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25/02/2020 A Expiação: Limitada ou Universal? [Introdução] - Deus Amou o Mundo!

A Expiação: Limitada ou Universal?


[Introdução]
13 de agosto de 2015 | Filed under: Expiação, Tulip and tagged with: David Allen, Eleição, Expiação

Por David L. Allen

Introdução

A questão da extensão da expiação está fortemente presente na história Batista. A linha de demarcação
está no inicio do século dezessete, o berço das origens Batistas. Os “Batistas Gerais”, os primeiros
Batistas, acreditavam que a natureza da satisfação de Cristo pelos pecados na cruz estendia-se a cada
ser humano. Assim, a expiação era universal em alcance. Os “Batistas Particulares”, em sua maioria,
acreditavam que Cristo sofreu apenas pelos pecados dos eleitos. O termo teológico e popular usado
para descrever essa ultima posição é “Expiação Limitada”.

Este capítulo examinará várias questões. A questão chave é se a Escritura ensina a Expiação Limitada.
Várias questões relacionadas se seguem. Existiram e existem hoje Calvinistas que rejeitam a expiação
limitada? Deve-se abraçar a expiação limitada para ser um bom calvinista? Quais são as implicações da
expiação limitada para o evangelismo, missões e a pregação?

A meta desse ensaio é ser firme mas justo, simples mas substancial, bíblico mas não bombástico, e
evitar um orgulho inapropriado de ignorância bem como um elitismo arrogante. Todas as opções
precisam estar sobre a mesa e todas elas devem ser corretamente representadas antes de começar a
discernir que ponto de vista é biblicamente verdadeiro. Com frequência em discussões sobre Calvinismo,
pessoas usam o mesmo vocabulário, mas definem os termos de maneira diferente. A confusão reina
com frequência sobre a própria terminologia. Consequentemente, definir os termos usados nesse
capítulo é necessário. O que se segue são rápidas definições de termos:

Expiação, no uso moderno refere-se ao ato expiatório e propiciatório de Cristo na cruz através do
qual a satisfação dos pecados foi consumada. Deve-se ser cuidadoso ao distinguir entre a intenção,
extensão e aplicação da expiação.

Extensão da expiação responde a questão “Por quem Cristo morreu?” ou “Pelos pecados de quem
Cristo foi punido?” Existem apenas duas opções: apenas pelo eleito (expiação limitada) ou por toda
a humanidade (expiação universal). A segunda opção pode ainda ser dividida em [a] Dualistas
(Cristo teve um desejo desigual de salvar a todos por meio de sua morte) e [b] Arminianos e não-
Calvinistas (Cristo teve uma vontade igual para salvar a todos por meio da sua morte).

De acordo com a expiação limitada, Cristo suportou somente a punição prevista pelos pecados
apenas do eleito.[1] Consequentemente, ninguém mais pode ou vai receber os benefícios salvíficos

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de sua morte. Esse termo será usado como um sinônimo para “Expiação Definida”, “Redenção
Particular”[2], e “Particularismo estrito”.

De acordo com a expiação universal, Cristo suportou a punição prevista pelos pecados de toda a
humanidade.

Dualismo se refere a visão de que Cristo suportou a punição prevista pelos pecados de toda a
humanidade, mas não por todos igualmente; ou seja, ele não o fez com a
mesma intenção, desígnio ou propósito. A maioria dos Calvinistas que rejeitam (ou não defendem) a
expiação limitada em um senso Owenico são dualistas.[3]

Particularismo, quando usado em um senso estrito (que é o sentido que usarei neste capítulo), é um
sinônimo de expiação limitada ou redenção particular.

Um particularista é alguém que abraça o particularismo, ou seja, a posição da expiação limitada.

Em imputação limitada, os pecados somente dos eleitos foram substituídos por, expiados por, ou
imputados a Cristo na cruz.

Em imputação ilimitada, os pecados de toda a humanidade foram substituídos por, expiados por, ou
imputados a Cristo na cruz.

Suficiência universal ou Infinita, quando usada por Particularistas estritos, significa que a morte de
Cristo poderia ter sido suficiente ou capaz de expiar todos os pecados do mundo se Deus tivesse
pretendido fazer isso. No entanto, desde que eles acham que Deus não pretendeu que a morte de
Cristo fosse uma satisfação por todos, mas apenas pelo eleito, ele não é realmente suficiente ou
capaz de salvar nenhum outro. Quando usado por Dualistas e não-Calvinistas, o termo significa que
a morte de Cristo é de uma tal natureza que pode realmente salvar a todos os homens. Isto é, de
fato (não hipoteticamente), uma satisfação pelos pecados de toda a humanidade. Portanto, se
alguma pessoa perece, isso não é por falta de expiação pelos pecados deles.[4] A culpa
cai totalmente neles.

De acordo com a suficiência limitada, a morte de Cristo satisfez apenas pelos pecados dos eleitos.
Assim, é limitada em sua capacidade de salvar apenas aqueles por quem Ele sofreu.

Suficiência intrínseca fala da expiação interna ou habilidade infinita abstrata de salvar todos os
homens (se Deus assim pretendeu), de tal forma que não teve referencia direta a extensão real da
expiação.

Suficiência extrínseca fala da habilidade infinita real da expiação para salvar todo e cada homem, e
isso porque Deus desejou ser assim, tal que Cristo, de fato, fez uma satisfação por toda a
humanidade. Em outras palavras, a suficiência possibilita a satisfação ilimitada ser verdadeiramente

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adaptável a toda a humanidade. Todas as pessoas vivas estão em um estado salvável porque o
sangue foi suficientemente derramado por eles (Hb 9.22).

Três áreas maiores constituem o objeto da expiação: intenção, extensão, e aplicação. A intenção da
expiação, visto estar relacionada com as diferentes perspectivas da eleição, responde a questão: Qual
foi o propósito salvífico de Cristo providenciando uma expiação? Ele teve um desejo igual ou desigual na
salvação de cada ser humano? Daí, consequentemente, sua intenção necessariamente teve uma
influencia sobre a extensão de sua satisfação? Uma passagem crucial nessa conexão é encontrada em
2 Coríntios 5.19: “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo” (KJV). O plano de Deus na
expiação foi prover uma punição e uma satisfação pelos pecados como uma base para salvação de toda
humanidade e assegurar a salvação de todos os que creem em Cristo.[5] Calvinistas Rígidos[6] creem
em expiação limitada e assim interpretam a palavra mundo aqui com o significado de eleito[7] e não toda
a humanidade. Eles argumentam que a intenção salvífica limitada de Deus necessariamente requer que
Cristo providenciou uma satisfação apenas pelo eleito[8] e assim assegura a salvação apenas pelo
eleito. Calvinistas moderados[9], ou seja, aqueles que rejeitam uma expiação limitada estrita, acreditam
que o projeto salvifico de Deus foi dualístico: (1) Ele enviou Cristo para a salvação de toda a
humanidade, então sua morte pagou a penalidade pelos seus pecados, e (2) Cristo morreu com um
propósito especial de, no fim, assegurar a salvação do eleito. A visão do Arminianismo Clássico e do
não-Calvinista da intenção da expiação é que Cristo morreu igualmente por todos os homens para fazer
possível a salvação para todo aquele que crê, bem como para assegurar a salvação daqueles que creem
(os eleitos).[10]

A extensão da expiação responde a questão: Pelos pecados de quem Cristo foi punido? Existem duas
respostas possíveis. Primeiro, Cristo morreu pelos pecados de toda humanidade, também com igual
intenção (Ele morreu pelos pecados de todos e Sua intensão foi a salvação de todos), ou com intenção
desigual (Ele morreu pelos pecados de todos mas especialmente pretendeu salvar os eleitos). Segundo,
Cristo morreu pelos pecados apenas dos eleitos (particularismo estrito) e pretendeu somente a salvação
deles.[11] Todos os Arminianos, Calvinistas Moderados e não-Calvinistas creem que Jesus morreu pelos
pecados de toda humanidade.

A aplicação da expiação responde a questão, Quando a expiação é aplicada ao pecador? Essa questão
tem três respostas possíveis: (1) é aplicada no decreto eterno de Deus. Muitos hyper-Calvinistas
sustentam essa visão. (2) é aplicada na cruz a todos os eleitos no momento da morte de Jesus. Alguns
hyper-Calvinistas e alguns Calvinistas Rígidos sustentam essa posição, que é chamada “justificação na
cruz”. (3) é aplicada no momento que o pecador exerce a fé em Cristo. A maioria dos Calvinistas
Rígidos, todos os Calvinistas moderados, todos os Arminianos e todos os não-Calvinistas sustentam
essa visão que é o ponto de vista bíblico. A causa última da aplicação está também em disputa visto que
os Calvinistas querem argumentar que aqueles que creem em Livre Arbítrio Libertário fundamentam a
causa decisiva da salvação na vontade do homem em vez de na vontade de Deus.

Esses três objetos concernentes à expiação (intenção, extensão e aplicação) não podem e não deveriam
ser divorciados uns dos outros. O foco deste capítulo é primariamente na questão da extensão da
expiação.

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Desde o inicio é vital dizer uma palavra sobre a fórmula popular de Pedro Lombardo primeiro
explicitamente articulada em suas Sentenças:[12] A morte de Jesus é suficiente por todos, mas eficiente
somente pelo eleito. O debate sobre a natureza dessa suficiência é o debate chave na questão da
extensão. Calvinistas com frequência afirmam que “o debate não é sobre a suficiência da expiação;
todos concordam que a expiação foi suficiente para expiar os pecados do mundo todo”. O debate
certamente é sobre suficiência. A posição dos Calvinistas Rígidos sobre a expiação implica que a morte
de Cristo é suficiente apenas para salvar o eleito. Os não-eleitos não são salváveis porque Jesus não
morreu pelos seus pecados. A suficiência de Jesus é a posição da expiação limitada estrita que é
chamada uma suficiência intrínseca (ou uma suficiência descoberta).[13] A ideia é que se Deus
pretendeu que o mundo todo fosse salvo, então a morte de Jesus poderia ter sido[14] suficiente por
todos (assim tendo um mérito intrínseco suficiente), mas não foi o que Deus pretendeu. A posição dos
Calvinistas Moderados e dos não-Calvinistas interpreta o termo “suficiente” com o significado de que
Cristo fez satisfação pelos pecados de toda a humanidade. Assim, a morte de Jesus é “extrinsecamente”
ou “universalmente” suficiente em capacidade para salvar todas as pessoas. O entendimento da formula
de Lombardo é cheia de confusão hoje desde que aqueles em ambos os lados do debate pós-Reforma
tem usado isso para articular e defender sua posição frequentemente sem o palestrante especificar em
que sentido ele está usando o termo. Sempre que a fórmula é usada, uma questão deve sempre ser
levantada: O que significa o termo “suficiente”?

Este ensaio argumentará a favor da expiação ilimitada (uma imputação ilimitada dos pecados a Cristo) e
contra a expiação limitada (uma imputação limitada dos pecados a Cristo) sem sequer citar um único
Arminiano ou um não-Calvinista. Os melhores argumentos contra a expiação limitada vêm de escritores
Calvinistas.[15] Cinco áreas serão pesquisadas em resposta a questão de se a expiação de Cristo é
limitada ou ilimitada: Histórica, bíblica, lógica, teológica, e prática.

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 61-67


Tradução: Walson Sales

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[1] Enquanto todos os Calvinistas que acreditam em “expiação definida” acreditam em um tipo de
imputação limitada do pecado em Cristo, a maioria deles rejeita o “equivalentismo”; isto é, eles não
sustentam uma equivalência (olho por olho) na teoria da expiação, como se existe uma quantidade de
sofrimento em Cristo que corresponde exatamente ao número de pecados daqueles que Ele representa.
Eu não estou equiparando o “particularismo estrito” com o “equivalentismo”. T. Nettles é um exemplo de
alguém que sustenta a visão equivalentista (veja o seu By His Grace and His Glory (Por sua Graça e
para sua Glória) [Grand Rapids: Baker, 1986], p. 305-16).

[2] Existe uma variedade dentro deste grupo de pessoas que se descrevem com este rótulo. Dagg
escreveu: “outras pessoas que mantém a doutrina da redenção particular, distinguem entre redenção e
expiação, e por causa dessa adaptabilidade referida a considerar a morte de Cristo uma expiação pelos
pecados de todos os homens; ou como uma expiação por pecado em abstrato” J.L. Dagg, Manual of
Theology (Manual de Teologia) [Harisonburg, VA: Gano Books, 1990], 326. Note que Dagg está

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afirmando que existem duas posições de redenção particular dentro do calvinismo, algo que raramente é
reconhecido. Note também que uma dessas posições dentro do calvinismo afirma que Cristo morreu
pelos pecados de todos os homens. Isto é tão extraordinário que quando Andrew Fuller modificou o seu
ponto de vista como o resultado de sua interação com o Batista Geral Dan Taylor, ele diz explicitamente
que ele concordava com ele sobre “A Extensão Universal da morte de Cristo” (The Complete Works of
the Rev. Andrew Fuller, with a Memoir of His Life by the Rev. Andrew Gunton Fuller [As obras completas
do Reverendo Andrew Fuller, com a memória da vida dele pelo Rev. Andrew Gunton Fuller] [ed. A.G.
Fuller; Rev. ed. J. Belcher; Vol. 2; Harrisonburg, VA: Sprinkle Publications, 1988 (1845), 550). Além disso,
no tratamento de Fuller da substituição em suas Six Letters to Dr. Ryland (Suas Seis Cartas para o Dr.
Ryland), ele procurou responder a questão sobre “As pessoas por quem Cristo foi um substituto;
se apenas o eleito, ou a humanidade em geral”. Ele argumentou que Cristo substituiu a humanidade em
geral, mas ele manteve isso em conjunto com sua crença de que Cristo o fez com um propósito efetivo
de salvar somente o eleito (Works, 2: 706-09). Fuller pareceu caber no segundo tipo de redencionista
particular de Dagg.

[3] “Owenico” refere-se ao tratamento clássico da posição da expiação limitada de John Owen em sua
obra The Death of Death in the Death of Christ (A morte da morte na morte de Cristo) (Cornwall,
England: Diggory Press, 2007).

[4] C. Hodge (concordando com o Sínodo de Dort) pontuou isso em sua Teologia Sistemática (Grand
Rapids: Eardmans, 1993), 2:556-57. O Puritano S. Charnock também argumentou poderosamente esse
ponto em “The Acceptableness of Christ’s Death” [A Aceitabilidade da Morte de Cristo], em The Works of
Charnock (As obras de Stephen Charnock) (Carlisle, PA: Banner Of Truth, 1985), 4: 563-64.

[5] Veja o tratamento de G. Shultz de 2 Corintios 5. 18-21 em “A Biblical Defense of a Multi-Intentioned


View of the Extent of the Atonement” [Uma defesa bíblica e teológica de uma multi-intencionada visão da
extenção da expiação] (PH.D. Diss., Southern Baptist Theological Seminary, 2008), 125-31. Schultz, um
calvinista moderado, tem um artigo recente que é excelente sobre a extensão da expiação, que é um
sumário de sua dissertação. (G. Schultz, “God’s Purposes in the Atonement for the Nonelect” [O
propósito de Deus na expiação pelo não eleito], Biblioteca Sacra 165, n 658 [abril-junho 2008]: 145-63.).
Seu artigo identifica os muitos propósitos bíblicos para a expiação pelo não eleito, incluindo “o
pagamento da penalidade por todos os pecados de todas as pessoas que já viveram” (147).

[6] O termo “Calvinistas Rígidos” é equivalente ao “Calvinista de cinco pontos”.

[7] Aqui geralmente o eleito refere-se ao crente eleito.

[8] Nem todos os Calvinistas dizem que a morte de Cristo providenciou a salvação apenas para o eleito
desde que eles diferem entre si mesmos sobre o significado da suficiência da morte de Cristo.

[9] Esses são às vezes chamados de “Calvinistas de quatro pontos”, mas esse rótulo é impreciso.

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[10] Eu estou me referindo aqui à posição Arminiana Clássica que não nega necessariamente a
segurança do crente. Arminianos Modernos negam a segurança eterna do crente.

[11] A maioria desse grupo, no entanto, admitem que a morte de Cristo resultou em uma graça comum
fluindo a todos. O ponto importante aqui é a influência do pecado. Eles nãoadmitem uma imputação
ilimitada do pecado em Cristo.

[12] A seção da fórmula foi traduzida recentemente como segue: “Ele ofereceu a sí mesmo no altar da
cruz não ao diabo, mas ao Deus triuno e Ele fez isso por todos com respeito à suficiência do preço, mas
somente pelo eleito com respeito a sua eficácia, porque Ele trouxe salvação somente pelo predestinado”.
P. Lombrado, The Sentences-Book 3: On the Incarnation of the Word [A Encarnação da Palavra] (Trad.
G. Silano; Mediaeval Sources In Translation 45; Canadá: Pontificial Institute of Mediaeval Estudies,
2008), 86. O conceito, no entanto, é pelo menos tão antigo quanto Ambrósio (AD 338-397). Veja
sua Exposition of the Holy Gospel According to Saint Luke [exposição do Santo Evangelho de São
Lucas] (Trad. T. Tomkinson; etna: Center for Tradicionalist Orthodox Studies, 1998), 201-02. Ele
escreveu: “Embora Cristo sofreu por todos, porém Ele sofreu por nós particularmente, porque Ele sofreu
pela igreja”.

[13] A visão “intrinseca” ou “suficiência descoberta” é discutida e refutada nos escritos de vários
Calvinistas, incluindo J. Davenant, An Exposition of the Epistle of St. Paul to the Colossians: With a
Dissertation on the Death of Chist [Uma Exposição da Epístola de São Paulo aos Colossenses: com uma
dissertação sobre a morte de Cristo] (2 Vols; Londres: Hamilton, Adams, and Co., 1831), 401-404; J.
Ussher, “An Answer to Some Exceptions,” [Uma resposta a algumas exceções] em The Whole Works of
the Most Rev. James Ussher [Todas as obras do Grande Rev. James Ussher] (Dublin: Hodges, Smith, e
Co., 1864), 12:561-571; E. Polhil “The Divine Will Considered in Its Eternal Decrees,” [A vontade Divina
consideradas em decretos eternos], nas The Works of Edward Polhil [As Obras de Eduard Polhill]
(Morgan, PA: Soli Deo Gloria Publications, 1998), 164; e N. Hardy, The First General Epistle of St. John
the Apostle [A primeira Epístola Geral do Apóstolo João] (Edimburg: James Nichol, 1865), 140-41.

[14] John Owen estava consciente do fato que ele e outros foram revisando a fórmula do “Escolásticos” e
prefere colocar em termos hipotéticos: “O sangue de Cristo foi suficiente para ter sido feito o preço por
todos”[ênfase minha]. Veja The Works of John Owen [as obras de John Owen] (Ed. W. H. Goold; Nova
York: Robert Carter and Brothers, 1852), 10:296. Richard Baxter chama a revisão de Owen de uma
fórmula lombardiana uma “nova evasão fútil” e refuta sua posição em Universal Redemption of Mankind
by the Lord Jesus Christ [Redenção Universal da Humanidade pelo Senhor Jesus Cristo] (Londres:
impresso por John Salusbury na The Rising Sun in Cornhill, 1694), 343-45. Essa revisão é também
brevemente discutida em W. Cunningham, Historical Theology [Teologia Histórica] (Carlisle, PA: Banner
of Truth, 1994), 2:332.

[15] Eu gostaria de agradecer a Tony Byrne por sua pesquisa e assistência nos escritos. Alguns dos
materiais usados neste capítulo foram originalmente postados no blog site dele
TheologicalMeditations.blogspot.com. tony é um calvinista moderado e um antigo aluno meu em The
Criswell College. Ele ultrapassou o seu professor no assunto da extensão da expiação. Seu website tem

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incontáveis citações dentro do contexto de Calvinistas sobre uma série de temas, desde o amor de
Deus, vontade salvifica universal de Deus, graça comum, a oferta do evangelho bem intencionada, a
extensão da expiação. Tony tem ajudado grandemente a aguçar meu próprio pensamento nesse
assunto.

