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ANÁLISE CRÍTICA DO MOVIMENTO G12

Pr. Valdir Stephanini


Primeira Igreja Batista Cidade da Serra - ES

Introdução

Em 1 Tessalonicenses 5.21 a Bíblia ordena que todas as coisas precisam ser


analisadas criticamente. Diante disto, nos propomos a analisar criticamente o
Movimento G 12, também conhecido como Modelo dos 12 ou simplesmente
G12.

Iniciaremos verificando as vertentes de onde o Movimento brotou e algumas


brechas por onde tem penetrado. Apresentaremos os seus representantes no
Brasil, sua metodologia, doutrinas e práticas. Para esclarecimento dos leitores
batistas, oferecemos a posição oficial da Convenção Batista Brasileira. Na
parte final mencionaremos alguns encantos e desencantos do Movimento e
estaremos levantando algumas questões para a incentivar a continuidade da
reflexão sobre o assunto.

1. VERTENTES DO G12

1.1. Movimento de Cursilhos de Cristandade (MCC) 

A metodologia dos pré-encontros, encontros e pós-encontros, adotadas pelo


G12, foi inspirada no Movimento de Cursilhos de Cristandade da Igreja
Católica. Pode-se constatar este fato ao ler o livro "A Mensagem do
Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil" escrito pelo Pe. José
Gilberto Beraldo e "Os Cursilhos de Cristandade por Dentro" escrito pelo ex-
padre Dr. Aníbal Pereira dos Reis. Transcrevemos alguns trechos dos referidos
livros para se verificar as semelhanças.

O Movimento de Cursilhos ou a "obra dos cursilhos" teve seu início na década


de 40(Janeiro de 1949), na Ilha de Mallorca - Espanha (p.15) O método
característico do movimento surgiu do seu cunho vierncial, testemunhal,
simples, honesto e transparente, ainda que o entusiasmo daí resultante
pudesse tocar, de preferência, na emotividade das pessoas(...) Em Mallorca ,
os Cursilhos, postos sob suspeita, foram praticamente suspensos até fins de
1957, quando voltaram a ser reorganizados (p.16). Tratava-se de uma
tentativa de fazer com que o mundo, "de costas para Deus" se transformasse
em "cristão, pela ação de uma "cristandade" nos moldes das pequenas
comunidades primitivas(p.17). A primeira parte tratará da preparação para a
semeadura. É tempo do Pré-Cursilho. (...) A Segunda parte será dedicada ao
tempo da semeadura. É o tempo do Cursilho (...) A terceira parte tratará da
continuidade, da manutenção e do desenvolvimento da semeadura,
preparando a colheita do Reino de Deus. É o tempo do Pós-Cursilho (p.22). 

Depois são indicadas algumas qualidades para o candidato: devem ser líderes
reais ou potenciais, capazes de influenciar seus ambientes com suas decisões,
suas posturas, seu testemunho de vida; insatisfeitos com as circunstâncias em
cujo contexto estão vivendo(p.63). No contexto da grande MENSAGEM, esta é
uma mensagem de calor humano, de recepção fraterna e de acolhida
caridosa. Feita a recepção fraterna e as saudações iniciais, o coordenador faz
as comunicações de praxe. E já procura colocar os candidatos num clima de
reflexão anunciando que "o Reino de Deus está próximo", que é preciso abrir
os olhos e apurar os ouvidos para poder percebê-lo(p.102). Apresentação dos
que ali estão para auxiliar no bom andamento do encontro: pessoal da
cozinha, proclamadores da mensagem ou "mensageiros, encarregados de
zelar pelo bem estar de todos, etc. (p.103).

Falando sobre atitudes que favorecem ou dificultam a participação nos


encontros, o autor menciona : Atitudes Prejudiciais: falta de personalidade, de
capacidade para decisões; imaturidade ou incapacidade de levar as coisas a
sério; covardia e medo de conhecer-se em profundidade e enfrentar a
realidade e de assumir compromissos. Pessimismo, derrotismo, auto-
suficiência, ser dono da verdade. Atitudes Positivas: não opinar antes do
tempo, confiar nos amigos que os acompanham; respeito pela liberdade de
cada um; afastar preconceitos; evitar comparações com outros movimentos
de Igreja dos quais eventualmente alguns dos aqui presentes, participam;
atitude sadia de aprendizado, de sermos todos discípulos, aprendizes de
cristãos. Importante não é o que as pessoas falam, mas o que Deus quer
falar, através delas, à vida, ao coração, à consciência de cada um, ao mundo
de hoje, através dos discípulos. Motivação do retiro e convite ao silêncio: O
silêncio que se sugere facilita a reflexão inicial destes dias. É um "clima" que
se busca criar para que se possa ouvir, mais claramente, a voz de Deus.
(p104, 105). (Citações do Livro "A Mensagem do Movimento de Cursilhos
de Cristandade do Brasil" do Pe José Gilberto Beraldo; São Paulo: 1994).

Falando sobre o Cursilho (que corresponde ao encontro do G12) o ex-padre


Aníbal afirma: "consiste nos três dias, geralmente de Quinta a Domingo, de
encontro pleno, atual e comunitário de cada pessoa com o fundamental
católico num ambiente de intensa emoção visando cursilhizar os
participantes para integrá-los no movimento" . "crises de choro provocadas
com artifícios, clima próprio e nos moldes fascistas para condicionamento
psicológico dos participantes aos objetivos clericais"(p.22). "5 meditações, e
há palestras de mais de 2 horas cada uma" (p. 23) (Citações do livro "Os
Cursilhos de Cristandade por Dentro" do Dr. Aníbal Pereira dos Reis; São
Paulo: 1973).

Como se pode concluir, por análise comparativa, a metodologia utilizada pelo


G12 foi inspirada no Movimento de Cursilhos da Cristandade da Igreja Católica
Romana. Mais uma vez se cumpre a palavra que diz o pregador: "O que tem
sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer;
nada há que seja novo debaixo do sol" (Eclesiastes 1.9).

