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José Antônio Cunha e Silva

Em Nome de Meu Pai


A Conquista da Consciência Humana
2008

O mesmo autor de:


Em Busca da Consciência Perdia
Agradecimento

Agradeço a Deus, meu Pai, que me trouxe até aqui,


e a meus amigos, professores e mestres
do mundo espiritual, que sempre
me guiaram e me ensinaram,

Advertência

Não creiam no que está posto neste livro.


Tenham coragem e duvidem.
Busquem conhecer o desconhecido.
Somente assim, encontrarão o verdadeiro Conhecimento.
Não tenham fé. Tenham certeza.
SUMÁRIO

Introdução................................................................................7

Capítulo 1
O Princípio de Tudo e o
Nascimento da Consciência Humana........................................... 12

Capítulo 2
Adão e Eva e a Perda do Paraíso.................................................... 32

Capítulo 3
A Consciência Humana e as Religiões.......................................... 49

Capítulo 4
O SER HUMANO
A Luz e a Escuridão do Ser Humano............................................ 67

Capítulo 5
Os Corpos Energéticos e os Registros Humanos...................... 110

Capítulo 6
Deus, Meu Pai................................................................................ 131

Capítulo 7
Frequências da Vida...................................................................... 153
SEGUNDA PARTE

Capítulo 8
EXPERIÊNCIA FORA DO CORPO FÍSICO
Experiência 1......................................................................................171
Experiência 2..................................................................................... 175
Experiência 3......................................................................................176
Experiência 4..................................................................................... 179
Experiência 5..................................................................................... 180
Experiência 6..................................................................................... 186
Experiência 7..................................................................................... 187
Experiência 8......................................................................................191
Experiência 9..................................................................................... 193
Experiência 10................................................................................... 195
Experiência 11................................................................................... 197
Experiência 12................................................................................... 198
Experiência 13................................................................................... 201
Experiência 14...................................................................................203
Experiência 15................................................................................... 207
Experiência 16....................................................................................211
Experiência 17....................................................................................213
Experiência 18....................................................................................215
Experiência 19....................................................................................218
Experiência 20...................................................................................223
Experiência 21...................................................................................225
Experiência 22...................................................................................228
Experiência 23...................................................................................229
Experiência 24...................................................................................230
Experiência 25...................................................................................233
Experiência 26...................................................................................236
Experiência 27...................................................................................238
Experiência 28................................................................................... 240
Experiência 29....................................................................................241
Experiência 30................................................................................... 243
Experiência 31................................................................................... 249
Experiência 32................................................................................... 251
Experiência 33...................................................................................255

TERCEIRA PARTE

Capítulo 9
COLETÂNEA DE TEXTO
O Ser e o Estar........................................................................259
O Ser e o Tempo......................................................................260
O Dia em que Deus Chorou....................................................261
Verdade e Liberdade...............................................................263
O Amor de uma Mulher..........................................................267
Pai Nosso................................................................................268
O Sermão da Montanha..........................................................269
Encontro com o Pai.................................................................270
As Quatro Consciências do Ser Humano................................276
Passageiro da Agonia..............................................................283
Alma Gêmea...........................................................................285
Mundo Espiritual....................................................................288
A Escolha do Povo Judeu........................................................292
Por quê?..................................................................................296
Experiência de 10 de março de 2008......................................300
Glossário.................................................................................301
Referências Bibliográficas e Sugestões de Leitura.................305
Introdução

Escrever sobre a consciência humana é, com certeza, ta-


refa árdua e espinhosa. É extremamente difícil, porque para
falar de consciência é preciso conhecê-la e para conhecê-la
é necessário possuí-la. Mas, como possuir algo que não se
compra, não se ganha e nem tampouco se aprende? A res-
posta é uma só: Conquistando. Isso mesmo, a consciência
é antes de tudo uma conquista individual e solitária do Ser
Humano. Individual porque somente a própria pessoa po-
de e consegue conquistar a sua consciência. É também uma
conquista solitária, porque é uma luta que o Ser Humano
trava consigo mesmo para o autoconhecimento e ninguém
pode auxiliá-lo nesse momento tão crucial do “conhece-te
a ti mesmo”. Para isso, a pessoa tem que olhar no espelho
eterno de si mesmo e mergulhar na imensidão do oceano
de suas vidas passadas em busca da pérola mais perfeita e
nobre, mais sagrada e divina: A consciência eterna.
Este assunto, que transcende qualquer outro que o Ser
Humano conhece ou imagina, não é matéria que se pren-
de ao conhecimento humano material; é antes de tudo um
7
estado próprio do homem que se encontra na condição de
humano e não de animal irracional. Muito falaremos dessa
distinção e completude. Ao mesmo tempo, identificaremos
e mostraremos o Ser Humano e sua matéria (corpo físico)
na simbiose da vida.
Esta tarefa é uma obra para um gigante, mas, como apren-
di que todo Ser Humano é imensamente grande, Poderoso
e tudo pode, então, a tarefa, por mais difícil que pareça, não
é impossível de ser executada. É nossa pretensão envere-
dar pelos vários caminhos que podem ou poderiam levar à
consciência. Teremos, assim, que falar um pouco do cami-
nho religioso, do caminho da doação, da caridade, da santi-
ficação e, por fim, daremos ênfase especial ao caminho da
recuperação, readaptação e potencialização do corpo físico
para conquistar a consciência.
Nas páginas que se seguem, buscaremos, a todo o mo-
mento, ser o mais claro e direto possível, pois o assunto
situa-se no campo, não do conhecimento vulgar, mas da
percepção e absorção de outras realidades diferentes daque-
las postas à frente dos olhos no dia a dia de cada um. Daí
a extrema dificuldade de transformar o que é percebido,
visto e vivido, em outras dimensões da vida, em algo que
possa ser passado, entendido e conhecido nessa dimensão
da matéria. Também não se trata de uma obra mediúnica
ou mesmo mística. Muitos dos assuntos e narrativas aqui
inseridos, busquei prová-los para que da verdade eu não ti-
vesse dúvidas. Em alguns casos, eu tive a oportunidade de
comprová-los aqui nesta dimensão da matéria, em outros
8
fiz a confirmação no mundo espiritual. Muitos orientado-
res e professores do mundo espiritual me mostraram a ver-
dade e a sabedoria. Muitas vezes foram duros comigo para
que eu conseguisse levar até o fim o compromisso assumi-
do de escrever esta obra. E, por isso, eu os agradeço. Mais
de dez anos se passaram na compilação e formatação dos
dados que, agora, levo à publicação.
Com certeza não é uma obra que traz o encanto do ro-
mance, mas se reveste da satisfação da descoberta. Leva-
rá o leitor, seja religioso, místico ou agnóstico, a perceber
muito de sua realidade humana e animal. Faz uma distin-
ção clara da dualidade que somos nós, seres humanos, que
habitamos o mundo material, do corpo físico que usamos
para esse fim.
Não é uma obra baseada em outras obras, mas trata-se
de vivências de um buscador de motivos e respostas para
questões transcendentais da vida. Quantas pessoas em toda
a Terra conseguiriam responder a estas poucas perguntas:
“Quem sou eu? Por que e para quê estou neste mun-
do?”
Outra questão sempre me intrigou:
“É possível falar com Deus? Como?”
Segui em frente, fui à luta. Finalmente descobri que todas
as respostas estavam dentro de mim e não fora. O quem
sou eu, o porquê, o para quê e o como, tudo estava codifi-
cado dentro de mim. Cada resposta com o correspondente
detalhamento, lá estavam esperando que eu as descobris-
se. As explicações que eu tanto procurara, não pertenciam
9
ao domínio das religiões, igrejas, seitas, lugares ditos sagra-
dos, sociedades esotéricas, nada disso. Tudo estava dentro
de mim. Capricho do Pai!
Quando Buda atingiu a iluminação, perguntaram-lhe:
“O que conquistastes?”
Ele riu e disse:
“Nada, porque o que quer que eu tenha conquistado, já
estava dentro de mim. Não atingi nada de novo! Isso sem-
pre esteve em mim, desde a eternidade; é a minha verda-
deira natureza. Eu, porém, não tinha consciência disso. O
Tesouro sempre esteve ali, mas eu o havia esquecido”.
Assim, só há a dúvida porque houve o esquecimento e,
por causa dele, temos que conquistar de novo a consciência.
Propositalmente, coloquei várias narrativas de minhas
viagens fora do corpo com o objetivo de mostrar às pessoas
que isso pode ser uma prática corriqueira quando se treina.
Quantos e quantos livros que li sempre afirmavam que
ninguém sabe o que acontece depois da morte, porque nin-
guém volta para dizer. No mesmo sentido, muitas pessoas
também afirmam isso, como uma verdade inegável, em to-
das as conversas sobre o tema morte.
“Eu digo que isso não é verdade. Não é preciso morrer
para saber o que acontece depois da morte. Por centenas e
centenas de vezes eu morri, fui ao chamado “Mundo dos
Mortos”, conversei com eles, abracei-os, festejei, sorri, cho-
rei, trabalhei, aprendi muito, ensinei, assisti a muitas aulas,
proferi palestras e, sempre, retornei, mais vivo do que nunca,
ao meu querido corpo físico que tanto me serve. Lá, possuo
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uma imensa família e grandes amizades. Lá, tenho amores
que a fugaz passagem do tempo não amortece ou reduz.
“O chamado “Mundo dos Mortos” fica ali, do outro la-
do da rua. Saia do seu corpo e vá visitá-lo. Todos podem
fazê-lo.”
Qualquer um pode sair de seu corpo e buscar informa-
ções que lhe são úteis, necessárias e até fundamentais. Mui-
tas das experiências no mundo espiritual aqui narradas en-
volvem pessoas já falecidas com quem tive bons encontros
que me trouxeram importantes conhecimentos sobre o fe-
nômeno chamado morte.
Por fim, gostaria de ressaltar que as experiências narra-
das são minhas, são vivências reais, não se trata de obra de
ficção. Cada um é livre e pode ter experiências e vivenciar
o outro lado da vida. Durante muitos anos tive a oportuni-
dade de ensinar e acompanhar muitas pessoas que apren-
deram e, também, vivenciaram experiências maravilhosas
fora do corpo.
Tudo realmente é questão de querer. O resto são dedi-
cação e perseverança.

11
Capítulo 1

O Princípio de Tudo e o
Nascimento da Consciência Humana

Na sua origem, o Ser Humano é criado com os registros


básicos e fundamentais da criatura humana. Dentre esses
estão os registros da busca infinita do conhecimento e da
consciência. Isso significa empreender a viagem interminá-
vel da busca do Pai, seguindo a orientação precisa de “suas
pegadas” impressas pela sua obra. É a obra que nos revela
o Autor. Deus só pode ser conhecido pela sua obra. Fora
disso só podemos imaginar, nada mais.
Os Seres Humanos, desde a criação, seguem dois cami-
nhos distintos na direção do conhecimento, da consciên-
cia, da perfeição e do encontro com o Pai. Um é o caminho
pelo mundo material. Para essa viagem, o homem tem que
fazer uso do veículo físico (corpo material), que o fixa a es-
sa dimensão por frações da eternidade. Nesse momento e
pela vontade do Criador, esses espíritos ficam vinculados
ao mundo físico e o assume como sua segunda pátria. A
outra parcela dos seres humanos criados empreende a gran-
de viagem do conhecimento somente pelo caminho espi-
ritual. Nesse caso, não se vestem da vestimenta física para
12
atingir seus objetivos de buscar o Pai pelo conhecimento,
pela consciência e pela perfeição.
Aqueles que viajam pelo caminho físico, vão por ele sem-
pre, apesar de trocar o seu veículo quando não lhes atende
mais ou por acidentes da estrada.
Trataremos, agora, do processo daqueles que seguem o
caminho físico, como é o nosso caso.
Após a criação, os Seres desse caminho se deparam com
o primeiro passo da viagem; é o momento importante de
deixar o mundo espiritual, a pátria de origem, e entrar no
primeiro corpo físico para iniciar sua experiência na maté-
ria densa. Mas, para isso, ainda terá que haver a definição
do mundo material (planeta), onde o espírito iniciará o seu
aprendizado. A partir daí, a pessoa passa a fazer parte da-
quele planeta e de seu mundo espiritual e dele só se afastará
mediante autorização ou outros processos pré-determina-
dos. Iniciam-se, então, as viagens de idas e vindas sucessi-
vas de um plano para outro. Essas viagens daqui para lá e
de lá para cá vão proporcionando ao Ser o despertar para
a grandeza da realidade que o cerca e para a infinitude de
sua busca.
No caso da Terra, ela é um mundo que oferece grandes
oportunidades para todos na aquisição do conhecimento.
Se a única possibilidade de conhecermos o Pai é pelas suas
obras; aqui o retrato é farto e grandioso, exuberante e de-
talhado. Por isso, aqueles que vêm para cá têm uma escola
de infinitas possibilidades para aprender.
É de todo importante lembrar que o Ser Humano tam-
13
bém aprende com o desequilíbrio, com a desarmonia, com
a ausência do amor, com a presença da dor. Assim, mes-
mo quando a inconsciência profunda mostra seus aspectos
sombrios também é momento de extrair conhecimentos.
Não só do belo e do prazeroso da vida tiramos ensinamen-
tos preciosos para o nosso processo de enriquecimento da
consciência. Tudo que classificamos como ruim e mal traz
uma lição a ser aprendida. Se pararmos na beira da estrada
a lamentar o que de ruim nos acontece, ficamos para trás
nas lições do dia. O conhecimento e a consciência não são
prêmios, mas conquistas de muitas lutas.
A consciência é o bem mais precioso para o Ser Huma-
no. É por meio dela que percebemos quem somos; quem é
o nosso Pai e, ainda, qual o caminho que nos conduz a Ele.
Primeiro, precisamos encontrar o caminho da consciên-
cia. Esse é o grande problema que enfrentam todos os ha-
bitantes do nosso mundo. Tivemos no passado um contra-
tempo inesperado que nos fez perder o caminho natural da
consciência humana.
Em um passado distante, os nossos veículos físicos que
nos permitem estar aqui, sofreram grande avaria em todos
os seus sistemas, tornando-se difícil o seu uso.
Normalmente, o início do povoamento de um planeta
é auxiliado por outros mundos que participam de todo o
processo. Enviam seus veículos tripulados e estudam todos
os aspectos necessários para a instalação do Ser Humano.
Feito isso, eles mesmos iniciam a procriação de corpos hu-
manos, para que os espíritos do mundo espiritual, que cir-
14
cunda aquele mundo físico, os tomem e os usem.
No caso da Terra, uma vez observado que o mundo espi-
ritual estava pronto e aguardando as providências do plano
físico, foi iniciada a produção dos primeiros corpos, para
as primeiras encarnações dos Seres Humanos destinados a
este mundo. Desta forma, os espíritos que aguardavam no
Mundo Espiritual deram início às suas vivências na matéria
densa. Dos espíritos que vieram para a Terra, uns tomaram
e levantaram um corpo físico pela primeira vez. Outros,
no entanto, deixaram seus planetas de origem e adotaram
a Terra como sua Pátria-Mãe. De acordo com observações
por mim realizadas em visitas, fora do corpo, a outros Pla-
netas, os mundos habitados possuem uma única raça. A
Terra, portanto, é uma exceção, por enquanto.
É importante assinalar que todos os povos de outros
planetas quando nos visitam têm como objetivo em suas
viagens, acompanhar o nosso desenvolvimento e a nossa
recuperação física, energética, intelectual e, principalmen-
te, da consciência.
Esta é a forma comumente usada pelos viajantes do es-
paço para iniciar civilizações, ou seja, “plantar” o Ser Hu-
mano nos mundos físicos. São apropriadamente chamados
de “jardineiros do espaço”, pois, em verdade, são como as
mãos do Criador, semeando os mundos da dimensão física
com a semente de seus corpos físicos. Essa semente, uma
vez vinda de seus próprios corpos, nos torna a todos ex-
traterrestres de origem. Lembramos uma vez mais que as
primeiras crianças que aqui nasceram eram filhas de pes-
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soas de outros planetas, mas os corpos foram assumidos
por espíritos da própria Terra, que aguardavam o momen-
to de iniciarem seus ciclos de encarnações.
Neste momento, faço uma pausa para assinalar que a nos-
sa ciência, há muitas décadas, vem pesquisando e se preo-
cupando com os vários fatores climáticos que afetam os
habitantes deste Mundo. Um fator, em especial, vem me-
recendo atenção: as explosões solares e, por consequência,
o excesso de radiação que incide diariamente sobre as pes-
soas do nosso Planeta Terra.
Publicações em revistas e grandes jornais vêm dando
destaques a esses assuntos. A exemplo, cito o jornal Correio
Brasiliense, em uma de suas edições de setembro de 1991,
aonde destaca o trabalho de pesquisa e a conclusão de um
grupo de cientistas sobre o assunto. Este jornal de grande
circulação na Capital Federal do Brasil e Regiões vizinhas
trouxe a seguinte manchete: “Cientista alerta para a ameaça
que ronda a Europa”. A reportagem alerta para a descober-
ta de um grande buraco na camada de ozônio sobre o Polo
Sul. Chama a atenção de todos para a redução de trinta por
cento dessa camada sobre a Europa. Da mesma forma, no
Polo Norte, essa camada de proteção estava se reduzindo a
taxas de oito por cento a cada década. A reportagem noticia,
também, a formação de um grupo composto por trezen-
tos cientistas de dezessete nações para pesquisar o assunto.
De acordo com as pesquisas, “a camada de ozônio que
envolve a Terra protege as pessoas dos raios ultravioletas
do sol que causam câncer de pele e outros danos ao corpo
16
físico”. Segundo os cientistas, os danos sobre essa camada
protetora podem afetar o clima e a agricultura.
Por coincidência, no mesmo dia e jornal outra repor-
tagem traz estampado o seguinte título: “Explosões Sola-
res”. “Astrônomos do observatório de Pequim anunciaram
uma série de explosões solares no próximo ano”. Segundo
eles, “a atividade solar chegará ao máximo no ano 2001”.
No auge das explosões a “radiação eletromagnética chega
a interferir nas comunicações e no fornecimento de ener-
gia elétrica na Terra”.
Acresça-se a esse fato, os dados científicos mais recen-
tes sobre a redução e o rompimento, ano a ano, da cama-
da de ozônio que protege a vida no Planeta do excesso de
radiação.
No livro Em Busca da Consciência Perdida e na bibliogra-
fia nele citada, relatamos a ocorrência dessas grandes explo-
sões solares no passado, bem como a liberação de grande
quantidade de radiação que afetou – como hoje temem os
cientistas – toda a vida na Terra, inclusive o próprio homem.
De acordo com os nossos cientistas, o Sol explode cons-
tantemente com menor ou maior intensidade. Por isso, so-
mos bombardeados a todo instante, com grande quantidade
de radiação solar. Esse fato é agravado em razão da pro-
ximidade da Terra ao Sol, o que torna a nossa exposição à
radiação solar ainda mais grave.
Somente agora, nas últimas décadas, a ciência vem bus-
cando as causas e descobrindo os efeitos dessa atividade
solar. A radiação em excesso, emitida pelo Sol, já causou e
17
vem causando desequilíbrios colossais em nosso Planeta. E,
como afirmam os cientistas, estamos próximos de uma pos-
sível pane, tanto no sistema de comunicação global, como
na produção e distribuição de energia elétrica. No entanto,
isso ainda representa muito pouco em relação aos danos
causados aos nossos corpos físicos: mau funcionamento,
desequilíbrio e bloqueio de nosso sistema cerebral. É im-
portante lembrar, neste momento, que “de acordo com a
ciência, o funcionamento cerebral do homem não vai além
de dez por cento da sua capacidade total”.
Esse dano causado pela radiação solar ao nosso corpo
físico e, especialmente, ao nosso cérebro vem de muitos
milênios. Nem a história registra. Perdeu-se o fato nas noi-
tes do tempo. Mas, apesar de tudo, alguns registros ainda
ficaram em documentos, só recentemente encontrados. Um
exemplo é o caso do Evangelho de Maria Madalena. Pedro
pergunta a Jesus: “Já que nos explicastes tudo, dize-nos is-
so também: o que é o pecado do mundo”?
Jesus disse: “Não há pecado; sois vós que o criais.” Em
seguida, Ele disse:
“Por isso adoeceis e morreis (...). Aquele que com-
preende minhas palavras, que as coloque em prá-
tica. A matéria produziu uma paixão sem igual,
que se originou de algo contrário à natureza di-
vina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra.”
Quando Jesus ensina que “a matéria produziu uma pai-
xão sem igual”, Ele nos informa da força que a matéria, ou
18
seja, o nosso corpo passou a exercer sobre nós, mudando
totalmente o nosso comportamento pela chegada da in-
consciência. Da mesma forma, quando Ele diz que essa
“paixão ou força da matéria se originou de algo contrário
à natureza divina”, Ele está nos dizendo que o normal, ou
seja, a “natureza divina”, era o Sol com sua atividade regu-
lar. Mas o contrário tinha acontecido: ele havia explodido
de forma colossal, contrariando a sua criação original (Na-
tureza Divina). Em seguida, Ele acrescenta: “Todo o cor-
po se desequilibra”.
A própria narrativa bíblica nos conta do cataclismo quan-
do fala da perdição do homem e a sua expulsão do Paraí-
so. Iniciaram-se, logo em seguida, os tempos de violência,
de traição e morte, com o primeiro assassinato: Caim tira
a vida de Abel. Simbolicamente a escuridão extingue a luz.
A inconsciência apaga a consciência.
No passado, o único acontecimento global que desequi-
librou tudo que aqui vivia foi o grande cataclismo que rom-
peu a camada protetora da Terra. As explosões solares fo-
ram contrárias à “natureza divina” porque foram anormais
e de proporções gigantescas. O resultado imediato foi a es-
curidão nas mentes humanas. A inconsciência tomou conta
do Ser Humano, transformando-o em animal irracional. O
pior de tudo é que a radiação permanece – como a ciência
vem confirmando – e continua a cegar e embrutecer o ho-
mem. E, para essa doença, não tem remédio.
Inserimos, acima, esses dados científicos, objetivando
esclarecer o porquê da inconsciência humana que impera
19
na Terra.
Cabe, também, esclarecer que o nosso mundo sofreu um
desvio em sua trajetória natural. Esse caminho que percor-
remos como humanidade, não é o trajeto normal. Estamos
correndo e precisamos correr muito mais, para reconquis-
tar o nosso estado de normalidade. Por outro lado, não de-
vemos cair no engano de achar que a Terra é um mundo
moralmente involuído ou atrasado. Apenas sofremos uma
catástrofe que nos tirou do caminho natural do conheci-
mento e da consciência.
Os corpos físicos, que permitiam às pessoas encarnadas
estarem aqui e cumprirem seus planos de vida, foram se-
riamente danificados. Toda estrutura física e energética en-
trou em colapso devido ao excesso de radiação solar envia-
do à Terra. Essa carga, além do suportável, causou (e ainda
causa) danos irreparáveis ao sistema elétrico cerebral. Da
mesma forma, danifica o sistema energético do corpo por
bloqueios e desequilíbrios. Esses danos generalizados no
corpo físico, em maior parte, foram sanados, mas os blo-
queios cerebrais permanecem até hoje.
Essa pane geral do corpo físico veio impedir a comuni-
cação entre o sistema cerebral – “que é um processador de
dados” – e os corpos energéticos responsáveis pela guarda
de nossos registros, que constituem nossa memória perma-
nente, ou seja, nossa história de agora e de antes. A memó-
ria, por sinal, não está no cérebro, mas nos corpos energé-
ticos que envolvem nosso corpo físico.
Aditamos, nesta oportunidade, a seguinte informação:
20
Há alguns anos, após termos escrito estes dados sobre a
memória humana, foi divulgado o resultado de uma pesquisa
recente em que a ciência afirmava que a memória do ser huma-
no não está no cérebro. (A ciência não conhece a localização
da memória humana, apenas sabe que não está no cérebro.)
Com essa dificuldade, o Ser Humano perdeu o acesso
aos seus registros. Esquecemos, inclusive, o registro da exis-
tência da consciência humana.
Com o passar dos tempos, muitos Seres Humanos fo-
ram enviados à Terra, com o propósito de nos ensinar, de
novo, os princípios da consciência humana. Esses envia-
dos foram chamados de salvadores, porque vieram trazer
a consciência, ou seja, a salvação.
Muitos foram “os salvadores” enviados à Terra. Foram,
ao todo, onze, incluindo Jesus Cristo, que foi um deles. Mais
um, o décimo segundo, ainda virá, quando então se dará
o reinado da consciência humana na Terra. Uma vez isso
acontecendo, não haverá mais necessidade de “salvadores”,
nem tampouco de religiões, pois todos estarão conscientes.
Naturalmente, após a sua criação, o Ser Humano busca
a autoconsciência que, em síntese, é o caminho único que
conduz ao Pai. Com a perda da consciência e já transcor-
ridos alguns milênios, o Ser Humano passou a buscá-la de
forma intuitiva, por um impulso natural de libertação.
A figura 1 (pág. 24) mostra a busca incessante da cons-
ciência pelo Ser Humano. A forma indireta é a mais usada.
Ela é representada, em sua maior parte, pelo caminho reli-
gioso. É por aí que o homem mais se demora na sua pro-
21
cura inconsciente. Mas existem outros caminhos indiretos
da busca da consciência, como a adoção de certas filoso-
fias, certas práticas de subjugação do corpo, por exemplo.
Existe ainda o caminho direto para a consciência. Por
ele se vai diretamente e de forma consciente, na causa da
inconsciência: a deficiência cerebral. Ele é físico, objetivo
e prático.
A figura 2 (pág. 25) mostra a trajetória do Ser Humano
neste mundo físico desde os primeiros tempos, vivendo
mais os impulsos e vontades da matéria, até o grande mo-
mento do autodescobrimento do “eu sou” e o consequen-
te encontro com o Pai.
Com os danos cerebrais e energéticos sofridos, o homem
perdeu a consciência, mergulhou na escuridão da incons-
ciência, perdeu o Paraíso, foi expulso do Jardim do Éden.
Não mais falou com o Pai. Caim matou Abel e passou a
reinar sobre toda a Terra, através de suas gerações.
Ao longo desse processo de inconsciência a que ficou
sujeita a humanidade, foi criado o sistema religioso. A cria-
ção desse sistema, por alguns que entenderam ser ele viá-
vel, só foi permitida para durar pouco tempo. Infelizmen-
te, permanece até os dias de hoje e deve durar enquanto
houver a inconsciência humana. Mais à frente, voltaremos
ao assunto religião.

22
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c
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da Filosofias
i reta Religião
ind
us ca
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Ser humano Consciência


busca direta da consciência
e a busca da objetiva,
consciência lógica e prática
bu
s ca
ind Meditações,
ire
ta isolamentos, Grupos
da
co
ns práticas diversas espiritualistas
ci ên
cia

Busca da Consciência pelo Ser Humano


Figura 1

23
O Autoconhecimento e o Encontro com o Pai

figura 2

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Encontro com o Pai


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24
“Quando há a interpretação sobre um ensinamento, so-
bre ele não se tem certeza”, e abre-se, nesse momento, es-
paço para o cometimento dos grandes enganos. Podemos
ilustrar essa assertiva com as guerras religiosas ao longo da
história e que perduram até os dias de hoje.
Este livro trata basicamente da história da conquista e da
perda da consciência humana. Para falar da consciência hu-
mana, temos necessariamente de tratar da trajetória do Ser
Humano neste mundo. Mas, para isso, ainda temos que re-
tornar um pouco ao tempo anterior à criação das religiões.
Com as explosões solares toda a vida planetária foi afe-
tada. Houve inclusive mutações genéticas, causando o apa-
recimento de animais gigantescos que, posteriormente, ti-
veram que ser eliminados. O homem, que habitava a Terra
nesse tempo, tinha se tornado um animal irracional.
Nos primeiros tempos de recuperação, houve muita aju-
da externa daqueles que iniciaram o povoamento da Terra.
Eles, com muita paciência, conseguiram reunir o homem
em grupos familiares, grupos sociais, pequenas comunida-
des, visando iniciar, de novo, a civilização do planeta. Mas o
prejuízo estava feito. O Ser Humano tinha caído em “perdi-
ção”, estava totalmente inconsciente. O desequilíbrio domi-
nou a tudo e a escuridão baixou sobre a Terra. Fome, em-
brutecimento, ausência de sentimentos, crueldade e morte.
Tudo era perdição. Nada mais da criação poderia ter pro-
veito. Tudo estava perdido.
Foi assim que o responsável pelo nosso mundo, que cha-
mamos de Deus, tomou a decisão de extinguir toda a forma
25
de vida aqui existente, inclusive o homem. Isso tem uma
explicação, não proveniente do raciocínio do homem, mas
diretamente Dele, conforme Ele me disse: “Eu não falho.
Eu não posso falhar”. Por isso, a decisão de não permitir que
a sua criação permanecesse no estado lamentável em que
ficou após o cataclismo relatado.
Diante da decisão de Deus, um homem de grande coração
se condoeu de toda a humanidade. Implorou ao Pai: - Deixa-
-me tentar salvá-los. Começava nesse momento o grandioso
trabalho de Cristo em prol da reconquista da consciência
humana e, consequentemente, da salvação de todos.
Jesus insistiu: Ele viria, mas não viria só. Traria seu gru-
po de almas afins, que não tinha “caído em tentação”. Es-
clarecendo: Dessas pessoas ligadas ao Cristo, muitas não
estavam encarnadas por ocasião das grandes explosões so-
lares. Por isso, não sofreram o processo da inconsciência.
Aquelas que passaram pelo cataclismo receberam um cor-
po em boas condições para que pudessem colaborar, efe-
tivamente, com Jesus, no trabalho de despertamento da
consciência na Terra. É importante assinalar que Jesus es-
teve outras vezes aqui em nosso mundo, sempre trazendo
a consciência, porém usando outros nomes.
Deus, então, permitiu que Cristo viesse. No entanto, es-
tabeleceu as condições em que Ele deveria vir. Para isso,
Ele criou um conjunto de leis que, na verdade, eram nor-
mas de conduta, que deveriam, obrigatoriamente, ser ob-
servadas por todos os habitantes da Terra. Essas normas
tornavam cada Ser Humano responsável pela reconquista
26
de sua autoconsciência e igualmente responsável por cada
passo, por cada palavra proferida e por todos os seus atos
praticados. Da mesma forma, elas tornavam cada um res-
ponsável por todos e todos responsáveis por um. Aquele
que adquirisse a consciência teria e tem de auxiliar os ou-
tros a despertar a sua, também.
Aparentemente, em um raciocínio superficial, Deus es-
taria sendo injusto, já que todos que estavam aqui foram
vítimas de um grande acidente. Em verdade, o entendimen-
to não é este: Deus jamais comete uma injustiça. Isso não
pertence às suas ações. Existe, porém, a explicação para
que todos saibam, já que a memória foi bloqueada. Quando
viemos para a Terra, seja iniciando encarnações, ou mes-
mo vindo de outros planetas, nós fizemos a opção por este
Mundo. Nós o adotamos como nossa Casa. No momento
da opção, por esse belíssimo planeta, também nos foram
mostradas todas as possibilidades futuras. Estava incluída,
nessa demonstração, a probabilidade de sermos atingidos
pelo efeito de fortes explosões, devido à grande proximi-
dade do sol com a Terra. Dessa forma, podemos concluir,
sem medo de engano, que não existem inocentes neste mun-
do, não existe alguém comendo daquilo que não plantou.
Conjunto das principais leis criadas por Deus:
1– Todos teriam que vencer a força material e aprender
a separar o que era deste mundo físico do que era do mun-
do espiritual, ou seja, de Deus: assim foi ensinado: “Dai a
César o que é de César e dai a Deus o que é de Deus”.

27
2 – Todos teriam que enfrentar as consequências de seus
atos desequilibrados, vida após vida, até entendê-los e não
mais repeti-los. Também foi ensinado: “A cada um segun-
do as suas obras”.
3 – Quando alguém fosse capaz de perdoar ao seu se-
melhante, então, ele também seria perdoado por Deus. Isso
dentro do ensinamento: “É perdoando que se é perdoado”.
4 – Todos seriam responsáveis pela inconsciência que
impera na Terra. Ninguém poderia sair daqui, enquanto
existisse um em sofrimento, conforme a lei: “Todos são
responsáveis por todos”.
5 – Seria respeitado o livre-arbítrio de cada um. Aquele
que quisesse permanecer no erro, na dor e no sofrimento,
ou seja, na inconsciência, deveria ser entregue à sua própria
sorte, até quando decidisse “voltar para Deus”.
6 – Todos aqueles que chegassem à frente na conquista
da consciência deveria (e deve) ajudar os outros a conquis-
tá-la. Isso dentro da lei: “A quem mais é dado, mais será
pedido”.
Após a criação do conjunto de leis, ficou decidido que
Cristo viria à Terra para dar o exemplo de como é o Ser
Humano perfeito. Nesse ponto, a vinda de Jesus começou
a ser anunciada para trazer a “salvação”, ou seja, trazer o
caminho para a reconquista da consciência humana. A res-
peito disso, Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vi-
da”. Ou ainda: “Só através de mim se vai ao pai”.
28
Ele é o “caminho”, porque ensina o caminho da cons-
ciência. Ele é a “verdade”, porque só a consciência nos dá
a verdade. Ele é a “vida”, porque só a consciência nos dá a
verdadeira vida, que é a “vida eterna”. Somente por meio
do autoconhecimento e do desenvolvimento da consciên-
cia se vai ao PAI. Portanto, somente através do Cristo se vai
ao pai; logo, Jesus Cristo é a consciência na Terra.
Iniciou-se, então, a vinda da equipe de Cristo ao mundo
da matéria. Ao longo do tempo foram tomando corpo os
profetas, os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó.
Vários outros seres humanos conscientes vieram como
Davi, Salomão, os Apóstolos e muitos Outros. Muitos filó-
sofos tinham certeza das vidas sucessivas, das viagens fora
do corpo físico e sabiam da inconsciência e da consciência,
porque eram conscientes. Eis alguns exemplos:
Platão:
“O conhecimento é recordação, reminiscência do que
já sabemos.”
Observação: Perdemos o acesso aos nossos conheci-
mentos adquiridos em vidas passadas devido ao bloqueio
cerebral causado pela radiação solar.
“A alma quando se une ao corpo torna-se vítima do es-
quecimento.”
Observação: Efeito do bloqueio cerebral pela radiação
solar.

29
“Perfeição do conhecimento é a contemplação das ideias
fora do mundo físico.”
Observação: Quando saímos do corpo físico podemos
adquirir conhecimentos grandiosos que não existem, ain-
da, no mundo material.
Santo Agostinho:
“A nossa mente contém os conhecimentos universais.”
Observação: Nós somos criados com o registro dos co-
nhecimentos originais do Ser Humano.
“Todo saber procede da razão humana.”
Kant:
“A mente possui por natureza as intuições puras, que são
as ideias “a priori” do universo.”
Observação: Registro dos conhecimentos originais cria-
dos com o Ser Humano.
Aristóteles:
“O homem possui um saber que precede o conheci-
mento.”
Observação: Trata-se da sabedoria original do homem.
Todo Ser Humano é, naturalmente, sábio.

Quando Cristo nasceu, a consciência viva se instalou no-


vamente na Terra. Os ensinamentos da consciência trazidos
pelos outros enviados estavam escondidos nos templos. Es-
30
tavam de posse das sociedades secretas que não permitiam
acesso ao povo. Somente os escolhidos poderiam aprender
os chamados mistérios. Dessa forma, a humanidade não
conseguia avançar no conhecimento verdadeiro a respeito
do Pai e de sua obra. Os filhos se perderam do Pai. Per-
deram-se nos caminhos escuros sem luz. Cristo censurou
duramente aqueles que não permitiam às pessoas ter aces-
so ao conhecimento profundo. Ele mostrou de forma cla-
ra e objetiva como era um homem perfeito; como era um
ser consciente.
Mas um homem autoconsciente, sabedor de tantas ver-
dades, não interessava a muitos grupos daquela época, e,
por isso, Ele precisava ser bloqueado.
Nos dias de hoje o homem consciente também não in-
teressa a muitas organizações:
Primeiro: Ele pode buscar o conhecimento diretamente
no mundo espiritual.
Segundo: Ele não pensará nem agirá como a maioria,
que pode ser facilmente conduzida.
Terceiro: Ele é mais difícil de ser enganado.
Quarto: Ele não será mais dependente da religião.
Quinto: Ele não será facilmente enganado pelas artima-
nhas da política.
Sexto: Ele não precisa de intermediários para falar com
o Pai.
Sétimo: Ele não acha; Ele tem certeza.

