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Ser Coordenador de Pastoral

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Ser Coordenador(a) de Pastoral


Seu significado está estreitamente ligado à alegoria do “Bom Pastor”, Jesus
intitulou-se pastor das ovelhas. A pastoral, portanto está diretamente ligada
a ação do pastor no cuidado das ovelhas. “Eu vim para que as ovelhas
tenham vida e para que a tenham em abundância. Eu sou o Bom Pastor”
(Jo 10,10).
Essa ação pastoral é assumida pela comunidade como um todo, onde todos
são pastores uns dos outros.
Trabalho pastoral, portanto, é toda a tarefa vocacional específica de serviço
desenvolvida pela comunidade local, a fim de contribuir no processo de
evangelização, transformando os reinos deste mundo, no reino de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Nenhuma tarefa pastoral específica pode ser confundida com a totalidade
da ação da Igreja, pois esta será sempre composta de um conjunto de
pastorais sempre interligadas umas as outras.
Sendo a Igreja como prolongamento de Cristo, no tempo e no espaço,
pode-se dizer: PASTORAL é toda atividade da Igreja. É a própria vida da
Igreja quando age e se manifesta em cada situação do mundo atual.
Fazer pastoral é continuar a missão de Jesus. É serviço, é ação, trabalho
desenvolvido a favor da vida. É ação organizada da Igreja.
A pastoral é o agir da Igreja no mundo! Similar a ação dos pastores, tem
como intenção coordenar, “animar”, de “defender” e “alimentar” a
evangelização.
O pastor nunca age sozinho, mas em unidade com a Igreja de Cristo; “na
unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
A pastoral é essencialmente comunitária. É toda a Igreja, hierarquia e
leigos, que é responsável pela pastoral. Cada um, porém, conforme seus
dons e carismas, isto é, na medida em que participa de Cristo-Pastor.
O objeto da PASTORAL é todo homem e mulher no seu todo (a), isto é,
corpo, alma e espírito, que deve ser salvo. Quanto à mensagem a
comunicar, refere-se ao Cristo vivo, real, concreto (não apenas uma noção
abstrata), o Cristo que é, ao mesmo tempo, doutrina e vida da Igreja, o qual
forma uma só unidade com a sua Igreja, o Cristo total, seu Corpo Místico.
Portanto, não pode haver “dicotomia” entre doutrina e vida de Igreja.
Objetivos da pastoral “Evangelizar, a partir de Jesus Cristo, na força do
Espírito santo, como Igreja discípula, missionária, profética e
misericordiosa, alimentada pela Palavra de DEUS e pela Eucaristia, à luz
da evangélica opção preferencial pelos pobres, assumindo sua missão neste
chão da Amazônia, consciente do mandato de ir ao encontro das pessoas,
para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo”
Funções pastorais A Igreja realiza a sua ação através de três funções
pastorais:
Função profética: abrange as diversas formas do ministério da Palavra de
Deus (evangelização, catequese e homilia), bem como a formação
espiritual dos;
Função litúrgica: refere-se à celebração dos sacramentos, sobretudo da
Eucaristia, à oração e aos sacramentais;
Função real: diz respeito à promoção e orientação das comunidades, à
organização da caridade e à animação cristã das realidades terrestres. Neste
último aspecto, a ação da Igreja engloba campos da sociedade como a
saúde, a juventude, a solidariedade social e a educação.
Os agentes de pastoral são servidores de Cristo e trabalham para que o
projeto de Deus seja conhecido e vivido.
A COORDENAÇÂO
A coordenação de pastoral é um serviço importantíssimo nas comunidades.
A boa coordenação, aberta a Deus e às pessoas, faz a comunidade
prosperar e o Reino de Deus acontecer. É um serviço que deve
proporcionar prazer e felicidade.
A coordenação deve ser mais alegria que sofrimento, porque a palavra
“Evangelho”, em si, é “Boa Notícia”, e um coordenador estressado,
desanimado ou acomodado, não consegue anunciá-lo bem à comunidade.
O COORDENADOR JESUS
Na bíblia, podemos analisar Jesus coordenador:
1) João 13, 1-9 (O lava-pés): Jesus amou seus coordenados ensinando que
a coordenação é um serviço à comunidade; o serviço deve ser a marca da
comunidade e não a dominação e a servidão. Ensinou que todo trabalho é
importante.
2) Marcos 4, 35-41 (A tempestade acalmada): Jesus vê que na outra
margem há gente que precisa dele. No barco, acalma os discípulos para
depois ensinar que se ele está presente ninguém perece. Às vezes, parece
que Jesus dorme nos dias de hoje… O coordenador acalma, transmite
esperança e coragem; mantém o equilíbrio, sem apavorar-se diante das
dificuldades.
O QUE FAZ UM COORDENADOR?
1) Ele inclui as pessoas. O coordenador cristão soma os dons que o grupo
possui.
2) Ele anima e conduz o grupo, nas turbulências (acalmando) e na calmaria
(provocando movimento).
3) Ele leva o grupo a atingir seu objetivo.
4) Ele se apresenta para ajudar a resolver os problemas, nunca para
provocá-los.
5) Ele delega responsabilidades, tarefas e poderes de decisão.
DE QUE PRECISA PARA COORDENAR BEM?
1) Transitar pelo grupo todo – manter diálogo com todos.
2) Ter uma caminhada comum com o grupo – um bom tempo de
participação, para saber o valor das conquistas e o sofrimento dos erros
cometidos.
3) Conhecer bem o assunto que coordena e ter noções básicas de outros
assuntos ligados ao que coordena.
4) Saber decidir: pessoas indecisas transmitem insegurança. Após examinar
bem a realidade, ouvir os envolvidos e buscar o auxílio necessário; cabe ao
coordenador a decisão sobre a maioria dos assuntos. Os mais importantes,
é claro, são decididos pelo grupo.
5) Ser equilibrado: não estar excessivamente animado ou desanimado; hoje
querendo tudo e amanhã nada, controlando seus impulsos para manter-se
na linha do objetivo traçado pelo grupo. A abertura para o diálogo com o
mundo começa pelo diálogo interior
6) Conhecer seus pontos fortes e fracos: ninguém é perfeito, mas o
coordenador será chamado a falar em público, escrever, dialogar, negociar