1.2. Paul (David) Yong Choo: Coréia do Sul

De Paul Yonggi Cho, pastor da Igreja Yoido do Evangelho Pleno, Coréia do Sul,
César Castellanos aproveitou a idéia dos pequenos grupos. Ele visitou a Coréia
em 1986 e, por sete anos trabalhou com o sistema de células de Cho. A partir
das experiências com os pequenos grupos de Cho, Castellanos incrementou
(em 1991) uma nova estratégia. 

1.3. César Castellanos Domínguez: Missão Carismática


Internacional/Bogotá-Colômbia
Castellanos escolheu 12 pastores e passou a encontrar-se com eles todas as
semanas. Cada um deles foi incentivado a conquistar mais 12 discípulos a fim
de formar um novo grupo. Segundo Rosana Salviano, em artigo publicado na
Internet, a Missão Carismática Internacional conta hoje com 13 mil células e
com mais de 35 mil membros. 

O próprio Castellanos conta como teve a visão dos 12 : "Em 1991, sentimos
que se aproximava um maior crescimento, mas algo impedia que o mesmo
ocorresse em todas as dimensões. Estando em um dos meus prolongados
períodos de oração, pedindo direção de Deus para algumas decisões,
clamando por uma estratégia que ajudasse a frutificação das setenta células
que tínhamos até então, recebi a extraordinária revelação do modelo dos
doze. Deus me tirou o véu. Foi então que tive a clareza do modelo que agora
revoluciona o mundo quanto ao conceito mais eficaz para a multiplicação da
igreja: os doze. Nesta ocasião, escutei ao Senhor dizendo-me: Vais reproduzir
a visão que tenho te dado em doze homens, e estes devem fazê-lo em outros
doze, e estes, por sua vez, em outros! Quando Deus me mostrou a projeção
de crescimento, maravilhei-me" (Sonha e Ganharás o Mundo São Paulo:
Palavra da Fé, 1999, p.59-60). No sistema de Catellanos, os encontros visam
o evangelismo e o discipulado dos novos convertidos e a preparação para a
vida em células. Entretanto, ao ser transplantado para o Brasil, parece que o
Movimento perdeu sua originalidade e os objetivos passaram a ser outros,
focalizando especialmente os crentes, independente de sua denominação.

1.4. Movimento Palavra da Fé 

Marcos (artigo retirado da Internet) faz uma associação do G12 com a


Confissão Positiva (Ministério Palavra da Fé) encabeçado por Valnice
Milhomens e RR Soares, que propõe um evangelho cheio de poder e milagres,
bem como, muitas bênçãos financeiras, frutos da Teologia da Prosperidade e
do Triunfalismo. Como o Movimento de Valnice e outros da mesma linha
estava em declínio, Valnice foi a Bogotá e trouxe a estratégia do G12,
acrescentando vários ingredientes ao sistema, especialmente nos encontros.

Como se vê, o Movimento verte de uma fonte Pentecostal (Evangelho Pleno e


Missão Carismática Internacional) e entra numa corrente Néo-Pentecostal,
tornando-se ainda mais místico em seus desdobramentos. Rosana Salviano
fala das adaptações que o Movimento sofreu ao chegar ao Brasil. Ela diz: "No
Brasil, alguns modelos adaptaram o G12 com práticas polêmicas e duvidosas,
como regressões induzidas para o momento de cura e efeitos como luzes
apagadas, música alta e repetitiva, queima de cruzes, colchões para
relaxamento e fogos, bem como, proibição de falar sobre o evento, proibição
do uso de máquinas fotográficas e restrições à comunicação interpessoal.
Outros fazem do encontro um ciclo de palestras sobre prosperidade e outros
ainda impõem como regra que cada um dos participantes deve enviar mais
cinco pessoas no próximo encontro, inclusive bancando todas as despesas.
Tudo isso, não apenas para novos convertidos, como o modelo criado por
Castellanos, mas para membros de igrejas em geral" .

2. BRECHAS POR ONDE ENTRA O MOVIMENTO 

2.1. Crise em Ministérios Pastorais


Muitos dos pastores que se enveredam pelo caminho do G12 passam por crise
existencial e/ou ministerial e busca no Movimento uma saída para não sair da
Igreja ou do Ministério. Muitas vezes é uma busca sincera e angustiante, pelo
fato de se ter tentado de outras formas a implementação de mudanças que
acabaram não acontecendo.

2.2. Igrejas (denominação) que não Crescem 

Há Igrejas que estão paradas, frias e desmotivadas. Os cultos são mornos e a


mesmice é a tônica de determinados ministérios ano após ano. Estas Igrejas
não crescem. Outras, porém, estão ativas, trabalhando, pregando,
convidando, testemunhando e ainda assim parece que não cresce. Batiza-se
muito, quando acontece, mas exclue-se muito também. O vazamento é muito
grande e preocupante. Na somatória dos números verifica-se uma paralisia
generalizada e esta estagnação deixa muitos líderes desesperados, que saem
à procura de algo que mude este quadro.

A própria denominação tem crescido pouquíssimo. Desde que me converti, há


25 anos, ouço dizer que estamos muito próximo da casa de um milhão de
batistas. Outras denominações surgiram bem depois disto e já ultrapassam
em muito esta marca. O Pr. Ilton Pereira fala com muita satisfação que temos,
como batistas capixabas, um dos maiores índices de crescimento (6,3%,
sendo que na Serra crescemos 10,85% - Revista Comunhão, Ano 5, nº .47,
Julho de 2001, p.12). A nível Nacional em 31/12/95 éramos 873.319
membros, em 31.12.97 caímos para 841.829 membros e em 31.12.99
subimos para 855.705 membros, um número inferior ao de 95 (Livro do
Mensageiro CBB, p.202). Como se vê, os números são cruéis e isso tem feito
com que muitos pastores e Igrejas desanimem e partam para outros
caminhos em busca do crescimento.