31
Capítulo 2

Adão e Eva e a Perda do Paraíso

Nos capítulos anteriores foi explicado o porquê do ho-


mem não se lembrar de suas vidas passadas. Como, tam-
bém, foi analisada a causa da inconsciência humana e como
se deu a perda da consciência.
No capítulo “O Princípio de Tudo e o Nascimento da
Consciência Humana”, detalhamos como se origina o Ser
Humano e como se dá o início de seu aprendizado, ou se-
ja, a grande viagem em busca do conhecimento, da cons-
ciência e do Pai (a volta do filho pródigo).
O nascimento do Ser Humano (espírito) é como fagulhas
que o Criador lança no oceano da vida e que retornarão a
Ele plenas de sabedoria. Para isso, não importa o tempo,
pois o espírito não pertence ao tempo, mas, sim, ao não
tempo onde reina a eternidade. Assim, seguindo a sua ca-
minhada, sem tempo, o Ser Humano vai se graduando na
escola das vidas sucessivas até reunir-se ao Pai em todo o
seu esplendor e beleza.
Mas aqueles filhos do Pai, que são encaminhados para
viver no mundo da matéria densa, recebem um mundo para
32
conquistar o conhecimento e a autoconsciência. A partir daí,
o planeta passa a ser o seu endereço por longos milênios.
No caso de nosso Planeta, fomos atingidos por um cata-
clismo colossal e fomos pegos de surpresa. Claro é que isso
não fazia parte de um plano, mas sim de uma possibilidade
remota. A humanidade que aqui se formava foi atingida e,
com isso, mudada a sua trajetória natural.
Todos caíram na inconsciência profunda e passamos a
habitar a grande noite da escuridão. Os registros de nos-
sos processos ficaram bloqueados. Perdemos então o fio
da meada. Ficaram as perguntas:
Quem sou eu?
Por que eu?
De onde eu vim?
Para quê?
Nós viemos para este mundo, mas nunca fomos abando-
nados. Mesmo depois da perda de nossa memória, fomos
acompanhados. Foram buscadas alternativas para nos tirar
dessa situação. Uma das alternativas foi deixar em vários
pontos da Terra e com povos diferentes a história do Ser
Humano, sua criação, sua origem e o relato da tragédia que
nos fez perder a condição humana e ingressar no mundo
da animalidade. Situação essa em que a matéria predomina
sobre o espírito. O mundo de César (a matéria) predomina
sobre o mundo de Deus (o espírito). A ação inconscien-
te sobrepõe-se à consciência da ação. As mentes vagueiam
então na escuridão, tateando em busca da luz. A razão se
33
distancia e o amor se faz ausente. Abrem-se as portas pa-
ra a dor e o sofrimento. O homem jaz impotente, sofre e
reclama, chamando Deus de injusto, duvidando até de sua
existência. Isso é o viver na inconsciência.
Sobre todo esse acontecimento o habitante deste mundo
precisava saber. Um dos escritos antigos contando a histó-
ria do homem e a perda da consciência é o primeiro livro
da Bíblia: A GÊNESE, principalmente o relato sobre Adão e
Eva e a “Perda do Paraíso”.
Na verdade, boa parte da Bíblia foi copiada do primeiro
livro escrito sobre a face da Terra: OS VEDAS. O mais im-
portante na Bíblia é entender a linguagem que foi utilizada
para a montagem dos textos. A linguagem simbólica foi a
escolhida e que, por sinal, é a mesma usada no mundo es-
piritual. Ela em si permite várias formas de leitura e de en-
tendimento. Isso em função da capacidade de compreensão,
ou seja, o nível de consciência de cada um. Nível esse dado
pelo número de impulsos e frequências cerebrais.
Essas passagens bíblicas escritas com a linguagem sim-
bólica guardam uma mensagem central, codificada pelos
símbolos, que não foi destinada aos habitantes daquela épo-
ca, mas ao homem do futuro. A explicação para esse fato é
muito simples: não havia, naquele tempo, capacidade cere-
bral para o entendimento. Só agora, quando o Ser Humano
tem a capacidade cerebral parcialmente recuperada e pode
compreender essa mensagem, é que se torna possível ex-
traí-la do texto para que todos tomem dela conhecimento.
Assim, o primeiro Livro da Bíblia, A Gênese, o livro da
34
criação, conta a história de Adão e Eva e o Paraíso. Adão,
dentro da linguagem simbólica, significa a criação do Ser
Humano (o espírito). Em seguida o Senhor criou Eva de
uma costela de Adão. Costela (de acostelar) significa ajuntar,
estar junto, fazer parte de, “estou contigo”. Portanto, nes-
se momento a narrativa nos conta da criação da tendência
masculina e feminina do espírito. Uma vez criada a pola-
ridade, o homem e a mulher (Adão e Eva) procurarão um
ao outro para estarem juntos, formando, vida a fora, pares
acostelados um ao outro. Também nos conta a narrativa,
que Adão e Eva foram morar no jardim do Éden para cul-
tivá-lo e guardar.
Éden significa coração na linguagem do simbolismo hu-
mano. Portanto, Jardim do Éden é Jardim do Coração ou
casa do coração. Nesse ponto, o livro está se referindo que
antes da “queda” os Seres Humanos criados guardavam os
sentimentos puros no coração. Assim, viver no Jardim do
Coração é viver no paraíso. Até então o homem já vivendo
no mundo material não conhecia a maldade, a violência, a
inveja, o egoísmo, etc. Sentimentos esses que não perten-
ciam à “Casa do Coração” ou “Jardim do Éden”.
Adão e Eva estavam nus frente ao Senhor e não se im-
portavam. Mais uma vez, temos que estar atentos ao sim-
bolismo. Estar nu significa estar por inteiro, estar correto,
nada ter a esconder, estar limpo. Age assim o Ser Humano
que detém a consciência. Portanto, no início, Adão e Eva,
quer dizer todos os espíritos já vivendo suas primeiras vi-
das em corpos físicos (encarnações), viviam nus, ou seja,
35
eram corretos, sinceros e se apresentavam diante de Deus
por inteiro, sem nada esconder. Falavam e andavam com
Ele e recebiam diretamente do Senhor seus planos e orien-
tações. Deus não era temido pelas criaturas, mas, ao contrá-
rio, era muito amado. Aprazia ao Pai estar com seus filhos,
isso era o tempo do paraíso terrestre, o tempo do império
da verdadeira consciência. O Ser Humano daquele tempo
tinha conscientemente um grande objetivo: estar sempre
com Deus e caminhar sempre em sua direção.
Eis que, no caminho do homem correto, justo e puro,
surge a serpente para causar-lhe tantos males. Males esses
que a humanidade carrega até os dias de hoje e só Deus em
seus desígnios sabe até quando. A serpente pela sua forma
natural de agir ao desempenhar sua função original foi o
ser vivo escolhido como símbolo para representar toda a
nossa perda de valores virtuosos do Ser Humano e a auto-
mática aquisição de todo tipo de comportamento negativo.
A serpente, no caso, simboliza a traição, quer dizer o mal
inesperado. Mal esse é representado pelo grande cataclis-
mo sofrido pela Terra, descrito em outros capítulos. Devi-
do ao excesso de radiação que atingiu os habitantes de en-
tão, que tirou do homem toda a capacidade de raciocinar e
agir, bloqueando inclusive sua memória. Com a perda do
acesso aos registros de seus valores internos, do justo, do
correto, da pureza, da mansidão, etc., o Ser Humano per-
deu o paraíso, que era, na verdade, uma maneira perfeita de
viver. O homem então perdeu a consciência e foi lançado
na escuridão e fora do paraíso.
36
A partir daí o homem nunca mais foi o mesmo, nunca
mais “andou nu”, ou seja, nunca mais foi verdadeiro. Para
falar com Deus, “vestiu roupa”, mentiu, usou subterfúgios
e inverdades, passou a enganar o semelhante e a si próprio.
Afrontou a Deus, deu-lhe adjetivos vários. Na verdade, in-
ventou um novo Deus de acordo com a sua conveniência.
Não satisfeito, passou a vender Deus como um produto
qualquer para satisfazer sua sede de poder e riqueza. Isso
foi a prática no passado e que, nos dias de hoje, nada mu-
dou, só sofisticou e se intensificou.
Depois da perda do Paraíso, o habitante da Terra conhe-
ceu a dor e o sofrimento. Nesse momento, um conjunto
de leis foi deixado aqui para regular o seu comportamento,
pois ele tinha perdido a direção e o controle de sua vida.
Essas Leis vieram então para dar parâmetro e orientações
ao seu modo de agir.
Vamos agora ao relato sobre Caim e Abel. Contam os
registros que Caim matou Abel. Ambos eram irmãos e nas-
cidos de Adão e Eva. Muito bem, Abel se foi e Caim ficou.
Abel era o filho bom, justo, amoroso, incapaz de qualquer
maldade. Já Caim era a pura maldade, violento, traiçoeiro,
enganador, egoísta e cruel.
Vamos aos símbolos: Adão e Eva representam a humani-
dade com as tendências masculina e feminina. Abel e Caim,
os filhos, representam a consciência e inconsciência, que
pertencem aos Seres Humanos. Quando Caim matou Abel,
significou a chegada da inconsciência nas pessoas e a expul-
são da consciência. Caim ficou. A inconsciência também.
37
Abel se foi, acabou, a consciência humana também. Tudo
de ruim que Caim simboliza, a inconsciência humana bem
o representa. Tudo de bom que a figura de Abel simboliza
está presente na consciência.
Diz, ainda, o relato bíblico: “Caim se uniu às filhas dos
homens e suas gerações se espraiaram, por toda a Terra”.
Em outras palavras, a inconsciência passou a fazer parte
de todas as gerações futuras. Isso porque todas as crianças
que nasceram a partir do grande cataclismo herdaram os
bloqueios e todos os danos cerebrais dos pais. Assim, su-
cessivamente, através da herança genética todas as pessoas
são herdeiras da inconsciência dos pais.
Dessa forma, podemos afirmar que Jesus Cristo é Abel.
Abel era a consciência original do Ser Humano que habi-
tava a Terra antes da “perda do paraíso” e JESUS é a cons-
ciência viva de novo na Terra, porque Ele, em todos os as-
pectos, é a consciência pura atuando no mundo da matéria.
Podemos concluir, afirmando que o “Paraíso” não era um
lugar físico, mas sim uma condição especial do Ser Huma-
no. Adão e Eva não eram duas pessoas, mas representantes
simbólicos do Ser Humano com as tendências, masculina e
feminina, já impregnadas e definidas. Abel representa o la-
do bom do homem, o lado da luz e da consciência. Caim,
ao contrário, representa o lado escuro do Ser Humano, a
perdição; são as mazelas humanas que simbolizam, enfim,
a inconsciência que cobriu toda a Terra, geração por gera-
ção, até os dias de hoje.
“Toda a Terra de hoje é habitada por filhos de Caim. É
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de lei que Caim só reproduza Caim. Ele marcou célula por
célula do corpo da sua descendência. Por isso cada homem
e cada mulher só geram filhos de Caim.”
Para toda a humanidade só existe uma, uma única salva-
ção: “A ressurreição de Abel”.
Ao ser expulso do paraíso, ou seja, ao perder a consciên-
cia, o homem desceu ao nível do animal irracional. Se an-
tes tinha domínio sobre o seu corpo físico, era senhor de
sua matéria, agora passou a sentir sua tremenda força. An-
tes governava, agora é governado. É bom que se diga que
a matéria do corpo humano é a mesma que forma o cor-
po do animal. A grande diferença é a função de cada um.
Enquanto o corpo físico do Ser Humano tem uma função
especial, que é servir de abrigo à pessoa humana em suas
vidas sucessivas, o corpo do animal serve ao princípio vital
de cada espécie, em sua função específica no reino animal.
Esse aglomerado de matéria que serve ao Ser Humano,
como sua vestimenta física, possuía em sua forma original
todas as adequações e condições para que o homem pu-
desse habitá-lo e conquistar seus objetivos nessa dimensão
da vida. Ocorre, no entanto, que o nosso corpo não está
em sua formatação original. Não apresenta as condições e
adequações ideais para que o Ser Humano o ocupe e tenha
sucesso em seus empreendimentos. Todas as pessoas que
vivem hoje na Terra ocupam um corpo físico, mas não têm
controle sobre ele. São dominadas por ele e fazem, quase
sempre, a sua vontade. Assim, uma pessoa ao nascer e as-
sumir um corpo físico torna-se escrava dele, em maior ou
39
menor grau.
Esse domínio da matéria sobre o espírito varia de inten-
sidade de uma pessoa para outra. São muitos os motivos
que levam uma pessoa a conseguir dominar os impulsos do
corpo físico, ou seja, a sua força animal. Um dos meios é
a condição cerebral herdada dos pais ou, ainda, adquirida
por treinamento. Outra causa motivacional é o medo. Sob
o império do medo a pessoa subjuga seu corpo a ponto de
dominá-lo, obrigando-o a obedecer-lhe.
Existem várias categorias de medo. Uma das piores é o
medo religioso. O medo de ser castigado por Deus e ir pa-
ra o inferno. Mas, em boa verdade, medo é o que não falta
em nosso mundo:
O medo social – que é o medo de não ser aceito no meio
em que vivemos. O medo da rejeição pela família, pelos ami-
gos, pelo parceiro ou parceira. Medo de ser pego pela lei e
sofrer uma pena. Medo da opinião pública. Existem, ainda,
medos internos por causas desconhecidas. E, por fim, um
dos piores medos que é o medo da morte.
Toda essa força do medo sobre a pessoa faz com que ela
estabeleça certo controle dos instintos animais e se pareça
melhor do que ela realmente é. Há outra motivação para
que a pessoa consiga superar a força dos instintos mate-
riais; é justamente a necessidade de tirar proveito de uma
situação que ela muito deseja. Assim, agindo por medo ou
por interesse, o Ser Humano acaba sofrendo, porque tem a
consciência e sabe o que é correto. Para o corpo físico to-
do ato é natural e faz parte do seu viver. Entretanto, para o
40
Ser Humano existem os atos condenáveis pela consciência
e, por isso, ele passa a carregar a culpa. Há, porém, casos
de pessoas deveras embrutecidas, pelo fato de seus corpos
estarem muito prejudicados, ou seja, inconsciências pro-
fundas, que não conseguem esboçar qualquer remorso ou
culpa, frente aos seus atos condenáveis praticados.
É importante registrar: os problemas de comportamen-
to que apresentam o homem de nosso tempo pouco têm a
ver com o espírito, mas, sim, com o corpo físico. Trata-se
de um desequilíbrio que está em nosso mundo material, ao
alcance, portanto, de nossas mãos. Cabe a cada um de nós
buscarmos incansavelmente melhorar o nível de nosso en-
tendimento e despertar a consciência individual.
Há um grande engano, principalmente de grupos religio-
sos que consideram a existência de espíritos inferiores ou
involuídos. Existem, sim, Seres Humanos em diversos ní-
veis do saber, mas nem por isso são considerados no Plano
Espiritual como inferiores ou involuídos. “O problema do
nosso mundo – é preciso entender de uma vez por todas
– é material e não espiritual”. Cada atitude, cada compor-
tamento do Ser Humano é ditado pelo seu funcionamen-
to cerebral que, por sinal, é o que leva ao entendimento e
à consciência.
O problema, ou seja, o desequilíbrio se deu deste lado
da vida, nessa dimensão e, sendo assim, só aqui podemos
realizar o conserto. Faz parte integrante das Leis da Cria-
ção dos Seres Humanos que, aqueles que usam corpos físi-
cos para a aquisição de sua sabedoria, permutam com suas
41
matérias seus registros. Em outras palavras, os espíritos
recebem todas as informações codificadas que os corpos
possuem, em nível que até a ciência desconhece, e passa ao
mundo material todos os registros do Ser Humano. Nes-
sas informações (registros) que o espírito recebe do corpo,
está o desequilíbrio físico e energético causado pelo blo-
queio de todo o nosso sistema de captação e movimenta-
ção da energia corporal. Por outro lado, nas informações
que o espírito transmite ao corpo estão incluídos todos os
traumas e fobias de vidas passadas.
Portanto, esta é a causa de tantos espíritos, após a morte,
chegarem ao Mundo Espiritual carregados de problemas
de toda ordem. Distúrbios de comportamento, ataques de
loucura, cheios de ódio, rancores, síndromes de todo tipo
e desequilíbrios emocionais. E, pior, muitos, após a perda
do corpo físico, chegam à dimensão espiritual programa-
dos para morrer e lá permanecem dormindo como mor-
tos. Isso, como já foi explicado, é o efeito da programação
levada a efeito na matéria.
Para receber todos esses espíritos “doentes” que retor-
nam do mundo material, o plano espiritual teve que se adap-
tar à nova necessidade deles. Assim, foram criadas igrejas de
diversas religiões que existem aqui, no mundo da matéria,
para receberem seus adeptos. Hospitais de várias facções
religiosas também tiveram que ser criados para dar o aten-
dimento requerido, por cada um, dentro de sua fé. Da mes-
ma forma, foram criados centros de atendimento neutros
para receberem aqueles que não seguissem religião alguma.
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O Ser Humano por ser, dentro da criação, a obra mais
complexa do PAI, é atendido em todos os seus desejos, mes-
mo aqueles que possam soar como estranhos. Por isso, che-
gam espíritos com sérias acusações de suas consciências
por ter cometido delitos imperdoáveis de acordo com seus
próprios julgamentos. Nesse estado emocional, sentindo-se
culpados, querem a todo custo ir para as regiões infernais,
pois entendem que é esse lugar que eles merecem. Não tem
outra solução, tem que se criar um inferno para eles para
atender aos seus anseios. Da mesma forma, para aqueles
que acreditam no juízo final foi necessário criar uma zo-
na, bem delimitada, para abrigar essa população de “vivos
mortos”, até que chegue uma providência para acordá-los.
Mas é importante lembrar, mais uma vez, que toda essa
adaptação do mundo espiritual só aconteceu após a “per-
dição do homem pela perda do paraíso”, ou seja, a perda
da consciência.
Recordando mais uma vez: o espírito ao entrar em um
corpo físico, pelo nascimento, ele copia todo o desequilí-
brio da matéria que estava no mundo celular de seus pais
e o leva consigo após a morte. Quando voltam ao mundo
físico, trazem essas mazelas de suas vidas passadas. Assim,
é muito comum traumas, medos e fobias serem carregados
de vidas passadas para uma vida presente. Há casos até de
cicatrizes físicas que se imprimem no corpo atual, transla-
dadas de acontecimentos pretéritos de outras vidas.
A explicação para esses fatos é bastante simples. Con-
forme detalhamos no capítulo 5, os nossos corpos ener-
43
géticos carregam a nossa memória permanente. Tudo ali
é gravado. Esses corpos, com exceção do primeiro, que é
um corpo de ligação, não se dissolvem com a morte e nos
acompanham levando a nossa memória. Ao tomar outro
corpo, esse arquivo é repassado, em maior ou menor in-
tensidade, ao novo veículo físico. Nesse momento, aqueles
acontecimentos de outras vidas gravados com maior força
emocional tendem a chegar primeiro à nossa organização
físico-emocional, causando-nos grandes dissabores.
Esses arquivos de problemas oriundos de outras vidas,
cedo ou tarde, precisam ser trabalhados, para que o nos-
so processo de “despertamento” da consciência não seja
interrompido e o nosso saber não seja bloqueado. Preci-
samos com urgência eliminar nossos focos de problemas.
Nesse ponto, pouco importa se tiveram origem nessa ou
em outras vidas. Mais uma vez, lembramos que essas gra-
vações em nosso mundo interno são realizadas com o fogo
da emoção. Por isso, esses acontecimentos do passado nos
incomodam tanto. Vivemos sempre fustigados por dardos
emocionais que nos causam grandes sofrimentos.
Nossos registros internos são compostos de emoção e
imagem. Em se tratando de registros (memória) dessa vida,
temos quase sempre a emoção e a imagem. Mas, quando
se trata de memória de vidas passadas, temos apenas uma
emoção indefinida, uma vaga sensação. A imagem, no en-
tanto, pode, algumas vezes, ser acessada por sonhos, pesa-
delos ou, ainda, por saídas do corpo físico.
Mas, por que é importante a solução desses problemas
44
emocionais?
– Primeiro: porque eles constituem nossos pontos fracos.
– Segundo: porque não teremos paz sem a solução des-
ses problemas.
– Terceiro: porque o despertar da consciência passa ne-
cessariamente pelo entendimento e solução de todos os
nossos conflitos internos.
– Quarto: o encontro com o Pai passa, obrigatoriamen-
te, pela autoconsciência e ela passa pelo autoconhecimento.
Chegamos, por fim, ao: conhece-te a ti mesmo.
Pelo que vimos, não há como fugir e não enfrentar a nós
mesmos. Quanto antes realizarmos esse enfrentamento de
nós mesmos, melhor. O tempo não espera. Os nossos con-
flitos também não. A consciência nos cobra providências
e soluções.
Mas, voltando de novo ao “Paraíso Perdido”, precisa-se,
ainda, acrescentar alguns dados. Quando o homem perdeu
o “Jardim do Coração” (o Éden), ele perdeu, literalmen-
te, tudo. No momento em que perdemos nossa memória,
pode-se afirmar que perdemos tudo. Da mesma forma, ao
perdermos a consciência e mergulharmos no mundo da es-
curidão perdemos a direção e a própria razão.
Naquele tempo do Éden, era comum e fácil falar com
Deus. Ele andava e falava com os homens. Ele orientava
diretamente a todos que habitavam este mundo.
As consequências imediatas da perda do Paraíso foram:
– O Homem esqueceu-se de Deus, o Pai.
– Deus deixou a Terra e não mais falou com o Homem,
45
com exceção de seus enviados.
– O Homem passou a receber leis para seguir e guiá-lo.
Muitas dessas leis eram duras e severas, pois o Ser Huma-
no que aqui vivia tinha caído em perdição (perdido a cons-
ciência) e se tornado um animal e perdido o lado humano.
– Predominou-se, a partir daí, a força da matéria sobre
a força do espírito. O corpo físico tornou-se, então, um ca-
valo bravio em disparada; e o espírito, como um cavaleiro
sem força e sem controle de seu animal. A mercê, portanto,
de toda sorte de acidentes inoportunos e inconvenientes.
– Nunca mais lembramos do “Paraíso” e de como era
bom estar com o Pai.
– Esquecemos que não morremos e, portanto, que so-
mos eternos.
– Passamos a cultivar a morte, a temê-la e a viver para
morrer.
– Esquecemos que somos todos irmãos, filhos de um
Pai único.
– Nunca mais nos lembramos quem somos, de onde vie-
mos e por que estamos aqui.
– A partir da “perdição”, passamos a viver o lado negro
do Ser. Lá onde nascem a inveja, o egoísmo, a maldade, a
violência, a falsidade e todas as mazelas que brotam da es-
curidão da inconsciência.
Com o passar do tempo, os homens criaram outros Deu-
ses “mais palpáveis”, que poderiam ser como eles queriam
que fossem. Mesmo quando falavam de Deus, davam-lhe
qualidades e atributos de um homem. Os mais espertos
46
passaram a criar formas de dominar os demais. Deus pas-
sou, depois da chegada da inconsciência, a ser um objeto
de consumo, de compra e venda. Em seu nome fazem-se
promessas impagáveis e de fins escusos. O homem, ainda
não satisfeito com tudo, criou a figura do Diabo para ser o
responsável pelos seus atos desequilibrados. O Diabo en-
tão passou a ser o culpado pelos desvarios dos habitantes
do Planeta. O passo seguinte foi criar formas de exorcizar
o Diabo e afastá-lo do homem. Claro que isso nunca iria
funcionar, já que o chamado Diabo está no mau funcio-
namento cerebral do homem. Retirar o Diabo significa a
restituição da consciência ao homem, coisa que não se faz
com sermões ou rezas.
O Homem, finalmente, tomou a decisão de criar uma
forma de salvar a si próprio e aproximar-se de Deus. Nesse
momento, ele criou a religião. Os orientadores, que tinham
a função de auxiliar o Ser Humano em sua difícil transi-
ção da escuridão total para a luz, permitiram a criação da
religião. Essa permissão, no entanto, era por tempo deter-
minado. Mas aconteceu o imprevisto: o Homem tornou-
-se dependente da religião, aprofundando-se, ainda mais, o
processo da inconsciência.
Com o passar do tempo, o Ser Humano foi se prenden-
do, cada vez mais, à religião. Com isso, houve a substitui-
ção do livre-arbítrio de cada um pela orientação religiosa. A
partir daí, Deus passou a ter muitas faces e muitos nomes.
Religiões separaram nações.
47
Religiões separaram povos.
Religiões separaram famílias.
Religiões separaram pais, filhos e irmãos.
Religiões separaram amigos e companheiros.
Em nome das religiões, os homens fizeram guerras e co-
meteram atrocidades; tudo em nome de Deus. Mas o pior
de tudo isso foi o registro de todos esses acontecimentos
que ficou gravado em nossos corpos energéticos. A maioria
das pessoas tem uma espécie de compulsão, ou seja, uma
necessidade religiosa gravada na memória. Na verdade, isso
é apenas um registro que o Ser Humano precisa se livrar e
não uma lei que ele tenha que cumprir.
Assim, como podemos observar, dentro da inconsciência
reinante, Deus é apenas uma figura de uso vulgar e corri-
queiro, que serve a muitos em seus propósitos vis. Poucos,
muito poucos, têm para com o Pai a atitude, o respeito e o
reconhecimento de um filho verdadeiro. Nesse particular,
estão incluídos muitos dos profissionais da fé, mercadores
de Deus. Vendem-no caro, cobrando, muitas vezes, até de
quem não tem o bastante para saciar a própria fome. Tudo
em nome de Deus! Sinceramente, eu confesso: muitas vezes
tenho vergonha de estar neste mundo com tanta hipocri-
sia e afronta a Deus, Criador de todos nós. Neste momen-
to, recordo das palavras de Cristo: “Pai, perdoa-os, porque
eles não sabem o que fazem”.

48
Capítulo 3

A Consciência Humana e as
Religiões

Houve um tempo, no passado distante, que o homem


que habitava a Terra não tinha necessidade da atividade re-
ligiosa. Isso, porque essa atividade humana surgiu como um
mecanismo auxiliar na busca da recuperação da consciência.
Dizemos recuperação da consciência, porque o Ser Huma-
no que aqui vivia no passado tinha consciência e a perdeu,
devido ao fenômeno já descrito anteriormente. A partir do
momento em que ficou inconsciente, ele não se lembrou
de sua origem, ou seja, o mundo espiritual.
Nesse ponto da história da humanidade terrestre, tornou-
-se cabível e até necessária a religião. Dessa forma, pode-se
concluir que toda e qualquer religião só deveria ter um úni-
co objetivo: ser mais um instrumento para a recuperação
da consciência humana. Por esse motivo, com a consciência
recuperada, o homem se religaria automaticamente ao mundo
espiritual e ao Criador. Essa é, em suma, a razão primordial da
existência de toda e qualquer religião. Existem muitos movi-
mentos que congregam milhares de pessoas e trazem a marca
de religião, mas possuem outros objetivos, se descaracterizando
49
como tal. Eles deveriam se denominar como uma organização
qualquer, menos de uma genuína religião.
Em boa verdade, e seguindo o pressuposto do objetivo
comum, só existiria uma única religião em toda a Terra. O
que difere, fundamentalmente, as correntes religiosas é, em
primeiro lugar, a linguagem adotada e, em segundo plano,
o objetivo a que ela se propõe.
É de todo importante lembrar que, no tempo em que os
habitantes da Terra passaram pela catástrofe e ficaram in-
conscientes, o processo religioso foi proposto como auxi-
liar para o momento. Essa proposta foi analisada, cuidado-
samente, por aqueles que detinham a incumbência de criar
mecanismos para a recuperação de todos aqueles que so-
freram as consequências do processo da inconsciência. Foi
decidido, então, que a fórmula religiosa poderia ser usada,
desde que fosse temporária, ou seja, por pouco tempo e
não permanente.
Mas, o que foi uma tentativa auxiliadora para a recupe-
ração da consciência humana, transformou-se em um dos
mais graves problemas que a humanidade enfrenta até os
dias de hoje. As pessoas ficaram dependentes da religião.
Esqueceram e não mais usaram o livre-arbítrio, ou seja, as
suas vontades próprias para escolherem os seus próprios
caminhos. Todos foram transformados em seguidores, dei-
xaram de pensar e raciocinar. No momento em que causou
a dependência, a prática religiosa não pôde mais ser reti-
rada. É importante ressaltar que a existência da religião já
passou a constituir um registro na matéria humana, que é
50
transmitido hereditariamente. Por isso, só o despertar da
consciência pode anular esse registro.
A humanidade como um todo foi pega na rede das reli-
giões e não consegue mais escapar. Isso é terrível, porque
a fé cega bloqueia as áreas cerebrais. Com isso, fica restan-
do somente uma área sobrecarregada em funcionamento e,
por isso, é impossível para a pessoa raciocinar corretamente.
Nessa parte do Universo, “o Planeta Terra é o único que
é prisioneiro das religiões”.
O processo religioso passou a ser um dos grandes pro-
blemas que afligem o Ser Humano. Primeiro, ele dividiu as
nações, as regiões, as cidades e, depois, passou a dividir a
própria família. O homem e sua esposa passaram a se se-
parar, muitas vezes, porque um não aceitava e não aceita a
religião do outro. Os irmãos de sangue começaram a bri-
gar, porque um quis impor a sua religião ao outro. Por aí se
vê, que a paz e a união entre as nações e entre as pessoas
demorarão muito a acontecer. Como consequência, até o
processo religioso contribui para essa separação.
É interessante observar o porquê da preferência de uma
pessoa por determinada religião. Por que uma pessoa se sen-
te atraída por uma religião e outra do mesmo grupo fami-
liar ou social não sente nenhuma afinidade por esse grupo
religioso? Serão seus templos, seus rituais, sua doutrina, a
capacidade de comunicação de seus dirigentes? Não. Uma
única variável prende as pessoas a uma religião: é a frequên-
cia vibratória dada pela linguagem utilizada. Cada grupo re-
ligioso possui uma linguagem própria que praticamente é a
51
roupagem da qual ela se veste. Essa linguagem possui uma
frequência vibratória exclusiva que atrai as pessoas pela sin-
tonia com suas frequências cerebrais.
Em vista disso, podemos perceber a necessidade pre-
mente de se providenciar a mudança da linguagem de ca-
da religião para um padrão superior de frequência, visando
uma futura padronização. A linguagem é uma ferramenta
para o despertar do entendimento. Logo, se houver a pa-
dronização da linguagem, propicia-se ao longo do tempo o
nivelamento da compreensão no campo religioso. Com es-
sa providência, abre-se caminho para o surgimento, no fu-
turo, de uma religião universal que terá como objetivo pri-
mordial a recuperação da consciência humana.
Essa nova religião traria a salvação pela recuperação e de-
senvolvimento da consciência e o inevitável encontro com
Deus. O despertar da consciência é, sem dúvida alguma,
o remédio para todos os males que afligem a humanidade,
em todos os tempos. A diferença de linguagem de cada re-
ligião leva as pessoas ao desentendimento. O desentendi-
mento causa o afastamento e a divisão entre grupos e pes-
soas. Portanto, podemos concluir, sem temor de lavorar em
erro, que as religiões, da forma em que estão, são fatores
de desagregação, desentendimento, conflitos e até mortes
entre os Seres Humanos. Nesse ponto, podemos parar e
meditar: Uma religião que causa tanto prejuízo às pessoas,
pode agradar a Deus? Seria admissível imaginar que esse
grupo de religiões que causam tanta polêmica, discórdias e
guerras fratricidas pode trazer benefícios ao homem?
52
O assunto religioso é tão crítico que, normalmente, as
pessoas evitam conversar a respeito, para não entrarem em
conflito.
Mas o homem ainda necessitará da religião por muito
tempo. Apesar de muitas religiões não contribuírem para a
consciência do Ser Humano, elas têm seu mérito e sua uti-
lidade. Chegará o dia, no entanto, que as religiões, da for-
ma como existem hoje, farão parte, apenas, da história da
Terra. Não participarão, com certeza, do presente do Ser
Humano, porque delas ele não mais terá necessidade. É de
todo importante salientar o lugar que a religião ocupa na
vida do homem. De uma maneira geral, ela ocupa o lugar
do sagrado, do divino. Ao que me parece, há nesse ponto
uma inversão de valor, pois a religião deveria ser entendi-
da como um caminho para se chegar ao Divino. Não po-
de, no entanto, ser confundida com o objetivo que deveria
nortear a sua existência, que é exatamente a descoberta de
tudo que é divino e eterno.
A religião é praticada em toda a face da Terra, mas não
é conhecida e, tampouco, entendida. É, muitas vezes, uma
atividade social ou até mesmo um lazer de que as pessoas
gostam de participar. Outras vezes, tem a conotação de
autoajuda, aonde muitos vêm buscar solução para os seus
conflitos internos, solução de problemas familiares e finan-
ceiros. Muitos, ainda, participam do processo religioso por
obrigação, ou seja, porque têm medo. Os piores medos são
do Diabo e do Inferno. Da mesma forma, o medo de Deus
faz com que as pessoas ingressem nos templos religiosos
53
para se resguardarem de males futuros.
Por outro lado, a religião tornou-se, ao longo da histó-
ria, uma tremenda fonte de poder. Isso porque, grande par-
te das pessoas procura uma atividade religiosa por medo.
E o medo pode ser manipulado e gerar frutos que alimen-
tam a ganância.
Já afirmamos anteriormente que é a linguagem que faz
a diferença entre as religiões. Também dissemos que cada
linguagem carrega em si própria uma frequência vibrató-
ria e é exatamente ela que atrai as pessoas, por sintonia, pa-
ra uma determinada religião. Essa sintonia se processa pe-
la similitude entre a frequência da linguagem religiosa e a
frequência cerebral da pessoa adepta. Ela se sente chama-
da para integrar aquele grupo. Por outro lado, não ocorren-
do essa sintonia, não haverá a adesão àquele agrupamen-
to religioso. A pessoa que busca, segue em frente até en-
contrar aquele grupo que lhe falará uma linguagem atrati-
va. Uma vez o encontrando poderá, então, haver a adesão,
porque houve sintonia. O Ser Humano possui a tendência
de se unir àqueles com os quais se harmoniza. Frequências
iguais trazem harmonia.
Agora, observemos o que acontece com a pessoa que
começa a vivenciar o crescimento de sua consciência. Uma
vez sintonizada com a religião encontrada, o passar do tem-
po encarregará de trazer-lhe os primeiros questionamen-
tos, as primeiras indagações e porquês. Inicia-se um pro-
cesso de não aceitação, uma inconformidade com os ensi-
namentos daquele grupo religioso. É a hora da partida. É
54
o momento de iniciar nova busca. Busca-se, em boa ver-
dade, não um novo grupo, mas uma nova linguagem que
tenha frequência maior, semelhante à sua que aumentou.
Uma vez encontrado esse novo grupo de frequência mais
alta, a pessoa pode estacionar e aí permanecer. Nesse mo-
mento, ela se sente novamente em casa.
Tudo nesse mundo avança sempre, mesmo quando te-
mos a sensação de estarmos estacionados. Assim, chegará
o dia em que a pessoa, por aquisição de maior frequência
cerebral e, consequentemente de maior entendimento, te-
rá sede de ensinamentos mais profundos e mais claros so-
bre a vida, a criação, o mundo espiritual e o Criador. Nesse
ponto, o seu desejo de conhecimentos e sabedoria terá ul-
trapassado os limites da fé religiosa para adentrar o campo
do raciocínio lógico-consciente. Nesse momento da vida
eterna, o Ser Humano não mais sente necessidade da reli-
gião, pois já despertou a sua consciência humana. Daí em
diante, importa a ele a conquista, cada vez mais, de auto-
consciência, pois já percorreu os vários caminhos, incluin-
do o religioso, em sua grande busca.
Todo esse processo da busca da consciência pela via re-
ligiosa pode levar muitos séculos. Vidas e vidas sucessi-
vas são vividas à procura desse momento de reencontrar a
consciência e novamente estar completo nesse mundo da
matéria. Essa completude se dá, quando se habita, de fato,
um corpo físico, utilizando todas suas capacidades originais.
No trabalho religioso, muitas pessoas estacionam em um
mesmo grupo e aí permanecem por muitos séculos. Quan-
55
do isso acontece, torna-se difícil o reconhecimento da exis-
tência de outros ensinamentos mais profundos e sábios do
que aqueles esposados pelo seu grupo. Isso se dá, porque a
sua capacidade de entendimento e de impulsionar sua bus-
ca estacionou. Ele infelizmente parou, cessou a procura. É
como um atleta que para no meio da corrida e não chega
ao final. Lamentavelmente terá que iniciar tudo de novo em
outra vida. Estamos irremediavelmente destinados a ser-
mos Seres Humanos conscientes normais. Fomos criados
perfeitos e o nosso Pai não admite que arranjemos defeitos
pelo caminho e permaneçamos com eles eternidade afora.
Para ser justo, não podemos deixar de reconhecer que
as religiões muito contribuíram para manter o homem em
uma conduta mais sociável, nesse longo período de gran-
de desequilíbrio por que passa a humanidade.
“As religiões conduzem os que dormem ao terrível so-
no da inconsciência.”
“E os que dormem naturalmente não têm rumo, nem
destino”.
Aqueles que estão dormindo ficam sujeitos à vontade e
interesses de terceiros. Esses, mesmo inconscientes, têm in-
teligência bastante para criar os mecanismos que lhes deem
o poder sobre a multidão passiva.
Uma relação direta que se observa é a do fanatismo re-
ligioso e a da inconsciência. Quanto mais profunda for es-
ta, mais arraigado e forte será o fanatismo. O contrário, fe-
lizmente, é verdadeiro, quanto mais consciente a pessoa es-
tiver, menor peso terá o fervor religioso. Ela terá mais fa-
56
cilidade de entender e respeitar a fé religiosa de cada um.
Nesse ponto, começa a se mostrar o lado humano de cada
pessoa, que transcende a doutrinação de cada seguimento
religioso, para adentrar nas grandes questões que envolvem
o Ser Humano e o Criador.
“Jamais o ser humano encontrará a felicidade pela fé re-
ligiosa, mas somente pela autoconsciência.”
A consciência é o maior tesouro dado ao Ser Humano.
Tesouro esquecido, enterrado nas profundezas do Ser. Mui-
tas vezes até lembrado, mas desprezado, abandonado; ou-
tras vezes ignorado de propósito. Mas, o que nos leva, nos
impõe, nos exige a negação da consciência? Seria o grande
medo de mudança? Medo de destruir o “eu provocador”,
que tudo quer e quer cada vez mais? Quer o poder, quer a
beleza, quer todos os bens da Terra? Quer brilhar mais que
o próprio sol?
É exatamente isso. No mundo da inconsciência nós que-
remos cada vez mais, queremos tudo. Nunca temos o bas-
tante. Queremos o que os outros têm e muito mais. A nos-
sa personalidade, que não somos nós, quer tudo.
“O mundo de ‘César’ não nos dá trégua. Vivemos em
guerra com a nossa paz.”
Quando exercemos a nossa vontade para querer, esta-
mos, em verdade, buscando prazer. A busca incessante do
prazer conduz a criatura ao sofrimento. É da essência das
coisas que o prazer busca, sempre, mais prazer. Ele é uma
força que pede expansão. Dentro do Ser Humano essa for-
ça encontra limites e, dessa forma, por sentir-se tolhido e
57
bloqueado, causa grandes sofrimentos físicos e emocionais.
Muitas vezes, achamos que é humilhante reconhecer a
grandiosidade do Pai-Criador e a maestria do Filho-Salva-
dor. Achamos que já somos grandes demais.
“Temos a pretensão de sermos Deuses antes da hora.
Por enquanto somos sementes de Deuses em germinação.”
Já construímos arranha-céus, bombas poderosas, fogue-
tes que viajam pelo espaço em busca de notícias do desco-
nhecido. Mas, tristemente, não sabemos quem somos. Pior
ainda, não queremos saber. Temos medo da consciência.
Estamos ainda tão fracos, que não temos força bastante pa-
ra o exercício do perdão. Quando alguém, em um momen-
to de rara grandeza, nos pede perdão, quase sempre nega-
mos. Somos tão áridos e medrosos, que temos receio de
enfrentar nossas fraquezas e nos perdoar também. Temos
medo de sermos honestos com os nossos semelhantes e,
principalmente, com nós mesmos.
“Temos medo da responsabilidade de sermos conscien-
tes e assumir o que nós somos de verdade.”
Preferimos deixar tudo para depois. Mexer nos valores
internos que demoramos tanto para organizar, nem pen-
sar! Deixar a vidinha cheia de prazeres que a matéria pede e
ganha, também não dá! No meio dessas forças que atraem
e prendem o homem, a luta pela conquista da consciência
torna-se algo tão distante e tão inatingível, que poucos ten-
tam e a maioria desiste.
A humanidade vive robotizada e teleguiada. Para a gran-
de maioria, o que realmente tem importância é tudo aqui-
58
lo que atende aos sentidos imediatos do corpo físico. É o
que se pode pegar, tocar, comer, beber, consumir, rasgar,
cortar, empurrar, puxar, lavar, cozinhar, alisar, reduzir, au-
mentar, destruir, ver, trocar, vender, comprar...
Pelo visto, valoriza-se aquilo que diz respeito ao mun-
do material. Junta-se a isso todas as formas de autoridade
e poder; incluindo-se, aí, a autoridade e o poder religiosos.
A humanidade continua perdida. Nunca houve, como
agora, um distanciamento tão grande entre o desenvolvi-
mento tecnológico e a consciência humana; entre o mun-
do material e o mundo espiritual; entre o homem e seu Pai
Criador.
Comparamos o desenvolvimento tecnológico com a der-
rubada desenfreada de uma grande floresta. Ao cair a úl-
tima árvore, descobre-se que havia ali um grande rio que
a floresta protegia. Primeiro, precisa-se ter conhecimento
da floresta e do rio para, depois, decidir quais árvores po-
dem ser usadas.
“Nunca precisamos tanto do pai e do filho: que eles nos
ajudem.”
Muito se tem falado, ao longo dos tempos, em salvação
do homem, como se ele tivesse dentro de si essa gravação
indelével, de que precisa ser salvo. Mas, salvo de quê? Sal-
vo por quê? Salvo para quê?
As pessoas não se perguntam por que elas querem ser
salvas. Mas, mesmo assim, anseiam pela salvação. Em busca
desse salvamento, caminha apressada a humanidade. Mes-
mo não sabendo o porquê, ela busca. Seria um instinto da
59
“eterna sobrevivência?” A resposta é sim; todos buscam a
eterna sobrevivência. Mas só almejamos e buscamos aquilo
que não possuímos. Se já temos, não precisamos e, se não
precisamos, não buscamos. Mas ocorre que podemos pos-
suir e não sabermos ou, ainda, termos esquecidos e duvi-
darmos que temos.
Nesse ponto, encontramos a raiz do problema da bus-
ca da salvação.
“Somos todos sobreviventes do eterno. Não precisamos
de salvação, apenas nos esquecemos disso. Só precisamos
nos lembrar.”
Queiramos ou não, aceitemos ou não, somos eternos.
Esse é um atributo humano, faz parte de todos nós. Sem-
pre seremos. Nunca deixaremos de ser, a não ser em casos
de extrema desistência.
Mas, e a salvação?
A única salvação de que precisamos é livrar-nos da in-
consciência e da ignorância. Não há, nas dimensões da vi-
da, uma única criatura que precise ser salva. Ao ser criada,
a criatura tem resguardado os “registros de Ser”. Não im-
porta, a partir daí, o que aconteça; ela sempre estará cum-
prindo a sua função. Isso, incluindo todas as criaturas que
compõem o que chamamos VIDA, inclusive o Ser Humano.
A criatura humana está dentro de um grande dilema: ou
ela se acha mortal e, portanto, precisa de salvação; ou se re-
conhece imortal e não necessita ser salva. A permanência de
ambas as situações só demonstra uma confusão de ideias.
Assim, desde o momento em que o homem se tornou
60
inconsciente, ele passou a buscar a salvação de forma intui-
tiva. Isso porque temos o registro original da existência da
eternidade. Ao contrário, dentro do processo de inconsciên-
cia em que as pessoas se encontram, elas se sentem mortais.
Todos têm medo de morrer. Não querem se separar dos
entes queridos. Não sabem o que vai acontecer-lhes com
a perda do corpo físico. As pessoas têm medo de ir para o
inferno ou ainda ficarem estacionadas nas regiões de sofri-
mento, como ensinam algumas religiões. Outras temem en-
frentar um tribunal de julgamento de seus erros, enganos,
pecados e crimes. Por isso, busca-se tanto a salvação. Essa
busca das pessoas é tudo que precisam muitos grupos re-
ligiosos que pregam e oferecem a salvação.
Por oportuno, é importante que se entenda o signifi-
cado de pecado. Pecar é agir contra regras estabelecidas.
Dentro do sentido verdadeiro, aquele que infringe uma lei
é um pecador.
Há muito tempo, no passado, foram estabelecidas re-
gras de conduta, para uma melhor convivência entre todos.
Acontece que, naquele tempo, as regras implantadas fo-
ram muito além do entendimento e da capacidade de acei-
tação das pessoas. E, por isso, elas não tiveram condições
de cumprir as normas e se tornaram “pecadoras”. Muitas
dessas leis chegaram até os dias de hoje e o homem conti-
nua sem entendê-las e peca constantemente. É importante
deixar claro que não se trata de leis religiosas, mas de nor-
mas civis e penais, escritas ou não.
“O verdadeiro pecado nada tem a ver com o mundo es-
61
piritual de Deus, mas com o mundo material dos homens.”
Muitos dizem que Cristo salva; outros afirmam que Deus
não deixará ninguém sem salvação.
“A única salvação de que precisamos é livrar-nos da in-
consciência e da ignorância.”
Para isso só existe uma forma: Conquistar a nossa cons-
ciência. Isso é trabalho para nós mesmos.
“Somente o homem salva o homem.
Cada um salva a si mesmo, essa é a lei.”
Não que o Mestre Jesus e Deus, nosso Pai, não possam
salvar o homem. Ocorre que essa é uma responsabilidade
de cada um que, usando o seu livre-arbítrio, decidiu vir pa-
ra este mundo. Ninguém é responsável pelos nossos com-
promissos assumidos; pensar assim é agir como criança que
pede aos pais para que façam seus deveres de casa.
Deus é a própria justiça, sinônimo de amor. Se Ele nos
salvasse de graça nos tiraria a grande oportunidade de apren-
der e de conquistar o mérito da libertação da inconsciência.
As pessoas em geral, principalmente aquelas mais sim-
ples e com menor entendimento, têm sido, ao longo dos
tempos, encantadas com as promessas de salvação. Como
se fosse possível, em um passe de mágica, salvá-las de tu-
do o que elas temem.
Quando Jesus disse: “A cada um segundo suas obras”,
Ele também estava dizendo que nós somos herdeiros de
nós mesmos. Só por isso já compensa sermos bons, pois
herdaremos somente os tesouros da tolerância, da mansi-
dão, da compreensão, da honestidade, da compaixão, da
62
amizade e do amor.
Mas, dentro da inconsciência, é difícil herdar esses tesou-
ros, já que o homem tem acumulado somente os efeitos do
desequilíbrio em que vive. Pelos atos contrários à harmo-
nia da vida, o homem se torna, para sempre, responsável.
Há aqui um ensinamento que deve trazer luz ao raciocínio
de muitos. Vejamos: Se a pessoa está inconsciente, por que
ela responde pelos seus atos? À primeira vista, parece um
contrassenso. Deus criou o homem, mas ele não age co-
mo um; no entanto, deve ser responsável pelos seus atos.
Jamais podemos conceber a ideia de uma injustiça de
Deus, logo, a responsabilidade da pessoa inconsciente tem
uma explicação lógica. Essa lei acima mencionada é de Deus
e só pode ser justa como tudo que Dele é justo. A explicação
é simples: O homem responde pelos seus atos, na incons-
ciência, não como castigo, mas como forma de aprender no
erro e no acerto, na alegria e na dor. Deus jamais castiga al-
guém. Deus age como Deus. Muitas vezes, a criatura pode
entender que está recebendo um castigo, mas, na verdade,
ela está recebendo uma lição de uma forma que nem sem-
pre é prazerosa para ela. Mas não deixa de ser uma lição.
A criatura humana fala diariamente em Deus, o Pai, o
Criador, mas ao mesmo tempo demonstra conhecê-lo mui-
to pouco. Em seus momentos de desvarios chega ao ponto
de tentar desqualificá-lo chamando-o de injusto.
Deus não possui adjetivos ou qualificações; Ele simples-
mente é. Ele nunca foi ou será; Ele é.