e organizar. Assim, ele deve desenvolver suas aptidões e buscar auxílio
para suprir suas limitações.
7) Observar, ouvir e falar com seu grupo: cada pessoa é importante, cada
fato deve ser trabalhado e estudado, como também a realidade (particular e
coletiva) nunca deve ser esquecida.
8) Fazer partilha com outras pastorais: fomos acostumados a resolvermos
apenas os problemas do nosso grupo imediato. O coordenador precisa
articular-se com outros coordenadores para resolver problemas comuns,
sendo verdadeiramente “Igreja de Cristo”. Colocando em pratica a Pastoral
de Conjunto.
9) Fidelidade: afinal, o Reino que buscamos não é meu e nem seu, é de
Deus.
COORDENAR EM EQUIPE
A melhor maneira de coordenar se realiza em comunidade, em equipe. Um
coordenador que fica no cargo por anos seguidos tende a se desgastar por
tanto trabalhar ou a acomodar-se.
O primeiro foge quando pode e o segundo tende a se perpetuar no poder. A
solução é montar uma equipe partindo das necessidades do grupo, criando
assessorias (e preparando novos líderes): secretário, assessor de
comunicação, de liturgia, de formação, de eventos, etc…
É preciso dividir tarefas, responsabilidades e autonomia, formando uma
“família” que promova reuniões regulares e divida alegrias e desafios.
Se o Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda, pequenino, que
se torna a maior das árvores, a coordenação deve ser simples, mas com
solidez e competência, criando raízes em Jesus Cristo.
SOMBRAS PASTORAIS (texto extraido do Site da Diocese de Santo
André)
1. Messianismo. É a mania de fazer planos pastorais, sem consultar a
vontade de Deus. Daí vem o estrelismo das pessoas que se projetam a si
mesmas. Deus fica em segundo lugar, serve de estepe para que nossos
planos não falhem segundo nossa vontade, nossas ideologias e nossas
óticas.
2. Ativismo. Pouca oração e muita agitação. Vale o que eu faço e não o que
eu sou. A pastoral vira profissão, burocracia. O ativismo leva à
impaciência apostólica. É fruto do vazio interior e da vaidade pessoal.
3. Perfeccionismo. Busca-se o êxito, o sucesso, o resultado. A confiança
não está na graça de Deus mas nos planos e ações bem escritas nos livros
pastorais e nas pessoas envolvidas. Tudo deve dar certo.
4. Mutismo. Consiste em calar verdades, omitir correções e falar só o que
agrada. As grandes verdades silenciadas são: a castidade, o purgatório, o
inferno, a infidelidade conjugal, a renuncia. O que importa é agradar. Por
isso, há falta de profetismo.
5. Pessimismo: Prega-se problemas, incertezas, azedumes e queixas. A
Palavra de Deus não é proclamada. No seu lugar estão as dúvidas,
suspeitas e vazios do pregador, do catequista, do pastoralista. Joga-se sobre
o povo, problemas pessoais não resolvidos.
6. Falta de esperança. É o pecado do reducionismo que consiste em reduzir
a esperança, não crer na ressurreição, na eternidade, na vida futura. Tudo
fica reduzido a este mundo, à matéria, à ciência experimental. Sem
esperança não há consistência.
7. Burocracia. As pessoas são deixadas de lado e esquecidas. Cumprem-se
as leis, marca-se o ponto, tudo vira pura burocracia eclesiástica e
administração. O burocrata cumpre o dever, mas abandona as pessoas, os
pobres, os sofredores. O que importa é o funcionamento da máquina
eclesial.
8. Discriminação. Uns são privilegiados e outros descartados. Uns bem
recebidos, outros rejeitados. Faz-se acepção de pessoas. Os ricos, os
amigos, os privilegiados têm vez, os outros são discriminados.
9. Sectarismo. É a falta de abertura, de pluralismo e de ecumenismo.
Sectário é que secciona, busca o que lhe interessa e agrada. É o grupismo.
Só meu grupo, minha espiritualidade, meu movimento, minha pastoral,
meu interesse é que vale. O sectário ignora o outro, o diferente e o
despreza, critica e combate. Falta o espírito de comunhão e de unidade. É a
pastoral de gavetas e sem articulação que acaba no paroquialismo.
10. Carreirismo. É quem busca promoção. Fecha-se na sua experiência e
desfaz a experiência dos outros. Eu é que estou certo os outros estão
errados. O carreirista acha-se insubstituível e infalível. Não solta os cargos.
Perpetua-se no poder. É grudado na sua função. Mata a pastoral pelo apego
ao poder. Não quer mudança nem transferência. Não dá lugar para os
outros.
11. Individualismo. É quem espera gratificações, recompensas, aplausos e
louvores. Precisa toda hora de elogios, pois do contrário cai em aflição ou
na crítica azeda. O que vale é a sua imagem, sua fama, a projeção de si.
12. Perda da alegria. Faz tudo por obrigação, cai na rotina, vive na
superficialidade. Não tem entusiasmo perdeu a alegria e o humor. Vem a
amargura e a dramatização da vida.
13. A mesmice. É quem perdeu a criatividade, caiu na instalação, na
mediocridade. Faz tudo sem amor, instala-se nos próprios defeitos e os
justifica. Tem explicação para todos os seus erros e desleixos. Não muda e
não se dispõe a mudar.
14. Vitimismo. É quem se acha injustiçado, rejeitado e por isso vive na
apatia, arranja doenças, apega-se a defeitos psicológicos para justificar o
vitimismo. Vive mais cuidando de si do que da pastoral do rebanho.
15. A inveja pastoral. Consiste em menosprezar o trabalho dos outros,
aumentar seus defeitos, competir e tratar os outros com cinismo. O
invejoso procura bloquear o sucesso alheio. Acontece aqui a “contradição
dos bons”, ou seja, não recebemos apoio e incentivo dos nossos colegas,
amigos, irmãos de caminhada, pelo contrário, somos invejados,
incompreendidos e criticados.
Para uma sadia evangelização precisamos da “conversão pastoral” pela
qual venceremos as sombras pastorais, como aponta o Documento de
Aparecida.
Dom Orlando Brandes (Arcebispo de Londrina)
Coordenador (a): Reze, peça sabedoria, confesse, comungue, leia muito,
informe-se, cresça! Entregue-se nas mãos de Deus e seja feliz!
Bibliografia:Coordenador de pastoral – Um serviço à comunidade, Ed.
Vozes