2.3. Púlpitos pobres

Muitos púlpitos contemporâneos são pobres em termos de conteúdo e de


poder. Pode-se atribuir tal resultado à falta de trabalho, estudo, dedicação e
poder do Espírito. Normalmente a vida devocional dos pastores é pobre e
falta-lhes beber da água fresca da Palavra e a busca de uma vida íntima com
Deus e cheia do Espírito Santo. A falta desta genuína espiritualidade produz
frustração nos pastores e inanição nas ovelhas. Tanto pastores como ovelhas,
insatisfeitas, buscam outras alternativas, sobretudo em lugares onde a oferta
acena com soluções rápidas e sem muito trabalho, como é o caso dos
encontros do G12.

2.4. Ensino medíocre

O ensino tem sido uma lástima na maioria das Igrejas Evangélicas. Em muitos
casos o modelo da EBD está desatualizado e não consegue alcançar seus
objetivos originais de evangelização e crescimento cristão (Ver importante
debate sobre o tema na Revista Comunhão, ano 5, nº 47, Julho de 2001,
pgs28 a 31) Sobre discipulado fala-se muito mas faz-se pouco, faltando
muitas vezes definição de COMO discipular os crentes. Daí muitos apelam para
o mais fácil, para o imediatismo que como "balas" doces são muito atraentes e
proporcionam uma falsa sensação de satisfação, mas que não oferecem
consistência.

Com um ensino limitado e sem um discipulado consistente, a Igreja dá origem


à crentes imaturos e mundanos, extremamente marcados por vícios e
comportamentos que não condizem com o de cristão. Este mundanismo e
imaturidade acaba vazando para dentro das assembléias da Igreja e para
outros locais que causam desconforto tanto para a Igreja como para o pastor.
Há obreiros que não sabem mais o que fazer para mudar este quadro e a
saída, para muitos deles, é um choque chamado G12.

2.5. Necessidade de Aparecer

Igrejas e pastores há que tem verdadeira obsessão pelo novo, pelo


pioneirismo (ser o primeiro a fazer determinadas coisas, estar na vanguarda),
ser o maior ou a maior, ser a sensação, alcançar notoriedade. Muitas vezes
estes desejos manifestam-se em forma de piedade e "falsa humildade",
outras, de maneira mais dramática. Como nem sempre há lugar para todo
mundo ocupar espaços de destaque, parte-se para outros caminhos para que
se possa chamar a atenção de alguém. Outras vezes a política denominacional
é cruel em barrar pessoas por não se afinarem com sua visão de Ministério ou
por não terem um desempenho que contribua com o seu marketing. 

Temendo uma extinção, pastores há que procuram caminhos mais curtos para
alcançarem seus objetivos e o G12 aparece como uma alternativa atraente.

2.6. Desejo Sincero de Santificação

Os pastores, via de regra, tem um desejo sincero de ver suas Igrejas


santificadas, consagradas, dedicadas ao Senhor. Como não conseguem este
alvo através dos caminhos normalmente conhecidos, alguns deles acabam
indo e levando suas ovelhas para o encontro do G12 (onde se diz que isto é
uma realidade) a fim de que aconteça algo "tremendo", que proporcione o
resultado tão almejado. 

Outras vezes são crentes que estão insatisfeitos com suas próprias vidas e a
de sua Igreja e vão em busca de pastos mais verdes e águas mais frescas.
Acabam gostando do que vêem e experimentam, voltam e acabam levando
seus pastores para o mesmo caminho.

3. REPRESENTANTES DO MOVIMENTO NO BRASIL

O G12 foi introduzido e tem como representante no Brasil três discípulos de


Castellanos. 1) Valnice Milhomens: Pastora da Igreja Nacional do Senhor
Jesus Cristo e líder do Ministério Palavra da Fé: Com formação Batista (SEC)
notabilizou-se ao abandonar a denominação, depois de mais de uma década
de serviço missionário no exterior, e iniciar sua própria igreja, com ênfase na
Batalha Espiritual, Quebra de Maldições e Evangelho da Prosperidade. Aderiu à
visão dos 12 há três anos, quando esteve em Bogotá e foi ungida pelo pastor
Castellanos, tornando-se um dos seus três discípulos no Brasil. 2) Renê
Terra Nova: Primeira Igreja Batista da Restauração em Manaus e líder do
Ministério com formação no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, do
Recife. 3) Roberto Tavares: Curitiba - PR. Segundo a Revista Eclesia, estes
três são integrantes do grupo de 12 diretamente ligado ao Cesar Castellanos.

A Igreja do Evangelho Quadrangular, popular Cruzada, aderiu oficialmente ao


G12, o que também fizeram muitas igrejas famosas como a Igreja Batista da
Lagoinha - BH e outras.

4. METODOLOGIA DO MOVIMENTO

A Metodologia do Movimento tem recebido várias versões, mas o carro-chefe


são os encontros, muito semelhantes aos Cursilhos de Cristandade,
implantados pela Igreja Católica, e seguidos por outros grupos e até mesmo
algumas Igrejas da denominação que se utilizam de retiros e acampamentos
para uma ministração mais condensada e consistente, sobretudo no
treinamento de liderança. Outros sistemas de Igreja em Células, o do Dr.
Neighbour por exemplo, também utiliza-se estrategicamente dos encontros de
final de semana em sua taxonomia.

No caso do Movimento G12, os principais ítens metodológicos são:

Pré-Encontro - Constituí-se de palestras preparatórias para o encontro sobre


os temas: salvação, cruz. Oração e Bíblia. Em alguns casos acontece no
mesmo dia do encontro, mas normalmente acontece em dias diferentes. Neste
momento preparatório, aguça-se bastante o desejo daqueles que participarão
do encontro, causando grande expectativa.