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A Expiação: Limitada ou Universal?
[Considerações Históricas]
16 de agosto de 2015 | Filed under: Expiação, Tulip and tagged with: David Allen, Eleição, Expiação

David L. Allen

Considerações históricas

Que duas coisas todos esses homens tem em comum? ? João Calvino, Heinrich Bullinger, Thomas
Cranmer, Richard Baxter, John Preston, John Bunyan, John Howe, Zacharias Ursinus, David Paraeus,
Stephen Charnock, Eduard Polhill, Isaac Watts, Jonathan Eduards, David Brainard, Thomas Chalmers,
Phillip Dod-dridge, Ralph Wardlaw, Charles Hodge, Robert Dabney, W.G.T Shedd, J. C. Ryle, A.H.Strong
? Todos foram Calvinistas, e nenhum deles ensinou a expiação limitada.[1] Tal alegação com frequência
choca igualmente Calvinistas e não-Calvinistas.

Que duas coisas todos esses nomes tem em comum? ? John Davenant, Mattias Martinius, Samuel
Ward, Thomas Goad, Joseph Hall, Ludwig Crocius, e Johann Heinrich Alsted ? Todos foram Calvinistas,
e todos foram delegados em Dort que rejeitaram a expiação limitada. Que duas coisas esses nomes tem
em comum? ? Edmund Calamy, Henry Scudder, John Arrowsmith, Lazarus Seaman, Richard Vines,
Stephen Marshall e Robert Harris ? Todos foram Calvinistas e todos foram teólogos em Westminster que
rejeitaram a expiação limitada. Todos os homens acima também afirmaram uma forma de expiação
universal.

A questão da extensão da expiação surge largamente na história da Reforma. Foi a mais simples
questão debatida em Dort. O comitê final modificou a linguagem de Dort e a deixou deliberadamente
ambígua a fim de acomodar aqueles Calvinistas Rígidos que acreditavam em expiação limitada
(particularismo estrito) e aqueles como John Davenant e outros das delegações Britânicas e Alemãs que
rejeitavam o particularismo estrito e acreditavam que a morte de Jesus pagou a penalidade dos pecados
de toda a humanidade.[2]

Considerando os dados históricos sobre esta questão, deve-se estar ciente de três coisas. Primeiro,
sempre existiu e é significante o debate sobre as crenças concernentes a extensão da expiação na
histórica Calvinista. A mesma honestidade usada com interpretação dos dados bíblicos e sistemáticos
precisa ser usada com a leitura dos dados históricos. Os Batistas precisam estar cientes dos muitos
baluartes Calvinistas dentro da denominação Batista, incluindo os Batistas do Sul, que sustentaram uma
forma de expiação universal e rejeitaram a expiação limitada.

Segundo, os Batistas, se Calvinistas ou não, precisam estar historicamente mais conscientes sobre a
extensão da diversidade sobre esse ponto. As fontes primárias devem ser consultadas. Existe uma
grande ignorância nessa área. Muitos autores contemporâneos de uma perspectiva Calvinista escrevem
como se os Calvinistas historicamente tivessem proposto apenas uma visão sobre esse assunto. Visto
ser improvável que esses autores desconheçam a diversidade dentro de sua própria tradição sobre o
assunto da extensão da expiação, surpreende o fato de somente a posição limitada estrita ser
apresentada e argumentada. Uma rápida olhada em muitos blogs administrados por Calvinistas revela a
mesma lacuna e a necessidade de ouvir honestamente a teologia histórica. A única forma de fazer isso é
ler as fontes primáriascuidadosamente.

Terceiro, precisamos ver a inovação da visão Owenica da expiação limitada na história da igreja. Essa
sempre tem sido a visão minoritária entre os cristãos[3] ate mesmo após a reforma. Esse status
impopular não o faz incorreto, mas muitos Calvinistas operam sob a suposição de que uma expiação
limitada estrita é e foi a única posição dentro do Calvinismo.[4]Não é e nem nunca foi.

A primeira pessoa na história da igreja que sustentou explicitamente a crença em expiação limitada foi
Gottschalk de Orbais (AD 804-869).[5] Ao contrário do que alguns Calvinistas pensam, Agostinho não
sustentou a visão da expiação limitada.[6] Por outro lado, Gottschalk afirmou que “Cristo não foi
crucificado e entregue à morte pela redenção do mundo inteiro, ou seja, não pela salvação e redenção
de toda humanidade, mas somente por aqueles que são salvos”.[7] Três concílios franceses condenaram
ambos, Gottschalk e suas visões.

Voltando ao período da Reforma, Martinho Lutero sustentou claramente uma forma de expiação
ilimitada: “Cristo levou não somente os pecados de alguns homens mas seus pecados e aqueles do
mundo todo. A oferta foi pelos pecados do mundo todo, até mesmo embora o mundo todo não creia”.
[8] Em outro lugar Lutero argumentou incisivamente concernente João 1.29:

Você pode dizer: “Quem sabe se Cristo também sofreu pelo meu pecado? Eu não
tenho dúvida que Ele sofreu pelo pecado de São Pedro, São Paulo, e outros santos;
essas eram pessoas piedosas”. … Você não ouve o que São João diz em nosso texto:
“Esse é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”? E você não pode negar que
você também faz parte desse mundo, pois você foi nascido de homem e mulher. Você
não é uma vaca ou um porco. Se segue que seus pecados devem estar incluídos,
tanto quanto os pecados de São Pedro e São Paulo…Você não ouve? Não existe nada
faltando no Cordeiro. Ele sofreu todos os pecados do mundo desde o inicio; isso
implica que Ele também sofreu os seus, e oferece sua graça.[9]

Semelhantemente, João Calvino sustentou uma forma de expiação universal. Considere o que segue:

“Suportar”, ou “tirar os pecados”, é livrar de culpa por sua satisfação aqueles que
pecaram. Ele diz que os pecados de muitos, isto é, de todos, como em Romanos 5:15.
É ainda certo que nem todos recebem o benefício da morte de Cristo, mas isso
acontece, porque sua incredulidade os impede. Ao mesmo tempo, essa questão não é
para ser discutida aqui, pois o apóstolo não está falando de poucos ou de muitos para
os quais a morte de Cristo pode estar disponível, mas ele simplesmente quer dizer que
Cristo morreu pelos outros e não para si mesmo; e, portanto, opõe muitos a um.[10]
Paulo torna a graça comum a todos os homens, não porque de fato e em verdade
se estenda a todos, senão porque ela é oferecida a todos. Embora Cristo sofreu pelos
pecados do mundo, e é oferecido pela munificência divina, sem distinção, a todos os
homens, todavia nem todos o recebem.[11]

Essa é também a importação do termo mundo, que ele usou anteriormente; porque
nada será encontrado no mundo que seja digno do favor de Deus, e ainda ele se
mostra reconciliado com o mundo inteiro, quando ele convida todos os homens sem
exceção, à fé nEle, que é nada mais do que uma entrada na vida.[12]

Devemos fazer todos os esforços para atrair a todos para o conhecimento do


evangelho. Pois, quando vemos pessoas indo para o inferno que foram criados à
imagem de Deus e redimidos pelo sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, isso deve,
certamente, nos agitar a fazer o nosso dever e instruí-los e tratá-los com doçura e
bondade a fim de tentar ter frutos dessa maneira.[13]

É, como eu já havia dito, que, considerando que os homens são criados à imagem de
Deus e que suas almas foram redimidos pelo sangue de Jesus Cristo, devemos tentar
de todas as formas à nossa disposição atraí-los para o conhecimento do evangelho.
[14]

No testamento e última vontade de Calvino, ele afirmou claramente uma forma de expiação universal:

… e rogando-lhe para que me lave e purifique pelo sangue desse grande Redentor,
que foi derramado pela raça humana, para que eu possa comparecer diante da sua
face trazendo a semelhança dele.[15]

A discussão de Calvino, tanto em seu comentário quanto em seu sermão, sobre o uso da palavra “todos”
em Isaias 53.6 (“Todos nós como ovelhas temo-nos extraviado … e o Senhor colocou sobre Ele a
iniquidade de todos nós” KJV) claramente não faz distinção no uso. “Todos” como ovelhas desviadas, e
sobre o Servo foi colocado os pecados de nós “todos”. Todos sem exceção pecaram, e os pecados de
nós todos sem exceção foram colocados sobre o Servo sofredor. Calvino depois diz: “Por adicionar o
termo ‘cada um’ ele [o autor de Isaias] descende de uma declaração universal, em que ele incluiu todos,
para uma particular, na qual cada pessoa pode ser considerada estar em sua mente, … ele adiciona a
palavra ‘todos’ para excluir todas exceções, … até o último individuo …todos os homens são incluídos,
sem nenhuma exceção.”[16]Calvino prossegue dizendo que “muitos” significa “todos” em Isaias 53.12.

Com respeito à visão de Calvino da extensão da expiação, a conclusão de Rouwendal em um recente


artigo é impressionante:

Se Calvino ensinasse a expiação particular, ele não teria usado a linguagem [para
expiação universal] que Clifford tem reunido em grande número. Assim, as proposições
universais nas obras de Calvino provam negativamente que ele não subscreveu a
expiação particular, mas elas não provam positivamente que ele subscreveu a
expiação universal. Essas proposições podem ser usadas para falsificar a conclusão
de que Calvino era um particularista, mas não são suficientes para provar que ele era
um universalista.[17]

Perceba cuidadosamente que o próprio Rouwendal concluiu que a evidência mostra que Calvino não
aprova a expiação limitada. Perceba também que ele não diz que Calvino não aprovou a expiação
universal; antes ele dizer que as “proposições universais” de Calvino em seus escritos “não provam
positivamente que ele subscreveu a expiação universal”. Francamente, dada a clara evidência que
Calvino, de fato, aprovou uma forma de expiação universal, a objeção de Rouwendal é desnecessária.

Dois anos após sua morte, o universalismo bíblico de Calvino foi refletido na Segunda Confissão
Helvética (1566).[18] A última das grandes confissões Reformadas, foi elaborada pelo amigo de Calvino
Heinrich Bullinger (1504-75),[19] sucessor de Zwinglio em Zurique.

Outro importante documento da reforma afirmando expiação universal é o Catecismo de Heidelberg


(1593). A Questão 37 diz:

O que você confessa quando diz que Ele [Cristo] sofreu? Resposta: durante todo o
tempo de sua vida na terra, mas especialmente no fim, Cristo suportou a ira de Deus
contra o pecado de toda a raça humana. Assim, por seu sofrimento, como o único
sacrifício expiatório, Ele redimiu nosso corpo e alma da condenação eterna, e obteu
pra nós a graça de Deus, santidade e vida eterna.

Zacharias Ursinus (1534-1583), em seu comentário do Catecismo de Heidelberg. Disse:

Questão: se Cristo fez uma satisfação por todos, então todos devem ser salvos. Mas
todos não são salvos. Portanto, Ele não fez uma satisfação perfeita.

Resposta: Cristo fez uma satisfação por todos, com respeito a suficiência da satisfação
que Ele fez, mas não com respeito a aplicação dela.[20]

De acordo com Rouwendal, o criticismo de Beza da fórmula Lombardiana lançou uma nova etapa no
desenvolvimento da doutrina da expiação limitada. Até aquele dia, Calvino e todos os Reformadores
aceitaram a fórmula Lombardiana. Seguindo Beza, outros Reformadores começaram a aceitar a
abordagem crítica de Beza. Bucanus, que foi um professor em Lausanne de 1591 a 1603, escreveu que
a morte de Cristo:

“Poderia ter sido” (ao invés de “foi”) um resgate pelos pecados de todas as pessoas.
Piscator foi ainda mais longe e chamou a fórmula clássica de a distinção
“contraditória”. Outros, como Ames e Abbot, foram críticos também. A tendência de
restringir a expiação ao eleito em cada aspecto iniciou com Beza. É de grande
importância reconhecer que essa tendência não iniciou até 1588, vinte e quatro anos
após Calvino ter morrido.[21]

Todos os primeiros Reformadores Ingleses sustentaram a expiação universal. Por exemplo, Thomas
Cranmer afirmou claramente a expiação universal na citação que segue:

Esta é a honra e glória desse nosso grande sacerdote, em que Ele não admitiu nem
parceiro nem sucessor. Por sua própria oblação Ele satisfez seu Pai pelos pecados de
todos os homens, e reconciliou a humanidade à sua graça e favor. E todo aquele que o
priva de sua honra, e tomam sobre si mesmos esta honra, eles são muitos anticristos,
e a maioria arrogantes blasfemadores contra Deus e contra seu filho Jesus Cristo, a
quem Ele enviou.[22]

Em 1571, a Igreja Anglicana adotou a declaração doutrinária conhecida como os Trinta e Nove Artigos. O
Artigo 31 dos Trinta e Nove Artigos afirma: “A oferta de Cristo feita uma vez é a perfeita redenção,
propiciação e satisfação por todos os pecados do mundo todo, ambos originais e atuais; e não existe
outra satisfação pelo pecado, mas apenas essa”.[23]

A Assembleia de Westminster ocorreu de 1643 a 1649 em Londres. As vezes se pensa que todos
aqueles que foram membros na Assembléia de Westminster abraçaram a expiação limitada
(particularismo estrito). Eles não abraçaram. Por exemplo, escute Henry Scudder (1585-1652):

Eu devo estar certo, que Cristo deu a si mesmo em resgate por todos. Esse resgate
pode ser chamado geral, e por todos, em algum sentido: mas como? A saber, em
respeito a natureza comum do homem, que ele levou, e da causa comum da
humanidade, que ele suportou; e em si mesmo foi um preço suficiente para redimir
todos os homens; e por causa da aplicabilidade a todos, sem exceção, pela pregação
e ministério do evangelho, que o emplastro deve ser tão grande como a ferida, e que
não deve ter defeito no remédio, isto é, no preço, ou o sacrifício de si mesmo oferecido
na cruz, pelo qual o homem deve ser salvo, mas que todos os homens, e cada homem
em particular, possam nesse respeito tornar-se salváveis por Cristo.[24]

Em um amplo contexto dessa citação Scudder discute o fato que a morte de Cristo foi por todos os
homens. Ele negou o argumento que todas as pessoas serão salvas porque Cristo resgatou toda a
humanidade. Scudder não nega isso por rejeitar a premissa que Cristo resgatou toda a humanidade;
[25] antes, ele argumenta que o Novo Concerto da graça é condicional: somente aqueles que crêem
obterão a salvação.[26] Ainda mais, ao conceder que Cristo morreu pelos pecados de cada pessoa
individual, ele baseia essa verdade na humanidade comum de Cristo. Essa visão é a Cristologia Clássica
de acordo com Hebreus 2.5-14. A suficiência de que Scudder fala é uma suficiência extrínseca, pela qual
Cristo suportou os pecados de toda a humanidade. Scudder fundamenta a oferta universal de Deus
sobre suficiência extrínseca. Ele ainda associou o “amor geral e comum” de Deus “pela humanidade”
com a morte de Cristo por toda a humanidade.[27] Todos os homens são “salváveis” em virtude do que
Cristo fez na cruz. Ninguém é deixado sem um remédio pelo seu pecado. Portanto, aqueles que ouvem o
evangelho e perecem, tem somente a si mesmos para culpar.[28] Se notará também que Scudder não
usa “mundo” em conotação com o eleito em suas referências e alusões escriturísticas.

Outro importante Teólogo de Westminster foi Edmund Calamy (1600-1666). Ele disse:

Eu estou longe de uma redenção universal em um senso Arminiano. Mas que eu


abracei em um senso de nossos teólogos no Sinodo de Dort, que Cristo pagou o preço
por todos, – absoluta intenção pelo eleito, intenção condicional pelo reprovado no caso
deles crerem, – que todos os homens devem ser salvabiles, non obstante lapsu
adami…que Jesus Cristo não somente morreu suficientemente por todos, mas Deus
pretendeu, em dar a Cristo, e Cristo dando a si mesmo, colocar todos os homens em
um estado de salvação caso eles creiam.[29]

Eu argumento de João 3.16, em que as palavras são fundamentadas na intenção de


Deus de dar a Cristo, o amor de Deus pelo mundo, uma filantropia do mundo dos
eleitos e reprovados, e não apenas do eleito; isso não pode significar o eleito somente,
pelo fato de que “Todo aquele que crer”…se o pacto da graça é para ser pregado a
todos, então Cristo redimiu, em algum sentido, a todos – ambos, eleitos e reprovados.
[30]

Deve-se observar vários pontos salientes nessas citações. Primeiro, Calamy diz que ele abraçou uma
forma de redenção universal que é distinta da visão Arminiana. Segundo, ele vê sua visão expressada
por alguns no Sínodo de Dort. Terceiro, ele fala de uma suficiência intencional, (condicional para o não-
eleito; absoluta para o eleito) de tal forma que Cristo atualmente pagou o preço por todos. O objetivo do
preço pago por todos torna todos os homens salváveis, mas eles devem crer para obter o benefício.
Perceba que Calamy usa João 3.16 como uma prova de sua visão, e ele argumenta que “mundo” não
pode significar “somente o eleito” nessa passagem. Ele também argumenta que a proclamação universal
pressupõe uma forma de expiação universal.

Em sua Chain of Principles [Cadeia de Princípios], Arrowsmith interpreta João 3.16 a se referir “o mundo
indigno da humanidade”, não o “mundo eleito”, como Calamy fez.[31]Muitos em Westminster não
afirmaram a expiação limitada (particularismo estrito).[32]

Igualmente, vários Puritanos abraçaram uma forma de expiação universal. Por exemplo, a posição de
Richard Baxter pode ser resumida, segundo Curt Daniel, na sentença que segue: “Cristo, portanto,
morreu por todos, mas não por todos igualmente, ou com a mesma intenção, motivo ou propósito”.
[33] [nota do tradutor: no livro Hyper-Calvinism and John Gill, no contexto dessa citação, Curt Daniel diz
que essas palavras de Baxter referem-se a dualismo e não universalismo. Ele discute neste mesmo
contexto que dualismo significa que Cristo morreu por todos indiscriminadamente, mas só alguns
recebem os benefícios do sacrifício divididos em dois estágios, o primeiro é a expiação, essa é ilimitada
e o segundo estágio, a recepção/aplicação, essa é limitada, p. 500] João Bunyan declarou que:
Cristo morreu por todos…pois se aqueles que perecem nos dias do evangelho,
deverão ter, pelo menos a condenação deles aumentada, porque eles negligenciaram
e recusaram receber o evangelho, deve ser necessário que o evangelho foi com toda
fidelidade para ser carinhosamente dado a eles; o que não poderia ocorrer, a menos
que a morte de Cristo fosse estendida de si mesmo a eles; João 3.16. Hb 2.3. Pois a
oferta do evangelho não pode, com a provisão de Deus, ser oferecida ainda mais do
que a morte de Jesus Cristo foi; porque se ele for tirado, não existe de fato nenhum
evangelho, nem graça a ser estendida.[34]

Voltando nossa atenção para a América, ninguém se acanharia em afirmar que Jonathan Edwards foi o
grande teólogo do século dezoito. Ele raramente discutiu a questão da extensão da expiação em seus
volumosos escritos. Quando ele fez, ele claramente abraçou uma forma de universalismo: “dessas
coisas inevitavelmente se seguirá que, embora Cristo em algum sentido pode ser dito que morreu por
todos e para redimir[35]todos os cristãos visíveis, sim, o mundo todo por sua morte; ainda deve haver
algo de particular no projeto de sua morte, com respeito a maneira como ele pretendeu quem devesse
ser realmente salvo dessa forma.”[36] Pode-se ver que Edwards está advogando uma forma de dualismo
na extensão da expiação. Pode ser dito que Cristo morreu por todos, em que Ele redimiu todos, mas
existe ainda alguma coisa particular em Sua obra no caso do eleito, tanto que ele propõe que eles
sozinhos deveriam obter o benefício por meio da fé. Redenção aplicada é limitada, mas não
redenção consumada. Redenção consumada é ilimitada.

