penhorabilidade de informações que tenham valor no mercado,
abstém-se então de maiores pormenores sobre as impenhorabilidades. Mais importante é destacar o que ocorre com
os bens logo quando a penhora é considerada concluída. Vale lembrar que a função da penhora é identificar e
vincular bens, mas isto para logo depois no processo judicial tais bens serem colocados à disposição aos atos de
alienação.
Ou seja, uma vez penhorados os bens, estes poderão ser adquiridos pelo próprio credor exequente (pela chamada
adjudicação), ou, caso o credor exequente não esteja interessado, tais bens penhorados serão apresentados a
terceiros, por procedimento compreendido pelo senso comum como sendo um leilão, com apresentação dos bens e
recebimento de ofertas. Daí então, com o montante obtido pela venda a terceiros, será satisfeita a obrigação
pecuniária, total ou parcialmente, a depender do quanto foi obtido.
Diante disto exposto sobre a penhora, retorna-se então ao exemplo que serve aqui como hipótese de trabalho.
Imagine-se que uma empresa X possua uma intensa política de empreendimentos digitais, ou seja, suas transações
comerciais são essencialmente virtuais. Nesse sentido e contexto, é natural cogitar que tal empresa possua muita
informação sobre seus clientes, a exemplo de nomes, estados civis, ter filhos ou não, faixa etária, endereços,
preferências nas compras, poder econômico, tudo isto além de outros dados como fotos, documentos oficiais, etc.
Sejam eles sensíveis ou não, anonimizáveis ou não. Denominações explicadas no próximo tópico. Daí, imagine-se
que esta empresa X esteja sendo executada por uma dívida pecuniária que não foi corretamente adimplida.
Naturalmente, um dos primeiros passos da execução é identificar quais bens do patrimônio da empresa executada
poderão ser atingidos pela medida executiva em análise.
Então, considerando o valor que as informações possuem no atual contexto da dinâmica econômica cibercultural, e
considerando a hipótese de naturalmente surgirem diversas outras empresas interessadas em obter este “tesouro
informacional” da empresa X (que pode ser utilizado de diversas formas lucrativas), surge a questão deste banco de
dados poder ou não poder ser penhorado para posteriormente ser alienado para satisfazer a obrigação. Para
responder a esta pergunta, é necessário, antes, analisar a forma como a legislação regulamenta o armazenamento,
controle e disponibilidade destas informações. O que se faz no ponto logo a seguir.
4 Os dados pessoais e sua proteção legal
Acompanhar o movimento mundial de legislação e regulamentação sobre a proteção dos dados pessoais é como
montar e desmontar o mesmo quebra-cabeça todos os dias, só que com a inclusão de novas peças a cada rodada. A
União Europeia, com sua regulamentação específica (GDPR) e com a aplicação de sua Diretiva, trouxe reflexos
mundiais na forma como os países visualizavam e visualizam a questão da privacidade, coleta e tratamento dos
dados pessoais no meio virtual. Tudo baseado em eventos de incidentes6 reportados às agências de proteção e
centros de pesquisas, como o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil –
Cert.Br, por exemplo.
Eis que após entender que para a economia digital a informação é o seu ativo mais importante, tendo em vista a
rentabilidade dos dados capturados à revelia dos seus titulares; Eis que após três projetos de lei (PL 4060/2012, PLS
330/2013, PL 5276/2016 e PL 6291/2016), muitos anos de discussão (anos para a elaboração do Marco Civil da
Internet acrescidos dos anos para o sancionamento da Lei Geral de Proteção de Dados), um vazamento de dados do
banco de dados de uma das redes sociais mais utilizadas no mundo (caso Facebook x Cambridge Analytica) e um
cenário político clamando por “prestar satisfação a sociedade”, o Brasil reconhece a importância da efetiva tutela
jurídica de proteção dos direitos e garantias individuais e sanciona a sua Lei Geral de Proteção de Dados ou LGPD,
acompanhando, mesmo que tardiamente, o movimento mundial em prol de legislações específicas que definam
regras para coleta e tratamento desses dados.

