Você está na página 1de 23

VISUAL LAW

COMO A EXPERIÊNCIA DO DIREITO


PODE SER APRIMORADA
RESUMO

Visual Law: como a experiência do


Direito pode ser aprimorada
Kareline Staut de Aguiar¹

O e-book busca analisar o contexto e impactos das novas formas de pen-


sar o direito, trazendo um inovador projeto jurídico que está surgindo no país
com as figuras do legal design e uma de suas vertentes, o visual law, com
estratégias e ferramentas que buscam unir o direito, a tecnologia e o design
na tentativa de fazer com que as práticas jurídicas se tornem mais claras e
objetivas, modernas, visuais e centradas na experiência de seu destinatário.
O mundo está em constante evolução. Novas tecnologias, formas de pensar,
de consumir e mudanças de paradigma são frequentes em todas as áreas do
conhecimento e, também, em nosso dia-a-dia. O direito não está imune a isso.
É cada vez maior a necessidade de oferecer aos clientes uma solução prática,
funcional, eficiente, atrativa e simples. A temática aborda a utilização do de-
sign centrado no usuário, desenvolvimento de tecnologia ágil, útil, envolvente e
métodos de pesquisa empírica para criar novas intervenções significativas no
sistema jurídico. O objetivo é criar um sistema legal melhor, que as pessoas
possam usar para proteger seus direitos, resolver seus problemas e melhorar
suas comunidades. O momento é propicio para buscar a inovação em serviços
jurídicos, com métodos práticos, ágeis e centrados no usuário para tornar o
sistema jurídico mais claro, mais eficiente, satisfatório e mais utilizável. O foco
é concentrar em “como a experiência do direito pode ser aprimorada”.

________________
¹Advogada. Especialista em direto do Trabalho (EBRADI). Especialista em Marketing (PUC-MG). Certificação
em Visual Law (FutureLaw). Certificação em Direito Digital e Proteção de Dados (PUC-SP). Certificação
em Derecho Digital (Universitat de Barcelona). Membro da AB2L. Membro do Porto Velho Legal Hackers.
Contato de e-mail: staut.adv@gmail.com

1
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3

INFORMAÇÃO JURÍDICA
ACESSÍVEL, CLARA E OBJETIVA ...................................................... 5

NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO


LEGAL. DESIGN CENTRADO NO HUMANO ................................. 7

A INOVAÇÃO DO DESIGN
ALIADO AO DIREITO. A EXPERIÊNCIA
DO DIREITO PODE SER MELHORADA .......................................... 14

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 16

ANEXO: DICAS DE SOFTWARES E FERRAMENTAS ................... 18

ANEXO: COMO USAR VÍDEOS,


INFOGRÁFICOS, FLUXOGRAMAS
E STORYBOARDS EM PETIÇÕES ..................................................... 19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 22

2
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
INTRODUÇÃO

Na busca constante por inovação, surge mais um tema que vem ganhando
destaque internacionalmente, nos principais centros da área do Direito: o Legal
Design ou Design de produtos e serviços jurídicos, e o Visual Law.

Quando falamos acerca de Legal Design, pensamos numa forma de fazer


com que o Direito se torne mais atrativo e simplificado para o indivíduo que não
faz parte do mundo jurídico, é a verdadeira humanização do direito. As possibi-
lidades do Legal Design vão muito além do Design Thinking e da apresentação
visual. É a aplicação do Storytelling com a capacidade de contar histórias de
maneira relevante, onde os recursos audiovisuais são utilizados juntamente com
as palavras. É possível desenhar novas formas de prestar os serviços jurídicos
e entregar a informação que o usuário final precisa, no formato mais simples e
adequado às suas necessidades.

Já o Visual Law é uma sub-área do Legal Design que emprega elemen-


tos visuais para tornar o Direito mais claro e compreensível. As técnicas são
as mais variadas e envolvem a utilização de fotos, vídeos, infográficos, fluxo-
gramas, storyboards, bullet points, mapas, linhas do tempo, croquis, QR Code,
pictogramas, links, entre outros recursos. O visual Law propõe novas formas de
comunicação legal.