Debaixo dessa leitura “Redenção Universal”, Edwards escreveu:

REDENÇÃO UNIVERSAL. Em algum sentido, redenção é universal para toda a


humanidade: toda humanidade agora tem uma oportunidade para ser salva ao
contrário do que eles teriam caso Cristo não tivesse morrido. A porta da graça está, de
alguma forma, aberta pra eles. Isso é um benefício, na realidade, consequente da
morte de Cristo; mas os benefícios que são, realmente, consequência da morte de
Cristo e são obtidos pela morte de Cristo, certamente Cristo pretendeu obter por sua
morte. Foi uma coisa que Ele almejou por sua morte; ou que é a mesma coisa, Ele
morreu para obtê-la, como foi um fim da sua morte.[37]

Igualmente, Edwards escreveu,

A encarnação de Cristo, seus labores e sofrimentos, sua ressureição, etc., foram para
a salvação dos tais que não foram eleitos, na linguagem da Escritura, no mesmo
sentido com o significado da graça para a salvação deles; no mesmo sentido como a
instrução, conselhos, advertências e convites que são dados a eles, são para a
salvação deles.[38]

Dessas citações de Baxter, Bunyan e Edwards, pode-se ver claramente que eles não abraçaram a
expiação limitada no sentido Owenico do termo.
A evidência histórica sobre a extensão da expiação pode ser resumida em quatro afirmações. Primeira,
quase todos[39] dos primeiros reformadores, incluindo Calvino,[40] abraçaram uma forma de expiação
universal. Segundo, expiação limitada como uma posição doutrinária dos Calvinistas desenvolveu-se na
segunda e terceira geração de reformadores, iniciando primeiramente com Beza. Terceiro, o Sínodo de
Dort debateu a questão extensivamente, e a linguagem final de Dort foi deixada ambígua
deliberadamente sobre o assunto para permitir aqueles entre os delegados que rejeitaram o
particularismo estrito e abraçaram uma forma de expiação universal assinassem o documento final.
Quarto, a Assembleia de Westminster consistiu de uma minoria de delegados que rejeitava a expiação
limitada (particularismo estrito) e afirmaram uma forma de universalismo, como fizeram vários dos
Puritanos nos séculos dezessete e dezoito, incluindo Jonathan Edwards.

A controvérsia que ocorreu com a segunda e terceira gerações de teólogos Reformados não envolveu
a rejeição da expiação limitada, mas a introdução da expiação limitada. De fato, cronologicamente, após
a introdução da expiação limitada, o Calvinismo lentamente começou a abrir a porta para a rejeição da
livre oferta do evangelho.[41] Quando a livre oferta foi finalmente e explicitamente rejeitada, o Hyper-
Calvinismo nasceu.[42]

Porque falar sobre história e citar tantos homens? A verdade não pode ser determinada por contar o
número de pessoas. Eu discordo significativamente com esses homens em outras áreas do seu
calvinismo, para não mencionar a visão deles sobre batismo e eclesiologia; mas essas discordâncias
não negam a verdade e significância do que eles, como Calvinistas históricos influentes, estão admitindo
e afirmando na questão da extensão[43] da expiação. Muita coisa tem sido escrita sobre a extensão da
expiação em anos recentes, e muito disso se baseia em fontes secundárias modernas. Existe uma
grande ignorância sobre a visão da igreja primitiva, as perspectivas dos primeiros reformadores e as
diversas opiniões sobre o assunto dentro do movimento Puritano.[44] Genericamente falando, os
Calvinistas modernos tem somente três categorias: a posição calvinista (ou cinco pontos do calvinismo),
que eles igualam com o particularismo estrito; Amyraldismo, que é com frequência filtrado como uma
fonte secundária não confiável; e Arminianismo. Essa classificação é, de longe, muito simplista.[45]

A atenção agora focará os dados bíblicos. Por fim, a questão da extensão da expiação deve ser firmada
pelo apelo da Escritura. A exegese deve preceder a teologia sistemática tanto quanto a teologia
histórica.

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 67-78


Tradução: Walson Sales

—————————————–

[1] O ponto aqui é que eles não ensinaram “expiação limitada” no sentido de uma imputação limitada do
pecado em Cristo, como Owen ensinou e como a maioria dos Calvinistas modernos de “cinco pontos”
pensam. Ao invés disso eles sustentaram uma forma de expiação universal.
[2] Veja W. Godfrey, “Tensions Within International Calvinism: The Debate on the Atonement at the Synod
of Dort, 1618-1619″ [Tenções dentro do Calvinismo Internacional: O debate sobre a expiação no Sínodo
de Dort, 1618-1619] (Ph.D diss., Stanford University, 1974), 252-69; e R. Muller, Post-Reformation
Reformed Dogmatics [Pós-reforma Dogmáticas reformadas] (Grand Rapids: Baker, 2003), 1:76-77.
Muller até mesmo diz que o mesmo compromisso confessional na linguagem da extensão da expiação
ocorreu em Westminster de modo a permitir ambas visões.

[3] Mas não necessariamente entre os cristãos Reformados após o período da Reforma.

[4] Richard Muller começou a informar a igreja sobre a diversidade histórica no campo reformado.
Consulte suas palestras em Mid-America Reformed Seminary em Novembro 2008, intitulado “Revising
the Predestination Paradigm: An Alternative to Supralapsarianism, Infralapsarianism and Hypotetical
Universalism” [Revisando o paradigma da Predestinação: Uma alternativa ao Supralapsarianismo,
Infralapsarianismo e Universalismo Hipotético]. Ele considera os seguintes de ser “Universalistas
Hipotéticos” de uma variedade não-Amyraldiana: Musculus, Zanchi, Ursinus, Kimedoncius, Bullinger,
Twisse, Ussher, Davenant (e outros da delegação Britânica em Dort), Calamy, Seaman, Vines, Harris,
Marshall, Arrowsmith (os seis últimos foram Teólogos em Westminster), Preston e Bunyan.

[5] G.M. Thomas, The Extent of Atonement: A Dilemma for Reformed Theology from Calvin to the
Consensus (1536-1675) [A Extensão da Expiação: Um dilema da Teologia Reformada de Calvino ao
Consenso (1536-1675)] (Carlisle: Paternoster, 1997), 5.

[6] Curt Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill” (Ph.D. Diss., University of Edimburgh, 1983), 497-500.
Está claro que Agostinho pensou que Jesus redimiu Judas. Veja Augustine, Exposition of Psalm LXIX,
Section 27 (Nicene and Post-Nicene Fathers, Series 1, 8:309) [Agostinho, Exposição dos Salmos LXIX,
Seção 27 (Pais Nicenos e Pós-Nicenos, Series 1, 8:309)]. Além disso, Prosper de Aquitaine é visto
historicamente como o interprete normativo de Agostinho (não Gottschalk), e ele sustentou muito
claramente a redenção universal. Veja a sua Defense of St. Augustine [Defesa de Santo Agostinho]
(Trad. P. De Letter; Nova York: Newman Press, 1963), 149-51, 159-60, 164.

[7] Citado em John Davenant, An Exposition of the Epistle of St. Paul to the Colossians: With a
Dissertation on the Death of Chist [Uma Exposição da Epístola de São Paulo aos Colossenses: Com
uma dissertação sobre a morte de Cristo] (2 Vols.; London: Hamilton, Adams, and Co., 1831), 334. [ A
The Banner of Truth 2005 reimprimiu os comentários de Davenant e omitiu a dissertação da morte de
Cristo.] Davenant refuta as “Inovações Doutrinárias” de Gottschalk com muitíssimas citações dos
primeiros pais da igreja, incluindo Agostinho e Prosper. Veja também Curt Daniel, “Hyper-Calvinismo and
John Gill”, 503.

[8] M. Lutero, Lectures on Galatians [Sermões sobre Galátas] – 1535 Capítulos 1-4, nas Luther’s
Works [Obras de Lutero] (Trad. e Ed. J. Pelikan; St. Louis: Concordia, 1963), 26: 38.

[9] M. Lutero, Sermons on the Gospel of St. John Chapters 1-4[Sermões no Evangelho de São João
Capítulos 1-4], nas Luther’s Works [Obras de Lutero] (Trad. e Ed. J. Pelikan; St. Louis: Concordia, 1957),
22: 169.

[10] João Calvino, The Epistle of Paul the Apostle to the Hebrews and the First and Second Epistles of
St. Peter [A Epístola de Paulo, o Apóstolo aos Hebreus e a Primeira e Segunda Epístolas de São
Pedro] (ed. D.W. Torrance and T.F. Torrance; Trad. W.B. Johnston; Grand Rapids: Eerdmans, 1963), 131.

[11] João Calvino, The Epistle of Paul the Apostle to the Romans and to the Thessalonians [A Epístola do
Apóstolo Paulo aos Romanos e aos Tessalonicenses] (ed. D.W. Torrance and T.F. Torrance; Trad. R.
Mackenzie; Grand Rapids: Eerdmans, 1960), 117-18.

[12] João Calvino, The Gospel According to St. John 1-10 [O Evangelho de acordo com São João 1-10]
(ed. D.W. Torrance and T.F. Torrance; Trad. T.H.L. Parker; Grand Rapids: Eerdmans, 1961), 74.

[13] Para o tratamento de João Calvino de Atos 7.51, veja seu sermão “Sermon 41″ [Sermão
41], em Sermons on Acts 1-7[Sermões em Atos 1-7] (Edinburgh: Banner of Truth, 2008), 587-88.

[14] João Calvino, Sermons on Acts 1-7 [Sermões em Atos 1-7], 593.

[15] João Calvino, Letters of John Calvin [Cartas de João Calvino](ed. and Trad. J. Bonnet; New York,
1858, repr. [Edinburgh: Banner of Truth, 1972]), 4: 365-69; veja também Bezás Life of Calvin [A vida de
Calvino de Beza] em Tracts and Treatises [Tratos e Tratados] (ed. T.F. Torrance; Trad. H. Beveridge;
Grand Rapids:Eerdmans, 1958), 1:cxiii-cxxvii.

[16] João Calvino, Sermons on Isaiah [Sermões em Isaias], 66, 70, 78-79. Veja o capítulo nesse volume
por K. Kennedy sobre A visão de Calvino sobre a Extensão da Expiação.

[17] P.L. Rouwendal, “Calvin’s Forgotten Classical Position on the Extent of the Atonement: About
Sufficiency, Efficiency, and Anachronism,” [A posição clássica esquecida de Calvino sobre a extensão da
expiação: sobre Suficiência, Eficiência e anacronismo], Westminster Theological Journal 70 (2008): 328.

[18] Veja A. Cochrane, ed., Reformed Confessions of the Sixteenth Century [Confissões Reformadas no
Século 16] (London: SCM Press, 1966), 220-22, 242, 246.

[19] R. Muller reconhece que Bullinger (como Musculus, Zanchi e Ursinus) ensinaram uma forma de
“universalismo hipotético não-especulativo”. Veja a revisão de Muller do English Hypothetical
Universalism: John Preston and the Softening of Reformed Theology [o Universalismo Hipotético Inglês:
John Preston e a amenização da Teologia Reformada ] de J. Moore no Calvin Theological Journal 43
(2008): 149-50. Também pode ser encontrada uma forma calvinista de redenção universal nos escritos
de Rudolf Gwalther, aluno e sucessor de Bullinger. Veja A Hundred Threescore and Fifteen Homilies ou
Sermons upon the Acts of the Apostles [Cento e Setenta e Quinze Homilias e Sermões em Atos dos
Apóstolos] (Trad. J. Bridges; Impresso Henrie Denham, domiciliado em Pater Noster Rowe, no the signe
of the Starre, 1572), 108; 751-52. Gwalter foi casado com Regula Zwinglio, a filha do reformador.
[20] Z. Ursinus, The Commentary of Dr. Zacharias Ursinus on the Heideberg Catechism [O comentário do
Dr. Zacharias Ursinus sobre o Catecismo de Heidelberg] (Trad. G.W. Willard; Philipsburg: P&R, 1994),
215. Novamente, veja o artigo de Muller no Calvin Theological Journal em nota de rodapé anterior. Ele
concorda com o historiógrafo de Ursinus, John Davenant.

[21] Rouwendal, “Calvin’s Forgotten Classical Position on the Extent of the Atonement [A posição
clássica esquecida de Calvino sobre a extensão da expiação], 320.

[22] T. Cranmer, The Works of Thomas Cranmer [As Obras de Thomas Cranmer] (Cambrigde: University
Press, 1844), 1: 346 [ênfase minha].

[23] P. Schaff, The Evangelical Protestant Creeds, With Translations [Os Credos Evangélicos
Protestantes, com Traduções], Vol. 3 em Creeds of Christendom [Credos da Cristandade] (Grand Rapids:
Baker, 1966), 507. Eu atualizei a grafia do inglês antigo para o inglês moderno.

[24] H. Scudder, The Christian Daily Walk in Security and Peace [O andar cristão diário em paz e
segurança] (Glasgow: William Collins, 1826), 279-82.

[25] Como aqueles que aceitam o argumento do “duplo pagamento”. Veja a discussão abaixo.

[26] Isso foi também como Ursinus conduziu a questão. Veja The Commentary of Dr. Zacharias Ursinus
on the Heideberg Catechism [O Comentário do Dr. Zacharias Ursinus sobre o Catecismo de Heidelberg],
215.

[27] Essa é também a verdade de Charnock. Veja S. Charnock, “A Discourse of the Subjects of the Lord’s
Supper,” [Um Discurso sobre a Ceia do Senhor], em The Complete Works of Stephen Charnock [As
Obras completas de Stephen Charnock](Edinburgo: James Nichol, 1865), 4:464. Amyraut também fez
frequentemente essa conexão. Veja L. Proctor, “The Theology of Moise Amyraut Considered as a
Reaction Against Seventeenth-Century Calvinism” [A Teologia de Moisés Amyraut Considerada como
uma reação contra o Calvinismo do Século Dezessete](Ph.D., University of Leeds, 1952), 200-259.

[28] C. Hodge faz todos esses pontos. Veja sua Systematic Theology [Teologia Sistemática] (Grand
Rapids: Eerdmans, 1993), 2:556-57.

[29] A. F. Mitchell e J.P. Struthers, eds. Minutes of the Sessions of the Westminster Assembly of Divines
[Minutos das sessões da Assembleia dos Teólogos em Westminster] (Edinburgh: W. Blackwood and
Sons, 1874), 152.

[30] Ibid., 154.

[31] J. Arrowsmith, Armilla Catechetica: A Chain of Principles; [A Cadeia de Princípio]s; ou uma Ordely
Concatenation of Theological Aphorism and Exercitations [Concatenação Organizada de Aforismos e
Exercícios Teológicos]; Onde, the Chief Heads of Christian Religion Are Asserted and Improved [Os
Principais Cabeças da Religião Cristã são Afirmados e Melhorados] (Cambridge: printed by John Field,
Printer to the University, 1659), 182. Mitchell e Struthers dizem que Gataker, Caryl, Burroughs e Strong
concordaram com essa interpretação de João 3.16. veja Minutes, Ivii.

[32] Mitchell e Struthers, Minutes, liv-lxi. P. Schaff também menciona o nome de Thomas Gataker em sua
análise da Confissão de Westminster. Veja The Creeds of Christendom [Os Credos da Cristandade]
(Grand Rapids: Baker, 1993), 1:770.

[33] Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill”, 531; Veja também Richard Baxter, Catholicke
Theologie [Teologia Católica] (London, printed by Robert White, for Nevill Simmons at Princes Arms in St.
Paul’s Church-yard, 1675), II:53. Baxter apela para a interpretação universal de Twisse de João 3.16
em Universal Redemption [Redenção Universal], 287-88. Pode-se consultar na dissertação doutoral
recentemente impressa em Oxford de J.I.Parker sobre a cosmovisão de Baxter sobre sua Teologia da
Redenção. Veja The Redemption and Restoration of Man in the Thought of Richard Baxter [A Redenção
e Restauração do Homem no Pensamento de Richard Baxter] (Vancouver: Regent College Publishing,
2003), 183-208.

[34] J. Bunyan, Reprobation Asserted [Reprovação Afirmada], nas Works of John Bunyan [Obras de João
Bunyan] (Grand Rapids: Baker, 1977), 2:348. Veja também “The Jerusalem Sinner Saved” [O Pecador de
Jerusalém salvo], ou, “Good News for the Vilest of Men” [Boas Novas para o mais Vil dos
Homens], em The Whole Works of John Bunyan [Todas as obras de João Bunyan](London: Blackie and
Son, 1862), 1:90. Aqui Bunyan faz uma “proclamação ousada” aos descrentes e diz que o Filho “morreu
por eles.”

[35] É crucial notar o uso universal do termo “redimido” de Edwards aqui, que é como Calamy acima.
Enquanto alguns Calvinistas Rígidos dizem que “Cristo morreu por todos” no sentido de adquirir a graça
comum para até mesmo o não-eleito, eles são cuidadosos em não dizer que Cristo “Redimiu” nenhum
dos não-eleitos, desde que isso envolve o pagamento do preço do resgate deles.

[36] J. Edwards, “On the Freedpm of the Will” [A Liberdade da Vontade] nas The Works of Jonathan
Edwards [As Obras de Jonathas Edwards] (Edinburgh: Banner of the Truth, 1979), 1:88. Isso não é dizer
que Edwards viu nenhum sentido de particularidade no projeto ou intenção na Morte de Cristo, mas
somente que ele não vê nenhuma limitação na extensão do sofrimento de Cristo em nome do mundo
todo.

[37] J. Edwards [1743], “Books of Minutes on the Arminian Controversy” [Livro dos Minutos na
Controvérsia Arminiana] Gazeteer Notebook, nas Works of Jonathan Edwards Online [As Obras de
Jonathas Edwards Online], vol. 37, Documents on the Trinity, Grace and Faith [Documentos sobre a
Trindade, Graça e Fé] (Jonathan Edwards Center em Yale University, 2008), 10-11.

[38] J. Edwards [1743], Works of Jonathan Edwards Online [Obras de Jonathan Edwards Online], vol. 27,
“Controversies” [Controvérsias] Cadernos de anotações (Jonathan Edwards Center em Yale University,
2008), part III.
[39]Existem ainda algumas questões sobre a visão de Martin Bucer.

[40] D. Ponter hospeda o WebSite www.CalvinandCalvinism.com(veja o index da página), que contem


uma larga coleção de citações copiadas das Obras de João Calvino sobre o assunto da extensão da
expiação. Foram cuidadosamente postadas em contexto, Ponter provou além de uma dúvida razoável
que o próprio João Calvino não abraçou a expiação limitada (particularismo estrito).

[41] De fato, já existiam alguns delegados extremos no Sínodo de Dort da Gelderland e Friesland que
rejeitaram indiscriminadamente a oferta do evangelho. Veja Godfrey, Tensions [Tensões], 210; e
Thomas, Extent of the Atonement [Extensão da Expiação], 149.

[42] Veja Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill”, 514. Não é pensado que os hyper-Calvinistas foram
contra a pregação a todos (contrário a opinião popular). Antes, eles foram contra a ideia que Deus está
“oferecendo” Cristo por todos e que pregadores deveriam indiscriminadamente fazer o mesmo (Daniel,
Hyper-Calvinism and John Gill, 448-49; e I. Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism: The Batttle for Gospel
Preaching [Spurgeon v. Hyper-Calvinismo: A Batalha pela Pregação do evangelho] [Carlisle, PA: Banner
of Truth, 2000], 89).

