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NÃO PODE FALTAR


DO BLOCKCHAIN, CRIPTOMOEDAS, BIG DATA À BITCOIN

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Luiz Felipe Nobre Braga

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

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PRATICAR PARA APRENDER


Caro estudante, o mundo virtual proporciona inovações sucessivas. Não é
diferente quanto às novidades na área de interesse econômico e quanto à
proteção na circulação de dados. Os interesses nesse campo são múltiplos,
demandando atenção redobrada para que se possa saber a maneira correta de
operar em tais horizontes, à luz das suas funcionalidades técnicas e aspectos
jurídicos.

Pensando nisso, preparamos um estudo focado nas inovações mais interessantes


que temos notícia, ao longo dos últimos anos. 

Vamos investigar e compreender o chamado blockchain – um livro-razão


compartilhado e imutável usado para registrar transações, rastrear ativos e
aumentar a confiança (IBM, [s. d.]) – e sua conexão com os avanços na criptografia
de dados, elementos que, em conjunto, indicam uma nova etapa para o fluxo de
informações em trânsito no mundo virtual, desde a sua utilização para efeito das
criptomoedas, dentre as quais a bitcoin é notório exemplo, até para outras
funcionalidades, como no caso do Big Data. 

Neste sentido,


[…] blockchain, é celebrada como um avanço disruptivo assemelhado àquele propiciado pelo surgimento da
Internet. As possibilidades de redução de custos de transação, minimizando ainda as assimetrias de
informação, estariam centradas no fato de que a nova tecnologia permitiria transações diretas entre partes,
dispensando intermediários que desempenhavam papel de provedores da confiança inexistente entre
desconhecidos, além de oferecer a todos os participantes da cadeia de blocos um grau de transparência quanto
às negociações realizadas até então inimaginável. 
— (GHIRARDI, 2020, p. 19)

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Em todos esses casos, é preciso ponderar com cuidado acerca do modo pelo qual
o Direito Cibernético lida com sobreditos fenômenos, de modo que a disciplina
jurídica e estatal atuem de acordo com a especialidade dos fenômenos então
surgidos. 

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Assim, desde as aplicações no campo econômico que, a partir do crescente

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interesse, têm gerado enorme quantidade de capital envolvido em múltiplas
operações financeiras, até os casos de utilização de rígidos protocolos de
segurança (como no blockchain) nas variadas atividades empresariais ligadas ao
armazenamento de dados e informações sigilosas, o interesse jurídico é claro. 

É uma questão de compreender como se dá a proteção de direitos na dimensão da


era digital economicamente ativa e em um cenário mercadológico extremamente
fluido e desafiador, porém repleto de oportunidades.

Para ampliar sua visão acerca das possibilidades de aplicação dos conhecimentos a
serem obtidos, vamos analisar a seguinte situação-problema: recentemente, uma
grande empresa de ações e investimentos, especializada no ramo de operações
cambiais, foi condenada por um delito contra a ordem tributária internacional por
interceptar mensagens confidenciais trocadas entre membros do Banco Central
(Bacen).

A Receita Federal do país sede dessa empresa havia instaurado um procedimento


administrativo, intimando a pessoa jurídica a apresentar os extratos bancários
mantidos em seu nome e em nome de seus associados, suspeitando de
enriquecimento ilícito ou fraude tributária, devido ao exponencial e repentino
aumento patrimonial. Segundo averiguações, a empresa, que detinha pouco
menos de R$ 100.000,00 (cem mil reais) no primeiro semestre de 2019, no segundo
semestre do mesmo ano declarou um patrimônio de R$ 2.500.000,00 (dois milhões
e quinhentos mil reais). 

A priori, nada de ilícito foi encontrado. Intimados os associados a se manifestarem,


não souberam dizer o motivo certo do enriquecimento. A Receita Federal, então,
encaminhou as suspeitas aos juízos competentes, que concederam à Polícia
Federal a permissão para revista da empresa. 