Encontro - Retiro espiritual de cerca de 3 dias onde a pessoa recebe


ministração nas áreas de segurança de salvação, arrependimento, libertação,
cura interior e escada do sucesso. Tudo é feito nos moldes dos Cursilhos e dos
Encontros de Casais, tão conhecidos da Igreja Católica, com forte pressão
psicológica e emocional, com artifícios como: pacto do silêncio, regressão para
cura interior, quebra de maldições, dinâmicas de impacto, chavões como
"encontro tremendo" "a chave do sucesso é a obediência" "aqui há unção",
etc, além de uma série de palavras de ordem e forte apelo emocional.

Pós-Encontro - Palestras para consolidação do que foi aprendido no encontro


e envolvimento com o Movimento no sentido de levar outras pessoas à
adesão. 

Escola de Líderes - Escola de Formação de liderança ministrado nas igrejas,


com o objetivo de preparar dirigentes de células e de grupos de 12.

Envio - É a execução do ministério. Após a consolidação da célula, o líder


começa a formar seu grupo de 12. Uma vez estruturado este grupo, o líder
estimula cada um a formar o seu próprio grupo de 12. Surge então o líder de
144, e assim por diante. (Fonte: Revista Eclesia: Agosto de 2000, p. 22).

Alguém que defende o G12, Luiz Cláudio Montanini, em artigo publicado na


Internet afirma que "o encontro é apenas uma parte de um processo de
discipulado e jamais deveria ser feito fora deste contexto". 

É bom que se diga que ao se analisar o testemunho de pessoas que


participam de encontros diferentes, chega-se à conclusão de que há versões
diferentes dos "encontros", dependendo de quem promove, onde, e de seus
objetivos. Mas os elementos básicos estão presentes em todos eles. 

5. ALGUMAS DOUTRINAS E PRÁTICAS QUESTIONADAS NO


MOVIMENTO

 Maldição Hereditária: Ensina-se que há maldições que passam de


geração a geração, mesmo que a pessoa já seja crente em Jesus
Crisoto. A Bíblia, por sua vez, ensina que a responsabilidade individual -
Ez 18.20 e muitos outros.

 Batismo com o Espírito Santo ou Nova Unção: É ensinado no


Movimento G12 que o crente deve buscar o batismo do Espírito Santo
como uma Segunda bênção, tendo o fenômeno de línguas como
evidência externa da bênção. A Bíblia afirma que todos os crentes em
Cristo foram batizados com o Espírito Santo e que todos têm a unção -
1 Co 12.13 e 1 João 2.20. Mas a Bíblia não fala em Nova Unção.

 Sopro de Poder: Nos encontros pratica-se o cai-cai, a unção de


Toronto com crise de risos, etc. Onde fica a decência apregoada pelo
apóstolo em 1 Co 14.40?

 Manipulação Psicológica: O apelo emocional é cuidadosamente


conduzido, desde o convite para participar do "encontro" até as
tentativas que se faz para manter os resultados do mesmo. A Bíblia é
clara em afirmar que precisamos depender do Espírito e não dos
artifícios psicológicos - Zc 4.6.

 Hipnose e Regressão: Utiliza-se este mecanismo para a cura interior,


de traumas e bloqueios. Não há um caso sequer registrado na Bíblia
para que ofereça base para esta prática psicológica que passa a ser
perigosa quando praticada por quem não entende de psicologia. Além
do mais, a Bíblia afirma que o novo nascimento dá início à uma nova
vida. Todos os pecados são perdoados. As coisas velhas ficaram
definitivamente para trás e tudo se fez novo. 2 Co 5.17.

 Pacto do Silêncio: Nos "encontros" são feitos pactos de silêncio,


evitando-se a comunicação interpessoal. Diz-se que é para que o
encontro seja unicamente com Deus. O problema é que os apelos
emocionais são muito grandes e a pessoa não tem com quem
desabafar. Então chora, cai, mas não pode falar com ninguém. Faz-se
isso numa tentativa de repetir o encontro que Jacó teve com Deus, sem
que se leve em conta os contextos diferentes. Não há nada na Bíblia
que justifique esta prática perigosa, que pode causar problemas
emocionais.

 Pacto de Segredo: Há determinadas coisas que acontecem nos


"encontros" sobre as quais solicita-se que se guarde absoluto segredo.
São exatamente as "armas" que são guardadas a 7 chaves para causar
impacto naqueles que participarão nos próximos encontros. Isso não se
parece com Maçonaria? Deus é luz e nós somos desafiados a andar na
luz, vivendo vidas transparentes, sem a necessidade de esconder nada.

 Misticismo: Há uma verdadeira dependência de fórmulas, gestos e


clichês como gritar palavras de ordem, repetição de chavões, levantar
as mãos, marchar, etc,. Em tudo incentiva-se o sensacionalismo com
exagerado apelo ao misticismo. O demasiado apego a determinadas
fórmulas mágicas é que tem tornado a religião vazia de verdadeiro
significado, mantendo as pessoas na infantilidade espiritual.

 Subjetivismo: As pretensas revelações da "VISÃO" são tidas como


"CANÔNICAS" pelos Gedozistas que são incentivado a reproduzi-la. O
próprio Castellanos afirma que recebeu a "visão" diretamente de Deus e
que deve ser reproduzida no mundo inteiro. Obviamente isto não passa
de subjetivismo que não passa ao crivo da análise bíblica. Nenhuma
doutrina, prática ou movimento pode estar baseado na experiência
subjetiva de alguém, mas pautado na Palavra de Deus. 