[43] Note que a extensão da expiação aqui é para ser distinguida do que Calvinistas dizem sobre a
intenção de Cristo na expiação e a natureza de sua aplicação.

[44] Alguns sabem sobre a visão de John Howe e Stephen Charnock, por exemplo. Ambos abraçaram
uma forma Calvinística de redenção universal.

[45] Com respeito a primeira e segunda categorias, Muller tem observado que a trajetória de Ursinus,
Bullinger, Musculus, Davenant, Ussher e Preston é distinta do modelo de Saumur, mesmo embora todos
eles abraçaram uma forma de “universalismo hipotético” (veja R. Muller, crítica de English Hypothetical
Universalism:John Preston and the Softening of Reformed Theology [Universalismo Hipotético Inglês:
John Preston e a Amenizada da Teologia Reformada], por J. Moore, Calvin Theological Journal 43
[2008], 149-50). Ainda mais, em seu Post-Reformation Reformed Dogmatics [Dogmáticas Reformadas
Pós-Reforma], 1:76-78, Muller declara que a visão do Amyraldismo é compatível com Dort e com a
Confissão de Westminster. De acordo com Muller, então, existia no mínimo três ramos dentro da posição
Calvinista, e as discussões correntes que cercam a extensão da expiação raramente reconhece esse
fato.
A Expiação: Limitada ou Universal?
[Considerações Exegéticas]
12 de setembro de 2015 | Filed under: Expiação, Tulip and tagged with: David Allen, Eleição, Expiação

David L. Allen

Considerações Exegéticas

Três tipos chaves de textos no Novo Testamento afirmam expiação ilimitada: os textos “todos”, os textos
“mundo” e os textos “muitos”. Outros textos declaram que Jesus morreu por Sua “igreja”, Suas “ovelhas”
e Seus “amigos”. Como reconciliamos esses dois tipos de textos? Os Calvinistas Rígidos interpretam os
textos universais a luz dos textos limitados. Não-Calvinistas e Calvinistas moderados interpretam os
textos limitados como um subconjunto dos textos universais.

Alguns Calvinistas argumentam que os autores bíblicos como João ou Paulo acreditavam em expiação
limitada porque eles fizeram declarações afirmando que Cristo morreu pela Igreja, embora os escritores
bíblicos não digam que Cristo morreu somente pela igreja ou que ele não morreu pelo não-eleito. Os
Calvinistas geralmente interpretam textualmente porções relevantes da Escritura desta maneira. Por
exemplo, John Owen negou que a morte de Jesus teve alguma referencia com o não-eleito. De acordo
com Owen, a morte de Cristo não é, em sentido algum absolutamente, por eles e não é, em sentido
algum, uma expressão do amor de Deus por eles.[1] Quando Owen disse que o uso da
palavra Kosmos em João 3.16-17 deve designar “aqueles que Ele pretendeu salvar, e nenhum outro, ou
Ele falhou em seu propósito”,[2] está claro que sua teologia precede e determina sua exegese. Seu
argumento prossegue dessa forma: desde que “mundo” é usado em outros lugares com outros sentidos
ao invés de “toda humanidade”, ela não pode ser usada nesse sentido em João 3.16. Ele também
argumentou a mesma coisa para o uso da palavra “todos”. Desde que “todos” às vezes significa “todos
de alguns tipos” ou “alguns de todos os tipos”, ela nunca pode significar, de acordo com Owen, que toda
a humanidade inclui cada e toda pessoa. A falácia lógica de tal abordagem é evidente.

Owen afirmou que “nós negamos que por uma provisão da palavra eleito dentro do texto nenhum
absurdo ou inverdade poderá seguir justamente…de modo que o sentido é ‘Deus amou tanto seus
eleitos em todo o mundo, que Ele deu o seu filho com essa intenção, para que os crentes sejam salvos’”.
[3]Eu admito que isso, de fato, injeta ambos: absurdo e inverdade! Para Owen, “mundo” em João 3.16-17
não pode significar cada e toda pessoa por causa de sua teologia pré-concebida onde somente os
eleitos são “amados” dessa forma (note o argumento circular aqui). Owen lê suas conclusões dentro de
sua razões para a conclusão e antecipa qualquer alternativa, como Neil Chambers tem notado em sua
Tese sobre Owen.[4]Owen continuou seu argumento dizendo que o uso da palavra “mundo” em João
3.17 é uma declaração da intenção de Deus e portanto deve se referir somente ao eleito. O mesmo é
verdade de João 3.16. Novamente, Owen lê suas conclusões dentro de suas razões para provar sua
conclusão. Se Owen está correto que “mundo” significa “eleito”, quando João 3.16 diz: “todo aquele que
crer não pereça”, a possibilidade é deixada aberta que alguns dos eleitos possam perecer. Para Owen, a
expiação é apenas realmente suficiente para aqueles por quem ela é eficiente. Os argumentos de Owen
não são linguísticos ou exegéticos, mas argumentos teológicos a priori. Ele cometeu a falácia de petição
de princípio.

Com respeito ao uso de Kosmos no evangelho de João, Carson destacou que a palavra
caracteristicamente significa seres humanos em rebelião contra Deus.[5] No prólogo de
João, Kosmos significa a humanidade apóstata em rebelião contra Deus. Em João 1.29, os pecados do
“mundo” são os que devem ser expiados.[6] Em 3.16, o mundo é dito como sendo amado e condenado,
e então alguns são salvos para fora dele. Os dois últimos resultados ocorrem ou da crença ou descrença
segundo 3.18. João 3.19 é consistente com 3.18.

Nenhum fundamento linguístico, exegético ou teológico existe para reduzir o significado de “mundo” para
“eleito”. De fato, em João 17.6 os eleitos são definidos em oposição a mundo. Owen fez João 3.16 ser
lido, “Deus amou aqueles que Ele escolheu do mundo”, que muda o sentido do verso em oposição do
significado pretendido. Fazer a palavra “mundo” aqui significar “o eleito” é cometer o erro de confundir
categorias lógicas e linguísticas.[7]

Os Calvinistas que seguem Owen em João 3.16 distorcem o propósito de João e assim rompem “sua
própria participação na continuação da tarefa de Jesus de salvar o mundo na missão dos apóstolos de
uma convicção de amor pelo perdido em si, uma convicção fundamentada no amor de Deus por eles”.
[8]Essa distorção tem uma imensa repercussão para o evangelismo e pregação! Quando Letham diz,
concernente a intenção de Deus na expiação em João 3.16: “nem o termo ‘mundo’ nem a passagem
como um todo está refletindo a questão diante de nós”, ele está mortalmente errado.[9]Dabney, um
Calvinista moderado expôs a visão correta quando ele disse, “Talvez não exista nenhuma Escritura que
explique de forma tão minuciosa e compreensiva o projeto e os resultados do sacrifício de Cristo como
João 3.16-19”.[10]

Em seus comentários sobre João 3.16 em Indiscriminate Proposals of Mercy [Propostas Indiscriminadas
Da Graça], Dabney disse que, de acordo com os Calvinistas Rígidos, quando “Deus amou o mundo de
tal maneira que Ele deu seu único Filho”, “O mundo” deve significar somente “o eleito”. Dabney encontra
vários problemas com essa inferência. Se “o mundo” no verso 16 significa “o eleito”, então a implicação
clara é que alguns dos eleitos podem cair da fé e assim perecer.[11] Para ser consistente, nós devemos
conduzir o mesmo sentido da palavra “mundo” em toda a passagem. No verso 19, “o mundo” em que a
luz veio, recebe condenação, e assim não pode ser uma referência ao eleito, mas deve ser levada em
um amplo sentido de humanidade. A conexão lógica entre o verso 17 e 18 mostra que “o mundo” do
verso 17 é inclusivo eventualmente “daqueles que creem” e daqueles que “não creem” do verso 18. Se a
oferta do sacrifício de Cristo não é em um sentido genuíno oferta de salvação para essa parte do mundo
que “não crê” é difícil ver como a escolha deles de rejeitar a oferta pode tornar-se o justo fundamento da
condenação deles como é expressamente declarado no verso 19. Dabney apresenta essa questão:
“Aqueles que rejeitaram o evangelho são em última análise condenados porque foram tão
desgraçadamente perspicazes em como não ser afetados por uma manifestação fictícia e irreal? [algo
que a priori nunca lhes foi oferecido?] É visível que Calvino é um expositor sagaz demais para se obrigar
a cometer esse tipo de exegese extrema”.[12]
Dabney pergunta, “Como escaparemos deste dilema?” Olhando a interpretação do Calvinismo Rígido,
“se fosse uma questão do decreto da salvação apenas para o eleito, a partir do qual toda mente sadia é
forçada a projetar a doutrina da redenção particular, o argumento seria insuperável”. Ainda, como
Dabney destacou, essa abordagem faria Jesus contradizer sua própria afirmação. A solução, então,
deve estar em uma direção diferente. A frase “amou o mundo de tal maneira” não foi designada para se
referir ao decreto da eleição, mas a uma oferta baseada no amor que vai além do objetivo ou decreto de
Deus de salvar. A morte de Cristo na cruz como proclamada no evangelho é uma oferta sincera de
salvação para todos os pecadores. Dabney notou corretamente que aqueles que não creem (o não-
eleito) perecerá não obstante a oferta de salvação a eles. Quando a morte de Cristo torna-se a ocasião
(não causa) de profunda condenação para aqueles que recusam crer, é apenas por causa da rejeição
voluntaria da oferta de Deus de salvação em Cristo.[13]

J. C. Ryle concordou e disse com respeito a João 3.16:

Eu estou bem familiarizado com as objeções trazidas comumente contra a teoria


que eu propus. Eu não encontro nenhum peso nelas e eu não sou cuidadoso em
respondê-las. Aqueles que confinam o amor de Deus exclusivamente aos eleitos
me parecem tomar uma visão estreita e contraditória do caráter e atributos de
Deus. Eles recusam a Deus o atributo da compaixão com o qual até mesmo um
pai terreno pode, com respeito a um filho pródigo, oferecer o perdão a ele, mesmo
embora sua compaixão seja menosprezada e sua oferta seja recusada. Eu
cheguei a uma conclusão que os homens podem ser mais sistemáticos em suas
afirmações do que a Bíblia, e podem ser levados a graves erros de veneração
idolátrica de um sistema.[14]

Adicionalmente, Ryle deu ênfase à maneira como ele tratou o assunto da eleição: “Nós não sabemos
quem são os eleitos de Deus e quem Ele deseja chamar e converter. Nossa obrigação é convidar a
todos. Para cada alma incrédula sem exceção nós devemos dizer ‘Deus ama você e Cristo morreu por
você’”.[15]

Em seu comentário sobre João 3.16, Calvino disse:

E Ele usou um termo geral, tanto para convidar indiscriminadamente a todos


quanto para repartir em vida e para retirar toda desculpa dos descrentes. Tal é
também a significância do termo “mundo” que Ele usou antes … Ele, no entanto,
mostra que Ele é favorável ao mundo todo quando ele chama a todos sem
exceção para a fé em Cristo, que é, de fato, uma entrada para a vida.[16]

Cristo ofereceu a si mesmo como um sacrifício pela salvação do “mundo todo” e, portanto convida a
todos “indiscriminadamente” para repartir o favor de Deus. Comentando João 3.16, Calvino iguala
“Mundo” com os termos “indiscriminadamente todos” e “todos sem exceção”. Perceba cuidadosamente
como Calvino contrasta alguns que creem com o resto do mundo; ele não diz “todos que creem”, como é
comum entre escritores Calvinistas sobre este verso, mas “todos sem exceção”. Alguns podem pensar
que Calvino e outros ensinam que Cristo sofreu apenas pelos pecados do eleito porque eles interpretam
que “mundo” em 1 João 2.2 como limitado a igreja, seguindo Agostinho. No entanto, Jerome Zanchi e
Jacob Kimedoncius interpretam a passagem da mesma maneira, já Richard Muller reconhece que esses
dois homens abraçam uma forma de redenção universal, justamente como Heinrich Bullinger (que tomou
uma leitura ilimitada de 1 João 2.2). Enquanto pode existir consenso, em principio, entre Calvinistas
Clássicos sobre a redenção universal, podem existir diferenças práticas em termos da exegese deles de
certas passagens especificas.

A força de qualquer posição teológica só é tão grande quanto a base exegética que é construída.
Expiação limitada (particularismo estrito) é construída sobre um fundamento exegético defeituoso.
Aqueles que afirmam expiação limitada usualmente afirmam o amor de Deus por toda humanidade e o
desejo de Deus de salvar toda humanidade (em Sua vontade revelada, embora não em Sua vontade
secreta). No entanto, eles negam que Jesus morreu pelos pecados de toda a humanidade. Qualquer
ensino que diz que Deus não ama toda humanidade,[17] que Deus não tem intenção ou desejo de salvar
toda humanidade, ou Jesus não morreu pelos pecados de toda humanidade é contrário a Escritura e
deve ser rejeitado.[18]

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 78-83


Tradução: Walson Sales

———————————

[1] J. Owen, The Death of Death in the Death of Christ [A morte da morte na morte de Cristo], nas The
Works of John Owen [Obras de John Owen] (ed. W. H. Goold; Edinburgh: Banner of Truth, 1993),
10:219. “O fundamento e causa de Deus enviar a Cristo é seu eterno amor pelo eleito e somente por
ele”. (Owen, Death of Death, 231. Veja também 324).

[2] Ibid., 306.

[3] Ibid., 326.

[4] N. Chambers, “A Critical Examination of John Owen’s Argument for Limited Atonement in ‘The Death
of Death in the Death of Christ’” [Um exame crítico do argumento de John Owen para Expiação Limitada
em ‘A Morte da Morte na Morte de Cristo’] (Tese de Mestrado, Reformed Theological Seminary, 1998),
122. Essa tese pode ser obtida em www.Tren.com.

[5] D. A Carson, The Gospel According to John [O Evangelho Segundo João] (Leicester, England:
interVasity/Grand Rapids: Eerdmans, 1991), 123.

[6] Em uma instancia onde Charnock cita esse texto, ele referencia o entendimento de Amyralt do texto
(S. Charnock, “A Discourse of Christ Our Passover” [Um Discurso sobre Cristo nossa Páscoa”, nas The
Works of Stephen Charnock [Obras de Stephen Charnock] [Carlisle, PA: Banner of Truth, 1985], 4:507).
[7] Veja a excelente discussão no “Critical Examination” [Exame Crítico] de Chambers, 116-25. Veja
também E. Hulse, “John 3.16 and Hyper-Calvinism” [João 3.16 e Hyper-Calvinismo], Reformation
Today 135 (September/October 1993): 30: “Nós notamos bem que João 3.16 não diz, porque Deus amou
tanto o eleito. O Santo Espírito não escreveu o texto dessa forma. Nós podemos entender que ‘o mundo’
aqui significa ambos Judeus e Gentios? A palavra ‘mundo’ deve ser interpretada da forma que é usada
em todo o evangelho, a saber, todas as pessoas sem exceção, não todas as pessoas sem distinção”.

[8] Chambers, “Critical Examination” [Exame Crítico], 153-154. Veja também a tentativa fracassada de
Turretin para fazer “mundo” em João 3.16 significar “O Eleito” (F. Turrentin, Institutes of Elenctic Theology
[Phillipsburg, NJ: P&R, 1992], 1.405-8).

[9] R. Letham, The Work of Christ: Contours of Christian Theology [A Obra de Cristo: Contornos na
Teologia Cristã](Downer’s Growe, IL: InterVarsity, 1993), 241.

[10] R. Dabney, Lectures in Systematic Theology [Palestras em Teologia Sistemática] (Carlisle, PA:
Banner of Truth, 2002), 535.

[11] R. Dabney também faz esse argumento em sua Lectures in Systematic Theolofy [Palestras em
Teologia Sistemática], 525.

[12] R. Dabney, God’s Indiscriminate Proposals of Mercy, as Related to His Power, Wisdom and Sincerity
[Propósitos Indiscriminados da Graça de Deus, como relatado em seu poder, sabedoria e sinceridade],
em Discussions of Robert Louis Dabney [Discussões de Robert Louis Dabney] (Edinburgh: Banner of
Truth, 1967 [1982]), 1: 312-13.

[13] Ibid., 1:312-13.

[14] J.C. Ryle, Expository Thoughts on the Gospels [Pensamentos Expositivos sobre os
Evangelhos] (Grand Rapids: Baker, 1979), 3: 157.

[15] J.C. Ryle, Olds Paths [Velhos Caminhos] (Edinburgh: Banner of Truth, 1999), 479.

[16] J. Calvin, The Gospel According to St. John 1-10 (ed. D. W. Torrance and T. F. Torrance; trans. T. H.
L. Parker, new edition, nos Comentários do Novo Testamento de Calvino; Grand Rapids:
Eerdmans/Carlisle: Paternoster, 1995), 74.

[17] Para um excelente artigo sobre João 3.16 e Hyper-Calvinismo, veja E. Hulse, “John 3.16 and Hyper-
Calvinism” [João 3.16 e Hyper-Calvinismo], 27-30. As sentenças de abertura de Hulse são instrutivas:
“Pelo uso seletivo das confissões Reformadas é possível afirmar ser reformado, mas ao mesmo tempo
esconder o fato que você é um Hyper-Calvinista. O Hyper-Calvinista nega que Deus ama toda a
humanidade e que o evangelho são as boas novas para ser declarada a todos sem exceção” (27).
[18] O espaço não permite um exame dos muitos textos afirmando expiação universal. Um texto chave é
I João 2.2. Nesse verso, baseado em 23 usos da palavra mundo em I João, “Mundo” não pode significar
“o eleito” ou “os crentes não-judeus” como é geralmente afirmado por Calvinistas. Dabney disse: “É
indisputável que o Apóstolo estende a propiciação de Cristo para além daqueles que ele fala como ‘nós’
no primeiro verso … a pareceria então, que o escopo do Apóstolo é consolar e encorajar os crentes
pecadores com o pensamento que desde que Cristo fez expiação por cada homem, não existe perigo
que ele não será encontrada uma propiciação por eles que, havendo já crido, agora sinceramente se
voltam para Ele dos seus pecados recentes” (Dabney, Lectures in Systematic Theology [Palestras em
Teologia Sistemática], 535). Aqueles que sustentam a expiação limitada erram porque eles tentam fazer
os termos indefinidos e universais ser um grupo definido e especifico. Para um tratamento balanceado
de I João 2.2 que vem do lado da expiação universal, veja D. Akin, 1, 2, 3 John [1,2,3 João] (NAC; ed. R.
Clendenen; Nashville: B&H, 2001), 84-86.
A Expiação: Limitada ou Universal?
[Considerações Teológicas]
25 de setembro de 2015 | Filed under: Expiação, Tulip and tagged with: David Allen, Eleição, Expiação

David Allen

Considerações Teológicas

Provavelmente o argumento teológico chave para dar suporte a expiação limitada é o argumento do
duplo pagamento, famoso por ser proposto por Owen,[1] que basicamente diz que a justiça não permite
que o mesmo pecado seja punido duas vezes. Esse argumento enfrenta vários problemas. Primeiro não
é encontrado na Escritura. Segundo, confunde um débito pecuniário (comercial) com a satisfação penal
pelo pecado. Terceiro, os eleitos ainda estão debaixo da ira de Deus até eles crerem (Efésios 2.4).
Quarto, nega o principio da graça na aplicação da expiação – a ninguém é devida aplicação.

Vários Calvinistas proeminentes não empregam o argumento do duplo pagamento. Zacharias Ursinus,
em seu comentário do Catecismo de Heidelberg, disse:

Objeção. 2. Todos aqueles pelos quais uma satisfação suficiente foi feita devem
receber o favor. Cristo fez uma satisfação suficiente pelas ofensas de todos os
homens. Portanto, todos os homens devem ser recebidos na graça; e se isso não
foi feito, Deus é injusto com os homens.