Ao chegarem, os agentes ao local ficaram surpresos por não encontrarem gráficos,


planilhas ou tabelas no computador dos funcionários, o que deveria ser comum
em uma empresa do ramo de investimentos. Em contrapartida, os policiais
identificaram programas como Alcatraz Viewer, Cybex Spy e SpyOn, ferramentas
usadas para espionagem. 

Após mais investigações foi constatado que os funcionários estavam espionando


mensagens trocadas por membros do Bacen e verificando transações financeiras
do órgão para empresas. Além disse, com base nessas informações privilegiadas e
ilegais, os associados da empresa previam o cenário econômico e geopolítico para
realizar as operações cambiais, enriquecendo ilicitamente. 

Após o julgamento e prisão dos envolvidos, você é convidado, na qualidade de


profissional especializado em Direito Cibernético, para propor um parecer de
solução à insegurança do sistema de troca de mensagens do órgão e para tornar

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mais privadas, seguras e transparentes as suas transações financeiras, a fim de


evitar novos percalços. 

A partir de agora você deve formular uma solução, fazendo uso da disciplina

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ensinada até então. Afinal, qual ferramenta pode ser utilizada para impedir que
outras pessoas interceptem o conteúdo de uma mensagem? Qual tecnologia pode

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ser utilizada em transações financeiras para ser, ao mesmo tempo, transparente e
segura? 

A partir deste ponto, veremos aplicações mais práticas e teremos condições de


melhor entender algumas das mais instigantes inovações do nosso tempo. 

Bons estudos!

CONCEITO-CHAVE
A era digital está repleta de novidades. São muitas inovações que surgem para
facilitar a vida, as atividades do cotidiano, a comunicação entre as pessoas e o
armazenamento de dados e arquivos. Tudo ficou mais rápido e está cada vez mais
acelerado e interconectado. Praticamente não podemos mais imaginar a vida sem
que estejamos conectados, certo?

O que está por detrás disso é uma tecnologia incrível. Incrível e complexa, vale
dizer. As aplicabilidades da técnica cibernética vão muito além do uso cotidiano
que muitas vezes fazemos. Hoje, há um enorme interesse econômico nesse
campo, porque novos objetos financeiros foram – e continuam sendo – criados,
abrindo verdadeiros mercados financeiros digitais. Nesse mesmo caminho, as
empresas começam a tomar maior consciência acerca da necessidade de
instaurarem protocolos de segurança digital, para que suas informações e dados
sejam preservados, bem como dos seus parceiros comerciais e colaboradores. 

Tais protocolos atuam como mecanismos de proteção altamente tecnológicos, que


asseguram a guarda, armazenamento e transmissão de dados em enorme escala e
com alta confiabilidade. É aí que surge o blockchain. Trata-se de um sistema que
permite o rastreamento do envio e do recebimento de informações que transitam
pela internet. O nome vem justamente da ideia de bloco de dados que,
encadeados, formam uma espécie de corrente. Quando o dado é passado para
frente, ele carrega as informações (códigos) do seu passado e, dessa forma
sucessiva, cria-se uma cadeia de dados, a qual permite o total conhecimento da
sua origem e autenticidade. Segundo consta, o conceito de blockchain surgiu no
ano de 2008 em um artigo intitulado “Bitcoin: um sistema financeiro eletrônico
peer-to-peer”, de autoria de Satoshi Nakamoto, que seria um pseudônimo do
então criador do bitcoin.(GHIRARDI, 2021). Ainda vamos falar mais a respeito da
bitcoin (uma moeda virtual), cuja operação financeira é permitida justamente pelo
sistema do blockchain. 

Em sua evolução histórica, é interessante ressaltar que o blockchain foi criado,


inicialmente, para que se pudesse criar um mercado virtual para negociações de
moedas virtuais, dentre as quais a bitcoin é o exemplo mais conhecido. 