Nesse sentido e contexto, a LGPD traz em seu corpo a definição do que seriam dados pessoais7, quais suas
derivações, as formas permitidas de tratamento e coleta e as implicações caso tais formatos não sejam atendidos.
A verificação quanto a obediência dos princípios estipulados em lei pode ser considerada o mapa para alcançar o
atendimento ao formato permitido de coleta e tratamento de dados pessoais. Ou seja, em todo termo de uso e
condições, assinado por um usuário da rede mundial de computadores, deve ter expressamente a indicação de que
seus dados serão coletados e tratados conforme a necessidade e solicitação da empresa ou órgão governamental a
partir do seu consentimento.
Entretanto, esta indicação sugere o acompanhamento da exposição de motivos quanto a finalidade não só da coleta,
mas também do tratamento de determinado dado pessoal. Ou seja, o princípio da finalidade chega para garantir que
os dados pessoais coletados e tratados não sejam utilizados de outra forma que não aquela que foi pactuada entre
usuário e empresa/estado e consentido, expressamente, pelo usuário e titular dos dados pessoais8.
Assim, caso a Dafiti.com.br, aqui mencionada apenas como exemplo de empresa cuja base de negócios é digital,
colete os dados pessoais dos seus clientes no momento da compra via site, ela deve especificar que os dados
coletados servirão unicamente para fins de cadastro, identificação e entrega de compra realizada no site.
Em existindo qualquer outra finalidade para os dados ali coletados, esta deve ser indicada no momento em que a
relação jurídica material está se concretizando. Outro ponto a ser ressaltado para esse exemplo diz respeito aos
casos de alteração de políticas de segurança ou de termos de uso e condições. Nesses casos, a Lei é bem explícita
dizendo que a empresa deverá notificar seus clientes informando quais foram as alterações e solicitar o
consentimento deles quanto ao novo formato ou a nova finalidade para a coleta e tratamento dos dados pessoais.
O princípio da finalidade acrescido a necessidade do consentimento expresso parece formar uma dupla interessante e
que já satisfaz os argumentos deste artigo. Entretanto, não é suficiente e a LGPD não se restringe a eles. Como dito,
o atendimento aos princípios expostos na Lei aparentemente desenha o caminho ideal para o cumprimento das
regras estabelecidas. Dessa forma, é importante mencionar a existência do princípio da adequação, da transparência
e da qualidade dos dados. Os três demonstram uma preocupação quanto a exatidão e a clareza dos dados coletados
e tratados, bem como quanto à adequação do tratamento com as finalidades informadas. Existindo alterações quanto
a finalidade que não sejam compatíveis com o consentimento original, o titular deverá ser informado e terá a
oportunidade de revogar o seu consentimento9.
O princípio do livre acesso traz a possibilidade de o titular dos dados solicitar, de maneira facilitada e gratuita, a
visualização e a checagem dos seus dados contidos em determinado banco de dados. E em ficando caracterizada a
existência de qualquer erro, o titular dos dados tem o direito de solicitar a sua alteração ou exclusão. Nesse sentido, o
princípio da necessidade surge para garantir que os dados coletados sejam os mínimos necessários para atingir a
finalidade estabelecida no início da relação jurídica. Cabendo, portanto, aos princípios da segurança e da prevenção,
alertar sobre a responsabilidade quanto a necessidade do uso de medidas técnicas e administrativas no intuito de
prevenir a ocorrência de danos.
E falando em danos, volta-se para os últimos casos de vazamento de banco de dados. Hoje, no Brasil, todos os casos
que tiveram por objeto a utilização não autorizada, compra e venda e captura dos dados pessoais dos cidadãos, por
exemplo, terminaram com as grandes empresas indenizando os seus clientes por não garantirem a segurança do
armazenamento daquelas informações.
O caso Netshoes, por exemplo, demonstra a utilização do Código de Defesa do Consumidor como legislação
pertinente para resolver esse tipo de situação, ficando, a empresa, com o pagamento de R$ 500.000,00 (quinhentos
mil reais) à título de indenização10.
Já no que se refere a compra e venda de banco de dados, o problema está em como os dados são obtidos. Quem
comercializa ou compra dados confidenciais pode ser enquadrado nas leis brasileiras como praticante de estelionato
ou furto qualificado de dados. Entretanto, se os dados forem adquiridos a partir do roubo de terceiros, hackeamento, o
caso é passível de utilização da Lei Carolina Dieckmann que trata do crime de invasão de dispositivo informático. Mas
se a empresa tiver vendido voluntariamente o seu banco de dados, a lei brasileira se mostra opaca não definindo
qualquer tipificação de tipo penal ou ilícito civil. Nesses casos, cabe aos titulares dos dados a solicitação de
indenização por danos morais caso fique demonstrado que com a venda do banco de dados houve quebra ou não
atendimento aos princípios aqui expostos. Principalmente o consentimento e a finalidade.
De modo geral, a ideia da LGPD é proteger o cidadão do uso abusivo e indiscriminado dos seus dados, dando uma
maior garantia, autonomia e participação ao titular dos dados no seu gerenciamento. Mas ainda há muito por fazer e
muitos problemas que devem surgir envolvendo tais dados, como o da pesquisa aqui proposta. Daí então, passa-se
