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BúdicoS
HAK USAN KOGEN
P o rt a i s
Búdicos
Edição Especial
São Paulo
2018
Portais Búdicos: o caminho na natureza da mente una – Koguen G.
Copyright © 2016 Hakusan Kogen
Todos os direitos reservados
KOGEN, Hakusan
Portais Búdicos: o caminho na natureza da mente una /
Hakusan Kogen -- 3ª ed. -- São Bernardo do Campo, SP:
Garcia Edizioni, 2018.
276 p. : 14 x 21 cm.
ISBN: 978-85-5512-210-1
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VI. Toadas da Civilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
Sintonia e Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Ladrões da Mente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Fragilidade dos Sistemas Vitais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
Antropomorfia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
Balés Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
A Árvore Antecedente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
APÊNDICE:
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Agradecimento especial à abadia Zuiou-Ji Sodo:
Mestres Daigen Ikkô e Daiji Tsûgen
13
Agradecimentos
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Prefácio
Há mais de dois mil e quinhentos anos um jovem
príncipe deixou seu castelo, sua amada esposa e seu querido
filho, riquezas, servos e saiu à procura de si mesmo, à procura
da natureza da mente. Passou por inúmeras experiências, com
mestres de yoga e práticas ascéticas. Depois, renunciando à
própria renúncia, sentou-se em zazen. Sete dias e sete noites.
Tentado por todas as forças duais, tudo que divide e separa.
Manteve-se firme. Até mesmo quando a tentação de se achar
superior aos outros seres rondou sua mente. A Terra foi sua
testemunha. Não melhor, não superior, não inferior nem
mesmo igual. Cada ser, cada partícula única e revelando em si
toda a vida do universo – hoje até chamado de multiverso. A
frase de seu momento de iluminação suprema:
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O Monge Kogen é um monge Zen. Construiu sua
prática nos zafus (almofadas de meditação Zen Budista) de
mosteiros no Brasil e no Japão. Foi ordenado e recebeu a
transmissão do Dharma do seu mestre Reverendo Daiju Bitti
Rôshi, abade do Mosteiro Zen Morro da Vargem, no Espírito
Santo. Passou muitos anos no Japão, aprendeu o antigo
Caminho dos Budas Ancestrais e retornou ao Brasil para
continuar a transmitir o Dharma de Buda. Excelente escultor,
transforma diferentes materiais em Budas e Bodhisatvas,
contando a história e deixando as pegadas de Buda por onde
passa. Tendo penetrado os conhecimentos da Medicina
Chinesa, enriquece assim sua obra com conceitos e
explicações raras para budistas em geral.
Monge Kogen transita por uma linguagem metafórica
passando para uma linguagem psicológica e religiosa. Usa
analogias antigas, cita sutras e textos sagrados e cria novas
formas a fim de abrir o portal sem portas do Zen. O portal
sem portas do Zen Budismo é a natureza verdadeira da mente.
Está presente o tempo todo, mas muitas vezes não a
percebemos. Assim como é, é. De tão simples se torna
complicado e difícil.
Como a mente pode conhecer a própria mente?
Será que o olho pode ver o próprio olho?
Mestre Dôguen Zenji Sama, fundador de nossa ordem
budista Soto Zen Shu, no Japão do século XIII, nos deixou um
legado de profunda sabedoria sobre os ensinamentos de Buda.
Prosa poética, em um de seus textos mais famosos, o
Genjokoan (koan da vida diária), escreve o seguinte:
Mãos em prece,
MONJA COEN
T E M P L O T E N Z UI Z E N
SP, agosto, 2009
17
18
A Forma é Vazio.
O Vazio é Forma.
Todos os Dharmas são formas de vazio,
nem surgem, nem findam.
PRAJNA-PARAMITA SUTRA
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Introito
Pooh se levantou e começou a procurar por si mesmo.
A. Alexander Milne [1882~1956]
Reverentemente,
KOGEN__
22
23
24
_____ I _____
O Caminho das Possibilidades
25
É CLÁSSICO AFIRMAR, sob algum âmbito do modo de
vida Zen, que palavras são impróprias à expressão da
Verdade, fruto da experiência direta. Sim. Nada substitui a
vivência de “abandonar corpo e mente”, mar de epifania &
transcendência, descrito pelo grande mestre Eihei Dôgen na
percepção da Unidade.
As palavras, porém, ao contrário do que apregoa o
ditado popular, não são apenas “levadas pelo vento”. Elas
compõem o elenco da Nobre Senda Óctupla,1 ao lado do
pensamento e da ação.
A língua/linguagem surgiu para resolver o problema de
comunicação interna do cérebro, que, por sua vez, é usado na
mediação dos fatos. O tremendo sucesso das palavras está na
sociedade, cuja espinha dorsal só se mantém aprumada por
intermédio dos diálogos grupais. Acordos resolvidos com
assuntos que podem parecer ‘insignificantes’: metas são
traçadas, ideias expostas, piadas relatadas ou o andamento dos
amores comentados.
Há uma distorção, contudo. A concentração mental
precisa assumir ora o modo difuso, na universalidade da
situação, ora o focalizado nas minúcias particulares. Como a
linguagem só pode analisar uma-parte-por-vez, exige que o
encéfalo adote seu caráter focado, independentemente da
situação. Uma vez que a sintaxe é linear e estereotipada, a
mente-cérebro perde a capacidade de analisar o todo quando
focaliza a(s) parte(s). Isso porque faz parte da natureza do
cérebro, em sua batalha pela sobrevivência, identificar
padrões regulares de significados e registrá-los como se
fossem ‘apenas’ variantes do mesmo assunto. Quando uma
palavra é associada a um conceito, a categoria torna-se mais
nítida, e, nisso, fica difícil registrar as experiências que não se
‘enquadram’ nas categorias já existentes – o vocábulo “tijolo”
está arquitetado entre centenas de construções linguísticas; e
1
Explanações em: PARTE II, Cap 1.
26
qualquer intenção de mudar a sua forma põe em risco a
estrutura dos muros e edifícios da cidade.
Os conceitos que a língua/linguagem encerra têm raízes
na cultura de sociedades que tinham modus vivendi bem
díspar, geralmente mais simples que as atuais. Como alude
Edward De Bono:
2
CLAXTON, Guy. Ruídos de uma câmara escura – um estudo sobre o cérebro humano. São
Paulo: Siciliano, 1995. (p.95)
3
HUXLEY, Aldous. In: KANTOR, R.E. The affective domain and beyond . Journal for the Study of
Consciousness, vol.3: 1970. (p.20-42)
27