6. POSIÇÃO OFICIAL DA CBB

O Jornal Batista, órgão oficial da Convenção Batista Brasileira divulgou um


documento, em sua edição de 30/10 a 5/11/00 cujo teor demonstra o
posicionamento da CBB e da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil frente ao
Movimento. Eis o que diz o documento na íntegra: 

A Diretoria da Convenção Batista Brasileira e os Secretários Executivos das


Convenções Batistas dos Estados vêm acompanhando com o maior interesse
os debates e as experiências com relação ao chamado Movimento G12, e
entende necessário fazer o pronunciamento a seguir, visando à saúde
doutrinária e à unidade das igrejas, a sustentação dos princípios bíblicos e
teológicos que informam nossa Eclesiologia, a eficácia de nosso testemunho
nesta virada de século e milênio e, sobretudo, a glória de Deus. 

NOSSAS CONVICÇÕES 

Como preliminar à nossa avaliação e posição sobre o G12, é mister recordar e


afirmar algumas de nossas convicções: 

1. Cremos nas Escrituras Sagradas, e canônicas, compostas de Antigo e


Novo Testamento, como registro fiel da revelação de Deus, e como única
regra de fé e conduta, para o crente e para a igreja de Jesus Cristo, no
mundo. 

2. Cremos que a Bíblia deve ser interpretada por firmes princípios


hermenêuticos, dos quais ressaltamos o de que a Bíblia deve ser
interpretada pela Bíblia, o texto, pelo contexto, mas sempre à luz da
Pessoa e dos Ensinos de Jesus Cristo. 

3. Cremos no Deus trino, Pai, Filho e Espírito Santo, cujas obras


contemplamos na Criação e na História e que se revela de maneira
gradual e progressiva, nas Escrituras e, plenamente, na Pessoa de Jesus
Cristo, Verbo encarnado. 

4. Cremos na Igreja como entidade temporal e atemporal, fundada por


Jesus Cristo e que tem por missão a redenção dos homens e o fazer
discípulos em todas as nações, a formar uma nova criação, a
humanidade deuteroadâmica. 

5. Cremos na suficiência de Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e na


eterna salvação dos que nele crêem. Cremos que no ato de sua fé em
Cristo, o novo crente recebe o Espírito Santo como penhor da herança
eterna, iniciando-se, então, o processo da santificação cujo alvo é tornar
o crente semelhante a Cristo. 

6. Cremos, como cristãos, evangélicos e batistas, que a revelação chegou à


plenitude em Jesus Cristo e que toda alegação de novas revelações e
novas verdades, por sonhos, visões e outros meios, deve ser cotejada
com as Escrituras, corretamente interpretadas. 

7. Cremos que a igreja do Novo Testamento, especialmente a de que dá


conta o livro de Atos, constitui modelo para as igrejas de nossos dias, já
no compromisso com a proclamação, a adoração, a comunhão, a
edificação e o serviço; já em seu funcionamento pendular, no templo e
nas casas, a promover o reino de Deus. 

8. Cremos serem permanentes e de valor universal e transcultural (a valer,


portanto, em todas as culturas), os princípios bíblicos de organização,
vida, ministério, proclamação e serviço da igreja, porém os métodos e
modelos de sua atuação podem e devem variar, de acordo com a
sociedade e a cultura em que a igreja se insere e desenvolve a sua
missão. 

9. Cremos, como biblicamente fundados, os princípios do sacerdócio


universal dos crentes, de livre exame da Bíblia e, portanto, de livre
acesso a Deus, por meio de Jesus Cristo. Por isso rejeitamos o
sacerdotalismo, o sacramentalismo e o ritualismo, qualquer tipo de
hierarquia na esfera espiritual e eclesiástica, e a pretensão humana de
interpor-se entre o crente e Deus. 

10. Cremos, outrossim, no princípio de autonomia da igreja local e de seu


governo congregacional, sob a liderança de Jesus Cristo, seu único
Cabeça. 

11. Cremos, à luz de Efésios 4.11, que o Senhor provê pastores/mestres


para Suas igrejas, a eles incumbindo pregar e ensinar a Palavra, sem
mescla de erro, sem distorções, com fidelidade, dedicação, simplicidade e
clareza (2 Tm 4.2-4).

NOSSA PERCEPÇÃO SOBRE O MOVIMENTO G12 

Percebemos, pela leitura dos escritos do originador do Movimento e de seus


discípulos em nosso país, algumas características ou elementos que o fazem
contrastar e chocar-se com a posição batista que acabamos de descrever no
formular de nossas convicções. Vejamos algumas: 

1. Perfil neopentecostal e neocarismático, com ênfase na experiência


pessoal e mística, em detrimento da Palavra escrita.

2. Misticismo em todas as áreas da vida e do funcionamento do programa.

3. "Marketing religioso" que até entendeu de eliminar da igreja nascente o


próprio nome evangélico ou cristão.

4. Visão empresarial da igreja.

5. Forma episcopal de governo da igreja, e de pirâmide hierárquica e


centralizadora de poder.

6. A pretensão de terem a última palavra da revelação de Deus para a


igreja do século 21.

7. Desprezo aos valores estéticos e à riqueza teológica da hinódia cristã,


formada ao longo dos séculos.

8. Sacralização do número 12, como se fora paradigma para o novo modelo


de grupos.

9. Pretensão de santificação instantânea, obtenção e liberação do poder


como resultado do Encontro proposto como condição fundamental para a
habilitação dos discipuladores.

10. Crescimento numérico, como único critério de legitimidade bíblica e


evangelicidade, em detrimento da clareza e de formulação de sólidas
bases teológicas.

11. Ênfase na salvação temporal.

12. Evangelismo de resultados e não de compromisso com a verdade, em


que conta pragmaticamente o número.

13. Construção do movimento sobre uma experiência pessoal de visão de um


líder.

14. Ênfase demasiada nos métodos, na estrutura programática que há de ser


seguida à risca, quando sabemos que Deus não unge métodos, mas
pessoas.