Resposta. O argumento é verdadeiro, a menos que alguma condição seja


adicionada à satisfação; de forma que, somente aqueles que aplicam essa
condição a si mesmo pela fé são salvos por meio dela. Mas essa condição é
expressamente adicionada onde é dito: “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).[2]

John Davenant, signatário dos Cânones de Dort, também escreveu criticando o argumento do duplo
pagamento:

Eu respondo, que seria na verdade mais injusto se nós mesmos tivéssemos pago
esse preço a Deus, ou se o nosso Penhor, Jesus Cristo, tivesse oferecido a Deus
seu sangue como preço satisfatório de forma que, sem nenhuma outra condição
interveniente, todos os homens fossem imediatamente absolvidos por meio da
oferta de oblação feita por ele; ou, finalmente, se o próprio Deus tivesse pactuado
com Cristo quando Ele morreu, que ele daria fé a cada indivíduo, e todas aquelas
outras coisas que dizem respeito à aplicação infalível desse sacrifício que foi
oferecido pela raça humana. Mas visto que o próprio Deus, de sua própria
vontade, resolveu que esse preço seria pago a si mesmo, estava em seu próprio
poder anexar condições que, sendo realizadas, essa morte deveria ser vantajosa
a qualquer homem; e, não sendo realizadas, ela não deveria ser lucro a nenhum
homem. Portanto, nenhuma injustiça é feita para aquelas pessoas que são
punidas por Deus após o resgate ter sido aceito pelos pecados da raça humana,
porque elas não ofereceram nada a Deus como uma satisfação pelos seus
pecados, nem realizaram aquela condição, sem a qual Deus desejou que o preço
pago não devesse beneficiar nenhum indivíduo. Ademais, isso nem mesmo deve
ser pensado como uma injustiça a Cristo o Mediador. Pois ele desejou morrer por
todos, e pagou por todos o preço da redenção ao Pai, ao mesmo tempo em que
ele não desejou cada indivíduo através de meios quaisquer, mas que todos, tão
logo cressem nEle, fossem absolvidos da culpa dos seus pecados.

Nós ilustraremos todas essas coisas por uma similitude. Suponha que inúmeros
homens foram presos em uma prisão por um certo rei com um relato de um
grande débito, ou que eles foram condenados a sofrer a morte por alta traição;
mas que o próprio rei resolveu que seu próprio filho deveria absolver esse débito
até o último centavo; ou que ele mesmo deveria substituir aqueles traidores
assumindo a culpa no lugar deles, e deveria sofrer a punição prevista por todos
eles, sendo essa condição promulgada simultaneamente pelo Rei e seu Filho. E
que nenhum deveria ser absolvido ou liberado exceto somente aqueles que
servissem e reconhecessem o Filho do Rei como Senhor. De acordo com as
condições estabelecidas, eu pergunto, se aqueles que persistirem na
desobediência e rebelião contra o Filho do Rei não fossem liberados, haveria
alguma injustiça no fato de, depois de pago o resgate, o próprio débito deles fosse
exigido de muitos, ou depois da punição suportada pelo Filho, esses rebeldes
fossem mesmo assim punidos? De forma nenhuma; porque o pagamento do preço
justo e a continuidade da punição foi ordenada para adquirir remissão de cada
indivíduo sob a condição de obediência e não o contrário.[3]

Outros Calvinistas têm sido críticos do argumento do duplo pagamento, incluindo Eduard Polhill, R.L.
Dabney, A.A. Hodge, Charles Hodge, W.G.T. Shedd e Curt Daniel.[4] Embora Cristo tenha morrido
suficientemente por todas as pessoas, a promessa de libertação é condicional. Deve arrepender-se e
crer a fim do beneficio da salvação. O evangelho não somente promete vida sinceramente ao descrente
eleito e o descrente não-eleito sobre a condição de fé, mas ela também sinceramente trata a ambos com
o inferno se eles não crerem, apesar do fato de Cristo ter sofrido suficientemente pelos seus pecados.
[5] O argumento do duplo pagamento implica que o não-eleito não pode, com qualquer consistência,
receber oferta genuína de salvação por Deus por meio da pregação do evangelho. Ele também implica
que o descrente eleito (aqueles que serão salvos, mas ainda são não-salvos) não estão recebendo
sincera ameaça de Deus pelo significado da pregação do evangelho. Deus estaria fazendo uma falsa
oferta ao não-eleito (eles não podem ser salvos de qualquer jeito de acordo com o calvinismo
particularista), e Deus estaria fazendo uma falsa ameaça de danação ao descrente eleito desde que não
há, não mais, qualquer fundamento legal para a permanência da condenação deles. O “débito” deles
está literalmente pago,[6] incluindo sua descrença. Eles agora têm o direito de serem salvos.

Outro argumento em favor da expiação limitada é o argumento da tríplice escolha de John Owen. Esse
argumento foi construído sobre o argumento do duplo pagamento. O famoso argumento da “Tripla
Escolha” de Owen declara que Cristo morreu por todos os pecados de todos os homens, ou todos os
pecados de alguns homens ou alguns dos pecados de todos os homens. Ele então argumentou que se a
morte de Cristo por todos os pecados de todos os homens fosse correta, então porque todos os homens
não são salvos? Também, se a morte de Cristo por alguns dos pecados de todos os homens fosse
correta, então nenhum homem será salvo, pois permaneceriam ainda alguns pecados nos livros. Logo,
somente que Cristo morreu por todos os pecados somente do eleito pode ser verdade.[7] Esse
argumento parece ter uma lógica impecável, mas ele é falho em vários níveis. Primeiro, a Escritura
nunca diz que um homem vai ao inferno porque nenhuma expiação foi providenciada por ele. Ao invés
disso, alguns homens perecem e a punição deles é agravada porque eles rejeitaram a expiação feita por
eles. Segundo, é dito de que alguns homens perecem porque eles não creem quando eles ouvem o
evangelho. Terceiro, Cristo morreu por todos os homens, mas ele não aplica a salvação a todos os
homens. A limitação não foi na provisão de sua morte, mas na aplicação.[8] Quarto, o argumento
quantifica a imputação do pecado a Cristo, como se existisse uma relação comercial entre todos os
pecados daqueles que Ele representa e o sacrifício infinitamente louvável divino e indivisível.

Alan Clifford considerou Owen ao lidar com o argumento da Tríplice Escolha com algumas objeções
adicionais. Ele citou o argumento de Owen de que se alguém segue a ideia de expiação universal, como
lidar com a descrença? De acordo com Owen, se a descrença não é um pecado, como podem as
pessoas serem punidas por ela? E se é um pecado, então, ou Cristo sofreu a punição por ela, ou Ele não
sofreu. Se Ele sofreu, então como pode a descrença as atrapalhar mais do que outros pecados deles
pelos quais Cristo morreu? Se Cristo não morreu pelos pecados da descrença, então, Ele não morreu
por todos os pecados. Clifford responde: “por toda sua aparente irrefutabilidade, esse persuasivo
argumento levanta alguns problemas importantes. Está claro que os descrentes não são culpados de
rejeitar nada se Cristo não foi dado por eles; a descrença claramente envolve a rejeição de uma provisão
definitiva da graça. Também, privar de sua significância as exortações gerais para crer, torna os meios de
graça sem sentido”.[9]

Clifford continua o seu ataque lógico sobre a posição de Owen por notar que, na visão de Owen, a cruz
não somente trata com a culpa da descrença antes da conversão dos crentes, ela está também
casualmente relacionada com a remoção da descrença. Mas e sobre o problema dos cristãos que
continuam a ser atormentados com descrença em sua vida cristã? Para Clifford, o argumento de Owen
se aplica tanto aos supostos crentes como se aplica aos descrentes. As conseqüências são
problemáticas,

Pois se a descrença parcial em um cristão o impede de desfrutar a plenitude


daquelas bênçãos que Cristo morreu para adquiri-las para ele, isto não é diferente,
em principio, de dizer a descrença total em um não-cristão o impede de “partilhar
do fruto” que a morte de Cristo fez disponível para ele também … Diferente de
Owen, os reformadores tiveram pouca dificuldade em estabelecer a base da culpa
humana. Enquanto a culpa é definida indubitavelmente em termos de
transgressão da lei, um componente muito significante dela surge de uma ingrata
negligencia do remédio do evangelho. Mas, no relato de Owen, se a expiação
refere-se somente aos pecados dos eleitos, então é uma justiça duvidosa
condenar alguém por rejeitar o que nunca foi aplicável a eles.[10]

Clifford prosseguiu destacando que a aceitação de Owen da

“livre oferta” do evangelho é embaraçada pela sua posição comercial


particularista. Ele, de fato, afirma que o evangelho é para ser pregado “a toda
criatura” porque “o caminho da salvação que o evangelho afirma é suficientemente
largo para todos andarem nele”. Mas como pode ser isso se a expiação é
realmente suficiente somente para o eleito? Calvino e seus colegas não tiveram
dificuldade de falar sobre isso, mas Owen não pode falar consistentemente sobre
isso. Não surpreendentemente, Gill e seus compatriotas HyperCalvinistas
empregaram o mesmo tipo do comercialismo defendido por Owen, mas fizeram
isso para negar a validade da oferta universal da graça.[11]

Finalmente, Chambers ofereceu essa critica saliente à posição de Owen:

O que precisa ser visto é que o argumento de Owen derrota a si mesmo por
provar demais. Se, nos termos de Owen, Cristo morreu por todos os pecados de
algumas pessoas (os eleitos), então ele deve ter morrido pela descrença deles,
onde “morto por” é entendido significar ter pago a penalidade por todos os
pecados deles no Calvário. Se este é o caso, então porque os eleitos não são
salvos no Calvário? Se Owen responde que é porque os benefícios da morte de
Cristo não foram ainda aplicados a eles, então eu perguntaria o que significa dizer
que aqueles benefícios não foram aplicados a eles? Certamente isso significa que
eles estão em descrença e, portanto, não podem ser chamados de salvos. Mas
eles não podem ser punidos por essa descrença, pois suas penalidades foram
pagas, e Deus, como Owen nos assegura, não exigirá uma segunda pena por
uma única ofensa. Se então, mesmo em sua descrença, não existe nenhum débito
contra eles, nenhuma pena a ser paga, certamente eles podem ser descritos como
salvos, e salvos no calvário. Esse sendo o caso, o evangelho é reduzido a nada
mais do que uma matéria de informar o salvo da condição de salvação deles.

Essas duas últimas conclusões são posições que Owen negaria, pois ele está
comprometido com a necessidade e integridade de uma chamado universal do
evangelho e o laço indissolúvel entre fé e salvação. Existe então uma tensão real
que a posição de Owen trouxe sobre inúmeros fatores. A primeira é o que pode
ser chamado de reducionismo polêmico em sua consideração de ‘descrença’ aqui,
pois descrença não é somente uma ofensa como qualquer outra, é um estado,
que deve ser resolvido não somente com perdão, mas por regeneração. Owen
reconhece isso ao relacionar a cruz com a remoção causal da descrença como um
estado, mas descrença considerada como um pecado e descrença como um
estado têm uma relação diferente com a cruz. O pecado tem uma relação direta
com a cruz, que é o cumprimento da pena pelo pecado; a mudança de estado é
uma relação indireta, dependente da pregação e regeneração pelo Espírito. Para
reconhecer essa realidade Owen deveria ter que dizer que Cristo morreu por todos
os pecados, incluindo a descrença daqueles que creem, e por nenhum dos
pecados daqueles que não creem.[12]

John Owen entendeu falsamente a redenção envolver um pagamento literal a Deus de modo que a
própria expiação assegura sua própria aplicação. Este modelo é o pressuposto controlador em seu
livro The Death of Death in the Death of Christ [A Morte da Morte na Morte de Cristo]. Ele distorceu e
assim contraditou a Escritura em seu empenho para defender terminantemente a expiação limitada.

Em vias de concluir essa seção sobre as considerações teológicas, vamos fazer uma comparação entre
os comentários de D. A. Carson e João Calvino. Carson escreveu:

Eu argumento, então, que tanto Arminianos quanto Calvinistas deveriam


certamente afirmar que Cristo morreu por todos, no sentido de que a morte de
Cristo foi suficiente por todos e que a Escritura retrata Deus
como convidando, comandando e desejando a salvação de todos, por amor…
Ademais, todos os cristãos também devem confessar que, em um sentido
levemente diferente, Cristo Jesus, na intenção de Deus, morreu efetivamente
somente pelo eleito, alinhado com a maneira que a Bíblia fala do amor de Deus
especial e seletivo pelo eleito… Esta abordagem, eu sustento, deve certamente vir
como um alívio para os pregadores jovens na tradição reformada com fome para
pregar o evangelho efetivamente mas que não sabem até onde podem ir ao dizer
coisas tais como “Deus ama você” aos descrentes. Quando eu prego ou dou
palestras em círculos reformados, frequentemente me fazem a seguinte questão:
“Você se sente livre para falar a descrentes que Deus os ama?… A partir do que
eu já disse, é obvio que eu não tenho nenhuma hesitação em responder essa
questão dos jovens pregadores reformados afirmativamente: claro euque digo aos
descrentes que Deus os ama.[13]

Essa citação de Carson foi apresentada aqui por muitas razões. Note que ele declara que a morte de
Cristo “por todos” é “em um sentido que a morte de Cristo foi suficiente por todos”. O que Carson quer
dizer aqui é dependente do seu uso da palavra “suficiente”. À primeira vista, deve-se assumir que
Carson acredita que a morte de Cristo satisfez os pecados de cada ser humano. Neste caso, ele estaria
usando a palavra “suficiente” para querer dizer “suficiência extrínseca” ou em um sentido clássico. Que
Carson também diz “Arminianos” deveriam corretamente afirmar esse fato fortalecendo essa
possibilidade de leitura. Arminianos, de fato, afirmariam isso em um sentido de uma imputação ilimitada
do pecado em Cristo. Mas perceba que Carson diz “tanto Arminianos quanto Calvinistas deveriam
corretamente afirmar” isso. Nenhum Calvinista rígido jamais afirmaria a “suficiência extrínseca” porque
eles acreditam que a morte de Cristo somente satisfez os pecados dos eleitos. Assim, por seu uso do
termo “suficiente”, Carson pode querer dizer “suficiência intrínseca”. Todos os Calvinistas e não-
Calvinistas podem afirmar a declaração “a morte de Cristo foi suficiente por todos”, onde “suficiente” é
entendido significar a infinita dignidade de Cristo e onde o valor de sua morte é capaz de satisfazer os
pecados de todos os descrentes. O problema é que Calvinistas moderados e todos os não-Calvinistas
entendem o termo suficiente significar não somente que a morte de Cristo poderia ter satisfeito os
pecados de todos os descrentes, se tivesse sido a intenção de Deus, mas que Sua morte, de fato, fez
satisfação pelos pecados de toda humanidade. Carson provavelmente rejeita, junto com todos os
Calvinistas rígidos, esse significado de suficiência. Para eles a morte de Cristo foi pretendida apenas
pelo eleito, e essa intenção também limita a imputação do pecado a Cristo (ou a extensão de Seus
sofrimentos também). O significado pretendido por Carson aqui é ambíguo desde que sua afirmação
pode ter um número diferente de interpretações,[14] e sua ambiguidade pode ser deliberada.

Além disso, as palavras “efetivamente” e “apenas”, que Carson utiliza, significam que “a morte de Cristo
resulta somente na salvação do eleito”? Nesse caso, então nenhum Calvinista moderado ou não-
Calvinista discordaria da afirmação. Todos concordam que a expiação é aplicada somente no eleito.
Essa leitura é potencialmente aumentada pelo argumento de Carson que “todos os cristãos” (que
incluem os não-Calvinistas) deveriam ser capazes de afirmar essa declaração. No entanto, se essa
interpretação estiver correta, ela implica em uma tautologia. As palavras de Carson deveriam ser lidas
com o significado de que Jesus morreu especialmente apenas pelo eleito, onde o termo “apenas” é
explicado na clausula imediatamente seguinte: “alinhado com a maneira da Bíblia falar do amor especial
de Deus pelo eleito”. Nessa interpretação a morte de Jesus teve uma concepção dualística: Cristo
morreu em um sentido pelos pecados de todas as pessoas, mas em um sentido especial somente pelo
eleito. Aqui, novamente, Carson está correto que todos os cristãos podem afirmar essa reivindicação
quando a seguinte suposição implícita em suas declarações são feitas explicitas. Primeiro, por sua
declaração que Jesus “morreu apenas pelo eleito” alinhado com “o amor especial de Deus seletivo pelo
eleito” Carson quer dizer que a natureza do amor de Deus pelo eleito difere do que Ele tem pelo não-
eleito. Essa diferença torna-se exposta na “seleção” de Deus do eleito ser o destinatário da morte
expiatória de Cristo de uma maneira que não é verdade para o não-eleito. Ou seja, o amor de Deus por
seus filhos deve, de algum forma, diferir de seu amor por aqueles que não são seus filhos. Segundo, a
morte de Cristo pelo não-eleito trás a eles a graça comum. Assumir isso deixa o significado de “seleto”
ambíguo, todos os não-Calvinistas podem afirmar aquelas declarações até onde elas vão. Para os
Calvinistas moderados e não-Calvinistas, no entanto, suas declarações não vão longe suficientemente
desde que Carson não especifica por quais pecados Cristo sofreu.

A seguinte interpretação das palavras de Carson é também possível. Se ele quer dizer que Cristo, na
verdade, morreu pelos pecados apenas do eleito e não pelos pecados do não-eleito, então, logicamente
a morte de Cristo não pode ser “suficiente” pelo não-eleito de modo a ser capaz de ser aplicada a eles.
Essa imputação limitada do pecado é a posição de todos os Calvinistas rígidos, e é o ponto central da
expiação limitada (particularismo estrito).[15] Repare que ele encoraja os jovens pregadores Reformados
dizer aos “descrentes” que Deus os ama, mas ele emudece sobre a questão de falar aos descrentesque
Cristo morreu por eles no sentido que Sua morte satisfez a pena dos pecados deles. A teologia dele
pode proibir isso. Se essa interpretação é o sentido pretendido de Carson, então sua declaração de que
“todos os cristãos” deveriam ser capazes de afirmar essa interpretação é errônea. Nenhum calvinista
moderado ou não-calvinista acredita que a morte de Cristo providenciou apenas os benefícios da graça
comum aos não-eleitos.