63
– Deus não é bom.
– Deus não é mau.
– Deus não é tolerante.
– Deus não é misericordioso.
– Deus não é amoroso.
– Deus não é piedoso.
– Deus é caminho.
– Deus é luz.
– Deus é escuridão.
– Deus é suavidade.
– Deus é força.
– Deus é criação.
– Deus é destruição.
– Deus é justiça.
– Deus é amor.
Deus não pode ser nomeado por nenhum adjetivo ou
qualificação usada para a criatura humana, pois isso o equi-
pararia a um simples humano. Deus é Deus. Ele é o amor
e a justiça não compreendidos pela criatura. A vontade e a
ação de Deus pairam acima do entendimento das criaturas.
Quando não entendemos Deus, devemos silenciar e aguar-
dar a sua manifestação.
“Deus está em toda parte, mas só pode ser encontrado
por cada um dentro de seu próprio coração.”
O homem, no seu viver quotidiano, atribui, por desco-
nhecimento, tudo o que acontece, a si e aos demais, como
obra de Deus. Esquece, no entanto, que todos têm suas
64
plantações e suas colheitas para fazer. Deus, nesse caso, en-
trega o homem a si mesmo, e cada um se autocastiga, den-
tro de seu entendimento e de sua conveniência.
Somos criados sementes de Deus, deuses pequeninos.
Somos fadados a crescer infinitamente seguindo as pega-
das do Pai. Deus significa caminho. Ele vai à frente lançan-
do as sementes do conhecimento e nós caminhamos atrás
Dele colhendo os “frutos do conhecimento”, já maduros,
e nos alimentamos deles. Esse é o único alimento possí-
vel que nos faz crescer e nos tornarmos grandes, imensos
e poderosos. Finalmente, em certo ponto de nossa eterni-
dade, nos tornamos deuses e nos transformamos em ca-
minhos para outros que precisam crescer. Nesse momento
grandioso do “Ser”, ele se habilita, também, a criar em no-
me do Pai. Nesse estágio de grandiosidade, o Ser Humano
Deus pode criar mundos em parceria com outros deuses.
Esse foi inclusive o caso de nosso mundo, a Terra, que foi
criada com a força conjunta de vários deuses.
Nesse processo de crescimento, estamos todos envolvi-
dos e não há como escapar. Impossível fugir do Pai. En-
contrar-se com Deus é uma certeza e uma necessidade do
Ser Humano que vive e quer continuar vivendo.
Mas o tempo de cada um é diferente dos demais. Uns
estarão com o Pai primeiro e com Ele se sentarão à mesa.
Outros chegarão depois e, por último, chegarão os retarda-
tários, aqueles que se sentaram à beira do caminho, achan-
do que estavam muito cansados; ou que abandonaram a re-
ta estrada e se embrenharam pelos campos e matagais em
65
contemplações infantis.
Muitos desses retardatários se julgam muito inteligentes.
Quando surge uma oportunidade sobem em uma pequena
elevação e se mostram a outros retardatários e se autono-
meiam enviados de Deus. Conseguem grande número de
seguidores e acham isso ótimo. Passam a tirar proveito, co-
bram pedágios daqueles que querem ir ter com Deus. Es-
ses cobradores de passagens também têm fome, pois, da
mesma forma, não comeram dos “frutos do conhecimen-
to” e, portanto, não sabem. Inicia-se aí o processo de ce-
go guiando cego.
Nesse caso, dos retardatários, todos abandonaram o ca-
minho e estão, verdadeiramente, perdidos.
Deus, quando criou a árvore, disse e deixou escrito: “To-
da vez que tuas folhas secarem, que caiam ao chão e outras
novas brotarão. Quando as tuas flores se abrirem, que se-
jam prenúncios da chegada dos frutos.”
Para o homem também ficou escrito:
“Enquanto tiveres a vida que eu te dei, aprendas com o
que fizeres a mim, a ti e aos outros.”
“Observa e aprende com as criaturas de outros reinos
que vivem próximas a ti.”
“Nunca em tua existência deixes de colher teus frutos,
pois eles são teus e somente teus.”
“Nunca esqueças de olhar toda manhã para o astro-rei,
ele aí estará para lembrar-te que eu te quero assim, pura luz.”
“A mim, nada tu me deves, mas deves a ti, para que che-
gues a mim.”
66
Capítulo 4
O SER HUMANO
A Luz e a Escuridão do Ser Humano

Noite e dia, luz e treva, claro e escuro, são aspectos que


representam uma mesma realidade. O Ser Humano traz
em si gravado tudo o que é externo a ele. Tudo é espelho
do que ele é, e possui. Na maioria das vezes, ele não sabe
que é daquela forma ou que possui certos atributos. Assim
é o lado da escu­ridão do ser. As pessoas agem dentro des-
se lado escuro e não sabem que ele faz parte delas e que
esse lado as possui. Como Seres Humanos, temos sempre
mais de uma possibilidade; podemos chamar também de
caminho. O fator que determi­na nosso caminho chama-se
livre-arbítrio. É por meio dele que fazemos a opção pelo
lado da escuridão que, então, se torna uma real possibili-
dade para nós. Vivendo o lado negro de nossa mente, tudo
pode acontecer.
O mundo espiritual, mesmo sendo imutável, se molda
às necessidades das criaturas que vivem no mundo físico.
Essa adaptação se faz necessária para que o Ser Humano
encontre eco aos seus anseios e apelos, originados do seu
caminhar pelas estradas que ele escolheu na vida. Seguindo
67
essa lógica, do outro lado da vida foram criadas as estrutu-
ras, para atender as pessoas em suas ações, nos campos da
escuridão. Criou-se, também, um sistema de pesos e medi-
das, para que cada um fosse descobrin­do e avaliando, por
si mesmo, o resultado de seus atos.
Importante ressaltar que existem dois tipos de escuri­dão
a que estão sujeitos os Seres Humanos: uma é a escuridão
por escolha. Ela é natural do Ser. Ela está em cada um e
sem­pre fará parte do Ser Eterno, criatura imortal. Todos
foram criados com luz e escuridão. O nosso livre-arbítrio
é que vai nos situar de um lado ou do outro, ou seja, na luz
ou na escu­ridão. Esse lado escuro do Ser é aquele que ele
não mostra aos outros. É onde ele se resguarda.
Existe, porém, uma outra escuridão do Ser, que nos foi
imposta aqui no mundo físico. Ela teve origem nos acon­
tecimentos já narrados em capítulos anteriores e tornou os
Seres Humanos inconscientes, ou seja, perderam todo o co­
nhecimento. Assim, fica claro que essa escuridão não é uma
escolha, mas um bloqueio do conhecimento, afastando a
sa­bedoria natural do Ser Humano. Frente a essa escuridão
é que o mundo espiritual foi reorganizado. Foram criadas
represen­tações de seguimentos religiosos, centros de trata-
mento de saúde, principalmente para atendimento daqueles
que perdem seu corpo físico e necessitam de amparo. Da
mesma forma, houve a criação de hierarquias religiosas de
representação para orientar e acompanhar os grupos religio-
sos que aqui se formaram. Essas hierarquias espirituais vão
muito além do que se conhece aqui, ou mesmo se imagina.
68
Não devemos perder de vista que, acima de tudo, está o
objetivo central que é o retorno da consciência humana a
todos os habitantes do Planeta.
O Ser Humano com registro de matéria, ou seja, que ad-
quire seu conhecimento também pelo mundo físico, vive
sua eternidade em duas dimensões interligadas, mas diferen­
ciadas por duas frequências distintas: a física e a extrafísica.
Quando habita a dimensão física, fica automaticamente
sujeito às leis próprias da matéria. Dentro dos princípios
que regem o mundo material existem:
• O princípio da transformação;
• O princípio da renovação constante;
• O princípio da interligação permanente;
• O princípio do equilíbrio pela interação entre as partes
e das partes com o todo;
• O princípio do ciclo perfeito;
• O princípio da permanência de tudo;
Os Seres Humanos, participantes da vida na matéria, de-
veriam entender, de forma completa, todo o fluir da vida.
Não ter dúvidas a respeito da utilidade e sabedoria de cada
momento vivido.
Ao contrário, a ignorância lhes assiste. Duvidam de tudo,
interpretam erroneamente as leis da matéria. Fazem nascer
o erro, causando danos irreparáveis à Obra Divina ao ten-
tarem interferir, indevidamente, onde o reparo é sinônimo
de inconsciência. Mas, por que eles agem assim? A resposta
é uma só: ausência de entendimento, inconsciência.
69
É nesse estado de inconsciência que a pessoa humana
exerce sua observação sobre a vida ao seu redor e conclui,
in­terpretando, que o início e o encerramento de um ciclo,
com a desagregação da forma e a consequente reaglutina-
ção em outra, são o fim de tudo, ou seja, a morte.
Essa maneira de ver e entender o fenômeno natural, cha­
mado morte, criou um registro muito poderoso no Ser Hu­
mano, vindo a influenciar toda a trajetória da humanidade
do nosso Planeta. A pessoa humana passou a explorar a
morte de seu corpo, procurou conhecer toda a sua forma,
reduzir-lhe a importância e até desdenhá-la, mas jamais dei-
xou de temê-la.
A morte, assim vista e sentida, passou a ser uma das ala­
vancas que movem o nosso mundo. Na economia, tornou-
-se um braço forte. A indústria esmerou-se em oferecer
verdadei­ra gama de produtos, desde os mais simples aos
mais sofisti­cados. Transações comerciais movimentam so-
mas fantásticas, criando facilidades para que, cada um, pos-
sa se preparar ma­terialmente para o momento final.
Nesse momento, todo o sentimento humano que en­
volve a morte pode ser visto, ouvido e sentido. Na verdade,
quem sabe da morte é somente o Ser Humano (o espírito).
O corpo físico, ou seja, a matéria, não a conhece, não a te-
me e nem mesmo cogita de sua existência. A matéria vive
cada momento presente sem se preocupar com o amanhã,
se ele existirá, ou mesmo se permanecerá existindo quando
ele che­gar. Mas nós, os Seres Humanos, tememos a morte
enquanto somos inconscientes e não temos certeza da vida
70
eterna, pois a perda de nosso corpo físico nos conduzirá ao
confronto entre a consciência e os atos da inconsciência.
Mas o que é a morte senão uma pequena pausa na grande
viagem? Uma rápida e longa passagem pelos labirin­tos mais
profundos de nosso mundo, onde tudo é segredo e nada
deixa de ser revelado? É o navegar do barqueiro Caron­te
em direção ao outro lado do rio da vida, conduzindo-nos
em direção a nós mesmos. É o grande balanceamento do
que fomos e do que somos. É a apuração do que aprende­
mos e do que não entendemos. É, também, a constatação
final de que, mesmo quando achamos que perdemos, nós
ganhamos.
A figura da morte na natureza é uma alavanca que per­
mite ao mundo se vestir de novo. É do velho que nasce o
novo. É da desintegração, do caos, que tudo renasce e se
re­nova. A vida jamais cessa em qualquer parte do universo.
Se a vida é o sopro do Criador, como pode ela cessar; por
um só instante, na eternidade que reina em tudo?
A morte, assim é, antes de tudo, uma interpretação de
um fato, por desconhecimento de uma realidade. Mas a
conquista da consciência elimina a interpretação e mos-
tra a realidade e, mostrando a realidade, mostra também a
eternidade de tudo, eliminando a possibilidade da morte na
obra do Criador.
Salmo 1 – À Luz e à Escuridão
Sou viajante da luz
Percorrendo o caminho das sombras
71
Nas sombras nasço e cresço
Nas sombras me procuro,
Me acho
E me esqueço.
Sou madeira escura
Quando me queimo em luz me faço
Mas às vezes sou puro carvão
Me olho
E me embaraço.
Sou mata escura e fechada
Onde ninguém consegue entrar
Outras vezes sou campina verde
Aonde o sol de manhã vem brincar.
Sou riacho constante
De vida multicor
Também sou lago escuro,
Largo e profundo,
Pleno de dor.
Viajo hoje pensando
Na escuridão de ontem
Na luz da aurora
No acerto do passo
No momento de agora.
No tropeço
Na pedra do caminho
Me entristeço
Me sinto sozinho
72
Não vejo mais nada
Na banda estrada.
Se me permitido é
Acendo minha luz
Espanto a escuridão
Enterro de vez
Minha cruz.
Luz,
Escuridão,
Se eu caminho
Vão comigo.
E tu
Dá-me tua mão,
Da luz da consciência
Foge a escuridão.
Prosseguindo sobre a opção do Ser Humano pelo lado
da escuridão, ele também fica automaticamente sujeito a
um sistema de pesos e medidas, ação e consequência, com
regras duras, tão duras quanto às ações das mentes endure-
cidas. Den­tro dessas regras está a chamada “lei do retorno
a tempo certo” da qual ninguém está a salvo. Mas o que é
esta Lei? Esta Lei, em boa verdade, mede a capacidade de
cada Ser Humano de suportar tudo o que ele atribui ao seu
semelhante.
Assim, para que cada um entenda o que está fazendo ao
outro, é fornecida a ele a “mesma dose do veneno”. Terá,
as­sim, a oportunidade de sentir, na própria carne, os efeitos
73
de seus atos. Isso é sofrimento adquirido com o livre-arbí-
trio. O resultado final terá que ser o entendimento de que
as se­mentes da tempestade e da bonança estão em nossas
próprias mãos. Saber qual delas plantar é sabedoria que vem
da cons­ciência desperta.
A lei do retorno tem vigência e só funciona dentro de
uma única vida. Não atinge a vida seguinte do Ser Humano,
pois de nada adiantaria, já que a pessoa não se lembraria da
causa de seu sofrimento de agora, que estaria em uma vida
passada. Essa lei não se confunde com o chamado Carma
ou Lei de Causa e Efeito que é aceita e adotada por algu-
mas correntes religiosas, mas não por todas.
A chamada Lei do Carma tem como pressuposto que
pagamos dívidas de vidas passadas em nossas vidas futu-
ras. A esse respeito, seria de todo conveniente a leitura do
contido no livro Em Busca da Consciência Perdida, onde
deixamos claro que essa Lei foi um engano de interpreta-
ção dos ensinamen­tos do passado e não uma Lei deixada
por Deus para castigar os homens, por atos de outras vidas
que sequer se lembram. E, se não se lembram, logo, para
eles, não existem.
Para o Ser Humano, só tem existência real aquilo que
ele sabe que existe. O que existe, mas ele não sabe, então,
não existe. Por outro lado, se a criatura se lembra de algo
que não existe no seu tempo é porque sua mente vagueia
pelos campos do não tempo, mesmo estando confinada no
tempo. Se a mente sabe que está no não tempo, então, isso
é real, da mesma forma que a existência no tempo é real,
74
porém finita.
O Ser humano possui tal magnitude e complexidade que
entendê-lo perfeitamente é tarefa para o próprio Criador.
Podemos dizer que, para a criatura, valem as seguintes leis:
• A cada um segundo o seu pensar.
• A cada um segundo seus desejos.
• A cada um segundo sua crença.
• A cada um segundo suas obras.
– Tudo que você pensa, habita com você.
– Tudo que você deseja, lhe pertence no tempo.
– Em tudo que você acredita, passa a existir para você.
– Tudo que você planta, obrigatoriamente, irá colher.
O Carma está inserido na Terceira Lei, pois se alguém
acredita na sua existência, necessariamente para essa pes-
soa ele passa a existir. O outro lado também é verdadeiro,
ou seja, no momento em que uma pessoa deixa de acreditar
no Car­ma, então ele deixa de existir para ela. Nesse caso, é
sinal de que o despertar da consciência se avizinha.
A própria existência da figura do Diabo faz parte, tam­
bém, da Terceira Lei. Para aqueles que creem nele, ele passa
a existir. Aliás, com relação ao Diabo, a humanidade credora
cometeu um grande engano que foi o de torná-lo coletivo.
Na verdade, o diabo é individual. Cada um tem o seu. No
forma­to, na cor, no aspecto que quiser. Isso faz parte da ca-
pacidade humana de decidir o que quer, como quer e quan-
do quer. Isso é o livre-arbítrio de cada um em movimento.
Portanto, o diabo faz parte da capacidade humana de
75
criar. Ele é uma criação humana, talvez a mais bem engen­
drada. Assim, cada um tem o diabo que quiser. Ele tornou-
-se um registro muito forte na mente do homem. Ao longo
do tempo, ele ganhou posição de auxiliar das religiões. O
medo do diabo conduz mais pessoas aos templos do que
o amor a Deus. Em verdade, o diabo é um prisioneiro do
homem, assim como o homem é prisioneiro das religiões.
Se se tirasse o Dia­bo dos homens, eles inventariam de ime-
diato um substituto. Ele é a grande desculpa para o dese-
quilíbrio das criaturas. A humanidade, em grande parte, só
consegue viver sem a figura do Diabo, se despertar a sua
consciência. Essa ideia enraizada pertence à escuridão que
habita o Ser Humano.

Compromissos do ser humano


Há bem pouco tempo, tive uma aula no mundo espiritu­
al, como tantas outras que recebi ao longo desses vinte cin-
co anos, que chamou a minha atenção de modo particular.
Trata-se de um tema que nos afeta a todo o momento. O
assunto foi a responsabilidade do ser humano ao assumir
compromissos.
“Quantos de nós já ouvimos falar ou presenciamos nos-
sos antepassados dizer que a palavra dada não volta atrás,
tem que ser cumprida.” Ou aquela afirmação: “Palavra de
rei não volta atrás.”
Tudo isso vem de muito longe no tempo. Vem do tempo
em que todos os seres humanos desta Terra tinham a cons-
76
ciência desperta e sabiam que um compromisso assumi­do
tem que ser cumprido. Uma palavra dada transforma-se
em uma garantia que pode ser cobrada a qualquer tempo,
ou mesmo fora do nosso tempo. Um compromisso nunca
vence, ele aguarda o seu cumprimento. Importante lembrar
que, para o Ser Humano (espírito), seja homem ou mulher,
não existe o tempo como nós o conceituamos, mas existe
o sempre.
Existe só uma vida que não tem fim e só o Pai sabe o
co­meço. Da mesma forma, os compromissos assumidos
pelo Ser Humano caminham com ele estrada afora, vida
afora. Aonde ele vai, eles o acompanham. Não se livra de
um compromisso sem cumpri-lo. Ninguém neste mundo
de meu Deus escapa de um compromisso assumido. Sabem
por quê? Por causa do nosso livre querer, ou seja, o nosso
livre-arbítrio. Também devido àquela outra Lei que está no
Código de meu Pai: Toda pessoa é responsável pelo que
ela planta. Uma promessa é uma semente lançada na ter-
ra, aguardando germinação. Assim, o compromisso é uma
promessa que tem suas consequências que são de respon-
sabilidade de quem prometeu.
Existe uma regra básica que todos deveriam seguir para
evitar dissabores futuros, que é:
“Pense muito antes de dar a sua palavra, mas se a der,
nunca pense em não cumpri-la.”
Recusar-se a cumprir um compromisso é o mesmo que
um doente recusar a tomar um remédio que vai curá-lo de
uma doença. Em boa verdade, somos prisioneiros de nos-
77
sas promes­sas não cumpridas. Muitas vezes sofremos, vidas
após vidas, devido à recusa de cumprir o que prometemos.
Podemos chamar a isso de castigo? Não. Quem paga uma
promessa não está sendo castigado, mas apenas sendo justo.
Se uma pessoa não cumpriu o que prometeu, ela está sen-
do injusta, pois outra pessoa ou pes­soas podem estar sen-
do prejudicadas por causa dela. Existem, ainda, os casos de
grandes projetos em benefício da humani­dade, elaborados
no mundo espiritual, cuja participação muitos que estão aqui
se comprometeram. Se acaso não cumprem, tam­bém estão
sendo injustos. A cobrança de nossas responsabilida­des é
feita por nós mesmos. Ao prometer a nossa participação,
nós registramos a responsabilidade em nossos arquivos. A
nossa consciência profunda se encarrega da cobrança.
Aí está, portanto, o fundamento de tudo: justiça. Quan­
do uma pessoa promete, ela se coloca ao alcance da “Jus-
tiça Maior” que a tudo permeia e governa. Nesse sentido,
cumprir compromisso é libertar-se.
O livre-arbítrio aciona a obrigação de cumprir.
Falamos até aqui de compromissos, em geral. Existem,
no entanto, uma escala de graduação dos compromissos que
fazemos. Tem aqueles que se cumprem em minutos, horas,
dias, anos, uma vida inteira. Há, ainda, compromissos nos-
sos que atravessam séculos e milênios em busca do total
cumpri­mento do que foi prometido. O Ser Humano, nesse
aspecto, é rei, é grandioso e jamais deixa de cumprir o que
prometeu. Ele pode até demorar e, às vezes, momentanea-
mente se recu­sar, mas sempre cumprirá o que prometeu.
78
Há compromissos nossos, conforme já dissemos, que
vêm do outro lado da vida, ou seja, do nosso mundo de ori­
gem. Prometemos lá, para cumprir aqui. São compromissos
de toda ordem. Existem os individuais, os de grupos e até os
compromissos de todos os habitantes de um planeta feito
em conjunto. Para ilustrar, cito o caso da responsabilidade
de recuperação da consciência de todos os habitantes da
Terra. Este é um pacto que todos fizemos sob juramento:
“Enquanto houver uma única pessoa inconsciente em
nosso mundo, ninguém será liberado para sair daqui.”
Esse é o nosso maior compromisso, que é uma lei. Nes­
se exato momento, ouço meu Pai dizer:
“Ninguém sai daqui, enquanto houver um doente pre­cisando
de cuidados. Se eu que posso, não os deixo para trás, tampou-
co permito que vocês deixem uns aos outros para trás. Isso eu
digo e assim será.”
Bem, depois que meu Pai me surpreendeu e falou, eu
continuo a explanar sobre os compromissos. Quando faze­
mos uma promessa, esse fato é registrado em nossos cor-
pos energéticos, que são como discos de energia, onde fica
regis­trada toda a nossa vida eterna. Essas camadas ou cor-
pos ener­géticos são indestrutíveis, ou seja, não se acabam
com a morte do corpo físico. Assim, os registros nossos,
inclusive aqueles referentes aos nossos compromissos, per-
manecem conosco do outro lado da vida. Pior ainda, eles
nos cobram solução o tempo todo. Um detalhe importante:
sempre planejamos nossas vidas futuras no mundo material,
levando em conta o cumprimento de nossos compromissos.
79
Em verdade, eles se tornam objetivos de vida que sempre
queremos atingir. Também há casos de pessoas que perdem
o seu corpo físico (morrem) e que deixam compro­missos,
de grande importância para elas, sem cumprir. Nes­ses ca-
sos, por estarem muito preocupadas, elas criam uma ponte
para realizar o prometido. Este cumprimento se faz, mui-
tas vezes, através de outra pessoa que assume o lugar da-
quele que se foi. O caso de promessas religiosas é um dos
mais comuns. Esse é um processo bastante complicado no
mundo espiritual e, para que isso se dê, abre-se um “pro­
cesso de transferência de dever não cumprido”. No caso,
a pessoa que permanece aqui, no mundo físico, e cumpre
o compromisso assumido por aquela que já está no Plano
Espiritual, torna-se credora dela.
Muitas vezes, quando estamos no mundo espiritual, ousa­
mos assumir compromissos muito além de nossas forças,
mui­to além de nossas capacidades momentâneas, esquece-
mos de nossos limites atuais. Isso feito, entramos na roda
do sofrimen­to. Passamos a sofrer porque sentimos que es-
tamos falhando, e falhar, para o Ser Humano, é causa de
grande sofrimento. Não suportamos falhar, porque isso
diminui a dimensão de nossa grandeza, faz-nos ver que te-
mos muito que aprender, entender e crescer. Também nos
mostra que a nossa grandeza é, ainda, uma grande possi-
bilidade que precisamos assumir e viajar com ela, estrada
afora, na eternidade do sempre.
Esses compromissos assumidos ainda no plano espi­
ritual, naturalmente, não são lembrados quando adentra-
80
mos a matéria densa, ou seja, quando nascemos. Outros
mecanis­mos existem, no entanto, para que possamos nos
orientar em direção aos nossos objetivos. É bom lembrar,
mais uma vez, que não nos lembramos de imediato de nos-
sos compromissos e objetivos, devido a bloqueios existentes
nas áreas cerebrais encarregadas da busca e processamento
dos arquivos perten­centes ao passado e a consequente trans-
missão para a tela de informações disponíveis no presente.
Mas nem tudo está perdido, pois essas informações de
um passado distante, apesar de não compor uma memó-
ria disponível, começam a pulsar nos arquivos originais e
chegar até nós, sob a forma de desejos, intuições, vontades
fortes, sonhos que não nos deixam; imaginação e fantasias
que não conseguimos explicação. Assim, todos esses fato-
res substi­tuem a lembrança direta e, muitas vezes, conse-
guimos, mes­mo tateando na escuridão, cumprir compro-
missos e atingir os objetivos pré-determinados.
É bom salientar que essa dificuldade de lembrar nos­sos
objetivos e compromissos pretéritos é bastante atenu­ada
ou totalmente eliminada, quando conseguimos despertar a
consciência e ter acesso aos registros em arquivos de nos-
sa memória eterna.
Em outro capítulo, já discorremos sobre o fato de que
os registros que compõem a nossa memória pretérita, ou
seja, que constituem o livro de todas as nossas vidas, são
efetivados pela força das emoções que pertencem ao Ser
Humano.
Ao longo de nossa história, o homem, dentro de sua in-
81
consciência, ousou criar regras para ele seguir. Regras de
conduta, de comportamento, regras sociais, enfim, regras
para o seu convívio. No afã de fazer o melhor, esqueceu do
funda­mental, observar seus limites. Esse foi o seu grande
engano e a sua perdição. Criaram-se regras que ninguém
pode cum­prir. O Ser Humano ficou preso em sua própria
armadilha. Ninguém em estado de inconsciência tem con-
dição de criar regras para alguém seguir. No caso, caímos
naquela máxima: “Cegos guiando cegos”.
Somente uma pessoa consciente tem plenas condições
para criar normas. Há que se ter extremo cuidado ao criar
nor­mas de comportamento humano, pois se a pessoa não
conseguir cumpri-las é o mesmo que se criar o pecado e a
penitência. Só se devem criar normas possíveis de serem
cumpridas. Dentro deste mesmo princípio estão enquadra-
dos os nossos compro­missos. Só devemos prometer ou nos
responsabilizar por aquilo que está dentro de nossas con-
dições atuais, e nunca por aquilo que está além de nossos
limites individuais. Aqui, neste mundo, ir além de nossos
limites é correr atrás da dor e do sofrimento.
É importante observar que uma norma, criada pelo ho­
mem no mundo físico e aceita no mundo espiritual, tem
que ser cumprida aqui.
Isso dentro do princípio aceito: “Se o ser humano criou
uma norma para ele, é porque ele pode cumpri-la”. O seu
livre-arbítrio é respeitado, ele, portanto, tem que cumpri-la.
No caso aplicam-se outras duas leis:
– Cada um deve colher o que plantou.
82
– Tudo o que o homem deseja lhe pertence no tempo.
Assim, é dado ao Ser Humano o direito de provar de
sua própria obra. Isso faz parte do aprender com a própria
experiência.
Por ausência de um estado de consciência melhor, co­
mete-se o engano de propor aquilo que ainda não somos
ca­pazes de cumprir. Sempre achamos que somos capazes,
mas achar não é conhecer. Achar não é ter certeza. Achar
não é saber. Quando dizemos que achamos é porque não
sabemos. Somente uma consciência desperta realmente sa-
be. A incons­ciência acha que sabe. A verdadeira sabedoria
brota do inte­rior do Ser como a água brota da fonte. A ver-
dade se cristaliza naturalmente. Não há espaço nem tem-
po para se formar a dúvida. O Ser simplesmente sabe e is-
so lhe basta. Isso é cons­ciência genuína e pura. Nela, não
se pergunta, responde-se. Nela, não viajamos pelas asas da
imaginação, mas pisamos o chão firme da certeza.
Neste estado firme de consciência, se assumimos um
compromisso, ou seja, se dermos a nossa palavra de Ser
Hu­mano, nada neste mundo nos faz fugir do cumprimen-
to dessa obrigação. Aqui, podemos destacar três nobres
substantivos que fazem parte da consciência: certeza, fir-
meza e honra.
Quero falar, também, do compromisso maior do Ser Hu-
mano, o de maior responsabilidade; refiro-me à convoca­
ção direta do Pai (de Deus) para que realizemos um desejo
seu. É o compromisso mais difícil, no meu entender; por-
que a pessoa se depara com seus próprios limites. Esbarra
83
nas suas próprias dúvidas. Navega, repetidamente, no bar-
co da imagi­nação. Ela, na maioria das vezes, se perde pelos
caminhos. E Deus espera.
Não acredita em si mesma. Duvida de tudo. E o Pai
espe­ra. Embrenha-se pela estrada da fé cega e se perde na
encruzi­lhada da incerteza, até esbarrar na montanha do de-
sânimo.
Chega-se a um ponto em que Deus parece que se can­sa
de esperar e se torna mais e mais explícito. Nesse ponto,
ocorre algo estranho com a criatura. A fé cega transforma-
-se em certeza. A incerteza desaparece e, no seu lugar, nasce
uma grande confiança. O desânimo, que era fruto do “nada
saber de Deus”, se dissolve, fazendo surgir do nada uma
grande sabedoria-coragem de Deus.
Agora sim, a criatura pode cumprir o seu compromisso
particular com Deus, pois tem certeza de Deus, confiança
em Deus e sabedoria-coragem de Deus.
Esse é, com certeza, o caminho mais difícil e mais gran­
dioso que o Ser Humano percorre, pois ele não só tem cer-
teza de Deus, confiança em Deus, tem a sabedoria-coragem
de Deus, mas também, ele vê Deus e fala com Ele.
Assim, Deus um dia me falou:
“Eu te fiz para a minha glória e não me glorifico com a pe-
quenez.
Em verdade, te digo: cresça, cresça como os altos pín­caros
que criei; como as estrelas, como os sóis.
Transforme o teu universo em grandezas tais para que me
faças as honras e me glorifiques, porque é da minha lei que eu
84
seja visto em ti e que minha glória seja em ti sentida. Que mi-
nha palavra seja vertida de tua boca. Que minhas verdades,
mesmo cortantes, sejam postas por ti. Que minha sentença se-
ja dita por teus lábios, mesmo que tu não queiras. Que meu
amor possa ser derramado sobre todos, mesmo sobre teus inimi-
gos, porque a minha vontade é minha e não tua. Que o meu
desejo seja posto sobre tudo mesmo que tu não queiras, mesmo
que a ti doa e faças sofrer. Porque eu sou o teu Deus, Isaque
filho de Abraão e pai de Jacob.
Nunca esqueças do que eu aqui te falo, porque, em verda-
de, sou o teu Deus, o Deus de Abraão teu pai e de Jacob seu
filho, meus diletos enviados e que hoje habitam comigo e esta-
rão também contigo.
Ainda quero dizer-te nesse momento, aproveitando o chegado
da hora: tu bem sabes o que te pesas sobre os om­bros e a cabe-
ça, corra que o tempo é chegado. O tempo não tem tempo. Só
eu tenho tudo e você me tem, filho.”