3
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
INTRODUÇÃO

Vivemos em um mundo que se comunica cada vez mais por ima-


gens, e isso também está impactando a área do direito. Passamos o
dia conectados às telas e isso está mudando a forma como nos comu-
nicamos e como escolhemos receber essas informações. Não precisa-
mos mais utilizar apenas o texto como recurso de linguagem. Vejamos
alguns motivos relacionados aos benefícios de elementos visuais em
documentos:
1. Os seres humanos têm uma capacidade notável de lembrar
imagens (Psychonomic Science);
2. Apresentações com recursos visuais são até 43% mais
persuasivas (University of Minnesota);
3. Além disso, textos com imagens geram mais credibilidade
(ScienceDirect);
4. Documentos com símbolos são até 95% mais compreendidos
(Rhodes University)

Algumas experiências estrangeiras vêm demonstrando que a com-


binação entre elementos visuais e textuais auxilia na captura psíquica
dos julgadores e conta a história do cliente de forma mais persuasiva.

4
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
INFORMAÇÃO JURÍDICA
ACESSÍVEL, CLARA E OBJETIVA

O Visual Law, vem também para organizar os blocos de informações,


de uma forma a orientar a pessoa que está lendo. A informação jurídica
que nós vemos hoje, a clássica, a tradicional, em que década que ela fi-
cou? Em que momento a gente se perdeu do resto do mundo? Atualmente,
as informações que consumimos estão em sites, revistas eletrônicas de
notícias, redes sociais, artigos na web, etc.

Existe um regulamento da união europeia do final de 2019, em que


todos os contratos de prestação de serviços de comunicações, precisam
ter a versão em uma página de resumo informando o usuário. Eles ainda
tiveram que disponibilizar online e impresso no balcão de venda da loja.
Assim, podemos concluir que está vindo uma onda muito forte de prestar
informação simples e clara ao cidadão.

No Brasil, existe um projeto em São Paulo para


que todos os regulamentos e leis, saiam numa lingua-
gem que o cidadão entenda, e também para treinar os
servidores para produzir documentos assim. E, ainda,
podemos citar a lei 10.271/2020 que trata sobre o co-
mércio eletrônico, traz a necessidade dos termos se-
rem claros e acessíveis. O fornecedor deve apresen-
tar um resumo do contrato antes de sua formalização, por exemplo. Além
disso, há o projeto “Petição 10 e Sentença 10” do TJ/SP, que objetiva limitar
as manifestações processuais em 10 páginas.

É possível constatar que vivemos em um mundo que se comunica


cada vez mais por imagens, e até algoritmos refletidos em forma de work-
flows, representam a maioria expressiva do conteúdo gerado nos ambien-
tes digitalizados. O ser humano passa o dia conectado às telas e isso está
mudando a forma como a comunicação é realizada e como as pessoas
escolhem receber essas informações.

No ambiente jurídico o texto é, e continuará sendo, indiscutivelmente,


a fonte mais importante de comunicação, pela complexidade e detalhes da

5
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
INFORMAÇÃO JURÍDICA
ACESSÍVEL, CLARA E OBJETIVA

legislação, da doutrina e das decisões judiciais. Mas, e se de forma com-


plementar ao texto, houver também o uso de imagens? E se, para deter-
minados destinatários, houvesse a possibilidade de eliminar o excesso de
palavras e expressões técnicas aliando um texto com o conteúdo adequa-
do conjuntamente a uma imagem eficiente?

Essa é a comunicação da nossa era. A comunicação que os clientes


estão se acostumando. Rápida, eficaz, compartilhável. Por que não aplicar
isso ao Direito? Sem o propósito de substituir os textos, essas novas téc-
nicas de comunicação jurídica, com uso de elementos visuais, vêm com-
plementar, auxiliar a expressar o pensamento jurídico. Os maiores centros
de ensino jurídico do mundo já estão investindo na criação de núcleos,
equipes multidisciplinares, grupos de estudos e centros de pesquisa para a
sub-área do Legal Design chamada Visual Law.

Cada vez mais valorizamos uma interação rápida e simples. Sem obs-
táculos. Sem tempo a perder. Por aplicativos de mensagens, conversa-
mos em tempo real, enviamos documentos, fotos e vídeos. Transações
bancárias, e assinaturas digitais de documentos são feitas com um clique.
Compramos nossa alimentação a partir de fotos dos pratos desejados. Pe-
dimos transporte urbano e sabemos imediatamente a previsão da duração
do percurso e o valor da corrida. Reuniões que demandavam deslocamen-
to estão sendo realizadas em casa, por videoconferência, lives se tornaram
algo corriqueiro. Nos tribunais, as sessões de julgamento são realizadas
virtualmente.