Critérios para ser coordenadores de comunidades


- julho 19, 2014
Na Igreja Católica do Brasil estamos vivendo um novo modo de “Ser igreja”. Com as
diretrizes pra ação Evangelizadora, DOC. 94, a CNBB quer provocar uma profunda reflexão
sobre o nosso jeito de ser igreja, favorecendo a renovação e a dinamização das comunidades
eclesiais. Esta reflexão está sendo fundamentada no livro dos “Atos dos Apóstolos”, no
código de Direito canônico e nas doutrinas da Igreja Católica.
 
Na verdade, é um convite a reencontrarmos o primeiro amor. As primeiras comunidades
cristãs, cuja vida é descrita nos Atos, nos animam na busca da identidade e da missão da nossa
Igreja hoje.
Assim pensamos a partir das experiências doas Atos dos apóstolos o jeito de exercer a
liderança cristãs em nossas comunidades.

1. Liderança- é exercer a influência, coordenação dentro de um grupo, comunidade e


move-los e fazer permanecer no alvo que é a felicidade, a alegria dos membros do
grupo, comunidade. 
2. É ajudar a pessoa descobrir a alegria de viver segundo o Evangelho no seguimento de
Jesus Cristo, em comunidade, a Igreja.
3. Liderança cristã é ajudar a pessoa a se parecer com Cristo. É ajudar a pessoa descobrir seu
valor, sua dignidade.
4. É ajudar descobrir possibilidades, apoiar, encorajar, elevar a autoestima.
5. Ajudar as pessoas a colocar Deus como fonte e meta da sua vida.
6. Caminhar junto, torna-se discípulo de Cristo e de sua Igreja.
7. É por fim adotar os princípios fundamentais de uma prática, de uma ética os
ensinamento de Jesus Cristo, e dos apóstolos cujo, os bispos tem a sucessão
apostólica. Portanto ser coordenador, uma liderança cristã é assumir conjuntamente o
chamado divino que Deus faz através de sua Igreja.

Exigência de Comunidade
Em muitos ambientes e corações, neste início de milênio, vale a religião do indivíduo, sem
compromisso com uma instituição ou vida de comunidade. Religião de necessidades e
direitos, mas sem responsabilidade e deveres.
A religião do indivíduo busca soluções imediatas, vive de práticas sem convicções, arrebanha,
mas não une, satisfaz, mas não sustenta.
Na religião do indivíduo cada um encontra motivações e legitimação para a sua fé dentro de
si mesmo, desconsiderando o outro como caminho para Deus.
Na religião do indivíduo não há vida para o cristianismo e nem futuro para a comunidade
cristã.
Quando lemos o livro dos Atos dos Apóstolos compreendemos logo o valor da vida de
comunidade para a vivência dos valores cristãos. Não existe cristianismo sem comunidade,
nem cristão isolado, solitário, só. As primeiras comunidades cristãs são os frutos concretos da
Palavra de Jesus. Nelas percebemos claramente alguns critérios inegociáveis.

Capacidade de ouvir e dialogar;

Que seja integro e verdadeiro, pessoa que não seja amante do suborno. Seja integro nos
relacionamentos, nos negócios, nos compromissos assumidos, que saiba cuidar de sua alma, corpo
e espirito.

Que cuide de seus sentimentos.

Que busque a humildade e liberte-se do orgulho e de toda vaidade.

Que tenha coragem. Que seu sim, seja sim, e que seu não seja não. Responsabilidade no ser e no
agir.

Que tenha disponibilidade para aprender da Palavra de Deus, da Vida da Igreja e saiba conviver
com os outros.

Que busque uma vida de oração, de escuta da Palavra de Deus, e que o temor a Deus seja seu
fundamento.
Que saiba onde começa e termina seu ministério,
Que saiba trabalhar em equipe a felicidade se vive e se conquista junto.
Que busca colabora com as demais comunidades da paroquia e com toda Igreja.


. Assim devemos aprender:

1. A não agredir as pessoas;


2. A comunicar-se;
3. A interagir;
4. A decidir em grupo;
5. A cuidar de si e dos outros;
6. A cuidar do entorno;
7. A valorizar o saber social

Critérios para se candidatar a coordenação

1. Pessoa Nascida na Comunidade ou more e participe no mínimo 03 anos;


2. Católico atuante nas pastorais e movimentos da Igreja, comunidade;
3. Conheça as diretrizes da Diocese e Paróquia e concorde com elas;
4. Pode ser solteiro ou casado que tenha boa conduta;
5. Tenha recebido todos os Sacramentos;

O que é preciso para a Eleição

1. Marcar a data com antecedência. 


2. Todos devem ser avisados. 
3. Todos devem ficar sabendo. 
4. Deve ser marcado num dia e horário que todos possam participar da votação.
5. A eleição deve ser por voto secreto. 
6. Apresentação dos candidatos previamente ao Vigário.
7. Não vale votar levantando a mão.
8. Deve ser escrito o nome dos candidatos no papel em branco.
9. Aquele que receber mais votos será eleito. (Pela lógica)
10. Todas as cédulas devem ser numeradas e assinadas pela comissão eleitoral.
11. Todos os votante devem ter assinado no livro de ata da comunidade.
12. A cada cargo deve haver uma rodada diferente. Por exemplo, para coordenador uma
rodada; para tesoureiro, outro; para secretário, outro.

Quem pode Votar:

1. Quem mora na comunidade.


2. Quem é católico e participa da comunidade católica
3. Quem tem mais de 16 anos
4. Quem participa da comunidade ativamente
Obs: Tanto para votar e ser votado tem que participar da comunidade ativamente.