A segunda interpretação pode ser o significado pretendido de Carson. Mas se é, ele está deixando
coisas demais nas entrelinhas. A morte de Jesus na cruz satisfez os pecados de toda humanidade? Por
fim, o parágrafo de Carson não responde a questão de forma explicita, mas se ele na verdade se coloca
ao lado do Calvinismo rígido, Carson deve responder “não”. Com respeito a intenção e extensão da
expiação, Calvinistas rígidos acreditam o seguinte: Deus ama todas as pessoas (mas não igualmente),
Deus deseja a salvação de todas as pessoas, mas Jesus somente satisfez os pecados dos eleitos e de
nenhum outro. Calvinistas moderados e todos não-Calvinistas acreditam no seguinte: Deus ama todas
as pessoas, Deus deseja a salvação de todas as pessoas, e Cristo morreu por todas as pessoas em um
sentido que a morte dele satisfez os pecados de todas as pessoas.[16]

Agora ouça João Calvino sobre João 3.16:

E de fato nosso Senhor Jesus Cristo foi oferecido por todo o mundo. Pois isso não
está falando de três ou quatro quando diz: “Deus amou o mundo de tal maneira,
que Ele não poupou seu único Filho”. Mas, ainda assim é preciso notar que o
evangelista acrescenta nesta passagem: “para que todo aquele que Nele crê não
pereça, mas obtenha a vida eterna.” Nosso Senhor Jesus sofreu por todos,[17] e
não existe ninguém, grande ou pequeno, que não seja indesculpável hoje, pois
nós podemos obter a salvação por meio Dele.[18] Os incrédulos que se afastam
Dele e que privam a si mesmos Dele, por sua malícia, são hoje duplamente
culpados. Porque como eles desculparão sua ingratidão em não receber a bênção
que poderiam partilhar pela fé?[19]

Primeiro, Calvino afirma que Cristo foi “oferecido” por todo o mundo. Não-Calvinistas, Calvinistas
moderados e Calvinistas rígidos concordam que Deus teve um “desejo salvífico universal”[20] no qual
Ele deseja a salvação de todas as pessoas em sua vontade revelada. Mas essa salvação de todas as
pessoas não é tudo o que Calvino afirma. Note que ele também disse que Jesus “sofreu por todos”. A
palavra “todos” aqui não pode significar apenas o eleito desde que a citação de João 3.16 é posta lado a
lado da palavra “todo aquele” e a afirmação de que ninguém é indesculpável (pois nós podemos obter a
salvação nEle), e é seguida pela afirmação que “incrédulos que se afastam Dele… são duplamente
culpados” e falham em receber “a benção que poderiam partilhar pela fé”. Aqui Calvino claramente iguala
o “todos” com “todos descrentes” e diz explicitamente que “Jesus sofreu por todos.” Por causa dessas
afirmações claras, aqueles que rejeitam Cristo são “duplamente culpados”. Por quê? Eles estão
rejeitando a morte de Cristo em seu lugar, que poderia prover a salvação deles se eles cressem. Ao
contrário de Carson, Calvino não tem escrúpulo afirmando explicitamente que “Jesus sofreu por todos”.
Calvino não emprega o famoso argumento do duplo pagamento como fazem os Calvinistas rígidos
desde Owen, afirmando em vez disso que os descrentes são “duplamente culpados” pela rejeição deles
dessa “benção” feita disponível em Cristo “que eles poderiam partilhar pela fé”. Calvino nunca usou o
argumento do duplo pagamento porque ele não acreditava que a Escritura ensinava uma limitação na
imputação do pecado ou na extensão da morte de Cristo.

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 83-92


Tradução: Walson Sales

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[1] Veja o seu The Death of Death in the Death of Christ [A Morte da Morte na Morte de Cristo], 173-74.

[2] Z. Ursinus, The Commentary of Dr. Zacharias Ursinus on the Heidelberg Catechism [Comentário do
Dr. Zacharias Ursinus sobre o Catecismo de Heidelberg], 107.

[3] J. Davenant pode ter sido o primeiro a usar essa ilustração (A Dissertation on the Death of Christ
[Uma Dissertação sobre a Morte de Cristo], 376-77).

[4] E. Polhill, “The Divine Will: Considered in Its Eternal Decrees,” [A Vontade Divina: Considerada nos
Decretos Eternos], Works[Obras], 7.4.3, Objeção 4, 168-69; R. L. Dabney, Lectures in Systematic
Theology [Palestras em Teologia Sistemática], 521; A. A. Hodge, The Expiation [A
Expiação] (Philadelphia: Presbyterian Board of Publication, 1867), 35-37; C. Hodge, Systematic Theology
[Teologia Sistemática], 2:557-58; W.G.T. Shedd, Dogmatic Theology [Teologia Dogmática] (Nashville:
Thomas Nelson, 1980), 2:443; e C. Daniel, The History and Theology of Calvinism [A História e Teologia
do Calvinismo] (Springfield: Goods Books, 2003), 371.

[5] Como Lazarus Seaman disse, “Tudo no primeiro Adão foi feito suscetível a condenação, então tudo
no segundo Adão é suscetível a salvação….vem somente por isso: olhe como cada homem
era damnabilis [condenável]…então cada homem é salvabilis [salvável]”. Mitchel e
Struthers, Minutes, 154.

[6] Para alguma crítica da noção literal da dívida com respeito a expiação, veja Discourses on the Nature
Nature and Extent of the Atonement of Christ [Discursos sobre a natureza e extensão da expiação de
Cristo], de R. Wardlaw (Glasgow: James Maclehose, 1844), 58-59. Andrew Fuller disse: “Se a expiação
de Cristo fosse considerada como o pagamento literal de um débito – se a medida de seus sofrimentos
fosse de acordo com o número daqueles por quem ele morreu, e o grau da culpa deles, de tal maneira
que se haviam salvos mais, ou se aqueles que são salvos foram mais culpados, sua tristeza deve ter
sido proporcionalmente aumentada – que poderia, pelo que sei, ser inconsistente com os convites
indeterminados. Mas seria igualmente inconsistente com o livre perdão do pecado, e com pecadores
sendo direcionados a responder por graça como suplicantes ao invés de como reivindicantes” (The
Gospel Worthy of All Acceptation [O Evangelho Merecedor de Toda Aceitação], em Works [Obras],
2.373-74).

[7] J. Owen, The Death of Death [A Morte da Morte], 173-74.


[8] Calvinistas também vêem alguma limitação no propósito de Cristo em sofrer que corresponde a visão
deles da eleição.

[9] A. Clifford, Atonement and Justification: English Evangelical Theology 1640-1790: An Evaluation
[Expiação e Justificação: Teologia Evangélica Inglesa 1640-1790: Uma avaliação] (Oxford: Clarendom
Press, 1990), 111-12.

[10] Ibid.

[11] Ibid., 112-13., Edmund Calamy também percebeu a necessária conexão


entre ofertabilidade e salvabilidade. Ele disse, “isso não pode ser oferecido a Judas exceto ele ser
salvável”. Veja Mitchel e Struthers, Minutes, 154.

[12] Chambers, “Critical Examination of John Owen’s Argument for Limited Atonement,” [Um Exame
Crítico do Argumento de John Owen para Expiação Limitada], 235-36. A tese de Chambers é uma crítica
devastadora sobre a noção de Owen do argumento do duplo pagamento. Veja especialmente 241-93.
Perceba que a tese foi feita em no Reformed Theological Seminary. O próprio Chambers se declara um
calvinista, e uma das pessoas que aprovaram sua tese foi Ligon Duncan.

[13] D. A. Carson, The Difficult Doctrine of the Love of God [A Difícil Doutrina do Amor de
Deus] (Wheaton: Crossway Books, 2000), 77-78.

[14] Carson leu a obra de G. Michael Thomas sobre a The Extent of Atonement [A Extensão da
Expiação], de modo que ele deve estar familiarizado com essas significantes diferenças históricas.
Carson, The Difficult Doctrine [A Difícil Doutrina do Amor de Deus], 88n4. Ou veja D. A. Carson, “God’s
Love and God’s Wrath” [O Amor e a Ira de Deus], Biblioteca Sacra 156 (Outubro-Dezembro 1999) 394.

[15] Na entrevista de áudio de Dever com Carson, postada no Web Site de Dever Nine Marks, está claro
que Dever (um High-Calvinista) acha que Carson concorda com sua visão da imputação limitada. Dever
tenta colocar Carson entrar em confronto com Bruce Ware, Professor no Southern Baptist Theological
Seminary em Lousville e um calvinista moderado. Veja http://media.9marks.org/2009/02/25/on-books-
with-d-a-carson.

[16] Os Calvinistas moderados, no entanto, argumentam que o amor de Deus por todos é desigual. Seu
desejo salvífico é desigual e, portanto, a intenção de Cristo em sofrer pelos pecados de todos foi também
desigual.

[17] “Sofreu por todos” é uma imputação ilimitada do pecado.

[18] Sua morte é aplicável a todos os homens desde que Ele “sofreu por todos” os homens.

[19] J. Calvino, Sermons on Isaiah’s Prophecy of the Death and Passion of Christ [Sermões nas
Profecias de Isaias da Morte e Sofrimento de Cristo] (London: James Clark, [1559] 1956), 141 (ênfase
adicionada).

[20] Essa expressão é encontrada três vezes em J. Piper “Are There Two Wills in God?” [Existem duas
vontades em Deus?], em Still Sovereign [Ainda Soberano] (ed. T.R. Schreiner e B. Ware; Grand Rapids:
Baker, 2000), 107, 108, 122; e também em The History and Theology of Calvinism [A História e Teologia
do Calvinismo] de Curt Daniel, 208. B. Ware também usa isso afirmativamente em “Divine Election to
Salvation: Unconditional, Individual, and Infralapsarian” [Eleição Divina para salvação: Incondicional,
Individual e Infralapsária] em Perspectives on Election: Five Views [Perspectivas sobre Eleição: Cinco
Visões](ed. C. Brand; Nashville: B&H, 2006), 32
A Expiação: Limitada ou Universal?
[Considerações Lógicas]
22 de novembro de 2015 | Filed under: Expiação, Tulip and tagged with: David Allen, Eleição, Expiação

David L. Allen

Considerações Lógicas

Um argumento lógico a favor de uma expiação limitada, estritamente falando, se parece com isso:

Cristo morreu “pelas suas ovelhas”, por “sua Igreja” e por “seus amigos”. Essas categorias de pessoas
são limitadas; assim, esse argumento é prova de expiação limitada.

Não tão rápido! Dabney corretamente notou que afirmações tais como Cristo morreu “pela Igreja” ou
“suas ovelhas” não provam a expiação limitada, estritamente falando, porque argumentar tal coisa invoca
a falácia da inferência negativa: “a prova de uma proposição não refuta seu inverso”.[1] Não se pode
inferir uma negativa (Cristo não morreu pelo grupo A) de uma afirmação positiva aparente (Cristo morreu
pelo grupo B), não mais do que se pode inferir que Cristo morreu somente por Paulo por causa de
Gálatas 2.20 que diz que Cristo morreu por Paulo. Adicionalmente, se eu frequentemente repito que eu
amo minha esposa, pode ser, hipoteticamente falando, que eu amo somente minha esposa, mas não se
segue com uma certeza dedutiva. Esse é o mesmo tipo de equivoco lógico que Owen faz inúmeras
vezes no seu The Death of Death in the Death of Christ [A Morte da Morte na Morte de Cristo], e é uma
falácia lógica feita constantemente por Calvinistas Rígidos com respeito a extensão da expiação.
[2] Consequentemente, o fato que muitos versos falam que Cristo sofreu por suas “ovelhas”, sua “Igreja”
ou seus “amigos” não provam que Ele não morreu por outros agrupados nessas categorias.

Não existe nenhuma afirmação nas Escrituras que diz que Jesus morreu apenas pelos pecados do
eleito. Aqueles que sustentam a expiação limitada cometem a falácia da inferência negativa quando eles
inferem de certas afirmativas restritivas na Escritura concernente a morte de Cristo que Ele morreu
somente pelos pecados daqueles que são mencionados. Calvinistas Rígidos falham em tratam
adequadamente os muitos versos no Novo Testamento que afirmam expiação universal.

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, p. 93


Tradução: Walson Sales

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[1] Dabney, Lectures in Systematic Theology [Palestras em Teologia Sistemática], 521.

[2] Até mesmo R. Reymond, um Hiper-Calvinista supralapsário notou que “É verdade, claro, que
logicamente uma afirmação de particularidade em si não exclui necessariamente a universalidade. Isso
pode ser mostrado pelo principio de submissão na lógica Aristotélica, que declara que se todo S é P,
então pode ser inferido que alguns S são P, mas no sentido inverso, não pode ser inferido do fato que
alguns S são P que o restante de S não é P. Um caso em destaque é o ‘me’ de Gálatas 2.20: o fato que
Cristo morreu por Paulo individualmente não quer dizer que Cristo somente morreu por Paulo e por mais
ninguém” (R. Reymond, A New Systematic Theology [A Nova Teologia Sistemática] [2nd ed.; Nashville:
Thomas Nelson, 1998], 673-74).
A Expiação: Limitada ou Universal?
[Considerações Práticas]
22 de novembro de 2015 | Filed under: Arminianismo, Eleição, Tulip and tagged with: David Allen, Eleição, Expiação

David Allen

Considerações Práticas

Nós agora estamos preparados para voltar as questões de natureza prática. Aderir a expiação limitada,
se não tiver cuidado, pode impactar negativamente sete áreas da teologia prática.

1 – O Problema da Diminuição do Desejo Salvífico Universal de Deus

Calvinistas Rígidos tem problemas para defender a vontade salvífica universal de Deus a partir da
plataforma da expiação limitada. A questão básica envolve a pergunta de que se Cristo não morreu pelo
não eleito, como pode essa circunstancia ser reconciliada com passagens da Escritura tais como João
17.21,23; I Tm 2.4; e 2 Pe 3.9,[1] que afirmam que Deus deseja a salvação de todas as pessoas?
Calvinistas moderados e não-calvinistas não tem problema aqui desde que eles afirmam, de fato, que
Cristo morreu pelos pecados de todas as pessoas, e então Deus pode fazer “a oferta bem intencionada”
a todos. Perceba cuidadosamente, o ponto aqui não é somente nosso serviço de oferta de salvação a
todos por meio da nossa pregação, mas que o próprio Deus faz a oferta por meio de nós (2 Co 5.20).
Como Ele poderia fazer isso com integridade se Cristo não morreu pelos pecados de todas as pessoas?
Polhill escreveu sobre essa pergunta:

1. Eu argumento a partir da vontade de Deus. A vontade de Deus de salvação


como a causa básica dela, e a morte de Cristo, como a causa meritória dela, são
de igual dimensão. A vontade de salvação de Deus não se estende além da morte
de Cristo, pois então Ele deve pretender salvar alguns extra Christum. Nem a
morte de Cristo se estende além da vontade de salvação de Deus, pois então Ele
deve morrer por alguns que Deus não salvaria sobre termo algum; mas esses dois
são exatamente co-extensivos. Consequentemente, é observável que quando o
apóstolo fala do amor de Cristo pela Igreja, ele fala também que Ele deu a si
mesmo por ela (Efésios v. 25), e quando ele disse da vontade que Deus tem que
todo homem seja salvo (I Tm ii. 4), ele disse que Cristo deu a si mesmo em
resgate por todos (v. 6). Portanto, não se pode ter uma mais verdadeira medida da
extensão da morte de Cristo do que a própria vontade de salvação de Deus, do
qual o mesmo fez questão; assim, à medida em que a vontade de salvação se
estende a todos os homens, a morte de Cristo se estende a todos os homens.
Agora então, como pois Deus deseja a salvação de todos? Certamente assim que
eles crerem eles serão salvos. Nenhum teólogo pode negar isso, especialmente
vendo Cristo se colocar a si mesmo debaixo da ira de Deus tão positivamente,
“Esta é a vontade daquele que me enviou, que todo aquele que vê o Filho, e crê
nele, tenha a vida eterna” (João 6.40). Portanto, se Deus quer a salvação de todos
os homens, se eles crerem eles serão salvos; então, Cristo morreu por todos de
tal forma que se eles crerem eles serão salvos.[2]

Sem crer na vontade salvífica universal de Deus e numa extensão universal do pecado imputado em
Cristo não pode haver nenhuma oferta bem intencionada de salvação de Deus para o não-eleito que
ouvir a chamada do evangelho. A doutrina central do Hiper-Calvinismo é sua rejeição da doutrina que
Deus deseja a salvação de todos os homens[3] e eles têm acusado seus irmãos Calvinistas Rígidos de
inconsistência e/ou irracionalidade.[4] O surgimento do calvinismo no mundo evangélico tem
historicamente carregado em suas abas um surgimento do Hiper-Calvinismo também.[5] É crucial notar
que nenhum calvinista nunca se move do Calvinismo moderado para o Hiper-Calvinismo. Deve estar
primeiro engajado com a expiação limitada, e de lá ter que fazer o salto lógico na rejeição da oferta bem
intencionada do evangelho. O Hiper-Calvinismo não pode existir sem a crença em expiação limitada.

2 – Problemas para o evangelismo

Alguns calvinistas hoje estão engajados em evangelismo por uma simples razão que eles não sabem
quem são os eleitos, em adição a ordem missionária de Cristo.[6] Enquanto nós não sabemos quem são
os descrentes eleitos, esse motivo para evangelismo é insuficiente. O evangelismo deve ocorrer
porque a vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos de acordo com a sua vontade revelada.
Nós também temos que expressar e demonstrar o amor salvífico de Deus[7] pela humanidade de tal
forma que nós devemos ordenar a todos os homens o arrependimento, em nossa pregação do
evangelho, em nossos convites compassivos, e em nossa oferta indiscriminada do evangelho a todos. O
próprio coração e ministério de Cristo, nesse respeito, são nossos padrões. Nós devemos mostrar ao
perdido a suficiência de Cristo para salvá-los.[8] Em adição a ordem expressa evangelística de Cristo e a
vontade de Deus que todos sejam salvos, a real suficiência de Cristo para salvar todos os homens deve
também formar a base para nosso evangelismo. Conhecimento da vontade revelada de Deus deve guiar
nosso evangelismo, não nossa ignorância de Sua vontade secreta. Nossa atividade missionária deve ser
uma forma de adaptar a nós mesmos ao coração do próprio interesse missionário de Deus.

Em seu livro The Gospel and Personal Evangelism [O Evangelho e o Evangelismo Pessoal], Mark Dever
sugeriu três motivos para evangelismo: obediência a Escritura, amor pelos perdidos e amor por Deus.
[9] Eu concordo completamente, mas Dever falha em mencionar dois outros motivos críticos: a morte de
Cristo por todos os homens e a vontade salvífica universal de Deus. A menos que eu tenha perdido, seu
livro nunca menciona esses dois como motivos para evangelismo. Claro, Dever não pode afirmar a morte
de Cristo pelos pecados de todos os homens porque ele defende a expiação limitada. Sua teologia
proíbe. Eu presumo que ele concordaria com a vontade salvífica universal de Deus, embora ele em
nenhum lugar explicitamente declare isso em seu livro, tanto quanto eu possa falar.

Calvinistas Owenicos inadvertidamente minam a oferta bem intencionada do evangelho. Os Cristãos


devem evangelizar porque Deus deseja que todos os homens sejam salvos e ele fez expiação por todos
os homens, assim removendo as barreiras legais que exigem a condenação deles. Possivelmente um
Calvinista Rígido não pode olhar uma congregação em seus olhos ou até mesmo um simples pecador
descrente nos olhos e dizer “Cristo morreu pelos seus pecados”. Além do mais, quando os Calvinistas
Rígidos dizem, “Cristo morreu pelos por pecadores”, o termo “pecadores” torna-se uma palavra código
para “somente o eleito”.[10] Para ser consistente com a sua própria teologia, eles tem que dizer
propositalmente a vaga declaração “Cristo morreu pelos pecadores”. Desde que Cristo não morreu pelos
pecados do não-eleito e desde que eles não sabem quem são os eleitos, é simplesmente impossível em
uma pregação ou numa situação de testemunho dizer a todos diretamente “Cristo morreu por você”.
[11] Eu não vejo como essa posição insustentável pode fazer alguma coisa, mas minar o entusiasmo
evangelístico desde o atual “salvabilidade” dos ouvintes pode estar em questão secretamente.

Nathan Finn criticou Jerry Vines por dizer “Quando um calvinista é um ganhador de almas, isso ocorre a
despeito de sua teologia”.[12] Curiosamente, Curt Daniel, um calvinista moderado, destacou que João
Bunyan, um calvinista que abraçou a expiação universal, alegou que alguns serão salvos embora o
Evangelho Particularista e que aqueles que desejarem, são salvos apesar do elemento distintivo, não por
causa dele.[13]

3 – Problemas para a Pregação

Tudo que opera para minar a centralidade, universalidade e necessidade da pregação está errado. Tudo
o que faz dos pregadores hesitantes para fazer a proclamação atrevida[14] do evangelho a todas as
pessoas está errado. Pensar que Cristo sofreu apenas por alguns afetará profundamente a pregação.
Pregadores não sabem quem são os eleitos então eles devem pregar a todos como se a morte de Cristo
fosse aplicável a eles mesmo embora eles sabem e crêem que todos não são passíveis de salvação.
Essa postura parece fazer pregadores operar em uma base de algo que eles sabem ser uma inverdade
e cria um contexto problemático para a pregação no púlpito.