ao ponto em que é enfrentada a questão da sua penhorabilidade.
5 Impenhorabilidade do banco de dados de uma empresa executada
Pela atualidade das questões envolvendo banco de dados, e pela imprevisibilidade inerente às transformações sociais
causadas pelas transformações tecnológicas, a legislação que as regulamenta não consegue criar soluções para
todos os problemas que surgem, ou que possam surgir, envolvendo os dados de uma pessoa, qualquer que ela seja.
Daí a necessidade de idealizar certos princípios informativos desta área, que poderão servir como diretriz
interpretativa, somada à necessidade de posicionamentos jurisprudenciais, que resolverão problemas tópicos, mas
criarão parâmetros de solução. Sem falar da necessidade da comunidade acadêmica enfrentar hipóteses que
envolvam estes novos desafios jurídicos da sociedade da informação.
Diante do problema que foi adotado como hipótese de trabalho, não há solução previamente elaborada pelo
legislador, cabendo então realizar um raciocínio de interpretação sistemática com base nas diretrizes que dispositivos
legais e princípios proporcionam.
Retomando algumas premissas que foram estabelecidas nos pontos anteriores, chega-se então aos seguintes pontos:
1. Um dos elementos mais representativos e valorosos da lógica econômica contemporânea, é o papel da informação
nesta dinâmica; 2. Numa eventual situação de crise de inadimplemento de obrigação certa, uma pessoa será
executada judicialmente e parte de seu patrimônio será penhorado, como forma de vincular os bens ao processo e
como forma de preparar os atos de alienação e satisfação da obrigação, que pode, em princípio, envolver bens de
qualquer natureza, incluindo os das pessoas jurídicas devedoras; 3. Com a cibercultura e o amadurecimento da
realização de certas práticas sociais por meio da rede mundial de computadores, sentiu-se, em termos mundiais, a
necessidade de se regulamentar questões relacionadas com o banco de dados, de uma pessoa, da pessoa jurídica,
do poder público etc., como um marco para responder questões atuais que surgem envolvendo o acesso de tais
dados.
Para buscar resposta para a questão da penhorabilidade do banco de dados, volta-se a alguns aspectos de cada um
dos pontos mencionados. No ponto 1, fica bastante clara a premissa de que os dados e as informações detidas por
uma pessoa (aqui no trabalho, uma empresa), possuem valor de capital. Ou seja, o conjunto de dados e informações
detidas por esta pessoa é incorporado como seu patrimônio, como ativo financeiro ou mesmo como objeto de
especulação financeira por ter se convertido numa espécie de moeda, considerando a dinâmica da economia digital
contemporânea. Por esta premissa, é possível imaginar hipótese em que uma empresa X possui um patrimônio
material pequeno e pouco interessante (estabelecimento pequeno e poucos bens, já deteriorados, por exemplo), mas,
possui dados e informações de clientes que podem interessar outras empresas. Banco de dados este que, pelo
mercado digital, vale consideravelmente mais do que seus bens corpóreos. Isto é suficiente para usar tal patrimônio
imaterial para solver as obrigações pendentes mediante alienação destas informações?
Continuando o caminho pelo qual se busca esta resposta, vem o ponto 2 sobre a penhorabilidade de bens. Aqui as
regras são pela presunção de que o patrimônio do devedor responde pelas suas dívidas, de que os bens que
componham este patrimônio são transmissíveis e que este patrimônio seja totalmente do devedor, nunca o de
terceiros em relação à obrigação pendente de satisfação11. Quando se afirma que o patrimônio do devedor responde
pela dívida, entende-se que bens de qualquer natureza podem ser atingidos pelo alcance das medidas executivas
necessárias para satisfação da obrigação, a exemplo da penhora. Sejam bens corpóreos, como automóveis, mobília,
semoventes etc., ou bens incorpóreos, como marca, patentes e outros, se o bem for do devedor executado ele
poderá, em tese, se afetar ao processo judicial.
Se diz isto, porém em tese, porque o próprio sistema processual que cria esta regra geral pela ampla
responsabilidade patrimonial do executado, cria limites a esta afetação dos bens, com base numa listagem de
impenhorabilidades. Ou seja, ainda que considerando a presunção de que quaisquer bens do executado respondem
pela obrigação, a legislação processual cria uma reserva de bens inatingíveis pelas medidas executivas que, como
visto, tem como fundamento questões humanitárias e regras do próprio sistema de direito material. Esta lógica da
reserva patrimonial além de se manifestar pela própria lista de impenhorabilidades, se manifesta também por meio de
princípios informativos da execução, mais especificamente o da menor onerosidade. Princípio este que busca manter
uma espécie de equilíbrio entre os interesses do executado, que possui um crédito a ser satisfeito, e a dignidade da
pessoa do executado que impede que o processo se torne algo desumano e vingativo contra ele12.
Daí chega-se ao seguinte. Não há na lista de impenhorabilidades qualquer menção a banco de dados das empresas,
ainda que façam parte dos ativos financeiros da companhia. Pela dinâmica da economia digital, estes dados podem
provocar interesse de outras pessoas, que estejam dispostas a pagar por ele. Considerando ainda a menor