Por que achar que a linguagem jurídica é imune a essa nova pers-
pectiva? Nessa toada, o visual law é uma forma de linguagem jurídica que
visa tornar a mensagem mais fácil e atrativa por meio de recursos visuais,
principalmente valendo-se do uso das novas tecnologias. Embora a desig-
nação desse nome possa ser relativamente recente, é certo que, intuitiva-
mente, mesmo sem saber, já fazemos uso dessas ferramentas. As novas
tecnologias apenas ampliaram o rol de possibilidades.

6
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO LEGAL.
DESIGN CENTRADO NO HUMANO

A professora Margareth Hagan, do Legal Design Lab de Stan-


ford (EUA), é uma das grandes pioneiras do tema de Legal Design e
o define como uma nova disciplina que integra diferentes áreas: Legal
Design Process, Visual Law, Access to justice e Legal Education e
Practice.

Segundo Hagan², as questões ligadas ao design de novos pro-


cessos organizacionais, tanto no setor público, como privado; e as téc-
nicas utilizadas, podem auxiliar no acesso à justiça e na formação dos
novos juristas, além de contribuir na prática e educação permanente
dos profissionais que já estão no mercado, entre outros aspectos. Para
Hagan, o Visual Law está crescendo com muita força, e propõe novas
formas de comunicação legal.

Durante décadas, as palavras foram ferramentas de trabalho dos


advogados. No entanto, alguns pioneiros já foram além do texto, des-
bravando o design jurídico. Na Europa Central, a visualização de in-
formações legais se transformou em um campo de pesquisa por si só.
Nos países de língua alemã, termos como comunicação visual legal
(Visuelle Rechtskommunikation)³ e direito visual (Visuelles Recht) fo-
ram usados ​​para descrever esse campo de crescente pesquisa e prá-
tica.

A experiência centrada no usuário é extremamente importante no


Visual Law. Entender o contexto deste usuário e como a pessoa sente

7
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO LEGAL.
DESIGN CENTRADO NO HUMANO

quando interage ou acessa a informação, como, por exemplo, o juiz se


sente quando interage com a informação, como o consumidor sente
quando assina aquele contrato de cartão de crédito, aquele contrato de
telefonia e internet. Para compreender melhor como um determinado
usuário se relaciona com a informação, é preciso observar as pessoas,
seus universos e hábitos. Nesse sentido, a abordagem do design cen-
trado no humano é fundamental.

É importante identificar que nem todos consomem informação da


mesma forma. Juizes e advogados trocam textos e argumentos técni-
cos, mas esse formato não funciona para quem não é da área. Quem
compra um produto precisa entender seus direitos como consumidor.
E o Design Thinking7, apesar de não se confundir com o conceito de
Legal Design, como já descrito anteriormente, tem se mostrado uma
metodologia aliada para construir interfaces jurídicas centradas no
usuário e que o ligam à informação. Pode ser um contrato em papel, a
página de um site, um folheto, a tela de um aplicativo ou a interface de
voz de um assistente virtual.

8
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO LEGAL.
DESIGN CENTRADO NO HUMANO

Um exemplo convincente da aplicação do visual law e do design


direcionado ao usuário como política pública é o trabalho do Street
Vendor Project4. Depois de observar que o Código da cidade de Nova
York era “intimidador e difícil de entender por alguém, ainda mais para
alguém cuja língua materna não é o inglês”, o projeto contou com Can-
dy Chang, designer, planejadora e artista urbana, para produzir um
Guia visual do vendedor ambulante chamado “Poder do vendedor!”,
tornando os regulamentos e direitos da cidade acessíveis e compreen-
síveis. O Guia decodifica as regras
e regulamentos para os 10.000
vendedores ambulantes de Nova
York, que possuem diferentes na-
cionalidades, para que eles pos-
sam entender seus direitos, evitar
multas e ganhar uma vida mais
digna.

No Reino Unido, houveram mudanças recentes nas regras rela-
cionadas à obtenção de uma licença de motocicleta. Criaram um dia-
grama interativo que ajuda seus espectadores a entender em quais
motocicletas eles têm direito a andar e como obter uma licença de
motocicleta.