História do ser humano


A queda da ponte e a perda do Paraíso. As Casas de Deus
estão sujeitas às diversas normas que regem as suas exis-
tências. Dentro do ritmo natural dessas leis, a nossa casa, a
casa em que vivemos passou, como foi mencionado, pelo
grande cataclis­mo, com seus efeitos danosos sobre toda a
vida material.
Com a ocorrência desse fenômeno, consequência de alta
relevância marcou de maneira indelével os Seres Huma­nos,
85
habitantes desta casa.
A ponte entre os dois mundos foi rompida e a noite des-
ceu sobre a Terra dos homens.
Perdeu-se o acesso ao Paraíso Original.
Todos os conhecimentos, inclusive o registro do Mun-
do Espiritual; ficaram indisponíveis. O Ser Humano virou
crian­ça, presa em quarto escuro; ficou triste, conheceu a
dor e o sofrimento, passou fome e teve que aprender a tra-
balhar para alimentar seu corpo; amargurou-se ao ver seu
semelhante e a si mesmo como animal feroz, vingativo e
traiçoeiro. Viu sua cria se perder e sentiu os esgares da lou-
cura. Sentiu o vento gelado do Norte enregelar seu corpo,
sentiu a morte chegar.
A partir daí, a imaginação passou a substituir o conhe­
cimento objetivo.
Ocorre que o entendimento na matéria estava defi­ciente.
Então, com isso, passou-se à interpretação de acordo com a
imaginação de cada um. Por isso, toda a história re­gistrada
na Bíblia foi escrita na linguagem simbólica, sujeita, por-
tanto, à interpretação imaginativa do leitor. Dentro desse
contexto, se deu a criação do céu e do inferno imaginários.
O Diabo assumiu o seu trono. A dor e o sofrimento foram
alçados à condição de caminhos da salvação.
As religiões assumiram a paternidade do Ser Humano
e passaram a direcionar e a dosar o entendimento de cada
um, estabelecendo um limite impeditivo para a aquisição
da consciência humana individual. As pessoas, habitantes
dessa casa de Deus, foram reunidas como “rebanhos” para
86
que pudessem ser conduzidas ao sabor das vontades dos
condutores. Na questão da morte, as religiões passaram a
acenar, para os bons, com o Paraíso, para os maus, com os
tormentos do inferno.
Mas a imaginação não conhece fronteiras. Do Ser Huma-
no, quando se lhe tira tudo, ainda lhe sobram a ima­ginação
e a fantasia. E foi assim, dentro do simbolismo, que ele pas-
sou a imaginar a situação ideal após a perda do corpo físico.

Consciência e simbolismo
A luz sempre simboliza o estado de consciência desper-
ta. A escuridão simboliza o estado de inconsciência do Ser
Humano.
Dentro do simbolismo, podemos dizer que o Ser Hu­
mano está na luz. Isso retrata uma situação de continuidade
de uma vida prazerosa para os sentidos, plena de equilíbrio
e que o fluir desta vida pode ser visto e sentido. Mas, acima
de tudo, ter-se consciência de tudo isso. Mostra-se, enfim,
que mesmo dentro da inconsciência, o Ser Humano nun-
ca deixou de saber o que melhor lhe convém. Até porque,
foi o corpo que sofreu as consequências do desequilíbrio
e não Ele próprio.
O Pai nunca abandona seus filhos, por mais que pareça
o contrário.

Salmo 2 – Ao Ser Humano


Sibilar do vento
87
Tremular da folhagem
Chuva fina na janela
Barco à deriva.
Insufla as velas
Desta nau da incerteza
Atravessando mar revolto
Destino certo
Lago sereno
Seguro porto.
Tormentos de horas incertas
Dê-me o alívio,
O consolo,
O conforto.
À minha dor mais doída,
Dê-me o lenitivo.
À minha casa,
Fechada e escura,
Mostra a saída. Pai,
Dê ao filho rebelde
A sensatez.
À mãe em desespero,
A calma e a razão.
Pai,
Dê ao criminoso
A esperança.
Diga-lhe
Que a noite escura
88
E a tempestade
Seguem o dia e a bonança.
Pai,
Mostre aos deserdados da sorte,
Aos desesperados do mundo,
As infinitas possibilidades.
Pai,
Dê ao órfão
O pai.
Ao faminto,
O pão.
Dê ao fraco
A força.
À força,
A razão.
Dê à razão, sem razão,
A justa noção
Do verdadeiro,
No seio da criação.

A dor do ser humano


O caminhante da Eternidade sente a dor, a cada segun­
do da sua existência neste mundo. Ele a conhece e a teme.
Ele é seu prisioneiro.
Seus pés doem pelos tropeços do caminho.
Seus olhos ardem pela poeira da estrada.
Sua cabeça quase em chamas pela canícula do meio-dia.
89
Todo seu corpo dói e a jornada é longa.
O estômago lateja, lembrando-lhe da presença indeseja­
da de uma antiga úlcera mal curada.
Dor ferrenha lhe atazana os costados. Sua coluna recla­
ma cuidados.
Um reumatismo sem causa conhecida deixou seu joelho
enrijecido. Qualquer esforço lhe causa grande sofrimento.
Entristecido, medita: Ah! Quem me dera livrar-me de
todas essas dores que me acompanham vida afora, como
fiéis companheiras de infortúnio! Companheiras indesejá-
veis que me torturam dia e noite.
Olha para o céu e exclama: Meu Pai, até quando!
Quando nos livraremos desse verdugo, que nos chico­
teia, a cada momento? Por que, Pai, nos criastes e nos lan­
çastes nesse vale de lágrimas? Fomos condenados no justo
momento do nascimento. Ao que me parece, a dor, meu
Pai, faz parte de sua obra perfeita. Por que somos atormen-
tados a todo o momento?
Seja pelo uso do punhal da dor, que nos rasga a entra­nha
do corpo físico, seja pela espada que nos fere de morte, ao
nos separar de nossos bem-quereres humanos.

Salmo 3 – À Dor do Ser Humano


Dor!
É um filho que parte,
É a mãe que se foi.
É a amada que se nos esquece,
90
É um amor que fenece.
Dor!
É a dor da partida,
É a dor da não chegada.
É a dor do desespero,
É a dor da perda não esperada.
Dor!
É um amigo que parte,
Sem hora marcada.
É uma luz que se apaga,
Numa curva da estrada.
Dor!
É um filho que chora.
É uma mulher que lamenta.
É um coração que sangra,
Porque de dor não mais aguenta.
Dor!
É uma ausência doída.
É uma presença não sentida.
É uma imagem que o olho não vê.
É sofrimento profundo,
É dor que só quer doer.
Dor!
É saudade que nos abate e fulmina.
Dor é mestre
Que castiga, mas ensina.
Dor acalma o valente,
Faz sentir o que não se sente.
91
Faz o fraco subir o monte,
Faz o forte ajoelhar,
Faz o apressado parar,
Faz o falante calar,
Faz o sábio perguntar:
Dor, o que és tu?
Qual a tua natureza?
Que de tal feiura ou beleza,
Deixas minha alma presa?
O Ser Humano é criado com o registro do conhecimen-
to. Nesse registro natural estão gravadas as existências do
mundo extrafísico como origem, e da dimensão física co-
mo palco de suas vivências. Em princípio, entendo que o
Ser Humano não busca a perfeição, porque, se assim fosse,
estaria atestando que há imperfeição na obra do Criador.
Ele, como sabemos, não comete erros e “não vê defeitos
em sua obra”. O próprio Criador não se enquadra no con-
ceito de perfeito, de bom, de sábio, pois esses predicados
são circunscritos e limitados, pertencem ao mundo da cria-
tura e não à Energia Criadora.
Tudo isso nos leva a raciocinar: Se não há defeitos na
obra divina, então, por que o Ser Humano, em matéria,
encon­tra-se nesse estado de desequilíbrio? Sabemos que o
conheci­mento é infinito, e a pessoa, por mais que aprenda,
jamais saberá tudo. Mas ela tem a prerrogativa de apren-
der sempre, mesmo que a experiência que lhe ensina cau-
se dissabor.
92
Assim, o conhecimento do Ser Humano será limitado.
Esse limite está presente no conhecimento do universo,
das galáxias, dos sistemas solares, dos planetas e do próprio
fun­cionamento de cada parte com o todo. Foi assim, por
não co­nhecer corretamente esta parte do universo, que o
Ser Huma­no, nos primórdios de nossa civilização, colocou-
-se ao alcance dos efeitos poderosos advindos do normal
funcionamento do astro que rege e dá a vida ao nosso Pla-
neta. Conforme relata­do, anteriormente, explosões solares
colossais cobriram toda a Terra, trazendo a inconsciência
para o nosso Planeta.
Assim, o efeito imediato da exposição dos corpos físi­cos
à radiação solar, foi o advento da inconsciência humana na
Terra. As consequências originadas da inconsciência foram,
e permanecem até os dias de hoje, danosas aos habitantes
do mundo físico. Dentre tantas, podemos citar:
– Sujeição do Ser Humano (espírito) ao domínio da ma-
téria.
– Esquecimento da existência do mundo espiritual e que
a vida é única, vivida em duas frequências diferentes.
– A interpretação dos fatos assumiu o lugar do verda­
deiro conhecimento.
– Religiões foram criadas por tempo determinado, mas
permanecem até os dias de hoje.
– Logo depois, as religiões criaram o pecado, o castigo,
o paraíso e o inferno.
– A crença e a fé religiosas passaram a guiar os habitan­
93
tes da Terra.
– Poucos passaram a influenciar e dirigir o destino de
muitos.
– Foi criado o reinado da dor e do sofrimento.
O Diabo foi criado e usado como arma para fazer o me-
do.
– Deus passou a ser vendido pelo Homem como um
produto qualquer.
– As pessoas passaram a acreditar que a perda do corpo
físico era o fim de tudo e que a morte conduzia ao esqueci­
mento eterno, ou seja, à inexistência da consciência.
A matéria tem suas próprias leis e o Ser Humano quan­
do participa dela, ou a domina ou é dominado. No caso, a
matéria passou a exercer o domínio. Com isso, a vida dos
ha­bitantes do Planeta seguiu trajetória diferente daquela
que é própria e natural. Seguindo essa trajetória, após a
chegada da inconsciência, está o entendimento distorcido
do funciona­mento do mundo físico, teatro das realizações
humanas.
Nesse mundo da matéria, existe a lei natural da reno­
vação que, obedecendo a ciclos perfeitos, transforma tudo
que é físico, a fim de cumprir o divino desígnio de suas fi­
nalidades. Os atos de transformar e renovar são necessida­
des primordiais, para que a natureza processe a permuta de
elementos essenciais e restabeleça o equilíbrio a fim de que
a vida se eternize.
O Ser Humano, com os bloqueios sofridos, observou
94
tudo isso e não entendeu (e ainda não entende) a sabedo-
ria que tudo move para manter a vida. No momento em
que ele vê um corpo humano inerte, tombado, sem possi-
bilidade de uso, ele imagina que tudo acabou e que ali é o
fim de tudo.
O Homem precisa entender que ele e a natureza são um
só, com uma substancial diferença: Ele é o responsável por
tudo neste mundo. Os reinos que estão abaixo do humano
pedem proteção a todo instante.
Os Seres Humanos, habitantes dessa pequena “Célula”
do Universo, estão e sempre estiveram preparados para pro­
teger os demais reinos. Isso dentro da Lei: “A quem mais é
dado, mais será pedido”. Assim é, porque é justo.
O Ser Humano, também, é o símbolo da vida, do Uni­
verso e da sabedoria divina. Tanto é assim, que ele tem, em
si, dois aspectos fundamentais da criação: O mundo das
ideias e o mundo das formas. Aspectos estes que existem “a
priori”, ou seja, antes de tudo. A pessoa humana traz, gra-
vadas em seu corpo físico, todas as formas que existem na
natureza e no próprio Universo. Da mesma maneira, todas
as ideias do que existe, existiu ou vai existir estão gravadas
em nossos arquivos de “filhos de Deus”.
No entanto, dentro do processo de inconsciência, acon­
tece a identificação enganosa do corpo físico mutável com
a essência que permanece. A observação constante desse
fenô­meno da morte mostra, então, que para tantos caídos
existe o mesmo número de desaparecidos. A conclusão é
imediata, todos estão presenciando o fim de tudo. Assim, a
95
ausência do conhecimento, há muito tempo perdido, leva a
pessoa a con­fundir um fato natural com uma tragédia final.
Eu sei, como Ser Humano, que a “Obra do Criador”
não conhece a morte. Ela é e sempre será! A matéria não
mor­re, nem tampouco cogita da existência do fim. Ela se
preo­cupa, unicamente, com o existir sempre, com a perpe-
tuação contínua, Eternidade afora. É próprio da natureza
ceder, trocar, repartir, competir, aproveitar, absorver, dis-
tribuindo excelência a todos os seus domínios, alimentando
a vida que pede, incessantemente, para crescer e florescer.
Os ciclos, assim, se repetem infinitamente, pois é da es-
sência da matéria não perguntar pelo seu caminho, não so­
nhar com o amanhã, tampouco entristecer com o ontem,
mas apenas viver. A sabedoria divina se faz presente quando
o arvoredo, sentindo chegar a sua plenitude e declinar de
sua for­ça, lança sua semente ao solo, como a dizer: “Pronto,
de novo estou renovado no meu filho que cresce e viceja.”
Vemos, ainda, o rastro da Sabedoria Divina na fruta ma-
dura que, após nos servir sua polpa saborosa, passa a men­
sagem silenciosa para lançarmos sua semente ao solo, pois
aí reside sua chance de permanecer eterna. Ou como faz a
águia altaneira que sobe a encosta da montanha, gera seus
filhotes e logo que surgem as primeiras penas lhes ordena:
“Voem, vão a todos os cantos da Terra, multipliquem-se e
espalhem a notícia de minha eternidade.”
Faz parte da matéria a capacidade para ser moldada, trei-
nada, ensinada e dirigida. Assim sendo, quando o Ser Huma-
no, possuidor de uma matéria (corpo), não consegue distin-
96
guir o que é próprio dele e o que pertence ao mundo físico,
cria-se a confusão. Foi essa situação a que ficaram sujei­tas
as pessoas e que as levou a aceitar, no seu mundo interno,
pseudoverdades, que as conduziram a caminhos difíceis.
Essas pseudoverdades tiveram origem na interpretação
sistemática dos fatos, substituindo o conhecimento. Com
fun­damento neste pressuposto, o Ser Humano passou a
ser trei­nado para dormir o sono eterno, esquecer e aceitar
o fim de tudo. O sono eterno é uma situação de suspen-
são temporária da consciência, que se dá por aceitação de
um ensinamento que programa a mente para dormir após
a morte do corpo físico.
Neste ponto, faz-se necessária uma pergunta: Caberia a
nós, como seres humanos, julgar e condenar essas interpreta­
ções distorcidas da realidade que levam tantos a esquecer
que são eternos e que não podem morrer?
Eu, como Ser Humano, não penso assim, pois acredito
que a pessoa humana quando age, mesmo no estado de in-
consciência, assim o faz dentro do seu entendimento pos-
sível. Se aquele é o seu entendimento, então aquela é a sua
verdade.
Acredito, também, que um Ser Humano sempre será
in­capaz para julgar outro Ser Humano e toda a obra do
Criador. Portanto, foi assim, por meio da perda do conhe-
cimento e da interpretação errônea, que a criatura humana
criou a progra­mação, na matéria, para o sono e o esqueci-
mento eternos.
Mas, ao conquistar, passo a passo, a consciência, eu pas­
97
so a perceber a proporção da escuridão que domina o Ser
Humano. Observo a nau do mundo que navega sem desti-
no. Onde está a salvação? Muitos clamam.
Outros elogiam o jardim, mas carpem as flores, deixan­
do a terra nua e seca.
Muitos apontam as crianças com esperança, mas, no si­
lêncio dos lares, transformam-nas em mamíferos irracionais.
Homens espertos tramam, na calada da noite, a forma
mais hábil de tomar o pão do semelhante que habita na vi-
zinhança.
Condutores de fiéis orientam, dirigem, determinam, de-
cidem a vida dos outros, mas ignoram seus próprios cami­
nhos. Mais uma vez, cegos guiando cegos.
Tantos bradam agressivos e raivosos: como Deus per­
mite tanta injustiça, tanto sofrimento? Será que Ele não vê?
Na noite escura de cada mente, a criatura se revolta. Es­
cravos de tantos séculos, os deserdados da sorte se rebelam.
O que não lhes é dado pelo entendimento, de que tudo é
de todos, neste mundo, será tomado pela força.
O Ser Humano, criado como Ser único e indivisível, tem
a sua própria maneira de ser, e sua filosofia de vida que vai
se formando, passo a passo, com a conquista da autocons­
ciência e se avizinhando à perfeição.
O entendimento conquistado aponta os limites e os do­
mínios que já pertencem ao Ser. Tem-se, então, a plena certe­
za de que tudo pode, mas reconhece que a matéria que usa
o impede de ser pleno.
Ser, criatura original, jamais deixa de ser inteiro, mas só
98
é admissível ser parte do Todo, O Criador.
O corpo físico impede o Ser de ser pleno, porque ele po-
de estar usando apenas parte da consciência. Isso o leva a
não estar inteiro e completo em seu raciocínio, em seus atos
e no entendimento da realidade que o cerca. Nesse caso, o
Ser está limitado em sua plenitude, devido exclusivamente
à sua matéria (corpo físico).
Estamos, no momento, usando apenas parte de nossas
capacidades de Ser, raciocinamos e criamos dentro de limi-
tes impostos pelo nosso corpo, que não está adequado às
possi­bilidades do Ser Humano.
O indivíduo sempre está no tempo e o tempo o possui.
O Ser, no entanto, está no não tempo e mesmo estando no
tempo não é prisioneiro dele. O Ser possui o tempo e por
ele não é possuído.
Pelos nossos semelhantes podemos nos conhecer. Obser­
vando os animais, temos grandes possibilidades de fazer
enormes descobertas sobre nós, e também nos conhecer-
mos melhor.
Ser Humano, com registro de matéria e em uso de um
corpo físico, é composto de: espírito, corpo físico e uma
personalidade constituída de registros adquiridos nesta e
em outras vidas passadas.
A personalidade, ao longo do tempo, vai se alterando
com a conquista da consciência. A pessoa vai mudando seu
comportamento à medida que desenvolve sua consciência.
A partir do momento em que se percebe que há algo mais
além da matéria, surge, então, um forte desejo de possuir
99
esse conhecimento, que está fora do restrito mundo físico
de cada um. Assim, dá-se o início à eterna busca do saber.
Em sentido amplo e geral, a obra do Criador não ne­
cessita de salvação. Em sentido restrito, no entanto, para
o Homem dos dias de hoje, estar salvo é viver o estado de
consciência no corpo físico. Isso é a verdadeira salvação.
Dessa forma, estar consciente é estar salvo da inconsciência.

Salmo 4 – Ao Corpo Físico


Saudade a que me apego
Apego que me faz prisioneiro
Prisioneiro que sou
Dos laços que me prendem
A tu que vais e não vens
E chora quando me vou.
Sou terra,
Sou vento,
Sou água,
E sou fogo.
Sou sal,
Sou doce mel,
Sou amargo feito fel,
Sou áspero, arredio,
Sou suave, liso,
Sou molhado
Sou suor, sou pétala,
Sou flor.

100
Às vezes sou gazela
Outras vezes sou leão
Às vezes sou passarinho
Alegre, risonho, distraído,
Outras vezes sou triste, sozinho.
Às vezes não me veem
Outras, me ignoram
Mas quando me vou
Todos clamam
Todos choram.
Mas, ledo engano,
Nunca me vou.
Aqui sempre estou.
Sou eterno,
Mesmo não reconhecido
Não morro,
Apesar de nascido.
Não morro
Cumpro o eterno ciclo.
Sempre renasço com o verão,
Floresço com a primavera
Feneço no outono
E me recolho no inverno.
Novamente broto do chão
Com as chuvas de verão.
Os que agora me veem
Sempre me verão
101
Se agora me amam
Sempre me amarão.
Aqueles que me conheceram
Nunca me esquecerão.
Aqueles que me tiveram
Sempre me terão.
Mas, afinal quem sou eu?
Sou os teus olhos que veem,
Teus pés que caminham,
Teu coração que bate sem descanso
Tuas lágrimas que caem
Sou até teu sangue
Que viaja incansável
Pelos caminhos de tua vida.
Sou o teu corpo,
Teu presente divino.
Não morro, não pereço.
Sou eterno, mesmo que não pareça.
Sou, na tua eternidade,
O ponto de uma parada.
Uma estrada
De começo e fim,
Mas não sou na tua vida
Nem o começo
Nem o teu fim.
Sou sim
O teu meio.
Assim, não chores quando eu me for,
102
Pois nesse mundo,
Sou o teu corpo divino,
Independentemente do cheiro, Do sexo,
E da cor,
Sou o teu verdadeiro amor.

Salmo 5 – Ao Mundo das Formas


Forma é o que é
Não o que seria.
É João é José
É Maria e sua cria.
É monte, é montanha,
É rio, é cachoeira,
É tatu e sua toca,
É pedra na ribanceira.
É ovo, é o pássaro,
É boi, é boiada,
É o ninho e a ninhada.
É o rio, o riacho e a fonte.
É a árvore, a tábua e a ponte,
É o sol vermelho,
Sumindo no horizonte.
A forma é o que é,
É a mão, é o braço,
É o dedo do pé,
É o fígado, o rim e o pulmão,
É o dente e a boca,
103
O nariz e o coração.
É cada artéria do corpo,
Cumprindo missão.
São os olhos que a forma vê,
A língua que da forma fala,
É a pele que a forma embrulha
E a sua forma assume.
Forma é a explosão da criação.
É tudo que o ser humano
Pode ver, medir, pesar ou contar,
E nunca,
Nunca duvidar.

O mundo da demonstração
(Ensinamentos recebidos diretamente no mundo
espi­ritual quando em viagem fora do corpo.)
A maior tristeza para o Ser Humano deste mundo, nes­te
canto do universo, é a perda de sua memória. Não saber de
onde veio, para quê e por quê está aqui; e, o pior, quem ele
é. Esse fato constitui a causa de uma grande incerteza, uma
imensa dúvida e uma angústia que maltrata a própria alma.
Foi isso que aconteceu com o fenômeno do esquecimen­
to, já descrito anteriormente, quando o homem deste mundo
novo sofreu danos irreparáveis nos circuitos elétricos, que
for­mam o funcionamento cerebral. Esse bloqueio de todas
as ca­pacidades humanas introduziu o homem em uma no-
va era de escuridão e esquecimento. Os valores próprios do
104
Ser Humano foram soterrados nas profundezas da memó-
ria. Com isso, o acesso aos registros ancestrais, onde está o
conhecimento ad­quirido nas vidas passadas, foi bloqueado.
Em verdade, os regis­tros de todo o conhecimento adquirido
continuam com a pes­soa, todo o seu arquivo desde o início
de sua criação permanece com ela. Mas de nada adianta ter-
mos uma biblioteca gigantesca e não possuirmos os meios
de acessá-la. É exatamente isso que acontece com todas as
pessoas que habitam este Planeta. O fato de termos que
começar tudo de novo, a cada nova vida que iniciamos, se
nos apresenta como uma injusta punição.
Tornamos, dessa forma, participantes involuntários do
processo do eterno recomeço. Entramos em uma roda que
gira, gira e sempre termina no mesmo lugar. Assim, sempre
temos que iniciar tudo de novo.
Mas nem tudo é desespero. Nem tudo está perdido. Nes-
se emaranhado de dificuldades de todos os tipos sempre há
o socorro providencial. Não estamos abandonados à nossa
própria sorte. Sempre existem ferramentas colocadas à nos-
sa disposição para nos auxiliar na escuridão. Ensinamentos
invi­síveis são colocados à nossa frente. Não estamos, aban-
donados neste vale de lágrimas. Sempre é possível aprender
com o viver e com o olhar atentos à realidade que nos cer-
ca. Cada olhar ao redor corresponde a muitos dias de aula.
Foi assim que, observando-se o estado de esquecimento
dos habitantes da Terra, se criou o “Mundo da Demons-
tração”.
Em que consiste esse mundo? Ele constitui-se em: “Uma
105
escola permanente de aprendizado, recordação e desperta-
mento da consciência e dos valores humanos.”
Esse mundo da demonstração tem a finalidade de nos
acordar do sono da inconsciência. É preciso ver o que já
está escrito dentro de nossa biblioteca interior e trazer o
resultado para o juízo presente.
O mundo da demonstração está acima do bem e do mal,
está fora do conceito de bom ou ruim. No caso, não in-
teressa a visão ou a ideia do belo e do feio, do certo e do
errado. Interessa, tão somente, o despertar da visão maior
do Ser Humano. Não cabe, também, qualquer julgamen-
to da imagem ou do fato, porque quando julgamos perde-
mos a oportunidade de aprender a lição. Isto porque, nos
desviamos para a parcialidade e nos colocamos dentro do
acontecimen­to; e quem está dentro do redemoinho não con-
segue enxergar nada, porque tem os olhos cheios de detritos.
Dessa forma, o que realmente interessa é extrairmos do
fato a lição e da lição, o aprendizado. Lembrando-se, ainda,
que tudo pode, aparentemente, ser bom ou ruim, só depen-
de do entendimento de cada um. Na verdade, nada é bom
ou ruim. Tudo é apenas fato.
Agora, vamos nos adentrar no mundo da demonstra­ção,
para que tudo fique mais claro e entendido.
Caminhando pela rua, encontramos um homem en­fermo
pedindo esmolas. Se observarmos, atentamente, as pessoas
que passam por ali, nós verificaremos que cada uma de-
monstrará uma atitude diferente em relação àque­le homem.
Haverá pessoas que sentirão compaixão por ele; outras sen-
106
tirão contrariedade frente ao sofrimento alheio, turvando-
-lhes o seu dia prazeroso. Passam outras, que nem verão o
mendigo, porque isso, dentro do seu raciocínio, não lhes
diz respeito. Mas dificilmente haverá uma única pessoa que
perceberá o processo que está atrás do fato. De verda­de, o
que se busca com o fato: “homem abandonado à sua pró-
pria sorte?”
Busca-se o despertamento dos sentimentos humanos da
solidariedade e da compaixão. O despertamento, no caso,
se faz pela demonstração da ausência dos atributos huma-
nos – solidariedade e compaixão.
Quando as pessoas notavam a ausência dos atributos,
elas acessavam de forma automática os registros da solida­
riedade e da compaixão. Outras pessoas, no entanto, devido
a embrutecimentos mais profundos, causados por bloqueios
mais perversos, não conseguem acionar seus registros, mes­
mo frente à “demonstração da ausência”.
No caso de uma guerra, que traz toda gama de sofri­
mento, todos perceberão a ausência da paz e lembrarão da
sua importância. Aliás, a paz é um alimento para o Ser Hu-
mano, ou seja, para o espírito. Sem perceber, as pessoas bus-
cam sem­pre a paz. Ela é um estado emocional, em que as
frequências física e espiritual se harmonizam de tal forma,
que criam uma vibração de amor. A pessoa, então, passa a
viver uma vida paralela às vidas em permanente conflito.
Por isso, quando é encontrada uma pessoa em completa paz,
também ela passa a fazer parte do efeito demonstração. É
preciso que os outros vejam como é estar em paz, pois, as-
107
sim, terão saudade dela e a desejarão com ardor.
Encontramos pessoas que usam a mentira constante­
mente, de forma até inconsciente, causando prejuízos e
até danos morais a outros. Vendo isso, muitos começarão
a de­fender a verdade para todas as situações. Isso porque,
diante do efeito demonstração – ausência da verdade –, fez
com que outros acessassem seus registros internos sobre a
verdade e começassem a defendê-la.
Como será detalhado no capítulo 5 – Os Corpos Ener­
géticos e os Registros Humanos –, esses grandes princípios
que formam a ética do Ser Humano estão registrados nos
dis­cos energéticos, que contêm os nossos arquivos de ago-
ra e de outras vidas. Esses anéis de energia fazem parte de
nossa estrutura espiritual. Os caminhos ou trilhas energéti-
cas por onde se dá o acesso a esses registros estão bloquea-
dos, neces­sitando de força extra para alcançá-los.
É bom lembrarmos: os danos que nos impedem de aces-
sar a nossa memória ancestral se deram nos circuitos que es-
tão na estrutura material do corpo físico e não na organiza­
ção espiritual.
Assim, o efeito demonstração foi criado para auxiliar o
acesso aos arquivos da memória. Mas esse mecanismo não
funciona para a totalidade das pessoas. Em boa verdade,
auxilia aquelas que têm maior facilidade de acessar seus re-
gistros, ou seja, os danos nos circuitos já apresentam algu-
ma recuperação ou estão formando novo registro com es-
se conhecimento.
Se observarmos uma cena que ativa, por exemplo, a com-
108
paixão, podemos verificar que muitas pessoas automatica­
mente se compadecem com o sofrimento do seu seme-
lhante. Outras, por outro lado, não demonstram qualquer
sentimento humano. Muitos dirão que esse comportamen-
to é devido à falta de evolução; são espíritos inferiores. Na
verdade, não se trata de evolução, mas, sim, de processos
de inconsciência mais profundos. Nesses casos, os danos
aos circuitos ener­géticos foram piores, tornando-se mais
difícil o acesso aos registros formadores da memória, mes-
mo diante do efeito demonstração. Por aí se conclui que o
nível de inconsciência, como também o da consciência de
cada um, varia de pessoa para pessoa.
A capacidade cerebral tem muito a ver com a herança
ge­nética. A herança pode vir do pai ou da mãe, ou ainda
de ambos. Se o filho herdar um bom funcionamento cere-
bral dos pais, isso vai ajudar muito no processo do desper-
tar da consciência.
É importante observar que, neste mundo, tudo o que
acontece tem um propósito. Nada há que não tenha pro-
veito. Isso, tanto no campo material, como nos aconteci-
mentos ge­rais de nosso tempo.
“Nada é bom ou ruim, mas tudo é fato.”
O mundo da demonstração é mais um mecanismo para
acionar a consciência individual de cada um. Portanto, an-
tes de julgar um fato ou alguém, temos que primeiro racio-
cinar, tirar nossa lição e seguir em frente.

109
Capítulo 5

Os Corpos Energéticos e os
Registros Humanos

Sempre nos perguntamos e sempre se perguntou: Por que


não nos lembramos de nossas vidas passadas? Por que não
se descortina esse espesso véu que encobre o nosso pas­sado?
Esse mistério rouba-nos a possibilidade de conhecer­mos a
nossa trajetória por “esse mundo de meu Deus”, de saber-
mos de nossas realizações, de nossos grandes momentos
vividos como Seres Humanos. Termos a plena certeza de
nos­sas quedas ao peso das paixões, da vaidade, do orgulho
e do egoísmo. Podemos relembrar ainda, quando permiti-
mos que o nosso lado negro, o lado da escuridão, predo-
minou sobre o nosso lado da claridade. Todas as lembran-
ças são igualmente importantes, porque encerram em si o
verdadeiro conheci­mento, que é aquele advindo da expe-
riência própria vivida.
Mas qual a causa de não lembrarmos de nosso passado?
Poderíamos seguir pelo caminho palmilhado por algumas
reli­giões, afirmando que isso é um benefício, uma proteção
para as pessoas, pois se elas se lembrassem de seus feitos
errados, mal­dosos, criminosos, poderiam sofrer muito, fi-
110
carem alienadas ou mesmo não suportarem. Outras dou-
trinas afirmam, por outro lado, que não lembramos porque
não existem “outras vidas” por nós vividas. Contrariando
tudo isso, existem pessoas que se lembram com exatidão
de alguma vida passada ou de passagens de vidas passadas.
Continuamos, assim, precisando de uma res­posta convin-
cente para essa perda de memória.
Em capítulo anterior, falamos do bloqueio energético
que sofremos no passado, causado por explosões solares
gi­gantescas. Esse fenômeno é uma atividade constante e
natu­ral dos sóis. Na época desse acontecimento, a Terra
estava muito próxima do Sol que, por sua vez, explodiu
de forma excepcional, “não costumeira e não esperada”.
Houve en­tão o rompimento da camada protetora da Terra,
permitin­do o vazamento de grande quantidade de radiação
solar que atingiu toda espécie de vida do Planeta, inclusive
o homem. Esses buracos gigantescos na camada de prote-
ção da Terra, que hoje a ciência conhece e pesquisa, nada
têm a ver com a poluição ambiental, mas, sim, com as ex-
plosões solares do passado. A poluição ambiental apenas
aumenta e agrava o que antes já existia.
O nosso sistema energético entrou em colapso. O cé­rebro
humano foi duramente atingido, havendo inclusive o rom-
pimento das ligações neuronais, por onde se dá a comuni­
cação entre as diversas áreas cerebrais. As vias de acesso
para os “arquivos humanos” foram bloqueadas.
A história desse acontecimento que mudou o destino
da humanidade, do homem e do próprio planeta está rela­
111
tada em diversos livros: nos Vedas, na Bíblia, com a Gêne-
se, quando trata de Adão e Eva e a queda do Paraíso, e em
outros escritos antigos.
A ciência acredita, até os nossos dias, que a memória es-
tá localizada no cérebro humano. Na verdade, o cérebro é
apenas um “superprocessador” de alta competência, apesar
de avariado, e “um produtor automatizado” de uma série
de substâncias que o corpo necessita.
Todo o nosso humor, os aspectos do comportamento,
a personalidade e até os nossos pensamentos são regidos
por substâncias químicas produzidas pelo cérebro deno-
minadas Neurotransmissores. Já foram identificadas mais
de 60 dessas substâncias, mas os pesquisadores sabem que
existem muito mais. Alguns desses neurotransmissores são
mais conhecidos como a endorfina, a norepinefrina, a se-
rotonina, a dopa, a acetilcolina e o gapa.
Assim, os neurotransmissores são substâncias quími-
cas e energéticas produzidas pelo cérebro, encarregadas de
manter a estabilidade dos níveis de consciência, da sensibi-
lidade e de outras capacidades humanas. Essas substâncias
são originadas pelo efeito da corrente elétrica cerebral so-
bre os neurônios (é o cho­ro do neurônio). Elas são capa-
zes de causar estados alterados de consciência e mudanças
repentinas de comportamento psico­lógico do indivíduo.
Existe, ainda, um outro tipo de substância chamada de
neuromoduladores, que têm a função de controlar os neuro­
transmissores, realizando alterações, quando se fazem neces­
sárias, em suas frequências. Com o bloqueio de grande parte
112
da energia que circulava pelo campo neuronal, as substân-
cias produzidas pelo “choro do neurônio” ficaram mui-
to prejudi­cadas, levando, no início, à total instabilidade do
comporta­mento do individuo e à inconsciência. Posterior-
mente, decor­ridos vários milênios, o cérebro humano apre-
sentou alguma recuperação, chegando ao estágio de hoje,
que nos atende de forma precária.
Por aí, se vê o tamanho do trabalho que temos pela fren-
te, para recuperar o que perdemos de nossa capacidade ce-
rebral. O homem sempre sonha com a perfeição. Foi assim
que, sonhando com um homem perfeito em funcionamen-
to, ou seja, perfeito em sua função, ele criou o computador.
Um mecanismo que pudesse calcular, combinar, analisar,
apontar, escolher, selecionar, etc. e, acima de tudo, exercer
uma função que o homem perdeu, memorizar. Guardar e
lembrar, quando necessário fosse. Teria, ainda, outras van-
tagens importantes: Nunca reclamaria ou faria exigências.
Dessa forma, o cérebro humano é uma máquina perfei­ta
e maravilhosa, mas está com um grave defeito. Lembram-
-se dos 10% de funcionamento? É isso.
Mas não foi só no sistema cerebral que houve dano. Da
mesma forma, todo o sistema energético do resto do cor-
po físico foi afetado. Outra consequência terrível aconte-
ceu; o cérebro (o processador) perdeu o acesso ao banco
de dados, ou seja, a memória. Agora, finalmente, podemos
responder por que perdemos a memória e não nos lembra-
mos de nossas vi­das passadas?
“Não nos lembramos de nossas vidas passadas, porque
113
so­fremos um bloqueio acidental em nosso cérebro e per-
demos o acesso à nossa memória profunda, localizada em
nossos corpos energéticos.”
A memória está localizada nas camadas ou corpos ener­
géticos que circundam e interpenetram o corpo físico. Asse­
melham-se a imensos discos que circulam, transpassando o
corpo físico, gravando e armazenando tudo o que contém
“impulso emocional”. Apesar disso, o cérebro possui uma
“camada” chamada de “memória periférica próxima”, que
diz respeito somente à vida presente. Essa camada é o pri-
meiro corpo energético ou corpo de ligação entre o corpo
físico e os demais corpos energéticos.
Este primeiro corpo é o único que não sobrevive à mor­te
física. Os demais permanecem vidas afora com os arquivos
da “memória do Ser Humano”. Vale lembrar que todos os
arquivos ou memória deste primeiro corpo, que também
po­demos chamar de “corpo de ligação” ou “duplo etéri-
co”, são repassados aos demais “corpos permanentes”. Se
assim não fosse, a pessoa ficaria sem a sua memória quan-
do perdesse o corpo físico e o corpo de ligação, fato que
não ocorre. Toda nossa história individual está escrita, para
sempre, em nossos corpos permanentes.
Os corpos energéticos, até agora conhecidos, são em
número de sete, de acordo com a maioria dos autores. No
entanto, todos os nossos corpos ou camadas energéticas
so­mam-se onze. (Vide figura 3 na próxima página).
Na figura 3 podemos observar, no centro, o espírito en­
volvido pelo corpo de ligação, ou seja, o corpo de número 1.
114
Os corpos energéticos do Ser Humano