onerosidade da execução, é possível estabelecer uma premissa de que atingir estes dados possuídos pelo executado
seja menos gravoso do que atingir seu patrimônio material, ou ainda que seu preço seja suficiente para quitar a
dívida, sem maiores problemas.
Mas, é necessário chegar ao ponto 3 da sequência de raciocínio estabelecida no início deste tópico, pelo qual
estabelece-se de que se tratam de dados pessoais tutelados pelo sistema jurídico, para daí concluir pela
impenhorabilidade do banco de dados. Surgindo desta conclusão a pergunta: por que impenhoráveis se são valiosos
e se não estão listados nas restrições legais?
Apesar de existir valoração e de ser considerado um bem pertencente ao patrimônio de uma empresa, bem como
apesar de não estar no rol de bens impenhoráveis, o banco de dados possui o que podemos chamar de “bem da
personalidade” que são os dados pessoais dos usuários, clientes. Ou seja, ao falar em personalidade, atrelamos a
ideia de características ou conjunto de características (corpóreas ou incorpóreas) que distingue uma pessoa da outra.
Temos nome, RG, CPF, cor do cabelo, frequência de visita a determinados sites, escolhas de compras via internet,
dentre outros pontos que definem a formação de um perfil e que se coloca como pontos da personalidade de um
indivíduo. Logo, pontos personalíssimos que só podem ser divulgados, analisados, comprados ou vendidos mediante
consentimento do seu titular.
Os termos de uso e condição e as políticas de segurança, apesar de receberem um consentimento expresso para o
uso e tratamento dos dados pessoais dos seus clientes, devem obedecer aos critérios vinculados aos princípios
mencionados no item 4 deste artigo. Ou seja, os contratos firmados no meio ambiente digital, cujo objeto (um deles) é
a coleta e o tratamento de dados pessoais, abastecendo seu banco de dados, deve obedecer a itens previamente
estabelecidos como finalidade, adequação, transparência, qualidade dos dados, livre acesso, segurança e prevenção.
Não cabendo, portanto, a penhorabilidade no caso em que fique constatada a violação a qualquer desses princípios.
Ainda que o titular dos dados permitisse, dificilmente outra conclusão seria obtida, pois haveria um impedimento para
exercício da livre manifestação de vontade, qual seja, o conjunto de regras e princípios que regem os direitos da
personalidade, e, consequentemente, os dados pessoais ainda que constem num banco pertencente a outra pessoa.
6 Considerações finais
Chegando então à conclusão pela impenhorabilidade do banco de dados de uma empresa, pelos argumentos
expostos agora a pouco no final do item anterior, ficam satisfeitos os objetivos propostos para este trabalho, ainda que
o futuro próximo possa eventualmente alterar os paradigmas, trazer novos problemas ciberculturais e novos desafios
com natureza jurídica.
Dificilmente, ao menos a médio prazo, a economia deixará de ser digital, ou deixará de ter na digitalização de
comportamentos um nicho a ser explorado. Logo, a lógica pela qual as informações possuem valor capital também
deve ser mantida, ao menos enquanto este estágio da sociedade permanecer sendo chamado “da informação”.
A penhora como medida judicial de natureza executiva permanecerá tendo a função de definir dentro do patrimônio do
executado quais bens serão afetados pelo processo judicial e ficarão a ele vinculados, porém, encontrará desafios
considerando novos tipos de bens e novas formas de propriedade, a surgir em decorrência das inovações
tecnológicas características da contemporaneidade.
Os problemas com base de dados por sua vez, tendem a se multiplicar, seja porque as normas jurídicas já vigentes
talvez sejam insuficientes para resolvê-los, considerando serem bastante recentes para já poder identificar resultado,
seja porque problemas com dados se tornam imprevisíveis no contexto do fluxo de informações da
contemporaneidade.
Mas, ao menos por enquanto, defende-se que a resposta para um possível problema envolvendo dados e a questão
da sua penhorabilidade, seja adotada com base nos argumentos acima expostos, e que seja pela sua
impenhorabilidade. Surgindo novos problemas, surgirão novas hipóteses de pesquisa e novos trabalhos como este.
7 Referências bibliográficas
ASSIS, Araken de. Manual da execução. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2016.
BAGUETE.COM.BR. 2019. Netshoes paga indenização após vazamento. Disponível em: [https://
www.baguete.com.br/noticias/06/02/2019/netshoes-paga-indenizacao-apos-vazamento]. Acesso em: 07.04.2019.
BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de dados pessoais – A função e os limites do consentimento. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2018.
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: tutela dos
direitos, mediante procedimento comum, volume II. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2016.
SALDANHA, Paloma Mendes. Processo judicial eletrônico: a segurança jurídica processual e os riscos da sociedade
da informação. Recife: FASA, 2018.
SHAPIRO, Carl. A economia da informação: como os princípios econômicos se aplicam a era da internet. Rio de
Janeiro: Ed. Campus, 1999.
TAPSCOTT, Don. Economia digital. São Paulo: Makron Books, 1997.
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. Volume III. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2016.
TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1995.
 