Antes, porque Cristo, de fato, morreu pelos pecados de todos, o próprio Deus está oferecendo salvação
a todos, e o pregador pode pregar uma proclamação atrevida de salvação para todos, oferecendo os
benefícios de Cristo a cada pessoa singular (2 Co 5.18-21). João Bunyan manteve que o evangelho é
para ser pregado a todos porque o propósito para a morte de Cristo estende-se a todos.[15] Curt Daniel
destacou como Calvino alertou “que se limite o ‘todos’ da expiação, então se limita a vontade salvífica
revelada de Deus, que necessariamente infringe a pregação do evangelho e diminui a ‘esperança de
salvação’ daqueles a quem o evangelho é pregado”.[16]

Escrevendo sobre expiação limitada, Waldron fez esse comentário: “A livre oferta do evangelho não
requer de nós falar aos homens que Cristo morreu por eles”. Ele também explica que “essa forma de
pregar é totalmente sem precedente bíblico”, que “se a livre oferta do evangelho significa dizer a
pecadores inconversos, ‘Cristo morreu por você’, então a redenção particular seria inconsistente com a
livre oferta”, e que “em lugar nenhum da Bíblia é o evangelho proclamado falando a pecadores
inconversos que Cristo morreu por eles”.[17] Essa ultima afirmação é extraordinária. Tal afirmação
ousada é contraditada diretamente em inúmeras passagens no Novo Testamento. Por exemplo,
considere a declaração de Paulo do evangelho que ele pregou em I Co 15.3 (NKJV): “Porque
primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo
as Escrituras”. Note que Paulo está dizendo aos Coríntios que ele pregou para eles antes deles serem
salvos! Ele pregou para eles: “Cristo morreu pelos seus pecados”. A declaração de Waldron é também
contraditada por Atos 3.26 (NKJV): “Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para
que nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um de vós, das vossas iniqüidades”. Pedro está dizendo a
sua audiência descrente que Deus enviou Jesus para abençoar cada um e todos entre eles e cada um
deles e apartar cada um deles das suas iniqüidades. Esta mensagem é equivalente a Pedro dizendo que
Cristo morreu por você. Como poderia Jesus salvar cada um deles (que é o que benção e apartar da
iniqüidade envolve) se Ele na verdade não morreu pelos pecados de todos eles? Certamente “cada um”
dos judeus que Pedro endereçou essas palavras devem estar incluídos alguns que foram não-eleitos!
Como se esses versos não fossem suficientes, o que Waldron fará com Lucas 22.20-21?
“Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: ‘este cálice é o Novo Testamento no Meu
Sangue, que é derramado por vós. Mas eis que a mão do meu traidor está comigo na mesa’”. Aqui Jesus
claramente declara que seu sangue foi derramado por Judas.[18] Dizer que Judas não estava na mesa
na hora não oferece desculpa desde que o texto claramente declara que ele estava. O próprio Calvino
diz explicitamente que Judas estava na mesa em inúmeros lugares em seus próprios escritos.[19] Se
Jesus derramou seu sangue por Judas, então sua morte não foi restrita somente ao eleito, pois Judas
não estava entre os eleitos. A livre e bem intencionada oferta do evangelho por todas as pessoas
pressupõe necessariamente que Cristo morreu pelos pecados de todos os homens em algum
sentido[20].

J.C. Ryle disse bem isso:

Eu não estarie em dívida com ninguém ao manter que Jesus ama toda a
humanidade, veio ao mundo por todos, morreu por todos, proveu redenção
suficiente por todos, chama a todos, convida a todos, ordena a todos ao
arrependimento e crença; e deve ser oferecido a todos – livremente,
completamente, sem reservas, diretamente, incondicionalmente – sem dinheiro e
sem preço. Se eu não adoto isso, eu não me atrevo a ir ao púlpito, e eu não
entendo como se deve pregar o evangelho.

Mas enquanto eu abraço tudo isso, eu mantenho firmemente que Jesus fez uma
obra especial por aqueles que creem que Ele não faz por outros. Ele os vivifica
pelo seu Espírito, os chama pela sua graça, os lava em seu sangue – os justifica,
os santifica, mantém, os conduz e continuamente intercede por eles – que eles
não possam cair. Se eu não creio em tudo isso, eu deveria ser um cristão muito
miserável e infeliz.[21]

Essas palavras refletem exatamente meus sentimentos. Pessoas não são condenadas por falta de um
sacrifício suficiente substitutivo, mas por seus pecados e falta de fé. Um homem não pode ser punido por
rejeitar o que nunca foi oferecido por ele em primeiro lugar. Expiação limitada afeta negativamente a
pregação porque proíbe o pregador de pregar, “Cristo morreu por seus pecados!” de modo que ouvintes
desesperados podem estar certos que Deus não somente deseja, mas também está preparado para
salvá-los.
4 – Problemas concernentes a fornecer chamadas do altar

Na conferência de pastores em Michigan em Novembro de 2008, um professor do seminário da


convenção Batista do Sul falou sobre o assunto “A Cruz e a Confiança Evangelística”. O destaque de
sua mensagem enfatizava que um pastor não precisa, de fato, não deve oferecer uma chamada
evangelística do altar. Ele sustentou que uma chamada evangelística do altar não é bíblica e também
argumentou que oferecer uma chamada evangelística do altar é equivalente a tentar manipular a
soberania de Deus. Alan Street derrubou ambas dessas declarações em uma monografia.[22] Street que
serve como o W.A. Criswell Professor de pregação no Criswell College em Dallas, Texas, e é um Batista
do Sul, escreveu sua dissertação de doutorado nesse assunto. Ele demonstrou conclusivamente que
uma chamada do altar é historicamente substanciada, biblicamente afirmada e teologicamente validada.
Incidentalmente, Street é um calvinista moderado. O volume de Street tem um apêndice onde ele apela
diretamente a seus irmãos reformados para não rejeitar o uso da chamada do altar.[23] Eu posso
também adicionar que em conversa pessoal com o Dr. Louis Drummond antes de ele ir para casa [dormir
no Senhor], Drummond me falou que durante suas pesquisas na Inglaterra para sua biografia definitiva
sobre Charles Spurgeon, ele encontrou relatos de testemunhas oculares do uso ocasional de Spurgeon
da chamada do altar após sua pregação em um cofre sem lacre recente contendo os arquivos da
Controvérsia Downgrade. Esses relatos, claro, derrubaram um mito comum entre os Calvinistas que
Spurgeon nunca fez chamadas do altar.

Muitos Calvinistas rejeitam a chamada do altar precisamente porque eles engajaram-se com a expiação
limitada. Embora de caráter testemunhal em natureza, as observações confirmam que virtualmente todos
os Calvinistas que falam ou escrevem contra a chamada do altar, acontecem de ser high-calvinistas.

5 – Problemas quando o Calvinismo é Igualado com o Evangelho

Apesar da famosa citação de Spurgeon,[24] o Calvinismo não é o evangelho. Como Greg Welt disse
falando “francamente” (palavras dele) para seu companheiro Calvinista, tal afirmação é “tanto enganosa
quanto inútil”, e se levado muito a sério, “faria o circulo de companheirismo pouco menor do que Cristo
mesmo fez”.[25] Calvinismo não é o sine qua non [condição necessária do evangelho] do evangelho.
Alguns calvinistas modernos postaram um link necessário entre a substituição penal e a expiação
definitiva de tal forma que eles tendem a igualar o calvinismo com a mensagem do evangelho. Para eles
substituição penal igual a expiação limitada, e, portanto, expiação limitada torna-se um componente
necessário do evangelho. Que os reformadores que retomaram o aspecto da substituição penal da morte
de Cristo que rejeitaram a expiação limitada é interessante. O argumento que a rejeição da expiação
limitada implica a necessidade de negar a substituição penal ultimamente se apoia em uma confusão
entre débito comerciale débito penal, como já tem sido destacado. Tais pensamentos podem reduzir a
mensagem do evangelho a uma mensagem sobre como Deus quer juntar os eleitos em vez do desejo
sincero de Deus de salvar a todos que ouvirem a mensagem. Quando o calvinismo é igualado ao
evangelho, alguns calvinistas tornam-se militantes de tal forma que qualquer ataque ao sistema deles é
equivalente a um ataque ao evangelho.
6 – Problemas quando Igrejas Não-Calvinistas entrevistam um Potencial Pastor Calvinista ou
Membro do Quadro de Funcionários

Um dos problemas crescentes na Convenção Batista do Sul que parece ser correlato com o aumento do
número de jovens graduados seminaristas que são Calvinistas em sua soteriologia, concernente ao
processo de entrevista entre igrejas e candidatos a pastorais/membros do quadro de funcionários. A
vasta maioria das igrejas Batistas do Sul não são calvinistas. Quando essas igrejas entrevistam
potencias pastores e membros do quadro de funcionários que são calvinistas os problemas emergem a
menos que ambas as partes sejam claras como o cristal sobre sua crença e a menos que ambas as
partes perguntem e respondam questões contundentes e não de forma vaga. A maioria da evidência
para esse problema é de caráter testemunhal por natureza, mas eu sou pessoalmente consciente de
inúmeros exemplos. Não apenas algumas igrejas na Convenção Batista do Sul estão atualmente
divididas sobre esse assunto.

Com certa frequência um pastor procura o comitê que não é teologicamente astuto o suficiente para
perguntar o tipo de questão que determina o que um potencial pastor acredita sobre Calvinismo e
particularmente sobre a extensão da expiação. Deixe-me ilustrar com um caso hipotético. Suponha que
um candidato é perguntado sobre a seguinte questão: “Você acredita que Cristo morreu pelo mundo?”. O
questionador entende a palavra “mundo” se refere a todas as pessoas sem exceção. O questionador
também entende “morreu por” significar “morreu pelos pecados do” mundo. Calvinistas Rígidos
acreditam que Cristo morreu pela humanidade em um sentido que a morte dele traz graça comum, mas
não que Cristo morreu pelos pecados do mundo. Nenhum Calvinista Rígido pode dizer “Cristo morreu
pelos pecados do mundo” a menos que eles entendam a palavra “mundo” significar o eleito. Mas essa
visão é precisamente como a maioria dos Calvinistas Rígidos entendem a palavra “mundo” em
passagens como João 3.16; eles interpretam isso significar somente o mundo do eleito e não cada
pessoa individualmente. Então, em nosso caso hipotético, quando um candidato é questionado, “Você
credita que Cristo morreu pelo mundo?”, ele pode responder “sim” para a pergunta por sua definição de
“mundo” e “morreu por”. O problema aqui é duplo. Primeiro, a questão do comitê é perguntada sem eles
terem consciência das nuances teológicas envolvidas no significado de “mundo” e “morreu por”. Embora
isso seja lamentável, é compreensível. Segundo, se o candidato responde “sim” para a questão, então
ele está respondendo a questão de acordo com sua definição da palavra “mundo” e “morreu por”, não de
acordo com o entendimento pretendido na questão pelo comitê. Se o candidato responde a questão na
afirmativa e ele sabe o entendimento do comitê para a questão deles para informar-se se Jesus na
verdade morreu pelos pecados de todo homem, então ocorreu uma violação da integridade. O candidato
tomou a decisão para tirar proveito da ambiguidade da questão. É incumbência do candidato Calvinista
responder a questão de acordo com o significado do questionador e não de acordo com o que ele
mesmo pode distinguir a palavra significar como se em uma discussão teológica com colegas calvinistas.
Se o candidato é chamado para a igreja como um pastor ou membro do corpo de funcionários e depois
começar a pregar ou a ensinar expiação limitada, resultará em problemas. Até mesmo quando a igreja
procura o comitê e não pergunta questões sobre a visão dos candidatos sobre Calvinismo, a sabedoria
pareceria ditar que o candidato deveria ser confrontado com o comitê sobre esses assuntos. É
incumbência de ambos, comitê e candidato procurar ser franco com o outro sobre exatamente o que
cada um acredita. O amor pela igreja e o desejo para não dividir a igreja deve impulsionar comitês e
candidatos, seja calvinista ou não.

7 – Problemas quando ser verdadeiramente um Batista do Sul é igualado com ser um Calvinista

Enquanto esse problema não pertence a expiação em si, está sobre o Calvinismo em geral e ilustra um
crescente problema na Convenção Batista do Sul. Quando Tom Ascol publicou o artigo de Tom Nettles
no Founders Journal, intitulado “Why Your Next Pastor Should Be a Calvinist” [Porque seu próximo
pastor deveria ser um calvinista], a publicação desse artigo, junto com a postagem de declaração de
propósito do Founders Ministries Web Site, deixou óbvio que a agenda do movimento Founders na
Convenção Batista do Sul é mover o SBC em direção ao Calvinismo Rígido.[26] Leia cuidadosamente o
próprio Ascol comentar sobre o artigo do Nettles:

O tema do último Founders Journal (Inverno de 2008) é “o outro ressurgimento”.


Contém artigos de Tom Nettles e Christian George, representando a “velha
guarda” do esforço de reformulação dentro da SBC e o surgimento da geração
que é similarmente engajada com esses esforços. Dr. Nettles não precisa de
nenhuma apresentação para a maioria dos leitores do seu blog. Seu ministério de
ensino e escrita tem sido abençoado por Deus para chamar muitos de volta para
as suas raízes bíblicas e históricas como os Batistas do Sul. Seu livro, By His
Grace and For His Glory [Por sua graça e para sua glória] (recentemente revisado,
atualizado e republicado por Founders Press) nunca foi sequer seriamente
contatado, muito menos refutado por aqueles que lamentam o ressurgimento das
doutrinas da graça entre os Batistas nos últimos 25 anos. Essa é uma obra
clássica. O artigo de Tom nessa questão do Founders Journal é intitulado, “Porque
seu próximo pastor deve ser um calvinista”, eu recomendo altamente.[27]

Primeiro, perceba a frase “o outro ressurgimento”. Essa frase é, claro, uma referência ao ressurgimento
do Calvinismo dentro da Convenção Batista do Sul. Segundo, Ascol fala do “ministério de ensino e
escritos” de Nettles sendo “abençoado por Deus para chamar de volta as próprias raízes bíblicas e
históricas com os Batistas do Sul” [ênfase adicionada]. A referência de Ascol para as nossas raízes
“bíblicas” implica que aqueles que não afirmam o Calvinismo são “não bíblicos”. Quando ele fala das
nossas raízes “históricas”, Ascol está distorcendo o registro histórico dos Batistas do Sul com respeito ao
Calvinismo. Ele está prejudicando a homenagem Charleston contra a homenagem Sandy Creek. Richard
Land disse comoventemente concernente a história Batista do Sul e Calvinismo: “desde o primeiro
grande avivamento, a tradição separada Batista Sandy Creek tem sido nossa melodia, com Charleston e
outras tradições providenciando harmonia”.[28] Founders Ministries tem errado principalmente em
transferir a melodia para a tradição Charleston na vida dos Batistas do Sul. Terceiro, eu não posso
imaginar usar tal título como “Porque o seu próximo pastor deve ser um calvinista”, muito menos
argumentar o tópico impresso. O próximo pastor da igreja deve ser o homem que Deus leve a igreja a
chamar, calvinista ou não. Imagine os protestos se algum grupo de não-calvinistas publicassem um
artigo intitulado “Porque o seu próximo pastor não deve ser um calvinista”. Claro, Ascol está dentro de
seu direito para direcionar o Founders Ministries e publicar tal artigo em seu jornal. Estes direitos não
estão em questão. O que está em questão é se tal artigo constitui evidência que ele tem uma
agenda para pressionar o ressurgimento do Calvinismo dentro da Convenção Batista do Sul e se tal
agenda é um problema para a Convenção Batista do Sul. Em meu julgamento a evidência claramente
indica que ambos são verdade.

Considere o comentário de Nettles em seu capítulo “A Historical View of the Doctrinal Importance of
Calvinism Among Baptists” [A Visão Histórica da Importância Doutrinária do Calvinismo entre os Batistas]
no livro Calvinism: A Southern Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Diálogo Batista do Sul]. Ele concluiu
com uma declaração que qualquer esforço para procurar a repressão ou eliminação do calvinismo dentro
da SBC poderá ser “uma tragédia teológica e um suicídio histórico”.[29] Eu certamente concordo. Na
próxima sentença Nettles introduziu uma longa citação de P.H. Mell com o seguinte comentário: “De fato,
pode-se argumentar junto com P.H. Mell que exatamente o oposto poderá ser o caso”.[30] O que
exatamente Mell disse para obter tal comentário de Nettles? A primeira parte da citação que Nettles fez
de Mell lê-se como segue:

Em conclusão, se torna uma séria e prática questão – se nós não devemos fazer
essas doutrinas [as doutrinas da graça] a base de todas as nossas ministrações
do púlpito. Se é, de fato, o sistema do evangelho, sustentado por tais argumentos,
e atestado por tais efeitos, cada ministro deve estar imbuído com tal espírito, e
paramentado com seus arsenais; não é necessário, de fato, que nós devemos
apresentar sua verdade, sempre numa forma de teologia dogmática ou polêmica –
mesmo embora essas não devem ser inteiramente negligenciadas, se nosso povo
não está, ainda, completamente indoutrinado.[31]

Nettles continua a citação de Mell que delineia “As Verdades Fundamentais” das “Doutrinas da Graça”.
Curiosamente, Mell menciona a Depravação Total e a Perseverança dos Santos, mas ele não diz nada
especificamente concernente a Eleição Incondicional, Expiação Limitada e Graça Irresistível. Mell está
claramente advogando que essas doutrinas do calvinismo devem ser a “base de toda nossa ministração
do púlpito”. Ele chama as doutrinas da graça de “O Sistema do Evangelho” e indica “nosso povo” deve
estar “completamente indoutrinado” nelas. Deve-se de fato argumentar, como Nettles disse, o ponto de
Mell, mas o ponto é que não se deve argumentar esse ponto. Existe um grande abismo entre “poderia” e
“seria” e “deveria”. Eu pego a impressão distinta que Nettles gostaria, de fato, de argumentar isso e que
ele tem semanticamente feito para querer dizer da citação de Mell.

Jeff Noblit concluiu “The Rise of Calvinism in the Southern Baptist Convention: Reason for Rejoicing” [O
surgimento do Calvinismo na Convenção Batista do Sul: Razão para Regizijo] com essas palavras: “Eu
estou convencido que o crescimento do espírito cheio, o Calvinismo evangelístico é um agente essencial
para o reavivamento e reformulação necessária a fim de construir verdadeiras igrejas fortes e trazer a
glória de Deus que Ele merece”.[32] Olhe a sentença cuidadosamente. Noblit está convencido que o
Calvinismo é um agente essencial necessário para o avivamento e reformulação da igreja a fim de
construir igrejas verdadeiras. O Calvinismo é essencial para o avivamento que nós precisamos? Podem
nossas igrejas ser verdadeiras somente quando elas estão permeadas com teologia Calvinista? Tais
declarações e suas implicações são problemáticas.
Concluindo, com respeito ao Calvinismo e a SBC, tentar espantar todos os Calvinistas não poderá nos
juntar na SBC. Tentar retornar como uma convenção da chamada teologia do calvinismo “Founders”
também não nos unirá. Se nós vamos nos unir, nós devemos fazer como Batistas, não como Calvinistas
e não-Calvinistas. Nós devemos nos unir ao redor dos distintivos Batistas que é a única coisa que pode
nos manter juntos: uma teologia Batista bíblica unida para um Ressurgimento da Grande Comissão de
evangelismo e missões. É direito de cada e todo Batista estar persuadido que o Calvinismo reflete o
ensino da Escritura. Ser um Calvinista não deve ser uma convenção criminosa. Os Calvinistas tem e
sempre devem ser livres para ter um lugar na mesa da SBC. Qualquer igreja que sentir conduzida por
Deus chamar um pastor Calvinista deve fazer sem hesitação. Por outro lado, o Calvinismo não deve ser
uma causa nem uma convenção. Quando Calvinistas, individualmente ou como grupos organizados,
procurar fazerem dele como uma causa com a intenção de mover a SBC em direção ao Calvinismo,
então nós temos e vamos continuar a ter um problema. Deixe-nos debater a teologia do Calvinismo e
deixe as fichas caírem onde elas podem, mas deixe-nos refrear de tentar Calvinizar ou Descalvinizar a
SBC. A maioria dos Batistas tem sempre visto usar o termo do Dr. Léo Garrtet, “Calminianos”.