figura 3

corpo físico
rpo de ligação
co
espírito
CE-11

CE-10

CE-2
CE-3
CE-7

CE-5

CE-4
CE-9

CE-8

CE-6

115
Logo em seguida vem o corpo físico e a ele acoplados todos
os demais corpos energéticos. A comunicação entre todos
os corpos (energéticos e físico, com o espírito) deveria ser
total, automática, fluida e constante. No entanto, isso não
ocorre devido aos bloqueios citados anteriormente. Esta-
mos, assim, isolados de todo o nosso mundo. Perdemos a
nossa memória. Não sabemos mais quem realmente somos.
Vamos abrir um parêntese para falar de uma Lei oculta,
uma Matriz Divina, que rege e interpenetra os mundos fí-
sico e espiritual, a “Lei do número 12”. Essa Lei se funde,
se inspi­ra, se fundamenta no número 13. Senão vejamos:
– Os 11 corpos energéticos, mais o corpo físico formam
o 12 e, com o espírito em que tudo se fundamenta, temos
o 13.
– Os 12 apóstolos, tendo o Cristo como fonte e funda­
mento, formam o número 13.
– Os 12 signos do zodíaco. Lembrando-se que existe o
signo de número 13, ainda não conhecido. Nós o atingimos
quando percorremos os 12 anteriores e absorvemos todas
as virtudes e capacidades de cada um e conseguimos supe-
rar todos os ví­cios (pontos fracos) de todos eles. Isso feito,
“morremos” em nossos aspectos inferiores e “ressuscita-
mos” e ingressamos no número 13, para, enfim, sairmos
da roda zodiacal.
– As 12 tribos, que deram origem ao povo judeu, se re­
sumiram em uma: a de número 13, o atual estado de Israel.
Voltando-se aos corpos energéticos, podemos dizer que
eles representam nossos desafios. Todo o arquivo do que
116
so­mos e fomos ali está gravado, constituindo nossos regis-
tros, nossa herança. Aí está a nossa memória. Muitos des-
ses regis­tros estão gravados desde a nossa criação pelo Pai.
Também estão gravados os registros traumáticos de nos-
sas vidas passa­das. Nossas dores e sofrimentos pretéritos,
alguns, ainda, pendentes de cura, pedem remédio. Penden-
tes são aqueles “fatos problemas” ainda não resolvidos,
dos quais levamos os efeitos de uma vida para outra até a
solução final.
Mas como se imprime o registro no corpo energético
para formar a memória? Isso se realiza com o “carimbo
da emoção”. Quanto maior a carga emocional mais forte
o regis­tro e, por consequência, mais difícil de desfazer. Por
exemplo: Perder o corpo físico (morte) com grande sofri-
mento. Perder a pessoa amada no auge da felicidade. Sofrer
uma grande in­justiça. Padecer de uma doença incurável e
ser abandonado pelos familiares e amigos.
Esses registros de grandes emoções, sofrimentos e do­res
são cuidadosamente guardados para soluções em vidas fu­
turas, quando, então, somos convidados a passá-los a lim-
po sob as luzes do entendimento e do perdão.
Entendimento e perdão são as chaves para o desfazi­
mento dos registros pendentes, que nos desequilibram e nos
tornam menos humanos e muito mais animais. O perdão é,
sem nenhuma dúvida, o remédio para todos os males. Preci­
samos perdoar sempre, não importa o quê, a quem e quan-
do, mas importa o porquê. Simplesmente, porque perdoar
é um santo egoísmo. Beneficia a todos, mas quem perdoa
117
recebe primeiro. O perdão traz saúde (o ódio agride o fí-
gado e a mágoa e a tristeza atacam o pulmão), traz alegria
(passamos a nos sentir satisfeitos com nós mesmos); traz
também paz (não sentimos mais os grilhões daqueles sen-
timentos ruins a nos incomodar) e, por fim, o perdão nos
oferece uma oportu­nidade rara de sentirmos amor, uma
sensação de plenitude e de unidade com o Pai.
Os registros gravados nas camadas ou corpos energé­ticos
fazem parte da individualidade de cada um e jamais po­dem
ser apagados, pois eles constituem o nosso conhecimen­
to sobre a realidade que nos cerca e, ainda, representam o
que, realmente, somos como Seres Humanos.
Por outro lado, é necessário que apaguemos as emoções
doentias que “aquecem” os registros e nos fazem sofrer e
ser diferentes do que realmente somos. Mas como retirar
a força emocional de um registro? De uma única forma:
entendimento. Quando tomamos consciência e aceitamos,
o fato, apenas como experiência de vida, como uma lição
aprendida, pas­samos então a entendê-lo. Quem realmente
entende, perdoa. Perdoa a si próprio e aos outros, perdoa
a vida, por ser dura consigo. Perdoa a tudo e a todos. Esse
é o caminho de sermos Seres Humanos.
O perdão é de fundamental importância, pois ele é a
aceitação de que o nosso semelhante pode errar e pode er-
rar conosco. E nós podemos errar com tudo, até com nós
mes­mos. Quem não erra, ou sabe tudo ou nada aprende.
“Perdão é a sublime renúncia do direito objetivo de re­
vidar. É a força contida na inércia do entendimento?’
118
Visto dessa forma, podemos separar os nossos regis­tros
ou a nossa memória em três tipos distintos:
1 – Registros de Origem: são aqueles que vieram com a
nossa criação como Seres Humanos. Foram gravados pelo
Pai. Fazem parte da nossa história inicial. Por exemplo: a
existência do Pai Criador. A existência do Mundo Espiri-
tual, nossa “pátria de origem”. A existência do mundo fí-
sico, por onde buscare­mos nosso conhecimento. A nossa
condição de imortais (eter­nos), e que sempre buscaremos
a Deus nosso Pai.
2 – Registros de Nossas Vidas Sucessivas: São os regis­tros
de nossas experiências adquiridas, em nossas vidas desde
o início. É a nossa história geral, onde pode ser vista toda
a nossa existência.
3 – Registros Pendentes: aqui se situam os grandes pro­
blemas do Ser Humano. Aqui está a causa de todo o nosso
desconforto, angústia e tristeza. A razão de muitas doenças
físicas e psicológicas e a origem de muitos males inexplicá-
veis; muitas patologias de origens desconhecidas, síndro-
mes diversas, doenças que não se enquadram em nenhum
conhe­cimento científico. Atrás, muito atrás, corre apressa-
da a ciên­cia, buscando conhecer as causas longínquas, pela
análise dos efeitos físicos imediatos.
Esses registros pendentes podem nos causar dores e so-
frimentos vidas afora. Isso, por um único motivo: a incons­
ciência. Não sabemos nem de suas existências nem da me-
lhor forma de tratar esses males. Cada registro desses é uma
pen­dência que deixamos para trás. Não adianta tentarmos
119
negar, ou mesmo dizer que não acreditamos nisso. Isso não
altera o que está escrito. É importante ressaltar que nós não
lem­bramos, nesta dimensão física em que estamos vivendo,
mas de tudo sabemos como espíritos e, nessa outra cons-
ciência, queremos nos livrar desses problemas pendentes.
Se nós agimos contra nós mesmos, contra nossos se­
melhantes ou contra os princípios divinos que tudo regem,
havemos, nós mesmos, por nossa consciência, de querer
rever esses acontecimentos que deram origem aos nossos
dissabo­res. Isso porque precisamos entender aquilo que fi-
cou pen­dente. Uma vez entendido e aceito pela nossa cons-
ciência, o arquivo deixa de “pulsar” em nosso mundo in-
terno e nos deixa em paz.
Há uma grande diferença entre o “entender” a experi­
ência de uma vida passada e o consequente desaparecimen-
to da carga emocional, com a doutrina do carma.
O carma, ou seja, a sujeição da pessoa ao pagamento de
dívidas passadas não existe como lei. Por outro lado, se a
pes­soa acredita nele como uma lei, então para ela o carma
passa a existir. Isso ocorre em obediência a uma outra lei
que diz:
“Tudo que o ser humano acredita, passa a existir para ele.”
É importante deixar claro que existem aqui, nessa dimen-
são física, muitos grupos que aceitam e acreditam na “Lei
do Carma”. Para essas pessoas essa Lei passa a existir, por-
que elas acreditam nela. Essa Lei também é aceita, adota­da
e defendida pela “Direção Espiritual” desses grupos. No
entanto, isso não quer dizer que essa Lei é para todos, mas
120
só para aqueles que nela creem. Não é o caso de outras leis
cita­das, pois essas são para todas as criaturas humanas.
O aprendizado com a experiência própria é uma lei na­
tural. Colher o que plantamos e provar dessa colheita é
neces­sário ao crescimento da nossa consciência. Essa Lei
foi deixa­da no ensinamento que diz: “A cada um segundo
suas obras”. É importante observar, que isso é uma Lei
aplicada aos atos da pessoa neste mundo da matéria e na
própria vida em que eles foram praticados.
Os registros de que estamos falando (registros penden­
tes) e que fazem parte de nossa memória são acontecimen-
tos traumáticos nos quais estivemos envolvidos e que nos
causa­ram profundo desequilíbrio emocional no passado.
Tais ocor­rências, quando não resolvidas tempestivamente,
passam para outras vidas. No caso, não como dívidas a pa-
gar, mas como pendências vivas que, silenciosamente, nos
cobram soluções pela moeda do esclarecimento e do enten-
dimento. Para eluci­dar melhor, podemos citar os casos de
medos de toda espé­cie, síndromes de pânicos, fobias, etc.
Esses registros ficam situados nos corpos energéticos. Uma
vez esclarecido o fato causador do desequilíbrio, a carga
emocional se esvai e o des­conforto desaparece. Esse enten-
dimento se dá por uma repe­tição do fato, por uma terapia
ou ainda por uma abertura de consciência. É importante
lembrar que esses distúrbios emo­cionais podem ter várias
idades. Podem vir da vida presente, principalmente da in-
fância, quando o cérebro ainda não está preparado para li-
dar com situações emocionais conflitantes e mandam-nas
121
para o subconsciente. Os desequilíbrios emocio­nais podem,
também, ter origem em vidas passadas.
Assim, os corpos energéticos são o nosso “diário eter­
no”, onde está arquivada toda a nossa história. Ficou en­
tendido que o nosso cérebro possui apenas uma memória
periférica imediata dos fatos da vida presente. Ele tem essa
memória porque o corpo de ligação ou duplo energético
re­tém as informações, deixando-as disponíveis ao proces-
sador central, ou seja, o cérebro. Cabe a ele ter capacida-
de para apanhá-las, inclusive as informações da infância,
e mostrá-las na tela da consciência física. O cérebro é um
processador de alta capacidade. Ele é dividido por áreas de
processamen­to. Cada área é ligada por “fiações energéticas”
a todos os corpos energéticos.
Por exemplo: a área da música. Se esta área estiver rece-
bendo pouca energia, a pessoa terá dificuldade em aprender
música, bem como terá extrema dificuldade em acessar seus
arquivos desse conhecimento, se ela os possuir. Caso contrá-
rio, se a pessoa tem grande concentração de energia nessa área
de processamento cerebral, ela terá grande facilidade em do-
minar a música. Se ela já tiver aprendido esta arte no passado,
esse conhecimento poderá fluir para o presente. Quando essa
concentração de energia em uma área cerebral de processa-
mento for muito alta, a pessoa poderá ser chamada de gênio.
As informações acumuladas na memória dos corpos ener-
géticos são carregadas de emoções. Somos, assim, seres
emocionais. Quanto maior a emoção com que participa-
mos de um fato, maior será a capacidade de lembrarmos
122
dele. Vale tanto para a emoção da dor, como para a da ale-
gria. Temos, no entanto, uma tendência de nos lembrar-
mos com maior facilidade de tudo que nos é traumático e
doloroso. Isso porque, não faz parte de nossa natureza a
dor e o sofrimento. Por conseguinte, sempre lembramos
deles como estranhos para nós. Tudo o que nos acontece,
o corpo energético de ligação transmite a informação aos
corpos energéticos permanentes e retém uma “cópia” até
o seu desfazimento com a morte do corpo físico.
Esse corpo de ligação faz o papel do subconsciente, que
contém informações da vida presente. Essa camada de ener-
gia ou corpo de ligação se forma junto com o corpo da
criança, ainda no útero materno. Esse corpo de energia se
prepara para receber o Ser Humano (o espírito) no momen-
to certo. Essa assunção ou tomada do corpo físico pelo es-
pírito se dá, gradativamente, até por volta dos catorze anos.
Essa idade não é exatamente a mesma para todos, mas vai
depen­der do amadurecimento geral apresentado pelo cor-
po físico que hospedará o Ser Humano. Com a entrada do
Ser Humano no corpo físico, ocorrem as grandes transfor-
mações psicoló­gicas que todos conhecemos.
Com a descida do espírito e a união ao corpo físico acon­
tece, simultaneamente, uma acoplagem dos corpos energéti­
cos que fazem parte do Ser Humano com a matéria hu-
mana, unindo-se através do corpo energético de ligação.
Primeiro essa união se dá na região do umbigo e, depois,
em toda a extensão.
O consciente, o subconsciente e o inconsciente da psi­
123
cologia moderna podem ser assim explicados:
Consciente – é a atividade cerebral que permanece na
“tela do nosso computador”, com uma memória periférica
imediata que usamos diariamente.
Subconsciente – são os registros que formam a nossa me-
mória desta vida, de que não lembramos mais. Lembranças
da infância ou até registros da vida intrauterina. Às vezes,
cenas de uma vida passada próxima conseguem invadir o
cor­po de ligação e se instalar no subconsciente, podendo,
então, serem mais facilmente acessadas.
Inconsciente – são os registros de vidas passadas que
estão nos demais corpos energéticos, cujo acesso é difí-
cil. Geralmente, tomamos conhecimento desses registros
quan­do saímos conscientemente do corpo físico ou, ainda,
com o despertar da consciência. Esse acesso à memória de
outras vidas significa iniciar o autoconhecimento e esse fa-
to extraor­dinário pode causar muitas turbulências na vida
atual. Por esse motivo, esse acesso aos nossos arquivos, aos
nossos conheci­mentos, às nossas experiências de vida, às
nossas falências de outrora e aos nossos grandes enganos
cometidos na estrada da vida eterna, precisam ser monito-
rados por aqueles que cuidam de nós no mundo espiritual.
O caminho do autoconhecimento é o caminho do guer­
reiro. Somente aqueles que estão dispostos a lutar e pagar o
devido preço têm o sucesso garantido. Dores e sofrimentos
estão em todas as encruzilhadas nos aguardando. A todo
momento, o desapego e a renúncia pedem passagem e nos,
cobram o seu preço. O livre-arbítrio se torna uma espada
124
de fogo sobre a nossa cabeça. A cada direção errada, uma
pena. A cada passo dado em falso, um espinho. A cada pa-
lavra in­feliz, uma justa reprimenda da consciência vigilante.
O guerreiro da consciência não descansa; se cair, já está
pronto para levantar. Se cometer um engano, logo busca o
reparo. Se acaso participar de uma injustiça, sofre mais que
o injustiçado. Aquele que busca a consciência vigia o tempo
todo, não se descuida, pratica a auto-observação.
Para que tudo isso aconteça, é preciso que consigamos
acessar os arquivos que formam o subconsciente e o incons­
ciente, que estão nos corpos energéticos permanentes. A
comunicação entre o cérebro e os corpos energéticos, on-
de estão os registros de tudo, inclusive de conhecimentos
e habi­lidades adquiridos, se dá por meio de canais energé-
ticos, que interligam todo o sistema de arquivos, forman-
do-se, assim, a biblioteca do Ser Humano.
Essa comunicação fluídica, normalmente é o que deve­ria
acontecer. Mas, infelizmente, não é o que acontece. Esses
canais de ligação e transmissão entre o cérebro que proces-
sa e os corpos ou camadas de energia que contém os dados,
foram bloqueados acidentalmente no passado e permane-
cem até hoje. É importante nos lembrar de que temos uma
agravante para o problema já existente: o excesso de radia-
ção solar que nos atinge a todo o momento. Cientistas do
mundo inteiro alertam para o risco que correm os meios
de comunicação da Terra com o excesso dessa energia. Da
mesma forma, o pre­juízo para o nosso sistema energético
é imenso.
125
O cérebro tem um programa de funcionamento per­
feito. Nesse programa estão previstos dois tipos de ativida­
des: uma automática e outra por impulsos da vontade do
Ser Humano. Se não houvesse o automatismo cerebral, a
pessoa humana ficaria sobrecarregada ao ter que coman-
dar tudo. Ati­vidades, como o processo digestivo, os bati-
mentos cardíacos, o funcionamento do sistema respirató-
rio e circulatório, etc., teriam que ser monitoradas pelo Ser
Humano. Não lhe so­braria tempo para mais nada. Assim,
ficando livre do moni­toramento dessas atividades básicas,
podemos nos ocupar do cumprimento de nossos objetivos,
da aquisição de conheci­mento e com uma melhor perma-
nência neste mundo físico.
Em resumo e para melhor clareza, nós estamos com o
nosso computador central, ou seja, o cérebro avariado, com
funcionamento reduzido e com toda a rede de canais de
comu­nicação bloqueada, o que nos tira a chance de ser-
mos normais.
Mas o que é “ser normal”?
Do “ser normal”, nós temos o registro, mas não o co­
nhecemos nesta vida. Em vidas vividas há muito tempo,
nós conhecíamos a condição de um Ser Humano normal.
O “nor­mal’ é o Ser Humano agindo de acordo com a sua
consciência, plenamente desperta. É a certeza da existên-
cia da eternidade e que ele faz parte dela. É a absoluta cer-
teza de que o Criador existe e que Ele é nosso Pai. É saber
que o Mundo Espiritual existe; de lá viemos e para lá vol-
taremos. É entender que esse plano em que estamos é um
126
mundo de energia densa, e que ocupamos corpos físicos
para nos permitir conhecer a obra do Criador, pela experi-
mentação. Ter o entendimento de que a Terra é um gran-
de laboratório de demonstração de Deus, pelos seus feitos.
Ser “normal”, também, é entender que a Terra não é um
vale de lágrimas, mas uma imensa escola de sabedoria e de
amor. Amor e sabedoria são duas asas que, inexoravelmen-
te, conduzem o Ser Humano a Deus.
No decorrer dos capítulos desta obra, sempre falamos
da consciência humana. Ela é, verdadeiramente, o que faz a
grande diferença entre as pessoas deste mundo. É a consciên­
cia, aliada ao florescimento dos sentimentos humanos, que
vai nos mostrar o Ser honesto, correto, justo, humano, ben-
feitor, etc. Ao contrário, quando impera a inconsciência e a
ausência dos sentimentos nobres, temos os Seres mesqui-
nhos, injustos, cruéis, assassinos, desonestos, etc. Mas isso
não é defeito da obra do Pai. Isso é, apenas, e tão somente,
um desequilíbrio temporário da matéria densa. Na eterni-
dade que pertence ao Ser Humano, esse tempo nada sig-
nifica. Tudo terá fim no tempo certo. Tudo, no fim, dará
certo; se ainda não deu certo, é porque não chegou ao fim.
O Criador jamais criou ou criará algo imperfeito. Ele
nos criou perfeitos, mas estamos doentes. O maior engano
do homem é achar que Deus criou espíritos imperfeitos,
impu­ros, zombeteiros, brincalhões, maldosos, entre outros
adjeti­vos desqualificantes. Alguns que “parecem ser” des-
se modo, não o são, apenas estão. Ainda assim, muitos en-
tendem que Deus fez o homem à sua imagem e semelhan-
127
ça. Notem o tamanho do contrassenso. É o mesmo que
chamar o Criador de todos aqueles adjetivos injuriosos. A
toda criatura humana foi dado o dom do raciocínio, mas
poucos o usam. Preferem fazer coro uns com os outros a
pensar. Raciocinar é se tornar responsável. Ser consciente
é ser responsável por si e até pelos outros: “A quem mais é
dado, mais será pedido”.
Voltando à questão do “ser normal”, podemos afirmar
que ser normal é ser salvo. O normal está salvo. O incons­
ciente, anormal, necessita buscar a salvação pelo despertar
da consciência.
A normalidade para o Ser Humano é a sua salvação. Ob-
servem que essas colocações estão muito distantes dos con-
ceitos religiosos de salvação.
A pessoa consciente é normal e, sendo normal, ela tem
certeza sobre si, sobre o seu futuro e sobre o mundo espi-
ritual e o Pai. Quando o Ser Humano está em seu estado
normal, é aberto a ele o acesso ao seu passado, ao mundo
espiritual e a Deus. Ele pode falar com o Pai. Nesse ponto,
não há o que se falar mais de salvação. Fecha-se o ciclo da
dor e do sofrimento.
“O ser humano normal habita novamente o jardim do
éden e caminha com Deus.”

Assim Deus me falou:


“Grande sou, porque só o grande tudo faz. Tudo sou, porque
só o tudo reproduz o um. Um eu sou, porque só o um é capaz
128
de reproduzir, gerar, somar, multiplicar e dividir somando, sem
nunca errar, pois se errar, nunca mais será o mesmo.
“Se sou sempre, logo o mesmo sempre sou. Sendo sempre, não
posso ser pequeno, nem menor, diferente ou de­sigual, estranho
ou parecido, mas sim o mesmo, o sempre, o eterno.
“Imutável, logo justo, pois justo é aquele que não muda.
Não sofre a corrosão dos evos, a deturpação das mudanças, o
desvio de deixar de ser.
“A inconveniência da mutação, isso é injustiça, apren-
dam esse novo e perfeito conceito: justiça é o que não muda.
“Assim, para todos, eu sou a justiça, pois tenho o alicerce
do sempre. Aqueles que sabem de mim, sempre saberão. Esses são
justos porque permanecem e terão o conhecimento ver­dadeiro.
Falso é o injusto que sofre a corrosão e a injúria da mudança;
é aquele que é atingido pela mão satânica do tempo; é aquele
que não consegue parar a roda para ver se o rastro está perfei-
to. Falso, não sou. Falso é o mutante, injusto este é.
“A glória só é glória porque não é mutante. Ela é sempre.
Pertence à justiça. Não enxovalha pela mão do tempo impuro.
Mas neva pela brancura dos evos que formam o eterno.
“Glória eu sou. Justiça sou eu. Verdadeiro sou eu. Sem­pre
sou. Sou além de tudo e aquém do começo.
“Quando o começo se deu, eu já era. Quando as eras se de-
ram, eu ordenei o começo. O começo se fez e a roda iniciou o
seu incansável giro. Tudo se iluminou e depois se escureceu pa-
ra que eu visse a obra e seu fundamento. Eu visse o verso e o
reverso. Eu visse o princípio começando e o fim se formando.
129
Todo princípio tem o seu fim, e o fim só existe porque teve o
seu princípio. Só eu não pertenço ao fim nem tive começo. Sim-
plesmente, sempre sou.”

130
Capítulo 6

Deus, Meu Pai

Nos dias correntes muito mais se fala e se pensa em


“Deus” e nos vários caminhos para encontrá-lo e ligar-se
a Ele. Muito se discute sobre a validade e a importância de
cada caminho. Muitas pessoas buscaram a Deus por cami-
nhos diferentes de outras, porque assim entenderam mais
adequados. Essa busca de umas por caminhos diferentes de
outras, em vez de ser entendida como natural, já que Deus
é bastante para todos, foi no passado e ainda é, em nossos
dias, uma razão da separação das pessoas.
Os caminhos ou formas criados pelo homem para buscar
a Deus tornaram-se tão importantes que, por eles, se mata
e se morre. Por eles, países fazem guerra e os seus habitan-
tes se odeiam. Tudo em nome de Deus. Cada grupo, para
defender o seu caminho, seu feudo, calunia, destrói, tortu-
ra e mata. Tudo em nome de Deus, “o Senhor da bonda-
de, da misericórdia, da justiça e do amor”.
Cada um desses grupos segue um caminho criado. No
entanto, alguns agrupamentos religiosos tomaram Deus só
para si, e não deixaram nem um pouquinho de Deus para
131
os outros. Se algum outro grupo ousa dizer que Deus tam-
bém está lá com eles, começa a confusão. Às vezes, mudam
o nome de Deus, para ver se resolvem a questão, mas não
adianta. Quando não se chega mesmo a um acordo, usa-
-se um método de acerto, ou seja, passa o Diabo para um
dos lados. Geralmente, se utiliza daquela afirmação aterra-
dora: “Isso que vocês praticam é coisa do Diabo, não é de
Deus.” Nesse momento, na verdade, estão tirando Deus
de um grupo e dando o Diabo em troca. Vivemos em um
mundo do convencimento pela inundação de informações
montadas. Assim, fica fácil tomar Deus de um dos lados e,
ainda, de quebra, deixar o Diabo no lugar. Agora, imagi-
nem, por exemplo, que se esse grupo que ficou com Deus
e deu o Diabo de troco tivesse uma boa estrutura de comu-
nicação, um bom programa de televisão. Imaginem, tam-
bém, que esse grupo que se diz estar com Deus, e que de-
seja ampliar seu território, quer mais adeptos, anseia livrar
mais pessoas das garras do Diabo. Conclusão, o grupo que
tinha ficado com o Diabo encontra-se em apuros. As pes-
soas, em geral, acabariam convencidas de que Deus está
ali, naquele grupo de maior convencimento, e o Diabo es-
tá lá, naquele de recursos minguados. Mais uma vez, o po-
der do dinheiro fica mais forte. É o mundo da matéria, de
vida curta, sobrepondo ao mundo espiritual, de vida eter-
na. É a inversão de valores só possíveis no entendimento
bloqueado da inconsciência.
Em resumo, Deus e o Diabo tornaram-se objetos de
compra e venda e de alta rentabilidade, pois o custo é ze-
132
ro. Vende-se caro e o estoque nunca acaba.
Os caminhos que ajudam o homem a ter acesso a Deus
deveriam ser livres e para todos, sem qualquer distinção. No
entanto, isso não ocorre. Os caminhos para Deus passaram
a ser de propriedade de poucos que, então, iniciaram a co-
brança de pedágio. Desta forma, quem não tem dinheiro
para pagar o pedágio, não vai ter com Deus. Esse é o poder
do homem sobre o homem, enquanto durar a ignorância.
Deus não pertence a nenhuma religião. Deus não criou
nenhuma religião. Os homens criaram as religiões e, em
seguida, “levaram” Deus para lá, para dar maior prestígio.
Usam e falam, indevidamente, o seu nome. Os homens con-
fundem Deus com um objeto de consumo, que se pode
usar, dar nomes, apelidos, descartar, abandonar, deixar de
lado e até ser responsabilizado por acontecimentos natu-
rais ou atos de terceiros.
“Deus Criador, meu pai, que eu conheço, não precisa de
intermediários para que cada filho fale com ele.”
Este livro surgiu de profundas cogitações sobre o Cria-
dor e a sua obra. Obra essa vista e contemplada nos dois
planos da vida: o plano físico e extrafísico ou espiritual. Mo-
tivou-me, também, o fato de tantas pessoas, ao longo dos
anos, me perguntarem, sôfregas de conhecimento, sobre o
mundo espiritual, sobre o porquê do sofrimento, existên-
cia ou não do carma, a vida após a morte, vidas sucessivas
e outros tantos assuntos correlatos.
Portanto, neste livro, sempre segui a pretensão de falar
sobre um conhecimento diferente, adquirido no outro lado
133
da vida, através de experiências vividas e sentidas, tornadas
saber verdadeiro. Não escrevo sobre informações de ou-
tros escritos, mas do meu aprendizado nas viagens fora do
corpo físico ao longo dos últimos vinte e cinco anos. Tam-
bém falo das “minhas conversas” com Deus, meu Pai, por
meio de uma linguagem silenciosa de Pai para filho. Demo-
rei muito a aprender a ouvir sua voz, mas depois ficou fá-
cil. Importante ressaltar, que todos podem falar com Deus
e, para isso, não precisam de fé, mas aprender a usar uma
área cerebral específica. Repito, falar com Deus não é um
privilégio de poucos, mas de todos. É só acreditar e ter co-
ragem de tentar. O resto é treinamento.
Neste momento, por oportuno, ouço sua voz que me
diz: “Veja bem como falar de cada assunto, pois o joio e o tri-
go, de tanto conviverem, lado a lado, tornaram-se tão semelhan-
tes, que os olhos não percebem a diferença, mas somente o co-
ração sente a lisura de um e a aspereza do outro. Sábio é aque-
le que, na dúvida, cozinha a ambos e degusta aquele que o seu
paladar indicar.”
Essa maneira peculiar de “meu Pai” falar-me e de eu per-
guntar-lhe sobre a realidade que me cerca e a verdade que
busco, se deu de forma natural e espontânea. Eu queria co-
nhecer ao Deus Criador, queria saber mais sobre a minha
ligação com Ele.
Como falar e ser escutado? De que forma? Seria possível?
Longos anos se passaram nessa cogitação mental, da pos-
sibilidade de ter um contato com o Criador, que tudo fez:
O Grande Pai. Mas, para mim, esse contato deveria ser real,
134
tão real que, se Ele me falasse, eu não teria dúvida algu-
ma de que era, realmente, Ele. Não queria algo semelhante
a um trabalho mediúnico, em que eu entrasse em transe e
ouvisse, visse ou sentisse dentro de um processo paranor-
mal. Enfim, queria que fosse tão normal como conversar
com um amigo ou um professor. Eu sempre tinha a sensa-
ção de que o Criador estaria em um ponto, ou pontos dis-
tantes do lugar onde eu me encontrasse. Mas, na medida
em que fui tendo acesso ao mundo espiritual, nosso mundo
de origem, saindo do meu corpo físico, fui adquirindo co-
nhecimentos sobre a grande realidade que nos cerca, tanto
na dimensão física, como na espiritual. Nesse ínterim, no-
tei que dentro de mim, principalmente em uma determina-
da região do cérebro e na altura do peito, sobre o coração,
circulava uma energia diferente quando eu falava Nele, em
Deus. Essa “energia força” foi criando uma ligação muito
forte com Ele. A partir daí, comecei a ouvir dentro do pró-
prio cérebro, de forma clara e direta, a “voz” de meu Pai
– o Criador. Chamo de “voz” a um processo de comuni-
cação ainda indescritível para mim. Essa “voz” carregada
de sabedoria, firmeza, certeza e amor, foi me unindo, cada
vez mais, a Ele. Por isso, hoje eu só acho correto e adequa-
do chamá-lo de “Meu Pai”.
“Entre os meus pensamentos, meu pai fala comigo de
forma clara e objetiva.”
Importante realçar que todo esse processo nada tem a
ver com a fé religiosa, mas com a certeza. Eu não tenho
fé em Deus. Eu tenho certeza de Deus. Ele, para mim, é
135
como gente com quem se conversa, pergunta, aprende, ti-
ra dúvidas. Afinal, não é assim que os filhos se relacionam
com os pais? Então, Deus é Pai.
Muitas vezes, não ouço a sua “voz”, mas sinto-me liga-
do, conectado mesmo, a uma imensa fonte de sabedoria
que corre por canais invisíveis, inundando-me por comple-
to. A esse respeito, já haviam me avisado que seriam grava-
dos, em minha memória profunda, grandes conhecimentos.
À medida que fossem necessários esses conhecimentos se
tornariam disponíveis. Nesses momentos ocorrem diversos
efeitos físicos: aumento considerável dos batimentos car-
díacos, certa dificuldade respiratória, aumento da energia
cerebral. Observo, também, um zumbido interno, um leve
tremor pelo corpo, agudeza mental, uma maior circulação
de energia e uma sensação incrível e indescritível de saber
demais, de possuir conhecimentos grandiosos.
“Deus é o caminho.
Cristo é o exemplo.
O homem é a salvação de si mesmo.”
Tantos buscam, por tantos caminhos diferentes, encon-
trar a Deus. Lutam, digladiam, se ofendem, ferem e até se
matam, defendendo o seu caminho para Deus. Não sabem,
no entanto, que todo caminho para Deus leva primeiro à
autoconsciência que, em resumo, é o conhecimento de si
mesmo. A partir daí, tudo fica mais fácil porque, depois da
conquista da autoconsciência, podemos seguir viagem em
busca da perfeição, já de braços dados com o Pai.
136
Temos um grande encontro marcado com o Pai (a vol-
ta do filho pródigo dita por Cristo) e disso ninguém esca-
pa, pois chegar ao Pai é inevitável. Fugir dele é impossível.
Deixar de amá-lo, jamais.
Para se chegar a Deus, só há um caminho. Ele é extre-
mamente estreito e espinhoso e passa, necessariamente,
pelas nossas entranhas. De nada adianta rezar, fazer peni-
tência, praticar caridade, se autoflagelar, fazer promessas
ou qualquer outra atitude semelhante. Temos que assumir
que a barreira a transpor é o nosso mundo interno. Nossas
mazelas é que nos impedem de ver Deus. Falar com Deus.
Ouvir Deus. Enfim, estar com Deus.
Enquanto não perdermos o medo de enfrentar as feras
que habitam o nosso interior, Deus pacientemente espera.
Espera, mas deixa que sua justiça siga o seu curso. Enquan-
to estivermos correndo atrás do brilho do ouro e da satis-
fação do prazer, não conseguiremos achar o caminho para
o Pai. Normalmente, não queremos abrir mão dos praze-
res da vida. Não aceitamos abrir mão de nossos amores da
matéria. Deixamos a nossa paz em último lugar.
“Se o seu amor lhe rouba a paz, abandone-o; pois o amor
sem paz traz sofrimento.”
“Quem tem paz sempre tem amor.”
“Sem paz, a alma não encontra o caminho para Deus.”
“Se o seu trabalho lhe rouba a paz, abandone-o, busque
outro.”
“Se a sua corrida pela sobrevivência lhe tira a paz, então
sobreviva com menos e seja feliz”.
137
“Seja corajoso e resista ao desejo de ter, ele só traz so-
frimento.”
“Muitas vezes viver com o mínimo nos faz felizes ao
máximo.”
Não há como ter paz, ser feliz e caminhar para Deus,
correndo atrás da ilusão do mundo da matéria. Realmente
não há uma forma de conciliar isso. Servir a dois senhores é
impossível e mais uma vez rouba a paz e traz o sofrimento.
“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
Cedo ou tarde teremos que decidir a quem seguir e isso de-
pende de muita coragem e determinação.
O caminho para Deus é o mesmo da autoconsciência,
por isso, é extremamente estreito e difícil. Tudo neste mun-
do conspira contra o Ser Humano, que busca a consciência
e o Pai. O mundo que nos rodeia é cheio de encantamentos
que nos desviam e distanciam do despertar. Muitas vezes,
percebemos e queremos a consciência, mas somos atraídos
pelos atrativos da matéria. A satisfação de nossos sentidos
se torna prioridade. O corpo clama por prazer. A alma em-
bevecida quer importância e poder. Como lutar contra tu-
do isso? Como obter vitória contra nós mesmos, lutando
contra aquilo que nós próprios queremos?
Tudo neste mundo tem solução. Todos os nossos pro-
blemas particulares têm no mínimo três soluções diferen-
tes, basta encontrá-las. No caso da busca da consciência te-
mos de, como primeiro passo, perder o medo, ou melhor,
nos libertar dele. Temos de admitir que há muitos proble-
mas que exigem soluções. Não podemos adiar mais. Preci-
138
samos enfrentar a nós mesmos. Necessitamos nos libertar
do medo da opinião e da censura dos outros. Existem pres-
sões internas que precisam ser liberadas para que a alma te-
nha paz. As nossas feridas, cabe a nós curá-las. Os nossos
medos, cabe a nós vencê-los. Temos que desprezar o infor-
túnio. Não temer coisa alguma neste mundo. Sermos cora-
josos e destemidos, se realmente queremos ser diferentes
na consciência. Para isso, não importa o próprio sofrimen-
to, se necessário para a cura.
“Temos que ser inconformados.”
“Só na perfeição podemos ser conformados.”
O caminho da consciência é solitário e estamos quase
sempre sós.
Por isso, é muito importante, caminho afora, que apren-
damos a falar com o Pai. Ele, nós temos certeza, nos co-
nhece bem e sabe de nós. É duro, mas extremamente jus-
to. Não nos agrada por piedade, mas nos dá força e nos
faz caminhar, ainda que não queiramos. Não nos livra das
“pedras” do caminho, mas nos mostra que as “pedras” nos
ensinam lições novas a cada dia. Da mesma forma, nos faz
entender que a estrada boa e sem obstáculos pode nos le-
var aos devaneios e fantasias, afastando-nos de nossos ob-
jetivos primordiais.
“Viver neste mundo, em estado de consciência, ainda que
não completo, é o mesmo que viver cercado de pessoas e
sentir-se em um deserto.”
À medida que a consciência desperta, mais e mais reco-
nhecemos a inconsciência dominando o mundo que nos
139
cerca. Desde a atitude do simples cidadão, até o comporta-
mento daqueles que detêm a função de zelar pelo bem co-
letivo. O processo da inconsciência humana é tão nefasto
que tem a capacidade de nivelar, pelo desequilíbrio, todas
as pessoas. A inconsciência não respeita sexo, idade, clas-
se social, riqueza, grau de instrução, religião, ou qualquer
outro atributo. Ela nivela a todos. Ela determina um com-
portamento padrão a todos. Esse comportamento só é al-
terado quando a consciência se avizinha.
Quando surge a oportunidade de demonstrar o real en-
tendimento, cada um deixa claro o seu nível de inconsciên-
cia. Se o momento é propício para julgar alguém, por exem-
plo, a maioria esmagadora dá logo o seu veredicto, esque-
cendo que nenhum Ser Humano neste mundo tem capaci-
dade para julgar o semelhante. Quem assim procede só de-
monstra a sua inconsciência profunda.
Para aquele que tem a consciência desperta, o julgamen-
to do semelhante não existe.
O direito de cada um conduzir a sua vida, como melhor
lhe convier, é sagrado e deve ser respeitado.
Eis outro princípio a ser observado:
“Aquilo que eu não quero para mim, também não dou
ao meu semelhante.”
Dentro da consciência, o Criador, Deus – O Pai, é sem-
pre visto por todos, da mesma forma. Ao contrário, no es-
tado de inconsciência, Deus é diferente para cada um. Pa-
ra alguns grupos religiosos, existem “tipos” de Deus dife-
rentes.
140
No mundo da inconsciência existe, também, um Deus
especial. Ele é muito Poderoso, criado pelo próprio homem,
chamado Diabo. Ele faz parte do mau funcionamento ce-
rebral da criatura humana.
Pobre Diabo, mesmo não tendo existência real, carrega
a culpa por tudo de ruim que se pratica no mundo. Mesmo
não existindo, ele é responsabilizado por todo mau com-
portamento humano. Ele tornou-se tão importante, que é
impossível acabar com Ele. Ele é o fundamento de muitas
religiões; foi preciso criar um inimigo para combater. Se se
acabar com o inimigo, várias religiões vão perder uma gran-
de parte de sua substância.
“O processo religioso é fundamentado no sofrimento
humano.”
“O sofrimento humano é fundamentado na inconsciên-
cia humana.”
“A inconsciência humana é fundamentada no mau fun-
cionamento cerebral.”
Assim, o processo religioso atua sobre o efeito de uma
causa que está aqui, neste mundo, e não em outro lugar.
“A salvação da humanidade é física e energética, e não
espiritual.”
Logo, podemos concluir que o processo religioso se ali-
cerça no mau funcionamento do cérebro humano.
“O mundo espiritual é perfeito e o espírito não tem de-
feitos.”
Quando o espírito entra no mundo da matéria, aí, en-
141
tão, ele precisa de salvação, porque ele fica cego na escuri-
dão da inconsciência.
“Pai, como sair de tamanho enredo?”
“Como nos livrar das teias tecidas pelas mãos do desti-
no?” “Como fazer imperar a consciência maior, frente os
problemas do mundo menor?”
“Pai, como é difícil a luta neste mundo da matéria.”
“Somos aprisionados pelas redes que nós mesmos lan-
çamos no mar de nossas vidas.”
“Vida, vida vivida,
Vida sofrida.
Vida longa ou vida curta,
Tanto faz;
Se sentido faz,
É o que importa
No abrir ou fechar da porta.”