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Mas voltemos ao blockchain. Imagine um brinquedo em que os carrinhos passam


por uma pista de corrida constantemente. Agora, considere que esse brinquedo
(que representa uma pista de corrida) esteja espalhado pelo mundo inteiro. Agora
pense que não há apenas uma pista de corrida, porém várias, espalhadas pelo

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mundo e interconectadas. Vários carrinhos de corrida estão sobre essas pistas,

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transitando constantemente. Tudo isso faz parte, por conseguinte, de uma rede
global. Suponha que nas pistas de corrida existem algumas cancelas por onde os
carrinhos necessariamente devem passar. Cada carrinho, individualmente, passará
por algumas dessas cancelas ao longo do seu trajeto – lembre-se: em uma rede
global de pistas, interconectada. Cada carrinho carrega um determinado material
ou conjunto de materiais, isto é, informações, dados. Quando o carrinho passa por
uma cancela, existem máquinas, também espalhadas pela rede global, que fazem
uma espécie de validação desse carrinho e do material que ele carrega. 

Essas máquinas fazem essa validação, no nosso exemplo metafórico, por meio
desses instantes em que os carrinhos passam pelas cancelas. E essa máquina, por
meio da cancela, tem que aprovar o material do carrinho, validando-a. Se essa
aprovação acontecer, o carrinho (que contém um material) é selado com um
código bastante complexo, formado por letras e números, e recebe algo mais, um
tipo de carga. Depois da primeira cancela, o carrinho continua a correr pelos
trilhos da pista, passando por novas cancelas, novas validações e assim por diante,
recebendo novas cargas.

Note que o material que o carrinho carrega corresponde a um código referente a


ele. Como medida de segurança, cada vez que o carrinho passa por uma cancela,
ele recebe um código adicional que se junta ao anterior. E isso continua: os códigos
vão se somando. Formam um bloco (block) em corrente (chain). Logo, se alguém
pensasse em invadir o conteúdo do carrinho (seu material), não bastaria
desvendar apenas o código inicial, mas todos os códigos que foram adicionados no
fluxo de encaminhamento, algo certamente muito difícil de ser feito. 

E – você deve estar se perguntando – quem comanda isso? A quem pertence a rede
de pista de corrida global? Bem, não há dono! A rede global de autoramas não tem
dono ou comando central. Porém, em todos os caminhos e cancelas pelos quais os
carrinhos passam há apenas um registro em uma espécie de livro digital, que está
disponível para qualquer pessoa acessar. Nesse livro, não é possível ver o que
exatamente foi enviado, tampouco quem foi que enviou; mas apenas ver o
momento (o tempo), ou seja, quando o envio foi feito. É possível saber, então,
quando um carrinho passou por uma cancela.

Em termos bastante técnicos, entenda que pistas em rede global, por onde os
carrinhos passam, correspondem à chamada cloud computing (computação em
nuvem), uma tecnologia capaz de processar um altíssimo volumo de dados pela
internet. Depois, cada carrinho é considerado um bloco acrescido de uma hash,
quando passa pelas cancelas, isto é, uma função matemática que transforma uma
determinada mensagem ou arquivo em um código formado por letras e números,
representando os dados enviados. E onde ficam registrados esses fluxos? Naquele
livro digital, o chamado ledger, ou livro-razão, em português. É um documento que

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grava as transações, e que não pode ser apagado. O ato de juntar os blocos, os
códigos de cada carrinho, ao passarem pelas cancelas (e, portanto, pelas
sucessivas validações) é feito pelas chamadas mineradoras, então responsáveis
pelo cálculo do hash adequado para cada bloco, que permitirá que se encadeiem

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em uma corrente. Daí que:

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O Blockchain exige a compreensão do chamado hash, que corresponde a uma função matemática que, a partir
de uma mensagem ou arquivo, gera um código com letras e números representativo dos dados inseridos pelo
usuário. […] o hash transforma uma grande quantidade de dados em uma pequena quantidade de
informações, criando a chamada impressão digital.  
— (LONGHI et al., 2020, p. 559)

As cadeias de blocos em corrente (com o somatório dos códigos) são o blockchain.