Quem Não pode Votar

1. Quem mora na cidade e não participa da comunidade.


2. Pessoas que frequentam outras Igrejas protestantes.
3. Pessoas de outra religião, ou seitas.

O atual coordenador pode ser reeleito, se for a vontade da maioria. O período de cada
coordenação é de 3 anos, mas se a comunidade quiser fazer outra eleição terá direito, desde
que a maioria participe.
Para que a eleição tenha validade e seja aceita pelo vigário, tudo o que acontecer na reunião
deve constar na ata e ser assinada por todos.
Atenciosamente:
Paróquia de Santo Antônio – Diocese de Óbidos – Pará
Grupo de Oração: O Carisma da Coordenação
Qua, 29 de Agosto de 2012 22:00 | PDF  | | Imprimir |
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Jo 15,16: “não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi


e vos constituí para que vades e produzais frutos, e o vosso fruto permaneça.”

O objetivo deste ensino é orientar aqueles que assumem uma coordenação sobre a importância de compreender
a cooperação entre a graça e a natureza no ministério de coordenação, e tratar de algumas funções práticas
pertinentes ao coordenador.

1-    MINISTÉRIO DA COORDENAÇÃO

Coordenação vem da palavra latina cordinatione que significa: “ dispor sobre a certa ordem ou método, organizar
o conjunto, pôr em ordem e desconjunto”. É uma “co-operação”, uma ação de co-responsabilidade entre iguais.
A coordenação promove união de esforços, de objetivos comuns e de atividades comunitárias, evitando
paralelismo, o isolamento na ação evangelizadora.

A coordenação tem por finalidade criar relações, facilitar a participação, comprometer na co-responsabilidade,
realizar a interação e tornar eficaz o conjunto da caminhada do Movimento. São se trata de um ministério de
privilégios, mas de serviços práticos, objetivos.

A função de coordenar, a princípio, é uma capacidade humana, um talento que pode ser buscado, desenvolvido,
aperfeiçoado. O líder será capaz de coordenar de modo louvável determinado grupo de pessoas, conseguindo
alcançar os reais objetivos pretendidos.

Existem técnicas e métodos avançados que ensinam de forma eficaz como uma pessoa pode transformar-se em
um grande coordenador ou líder. Mas quando se trata de uma ação evangelizadora, é preciso recordar-se que
“as técnicas da evangelização são boas, obviamente, mas ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir
a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada poderia fazer sem ele. De
igual modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens.
E ,ainda, o mais bem elaborados esquemas de  base sociológica e psicológica, sem ele, em breve se
demonstram desprovidos de valor” (Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, n. 75).

O próprio princípio de Deus, na escolha daqueles que iam dirigir o seu povo, não obedece a critérios humanos.
• I Cor 1, 26-31

Isto não descarta, obviamente, a colaboração do homem, isto é, o empenho em desenvolver ou aprimorar as
suas potencialidades humanas. Porém, diante da realidade espiritual que é um Ministério de Coordenação, não
se pode contar apenas com a capacitação humana.

Coordenador (conceito eclesial): pessoa cheia do Espírito Santo e conduzida por Ele, eleita por Deus, mediante
confirmação da comunidade, para conduzir uma parcela do povo de Deus, empregando métodos de
coordenação segundo  carisma do amor.  

A missão do coordenador é antes de tudo “divina, por isso para realizá-lo deve estar unidos  a Jesus (Jo 15,1-8)
e conduzida pelo Espírito Santo.”

2 -  O CARISMA DA COORDENAÇÃO

O Senhor disse a Moisés: “Tens todo o meu favor” e “minha face irá contigo, e serei teu guia” (cf. EX 33, 12; 14).
Podemos entender o carisma como sendo o “favor” ou  “auxílio” dado por Deus para o vocacionado.
Sem o carisma, ficamos impossibilitados de responder à essa vocação. Ele é o “auxílio a nossa fraqueza” (Rm 8,
26) sem o qual nossas razões tornam-se vazias e infrutíferas.

O carisma é o alicerce para o exercício do ministério. A graça em ação = chárisma, que pressupõe a natureza,
conforme Santo Agostinho. Trata-se de uma complementaridade entre divino e humano, em vista da missão.

“O carisma da coordenação se manifesta nas ações administrativas realizadas pelos coordenadores. No âmbito
do nosso Movimento, ações administrativas são, especialmente: planejamento, organização, direção e
pastoreio”.

3 FUNÇÕES DO COORDENADOR

a) Evangelizar

MC 16,15 – “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura”.

Conceito de evangelizar = vem de Evangelho: Boa Notícia = evangelizar é anunciar uma Boa Notícia (Is 9,1-6; 
Lc 24, 1-43).

Podemos definir três espécies de evangelização:


 
1.Sacerdotal – Palavra celebrada;
2.Régia – Palavra vivida – testemunho (instauração do Reino de Deus no mundo);
3.Profética – Palavra proclamada.

Lembramos que todo o batizado tem as unções sacerdotal, régia e profética.

Evangelizar é a principal função do coordenador. Tudo na coordenação, planejamentos, propostas, projetos,


eventos devem ser orientados para a evangelização.

b) Administrar

Latim ad (direção, obediência) e minister (subordinação) = aquele que realiza uma função abaixo do comando de
outrem, isto é, aquele que presta serviço a outrem.

Administrar significa ainda o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de
alcançar objetivos.

Elementos da administração:

•Planejamento;
•Organização;
•Direção;
•Execução;
•Controle;
•Avaliação

c) Pastorear

Jo 10,11: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”.

•Busca os irmãos transviados;


•Reanima os desanimados;
•Conduz o rebanho;
•Ouve, ama, orienta, ora;
•Supervisiona os planejamentos e tarefas

d) Liderar

Jo 11,16: “A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: ‘Vamos também nós, para morrermos
com ele’”.

•Precede os irmãos na caminhada, primeiro na santidade, no amor, no perdão e no serviço.