No Canadá5, em 2000, reconheceram a necessidade de novas


maneiras de melhorar o acesso do pú-
blico à lei, e o governo criou um novo
formato para a legislação. O designer de
comunicação David Berman, introduziu
métodos de design gráfico e o conceito
de uso de diagramas para ajudar a des-
crever leis. Ao criar um diagrama de flu-
xograma, a equipe de Berman revelou

9
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO LEGAL.
DESIGN CENTRADO NO HUMANO

inconsistências não consideradas na legislação, sugerindo que, se as


técnicas do visual law fosse usada no processo de redação, a legisla-
ção resultante poderia ser melhorada. Projeto similar ocorreu com os
Termos Gerais de Compras Públicas em Contratos Públicos da Finlân-
dia, durante o projeto de pesquisa PRO2ACT.

Nos Estados Unidos, o State Decoded6 é uma plataforma que


desenvolve novas maneiras de exibir códigos estaduais, decisões ju-
diciais e informações dos serviços de rastreamento legislativo. Com
tipografia, definições incorporadas de termos legais e outros meios,
este projeto visa tornar a lei mais facilmente compreensível.

No Brasil, também podemos encontrar algumas aplicações práti-


cas do visual Law. No país essas técnicas têm sido aplicadas – até o
momento – principalmente nos seguintes tipos de documentos: Peti-
ções e manifestações, Contratos; Termos de uso

Fonte: https://bernardodeazevedo.com

10
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO LEGAL.
DESIGN CENTRADO NO HUMANO

A Super Revendedores7, uma plataforma brasileira de controle de


vendas e estoque para revendedores de venda direta, recentemente
disponibilizou um modelo de instrumento particular de parceria comer-
cial com elementos visuais, composto de ícones e imagens para facili-
tar a leitura.

Clique para ver o vídeo

A Koin, fintech de meio de


pagamento, também adotou o
Visual Law – compartilhando
conteúdos que até então eram
formatados apenas como tex-
tos. A partir de agora, os ter-
mos e condições de seus pro-
dutos estarão disponíveis em
diferentes formatos, com info-
gráficos, fluxogramas e o one
page.

Fonte:https://termos.koin.com.br/termos-condicoes

11
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO LEGAL.
DESIGN CENTRADO NO HUMANO

Alguns profissionais brasileiros já estão gravando vídeos para fun-


damentar seus casos e utilizando QR Codes nas petições para que os
juízes possam acessar as explicações audiovisuais. É possível visua-
lizar o uso de alguns elementos visuais em memoriais, por exemplo.
Com emprego de um fluxograma cronológico e QR Code com instru-
ções técnicas.

Fonte: https://bernardodeazevedo.com/wp-content/uploads/2019/12/Memoriais-QR-Code.pdf

A 6ª Vara Federal da Justiça Fede-


ral do Rio Grande do Norte (JFRN), de-
senvolveu um novo modelo de mandado
de citação e intimação de penhora com
elementos visuais e utilização do Visual
Law. Resumidamente o documento con-
tém ícones e um QR Code, de forma que
as informações são organizadas para fa-
cilitar a compreensão do leitor.
Fonte:https://bernardodeazevedo.com/wp-content/uploads/2020/07/manda-

do-citacao-intimacao-penhora.pdf

12
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO LEGAL.
DESIGN CENTRADO NO HUMANO

E são muitas as aplicações para petições. Nas contestações, por


exemplo, o ideal é trabalhar com templates, com partes editáveis rela-
cionadas à cronologia do caso em um infográfico ou aos fatos e jurispru-
dência aplicável a cada caso específico. O software https://www.canva.
com/ pode auxiliar os advogados com ferramentas gratuitas para design.

Produção da Villa - Visual Law Studio

As técnicas de Legal Design e de Visual Law estão transforman-


do a efetividade dos contratos. Isso acontece com contratos assinados
por consumidores ou por prestadores de serviços de uma determinada
empresa, onde os novos modelos com elementos visuais será uma das
grandes tendências na confecção de documentos jurídicos.

Analisando os documentos exemplificados anteriormente, é impor-


tante ressaltar que a faculdade de direito não nos ensina como melhorar
a eficácia de nossa mensagem. Embora muitos advogados sejam bons
comunicadores, a maioria teve que aprender da maneira mais difícil. É
fácil esquecer que nossos colegas, membros da comunidade jurídica,
não são os únicos usuários
do nosso trabalho. Quando 1. Quem são esses usuários;
se trata de outros usuários de 2. O que eles querem ou precisam saber;
3. O que desejam alcançar;
nosso conteúdo e documen- 4. Em que situação;
tos, podemos nos beneficiar 5. Como podemos tornar nosso conteúdo e do-
cumentos o mais claro, envolvente e acessível
começando a pensar em: possível.