15. Participação (no Encontro) como fonte única de autoridade crítica.

16. Emoção humana, como evidência incontestável da presença do Espírito


Santo.
17. Evidências de manipulação psicológica e espiritual, especialmente, no
Encontro, que é parte essencial do Movimento G12, não restando aos
dele participantes as condições e o tempo necessários à reflexão crítica,
à atitude bereana.

NOSSA POSIÇÃO SOBRE O MOVIMENTO G12 

À luz das convicções que explicitamos, do exame criterioso e objetivo de


testemunhos, relatórios, pronunciamentos e documentos de líderes
evangélicos em geral e batistas, em particular, e das características que
acabamos de assinalar, chegamos à seguinte posição: 

1. Não julgamos o espírito ou as intenções dos fundadores e pais do


Movimento, mas nos atemos aos fatos e escritos a que tivemos acesso. 

2. Reconhecemos que ao longo dos séculos, e especialmente no nosso, têm


surgido propostas, modelos e métodos de "fazer igreja" e de evangelizar
ou "fazer missões", alguns com a pretensão de serem a "última
revelação" a "última palavra", "o método perfeito", mas todos têm sido
marcados pela temporalidade e impermanência. Afinal de contas, os
métodos variam, e não são eles que contam, mas a pessoa humana. Diz,
com propriedade, um autor estrangeiro, que "o homem é o método de
Deus". 

3. O G5, o G12, as "koinonias", os "grupos de ECO", os NEBS (núcleos de


estudo bíblico nos lares) constituem todos modelos humanos, e têm o
propósito (ou devem ter), de promover a eficaz atuação da igreja no
mundo. Mas nenhum deles pode arrogar-se o "status" de revelação final
ou método perfeito; todos esses modelos são marcados pela falibilidade
humana. Quanto ao número 12, por exemplo, não há registro bíblico de
que cada apóstolo tenha preparado doze discípulos, e estimulado estes a
discipular mais doze. Nem há registro de as igrejas dos primeiros séculos
da história cristã haverem criado grupos de 12, ou de qualquer outro
número fixo e definitivo. Reuniam-se nos lares, sim. Mas sem definição
de um número fixo de pessoas, ou pretensão de outra homogeneidade
que não a da fé, do grupo eclesial que se reunia. 

4. É verdade que nossas igrejas, para cumprirem efetivamente o mandato


recebido do Senhor, de "fazer discípulos de todas as nações", precisam
de extroverter-se, conforme a igreja de Jerusalém. Lá os crentes
reuniam-se "no templo e de casa em casa". É mister adotar estruturas
leves e simples, mediante pequenos grupos nos lares. Isso, entretanto,
sem perder de vista a unidade e a integridade da igreja. Para tanto os
grupos nos lares, ou células familiares, seja qual for o nome adotado, 

a. devem ser dirigidos por pessoas com capacidade espiritual, moral e


intelectual;

b. os líderes devem ser bem preparados pelos pastores;


c. os líderes devem ser orientados a conduzir estudos sobre os mesmos
temas, a comunicar as mesmas doutrinas, a conduzir o povo de Deus
à firmeza na fé, à comunhão, à santidade e ao serviço;

d. os líderes dos grupos ou das células devem formar discípulos


maduros não vindo a torná-los, à moda de gurus, dependentes e
inaptos a buscar por si próprios a direção de Deus em Sua Palavra.

5. Rejeitamos o Movimento G12 quanto ao modelo e conteúdo dos


Encontros alvitrados em sua filosofia (Pré-Encontro, Encontro e Pós-
Encontro), pois seus métodos e procedimentos vêm ao arrepio dos
princípios e ensinos das Santas Escrituras. Com efeito, ensinos e práticas
por ele adotados opõem-se claramente à Palavra de Deus. 

Destacamos, a propósito: 

a) A ênfase na maldição hereditária, com esquecimento do teor geral da


Bíblia, sobre o assunto;
b) a prática da chamada confissão positiva;
c) práticas de regressão psicológica;
d) ensino e a prática da chamada "nova unção";
e) prática do sopro espiritual;
f) ensino do batismo do Espírito Santo como "segunda bênção", tendo
línguas como evidência;
g) prática do segredo;
h) unção com óleo;
i) urros e palavras de ordem nos cultos.

6. Exprobramos o orgulho espiritual, a forma não cristã de desprezar os que


não aceitam a "visão" - como a denominam - ou outros métodos ou
modelos de "fazer igreja", fatos que temos comprovado em relatos do
movimento e mensagens de alguns de seus dignitários.

NOSSA EXORTAÇÃO E RECOMENDAÇÃO AOS PASTORES E ÀS IGREJAS 

No espírito de Jesus Cristo, e buscando a edificação, crescimento e a firmeza


das igrejas e seus obreiros, 

1. Exortamos pastores e igrejas a cumprirem o que ordena Paulo aos


tessalonicenses e a nós também: "Examinai tudo; retende o bem". Mas
que nunca venham a adotar com açodamento ou a pregar como
definitivo e de valor absoluto, qualquer método, modelo ou programa de
igreja que eventualmente tenham produzido frutos noutras culturas e
noutros lugares. Por outro lado, cada método ou modelo deve ser
examinado criticamente em seus fundamentos bíblicos, e antes de seus
princípios serem experimentados ou aplicados, é mister haver
conhecimento da realidade da igreja e da comunidade em que ela se
insere. 

2. Alertamos que nenhum método ou modelo tem legitimidade, para uma


igreja verdadeiramente evangélica e batista, se conflitar, em suas bases
ou práticas, com as Escrituras em que cremos e a teologia e eclesiologia
que adotamos. 

3. Proclamamos a necessidade de um avivamento, do quebrantamento do


povo de Deus, de abandono do pecado, de compromisso com Jesus
Cristo. Por isso, conclamamos o púlpito de nossas igrejas a confrontar o
pecado, a pregar o arrependimento, a convocar o povo de Deus ao
compromisso com a pureza, a santidade, a integridade e a fidelidade a
Cristo em todas as áreas da vida pessoal, familiar e profissional.