Conversando com meu Pai


1 – Meu Pai, fale comigo:
R: Eu falo contigo desde o momento em que te criei. Falo
contigo em cada eterno segundo de tua eterna existência. Eu te
mando minhas mensagens em cada amanhecer. Eu me mostro
a ti em cada nascer do sol, em cada flor que se abre, em cada
pássaro que canta. No riso de um filho meu, Eu me mostro a
ti. Em cada astro que brilha no firmamento, lá estou Eu. Nas
lágrimas que neste momento turvam teus olhos pela emoção de
minha real presença, Eu te digo: verdadeiramente, Eu sempre
142
falo contigo. Tomo tuas palavras como minhas por um proces-
so que ainda não conheces, mas que obedeces pela mansidão
do bem servir e pela docilidade em cumprir a tua função, já
há muito tempo iniciada, quando ainda trilhavas os caminhos
do princípio. Tu foste preparado para o apostolado e no eter-
no agora trazes gravado no composto humano a minha escrita.
Há muito Eu te falo e tu? Tu me ouvias, mas te iludias re-
fugiando-te nos campos da imaginação, mas lá não estava Eu,
mas somente tu. Outra vez, Eu te chamava, tu me ouvias, mas
não me escutavas. Tu sempre me vias, mas não me enxerga-
vas. Mas, sempre, sempre, tu me sentias e teu sentido que Eu
te dei não me negavas. Então te curei da tua surdez e te devol-
vi a visão.
Assim, hoje podes me ver, ouvir e sentir. Assim como podes
ver, ouvir e perceber a minha obra, meu fiel retrato revelado.
Falo contigo, não por que queres, mas porque moldei em ti
a minha fonte, para que todos que tivessem sede de beber be-
bessem, se a hora fosse chegada. Ao longo de tua vivência, por
quatro vezes tivestes a revelação de minha real existência. Ago-
ra, revelar-me-ei pela quinta e última vez. Última, porque não
mais precisarás de revelações, pois o encontro terá sido comple-
tado para sempre. A partir de então, nos caminhos do eterno,
estarei contigo e não terás mais ontem nem amanhã, mas so-
mente o presente. Verdadeiramente conhecer-me-ás e viverás sem-
pre comigo, assim como Eu sempre vivi contigo. Nunca mais
me deixarás, assim como Eu nunca te deixei.
143
2 – Meu Pai, como eu devo falar de vós?
R: Coloque o coração em cada palavra e cada palavra no
coração. Não sejas ridículo ao falar de mim. Digas tudo e não
deixes nada por dizer. Não tenhas medo de ferir-me, isso tu não
és capaz de fazer. Digas, principalmente, aquilo que não di-
rias nem em sigiloso colóquio. Abra tua mente e deixes que Eu
diga. Não vá pelos velhos escritos, mas pelo novo que te dou.
Não te surpreendas com o que vais saber e transladar para ou-
tras mentes. Quero uma transcrição da verdade sem medo. Se
por isso alguém gritar, então Eu ouvirei, mas se por menos nin-
guém se manifestar, como dele eu saberei?
“Há muito tempo te preparei e, se te preparei, preparado es-
tás”.
Sejas a minha voz que fala, meu trovão que estronda para
acordar o que dorme. Só assim poderemos levantar os caídos e
encontrar os perdidos.
Muitos serão aqueles que falarão como tolos das verdades
que não conhecem. Muitos serão os tolos que acharão que co-
nhecem as verdades.
Em verdade, em verdade, te digo, que só Eu conheço a ver-
dade, o caminho e a verdadeira vida.
Só Eu detenho o tudo e a todos.
Só Eu verdadeiramente sou.
Assine, Pai, se isso te apraz ao íntimo e acalenta a alma.
Filho!
3 – Meu Pai, o que queres de mim?
R: Eu quero a tua alma límpida e pura como o mais per-
144
feito diamante.
Eu quero que teu sangue ferva quando falar em meu nome.
Eu quero o teu sangue derramado se preciso for, quando Eu
te pedir.
Eu quero o seu coração transbordante de amor quando fa-
lar de mim.
Eu quero que aprendas a acercar-te de mim sem medo, nem
temor.
Eu quero que, verdadeiramente, sejas meu filho. Eu quero
o teu entendimento sobre quem sou Eu.
4 – Meu Pai, quem foi Adão que perdeu o paraíso?
R: Adão, para você, e não para os outros, sou Eu revelado
como homem, como criatura, feito carne, como exemplo, para
que o homem me visse nele próprio. Visse e lembrasse do que
aconteceu no “tempo do Paraíso”.
No tempo em que Eu passeava nos meus campos, junto com
meus filhos. No tempo em que todos me conheciam e me fala-
vam do que sou e do que eles seriam.
Sabias tu que na minha inigualável grandeza tive um mo-
mento de humano sofrer? Sei que não compreendes tal fato.
Adão e Eva representam todas as criaturas feitas à minha
possível semelhança, para que uns vissem aos outros e todos vis-
sem a mim, quando se olhassem frente a frente.
5 – Meu Pai, por que existe a tristeza?
R: Tristeza é uma palavra que define a ausência da confor-
midade da criatura com o seu viver. Quando o seu viver traduz
145
o efeito de seu desejo de ser e estar, a criatura floresce. Quan-
do não traduz, ela fenece e se entristece. Tudo o que ausenta
a criatura de seu verdadeiro caminho lhe destempera o âmago.
Quando isso acontece perde-se a direção, o juízo e o humor. A
tristeza é o remédio amargo para exonerar os males. É como a
noite que se mobiliza ao recolhimento, enquanto o dia se pre-
para para chegar. Tristeza é a noite da alegria. Ela é a luz que
ao apagar revela a tristeza. Uma não existe sem a outra.
6 – Meu Pai, sem a consciência humana, como está, quan-
to tempo resta à humanidade?
R. Em verdade, em verdade, eu vos digo que nenhum século
passará para que a Terra seja voltada para o Jardim do Éden
como Eu a criei. A metade de seus anos é muito para o que res-
ta. Mas na minha obra nada se finda, mas tudo se aproveita.
Eu transformo, segundo a minha vontade, o chumbo em ouro
e o ouro em puro diamante. No mais, não temas. O sol sem-
pre nasce para aquele que em verdade crê.
7 – Meu Pai, por que existem a luz e a escuridão como
partes do ser humano?
R: Quando a noite desce das alturas e extermina o dia, a
vida recebe meu sinal para o repouso e o recolhimento. Quan-
do surge o astro sol e dissolve a noite, Eu me faço presente pa-
ra o despertar de minhas criaturas. No homem Eu coloquei o
dia e a noite para que conhecesse a diferença.
Se Eu fiz o homem à minha imagem e semelhança, então
claro está que luz e escuridão Eu sou. Sou o que podes imagi-
146
nar e muito mais. Essa é minha essência.
8 – Meu Pai, que me dizes da afirmação de que o mun-
do foi criado em seis dias e que descansastes no sétimo?
R: A minha verdade está tão distante da verdade dos homens
que a simples crença em um fato não lhe dá ou tira a existên-
cia. Imaginar que a minha vontade segue o tempo que a cria-
tura criou é crer que a imaginação cria a realidade.
Em verdade, em verdade, Eu te digo que a minha vontade
é tão desconhecida pela criatura quanto a essência de um grão
de areia. A voz que fala dentro de cada um, em cada respirar
dentro do eterno existir, Sou Eu, exercendo meu poder de fixa-
ção do que sou dentro da ausência de cada um. Ausência essa
criada pela existência do “nada sou”, já que o nada é um es-
tado promissor para aquele que me sente ausente. Por isso, na
ausência sentida é que me faço presente. Deixo sem vida o na-
da criado, para que minha criatura, sem lastro, não flutue pe-
lo espaço da inconsequência e se demore pelos jardins inebrian-
tes da fantasia pueril.
Extremamente corajoso é aquele que me quer de fato e não
por agrado ou medo.
O medo se constitui de uma grande dúvida do real existir.
Só o corajoso de fato crê. Porque crer é ter a extrema coragem
de negar o “Nada” e ingressar na terra firme do “Eu sou”.
Na terra do “Eu sou”, Eu habito, e habitar comigo deman-
da coragem suprema, pois quem habita comigo tem a destreza
e a sabedoria para cavalgar sete dragões por sete luas seguidas
147
e adentrar o reino das criaturas divinas que já me pertencem.
Falo a linguagem possível para cada um e não a impossível
para todos. É da minha Lei que todos entendam, mesmo que
cada um a seu modo. O entendimento da realidade não tem
princípio nem fim; é como um grande círculo da existência que
já existia antes daquele que o conquistou. Se assim não fosse
não haveria como conquistá-lo
Só se conquista o que não tem existência real. Isso se dá
quando o ser se funde com o Nada, criando o grande vazio da
existência.
O grande vazio é a criação, pela criatura, do existir dentro
da inexistência. É a máxima dúvida possível. É a grande pos-
sibilidade que Eu dei a cada um de retornar ao Nada e defini-
tivamente não mais existir. A não existência (a dúvida), fun-
dindo-se ao Nada dá origem ao grande reinício de tudo para
então só aquietar-se no sétimo dia. O resto, já sabeis. Ouçam
aqueles que têm ouvidos para ouvir. Compreendam aqueles que
já podem compreender.
9 – Meu Pai, o que podeis dizer-me da afirmação de que
o homem se originou do macaco?
R: A verdade compõe o todo, mesmo quando o todo não es-
tá com ela. Em verdade, Eu vos digo que todos os animais que
conheceis vieram das entranhas mais profundas do homem, pa-
ra que ele se conhecesse através do tempo criado. Necessário foi
que o “Eu sou” se fragmentasse em pequenos espelhos represen-
tando o “Ele é”, para trazer assim o real conhecimento do “Eu
148
sou” pela concreta existência visível do “Ele é”. Não é dado à
criatura o conhecimento direto de si mesma. O autoconheci-
mento da criatura só se cristaliza pela intersecção com a exis-
tência concreta de outras criaturas. Só assim acontece o gran-
de lampejo da real consciência do existir. O “Eu sou” só se re-
conhece na visão concreta do “Ele é”. O todo só tem existência
real pela existência das partes que o compõe.
O macaco é uma das partes do todo do homem, assim co-
mo o homem é uma parte do Todo do Criador.
Em verdade, eu vos digo que o homem, observando as cria-
turas animais que criei, no tempo que ele criou, descobre o “Eu
sou” que não pertence ao tempo, mas à eternidade.
O homem usa os espelhos “animais” para conhecer as par-
tes animais que nele moldei. Estudá-las e adquirir o verdadei-
ro saber é seu objetivo.
10 – Meu Pai, quem é Deus?
R: Muitos caminhos conduzem a mim. As criaturas se per-
dem no meu encalço e resvalam por vales profundos que termi-
nam em escarpas íngremes e escorregadias, impossíveis de serem
transpostas sem ajuda. Deuses são minhas mãos. Deuses são
os meus pés. Deuses são minha voz que fala, meu coração que
pulsa. Deuses são minha vontade que cria. Deuses me condu-
zem pelo criado e o não criado. Deuses plantam em meu no-
me. Deuses me tornam real para todos, mesmo para aqueles
que ainda não sabem que me conhecem.
Em verdade, eu vos digo que Deus Eu sou, mas Deuses não
149
sou Eu. Os Deuses me pertencem. Todos são meus. Em todos,
Eu habito e todos habitam comigo.
11 – Meu Pai, por que as pessoas, em geral, não conse-
guem falar convosco?
R: Isso é como explicar por que o rio corre sempre para os
lugares mais baixos. A criatura só Caminha ao meu encontro,
ainda que disso ela não saiba. Se as criaturas não sabem que
caminham comigo e que Eu com elas caminho, também não
creem que podem falar comigo. A criatura cria o seu limite. Eu
simplesmente aguardo.
12 – Meu Pai, por que algumas pessoas têm acesso e fa-
lam convosco?
R: Simples como a gota de orvalho, que sabe, por natural,
que sua função é descer e pousar sobre a relva, sobre o chão. A
criatura acende sua centelha, abre seu passaporte e vem estar
comigo. Isso é o natural para aqueles que têm essa função. Ou-
tras criaturas, no entanto, se envolvem em devaneios inebriantes
e, mesmo quando sabem de minha real existência, preferem a
satisfação passageira dos sentidos e a rasa lição. Por isso, umas
vêm primeiro, mas todas, sem exceção, chegarão até mim.
13 – Meu Pai, fale-me mais a respeito dos passaportes
que destes a cada um?
R: A criatura quando lançada no seio da vida, ela, primei-
ro, anseia viver. Quando o viver preenche o seu ser e o regis-
tro do existir se toma real, ela então completa um ciclo. O Ser,
no entanto, anseia por mais, deseja conhecer a sua origem. Ao
150
buscar conhecer-se, ele se depara com a minha real existência.
Nesse ponto, inicia-se a sua eterna busca para encontrar-me.
Para que as criaturas pudessem encontrar-me dei a cada
uma um passaporte que a levará até mim no seu tempo cer-
to e no meu caminho perfeito. Esse passaporte é intransferível
e cada um o recebe no primeiro sopro de vida. Só Eu dou esse
passaporte e somente Eu posso alterá-lo. Porque só Eu verda-
deiramente sou.
14 – Meu Pai, por que tantos duvidam de vossa real exis-
tência?
R: A dúvida é caminho do conhecimento. Ai daquele que
em tudo crê, pois chegará o dia em que a sua crença sem juí-
zo o colocará nas mãos do inimigo. Aquele que duvida busca
conhecer-me. Aquele que em verdade me conhece não duvida,
anda comigo.
Não existe neste mundo que Eu criei uma só criatura que
tem certeza que não me conhece, isso é impossível. Todas têm
o registro de minha existência. Algumas podem não se lembrar.
Isso não me torna inexistente.
15 – Meu Pai, como distinguir se estamos imaginando
ou se, em verdade, estamos ouvindo o senhor nos falar?
R: Não tente distinguir. Apenas sinta e confie. Aquele que
não me sente também não me ouve. Lembre-se: preocupar-se é
como perder o leme do barco em noite de tempestade.
Eu verdadeiramente Sou.
16 – Meu Pai, o que é a fé em Deus?
151
R: Fé é a ausência do “conhecer-me”. Fé é a esperança de
que Eu exista para, então, me conhecer. Onde existe o conhe-
cimento da verdade não há mais á fé, mas somente a certeza.
Quando as criaturas se perderam de mim elas buscaram a fé
para acompanhá-las. A fé passou a guiá-las. A fé se multipli-
cou dentro das criaturas. A fé dividiu as minhas criaturas. A
criatura se submeteu à sua fé. A fé vendou os olhos das cria-
turas, impedindo-as de me ver. A fé é a expressão de um dese-
jo humano.
Só Eu verdadeiramente Sou.
17 – Meu Pai, por que Jesus Cristo?
R: Qual a figura mais pura de todo roseiral, senão aquela
em cujos ombros coloquei a sorte de todos, do crente e do peca-
dor. Se assim o fiz, foi porque Ele é o único capaz, na condição
e no mérito. Assim foi e assim devia ser, porque não se põe o
peso em excesso para o mais fraco, mas o peso certo para o for-
te. Nada do que fiz me comove, pois a comoção é arma do fra-
co. Dos caminhos, o escolhido foi por justiça e não por pieda-
de; se a justiça enobrece, a piedade torna pequeno o que gran-
de criei. Por justo mandei um justo.

152
Capítulo 7

Frequências da Vida

Tudo o que chamamos “vida” é constituído de duas fre-


quências. Uma frequência física e uma extrafísica. Ambas se
interpenetram e coexistem ao mesmo tempo, de uma for-
ma que os nossos sentidos normalmente não percebem. Na
verdade, tudo é energia e ela é que tem frequência. Maté-
ria, como se sabe, é energia condensada e, por isso, possui
frequência diferenciada.
Quando a frequência da matéria tende a ser nula e ocor-
re a descondensação da energia, estamos de frente com a
morte. Nesse caso, a energia agregativa se dispersa e busca
se compor com outro corpo vivo que a absorve. Quando
o corpo físico de uma pessoa falece, a energia que o man-
tinha vivo é absorvida por outras pessoas que se encon-
tram por perto.
Ao terminar a dispersão da energia que mantinha o mun-
do celular coeso e unido, a unidade física inicia o proces-
so de desintegração e descondensação. Isso, porque nada
mais existe para continuar unindo cada parte ao seu todo,
ou seja, cada célula ao corpo. No instante da morte inicia-
153
-se a anulação da frequência de órgão por órgão, como se
apagassem as luzes dos compartimentos de uma casa, uma
por uma, até a escuridão total da residência. Nesse instante,
o proprietário se retira entristecido, pois perdeu seu mais
precioso bem neste mundo. Perdeu a sua possibilidade de
acesso a essa frequência física, para onde ele veio estudar
e aprender na escola da vida, na verdadeira escola do co-
nhecimento, onde o aprendizado é real, pois ele é gravado
pela experiência vivida.
A vida, portanto, é pura frequência vibratória. Tudo tem
frequência.
“Deus é a frequência mãe do universo.”
“Existe uma frequência para falar com Deus.”
“Existe uma frequência para falar com o outro lado da
vida.”
Cada Ser Humano tem uma frequência própria que o tor-
na único no universo. A própria voz de uma pessoa é única
em todo o mundo, devido a sua frequência. Ela é própria,
única, individual e intransferível, é como se fossem “im-
pressões digitais” da pessoa.
A frequência e a vibração de uma pessoa podem ser agra-
dáveis ou não a outra pessoa. Isso depende da semelhança.
Quanto mais próximas as frequências e as vibrações, mais
elas vão se sentir atraídas uma para a outra.
Há, ainda, um complicador. Nós temos duas frequên-
cias, somos cidadãos de dois mundos: o físico e o espiri-
tual ou extrafísico. Logo, uma pessoa pode gostar da ou-
tra no seu aspecto físico (frequência semelhante) e não no
154
aspecto espiritual (frequência diferente). Como, também,
pode acontecer o contrário, elas se gostarem só do lado da
alma, do espírito, apreciarem conversar, participar de ativi-
dades fraternas, desde que não tenham envolvimento físi-
co emocional e amoroso. O ideal, no entanto, é encontrar-
mos sintonia física e espiritual; porque aí, em se tratando
de homem e mulher, seria mais fácil obtermos harmonia
um com o outro, pela similitude de frequência.
A nossa frequência pode ser melhorada, principalmente
a frequência cerebral. Podemos interferir nela, aumentan-
do-a constantemente.
Essa prática bem conduzida, e com persistência, pode
nos levar à consciência humana.
O cérebro humano é constituído de inúmeras áreas dis-
tintas onde se situa a possibilidade de uso das capacidades
humanas.
Observando a figura 4 (próxima página), podemos veri-
ficar as várias áreas que compõem o cérebro humano. Cada
uma delas tem uma função específica e para desempenhá-
-la bem é necessário que cada uma esteja muito bem ener-
gizada. É importante lembrar que a área de contato com o
Divino está entre elas.
A energia captada pelo corpo físico, através dos cha-
cras ou entradas de energias, é conduzida para dois canais
ascendentes, situados no lado esquerdo e no lado direito
das costas. Esses dois canais se unem na altura da primeira
vértebra cervical, já dentro do crânio. A partir desse pon-
to, esse canal segue dividindo o cérebro em duas partes até
155
a testa. Desce sob o nariz e se separa pela abertura dos lá-
bios, quando não estão cerrados. Continua descendo pe-
lo queixo, pescoço, centro da caixa torácica, até o umbigo.
Depois segue o seu trajeto até um ponto central situado en-
tre as pernas, onde se inicia a formação dos órgãos sexuais.

Áreas cerebrais

Figura 4

Testa

Área de contato com o Divino


Ciência da Neurologia

Nuca

Esse ponto é o primeiro (primeira entrada) onde a ener-


gia começa a entrar no sistema e subir coluna acima. À me-
dida que vai subindo, a energia vai se juntando com outras
captações realizadas pelas demais entradas, ou chacras, até
atingir os pontos de armazenagem. Podemos encontrá-los
156
situados nas cavidades laterais onde o crânio se apoia so-
bre o pescoço. Uma vez acumulada, a energia que era so-
lar é transformada em energia elétrica e lançada, em forma
de impulsos, pelo espaço intermediário do cérebro. Assim
que os impulsos atingem o frontal (testa), uma parte volta

Impulsos Cerebrais
(figura plana vista do alto)

Figura 5

Testa

Áreas
cerebrais
Impulsos
Hemisfério cerebrais
esquerdo Hemisfério
direito

Canal intermediário
por onde sobem Energia acumulada
os impulsos na base de crânio
Nuca

varrendo as áreas cerebrais do lado esquerdo, outra parte


retorna pelo lado direito, irrigando as áreas cerebrais aber-
tas e saltando as áreas bloqueadas. (Vide Figura 5)
A figura 5 nos mostra os impulsos cerebrais, seus traje-
157
tos de subida entre as duas metades do cérebro, e depois a
descida pelos dois lados, esquerdo e direito, fazendo a var-
redura de todas as áreas cerebrais. Lembrando que as áreas
que estão bloqueadas não são irrigadas pela energia que
desce pelas laterais do cérebro. No caso, a energia salta a
área impenetrável.
A energia restante continua pelo canal, desce sob o rosto,
pescoço, peito, umbigo, até retornar ao ponto de origem.
A energia que desce dos dois lados do cérebro terá que
ser descarregada. Isso porque, quando ela está descendo, o
sistema de captação já está preparando outra descarga. As-
sim, essa energia que desce dos lóbulos cerebrais tem um
trajeto descendente diferente daquele por onde subiu. Ela
percorre dois canais paralelos aos outros dois já mencio-
nados, por onde subiu. Esses canais descendentes nascem
no início do pescoço, desce por ambos os lados da coluna
vertebral até a altura da primeira vértebra lombar. Nesse
ponto, o canal se divide em dois que descem pelas laterais
do quadril, percorrendo as pernas até um ponto situado na
região mediana da planta dos pés, onde se encontra uma
importante saída de energia. Como visto, o circuito ener-
gético da pessoa humana inicia-se com a entrada de ener-
gia pelas aberturas ou vórtices que são conectados aos ca-
nais ascendentes situados nas laterais da coluna vertebral.
À medida que os impulsos cerebrais vão varrendo as áreas
cerebrais, em um tempo determinado, eles criam uma fre-
quência. A passagem dos impulsos, em uma determinada
frequência, faz desprender uma energia em ondas que per-
158
manece no interior do cérebro, formando uma vibração. Es-
sa energia desprendida dos impulsos, com uma frequência
definida, formando uma vibração, é que vai criar o campo
energético neuronal ou aura. É importante ressaltar que a luz
que vemos envolvendo a cabeça das imagens de santos e
divindades é a representação do campo energético do cére-
bro. Aqueles que assim representaram essas imagens que-
riam passar a mensagem de que os representados detinham
a consciência, pois somente quem é consciente possui um
campo energético de tal magnitude.
Isso visto, podemos afirmar que o caminho para con-
quistar a consciência humana é este:
– Aumentar o número de impulsos cerebrais.
– Aumentar a frequência cerebral.
– Distribuir a energia por todas as áreas cerebrais.
– Aumentar a vibração cerebral.
– Criar o campo energético neuronal.
O tempo entre o movimento de um impulso para ou-
tro é de, aproximadamente, quatro a sete segundos e meio,
o que dará em torno de oito a doze impulsos por minuto.
Portanto, o Ser Humano que hoje habita a Terra tem, em
média, oito a doze impulsos cerebrais por minuto. Devido
à pequena quantidade captada, a energia precisa ser acumu-
lada por um tempo, para adquirir força e ser impulsionada
para o interior do cérebro. Essa captação de energia é que
mantém a vida do corpo físico. Muitas vezes, essa energia
é tão reduzida que o corpo físico a consome totalmente,
159
nada sobrando para o desenvolvimento cerebral e uso para
conquista da consciência.
Assim, podemos dizer que tudo que vive possui uma
frequência: as plantas, os animais, as pessoas, etc. Cada ti-
po de frequência possui uma leitura. A isso podemos cha-
mar de linguagem.
Os animais, por exemplo, por possuírem uma frequên-
cia particular, também apresentam uma linguagem própria
que o homem não entende, devido a essa diferença. Por
outro lado, quando conseguimos alterar nossa frequência
e, consequentemente, ativamos outras áreas cerebrais e des-
pertamos outras capacidades adormecidas, nós nos torna-
mos capazes de compreender a linguagem de outros seres
da criação.
Quando nos referimos ao Ser Humano, estamos falando
de um universo composto de uma infinidade de frequências
menores, que vão se juntar e formar a grande sinfonia da
vida, em uma única frequência: o corpo físico. Cada órgão
do corpo tem uma frequência. Da mesma forma, os sen-
timentos têm frequência própria. O amor, por exemplo, é
uma frequência praticamente desconhecida entre nós. Ela
precisa ser conhecida e conquistada. A raiva, o rancor, o
ódio são frequências fáceis de atingir, porque os cérebros
humanos, nossos computadores, estão treinados e acostu-
mados a atuar nessas frequências, mesmo porque elas são de
nível muito baixo e não demandam grande esforço cerebral.
Dentro do cérebro humano está o grande segredo da
consciência. O cérebro é formado por áreas específicas de
160
trabalho. Cada uma dessas áreas é mais ou menos energi-
zada e tem maior ou menor frequência, dependendo das
atividades desenvolvidas pelo indivíduo. Uma pessoa que
exerce uma única atividade ao longo do tempo energiza e
desenvolve somente essa área. Com isso, o seu entendi-
mento fica limitado a essa realidade conhecida. Por exem-
plo, um músico que se dedica exclusivamente à música terá
seu entendimento limitado ao mundo musical, porque essa
área cerebral será a mais desenvolvida e a sua visão do co-
nhecimento real será visto sobre o prisma dessa fonte da
realidade. Por outro lado, se uma outra pessoa dedica a sua
vida à atividade de piloto de avião, todo o seu raciocínio
sofrerá influência de sua profissão e toda a visão da reali-
dade que a cerca será afetada.
Da mesma forma, se essa dedicação for, exclusivamente,
à atividade religiosa, a visão da realidade dessa pessoa ficará
distorcida pela preponderância do raciocínio religioso so-
bre os demais aspectos do conhecimento. O caso de uma
pessoa que se torna fanática por uma determinada religião
é sinal de que toda a energia cerebral está concentrada na
área que trata dessa atividade. Com isso, ela fica incapaz de
entender e aceitar outro conhecimento que não diz respei-
to à sua religião.
Todo tipo de fanatismo é extremamente prejudicial à
pessoa, porque a deixa impedida ou bloqueada para rece-
ber conhecimentos novos e de ter entendimento sobre si
mesma, sobre a sua vida e a respeito de toda a realidade
que a cerca. O fanatismo é como uma doença que impede
161
a pessoa de raciocinar e agir de forma normal.
Por aí se vê que toda a atuação do Ser Humano, em nos-
so mundo, está equivocada. Precisamos ter muitas ativida-
des em áreas distintas do conhecimento humano para que
possamos exercitar, ao máximo, o cérebro. A fim de que
tenhamos um raciocínio circular e um entendimento inte-
gral sobre tudo e sobre o todo. De nada adianta ser um gê-
nio no estudo sobre um fio de cabelo. Precisamos ter o en-
tendimento de todo o plano onde se situa o fio de cabelo,
ou seja, perceber toda a ligação dele com o resto do corpo
e do corpo com toda a realidade que o cerca. Acima disso
tudo, ainda precisamos nos perceber, entremeando, viven-
do, apreciando, registrando e interferindo em toda a vida
física. Isso se chama consciência.
Mas, como corrigir essa distorção do sistema em que
vivemos e que nos causa uma atrofia cerebral? O exercí-
cio de várias atividades no tempo é de grande importância.
Poucas pessoas têm essa oportunidade. Consequentemen-
te, devemos dispor de outros mecanismos para compen-
sar essa saturação de uma única área cerebral. A forma de
estruturação do sistema de ensino, das profissões, enfim,
das atividades nossas de cada dia, nos torna mais e mais in-
conscientes. Temos, então, de buscar formas para resolver
os seguintes problemas, cujas soluções nos darão a cons-
ciência humana que precisamos:
1 – Temos pouca captação de energia em nosso corpo.
2 – Possuímos uma má distribuição de energia em nosso
cérebro: há excesso em umas áreas e falta em outras.
162
3 – A energia cerebral é deficiente.
4 – Há bloqueios cerebrais por onde a energia precisa
passar, mas não passa.
5 – As pessoas não sabem que são inconscientes.
6 – A consciência humana não é conhecida pelas pessoas.
7 – O tempo dedicado à conquista da consciência, devi-
do à inconsciência, não é considerado importante.
8 – Grande número de pessoas acha que elas são o que
o espelho lhes mostra.
Um dos segredos para se atingir a consciência é energi-
zar e aumentar a frequência de todas as áreas cerebrais. Pa-
ra se conseguir isso, é necessário, antes de tudo, ter energia
disponível. Podemos, então, alinhar os itens acima da se-
guinte forma:
1 – A energia do nosso corpo é proveniente, basicamen-
te, de três fontes principais: a respiração; a alimentação e a
captação direta pelas portas de entrada (chacras). Podemos
aumentar essa energia pela atividade física regular, pela prá-
tica sexual e por exercícios próprios para captação de ener-
gia. A leitura, a meditação e conversas constantes sobre te-
mas ligados à saída do corpo físico, à consciência humana
e sobre o mundo espiritual aumentam de forma perceptível
a energia cerebral. (Comprovamos isso em várias oportuni-
dades, quando, em longas dissertações sobre esses assuntos,
pessoas que nos ouviram tiveram importantes experiências
espirituais. Um dos tipos muito comuns de experiência é a
saída do corpo físico). Em palestras que proferimos, para
diferentes tipos de público, foi possível verificar que muitos
163
ouvintes, leigos no assunto, ao retornarem a seus lares, vi-
venciaram, enquanto dormiam, experiências de saídas cons-
cientes do corpo.
2 – Há a necessidade de aprendermos a distribuir a ener-
gia em toda a área cerebral e isto pode se fazer de várias
maneiras, tais como: construir, dentro do cérebro, figuras,
letras, números, escrever palavras, sempre procurando usar
todas as partes internas do crânio. Para isso, não se deve
imaginar o que se está escrevendo, mas escrever como se
estivesse usando o próprio dedo dentro do cérebro para
fazer a letra ou a figura.
3 – Quando aumentamos a energia corporal, também o
cérebro é beneficiado e, por fim, só nos resta fazer a dis-
tribuição adequada.
4 – Os bloqueios cerebrais podem ser rompidos com o
aumento e a distribuição constante da energia dentro do
cérebro.
5 – Precisamos tomar consciência da nossa inconsciên-
cia, para que esse posicionamento já nos dê um primeiro
passo em nosso despertamento.
6 – Precisamos conhecer a consciência humana, para sa-
bermos a diferença entre ela e a inconsciência.
7 – Muitas pessoas acham que dedicar tempo para con-
quistar a consciência humana não é importante. Esse é um
grande engano, pois a conquista da consciência nos abre as
portas para o verdadeiro conhecimento de tudo e de nós
mesmos.
8 – Grande parte da humanidade acha que elas são o
164
que veem no espelho; esse é um dos piores enganos. Nós
não somos um corpo material, mas, ao contrário, nós te-
mos um corpo físico.
Vivemos a vida tentando, mesmo sem saber, estabilizar e
harmonizar a nossa frequência geral. Quando conseguimos
isso, podemos encontrar Deus e Ele abre o acesso a nós.
Existe uma área cerebral que é o portal de acesso a Deus.
A ciência vem pesquisando o cérebro humano e já encon-
trou a região onde se situa essa área de comunicação com
o Divino. Uma nova ciência foi criada para estudar a liga-
ção do homem com Deus: é a NEUROTEOLOGIA.
Quando uma pessoa se concentra fortemente em ora-
ção ou meditação profunda no Divino, a área cerebral que
controla as atividades físicas começa, lentamente, a redu-
zir esse controle e, imediatamente, se inicia uma forte ati-
vidade nessa outra área que liga o Ser Humano ao Divino.
O mais importante nesse processo é ter consciência de-
le. Participar ativamente dele. Falar com o Pai. Raciocinar
com Ele. Ouvi-lo e não se sentir ridículo em confirmar isso.
Ter a plena certeza de que todos nós podemos falar, ouvir
e ser ouvidos por Deus. O Pai não é um estranho, Ele é o
nosso Pai.
Eu não falo da fé religiosa, eu falo de um processo de
certeza. Para isso, é preciso antes de tudo ter autoconfiança.
Saber que todos podem falar com Deus. Não é necessário
ser um sacerdote, ser uma pessoa religiosa. Isso é um pro-
cesso de crença em si mesmo. Quando a criatura crê em si
mesma, automaticamente crê em Deus. Esse é o caminho.
165
Voltando à frequência, podemos dizer que a harmonia
entre pessoas é dada também pela semelhança de suas fre-
quências. Fazer as pazes com alguém é buscar o nivelamen-
to de uma frequência com a outra. Também os alimentos
têm frequências próprias; é por causa disso que preferimos
certos alimentos a outros. O semelhante atrai o semelhan-
te, como na homeopatia.
A sensação de paz é a estabilização e a harmonização da
frequência do corpo físico com a frequência dos sentimen-
tos do Ser Humano. Quando o Ser Humano se desestabili-
za, ele desarmoniza a frequência do corpo e a de seus sen-
timentos. Ele perde a paz e encontra a dor e o sofrimento.
A consciência humana se dá quando o Ser Humano con-
segue elevar substancialmente sua frequência em harmonia
e mantê-la em alta. Frequência alta é luz. Frequência baixa
é escuridão.
Quando falamos de energia, devemos falar de energia
negativa. Mas o que é energia negativa? No dia a dia, sem-
pre ouvimos falar em energia negativa. Pois bem, energia
negativa é energia de baixa frequência que sempre causa
desconforto e mal-estar ao Ser Humano. Quando a energia
baixa, o Ser sente, o corpo também, e o sistema emocional
se mostra por meio de sentimentos ruins.
No mundo da energia, o semelhante atrai o semelhante.
Pensamentos são energias, logo, os semelhantes são atraí-
dos pelos semelhantes. Daí pode-se concluir que pensamen-
tos maus atraem cada vez mais outros pensamentos maus.
Com isso, há o enfraquecimento do Ser Humano, trazendo
166
as doenças e a derrota em todos os sentidos. Dentre essas
doenças, está a depressão, que surge devido às lacunas ou
buracos dentro do cérebro, por onde a energia não transita.
Os pensamentos negativos são de baixa frequência e, com
constância e persistência, neles há a redução da energia que
circula por todo o corpo e o cérebro.
Quanto mais energia negativa, ou seja, de baixa frequên-
cia, maior a redução da boa energia de alta frequência, que
mantém a vitalidade do corpo e lhe dá bom ânimo. Quanto
maior o envolvimento da pessoa em problemas negativos
de sua vida, maior será a queda de sua disposição física e
emocional. Da mesma forma, sua autoestima e forças para
vencer obstáculos cairão drasticamente.
Com o passar dos tempos, a permanência dos pensamen-
tos negativos, atraindo mais acontecimentos desagradáveis,
consumindo mais energia da pessoa, pode levá-la ao deses-
pero. Nesse estado do espírito, ela atrairá mais pensamentos
e coisas ruins. A partir daí, tudo vira uma bola de neve la-
deira abaixo. É a lei da atração, que tudo governa, em ação.
Normalmente, quando acontece isso, a pessoa reclama
que não tem sorte, que nasceu para sofrer e que essa vida
só tem sofrimento. Nessa hora, o raciocínio não funciona.
As áreas cerebrais ficam carregadas com energia de baixa
frequência, originadas da tristeza, da mágoa, do desgosto,
da indignação e da revolta. É difícil haver o entendimento
e a aceitação de que tudo de ruim veio de dentro da pró-
pria pessoa. Ela é a causa de tudo. Tudo nasce dos primei-
ros pensamentos e palavras negativos que começam a atrair
167
outros semelhantes.
Essa lei natural da atração é infalível. Ela está acima do
bem e do mal. Ela simplesmente atrai os semelhantes, se-
jam bons ou ruins.
Atraímos tudo o que pensamos, falamos, desejamos e
vivenciamos.
Em outras palavras foi dito: “A cada um segundo suas
obras.”
● Pensamentos transformam-se em obras.
● Palavras transformam-se em obras.
● Desejos transformam-se em obras.
● Vivências transformam-se em obras.
Mas, qual o remédio para mudar tudo isso? Mudar. A
vida nos pede mudanças a todo instante. O Universo mu-
da a cada fração de segundo. Temos que ser adaptáveis e
mutantes. Fazemos parte do Universo, de uma galáxia, de
um planeta, de um continente, de um país, de um estado,
de um município, de uma cidade e de uma rua. Temos um
endereço no Universo. Somos um átomo que tem influên-
cia e é influenciado pelo Universo. Estamos conectados
ao todo. Sozinhos, isolados, jamais. Somos um elo de uma
imensa corrente onde estão ligados todos os habitantes des-
te mundo.
Apesar de estarmos ligados, só atrairemos para nós aque-
les de frequências semelhantes.
Tudo o que pensamos, outros já pensaram ou pensarão.
Tudo o que um indivíduo faz, outros já fizeram ou farão.
Tudo, sem exceção, está ligado, conectado.
168
Dentro do que sei, os pensamentos não pertencem às
pessoas, mas são ondas que interpenetram toda a existên-
cia. Ninguém tem pensamentos próprios ou ideias pró-
prias. Nós apenas capturamos aquilo que nos interessa no
momento e fazemos o uso devido. Por isso é que muitas
pessoas têm pensamentos e ideias iguais ou semelhantes,
no mesmo instante, em várias partes da Terra. Dentro do
mundo das possibilidades, a consciência escolhe, indepen-
dentemente do indivíduo, o pensamento a ser usado. Muitas
vezes, as nossas emoções, em ação, agem como pescadores
e capturam a onda de pensamentos que melhor lhes aten-
de. Algumas vezes, o indivíduo percebe e até se irrita com
a onda de pensamentos que o rodeia, contra a sua própria
vontade, mas não consegue afastá-los. É como se o pensa-
mento colasse no interior do cérebro e não permitisse que
a pessoa o deixasse ou o trocasse por outro.
Os pensamentos, assim como as ideias, existem a priori,
ou seja, antes do indivíduo. Ninguém tem pensamentos ou
ideias novas. Tudo já existe, apenas nos esquecemos disso.
Portanto, os pensamentos são forças que se comunicam
e obedecem leis.
Uma lei: os semelhantes atraem os semelhantes. Isso é
um acaso? Não. É justiça. Quando o semelhante atrai o se-
melhante há a harmonia. O que explica esse fato são as fre-
quências semelhantes que fazem a atração.
Harmonia, no entanto, é diferente de paz. A paz para o
Ser Humano vai além da harmonia, requer outros atributos.
Para que haja a paz para o Ser Humano, tem que haver
169
o atendimento de todos os seus anseios e a anulação de
todo e qualquer processo de culpa. Com isso, dá-se a har-
monia interior.
A harmonia só acontece quando o indivíduo consegue
harmonizar suas frequências.
Ao tomarmos conhecimento de que tudo o que pensa-
mos, desejamos e falamos, nós atraímos o que for seme-
lhante; então, temos a fórmula para o sucesso.
O segredo é mudar a nossa maneira de pensar. Recusar
todo pensamento negativo, porque ele, por ser de baixa fre-
quência, atrai outros iguais. Com isso, a vida da pessoa não
caminha o caminho da prosperidade.
Tudo entra em declínio. Isso pode ser chamado de má sorte
ou energia negativa. Por outro lado, ter sorte significa ter sem-
pre pensamentos bons, desejar coisas boas; falar e ter bons sen-
timentos e respeito com toda a obra do Pai.
Ter sorte é estar em harmonia com tudo e com o Todo.