13
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
A INOVAÇÃO DO DESIGN ALIADO AO
DIREITO. A EXPERIÊNCIA DO DIREITO
PODE SER MELHORADA.

Precisamos de uma revolução na forma como os profissionais jurídi-


cos trabalham, e como eles apresentam e oferecem serviços jurídicos ao
público. O campo do direito precisa ser redesenhado e reiniciado, com uma
cultura de Design Thinking, pesquisa de usuários e métodos de Legal De-
sign centrados no homem. O foco se concentra em como a experiência do
direito poderia ser melhorada.

“O foco se concentra em como


a experiência do direito poderia
ser melhorada”

O design oferece uma maneira de repensar e melhorar as experiên-


cias de direito das pessoas. Isso significa tanto da perspectiva do leigo —
que está tendo que navegar no sistema legal para lidar com um problema
ou buscar justiça. E também significa, do ponto de vista do profissional ju-
rídico — o advogado, o juiz, o funcionário do tribunal, o assistente jurídico.
Nosso sistema legal pode ser mais claro, mais eficiente, mais utilizável e
mais amigável.

Produção da Villa - Visual Law Studio

14
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
A INOVAÇÃO DO DESIGN ALIADO AO
DIREITO. A EXPERIÊNCIA DO DIREITO
PODE SER MELHORADA.

Por que combinar lei com design? Mesmo que esses dois campos
não tenham tradicionalmente se cruzado, é possível identificar três pontos
principais de valor8 entre eles:


1. Cultura Experimental: Ser mais avançado em como nós, como pro-
fissionais do Direito, podemos gerar soluções para problemas no setor
jurídico;

2. Inovação centrada no usuário: Colocar maior foco no cliente e na pes-
soa leiga que tem que usar sistemas legais, para entregar-lhes melhores
serviços adaptados à suas necessidades experienciais;

3. Novos caminhos para o trabalho legal e para servir a justiça: Cons-
truir um novo conjunto de caminhos profissionais e oportunidades para
as pessoas que querem trabalhar no direito — e especialmente aqueles
que veem que as formas tradicionais de serem estudantes de Direito e
advogados podem ser aperfeiçoadas.


À medida que você começa a refletir como poderá usar a tecnologia
para que os leigos sejam mais inteligentes e com maior poder de compre-
ensão e mais no controle de suas experiências legais; e passa a pensar
em como você pode fazer sua equipe trabalhar de forma mais colaborativa
e rápida. À medida que você se torna mais consciente sobre prototipa-
gem, sobre a experiência do usuário, sobre comunicação visual e todas as
outras mentalidades, métodos e mecânicas, você estará avançando nes-
sa jornada. O objetivo é criar um
movimento em torno da inovação
orientada pelo design no direito.
É necessário haver mais organi-
zações dedicadas a experimen-
tações ágeis e criativas em servi-
ços jurídicos, que possam lançar
uma nova geração de produtos,
serviços e sistemas.

15
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho dos designers de informações é sobre organizar e exibir in-


formações de uma maneira que maximize sua clareza e compreensão. Ele
se concentra nas necessidades dos usuários e no contexto em que eles
precisam encontrar e aplicar informações. Quando o conteúdo é comple-
xo, os leitores precisam entender tanto o cenário geral quanto os detalhes
e alternar entre essas duas visualizações. A visualização pode ajudar na
navegação do texto, abrindo seu significado e reforçando sua mensagem,
mesmo no campo do direito. E o design da informação não se refere ape-
nas à visualização: trata-se de muitas outras coisas úteis, como linguagem,
legibilidade, tipografia, layout, etc.