4. Recomendamos que nenhum modelo ou método seja adotado na igreja


por imposição do pastor, e nem seja implementado e forçado um modelo
que venha a produzir divisão, amargura e prejuízo à paz no Corpo de
Cristo. Se é de Deus, a visão não será só do Pastor, mas há de ser
comunicada à igreja como comunidade do povo de Deus. 

5. Finalmente, concitamos o povo de Deus a receber, examinar e praticar


boas opções que existem para o crescimento das igrejas; a incorporar
em seu programa práticas que se conformem com a doutrina, os
princípios bíblicos e de nossa fé, que não prejudiquem nossa identidade
batista, e se coadunem com a decência e a ordem que devem
caracterizar o culto e a vida da igreja (1 Co 10.31; 14.40).

Rio de Janeiro, 23 de Outubro de 2000

DIRETORIA DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA

Presidente: Fausto Aguiar de Vasconcelos


1o Vice-presidente: Norton Rikes Lages
2o Vice-presidente: Miquéas da Paz Barreto
3a Vice-presidente: Ábia Saldanha Figueiredo
1o Secretário: Júlio de Oliveira Sanches
2a Secretária : Mércia Neto Madeira e Silva
3a Secretária: Lia dos Santos
4o Secretário: René Diné Lota

DIRETORIA DA ORDEM DOS PASTORES BATISTAS DO BRASIL 

Presidente: Aloísio Penido Bertho


1o Vice-presidente: Edgar Barreto Antunes
2o Vice-presidente: Sebastião Ferreira
3o Vice-presidente: Gerson Luiz de Britto
1o Secretário: Linaldo S. Guerra
2o Secretário: Arlenio Alves Machado
3o Secretária: Silvio Franco

7. OS ENCANTOS DO G12

Sendo tudo o que acima foi exposto uma realidade, como se justifica a
participação de crentes batistas e até mesmo pastores nos encontros com
inserção no Movimento? Além dos ítens já enumerados no ponto 2 deste
estudo, pode-se enumerar:

 A empolgação de quem participa dos encontros: Quando voltam dos


encontros, muitos tornam-se dizimistas, passam a evangelizar e a
trabalhar na igreja com mais vigor. Afirmam que agora sim são
convertidos (será?) Os cultos tornam-se mais animados e a congregação
experimenta um rápido crescimento (Pr. Marcelo Aguiar em O Batista
Capixaba Julho de 2001).

 Sede de poder e fama: Há pessoas que percebem no Movimento uma


oportunidade de sair do anonimato. Lá tem oportunidades que em sua
realidade não consegue alcançar (Ministrar para grupos, "ser guia de
multidões" (Ver D. Mariquinha foi ao "Encontro", etc).

 Curiosidade: Há pessoas que não resistem à curiosidade. Diante de tanto


suspense, acabam aderindo a título de experiência.

 Imediatismo: Há quem deseje uma vida santa de uma semana para a


outra, e buscam nestes encontros uma santificação instantânea,
moldando-se muito bem ao espírito deste mundo, onde tudo é feito para
dar resultados imediatamente, mas contrariando aquilo que a Palavra de
Deus ensina sobre maturidade cristã, verdadeira espiritualidade e
santificação. (Ver exemplo de Jesus, Paulo, etc).

 Medo de Ser Taxado de Covarde/Medroso: Esta é uma arma poderosa


usada pelos encontristas. Quem não vai é porque tem medo. E dizem
também que quem não participa não tem autoridade para avaliar o
"encontro". Isso é estratégia de Satanás.

 Sede de Deus: Muitas pessoas que participam dos encontros do G12 o


fazem pois tem uma sede tremenda de conhecer melhor a Deus e de fazer
a sua vontade. Que se busque promover "encontros" sem os exageros do
Modelo G12 e certamente a metodologia dos "encontros" será
grandemente abençoadora. Saiba-se, entretanto, que conhecer a Deus,
fazer a Sua vontade e ser alvo de sua atuação poderosa não se restringe a
um local isolado nem a um tempo de clausura.

8. OS DESENCANTOS DO G12

Por não ter consistência nem base na Palavra de Deus, o fim do Movimento
G12 será marcado pelo desencanto. Muitos testemunhos de pessoas que
participaram dos "encontros" já demonstraram total fracasso naquilo que se
propuseram no ardor de suas emoções.

 Realismo: Acredito que o encontro tenha seus aspectos positivos. Muitas


pessoas voltam dele com propósitos novos. O problema é que depois que
passam as emoções, muitos caem na real. Na hora de "descer do Monte
da Transfiguração" e enfrentar os verdadeiros demônios do vale, muitas
pessoas acabam sentindo-se frustradas e muitas vezes acabam
abandonando o Evangelho e mergulhando no mundanismo. As emoções
são passageiras, mas a realidade é permanente. Há casos incontáveis em
que as emoções do pós-encontro tornaram-se em tristezas
desencontradas, como descreve o Pr. Delcyr de Souza Lima em seu Livro
"Modelo G12". Alguns ficam viciadas em experiências sensacionalistas e
voltam a fazer o encontro ou a buscar novas situações que possam
alimentar seu vício. Outras abandonam o evangelho e morrem para Deus.
Há ainda aquelas que precisam de um tratamento pastoral e psicológico
para tratar dos "impactos" causados pelo encontro.

 Proselitismo: É triste observar a falta de amor cristão e a falta de ética


de pessoas que, sem cerimônia, passam a pescar no aquário do vizinho,
muitas vezes dentro de Igrejas da própria denominação. 