170
Capítulo 8

Experiência Fora do Corpo Físico

Experiência 1
Estou deitado em profundo relaxamento, quando sinto
uma leveza que me deixa suspenso no ar. Vejo meu corpo a
um metro de distância. Rolo de lado e me afasto do corpo.
Logo depois da saída, vejo-me dentro de uma piscina pro-
curando alguém que estava no fundo. De repente, minhas
pernas tocam no corpo de um homem que estava parado
no fundo, parecia ter dificuldades de voltar à tona. Chamei
algumas pessoas que estavam por perto para auxiliar-me a
tirar o homem da piscina. Ele estava vivo e tinha uma apa-
rência muito estranha, era um tipo de artista excêntrico. Vou
com ele para um grande salão ver objetos e livros antigos.
Vejo um punhado de estatuetas de uns cinco centímetros
de altura. Uma delas, muito brilhante, parecia de ouro, re-
presentava um homem de pé com a mão esquerda erguida
acima do ombro. Embaixo da estatueta estava escrito: “O
grande rei Melquisedeque”. Entendi que aquela saudação
significava: “Eu saúdo você em mim”, e a outra pessoa res-
171
ponderia: “Eu me saúdo em você”.
Daí a pouco abri um livro antigo com desenhos de samu-
rais. Nesse instante, chegou um rapaz moreno e muito sim-
pático, que iniciou uma conversa comigo. Disse a ele que
o conhecia muito bem, mas que o corpo físico era muito
pesado e bloqueava as lembranças. Nesse momento, abriu-
-se um quadro na parede, tipo telão de TV, onde apareceu
a imagem de um homem muito alto e gordo dizendo: “O
que está acontecendo por aí?” O rapaz a meu lado infor-
mou que “era o rapaz (eu) do mundo da matéria que tinha
vindo ver a irmã”. Ele perguntou ao rapaz se isso era pos-
sível. O rapaz, a meu lado, disse para alguém: “É melhor
apagar a luz, para que ele (eu) veja melhor a imagem no te-
lão.” Lentamente, aproximei-me do telão. Olhei para minha
roupa, que era bastante estranha. Estava vestido como um
cavaleiro medieval: era uma malha de aço que recobria todo
o meu corpo. Calçava esporas de aço com rosetas grandes,
que se arrastavam e tiniam no assoalho de madeira. Sentia-
-me muito forte ao caminhar com aquela roupa.
A partir daí, dirijo-me para uma sala próxima, vendo uma
cama com um reflexo azul. Sinto que a minha irmã que ti-
nha falecido recentemente está ali deitada, se recuperando
do transe pós-morte. Fico emocionado e lanço-me sobre
ela para abraçá-la. A emoção em excesso me fez voltar pa-
ra o corpo.
Comentário
Esse é o tipo de experiência muito interessante, pois são
172
duas informações passadas para mim no mesmo instante.
No meu caso, como sou um estudante e pesquisador do
mundo espiritual, sempre estou acompanhado e orientado
no meu aprendizado em cada saída do corpo. As pessoas,
em geral, podem sair e não ter objetivo definido. Aliás, é
bom que se diga que todas as pessoas saem do corpo, mas,
na maioria das vezes, não se lembram do fato.
No meu caso, normalmente, eu sigo uma programação
de estudo feita, não por mim, mas por pessoas do mundo
espiritual, que me orientam. O importante é que sempre
tenho muito que fazer e o que aprender em minhas viagens
extrafísicas.
Nessa experiência relatada, o homem no fundo da piscina
e a sua aparência estranha, tudo era para chamar a atenção
e fazer a gravação em minha memória. Na verdade, o que
interessava mesmo era a estatueta e a visita à minha irmã,
falecida há pouco tempo.
No caso da estatueta de Melquisedeque, era para ativar a
minha memória a respeito dessa pessoa que, com certeza,
foi a mais importante que já pisou no solo terrestre.
Depois que o homem que habitava a Terra ficou incons-
ciente e perdeu a memória, foi preciso iniciar, de novo, os
ensinamentos da consciência ao Ser Humano. Tanto era
necessário ensinar como também ativar os conhecimentos
adquiridos anteriormente.
Com essa finalidade, Melquisedeque veio de outro pon-
to do universo. Ele apareceu, fundou a “Escola de Salém”,
e retornou. Portanto, ele não nasceu aqui e, tampouco, fa-
173
leceu aqui.
A Bíblia fala muito rapidamente de Melquisedeque e da
“Escola de Salém”, mas o seu trabalho foi grandioso e se-
guia uma programação do “Alto”. Na “Escola de Salém”,
que é nos dias de hoje Jerusalém, ele ensinou os princípios
da consciência humana; formou seus discípulos e orientou
o povo. Foi, inclusive, o grande orientador de Abraão no
início da formação do povo judeu que, mais tarde, recebe-
ria de novo o grande orientador da consciência humana:
Jesus Cristo.
Quanto à estatueta com a mão esquerda erguida, signifi-
ca um cumprimento cordial, amigo, humano e fraterno que
Melquisedeque usava e ensinava a seus discípulos.
A “Escola de Salém” teve grande importância, porque
foi um dos momentos em que a consciência humana es-
teve de novo na Terra. Melquisedeque e a Escola por Ele
fundada tem, para mim, especial importância, porque en-
tre seus alunos e discípulos, naquela época, eu me encon-
trava. Em razão desse fato e outros tantos, eis a razão da
minha profunda admiração por ele, e não poderia ser de
outra forma, por que: “Melquisedeque e o mestre Jesus são
a mesma pessoa.”
Quanto à última parte da experiência, diz respeito à opor-
tunidade a mim oferecida, naquela noite, de rever, pela pri-
meira vez, a minha irmã que havia falecido recentemente e
por quem eu sempre tive grande afeição. Eu havia lhe pro-
metido que, se ela voltasse para o mundo espiritual antes
de mim, eu iria visitá-la. Esse foi o nosso primeiro contato
174
que, apesar de breve, foi seguido de vários outros em que
tivemos oportunidade para conversar e matar saudades.
Experiência 2
Saio do corpo e subo muito alto no céu, sentindo um
grande bem-estar. Tento ir à casa de uns amigos, mas sin-
to que tem alguém comigo, que me puxa para trás. A pes-
soa está invisível. Então, eu levo a mão direita para o lado
esquerdo e pego em uma mão pequena e delicada. Era de
uma mulher pequena e jovem. Levo a mão até o seu bra-
ço e seguro sua mão. Sinto seu rosto próximo ao meu, do
lado esquerdo, um pouco atrás. Pergunto o seu nome, ela
responde: “Juliete”. Lembro-me de ter reconhecido o seu
nome como o de alguém muito querido. Pedi a ela que sem-
pre me dissesse o seu nome, quando nos encontrássemos,
para que eu não o esquecesse. Ela voltou comigo para mi-
nha casa. Entrei em meu corpo, mas, ainda, conseguia se-
gurar a sua mão e senti-la perfeitamente, mesmo já estando
dentro do corpo.
Comentário
Como disse antes, eu sempre estou acompanhado por al-
guém do mundo espiritual, quando saio de meu corpo físico.
Nesse dia a pessoa que me acompanhava era Juliete, uma
jovem pequena e muito delicada, de quem eu gosto muito.
Muitas vezes, a pessoa que nos acompanha fica invisível,
para não causar uma dependência do tipo aluno/professor
ou aprendiz/guia. No meu caso, eu logo descobri isso e pas-
sei a surpreender meus acompanhantes espirituais, toman-
175
do algum tipo de atitude que eles não esperavam.
Nessa noite, pedi a Juliete que sempre repetisse o seu
nome para mim, porque é normal não nos lembrarmos dos
nomes das pessoas do mundo espiritual, quando temos um
segundo contato. Esse fato é devido às más condições de
nosso cérebro. Para mim, tornou-se bastante comum, após
voltar para o corpo, ver e ouvir as pessoas que habitam o
outro lado da vida.
Experiência 3
Saio do corpo e vou falar com o Dr. Fritz, pois, em outra
saída do corpo, havia recebido um recado dele dizendo que
queria falar comigo. Quando me aproximei, verifiquei que
ele estava sentado em uma mureta e recostado em uma pi-
lastra. Ele se apresentava como uma pessoa alta, um pouco
esguia, moreno claro, cabelo preto e comprido até próximo
ao ombro. Parecia que ele tinha participado, recentemente,
de algum trabalho. Estava compenetrado, sério, ar de can-
sado. Presentes estavam mais duas pessoas que, também,
queriam falar com ele. Aproximamo-nos e perguntei-lhe se
estava terminando o trabalho na cidade do Rio de Janeiro.
Ele respondeu que, ainda, demoraria um pouco. Eu queria,
na verdade, perguntar sobre o meu caso.
Nesse momento, perco a consciência, por um instante, e
quando fico consciente novamente, estou em um hospital,
rodeado por uma equipe médica que se preparava para ope-
rar-me. Estou aguardando minha vez. Mas, antes de mim,
um homem se deita na mesa de cirurgia e, rapidamente, ele
176
é operado na região esquerda da cabeça, próximo ao ouvido.
Na cirurgia é retirada uma porção de tecido de cerca de
dez por quatro centímetros, era um tumor. Ele sangrou
muito, mas levantou-se bem.
Por fim, chegou a minha vez. Estava de calça e sem ca-
misa. Aproximei-me da mesa e, no mesmo instante, veio
uma moça aplicar-me uma anestesia. Estava um pouco re-
ceoso com a cirurgia. Deitei-me sobre a cama e ela, então,
colocou uma agulha de acupuntura entre os meus dedos,
indicador e polegar, da mão direita (esse é um ponto de
analgesia em acupuntura). Uma outra pessoa colocou ou-
tra agulha de acupuntura do lado esquerdo da cabeça, per-
to da linha do cabelo com a testa. Ouvi outra pessoa dizer:
“Vamos aplicar uma anestesia aqui”, e aplicou uma injeção
no lado direito da cabeça, na mesma posição da agulha de
acupuntura. Perdi os sentidos e já acordei no corpo. Mesmo
estando no corpo físico, mantive a ligação com o mundo
espiritual. Iniciei uma conversa mental, perguntando: “Fui
operado de quê?” “De linfoma”, responderam. Quis saber
mais. Então, disseram-me: “A cirurgia foi para regular seu
peso basal, para ficar mais forte e aproveitar melhor os ali-
mentos, porque você estava meio fraco”. Disseram, também,
que esse problema impediu até o meu crescimento normal.
Notei que eu estava falando com o Dr. Fritz. Perguntei-
-lhe a respeito do trabalho que ele queria realizar comigo.
Se durante a realização do trabalho, na matéria, eu estaria
inconsciente. Ele respondeu que não, que eu estaria um pou-
co consciente, para aprender sobre tudo o que fosse feito.
177
Disse, ainda, que o trabalho, desta vez, seria diferente dos
outros que ele tinha feito com outras pessoas, porque envol-
veria mais pessoas que cuidariam, também, da consciência.
Em certo momento, já apagando a consciência, eu per-
guntei: “Mas, e os recursos para construir a estrutura para
atender às pessoas?” Ele disse algo como: “Se eu bater o
pé no chão, faço surgir o dinheiro que for preciso.”
Comentário
Em minhas saídas do corpo, algumas vezes, tive a opor-
tunidade de encontrar-me com o Dr. Fritz. Para quem não
sabe, Dr. Fritz é um médico do mundo espiritual, que for-
mou uma grande equipe de médicos espirituais, para reali-
zar um grandioso trabalho de ajuda aos que sofrem aqui na
Terra. Para isso, são utilizados vários médiuns, em diversas
partes do Brasil.
Nessa experiência, fui ao seu encontro, atendendo a um
chamado seu, transmitido em outra saída do corpo físico.
Ele estudava a possibilidade de realizar um trabalho co-
migo. Trabalho esse que envolveria, também, o ensino da
consciência humana. A nossa conversa foi antes da cirurgia
que já estava marcada.
Na hora da operação, eu estava receoso, pois quando saí-
mos do corpo levamos as sensações da matéria e, muitas
vezes, agimos como se estivéssemos no corpo físico. Mas,
felizmente, correu tudo bem durante a cirurgia. No dia se-
guinte, no entanto, eu me senti bastante debilitado e tive
que reduzir o ritmo de minhas atividades.
178
A cirurgia foi para a retirada de um tumor nos gânglios
linfáticos, cujo nome é Linfoma. Após a operação, aconte-
ceu tudo o que o Dr. Fritz havia dito: Houve aumento do
peso corporal. Também passei a me sentir mais disposto e
com mais energia.
Experiência 4
Saio do corpo durante a minha preparação; em seguida
me vejo entrando na casa de uma família japonesa. Entre
homens, mulheres e crianças, calculei, mais ou menos, dez
pessoas.
Uma mulher, que aparentava ter cinquenta anos, usan-
do um chapéu de palha, veio ao meu encontro e me dis-
se: “Está quase chegando, não?” Eu respondi: “Eu sei, é a
consciência que está chegando e, então, eu vou descobrir
que já fui um japonês, não é?”
Abracei aquela mulher com grande carinho e segui abra-
çando e beijando todos ali, inclusive as crianças. Eu tinha
plena certeza de que eles faziam parte de minha família.
Comentário
Essa foi mais uma das várias experiências mostrando
minhas vidas passadas. Quando realizamos esse tipo de
trabalho de despertamento da consciência, também temos
nossas torcidas no mundo espiritual. São nossos amigos e
familiares espirituais, que torcem por nós e ficam felizes
quando obtemos êxito. A mulher japonesa que veio rece-
ber-me demonstrou que vinha acompanhando o meu pro-
gresso no trabalho da conquista da consciência humana.
179
Naquele dia, fiquei muito feliz por encontrar aqueles meus
familiares do passado e de quem eu tanto gosto.
Experiência 5
Saio do corpo e vou a uma cidade com grande movimen-
tação de pessoas na rua. Observo que no meu ombro está
um bichinho semelhante a um gato. A todo momento, ele
lambe meus cabelos; noutra hora, passa a língua no meu
rosto. Ando pela cidade com o bicho no meu ombro; isso
já me incomodava bastante. Cheguei em uma lanchonete e
resolvi comprar alguma coisa para o bicho comer. Pedi um
refrigerante e um salgadinho; perguntei o preço e a moça
que me atendeu disse que era R$1,20 (Um real e vinte cen-
tavos). Retirei várias moedas do bolso e comecei a contá-
-las. Nesse meio-tempo, chegou outra mulher e disse: “Vai
pagar em moeda?” “Mas ainda vale?”, perguntou. (Ela me
fez essa pergunta, porque a experiência ocorreu no tempo
da implantação do cruzado novo e estava havendo a troca
da moeda no Brasil.) Respondi que eu trabalhava no Banco
Central do Brasil e que havia instruções para que ninguém
se negasse a receber a moeda antiga, sob pena ser preso.
Informei à mulher que ela só precisava depositar o dinhei-
ro em banco.
Apanhei o salgadinho e comecei a dar para o bicho. Ele
era muito engraçadinho e, às vezes, tinha cara de criança.
Ele não gostava que eu visse a sua cara. Certo momento,
ele se esperneou e saltou para o chão, foi até a esquina e
voltou em seguida; saltou em meus braços e ficou se esfre-
180
gando em mim. Tentei jogá-lo no chão, mas foi impossí-
vel, pois ele se agarrou em mim; sua força era incrível. De-
pois de algum tempo, consegui lançá-lo ao chão, dizendo,
já bastante irritado: “Nunca mais vou andar com esse bi-
cho mal-educado”.
Logo em seguida, encontrei um amigo que também es-
tava fora do corpo, perto de uma máquina de moer cana.
Cumprimentamo-nos e ele rodou a máquina e moeu uma
cana para nós. Ao lado, havia uma máquina de fazer pastel.
Rodei a manivela da máquina e coloquei o meu braço pa-
ra passar pela máquina, para que o meu conhecido notasse
do que eu era capaz. Ao espremer o braço, senti uma leve
dor, mas sem nenhuma consequência maior.
Eu queria fazer minhas observações diretas do mundo
fora da matéria. Isso em vista, perguntei ao meu amigo “se
ele sabia que estava fora do corpo”, ele acenou com a ca-
beça, afirmando que sim. (Na verdade, ele não sabia, ape-
nas respondeu mecanicamente.) Convidei-o para andarmos
pela cidade, a fim de olhar para as pessoas que também es-
tavam fora do corpo, porém não sabiam. Ele me ofereceu
um copo do caldo de cana, tomei só um pouco, pois o cal-
do estava meio quente. Saímos.
Logo vimos passar um homem alto, todo de branco, pa-
recia um oficial da marinha. Eu disse para o meu amigo:
“Olha o reflexo de luz branca sobre seus ombros; isso mos-
tra que ele está fora do corpo físico.” Vamos segui-lo, falei.
Começamos, a partir daí, uma longa caminhada atrás dele.
Chegamos, enfim, a uma grande igreja, completamente
181
lotada de pessoas. O homem que vínhamos seguindo subiu
por uma escada que saía bem no meio da igreja. Era muito
brilhante, parecia revestida de vidro. Era proibido subir por
ali. Mas, mesmo assim, conseguimos subir rapidamente sem
sermos vistos. A escada fazia muitas curvas e, finalmente,
chegamos a uma sala, lá no alto. O homem de branco, no
entanto, desapareceu por ali. Dessa sala, tínhamos visão para
outra sala anexa. Eu me aproximei e vi, no interior da sala,
algumas pessoas sentadas em um banco, ao redor de uma
mesa redonda. No centro pude ver seis pessoas, inclusive
um padre, vestidas de anjos. Disse ao meu amigo: “Olha,
são pessoas que se fazem passar por anjos!”
As pessoas já tinham me visto e não gostaram, por isso,
saíram para nos mandar embora. Vinham acompanhadas
de outras pessoas da segurança.
Mas, no instante em que nos preparávamos para sair
dali, apareceu uma garota que, olhando para meu amigo, deu
muitas gargalhadas, pois ele estava com uma roupa muito en-
graçada. Estava vestido com uma capa preta sobre os ombros,
mas com as pernas de fora; também não aguentei e ri a valer.
Chamei meu amigo e disse: “Vamos sair daqui”. Para eco-
nomizar caminho, o segurei pela mão e voamos até embai-
xo. Pousamos bem no meio da igreja, em um dos corredo-
res de circulação. Na saída, havia uma banca de venda de
flores, para as pessoas que entravam na igreja. Meu ami-
go apanhou um vaso e quebrou-o batendo com ele sobre
a banca. Eu vinha logo atrás dele e resolvi refazer o vaso.
Coloquei minhas mãos ao redor dos cacos do vaso e o re-
182
constitui, concentrando meu pensamento no desejo de re-
construí-lo. Deixei o vaso sobre a mesa e segui para fora
da igreja. A partir desse instante, não vi mais o meu amigo.
Resolvi seguir sozinho para fazer minhas pesquisas. Ca-
minhei por uma trilha, que subia por entre umas casas sim-
ples. Parecia uma vila. Notei que eu estava sendo seguido,
de longe, por um rapaz. Era moreno e de estatura media-
na, cabelo um pouco crespo; ele estava o tempo todo por
perto, como se fosse um transeunte qualquer. Enquanto
continuava subindo pela trilha, ouvi o rapaz dizer para um
outro homem de mais idade, bastante corpulento, que se
aproximara dele: “Como ele (eu) resiste e não volta para o
corpo!” Resolvi fazer uma surpresa para ele: virei para trás,
rapidamente, e disse: “Se é para eu voltar para o corpo, é
só dizer-me que voltarei”. O homem mais velho virou-se
para o lado e sumiu, enquanto o rapaz seguiu comigo di-
zendo: “Eu não sei se deve voltar ou não, pois eu só digo
o que eu tenho certeza”.
Seguimos conversando. Perguntei o seu nome, ele me dis-
se que era Felinto. Informou-me que tinha trabalhado em
um Terreiro de Umbanda e, na época, “era a mulher mais
faladeira quando estava incorporado”. Disse que a mulher,
ou seja, a médium com quem ele trabalhara, chamava-se
Renilda e tinha falecido há um ano. Fiquei surpreso e dis-
se a ele que eu a conhecia naquela época em que ela, ainda,
estava vivendo no corpo físico.
A médium, por ser mulher, queria trabalhar com um es-
pírito de mulher. Assim, Felinto teve que desempenhar o
183
papel de uma POMBAGIRA, para poder trabalhar com Renil-
da. Após a morte de sua médium, Felinto ficou, até aquele
nosso encontro, no mundo espiritual, sem trabalhar aqui
no mundo físico.
Comentário
Essa experiência é muito enriquecedora, pois ela tem
vários aspectos que podem ser realçados: para aqueles que
têm sede de saber, que saibam. Aprendam que o outro lado
da vida pode ser visitado, visto, analisado e nos dar gran-
des conhecimentos.
O primeiro aspecto a ser analisado é o caso do bicho que
andava agarrado em meu ombro. Uma pessoa mais apres-
sada logo perguntaria: “Existe bicho no mundo espiritual”.
A resposta é sim e não. Não existe bicho daqui do mundo
material na outra dimensão da vida. Mas existem bichos
que são criados no mundo espiritual para servir a algum
propósito. Assim, aquele bichinho que andava agarrado a
mim fora criado do lado de lá, para servir de “Alavanca”
da minha memória, quando eu retornasse ao meu corpo.
Tudo o que é diferente e anormal nos prende a atenção
de maneira especial, fazendo com que nossa frequência ce-
rebral aumente e fixe a lembrança do ocorrido. Esse pico
de energia não nos deixa esquecer os acontecimentos fora
do corpo.
O segundo aspecto que merece ser realçado é o fato de
que a maioria das pessoas sai de seus corpos quando estão
dormindo e não se dá conta disso. Na maior parte das ve-
184
zes, as pessoas não se lembram que estiveram fora do cor-
po. Outras vezes, se lembram como se fosse um sonho.
Quando saímos do corpo conscientemente, como foi o
meu caso, nós podemos realizar estudos, pesquisas e até des-
cobertas interessantes. Nesse dia, resolvi olhar as pessoas e
analisar seus comportamentos e atitudes quando estão fora
do corpo. Escolhi, aleatoriamente, para fins de estudo, um
homem vestido com uniforme de oficial da marinha, que
por ali transitava. Logo que ele passou por mim, olhei ao
redor de seus ombros e tórax e identifiquei o reflexo de lua
branca que mostrava que se tratava de uma pessoa que tinha
um corpo físico, mas que estava, no momento, fora dele.
O terceiro aspecto que chamamos a atenção é a pessoa
que eu chamo de meu amigo. Eu vinha, há bastante tempo,
mantendo-o sob observação. Na verdade, ele era um tipo
de aluno que eu estava treinando. No mundo material tra-
balhávamos na mesma instituição e sempre que havia uma
oportunidade passava a ele lições sobre a saída do corpo
e a respeito do mundo espiritual. Nesse dia, aqui relatado,
eu queria testar seus conhecimentos e desenvoltura fora
do corpo.
Um quarto aspecto relevante é o caso da igreja cheia de
fiéis. Com a perda da consciência, aqui no mundo físico, o
homem ficou sem a ponte que ligava os mundos que lhe
pertencem por direito de criação.
Sentindo a carência do convívio com o lado espiritual
que o complete, o Ser Humano começou a criar estruturas
de compensação no mundo físico. Após a perda do corpo
185
material, esta mesma pessoa chega ao mundo espiritual e
necessita encontrar as suas estruturas para atender ao seu
mundo emocional.
Uma dessas criações foram as estruturas religiosas com
suas igrejas e templos. Assim, o mundo espiritual teve que
se adaptar a tudo, criando representações das estruturas da
matéria, para que o homem, lá chegando, se sentisse “em
casa”.
Um quinto aspecto de relevo é a pessoa de Felinto. Ele
era um Ser Humano, ou melhor, um “espírito” que traba-
lhava em um centro de Umbanda, aqui no mundo físico.
Ele foi destacado para trabalhar com a médium Renilda,
mas ela queria trabalhar, ou seja, incorporar um espírito de
mulher. Felinto, desse modo, teve que se “transformar” em
Pombagira, quando incorporava, para atender ao desejo de
sua médium. Lembro, mais uma vez, que conheci Renilda
pessoalmente aqui neste mundo. Presenciei, inclusive, vá-
rias incorporações suas com a Pombagira, que na verdade
era o espírito Felinto.
Experiência 6
Saio do corpo e demora um pouco para abrir a consciên-
cia. Quando fico consciente, estou em uma sala em com-
panhia de um homem. Ele acionava um aparelho que pro-
jetava um filme na parede. Ele mostrou-me a figura de um
homem e disse: “Esse é JOÃO DE ..., que viveu no interior
do Estado de Minas Gerais. Ele teve uma vida simples”. A
cabeça tinha um destaque especial. Os cabelos eram lisos e
186
negros, caíam até os ombros. Tinha uma figura alta e bela.
O homem que projetava o filme voltou a dizer: “Agora ob-
serva essa cabeça, ela vai surgir no passado, no Texas, USA,
como o biólogo John Burke”. Nesse instante, notei que sur-
gia na tela, como se fosse um programa de computador, os
dados dessa pessoa. Era tudo muito rápido, eu tentava ler
o máximo que podia, mas no final só consegui ler o nome
e a atividade da pessoa.
Tive uma crise emocional tão grande que fiquei sufo-
cado. Voltei para o corpo, ainda com grande emoção, pois
recordei que aquele homem fora eu mesmo, em mais uma
das minhas inúmeras vidas, em outros corpos materiais.
Comentários
Por várias vezes, no mundo espiritual foram mostrados
para mim esses tipos de filmes ou projeções de imagens
com a finalidade de passar um conhecimento ou mesmo
mostrar fatos e acontecimentos do passado.
Nesse dia me foi mostrada uma sequência de vidas pas-
sadas. Uma e logo depois a outra. Infelizmente, tudo foi
muito rápido, com o objetivo de não me chocar muito. Mas,
mesmo assim, tive uma crise emocional, quando percebi que
estava vendo o meu passado, bem à minha frente.
Experiência 7
Durante a minha concentração, saio do corpo e tomo
um veículo que inicia uma viagem por uma longa estrada.
Era dirigido por um rapaz moreno, boa estatura, mas um
pouco gordo. Perguntei-lhe se era um guia para aquela ati-
187
vidade que íamos desenvolver. Ele respondeu que ainda
era um aprendiz. Atrás do rapaz havia um homem que o
auxiliava na condução do veículo, tipo automóvel. A velo-
cidade do veículo foi aumentando e notei que passávamos
por galhos de árvores pelo caminho. Era de propósito, para
ver se eu tentaria desviar, pois é sabido que objetos mate-
riais não podem nos atingir fora do corpo. No começo, eu
tentei desviar dos galhos, mas depois lembrei que eles não
poderiam me ferir e fiquei quieto. Logo que a velocidade
aumentou, já estávamos voando; daí a pouco nos aproxi-
mamos de uma construção muito interessante. Ela estava
situada dentro de uma grande erosão ou escavação, no ter-
reno que formava uma grande cratera. Descemos e observei
muitos tipos de veículos estranhos. Eles andavam ou voa-
vam muito rápido. Entramos nessa imensa construção, que
se assemelhava a um gigantesco barracão. Lá dentro exis-
tiam estranhos aparelhos e máquinas desconhecidas aqui
na Terra. Era um imenso laboratório. Eu podia observar o
processamento de vários produtos, ou seja, estavam reali-
zando análises químicas de tudo.
Percebi logo, que eu estava em visita a uma base extra-
terrestre situada na Terra, ou seja, no plano físico.
No momento em que cheguei à base, chegaram mais seis
pessoas visitantes. Ao nosso encontro vieram várias pes-
soas. Eram técnicos e trabalhadores dali. Comecei a con-
versar com um rapaz que tinha o rosto todo marcado por
cicatrizes ou algo parecido. Disse-lhe que eu me lembrava
de tê-lo visto da outra vez que ali estivera. Recordava, per-
188
feitamente, de seu rosto que mudava de aspecto a todo o
momento. Ele me disse que eu estivera lá, em outra vez, e
que tínhamos conversado. Era meu desejo fazer-lhe umas
perguntas. Então, ele chamou um rapaz moreno, com fei-
ções orientais, para atender-me. Toquei no seu ombro e ten-
tei cumprimentá-lo, estendendo a mão. Lembrei-me, então,
de que os extraterrestres não cumprimentam apertando as
mãos como nós. Retirei a mão e perguntei-lhe: “Ah, vocês
não gostam de cumprimentar assim, não é?” Ele me disse
que sim, acenando com a cabeça. Nesse momento, todos
os meus companheiros sumiram ou foram retirados. Eu
comecei a andar pelo recinto e a fazer perguntas. Aproxi-
mei-me de dois rapazes e lhes questionei se eles estavam
no corpo ou fora dele. Disseram para eu observar o reflexo
que os recobria, o que demonstrava que estavam no cor-
po. Eu disse que tinha entendido, mas no início não tinha
visto o reflexo.
Informaram-me que tinham feito uma pesquisa agrícola
na cidade de Rio Verde em Goiás e ficaram apreensivos, pois
os agricultores estavam usando um veneno na agricultura
que continha “granadio”, que causa grandes danos à saúde.
Informei-lhes que realmente nessa região se utilizam di-
versos tipos de defensivos agrícolas. O rapaz, então, me dis-
se que ia inverter a questão, chamaria o responsável para
fazer-me perguntas. Conduziu-me até outra seção; sentei-
-me em uma banqueta e aguardei. Aproximou-se um rapaz
moreno, estatura baixa, com um sinal na gengiva, cabelo
crespo, fez um coquetel cor-de-rosa escuro e ofereceu-me
189
a bebida em um copo longo e fino. Provei-a e perguntei-lhe
o que era aquilo; respondeu-me, disfarçadamente, enquan-
to preparava um para ele: “Isso é para não deixar você se
lembrar”. Retruquei dizendo que era exatamente o que eu
queria: lembrar-me de tudo. Ele me disse: “Tome devagar,
mas não engula, finge que bebe, mas não beba”. Falou-me
isso, também de maneira disfarçada.
Coloquei o líquido na boca, mas não tinha o que fazer,
pois se o jogasse fora eles veriam. Tomei, então, uma deci-
são: Vou voltar para o corpo, pois, assim, eu não me esque-
ço. Acionei o corpo, voltei e me lembrei de tudo.
Comentário
Essa foi mais uma das várias experiências em que tive
contato com habitantes de outros Planetas. Nesse dia, fora
do meu corpo, eu fui a uma de suas bases situadas aqui no
mundo material. Dentro da base estavam presentes pessoas
em corpo físico e outras sem corpo material. Todos traba-
lhavam em pesquisas que visam, sempre, nos ajudar.
Na conversa que tive com eles e pela minha própria ob-
servação, deu para entender que a área principal das pes-
quisas, naquele momento, era o setor de alimentos e a con-
taminação constante por agrotóxicos.
A cidade de Rio Verde foi citada porque essa localidade é
um grande polo agrícola e o uso de agrotóxico é crescente.
Quanto ao líquido que me ofereceram para tomar e es-
quecer, ao contrário, tinha o propósito de me fazer lem-
brar de tudo. Era a aplicação, mais uma vez, da alavanca da
190
memória. Ao longo de meu aprendizado fora do corpo e
aqui neste mundo, pude presenciar e comprovar muito do
trabalho e do acompanhamento que os nossos amigos de
fora, ou seja, de outros planetas, realizam aqui. Uma prática
bastante comum é a instalação de pequenos aparelhos, se-
melhantes a pequenos “chips”, no corpo de pessoas. Muitas
vezes, fora do corpo, presenciei a colocação desses apare-
lhos nas pessoas. Ao voltar para o corpo, entrei em contato
com algumas delas, que não sabiam do fato, e relatei o acon-
tecido. Em um desses casos, o “chip” tinha sido implan-
tado na coxa. O local estava dolorido e havia uma bolinha
que podia ser apalpada e deslocada sob a pele. Esse peque-
no aparelho permaneceu no local ao longo do tempo, sem
qualquer problema. Em outra pessoa, vi colocarem o apa-
relho dentro do cérebro, no espaço situado entre os lóbu-
los esquerdo e direito. Nesse espaço, como fiquei sabendo,
eles colocam o “chip” sem causar qualquer dano à pessoa.
Experiência 8
Saio com total consciência do corpo. Para isso, uso uma
técnica que desenvolvi para sair, quando a frequência está
baixa e a saída estiver demorando a ocorrer. Portanto, saio
“empurrando com os pés até sair pelo alto da cabeça”. Ao
terminar de sair, vejo um rapaz que estava me esperando.
Ele me diz: “Conseguiu sair dele, hein? Não force nova-
mente. Descanse agora.” Voltei e tornei a sair e fiquei pró-
ximo olhando meu corpo deitado. Dei várias voltas ao re-
dor dele, a uma distância que não o permitia me atrair para
191
ele. Estava fazendo um estudo da reação do corpo com a
minha presença. Quando eu me aproximava dele, percebia,
perfeitamente, a sua reação com a minha aproximação. Vol-
tei ao corpo e dormi.
Comentário
Nessa experiência, eu falo de uma técnica que desenvol-
vi para sair do corpo, quando estava mais difícil a saída. A
técnica consiste em: após relaxar profundamente, experi-
mente mover lentamente os pés extrafísicos dentro do pró-
prio corpo, e empurrar todo o corpo espiritual até o topo
da cabeça abrir-se e dar passagem para a saída.
Na verdade, é semelhante a um parto, onde o espírito é
o bebê que sai pela cabeça, empurrado pelos pés. É uma
técnica de força que maltrata bastante o corpo. Nesse dia,
eu estava testando meus limites. Por isso, meu amigo do
mundo espiritual estava muito preocupado, porque eu já
havia saído do corpo várias vezes seguidas.
Eu sempre gostei de testar e estudar as reações do corpo
com a minha aproximação dele. Mesmo fora, fiquei olhan-
do para meu corpo deitado, enquanto me aproximava de-
vagar. A partir da distância de um metro e meio, ele come-
çava a me puxar, energeticamente, tentando sugar-me para
dentro dele. Eu me afastava uns passos e ele perdia o con-
tato comigo. Assim, eu fazia meus testes. Muitas vezes, eu
deixava que me puxasse lentamente até entrar dentro dele.
Saía de novo e deitava ao lado de meu corpo, só que em
posição invertida; a minha cabeça virada para os pés dele e
192
deixava que ele me puxasse para dentro.
É uma sensação muito estranha. É como se minha cabe-
ça estivesse tocando algo duro, ou seja, os ossos de meus
pés e pernas.
Outras vezes, para fazer experiência, eu me deitava em
cima de meu corpo, rosto com rosto, peito com peito. Desta
forma, eu me encaixava no corpo e, de novo, sentia a sen-
sação estranha de estar tudo errado. Nesse caso, eu sentia
como se estivesse olhando pela parte de trás da cabeça; os
meus braços espirituais se projetavam das costas, em sen-
tido contrário ao natural.
É bom lembrar que, nesses casos de testes, nunca tentei
levantar o meu corpo, pois é bem provável que não conse-
guiria ficar de pé.
Experiência 9
Saio do corpo e começo a voar. Resolvo identificar quem
está comigo nesse dia, porque sempre há alguém me acom-
panhando nas saídas. Passo as mãos por trás para tocá-lo,
não consigo encontrar ninguém. Passo, então, a mão direita
sobre o braço esquerdo e sinto uma mão segurando meu
braço. Faço um giro e passo o braço direito por cima dele
e abraço seus ombros, colocando-o do meu lado direito.
Tratava-se de um menino de aproximadamente seis ou
sete anos. Ele ficou um pouco nervoso com a minha atitu-
de. Eu o acalmo e começamos a conversar. Pergunto seu
nome, ele diz que é “André”. Pergunto quando ele deixou
o corpo e voltou ao mundo espiritual. Ele me responde
193
que foi quando tinha “nove quilos”. Ele informa, também,
que esse seu último corpo tinha sido encomendado por ele,
para vir à Terra. Perguntei-lhe: “Como isso foi possível, se
as pessoas estão inconscientes e não se lembram do que
combinam no mundo espiritual?” Ele não me deu nenhu-
ma resposta.
Nesse momento, percebi que estava cansado, com von-
tade de deitar e relaxar. Deitei-me um pouco no chão. Logo
depois, fiquei de joelhos e abracei aquela criança. Ele dis-
se que tinha trazido a sua irmãzinha um pouco menor. Ele
informou-me que era líder dos “Sixwild”. Perguntou-me
se eu já tinha ouvido falar dos “Sixwild”. Por mais que eu
tentasse, não conseguia entender o nome direito. Ele sole-
trou no meu ouvido, mas mesmo assim demorei a entender.
Voltei ao corpo.
Comentário
Nessa saída, merece destaque o fato de alguém, geralmen-
te, estar nos auxiliando fora do corpo. No meu caso, sem-
pre tenho como companhia meus orientadores, auxiliares
ou professores, que me instruem. Com o tempo aprendi a