•Dá sempre o primeiro passo.
•Não tem subordinados. Ele não dá ordens, mas todos fazem o que ele deseja.
•Transmite segurança, confiança.
•Transmite senso de justiça.
•Sabe que não deve fazer tudo sozinho.

e) Formar
Lc 11,1-11: “instruções aos discípulos”
•Com exemplo, testemunho de vida;
•Valoriza e promove meios para o crescimento espiritual e humano dos membros do grupo;
•Encaminha os servos do grupo para os encontros específicos de formação de cada ministério;
•Forma novos líderes.

NEEMIAS

Neemias foi um líder da época do pós-exílio que soube planejar, organizar, motivar e exercer liderança sobre
quem vivia em Jerusalém e nas redondezas da cidade. Ele serve como um modelo de coordenador que assume
a pratica a liderança com responsabilidade e praticidade. A partir das situações vividas soube:
•Equilibrar o planejamento prático com a confiança em Deus;
•Conviver com as críticas não merecidas;
•Resolver conflitos de personalidade e dificuldades no relacionamento humano;
•Enfrentar sérias pressões financeiras;
•Lidar com líderes antigos e algumas vezes machucados.
quipes de Liturgia: funções e modo de atuação
Por Ir. Veronice Fernandes, pddm
 
1. O que é uma equipe?
No nosso dia a dia, de uma forma ou de outra, estamos sempre envolvidos em
equipes.

Mas o que é mesmo uma equipe? Podemos dizer que uma equipe é um conjunto de
pessoas que se dedicam à realização de um mesmo trabalho. São pessoas que
lutam juntas por um objetivo, de modo que possam alcançá-lo com maior rapidez.

No ambiente de trabalho, a equipe é um grupo de pessoas com habilidades


complementares que trabalham em conjunto para alcançar um propósito comum
pelo qual são coletivamente responsáveis.

Uma equipe de trabalho poderá atingir alto nível de desempenho em termos de


produtividade e qualidade, desde que seus membros sintam satisfação com suas
tarefas e sua comunicação seja adequadamente eficaz.

É preciso ter objetivos e metas comuns para alcançar os resultados esperados.

2. Equipe de liturgia: exigência da renovação litúrgica proposta pelo Concílio


Vaticano II
O papa João XXIII solenemente deu início ao Concílio Vaticano II, atendendo à voz
do Espírito que impelia à abertura de portas e janelas para a entrada de novos
ventos na Igreja. Esse grande acontecimento do Espírito do Senhor, seguido pelas
Conferências de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida
(2007), marcou a vida e a missão da Igreja.

O concílio propôs uma volta às origens, redefinindo a liturgia como cume e fonte e
como lugar privilegiado da experiência de salvação realizada pelo mistério pascal de
Cristo Senhor, centro e mediador da história salvífica. Uma liturgia celebrada de
forma ativa, plena, consciente e frutuosa por todo o povo de Deus, povo sacerdotal
(sacerdócio comum e ordenado) que possui costumes, língua e riquezas culturais
muito próprias (cf. SC 5-8; 10.14).

O Concílio Vaticano II mudou também o conceito e o jeito de ser da Igreja. Lembrou


à Igreja que ela é povo de Deus. A Igreja é o povo de Deus, corpo de Cristo, do qual
ele é a cabeça.

A Igreja é então constituída por um povo de batizados. O concílio valorizou ainda o


sacerdócio comum dos fiéis, ressaltando que todo o povo de batizados participa do
sacerdócio de Cristo. Também destacou a diversificação dos ministérios litúrgicos
como expressão da Igreja-comunhão, Igreja corpo de Cristo, em que cada membro
tem a sua tarefa específica em função do bem comum da comunidade.

As mudanças provocadas pelo Vaticano II nos princípios teológicos das mais


diversas áreas da vida eclesial (teologia litúrgica, eclesiologia etc.) tiveram
repercussão na prática da Igreja.

Por exemplo, sendo a Igreja todo o povo de Deus, nas celebrações todos devem
participar. O concílio pede: “Nas celebrações litúrgicas, cada qual faça tudo e só
aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete” (SC 28).
Ninguém deve acumular funções na liturgia (SC 28-29). Cada membro é sujeito e
tem a sua função específica em favor do bem comum da comunidade.

 
3. Equipe de liturgia: o que e para quê?
Primeiramente, vale dizer que, para o bom funcionamento de um trabalho, é preciso
haver organização. A liturgia não foge à regra, pois necessita de uma equipe de
liturgia dedicada, atenta e disposta a servir…

Em segundo lugar, sendo a liturgia uma ação comunitária, pressupõe uma


assembleia reunida com uma diversidade de ministérios exercidos por pessoas com
dons e carismas distintos e complementares. Por sua natureza comunitária, a liturgia
necessita do serviço de equipes que, em nome da comunidade eclesial, planejem
sua vida litúrgica, preparem e avaliem as celebrações e qualifiquem os ministros e
servidores para eficiente e eficaz desempenho de suas funções.

Supõe trabalho comunitário e participativo na comunidade. A equipe não é


“tarefeira”, mas de reflexão, estudo e ação. A marca registrada da equipe é o serviço
dedicado, abnegado, inteligente e gratuito. Uma ação concreta em favor do bem
comum, numa verdadeira mística de serviço.

A equipe de liturgia é, então, o coração e o cérebro da pastoral litúrgica da vida da


Igreja (regional, diocesana, paroquial e comunitária).

Entendemos “pastoral” como atividade do pastor, que leva seu rebanho a verdes
pastagens, a águas frescas, que defende as ovelhas contra os perigos, contra lobos
e ladrões, assim como fez Jesus, o “Bom Pastor”. Ter esse espírito “pastoral”, ou
seja, de “pastor” que dá a vida por suas ovelhas, é próprio de todos os seguidores e
seguidoras de Jesus Cristo, principalmente de quem está servindo em uma pastoral.

As equipes de liturgia são, em primeira mão, as responsáveis pela pastoral litúrgica.