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 94-107


Tradução: Walson Sales

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[1] E. Hulse e R. Letham tem dealt com os erros da interpretação Owenica de 2 Pedro 3.9 em “John
Owen e 2 Pedro 3.9”, Reforma Hoje 38 (Julho-Agosto., 1977): 37-38.

[2] E. Polhill, “The Divine Will Considered in Its Eternal Decrees” [A Vontade Divina Considerada em seus
Decretos Eternos], em The Works of Edward Polhill [As Obras de Eduard Polhill], 163-64.

[3] Tanto Curt Daniel quanto Ian Murray associaram a negação do desejo salvífico universal de Deus
com o Hyper-Calvinismo desde que isso é o ponto chave na disputa com respeito a livre oferta. C.
Daniel, The History and Theology of Calvinism [A História e Teologia do Calvinismo], 90; I.
Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism:The Battle for Gospel Preaching [Spurgeon v. Hyper-Calvinismo: A
Batalha Pela Pregação do Evangelho] (Carlisle, PA: Banner of Truth, 2000), 89. Murray sumariza seu
livro como segue: “O Livro pretende mostrar a diferença momentânea entre a crença de evangelismo
calvinista e essa forma de calvinismo que nega qualquer desejo da parte de Deus para a salvação de
todos os homens” (I. Murray, “John Gill and C.H. Sproul”, Banner of Truth 386 [Nov. 1995], 16). Na
correspondência de Murray com David Engelsma sobre o objeto da livre oferta, ele escreveu: “A questão
crítica aqui, claro, não é o mero uso do termo ‘oferta’, mas se a oferta do evangelho é uma expressão do
desejo de Deus de que isso deve ser recebido pelos pecadores”. Veja Banner of Truth 307 (Dezembro de
1995): 24-25. Em uma crítica do livro de David Silversides que defende a livre oferta, Murray diz:
“Paralelo a questão do não desejo, não irá, nós achamos, agitar a declaração dos Hyper-Calvinistas, que
a livre oferta, expressiva do amor por todos, atribui duas vontades a Deus – cumprida no caso do eleito e
não-cumprida no caso de todos os outros…nós não achamos que a Escritura nos permite fazer a
questão do desejo secundário de Deus” (“Books Reviews”, Banner of Truth 507 [Dezembro. 2005], 22.
[4] Em 7 de Dezembro de 2001 na Lista de Teologia [fórum de discussão], Phil Johnson disse o seguinte
para um Hyper-Calvinista: “A raiz de seu problema é que você aparentemente imagina que existiria um
conflito na vontade de Deus, se Deus, que não ordenou alguns homens para a salvação, contudo deseja
que todos os homens se arrependam e busquem sua graça. Isso é, de fato, precisamente o falso dilema
que praticamente todos Hyper-Calvinistas fazem para si mesmo. Eles não podem reconciliar a vontade
preceptiva de Deus com sua vontade decretiva, então eles acabam (geralmente) negando a sinceridade
da vontade preceptiva, ou senão negando que a súplica e chamadas a salvação se aplicam a todos que
ouvirem o evangelho”. http://groups.yahoo.com/group/Theology_list. Também, em um livro tratando
várias questões relacionadas com o Teísmo Aberto, Johnson tratou com a questão de se Deus em algum
sentido “deseja” o que ele não faz acontecer. Ele diz que a Escritura “com frequência imputa desejos não
cumpridos a Deus” e cita vários versos importantes. Ele então corretamente adverte contra tomar
“expressões de desejos e ânsias do coração de Deus” em um “sentido simplisticamente literal” como se
isso resultaria em comprometer a soberania de Deus. Portanto, “O Deus ansioso expresso nesses
versos devem em algum grau ser antropopáticos”. Johnson diz que, contudo, nós “devemos também ver
que essas expressões significam alguma coisa. Elas revelam um aspecto da mente divina que é
totalmente impossível reconciliar com a visão daqueles que insistem que os decretos da soberania de
Deus são iguais aos seus ‘desejos’ em cada sentido distinto. Não existe nenhum sentido em que Deus já
desejou para ou prefere qualquer outra coisa do que o que realmente ocorre (incluindo a queda de Adão,
a condenação do ímpio, e todo mal entre eles)? Minha própria opinião – e eu acho que Dabney teria
concordado – é que aqueles que recusam ver qualquer expressão verdadeira do coração de Deus, tudo
em suas exclamações optativas tem abraçado o erro do espírito do Hyper-Calvinismo”. (P. Johnson,
“God Without Mood Swings,” [Deus sem estado variado], em Bound Only Once: The Failure of Open
Theism [Provado somente uma vez: A Falha do Teísmo Aberto] [ed., D. Wilson; Moscow, ID: Canon
Press, 2001], 118). Esse artigo também pode ser acessado aqui:
htpp//www.spurgeon.org/~phil/articles/impassib.htm. Ambas as citações de Johnson (em adição a sua
referencia a vontade de Deus em sua Primer on Hyper-Calvinism [Excelência sobre Hyper-Calvinismo])
pareceria implicar James White (Alpha & Omega Ministries) como um Hyper-Calvinista desde que White
concorda com a visão de Reymond de que Deus não deseja a salvação do não-eleito em nenhum
sentido. Ambos, White e Reymond acham que afirmando o contrário imputa irracionalidade a Deus, e
Reymond apela explicitamente aos ensinos de John Gill a esse respeito. Veja R. L. Reymond, A New
Systematic Theology [A Nova Teologia Sistemática], 692-93. White não somente está criando caso
contra as expressões optativas, como Johnson parece pensar. Ambos, Reymond e White rejeitam
o conceito que Deus deseja a salvação de todos os homens. Tudo o que pode ser, é contudo claro que
White, um Batista Reformado, está meticulosamente fora de sincronia com as fortes declarações de Sam
Waldron sobre a vontade de Deus e João 5.34 como ele expõe a “livre oferta” ensinada na Confissão
Batista de Londres de 1689. Veja a Modern Exposition of the 1689 Baptist Confession of Faith
[Exposição Moderna da Confissão de Fé Batista de 1689] de Waldron (Darlington, UK: Evangelical
Press, 1989), 121-22. Em contraste com White, e como eu notei durante a conferencia João 3.16, Tom
Ascol concorda com a visão da ortodoxia calvinista de Johnson que “Deus deseja que todas as pessoas
sejam salvas” em Sua vontade revelada. É, portanto, problemático achar que Ascol (ou qualquer outro
entre os Fundadores do Movimento Batista do Sul) se aliaria a White, um Batista Calvinista que não é do
sul que rejeita a oferta bem intencionada do evangelho, quando planeja debater com outros Batistas do
Sul sobre calvinismo. Esse foi meu ponto na conferencia 3.16.
[5] Johnson escreveu em um artigo online em 1998: “eu escrevi e postei este artigo porque eu estou
preocupado sobre algumas tendências sutis que parecem um sinal de um surgimento do Hyper-
Calvinismo, especialmente dentro do grupo de jovens calvinistas e os novos reformados. Eu tenho visto
essas tendências em inúmeros fóruns de teologia Reformada na internet … A história nos ensina que o
Hyper-Calvinismo é tanto uma ameaça para verdade do calvinismo como o Arminianismo é.
Praticamente cada avivamento do verdadeiro calvinismo desde a era Puritana foi sendo sequestrado,
aleijado ou por fim morto pela influencia do Hyper-Calvinismo. Calvinistas modernos fariam bem estar em
guarda contra a influência dessas tendências mortais” (P. Johnson, “A Primer on Hyper-Calvinism”,
http//www.spurgeon.org/~phil/articles/hypercal.htm online).

[6] Essa é a ideia central destacada por J.I. Parker em Evangelism and the Sovereignt of God
[Evangelismo e Soberania de Deus](Downer’s Growe, IL: InterVarsity, 1991).

[7] Alguns calvinistas distinguem entre amor salvifico universal de Deus e amor redentivo desde que eles
acham o último pertence ao eleito somente, como Cristo morreu apenas pelos pecados dos eleitos.
Embora até mesmo alguns calvinistas históricos tem pensado que Cristo redimiu somente o eleito [dai
amor redentivo] na morte que ele morreu, eles ainda admitem que a vontade de Deus para salvar toda a
humanidade fora do seu amor benevolente [como diferenciado de um amor complacente]. Esses
termos benevolente e complacente são comuns em discussões calvinistas do amor de Deus,
especialmente entre escritores antigos.

[8] Essa foi a prática frequente de David Brainard. Veja “Life and Diary of the Rev. D. Brainard” [Vida e
Diário do Rev. D. Brainard] nas Works of Jonathan Edwards [Obras de Jonathan Edwards], 2:432.

[9] M. Dever, The Gospel and Personal Evangelism [O Evangelho e o Evangelismo Pessoal] (Wheaton,
IL: Crossway, 2007), 96.

[10] Veja declaração doutrinária “Together for the Gospel” [Juntos pelo Evangelho]. Perceba o uso
cuidadoso de frases como “Cristo morreu por pecadores” em inúmeros lugares ao invés de algo ao longo
das linhas de “Cristo morreu pelo mundo” ou por “todos os homens”, etc. Os lideres de “Together for the
Gospel” [Juntos pelo Evangelho] deliberadamente parecem evitar usar a amplamente óbvia ou
linguagem escriturística toda abrangente, para descrever a extensão da expiação, tal como 2Co 5.14
(“um [Jesus] morreu por todos”), 2Co 5.19 (“Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo”), e
Hb 2.9 (“Jesus experimentou a morte por todo homem”). Embora a linguagem deles é bíblica em um
sentido conotativo que aqueles por quem Cristo morreu são “pecadores” (como Paulo diz em Rm 5.8:
“Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores”, e novamente em I Tm 1.15 “Cristo Jesus veio ao
mundo para salvar pecadores”), a linguagem deles não é bíblica em um sentido denotativo que não
deixa explicita as palavras “Morreu por pecadores” que aparecem no NT. A linguagem confessional do
“Juntos pelo Evangelho” com respeito a extensão da expiação parece ser uma esquiva calculada dos
mais frequentes e mais explícitos termos bíblicos como “todos”, “mundo” e “todo homem”. Essa
ambiguidade estudada parece deliberada e pode ser guiada pelo compromisso deles com a doutrina da
expiação limitada. Em “Juntos pelo Evangelho”, o que une esses Batistas e Presbiterianos juntos
confessionalmente é o High-Calvinismo, ou mais especificamente a crença deles em expiação limitada.
[11] Eu tenho ocasionalmente ouvido isso ser dito em sermões de High-Calvinistas, mas quando isso é
feito, é uma inconsistência que mostra uma contradição direta com a teologia deles. A maioria dos High-
Calvinistas não usarão a terminologia “Cristo morreu por você” em seus sermões. Às vezes a teoria
deles não combina com a prática quando vem para a pregação. Considere essa citação de Spurgeon,
um High-Calvinista, endereçado aos descrentes: “venha, eu o imploro, ao monte calvário, e ver a cruz.
Diante do Filho de Deus, Ele que fez os céus e a terra, moribundo pelos seus pecados. Olhe para Ele,
não existe poder nele para salvar? Olhe em sua face uma completa compaixão. Não existe amor em seu
coração para provar que ele está disposto a salvar? Caro pecador, a vista de Cristo o ajudará a crer”
(Charles Spurgeon, “Compel Them to Come” [Os Compelir a Vir] em New Park Street Pulpit, vol. 5,
Sermão #227).

[12] N. Finn, “Southern Baptist Calvinism: Setting Record Straight”, 176.

[13] C. Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill”, 590.

[14] A “Proclamação atrevida” é dizer a cada homem que Cristo morreu pelos seus pecados segundo as
Escrituras.

[15] J. Bunyan, Reprobation Asserted [Reprovação Afirmada], nas Works of John Bunyan [Obras de João
Bunyan], ed. G. Offor (Avon, Great Britain: The Bath Press/Banner of Truth, 1991), 2:348.

[16] C. Daniel, “Hyper-Calvinismo and John Gill”, 603.

[17] S. Waldron, “The Biblical Confirmation of Particular Redemption [A Confirmação Bíblica da


Redenção Particular], em Calvinism: A Southern Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Diálogo Batista do
Sul], 149.

[18] Ele não pode dizer biblicamente que o “você” não inclui Judas, fornecendo o que Marcos 14.18 diz.

[19] Veja J. Calvino, Tracts and Treatises on the Doctrine and Worship of the Church [Tratos e Tratados
sobre a Doutrina e Adoração na Igreja], Vol. 2 (Trad. H. Beverididge; Grand Rapids: Eerdmans, 1958),
93, 234, 297, 370-71, 378, e também seu comentário sobre Mateus 26.21 e João 6.56.

[20] De acordo com De Jong, H. Hoeksema e outros na Igreja Reformada Protestante vêem “quatro
elementos indispensáveis” que constituem a ideia de oferta: (1) um honesto e sincero desejo da parte do
que oferece a dar alguma coisa, (2) que o que oferece possui isso que Ele oferece para algumas
pessoas, (3) um desejo que isso será aceito, e (4) que os destinatários da oferta são capazes de cumprir
a condição da oferta. Concernente ao seu segundo elemento, a possessão da parte de Deus deve ser
um remédio extrinsecamente suficiente para os pecados de todos aqueles que ouvirem a chamada do
evangelho, e essa é uma das razões chaves do Hyper-Calvinista Hoeksema rejeitar a visão que Deus é
o fornecedor da oferta bem intencionada para todos por meio da proclamação do evangelho. Veja A. De
Jong, The Well-Meant Gospel Offer: The Views of H. Hoeksema and K. Schilder [A Oferta Bem
Intencionada do Evangelho: As Visões de H. Hoeksema e K. Schilder] (Franeker: T. Wever, 1954), 43.
[21] J.C Ryle, Expository Thoughts on the Gospel.

[22] R. A. Street, The Effective Invitation [O Convite Efetivo] (Grand Rapids: Kregel, 2004).

[23] Ibid., 238-45. Veja também o capítulo de Street sobre esse assunto nesse volume.

[24] C.H. Spurgeon, The Autobiography of Charles H. Spurgeon [A Autobiografia de Charles H.


Spurgeon] (Cincinnati: Curts & Jennings, 1898), 1: 172.

[25] G. Welty, “Election and Calling: A Biblical Theological Study,” [Eleição e Chamada: Um Estudo
Bíblico Teológico] em Calvinism: A Southern Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Dialogo Batista do Sul],
243. Quando John MacArthur esteve no púlpito da Primeira Igreja Batista em Woodstock, Geórgia,
durante uma conferência em 2007 e disse, “Jesus foi um calvinista”, tal declarada infortunada exacerbou
a situação entre calvinistas e não calvinistas. Eu amo e aprecio John MacArthur. Eu tenho lido a maioria
de tudo o que ele tem escrito, e eu tenho ouvido a sua pregação no rádio por 30 anos, mas tal
declaração é um absurdo em inúmeros níveis. Para iniciar, isso é um anacronismo, desde que a vida de
Jesus antecedeu a de Calvino em 1500 anos. Segundo, MacArthur, como um high-Calvinista, implicou
por sua declaração que Jesus abraçou a expiação limitada, uma posição que nem Calvino abraçou.
Terceiro, os protestos de Calvinistas se um não-calvinista proeminente dissesse, “Jesus foi um Não-
calvinista” ou “Jesus foi um Arminiano”.

[26] T. Nettles, “Why Your Next Pastor Should Be a Calvinist” [Porque seu próximo pastor deve ser um
calvinista] Founders Journal 71 (Inverno de 2008): 1-15.

[27] T. Ascol, “The Other Ressurgence” [O Outro Ressurgimento] – FJ 71, Founders Weblog, Quarta
Feira, 2 de Abril de 2008, htpp://www.founders.org/blog/archive/2008_04_archive.html; acessado em 29
de Outubro de 2008.

[28] Veja a pagina 50 desse volume [deste livro].

[29] T. Nettles, “A Historical View of the Doctrinal Importance of Calvinism Among Baptists” [Uma Visão
Histórica da Importância doutrinária do calvinismo entre os batistas], em Calvinism, 68.

[30] Ibid.

[31] Ibid., P.H. Mell, Calvinism: An Essay Read Before the Georgia Baptist Minister’s Institute [Calvinismo:
Um ensaio lido antes do Instituto do Ministério Geórgia Batista] (Atlanta: G.C Conner, 1868: reimpresso
Cape Coral: Christian Foundation, 1988), 19-20.

[32] J. Noblit, “The Rise of Calvinism in the Southern Baptist Convention: Reason for Rejoicing,” [O
Surgimento do Calvinismo na Convenção Batista do Sul: Razão para Regozijo], Calvinism: A Southern
Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Dialógo Batista do Sul], 112.
A Expiação: Limitada ou Universal?
[Conclusão]
22 de novembro de 2015 | Filed under: Eleição, Expiação, Tulip and tagged with: David Allen, Eleição, Expiação

David Allen

Conclusão

Eu tenho tentado demonstrar o seguinte: (1) Historicamente, nem Calvino nem a primeira geração de
reformadores abraçaram a doutrina da expiação limitada. Desde o inicio da reforma até o presente,
inúmeros Calvinistas tem rejeitado, e além do mais, essa doutrina representa uma saída do consenso
cristão histórico que Cristo sofreu pelos pecados de toda humanidade. (2) Biblicamente, a doutrina da
expiação limitada simplesmente não reflete o ensino da Escritura. (3) Teologicamente e logicamente,
expiação limitada é falha e indefensável. (4) Do ponto de vista prático, a expiação limitada cria sérios
problemas para a vontade salvífica universal de Deus; ela provê um fundamento insuficiente para o
evangelismo por minar a oferta bem intencionada do evangelho; ela mina a proclamação ousada do
evangelho na pregação; e contribui para a rejeição de métodos válidos de evangelismo tais como o uso
da chamada evangelística do altar.

Eu não posso ajudar mas relembro as palavras do venerável distinto professor de Novo Testamento
aposentado na Southwestern Baptist Theological Seminary, Dr. Jack McGorman, em seu inimitável estilo
e sotaque: “a doutrina da expiação limitada trunca o evangelho por serrar os braços da cruz perto demais
da estaca”.[1] A Convenção Batista do Sul deve mover-se em direção aos “Cinco Pontos” do
Calvinismo? Tal mover não seria, em minha opinião, útil.[2]

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, p. 107


Tradução: Walson Sales

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[1] Falado ao autor em uma conversa pessoal.

[2] Nós devemos ler as obras de Thomas Lamb, Batista do século 17 e calvinista, que disse: “…já eu não
nego, mas eu subsidio com ele [John Goodwin], que a negação da morte de Cristo pelos pecados de
todos, desmerece a filantropia de Deus, e o nega ser um amante dos homens e em cada ato destrói o
próprio fundamento e base da fé cristã” (Thomas Lamb, Absolute Freedom from the Sin by Christs Death
for the World [Liberdade Absoluta do pecado pela morte de Cristo pelo mundo] [Londres: Impresso por
H.H. para o autor para ser vendidos por ele, 1656], 248).

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