Quando falamos de Direito e Inovação, muitas vezes acabamos em


duas discussões. Primeiro, há resistência — com advogados listando todas
as barreiras para que a mudança não aconteça, por que não aconteceu e o
que impedirá que isso aconteça. Ou, alternativamente, existem advogados
e especialistas exaltando as maravilhas da tecnologia, inteligência artificial
e dados, e como eles vão trans-
formar nosso mundo atual de
serviços jurídicos. As pessoas
em qualquer um desses cam-
pos não tendem a falar uns com
os outros, ou encontrar manei-
ras muito construtivas de fazer
a ponte de suas visões radical-
mente diferentes sobre o futuro
dos serviços jurídicos, há pouco
olhar colaborativo. Uma aborda-
gem orientada à inovação pelo design jurídico pode centralizar o trabalho
em problemas humanos reais e vividos. E oferece um conjunto claro de
processo, mentalidades e mecânicas que podem estruturar nossas tentati-
vas de inovar — dando-nos um caminho a seguir, que nos ajudará a pensar
de forma mais ambiciosa e criativa sobre como poderíamos lidar com as
muitas frustrações, confusões e atritos na lei.

16
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sintetizando temos:

17
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
ANEXO: DICAS DE SOFTWARES E
FERRAMENTAS

Utilizando essas ferramentas,


você pode fazer partes da arte no
canva e depois jogar no Microsoft
word. Assim, você pode construir
linhas do tempo, mapas visuais,
ilustrações, infográficos, no canva,
ou no illustrator, corel draw e levar
para o word, onde está a parte tex-
tual e de conteúdo.

18
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
ANEXO: COMO USAR VÍDEOS,
INFOGRÁFICOS, FLUXOGRAMAS
E STORYBOARDS EM PETIÇÕES

Infográficos são textos visuais informativos e explicativos, que costumam


ser acompanhados de ilustrações, gráficos e ícones. Ao combinar textos
breves com figuras, os infográficos estimulam os dois lados do cérebro hu-
mano, ajudando o interlocutor a compreender conteúdos de maior comple-
xidade. Você pode encontrar modelos no infogram.com/ No Canva Procure
pela seção “Blogging & eBooks” e clique em Infographic.

Em síntese, vejamos algumas ideias para usar infográficos em petições:

◊ Ilustrando estatísticas: em casos criminais, o profissional


pode utilizar o recurso para demonstrar estatísticas sobre
o presídio em que o cliente está preso (número de presos
excedentes, rebeliões, etc), despertando maior empatia no
julgador;

◊ Narrando acontecimentos em ordem cronológica: o ad-


vogado pode usar o recurso para ilustrar a sucessão de atos
que desencadearam determinado fato e, assim, demonstrar
que o cliente não teve qualquer responsabilidade; elabora-
ção de uma linha do tempo dos acontecimentos.

◊ Apresentando comparativos e realçando diferenças/se-


melhanças: o profissional pode utilizar um infográfico com-
parativo para demonstrar a semelhança (ou diferença) entre
o caso do cliente e o caso paradigma.

Os fluxogramas são representações visuais es-


quemáticas de processos, sistemas ou fluxos de
trabalho. Em suma, com eles é possível ilustrar a
sequência operacional de processos e descrever a
logística interna de empresas e organizações. Além
disso, eles ajudam a apresentar o caminho percor-
rido por determinados elementos e a esclarecer a
transição de informações entre componentes. Você
pode criar fluxogramas pelo Draw.io - Diagrams.net
/ FreeMind / Mindmup / Coggle.

19
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
ANEXO: COMO USAR VÍDEOS,
INFOGRÁFICOS, FLUXOGRAMAS
E STORYBOARDS EM PETIÇÕES

Em síntese, confira algumas ideias para usar fluxogramas em petições:

◊ Ilustrando variedade de recursos em um mesmo processo: existem casos


complexos que exigem a interposição de dezenas de recursos. O advogado
pode utilizar fluxogramas detalhados para traduzir, de forma visual, a variedade
de recursos apresentados;

◊ Apresentando a estrutura organizacional de empresas: ao atuar em me-


gaoperações policiais, com dezenas de investigados, o advogado pode utilizar
um fluxograma para descrever a estrutura organizacional da empresa investiga-
da e eximir o cliente de responsabilidade;

◊ Desenhando a logística interna de organizações: em casos envolvendo falha


ou atraso na entrega de mercadorias, o profissional da advocacia pode usar o
fluxograma para descrever a logística da organização, delimitando, assim, as
responsabilidades.
Storyboards são construções gráficas que apresentam, quadro a quadro, as
principais cenas de uma história. Eles são esboços similares a histórias em qua-
drinhos e apresentam a pré-visualização, enquadramentos e movimentos das
cenas. Aliás, os storyboards ilustram aquilo que o texto não dá conta de repre-
sentar, o que vem levando profissionais a aplicá-los no contexto do Direito.