Essa ação eclesial tem por objetivo imediato a participação ativa, consciente e
frutuosa dos fiéis na celebração e por finalidade, a edificação do corpo de Cristo
mediante a santificação das pessoas e o culto a Deus. Na edificação do corpo de
Cristo, a pastoral litúrgica colabora com a edificação de toda a humanidade e da
criação inteira, conforme afirma Medellín: “A celebração litúrgica coroa e comporta
um compromisso com a realidade humana… e com a promoção” (9,4). Isso significa
que também os membros da pastoral litúrgica devem visar à transformação do
mundo em Reino de Deus. [1]

A pastoral litúrgica no Brasil é organizada em três setores: o setor da celebração


propriamente dito (mais conhecido como pastoral litúrgica), o setor de canto e
música litúrgica, o setor do espaço litúrgico e da arte sacra.

A pastoral litúrgica implica ainda cuidados com a preparação, a realização e a


avaliação das celebrações, com a formação do povo e dos ministros e também com
a organização da vida litúrgica nos vários níveis eclesiais. Como escreve Pe.
Gregório Lutz: “Esta divisão corresponde, portanto, a um tríplice objetivo da pastoral
litúrgica, que é promover celebrações autênticas, a formação litúrgica, a organização
da vida litúrgica”. Esses três objetivos, como afirma Pe. Gregório, encontramos na
organização da Constituição Sacrosanctum Concilium do Vaticano II: dos números 5
a 13 o documento trata da celebração litúrgica, dos números 14 a 29 da formação de
seus agentes e dos números 41 a 46 da organização da pastoral litúrgica. [2]

Podemos então concluir que uma equipe de liturgia (regional, diocesana, paroquial e
comunitária) deve ser constituída levando em conta os três setores (o setor da
celebração propriamente dito, mais conhecido como pastoral litúrgica, o setor de
canto e música litúrgica, o setor do espaço litúrgico e da arte sacra). Essas equipes
cuidam da vida litúrgica, animando-a e articulando-a, com atenção às celebrações, à
formação e à organização.

4. Equipes de liturgia em diferentes níveis


4.1. Em nível nacional
Para “favorecer a ação pastoral litúrgica na Igreja” (SC 43), o concílio determina uma
estrutura organizacional: uma Comissão Litúrgica Nacional assistida por
especialistas em liturgia, música, arte sacra e pastoral, com a missão específica de
orientar, na sua região, a ação pastoral litúrgica e promover os estudos e as
experiências necessárias sempre que se trate de adaptações a serem propostas à
Sé apostólica (SC 44).

No Brasil temos a seguinte organização: existe a Comissão Episcopal Pastoral para


a Liturgia, constituída por três bispos. Eles são assistidos por assessores(as) de três
setores: arte sacra e espaço celebrativo, música litúrgica e pastoral litúrgica. Cada
setor é ainda assessorado por uma equipe de reflexão, constituída por liturgistas,
músicos, arquitetos e artistas, ou seja, por especialistas nas áreas específicas.

A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia tem por objetivo acompanhar,


incentivar e promover a vida litúrgica, sua renovação e sua inculturação por meio da
articulação com os regionais, visando à formação litúrgica em todos os níveis e ao
sólido aprofundamento teológico das celebrações, para que elas contribuam para a
maturidade das pessoas e das comunidades em Cristo, tendo em vista a construção
do Reino de Deus.

 
 

4.2. Em nível regional


Há também um bispo responsável em cada regional que conta com a colaboração
de um(a) coordenador(a), cujas atribuições são desenvolvidas com a ajuda de uma
equipe que organiza e anima a vida litúrgica do regional, no que diz respeito à
pastoral, à arte sacra e espaço litúrgico e à música litúrgica.

4.3. Em nível diocesano


O Concílio Vaticano II pede: “(…) haja, em cada diocese, a comissão de liturgia
sacra, para promover a ação litúrgica, sob a orientação do bispo. Poderá, às vezes,
ser oportuno que várias dioceses formem uma só comissão para promover em
conjunto a ação litúrgica” (SC 45). E ainda: “Além da comissão de liturgia sacra,
instituam-se em cada diocese, se possível, também comissões de música sacra e de
arte sacra. É necessário que essas comissões trabalhem em conjunto, e não
raramente será oportuno que se unam numa só comissão” (SC 46).

Em 26 de setembro de 1964, a 1ª Instrução Geral Inter Oecumenici sobre a


aplicação da constituição conciliar detalhava as tarefas para as Comissões de
Liturgia Nacional e Diocesana, orientações que conservam ainda todo o seu valor.
Em resumo, são as seguintes: 1) conhecer o estado da ação pastoral litúrgica na
diocese (ver); 2) pôr em prática a reforma litúrgica (animar); 3) sugerir aos
presbíteros iniciativas práticas para fomentar a liturgia (assessorar); 4) fazer um
planejamento progressivo de ação pastoral litúrgica e recorrer à assessoria de
pessoas competentes (planejar); 5) fazer a pastoral litúrgica caminhar em
colaboração com os que trabalham no campo da Bíblia, da catequese, da pastoral,
da música e da arte sacra, bem como com todas as associações de leigos (pastoral
de conjunto).
 

4.4. Em nível paroquial


A equipe de liturgia, imbuída da mística de serviço e comprometida com a paróquia,
exerce um serviço bem mais concreto e prático: organiza toda a vida litúrgica nas
comunidades (celebração aos domingos — eucarística ou da Palavra —;
celebrações dos sacramentos, sacramentais e outras); garante um processo que
atua no conjunto da pastoral da paróquia e na formação litúrgica de todos;
acompanha os animadores das celebrações; prepara subsídios de apoio; garante
que a equipe esteja a serviço das comunidades; delega representante para a
formação diocesana; prepara as celebrações em âmbito paroquial; providencia para
que a liturgia seja dignamente celebrada; imprime a espiritualidade litúrgica nas
comunidades, nos movimentos, no presbitério, enfim, em toda a pastoral diocesana.

4.5. Em nível comunitário


Com uma atuação bem localizada, a equipe de liturgia da comunidade: promove e
cria celebrações inculturadas; acompanha as equipes de celebração e toda a vida
litúrgica da comunidade; atua em sintonia com a equipe paroquial; providencia para
que a liturgia seja dignamente celebrada.