EXEMPLIFICANDO 

Para que você possa compreender ainda mais a ideia do blockchain,


suponha que uma pessoa queira enviar um ativo digital para outra. Esse
ativo digital estará representado por um bloco que contém os seus detalhes
armazenados. Esse bloco encontra-se distribuído na rede mundial,
disponível para cada uma das máquinas (que fazem as validações, as
mineradoras) que possuem uma cópia em tempo real da transação. Há, aí,
então, uma validação, que acontece em poucos instantes. Uma vez
aprovado, àquele bloco inicial adiciona-se uma nova corrente de blocos,
que recebe um registro inalterável. Assim, a propriedade do ativo digital,
que é da pessoa “A”, agora está registrada como propriedade da pessoa “B”.

Vale ressaltar, para que fique bem claro, que essa codificação realizada, reunindo
as informações em blocos, com códigos sucessivos, é possibilitada pela tecnologia
de criptografia, ou seja, quando o conjunto de dados ou informações são
transformados em códigos de letras e números. Agora, imagine isso em sequência.
Quanto maior a criptografia, mais difícil é a quebra das informações que
transitam no blockchain. Por esse motivo é que se reputa como uma rede
bastante segura e confiável, porque resguarda, ainda, a privacidade nas
transações. Em relação à criptografia, interessante o comentário a seguir:


Criptografia consiste no desenvolvimento de técnicas para garantir o sigilo e/ou a autenticidade de
informações. A palavra criptografia é formada pelos termos gregos kryptos, que significa secreto, oculto,
ininteligível, e grapho, que significa escrita, escrever. Trata-se da ciência/arte de se comunicar secretamente.
(TEIXEIRA, 2020, p. 231) 
— Autor da citação

É claro o objetivo da criptografia: fazer com que uma mensagem (criptografada)


seja ininteligível para quem desejar interceptá-la. Perceba que a criptografia não se
aplica apenas no contexto do blockchain. É que, neste caso, ela é mais avançada
ainda, mais complexa.

ASSIMILE

O blockchain é um encadeamento em bloco de dados (como em uma


corrente) que recebem códigos de validação, criptografados, os quais
asseguram a confiabilidade dos dados trafegados, seja com finalidade

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financeira (nos ativos digitais, como nas criptomoedas, a bitcoin), seja com
finalidade informacional.

Para tratarmos de criptomoedas, precisamos passar pelo conceito de Big Data. 

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Big Data refere-se às situações nas quais as “tecnologias digitais são utilizadas para

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lidar com grandes e diversas quantidades de dados e às várias possibilidades de
combinação, avaliação e processamento desses dados por autoridades privadas e
públicas em diferentes contextos” (HOFFMANN-RIEM, 2020, p. 37). Esses enormes
conjuntos de dados têm variadas aplicações práticas, por exemplo, quanto ao
conhecimento de comportamentos individuais e coletivos e identificação de
tendências para o desenvolvimento e implantação de ações quanto a serviços e
distribuição de bens, entre outros. O volume de dados e informações é tão grande
que isso, infelizmente, também permite a prática de crimes cibernéticos, como
ainda teremos oportunidade de analisar. 

Há algumas características frequentemente utilizadas para identificar Big Data:


O Big Data: os chamados cinco “V”. Primeiro: acesso a enormes quantidades de dados (Volume Alto de Dados
ou High Volume). Segundo: a Variedade dos dados, de tipos e qualidades diferentes (High Variety). Terceiro: alta
Velocidade de processamento (High Velocity). Quarto: a Veracidade dos dados, garantida pelas tecnologias de
inteligência artificial (Veracity). Quinto: devido à importância estratégica de tais dados, há um Valor econômico
agregado (Value), vindo a constituir elemento de extremo interesse empresarial e negocial como um todo.
Portanto, as cinco características do Big Data são: Volume; Variedade; Velocidade; Veracidade; e, Valor. 
— (HOFFMANN-RIEM, 2020, p. 37)

Voltemos às criptomoedas. Já sabemos que o blockchain foi criado para permitir


segurança e confiabilidade quanto à negociação de um determinado ativo
financeiro: uma criptomoeda, no caso, a bitcoin.