 
 
1 TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1995. p. 29.
 
2 SHAPIRO, Carl. A economia da informação: como os princípios econômicos se aplicam a era da internet. Rio de
Janeiro: Ed. Campus, 1999. p. 15.
 
3 TAPSCOTT, Don. Economia digital. São Paulo: Makron Books, 1997. p. 17.
 
4 ASSIS, Araken de. Manual da execução. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2016. p. 910.
 
5 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: tutela dos
direitos, mediante procedimento comum, volume II. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2016. p. 969.
 
6 No ambiente virtual, os incidentes reportados se referem a fatos decorrentes de atividades maliciosas que exploram
vulnerabilidades a partir de ações como: DoS (negação de serviço), Fraude, Invasão, Scan, Web, Worm e outras.
Todas consideradas ações nocivas que comprometem a proteção dos dados dos usuários da rede mundial de
computadores a partir da coleta e tratamento de dados realizado de maneira não autorizada e para fins ilícitos.
(SALDANHA, 2018).
 
7 “Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:
I – dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável;
II – dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a
sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado
genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural;
III – dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser identificado, considerando a utilização de meios
técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento;
IV – banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais, estabelecido em um ou em vários locais, em suporte
eletrônico ou físico;”[...]
 
8 BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de dados pessoais – A função e os limites do consentimento. Rio de Janeiro:
Editora Forense, 2018.
 
9 BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de dados pessoais – A função e os limites do consentimento. Rio de Janeiro:
Editora Forense, 2018.
 
10 BAGUETE.COM.BR. 2019. Netshoes paga indenização após vazamento. Disponível em: [https://
www.baguete.com.br/noticias/06/02/2019/netshoes-paga-indenizacao-apos-vazamento]. Acesso em: 07.04.2019.
 
11 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. Volume III. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p.
453.
 
12 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: tutela
dos direitos, mediante procedimento comum, volume II. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2016. p. 786.
     

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