5. As equipes de celebração
Estas são encarregadas diretamente das celebrações da palavra de Deus, da
eucaristia (missas), do batismo, do matrimônio, das exéquias e das bênçãos nas
paróquias e comunidades. Dessas equipes, especialmente, fazem parte os leitores,
os ministros da sagrada comunhão eucarística, os recepcionistas, os salmistas, os
cantores e instrumentistas, os animadores, o comentarista e os ministros que
presidem etc.[3]

6. Como constituir uma equipe de liturgia


É necessário fazer a distinção: uma coisa é a equipe que pensa a vida litúrgica da
comunidade, paróquia, diocese ou regional, outra é a equipe que atua diretamente
em uma celebração litúrgica específica.

Podemos afirmar que os principais serviços de uma equipe de liturgia são: animação
da vida litúrgica, planejamento, coordenação, formação, assessoria e avaliação.[4]

Primeiramente, a equipe deve ser constituída por pessoas que de fato amam e
vivem a liturgia. Exige carisma e dom. Exige ainda conhecimento, uma formação
básica ou mais aprofundada.

Na verdade, não há uma regra única. Vai depender de cada realidade. A diversidade
de carismas e dons enriquece a equipe.

Algumas práticas já comprovam que o critério de representatividade não deve ser a


única possibilidade.

Em linhas gerais, existem alguns caminhos para constituir uma equipe de liturgia:

— Iniciar com um curso, para depois engajar as pessoas na prática;

— Ir dando responsabilidades de acordo com o carisma de cada pessoa (acolhida,


canto, organização etc.);

— É preciso alguém tomar a iniciativa para dar início a uma equipe. Geralmente o
apelo vem da realidade;

— É importante que a equipe tenha uma legitimação da autoridade competente


(bispo, padre etc.).
[5]

 
Bem constituídas, as equipes de liturgia vão exercer seu serviço com atenção às
celebrações, à formação e à organização, lembrando que canto-música e arte-
espaço celebrativo são partes intrínsecas da liturgia.

 
7. Por uma celebração em que todos participem do mistério da salvação, cujo
centro é o mistério pascal de Jesus Cristo
A liturgia é celebração da história da salvação, que tem como centro e plenitude o
mistério pascal de Cristo (cf. SC 5-6).

“Deus quer salvar e fazer chegar ao conhecimento da verdade todos os homens…”:


assim se inicia o número 5 da Sacrosanctum Concilium. Todo o Primeiro
Testamento é grande canto e imensa narrativa das ações do Senhor em favor da
salvação do povo eleito (= liturgia!). A experiência do êxodo é típica e paradigmática.
Deus foi sendo descoberto sempre mais intensamente, sobretudo pelos sábios e
profetas, como aquele que, com fidelidade e eterna misericórdia (Sl 135), opera a
salvação do povo. Um Deus libertador, solidário, misericordioso, fiel, um Deus
perdão, um Deus que ama a vida do seu povo, um Deus que tudo faz para que o
povo tenha salvação, isto é, vida plena . Assim, Deus preparou através dos tempos
[6]

o caminho do evangelho.
Então, o jeito de Deus como perfeição da liturgia tornou-se bem claro para nós na
plenitude dos tempos, isto é, com Jesus Cristo e o seu mistério pascal. Deus Pai nos
prestou este grande serviço: deu-nos o Filho. Aí está: a liturgia do Pai nos oferece o
Filho!
[7]

É na paixão, morte e ressurreição de Jesus que aparece de maneira acabada a


liturgia divina: “Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal de sua sagrada
paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão, completou a obra da redenção
humana e da perfeita glorificação de Deus, da qual foram prelúdio as maravilhas
operadas no povo do Antigo Testamento” (SC 5).

Nascendo do lado aberto de Cristo (cf. SC 5), do seu mistério pascal, a Igreja,
impulsionada pelo Espírito Santo, nunca mais deixou de se reunir para fazer
memória desse mistério tão grande, escutando a Palavra e celebrando a eucaristia,
na certeza da presença de Cristo, pois ele está presente em sua Igreja, sobretudo
nas ações litúrgicas… No sacrifício da missa (na pessoa do ministro) e, sobretudo,
sob as espécies eucarísticas… Presente está pela sua força nos sacramentos… e
pela sua palavra… Está presente quando a Igreja ora e salmodia… (cf. SC 7).

O memorial da liturgia divina se dá também nos outros sacramentos, nos


sacramentais, nas celebrações da Palavra e em tantas outras celebrações em nome
do Senhor. Toda liturgia constitui uma ação sagrada, feita de sinais sensíveis, que
nos remete à experiência do mistério de Cristo, de modo que é importante a
celebração da Liturgia das Horas (SC, cap. IV), do Ofício Divino das Comunidades,
como também o ano litúrgico (SC, cap. V), a música (SC, cap. VI), o espaço litúrgico
e a arte sacra (SC, cap. VII).

Pela ação ritual, participamos do mistério pascal, que nos faz morrer e ressuscitar,
dia a dia, em Cristo. Nossa vida e história são vida e história de Cristo glorioso —
nosso sofrer e vencer são participação na morte e ressurreição de Cristo, na sua
páscoa. Somos tocados pelo mistério. A liturgia divina se comunica a nós pela
memória que dela fazemos. E como isso se dá? De maneira sensível, a saber, em
comunhão com todos os nossos sentidos, valorizando as expressões simbólicas e
culturais da comunidade humana que celebra. As ações simbólicas realizam aquilo
que significam. Assim, em verdadeiro diálogo amoroso, a comunidade celebrante,
corpo místico de Cristo, é santificada e, com profunda gratidão, glorifica o Senhor da
vida e da História.

A nossa celebração se tornará sempre mais verdadeira e autêntica se for expressão


de uma vida agradável a Deus. Dizendo “sim” a Deus, à sua vontade e à sua obra, e
sobretudo celebrando na liturgia esse nosso “sim” vivido, estamos levando a efeito a
salvação. E dessa forma, antegozando a liturgia celeste, vamos vivendo/celebrando
e contribuindo para a transformação do mundo em Reino de Deus, até a vinda
definitiva do Senhor Jesus (cf. SC 8).