Em síntese, confira algumas ideias para usar storyboards em petições:


◊ Esclarecer a dinâmica de acidentes de trânsito: em
casos envolvendo acidente de trânsito, o advogado
pode utilizar um storyboard para ilustrar a dinâmica da
colisão e demonstrar que o cliente não teve responsa-
bilidade no ocorrido;

◊ Desenhando a reprodução simulada dos fatos (re-


constituição de crime): em casos envolvendo ho-
micídios, o profissional da advocacia pode empregar
storyboards para ilustrar a reconstituição do crime,
contando, quadro a quadro, como os fatos ocorreram.
Modelos para criação você encontra em boords.com
e no canva.com/pt_br/criar/storyboard/

20
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
ANEXO: COMO USAR VÍDEOS,
INFOGRÁFICOS, FLUXOGRAMAS
E STORYBOARDS EM PETIÇÕES

Embora os vídeos ainda sejam pouco utili-


zados pelos advogados em processos ju-
diciais, eles podem oferecer excelentes re-
sultados para convencer os magistrados.
Em síntese, os vídeos podem (e devem)
ser empregados pelos profissionais da ad-
vocacia nas petições, tanto para tornar a
pretensão do cliente mais clara (na área
cível e trabalhista) quanto para fortalecer a
defesa (na área criminal).

Em síntese, vejamos algumas ideias para usar vídeos em petições:

◊ Complementando petições iniciais: ao concluir a redação de peça, o ad-


vogado pode gravar um vídeo simples explicando ao juiz os principais pontos
da causa. Após, pode gerar um hiperlink ou mesmo gerar um QR Code para
inserir na petição; Você pode gerar QR CODE gratuito pelo site: https://br.qr-
-code-generator.com/ ou no site: https://e-lemento.com/

◊ Explicando casos complexos: o advogado pode contratar um estúdio espe-


cializado em animação, com domínio de técnicas de storytelling, para produzir
um vídeo específico que dê conta de explicar os principais pontos de controvér-
sia da causa;

◊ Recortando vídeos para destacar argumentos: em vez de transcrever, em


texto, uma frase importante do depoimento de uma testemunha, o advogado
pode recortar o vídeo original no exato momento em que a mesma frase é dita
(ideal para processos eletrônicos).

21
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPPELLETTI, Mauro. Acesso à Justiça. Edição: 1ª (1 de janeiro de 1998). Porto Alegre.


Sérgio Antônio Frabris Editor.

BROWN, Tim. Design Thinking. Editora Alta Books; Edição: 1 (4 de maio de 2017)
Kestenbaum, Normann. Obrigado pela informação que você não me deu. Editora: Elsevier
(27 de setembro de 2007)
HAGAN, Margaret. Law by Design.
Disponível na internet em (https://www.lawbydesign.co/)²

PRATT, Judith. Direito visual: o que os advogados precisam aprender com os designers de
informações.
Disponível em (https://blog.law.cornell.edu/voxpop/2013/05/15/visual-law-what-lawyers-ne-
ed-to-learn-from-information-designers)³

Legal Comm Design.


Disponível em (http://www.legaltechdesign.com/communication-design/)4

ALLBON, Emily. What is legal design?


Disponível em (https://www.justis.com/Legal-Design-Sprint-What-Is-Legal-Design.pdf)5 e 6

ZAVAGLIA COELHO, Alexandre. ULANDOWSKI HOLTZ, Ana Paula. Legal Design Visual
Law - Comunicação entre o universo do Direito e os demais setores da sociedade.
Disponível em (https://www.thomsonreuters.com.br/pt/juridico/legal-one/biblioteca-de-con-
teudo-juridico/legal-design-visual-law.html).7

The Legal Design Lab. Universidade de Stanford, Califórnia.


Disponível em (https://law.stanford.edu/organizations/pages/legal-design-lab/)8

COLETTE R. Brunschwig. On visual law: visual legal communication Practices and their
scholarly exploration.
Disponível na internet em (https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2405378)

Visual Law: O que você precisa saber.


Disponível em (https://bernardodeazevedo.com)

22
linkedin.com/in/kareline-staut
facebook.com/juris4.0
instagram.com/juris4.0
juris4.zero@gmail.com

Você também pode gostar