Trata-se da bitcoin, alardeado como sendo a primeira “moeda” totalmente desmaterializada, criado por
particulares e por eles gerenciada, sem qualquer ingerência do Estado ou de instituições que não o próprio
corpo de adeptos dessa nova forma de moeda. 
— (GHIRARDI, 2020, p. 17)

Assim, entende-se as criptomoedas como ativos financeiros criados para serem


negociados nas redes. Funcionam como uma verdadeira evolução relativamente às
moedas tradicionais que, a seu turno, surgiram para dar cabo das relações sociais
de escambo (troca), intermediando-as.


A Bitcoin, por exemplo, surgiu no contexto da crise econômica de 2008, oriunda dos Estados Unidos, que se
espalhou pelo mundo. Tornou-se uma alternativa diante do cenário perturbado da economia mundial. Com
efeito, é algo bastante recente a criação dessas criptomoedas (não há apenas a Bitcoin), o que tem “despertado
cada vez mais perplexidade e inquietação”. 
— (GHIRARDI, 2020, p. 22)

A perplexidade se deve ao fato de que tais moedas não existem materialmente,


senão como blocos de códigos disponíveis na nuvem. Talvez o único elemento que
empregue alguma confiabilidade para fins de investimento em criptomoedas seja o
alto grau de tecnologia envolvida na criptografia das transações, tal como foi
explicado quando falamos da blockchain.

ASSIMILE

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Estudamos e realizamos a citações das cinco características para se


identificar o Big Data, que são: alto volume de dados (high volume); alta
variedade dos dados (high variety); velocidade de processamento (high
velocity); veracidade do conteúdo dos dados (veracity); valor agregado

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(value).

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A ausência de regulamentação específica, na medida que inexiste uma entidade
centralizada que gerencia seu fluxo (como o Ministério da Fazenda e o Banco
Central fazem no Brasil relativamente à emissão de moeda, o real, e como
interferem no câmbio), permite-nos questionar a segurança jurídica nestes casos. 

Logo:


[…] advertências procuram alertar os cidadãos de cada país para o fato de que as moedas “convencionais” são
garantidas pelos Estados emissores, enquanto as criptomoedas são desprovidas de qualquer garantia, dada sua
estrutura descentralizada e desregulamentada. Ao mesmo tempo, há preocupação em advertir os possíveis
interessados quanto à alta volatilidade das criptomoedas associada ao fato de que muitas das empresas que
transacionam com as mesmas não são regulamentadas, o que leva à conclusão de que eventual investimento
em criptomoedas deve ser feito por conta e risco de cada investidor. 
— (GHIRARDI , 2020, p. 119)

O valor de uma criptomoeda, de fato, está atrelado à lógica matemática de


criptografia. É, basicamente, confiança na ciência computacional e na engenharia
de dados. Por outro lado, sabemos que a confiança em uma moeda dita
convencional (como o real, o dólar e o euro) está na estrutura governamental,
estatal, jurídica, por detrás da sua emissão e controle de fluxos. A legislação,
quanto às moedas convencionais, é que permite sua segurança jurídica e
econômica, desde sua emissão e circulação, até a intervenção nas políticas
cambiárias, pelas entidades com tal poder. Determina-se, assim, de modo claro e
previsível, “o curso forçado do valor monetário” (LONGHI et al., 2020, p. 652). 

A criptomoeda, a seu turno, não dispõe de regulamentação específica, pelo menos


no Brasil. Aqui, é tratada como um ativo financeiro, que deve ser declarado para
fins de incidência de Imposto sobre a Renda (tributo de competência da União), na
qualificação de “Bens e Direitos”, como indicado na Instrução Normativa RFB nº
1899, de 10 de julho de 2019 (BRASIL, 2019). 