8. Por uma formação litúrgica adequada


Na dinâmica da Sacrosanctum Concilium, encontramos a formação como condição
para a participação na liturgia e para a concretização da renovação litúrgica
conciliar. Esta deve ser iniciada pelos pastores/padres (cf. SC 14), que serão
formados nos seminários, nas casas religiosas e nos institutos de teologia por
professores devidamente preparados (cf. SC 15). Não basta, porém, a formação
acadêmica; é necessário que os pastores estejam imbuídos do espírito e da força da
liturgia e dela se tornem mestres (cf. SC 14).
A liturgia deve ser fonte da vida espiritual dos presbíteros e seminaristas. Participem
dela de todo o coração tanto pela própria celebração quanto pelos outros exercícios
de piedade. É preciso também aprender a observância das leis litúrgicas, para que a
vida nos seminários seja impregnada do espírito litúrgico (cf. SC 17).

Enfim, todos os pastores bem formados se empenharão em proporcionar adequada


formação para todo o povo e, particularmente, para os que exercem serviços e
ministérios. Essa formação se dará por meio de cursos, escolas etc., bem como com
o próprio exemplo (cf. SC 19).

Os meios de comunicação (rádio e televisão…) também formam. Não é por acaso


que a Sacrosanctum Concilium, falando de formação, afirma: “As transmissões por
rádio e televisão das funções sagradas, particularmente em se tratando da santa
missa, façam-se com discrição e decoro” (SC 20).
Depois de recordarmos os dizeres do Concílio Vaticano II sobre a formação,
podemos perguntar: na nossa realidade de Brasil e América Latina, como será a
formação litúrgica?

Vamos partir do princípio de que é preciso “uma formação litúrgica integral,


envolvendo todas as dimensões do ser humano e todas as dimensões da liturgia: a
ação ritual, seu sentido teológico, sua espiritualidade. (…) Nesta formação estamos
incluindo a música e a organização do espaço litúrgico” .
[8]

A formação litúrgica é
um processo pedagógico, tendo por objetivo final a participação ativa, exterior e
interior, consciente, plena e frutuosa de todo o povo de Deus nas celebrações
litúrgicas, ou seja, a vivência do mistério de Cristo através da participação na ação
ritual. Para atingir a pessoa humana como um todo, é preciso operar com a
dimensão corporal, relacional, intelectual, afetiva, intuitiva, imaginária, simbólica e
experiencial da mesma. [9]

Para uma formação litúrgica eficaz, é preciso levar em conta a metodologia. Quando
se trata de formação litúrgica, a metodologia mais indicada é a participativa,
sobretudo se está claro que tipo de liturgia se quer reforçar ou alcançar.

A metodologia da formação litúrgica requer ainda um programa ou projeto que


responda às seguintes questões: O quê? Com quem? — agentes e destinatários. De
onde e para onde? — ponto de partida (realidade dos participantes no contexto
sociocultural) e o ponto de chegada almejado (objetivos). Por quê? — finalidades,
justificativas. Como? — etapas, métodos e técnicas. O quê? — conteúdos. Quando?
— tempo, duração. Onde? — local, ambiente. Quem? O quê? Quanto? — recursos
humanos, materiais e financeiros. Por fim, execução, acompanhamento da ação e
avaliação.[10]

Falando ainda em metodologia, é importante produzir conhecimento em mutirão,


utilizando o método ver, julgar e agir. A observação participante, o laboratório
litúrgico e vivências rituais são técnicas apropriadas para aprender liturgia, já
comprovadas pela prática. Vale ressaltar ainda o método mistagógico: do rito à
teologia. Contribui também a leitura orante, o processo de preparação, realização e
avaliação das celebrações litúrgicas. No espaço deste artigo não há como
especificar todos esses itens. Para maior aprofundamento, ver publicações
existentes.[11]

9. Por melhor organização e funcionamento da equipe


Bom começo para o processo de planejamento da equipe de liturgia é a elaboração
do calendário de atividades, no qual são previstas as atividades relacionadas aos
tempos e festas do ano litúrgico; datas e festas da paróquia ou da comunidade;
datas especiais e reuniões da equipe de liturgia; atividades relacionadas à
catequese, à pastoral do batismo etc.

Oportuno meio para articular o serviço da animação da vida litúrgica de uma


paróquia, diocese ou regional é o plano de ação da equipe de liturgia. Um plano
benfeito e realista permite caminhar com maior segurança, sabendo aonde se quer
chegar. Existem diferentes modos de elaborar um plano. O mais importante é
começar a planejar o rumo e as atividades que vão garantir o verdadeiro serviço de
pastoral litúrgica. A própria ação de elaborar o plano ou o calendário de atividades
constituirá um exercício de comunhão e de participação. [12]

É importante utilizar a dinâmica ação-reflexão-ação. Revela-se necessário que todos


os participantes da equipe sejam sujeitos da ação que a equipe desenvolverá.

 
9.1. Passos para a elaboração do planejamento
• Ver a realidade — antes de qualquer passo, é importante que a equipe conheça a
realidade, e isso em qualquer nível.

• Discussão em equipe para:

— estabelecer objetivos (gerais e específicos);

— eleger prioridades;

— elaborar um cronograma de atividades: o que, quando, quem, onde e quanto.


Aqui vemos a importância da elaboração de um calendário litúrgico-pastoral;

— determinar recursos (humanos, materiais e econômicos);

— definir o método de avaliação.

• Redigir o Plano de Pastoral Litúrgico; planejamento (calendário litúrgico): prever


tudo com antecedência.

• Execução do Plano de Pastoral Litúrgico.

• Avaliação e retomada do plano de pastoral.

É importante ter organização e uma coordenação que busque alcançar os objetivos


do trabalho da equipe e garanta a participação de todos. Convém haver
acompanhamento por parte de uma liderança.

9.2. Organização básica e mínima


Calendário de reuniões, coordenador(a) com liderança, local de fácil acesso, plano
de trabalho, orçamento, secretaria, documentação, biblioteca, espaços de lazer…

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