 Cismas: No dizer do Pr. Marcelo Aguiar: "o G12 é um movimento que


inevitavelmente leva à divisão das Igrejas" (O Batista Capixaba Julho de
2001, p.12). O Espírito Santo sempre se mostrou especialista em união
mas o inimigo tem levantado homens e movimentos que tem causado
muitas divisões no meio do povo de Deus. Se o Movimento G12 tem
causado tantas tristezas e divisões, seria ele proveniente do Espírito Santo
ou fruto de articulações humanas?

 Castas Espirituais: Mesmo que não aconteça a divisão, passa-se a


arrotar arrogância na divisão de quem está ou não na visão, de quem
participou ou não do "Encontro tremendo", formando um sistema de casta
espiritual.

 Confusão Doutrinária: A introdução de doutrinas e práticas pentecostais


acaba trazendo confusão para dentro das Igrejas que tem uma identidade
doutrinária diferente daquela enfocada pelos Gedozistas. Muitas vezes isto
traz discórdias e inimizades entre o rebanho do Senhor, contrariando as
recomendações da Palavra de Deus para que os crentes sejam de um
mesmo parecer e vivam em concordância. Veja 2 Timóteo 3.14 e 4.3-5.

 Relativização de Valores: É comum ouvir-se argumentos de pastores e


ovelhas que são questionados quanto ao envolvimento no Movimento:
Pertencer à uma denominação? Que valor há nisso? Vão me excluir?
Ordem dos Pastores? Não estou nem um pouco preocupado com isso.
Assim, diante de atitudes como estas, as pessoas vão se isolando,
achando que não há prejuízo no individualismo ministerial e eclesiástico, o
que é um grande equívoco.

 Banalização do Ministério Pastoral: O Pr. Irland Pereira de Azevedo


aborda o Modelo G12 de uma forma interessante em artigo publicado na
Internet com o título "A Grande Ofensiva de Satatás com o G-12". Nele o
experiente pastor demonstra toda sua preocupação com aquilo que ele
chama de "desvirtuamento do conceito bíblico de pastorado" e diz: 1. O
Senhor Jesus teve compaixão do povo de Deus porque eram como ovelhas
que não tem pastor (Marcos 6.34); Jesus demonstrou a necessidade de o
seu rebanho ser pastoreado (João 21.16); o apóstolo Paulo afirma que
Deus constituiu pastores para apascentar a igreja de Cristo (Atos 20.28);
o apóstolo Pedro fala da necessidade de os pastores apascentarem a
igreja de Deus (1 Pedro 5.2). 

Diante de tudo isso é mister que estejamos atentos à postura do Modelo G12
em relação aos pastores. Procura afastar os rebanhos dos pastores e os coloca
sob cuidados de falsos pastores ou de incautos. Faz isto utilizando-se de duas
estratégias básicas : idéia distorcida do sacerdócio universal dos crentes,
dizendo que todo crente pode exercer o pastorado e a distorção a respeito do
que seja a função do pastor de uma Igreja de Cristo, fazendo com que o
pastor comporte-se como se fosse o dono do rebanho, traça normas o
objetivos próprios (ele é o dono da visão), agindo apenas como um líder
político, com super-poderes que não podem ser questionados, faz concessões
e conchavos para manter-se no poder. 

Conclusão

Ao fazer a análise do Movimento G12 desapaixonadamente e com a Palavra de


Deus aberta, chega-se à conclusão de que os prejuízos com o envolvimento
nele são muito maiores do que os benefícios, sobretudo pelo fato de não ser
condizente com as doutrinas e práticas que nos caracterizaram como batistas
durante toda a nossa caminhada.

Por outro lado, há questões que precisam ser levantadas para que se possa
continuar a reflexão sobre o assunto e outros correlatos. Para facilitar a
continuidade da reflexão, levantamos algumas questões que julgamos
pertinentes: 

 Participação é a única fonte de autoridade crítica? É preciso freqüentar


uma reunião espírita para refutá-la como anti-bíblica?

 Em que as doutrinas, metodologias e práticas do G12 identificam-se com


Jesus Cristo, o Senhor da Igreja?

 O crescimento numérico é prova incontestável de autenticidade


evangélica?

 Onde fica o princípio de que só a escritura é fonte de autoridade para


definições de doutrinas e práticas cristãs?

 Emoção humana é sinal incontestável da presença do Espírito?

 Diante de tantos perigos, dúvidas e controvérsias, convém insistir na idéia


de participação do Movimento G12?

 O que faremos, como Igrejas Batistas, para neutralizar a infiltração de


Movimentos como o G12 e outros que tem se levantado no decorrer dos
milênios?

 Como discipular (ser e fazer verdadeiros e frutíferos discípulos de Jesus


Cristo) estancando o vazamento existente na igreja?

 Como mobilizar o povo de Deus para que cumpra sua missão, evangelize
os perdidos e dê sua contribuição para o crescimento da Igreja?

 Como conduzir o povo de Deus à maturidade cristã e desenvolver uma


comunidade que tenha propósitos definidos, claros e conhecidos, que
tenha compromisso com Deus e os valores do seu reino, que procure viver
cheio do Espírito Santo e não no poder da carne?

Obras Consultadas:

AGUIAR, Marcelo. Os Encantos do G12. O Batista Capixaba, Julho de 2001

BERALDO, José Gilberto. A Mensagem do Movimento de Cursilhos de


Cristandade do Brasil. São Paulo:
MCC, 1994.

CASTELLANOS, Cesar. Sonha e Ganharás o Mundo. São Paulo: Palavra da Fé,


1999.

CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, Livro do Mensageiro, 2000.

CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA. A CBB e o Movimento G12. O Jornal


Batista, 30/10 a 5/11/00 .

INTERNET, Vários artigos.

LIMA, Delcyr de Souza. Modelo G12. Niterói : STBN, 2000. MCC, 1994.

REIS, Aníbal Pereira dos. Os Cursilhos de Cristandade por Dentro. São Paulo:
Caminhos de Damasco, 

Revista COMUNHÂO, Ano 5, no 47, Julho de 2001.

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