DICA 

Em nossos estudos, além da bitcoin, clássico criptoativo, ainda existem


outros, conhecidos como altcoins, por exemplo: Ether (ETH), XRP (Ripple),
Bitcoin Cash (BCH), Tether (USDT), Chainlink (LINK) e Litecoin (LTC).

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que os ativos digitais (criptomoedas)


não são considerados moeda corrente ou valor mobiliário, de sorte que os delitos
cometidos neste campo não atrairiam a competência da Justiça Federal, que é
competente para julgar os crimes praticados contra o Sistema Financeiro Nacional
(SFN). Logo, as criptomoedas não pertencem ao âmbito de regulação do SFN. Os
crimes que as tenham por objeto deverão ser julgados na justiça comum estadual
(BRASIL, 2018). 

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Segundo o Banco Central do Brasil, as criptomoedas são representações digitais de


valor, sobre as quais não há garantia por autoridade monetária, impedindo, por
exemplo, sua conversão em moeda soberana (bitcoins em reais, por exemplo),
bem como não há lastro em ativo real de qualquer gênero, de sorte que os riscos

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permanecem exclusivamente com seus respectivos detentores. 

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O entendimento do Banco Central é compartilhado pela Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), que não considera a criptomoeda sequer na qualidade de valor
mobiliário (como seria uma ação de uma empresa). Por outro lado, o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE) considera as criptomoedas uma
verdadeira inovação em termos de serviços financeiros, embora sem dar uma
definição acerca da sua natureza jurídica. (LONGHI, 2021).

REFLITA

Uma moeda digital é realmente uma moeda? Normalmente, uma moeda


integra a política monetária de um dado Estado, porque, no sistema de
trocas capitalistas, funciona como intermediária no fluxo e trânsito de
riquezas. Por isso, há uma preocupação econômica com a quantidade de
moeda disponível. Um país não pode simplesmente “imprimir dinheiro” e
distribuir à população, sob pena de ter como resultado a inflação. Muita
moeda disponível faz com que haja a perda do seu valor real, resultando
em aumento de preços e perda, consequente, de capacidade econômica. E
em relação às moedas digitais, haveria alguma preocupação com inflação?
Como isso funciona, haja vista não haver regulação estatal ou interferência,
por exemplo, de um Banco Central?

Do ponto de vista jurídico, “há uma grande diferença entre as bitcoins (moeda livre
da internet não regulamentada) e Moeda Digital (meio de pagamento pela via
digital regulamentado no Brasil com o marco regulatório da Lei n. 12.865/2013,
Resolução BACEN n. 4.282, Circular BACEN n. 3.682 e demais”. (PECK, 2016, p. 313).

Na órbita internacional, os Estados Unidos e a União Europeia também não


definem os criptoativos. A Federal Trade Comission (FTC), órgão regulador da livre
concorrência nos EUA (função análoga ao do CADE, no Brasil), entende que a
definição depende do propósito, podendo ser a compra de criptomoedas
enquadrada ora como moeda corrente, valor mobiliário ou até mesmo uma
commodity. Isso faz com que os criptoativos estejam sujeitos à fiscalização pelos
diferentes órgãos americanos que regulam cada uma dessas espécies. 

No plano da União Europeia, já se produziu estudo indicando que as criptomoedas


poderiam ser vistas como “dinheiro privado”, porém sem ter havido uma solução
definitiva em relação à matéria. 

VOCABULÁRIO

Commodity é qualquer bem em estado bruto; produto produzido em larga


escala, em massa.

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No Brasil, nota-se que, do ponto de vista jurídico em sentido estrito, a respeito da


existência de leis, deve-se considerar, em princípio, a definição de crimes
cibernéticos constante do Código Penal (que ainda estudaremos) e outros crimes
que podem estar relacionados, como o crime de estelionato.

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DICA 

O principal interesse jurídico-estatal nas criptomoedas está no contexto da


tributação, em termos de regulamentação. Na verdade, não há uma
regulamentação clara acerca da natureza jurídica das criptomoedas,
todavia, o Estado brasileiro, por meio da Secretaria da Receita Federal,
entende que as operações que envolvem criptoativos devem ser declaradas
para fins de Imposto de Renda, nos patamares fixados e atualizados
periodicamente. Havendo, portanto, ganho de capital nas transações desta
espécie, haverá incidência de tributo, a ser pago à Fazenda Pública federal.

Em termos de proteção de dados, a legislação aplicável é aquela já conhecida, cuja


incidência em termos de segurança jurídica e resguardo do direito à privacidade e
à intimidade têm especial relevo quando se discute, além dos criptoativos, a
utilização predatória, por parte de empresas, ou mesmo o risco de cometimento
de crimes, quanto ao Big Data. De todo modo, destacam-se, no contexto legislativo:

Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018).

Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014).

Código de Defesa do Consumidor (Lei n 8.078/1990).

Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (Lei nº 12.529/2011).

Chegamos ao fim de mais um bloco de estudos. Tal como ocorre com o blockchain,
ficará, com o tempo e com o avançar das etapas, cada vez mais difícil de você não
se interessar pelo Direito Cibernético.

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
Trata-se de um protocolo de segurança que gera códigos sucessivos relativos a
blocos de dados que transitam em uma nuvem, registrados em um livro-razão,
disponível e acessível a qualquer interessado.

Considerando o texto, assinale a alternativa que corresponde ao conceito indicado.

a.  Internet das coisas. 

b.  Criptografia. 

c.  Computação em nuvem. 

d.  Ledger. 

e.  Blockchain.

Questão 2

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Big Data é utilizado para diversos fins, tais como controle de comportamentos individuais e coletivos, registro
de tendências de desenvolvimento, possibilitando novos tipos de produção e distribuição e cumprimento de
tarefas estatais, mas também para novas formas de ilegalidade, especialmente crimes cibernéticos. 
— (HOFFMANN-RIEM, 2020, p. 38)

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O Big Data corresponde a um conjunto de dados que apresenta, entre outras
características:

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a.  Apenas a variedade dos dados.

b.  A baixa velocidade de processamento. 

c.  O alto valor agregado. 

d.  Apenas o alto volume de dados. 

e.  As informações, que são inverídicas.

Questão 3


Não há como negar o fato de que as criptomoedas têm atraído cada vez mais interesse tanto de “investidores”
como de agentes financeiros que procuram avaliar se tal fenômeno pode de algum modo impactar suas
atividades. Da mesma forma, as autoridades passaram a monitorar o fenômeno inicialmente de modo ainda
distante, aguardando o desenrolar do tema para verificar se seria duradouro ou não e, posteriormente, com
maior atenção, buscando aprofundar o conhecimento e avaliar até que ponto as criptomoedas podem
representar um risco ou um benefício para as finanças globais tal como hoje estabelecidas e regulamentadas. 
— (GHIRARDI, 2020, p. 118)

Acerca das características das criptomoedas, analise as afirmativas a seguir:

São moedas reais, centralizadas.

Há regulamentação específica no Brasil definindo sua natureza jurídica.

A segurança está, basicamente, na criptografia típica do blockchain.

a.  I, apenas. 

b.  II, apenas. 

c.  I e II, apenas. 

d.  III, apenas. 

e.  I e III, apenas.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de Dezembro de 1940. Institui o Código Penal.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 dez. 1940.

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de Setembro de 1990. Institui o Código de Defesa do


Consumidor. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 set. 1990.

BRASIL. Lei nº 12.529, de 30 de Novembro de 2011. Estrutura o Sistema Brasileiro


de Defesa de Concorrência e dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações
contra a ordem econômica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 nov. 2011.

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