identificá-los e até brincar com eles. Com isso, fiz grandes
amigos do outro lado da vida que me prestam grande aju-
da no meu aprendizado.
Nesse dia, a pessoa que me acompanhava tinha a repre-
sentação de uma criança. Durante a conversa, ela me for-
neceu uma informação preciosa, que foi a “encomenda de
seu último corpo, quando ela nasceu na Terra”.
194
Pude perceber, então, que seu último corpo foi adquiri-
do de modo diferente, porque tudo foi combinado antes;
um casal se comprometeu a gerar um corpo para que ele
“André” pudesse vir a ocupá-lo.
Experiência 10
Estava dormindo à noite, quando despertei fora do corpo,
ou seja, fiquei consciente no mundo espiritual. No momen-
to em que tomei consciência de que estava fora do corpo,
observei ao meu redor e notei que eu estava no consultório
de um médico que me examinava. Era um pouco corpulen-
to e falava com sotaque espanhol. Disse para mim que eu
tinha um problema do lado direito, na altura da virilha. Era
algo chamado IPO..., não deu para entender o nome direito.
Esse problema teve origem no parto, ou seja, originou-se
da ação da pessoa que auxiliou o meu nascimento. O médi-
co disse que teria de operar-me. Fez uma ficha, marcando
a data 17-04-1987, Sexta-Feira da Paixão, para a realização
da cirurgia. Tentei argumentar que nunca tinha sofrido nem
um pequeno corte; se era realmente necessária a cirurgia; ele
me respondeu que não era urgente, mas que precisava ope-
rar. Observou que eu andava meio retesado do lado direito.
Mostrou-me um tipo de radiografia do local; nela eu vi duas
figuras redondas, semelhantes a pequenos tumores. O no-
me do médico era Dr. Renato. Perguntei quantos minutos
demoraria a operação, ele respondeu, brincando comigo:
“Duzentos minutos.” Achei muito. Enquanto conversáva-
mos, chegou sua esposa, sentou-se ao meu lado. Saí dali e
195
fui para outro local de atendimento, que era um centro es-
pírita. Ali me apresentaram várias pessoas que pertenciam
a grupos de trabalhos espíritas. Queriam que eu fosse tra-
balhar com eles, em seus grupos.
Nesse instante, chamaram uma mulher que chefiava o
centro para conversar comigo. Informei a ela o caso do meu
exame médico. Quando descrevi o médico, alguém veio de
outra sala e disse que era o Dr. Renato.
Eu disse à mulher que eu havia entendido que a opera-
ção era no corpo físico, mas, na verdade, era no corpo as-
tral. Ela quis rebater, quando me disse que eu estava fora
do corpo. Ela me falou que era outra coisa, era espiritual.
Eu não concordei e provei a ela que, muitas vezes, já havia
visto meu corpo e não tinha mais dúvidas. Ela achou inte-
ressante e chamou outras pessoas para ouvir o meu relato.
Durante esse tempo, eu observava uma amiga que tinha ido
encontrar-me no local; ela escorou em uma árvore próxima
e começou a dormir. Voltei ao corpo e anotei tudo.
Comentário
Essa foi uma experiência, fora do corpo, em que fui ope-
rado. No decorrer de quase três décadas de estudos e via-
gens espirituais, já passei por várias cirurgias espirituais pa-
ra correções de problemas físicos. Com o passar do tempo,
é natural que o corpo humano, como tudo que vive, sofre
a ação do tempo. Muitos desses desgastes naturais podem
ser corrigidos, antes que se tornem problemas sérios de di-
fícil solução. A ciência de nosso tempo, ainda, não possui
196
as condições necessárias para fazer certos diagnósticos –
muitos situados no mundo energético – e receitar o trata-
mento adequado. Na dimensão espiritual, no entanto, os
diagnósticos são possíveis e os tratamentos, cirúrgicos ou
não, também são possíveis. Nesse dia, após a realização da
cirurgia, senti grande melhora e a disposição física aumen-
tou consideravelmente.
Para melhor entendimento, explico que as cirurgias espi-
rituais são realizadas no corpo energético de ligação. Este
é um corpo bioplasmático, que pode ser manipulado cirur-
gicamente. Uma vez feita a correção nesse corpo de inter-
mediação, entre as duas dimensões da vida, essa nova in-
formação é repassada para a estrutura física, que se adapta
de imediato ou num prazo de até três dias.
Desta forma, quando a pessoa é operada no mundo es-
piritual, ao retornar, tudo é corrigido no corpo físico. Do
mesmo modo, são realizadas as operações dentro dos tra-
balhos espíritas.
Experiência 11
Saio do corpo e vou a uma festa. Lá tem muita comi-
da exposta em uma mesa. Sinto que estou com fome e me
aproximo para comer alguma coisa. Sirvo-me de arroz, fei-
jão, quiabo e mais alguns vegetais. Em uma sala, ao lado,
muitas pessoas estão dançando, muitos são jovens e dan-
çam ao som de uma música do conjunto “The New Kids
On The Blocks”.
Observava a festa, pensando como a vida era interessante,
197
com suas duas dimensões bem distintas, quando se aproxi-
ma uma mulher conhecida que me informa: “O seu nome
era hatruyry”. Eu respondi que ele era um índio. Ela, en-
tão, disse: “O que a sua esposa quer mais, ela é casada com
alguém que é avô dos próprios pais”. Naquele momento,
eu tinha sido informado e me lembrado de minha última
vida, anterior a essa, vivida no mundo físico.
Comentário
O mais importante nessa saída é a informação e a con-
firmação da minha última vida na Terra, anterior à presente.
Nessa última vida eu fui um índio; minha tribo habitava
a região montanhosa da Serra da Canastra, hoje uma reser-
va que constitui o Parque Nacional da Serra da Canastra,
Minas Gerais.
Fui viver com os brancos, onde constituí família, casan-
do-me com uma mulher branca. Tive vários filhos, sendo
que uma das minhas filhas veio a ser minha atual avó pa-
terna, hoje já de volta ao mundo espiritual.
Durante a minha convivência com minha avó, quando
ainda criança, sempre notei o carinho e atenção que ela me
dispensava. Era o resquício do amor filial que ela me dedi-
cava na vida anterior. Nessa vida atual, além de minha avó,
também convivi com outros filhos que sempre me dedica-
ram grande apreço.
Experiência 12
Estou dormindo. De repente acordo fora do corpo. Vejo-
-me em uma cena em que um homem desequilibrado procu-
198
ra ferir várias pessoas. Ele andava procurando essas pessoas
em companhia de seu irmão. Estava armado e o seu irmão
lhe dizia: “Você matou seus avós, seu pai, sua mãe e vai que-
rer matar-me, também?” Eu estava por perto, observando.
Ele sabia que eu atrapalhava seus planos. Eu era amigo das
pessoas que ele perseguia. Então, começou a procurar-me,
também, para atacar-me. Daí a pouco, eu me encontrei com
ele junto a uma casa. Ele avançou contra mim com um ob-
jeto semelhante a uma pequena vassoura, que esguichava
um veneno muito forte. Ele lançou o veneno no meu rosto,
eu não tinha como fugir, eu estava cercado, a minha morte
era certa. Gritei por socorro; chegou um homem de gran-
de autoridade, que era meu amigo, para socorrer-me. Na-
da mais eu vi. Tudo se apagou, nada mais senti. Fiquei um
tempo sem consciência. Quando novamente voltei a ficar
consciente, estava deitado e havia uma mulher, minha ami-
ga, me observando. Nesse instante, eu pude ver que tudo
se passava no antigo Egito, em uma outra vida.
Eu estava com um amuleto (tipo talismã) pendurado em
meu pescoço. Retirei-o e o entreguei para a minha amiga,
pedindo: “Toma e veja o que tem aí dentro para mim”. Era
uma corrente com um pacotinho bem embrulhado, ser-
vindo de medalha. Não se via o que existia dentro. Levan-
tei-me e saí da sala; vi e ouvi uma criança que falava alto:
“Essa mulher não pode te cobrar tanto assim.” A minha
amiga aproximou-se de mim, novamente, e começamos a
caminhar enquanto ela falava: “E aí, você se lembra do que
disse o menino?” “Sim”, respondi: “Ele disse que a mulher
199
não podia cobrar-me daquela forma.” Ela voltou a dizer:
“Naquela época, você ficava meditando, em seus jardins e
terraços, e não a procurava para relacionamentos íntimos.”
Nesse momento, tudo ficou claro em minha consciência; e
lembrei-me dessa vida que vivi como um faraó do antigo
Egito, do amuleto que levava sempre no pescoço, e que fui
assassinado, ainda jovem, com um veneno letal.
Voltei ao corpo físico, muito entristecido, por mais es-
sa vida.
Comentário
Nessa saída do corpo, tive a oportunidade de vivenciar
mais uma vida passada. Das muitas vidas vividas no Egito,
essa foi muito marcante, pois, ainda jovem, fui envenena-
do e morto com o propósito de tomarem a minha coroa
de faraó. Nesse período, o Egito vivia em constante turbu-
lência política. As traições eram constantes e não se sabia,
com certeza, quem era amigo e quem era inimigo. O que,
de fato, interessava era o poder. A classe dos sacerdotes era
a mais respeitada e temida, já que, na verdade, ela manipu-
lava a política e o poder.
Apesar de, muitas vezes, não lembrarmos de vidas vivi-
das em um país, sempre temos grande atração e admiração
por ele. Isso se explica o fato de que a “sensação” não per-
tence ao campo da matéria. Assim, ela não fica bloqueada
por problemas do corpo físico. Desta forma, a sensação não
se engana. Por essa razão, eu sempre tive grande afinidade,
atração e até saudade do Egito, sem nunca tê-lo conhecido
200
nesta vida presente.
Experiência 13
Estava deitado, em profundo relaxamento, quando sen-
ti que estava subindo por uma espiral até atingir o espaço.
Senti o corpo arrastar-me de volta. Voltei ao corpo e repeti
o mesmo impulso e consegui atingir novamente o espaço.
Notei que eu percorria o céu estrelado em alta velocidade.
Mesmo longe, pude sentir que o meu corpo, lá em minha
casa, estava com dificuldade de respirar. Mesmo distante,
eu abri um pouco a minha boca, o que causou um grande
alívio no meu corpo, lá embaixo. Pouco depois, eu desci e
pousei no chão e entrei em uma casa, que parecia uma fa-
zenda antiga. Dentro, escutei o rosnado de leões. Eu me
aproximei e vi vários animais descansando, por ali. De re-
pente, sem que me desse conta, eu já estava subindo por
uma trilha, montado em um animal estranho, que se pare-
cia muito com um leão novo. Eu segurava o seu pescoço
com as duas mãos. Logo depois, cheguei em frente a uma
pequena casa onde se encontrava um garoto montado em
um belo cavalo. O garoto sorriu para mim, acenei com a
mão, cumprimentando-o. Eu me aproximei da porta da casa;
saiu uma mulher que, também, sorriu para mim. Perguntei-
-lhe onde era aquele lugar, explicando-lhe que era um via-
jante e não sabia que lugar era aquele. Ela me respondeu,
informando-me que eu estava em Portugal e que aquela
propriedade pertencia a José Álvares. Enquanto ela falava,
notei que seu sotaque era o português falado em Portugal.
201
O fato mais importante dessa experiência aconteceu
quando a mulher me informou o nome do dono da pro-
priedade; nesse momento eu me recordei: José Álvares ti-
nha sido eu mesmo, em outra vida. Eu tive total certeza,
tanto que me lembrei: um pouco mais à frente ficava a ca-
sa grande, mais nova. Era a casa principal. Eu sabia que,
dentro da casa, havia uma grande biblioteca, onde existiam
vários livros e outros trabalhos que eu tinha escrito nessa
outra vida. Eu me aproximei da porta, tentando encontrar
uma maneira de entrar. Ali, bem próximo, havia um homem
me observando o tempo todo. Naquele instante, lembrei-
-me que havia uma chave em uma saliência da porta e que
eu sempre a deixava ali para entrar na casa. Caminhei para
o lado da construção, onde havia um barranco de cerca de
vinte metros de altura, que circundava um imenso lago. Saltei
os vinte metros de altura e atingi o lago. Deslizei sobre ele
em direção a um bosque que ficava à frente. Alguém invi-
sível me puxou para a direita, até atingir a margem do lago.
Nesse instante, senti que fui puxado de volta para o corpo.
Comentário
Quando saímos do corpo, pode acontecer de ele ficar
mal acomodado. O corpo pode ficar deitado por cima do
braço, causando uma má circulação. Outras vezes podemos
deixar o corpo em uma posição que dificulta a respiração;
ou deixá-lo descoberto e com frio.
Nesses casos, muitas vezes, consegui corrigir o problema
de longe, mas noutras vezes foi necessária a minha volta ao
202
corpo para fazer a correção.
No mesmo dia, tive outra oportunidade de recordar ou-
tra vida passada. Essa foi em Portugal e meu nome era José
Álvares. Nessa vida me dediquei à literatura. Deixei vários
livros escritos, além de outros trabalhos literários.
Eu residia em uma casa ampla, com uma grande biblio-
teca. Ela se situava próxima à cidade, mas era uma fazenda
na zona rural. É bom lembrar que grande parte de minhas
vidas eu vivi em contato com a natureza. Mais tarde, vim
saber que esse fato faz parte do meu caminho na busca da
consciência.
O fato de ver muitas vidas passadas ajuda a desaparecer
o receio natural que todos têm de enfrentar a morte quan-
do o momento chegar.
Experiência 14
Saio do corpo e fico consciente no momento em que es-
tou deitado em uma cama de solteiro, fora do corpo. O lo-
cal parece um hotel ou hospedaria; ao lado tem uma outra
cama, onde está deitada uma mulher, que me lembrei ser
minha amiga. Foi o mesmo que eu acordar do outro lado
da vida. Disse para ela que “eles” vinham buscar-me e eu
estava com medo. Chamei-a para deitar-se ao meu lado na
cama, para me dar mais coragem. Antes que ela viesse dei-
tar-se comigo, eu olhei para a porta e vi “eles” chegando.
Comecei a me lamentar e tapei os meus olhos no momen-
to em que “eles” ficaram invisíveis. Parecia que eu estava
no corpo, pois tudo era real demais.
203
Retiraram-me da cama e carregaram-me para fora da
casa. Dois deles me conduziram, colocando seus braços
por baixo dos meus, na altura das axilas, levantando-me no
ar. Eu continuava desesperado. Quando saímos, reconheci
aquele lugar: era a fazenda de minha avó, que fica no mu-
nicípio de Sacramento-MG. Fora dos currais, que ficavam
na entrada da casa, avistei um veículo muito estranho que
pertencia a “eles”. Era um tipo de trator com carroceria pe-
quena e uma frente semelhante a um caminhão Mercedes.
Levaram-me para o veículo, diante dos olhares assustados
de meus familiares (também estavam fora do corpo). En-
quanto me conduziam para o veículo, eu estava suspenso
no ar por dois deles; disse em voz alta que eu iria com eles,
mas me disseram qualquer coisa para me acalmar. Ouvi,
então, uma voz no meu ouvido esquerdo, que dizia: “Você
não queria uma chance para colaborar conosco? Pois, co-
mo prometemos, prometemos, não! Porque não promete-
mos nada a ninguém, mas estamos te dando uma chance
de colaborar conosco em nosso trabalho.”
Colocaram-me no trator e sentaram-me sobre algo que
parecia toras de madeira. A partir daí, deixaram-me sozinho
e não os vi mais por um bom espaço de tempo. O trator
permanecia estacionado à beira dos currais do lado de fora
da fazenda. Veio uma amiga até próximo do veículo e aba-
nou a mão dando adeus para mim. Logo chegaram quatro
homens, estavam visíveis. Nesse momento, eu fiquei saben-
do que “eles” eram extraterrestres, que estavam atendendo
a um pedido meu para trabalhar com eles. Tinham aparên-
204
cia normal do homem da Terra. Vestiam calças e camisas
claras e gravatas com os colarinhos desabotoados. Eram
fortes, pareciam lavradores, exceto um rapaz mais novo
que era mais esguio. Subiram na carroceria do veículo e me
cumprimentaram sorridentes. Estenderam-me as mãos pa-
ra me cumprimentar, exceto um deles que aparentava uns
quarenta e cinco anos. Ele não quis me dar a mão em cum-
primento, dizendo-me que ainda não tinha se adaptado a
esse costume aqui da Terra. Um dos homens, que estava
ao seu lado, e que parecia chefiar o grupo, se desculpou co-
migo, informando-me que aquele outro havia chegado re-
centemente à Terra e ainda não tinha se acostumado a esse
nosso costume. Não me importei e sorri contente para o
grupo. Nesse meio-tempo, já havia perdido todo o medo,
após saber que estavam ali a meu pedido.
O estranho veículo finalmente se deslocou, rodando pe-
lo chão, enquanto dávamos adeus aos meus curiosos fami-
liares, que nos olhavam de longe. Enquanto contornáva-
mos o curral, observei a casa da fazenda toda às escuras
por fora. Ouvi, nesse momento, a voz de uma mulher que
comentava que aquela era uma casa simples. Eu informei
a ela que para os padrões da região, aquela era uma gran-
de fazenda. Mostrei os antigos limites da propriedade, que
eram: o monte lá no alto e, do outro lado, o início da Ser-
ra da Canastra, chamada naquele ponto de Serra das Se-
te Voltas. Informei-lhe, também, que a fazenda era muito
grande, mas com o falecimento de meu avô, os herdeiros
foram vendendo as suas partes. Ouvi, de novo, a voz da
205
moça dizendo que, na humanidade, existiam muitas pes-
soas boas e que era importante auxiliarem uns aos outros.
Perdi a consciência por uns instantes e, quando despertei
novamente, estávamos terminando de contornar os fun-
dos da fazenda e chegávamos às margens de um riacho.
Nesse ponto, minha mãe já havia tomado conhecimento
da notícia e estava me aguardando muito preocupada. Ao
avistá-la, eu disse para o grupo: “Olha, ela está preocupa-
da, tanto que nos seguiu e chegou aqui primeiro.” Disse a
ela para se acalmar e não ficar preocupada, pois eu estava
bem. Um dos homens desceu do veículo e ficou a uma pe-
quena distância, junto a uma árvore caída. Ele estava ten-
tando localizar o nosso caminho. Eu sabia que estávamos
nos dirigindo a uma base que eles possuíam naquela dire-
ção. Nesse instante retornei ao corpo.
Obs.: Posteriormente, em outra saída do corpo, estive
na base e conversei com todos eles.
Comentário
Nessa experiência, quando eu me vejo fora do corpo, já
me lembro que havia uma “programação” para aquela noi-
te. Já estava marcada uma visita a uma base extraterrestre.
Na verdade, “eles” vieram buscar-me e levaram-me até lá.
Uma das coisas que me chamou a atenção foi o veículo que
eles usavam. Era muito diferente de nossos veículos.
Quando as pessoas chegaram, pude notar que alguns
eram extraterrestres, outros não. Eu fiquei muito apreen-
sivo, porque em um acontecimento anormal e desconhe-
206
cido não conseguimos imaginar como vamos ser tratados.
Um costume nosso e que as pessoas de outros planetas
não têm, e também não gostam de usar, é o cumprimento
apertando as mãos. A bem da verdade, esse costume ajuda
a desarmonizar o nosso campo energético. Eles, sabendo
disso, não gostam de usá-lo.
Nessa época, eu vivia pedindo uma chance de partici-
par, com pessoas de outros Planetas, de alguma atividade
que estivessem desenvolvendo aqui. Devido a esse fato, eles
resolveram dar-me a chance. Outro fato que merece des-
taque é o caso dos nossos familiares, que mesmo fora de
seus corpos, à noite, ficam preocupados conosco se algo
diferente nos acontece. Isso me levou a compreender que
mesmo estando distantes uns dos outros, ou ainda, habi-
tando dimensões diferentes da vida, sempre nos preocu-
pamos uns com os outros. É como se um alarme espiritual
soasse, avisando aos demais membros que algo estranho
está acontecendo com alguém do grupo.
Nesse dia, como havia grande tensão, voltei ao corpo an-
tes de entrarmos na base. Posteriormente, por várias vezes,
estive em bases suas, onde recebi várias explicações sobre
tudo que nos cerca e tudo que nos acontece.
Experiência 15
Eu saio do corpo. E quando a consciência se abre, vejo
uma vaca correndo em minha direção. É um animal imenso,
parece mais um elefante. Recordo que estou fora do corpo
e posso voar. Levanto-me no ar e a vaca passa por baixo de
207
mim. Ela segue em direção ao grande barracão que está à
minha frente. Sigo, de longe, aquela estranha vaca, para sa-
ber mais sobre aquela cena. Ela entra no barracão, em uma
sala à esquerda. Apresso o passo e entro em uma outra sala
à direita e fico espreitando por uma fresta da porta, que di-
vidia as duas salas. Eu tinha uma visão ampla da outra sala.
Era possível ver tudo o que acontecia lá dentro. Estava fa-
zendo tudo isso, porque a história da vaca que parecia ele-
fante não me convenceu. Eu achava que aquela figura era
alguém disfarçado de animal. Enquanto observava a estra-
nha vaca pela fresta da porta, vi alguém retirar a cabeça de
vaca e sair de dentro do corpo. Era uma mulher que apa-
rentava uns cinquenta anos de idade. Comecei a rir, empur-
rei a porta e entrei. Ela olhou para mim, impressionada, e
disse: “Você viu tudo?” Disse a ela que, muitas vezes, eu
estava consciente fora do corpo e percebia tudo, inclusive
essas formas de treinamento que eles me aplicavam. Ou-
tras vezes, mesmo fora do corpo, eu ficava inconsciente e
não percebia direito esse tipo de teste.
A mulher me informou, então, que daquele momento
em diante eles iriam mudar muito os meus orientadores
no mundo espiritual. Disse também que a maioria seria de
mulheres, porque elas tinham mais facilidade para lidar co-
migo, fora do corpo. Elas gostavam de mim e comentavam
sobre isso.
Durante todo o tempo em que eu estive fora do corpo,
observei que alguém estava sempre próximo a mim, mas
não interferia em nada. Nesse momento, voltei ao corpo e
208
fiz minhas anotações.
Comentário
Em muitas de minhas saídas do corpo, sou submetido
a testes para ver como anda o meu entendimento quando
estou no mundo espiritual. Isso porque, nessa outra dimen-
são da vida, as pessoas geralmente têm comportamentos
estranhos, demonstram medo de pequenos acontecimen-
tos. Outras vezes, agem como crianças assustadas frente a
situações corriqueiras da vida. Quando acordam, dizem que
tiveram sonhos estranhos ou mesmo pesadelos horríveis.
Isso se explica pelo fato de que, normalmente, as pessoas
saem do corpo desequilibradas e não possuem treinamento
para agir fora do corpo. Geralmente, elas não “acordam” no
mundo espiritual, ou seja, elas não sabem que estão fora do
corpo e agem como se estivessem aqui, no mundo material.
Nessa minha saída, eu logo notei que aquela encenação
da vaca, com orelhas imensas, era um teste para verificar o
meu entendimento e percepção do mundo espiritual. Quan-
do olhei a figura da vaca, notei que abaixo das orelhas havia
uma cicatriz que circundava todo o pescoço. Mas, olhan-
do mais atentamente, pude verificar que se tratava de algo
semelhante a um zíper. Logo, concluí que ali dentro havia
alguém me testando. Por isso, também resolvi fingir que
acreditava, para me divertir com aquela situação. Segui a
vaca sorrateiramente, sem que ela me visse. Eu queria dar
um belo susto na pessoa que se passava por uma vaca. Con-
segui meu intento, quando abri a porta, repentinamente, e
209
flagrei a mulher retirando a vestimenta de vaca. Ela tomou
um grande susto.
Por várias vezes, eu fiz isso com meus instrutores, para
mostrar-lhes as minhas capacidades fora do corpo.
À medida que o tempo foi passando, eles encarregavam-
-se de alguns trabalhos bem difíceis. Nunca me obrigaram.
Em todos os momentos, sempre me deixaram à vontade
para recusar, quando o caso trazia risco ou desconforto à
minha pessoa. Em todos os casos em que podia colaborar,
com a finalidade de ajudar alguém, nunca recusei. Se isso
acaso aconteceu, eu não me recordo.
Um desses casos complicados, em que eu fui chamado
para ajudar, foi o de uma mulher que ficou presa em seu
próprio corpo, devido a um curto-circuito no seu sistema
energético. O seu corpo físico se retorceu todo, da mesma
forma ela ficou retorcida e não tinha como acionar o co-
mando cerebral, para organizar todo o caos em que se en-
contrava o seu mundo interno.
Eu estava fora do meu corpo, mas carregava comigo
energia física, portanto somente eu tinha condições ade-
quadas para interferir naquele corpo físico, pois o trabalho
teria que ser realizado aqui, do lado material.
Iniciei o trabalho. Puxei, com todo o cuidado, a mulher
para fora do corpo. Em seguida, preparei-me para entrar em
seu corpo. Eu já havia entrado no corpo de outras pessoas,
mas todas estavam bem de saúde. Nesse caso, no entan-
to, era diferente. Era uma situação difícil. Meus instrutores
disseram-me que se eu não fizesse o trabalho ela morreria,
210
ou seja, perderia o seu corpo. Não havia outra forma de
resolver o caso.
Assim, cuidadosamente, fui entrando no seu corpo. A
sensação era horrível. Era como entrar em uma roupa, tipo
macacão emborrachado, muito apertado – porque o corpo
dela era bem menor do que o meu – e cheio de pontas de
fios elétricos que me davam choques. Eu sentia dores por
todos os lados.
Devagar, fui esticando o seu corpo. Primeiro, as pernas.
Depois, os braços, mãos e dedos. Em seguida, organizei a
energia e os circuitos cerebrais. Por fim, movi o seu corpo
para um lado e para o outro. Respirei profundamente e re-
laxei bem o corpo dela.
Durante esse tempo, ela permaneceu fora do corpo, sen-
do atendida por uma equipe espiritual. Depois disso, saí de-
vagarzinho, com todo cuidado, do corpo daquela mulher.
A equipe espiritual aproximou-se com ela e a colocou de
volta no seu corpo, agora harmonizado energeticamente.
Em seguida, voltei ao corpo, mas permaneci por vários
dias sentindo muitas dores, principalmente muscular, em
função do efeito do trabalho realizado.
Experiência 16
No momento em que abre a consciência fico conscien-
te, percebo que estou em uma espécie de consultório, onde
estão várias pessoas. Iniciamos uma conversa muito interes-
sante. O assunto era a linguagem dos animais. Eu disse que
fora do corpo é fácil conversar com eles (os animais); mas
211
quando estamos no plano material é mais difícil, é preciso
acreditar e ter sensibilidade. Chamam-me para uma espécie
de consulta em outra sala. Quando vou caminhando, uma
moça diz que a minha última vida no mundo material, an-
terior à presente, tinha sido no Texas (USA), conforme es-
tava anotado em minha ficha, no mundo espiritual. Entro
no consultório e o doutor diz: “É o José Antônio, o rapaz
pobre.” Sentei-me na cadeira, que parecia de dentista. O
médico examinou-me, enquanto quatro pessoas ali senta-
das observavam-me. Perdi a consciência e voltei ao corpo.
Comentário
Nessa saída do corpo, tive a oportunidade de conversar
sobre um assunto muito importante, que é a linguagem dos
animais. Eles têm uma consciência própria e nós não temos
acesso a ela, devido ao estado de inconsciência em que as
pessoas se encontram. Desenvolvendo a consciência, fica
mais fácil o acesso à consciência deles.
A linguagem animal é bastante diferente da humana.
Com muita atenção e treinamento, podemos aprender e
entendê-la. É preciso usar toda a capacidade de acreditar
e desenvolver a sensibilidade. “Muitas vezes vemos e não
enxergamos, ouvimos, mas não escutamos; percebemos,
mas não acreditamos.”
“A linguagem animal é abrangente, coletiva e genérica.”
“O animal não fala para o animal, ele fala para a sua es-
pécie e para a sua frequência da vida.”
Não é possível conversar individualmente com um ani-
212
mal. Na verdade, mesmo quando assim o fazemos, estamos
conversando com o coletivo representado por um indivíduo.
Quando estamos no mundo espiritual, temos mais fa-
cilidade para entender um animal, aqui, no plano material.
Nessa saída do corpo, também foi comentado sobre a
minha última vida, que estava anotada na minha ficha de
controle, no plano espiritual. Essa vida, na verdade, foi a
penúltima, pois a última foi anotada, posteriormente, em
minha ficha.
Essa penúltima vida foi no Estado do Texas (USA). Nes-
sa vida, minha profissão era biólogo; portanto, mais uma
vida ligada à natureza.
Experiência 17
Saio no exercício e me vejo voando pelo mato, passando
pelas árvores. Logo depois, chego a um sítio de um homem
que aparentava ter cerca de cinquenta anos. Começamos a
conversar. Ele mostrou-me uma cisterna bem funda e disse
que o ideal era um poço raso, tipo cacimba, e não um da-
quela fundura. Desconfiei que ele tivesse corpo físico, ou
seja, que ele também estava fora do corpo. Perguntei-lhe se
ele tinha um corpo físico, se estava encarnado na matéria.
Ele confirmou, dizendo-me que sim. Perguntei-lhe, então,
se existiam outras pessoas conscientes como ele, vivendo
no corpo físico. Eu achava que, se existissem, seriam mui-
to poucos. Ele disse que havia outros como ele e que os
diversos grupos do mundo espiritual se comunicam. Per-
guntei-lhe, então, se ele lembraria de nossa conversa quan-
213
do voltasse ao seu corpo. Ele respondeu, afirmativamente,
que se lembraria. (Obs.: Ele achava que se lembraria. Mas,
na verdade, quando retornasse, ele de nada se lembraria. Is-
so, porque ele não havia preparado o seu sistema cerebral
para se lembrar quando do retorno ao corpo.)
Perguntei-lhe por que ele fazia aquele trabalho (eu me
referia à sua participação no grupo da Seicho-no-yê, ao qual
ele pertencia). Respondeu-me que não esperava que eu fi-
zesse aquela pergunta. Era difícil de responder, pois ele era
um empresário rico e tinha o que queria. Eu estava ansioso
para saber mais. Por isso, perguntei-lhe se o seu ramo de
atividade era de computação. Ele confirmou. A sua empre-
sa ficava situada em Campinas-SP.
Notei que ele tinha dificuldade de ouvir-me. Eu quis lo-
go saber o porquê; ele me respondeu que estava com uma
infecção no ouvido. Indaguei-lhe se nós poderíamos nos
encontrar e conversar na matéria, ou seja, com os nossos
corpos físicos. Ele me disse que, primeiro, seria necessário
falar com o seu chefe.
Continuamos caminhando pelo sítio. Em certo momen-
to, saltei e apanhei uma galinha que por ali passava. Pergun-
tei-lhe: “Peguei ou não peguei a galinha?” Ele confirmou,
dizendo que sim. Quando fui voltando para o corpo, trou-
xe o nome daquele simpático senhor que também saía do
corpo com boa clareza de consciência.
Comentário
Nessa saída do corpo, eu entrei em contato com um ho-
214
mem que pertence ao grupo da Seicho-no-yê do Brasil. Ele
é um dos dirigentes no Estado de São Paulo.
É bom mencionar que os diversos grupos religiosos, filo-
sóficos, esotéricos, etc., existentes aqui no plano físico têm,
cada um, sua representação no mundo espiritual. Existem,
no entanto, grupos organizados aqui, que não têm repre-
sentação espiritual, porque é entendido que o objetivo de-
les é apenas material.
Em outubro de 1999, existiam quase duas centenas de
grupos com assento no “Grande Conselho Espiritual”.
O homem com quem conversei, nesse dia, era um japo-
nês. Sempre que eu falava, ele tinha dificuldade de ouvir-
-me. Observei que ele tinha uma infecção no ouvido, o que
prejudicava sua audição. É bom lembrar que os problemas
físicos e emocionais que temos na matéria, nós os levamos
para o plano espiritual, quando saímos do corpo. Isso por-
que, tudo que atinge o físico é repassado para o corpo es-
piritual, que sente seus efeitos.
Experiência 18
Durante a noite tive uma outra saída do corpo. Por um
momento, perco a consciência, até começar a ouvir, lenta-
mente, uma conversa a meu lado. Percebo que há alguém
falando comigo. É um rapaz que está me orientando fora
do corpo. Estamos dentro de um grande cinema, sentados
um ao lado do outro. Minha visão foi clareando aos poucos
e eu o vi. Era um rapaz alto, delgado, moreno claro. Co-
meçamos a ver uma fita de motociclismo. Mostrava, com
215
detalhes, os obstáculos da pista, tudo colorido; era muito
bonito. Vi também que havia um degrau natural na pista.
Comentei que era uma pista difícil com um obstáculo da-
queles. O rapaz, então, informou-me que aquela corrida de
motociclismo tinha acontecido nos USA, há poucas semanas.
Ele me pediu desculpas por ter-me levado para ver aquela
fita, porque muitos outros guias eram estudiosos e aficio-
nados por museus. Por essa razão, levavam-me a Londres e
Berlim para ver as antiguidades históricas. Concluindo, ele
disse que preferiu levar-me para ver a fita de motociclismo.
Eu disse que estava gostando. A fita chegou ao fim.
Apesar de estar consciente e prestando atenção em tudo,
eu achava que estávamos em um cinema na matéria. Em
razão disso, pensei que, no momento em que terminasse
o filme, eu passaria a ver tudo no mundo material, mesmo
estando fora dele. O corpo começou a puxar-me para a ma-
téria; resisti e não voltei.
Terminou o filme e saímos conversando. Na porta do
prédio, já na calçada, havia um conjunto de som e gravação
exposto, colocado sobre o chão. Era azul escuro ou pre-
to e composto de vários módulos. Notava-se que era ul-
tramoderno. Ele olhou e comentou que era um conjunto
muito bom e que deveriam tê-lo utilizado na transmissão
da prova. Saímos conversando e aproveitei o momento pa-
ra perguntar-lhe se ele poderia auxiliar-me no processo de
conscientização fora do corpo, realçando certos pontos que
fossem mais importantes na “saída”. Então, perguntou-me
se eu estava querendo que ele me desse o “Nevir”. Enten-
216
di que ele se referia ao estado de consciência descrito por
algumas pessoas como o “Nirvana”. Respondi de pronto
que não era isso que eu estava querendo dizer, mas se ele
poderia destacar certos detalhes que me pudessem auxiliar
na conquista da consciência naquele plano, ou seja, fora da
matéria. Comentei, também, que não tinha importância e
que, de fato, o importante mesmo era continuar lutando
contra essa “maldita inconsciência”. Ele disse que ainda te-
mos muito que fazer. Retruquei que, nesse caso, sabia que
tinha dado passos importantes, mas tinha conhecimento de
que a caminhada era longa. Ele, então, contou-me um fato
que acontecera fora do mundo material, um acidente. Era
o caso de um pai que acompanhava o filho fora do corpo
(o pai já estava no mundo espiritual e o filho vivia na ma-
téria). No treinamento do filho, estava programada a reali-
zação de uma “Cena de Morte”. Tudo seria filmado, passo
a passo, mas na hora da cena, o “cameraman” cometeu um
erro e causou um acidente grave. No momento em que ele
descrevia o acidente, eu deixei de ouvir a sua voz, só via a
sua boca mover-se. Tudo ficou parado, eu já tinha voltado
ao meu corpo, sem perceber. Mesmo no corpo, ainda pude
entender que o acidente não ocorreria mais, pois o proble-
ma que o causara fora corrigido.
Comentário
Muitas vezes, quando saio do corpo, a pessoa que es-
tá comigo, fazendo-me companhia, procura levar-me aos
museus de Berlim, Londres e outros lugares importantes,
217
para vermos as antiguidades históricas que falam sobre o
homem e o tempo na Terra.
Nesse dia, ao contrário, o meu orientador do mundo es-
piritual preferiu levar-me para ver uma fita de uma corrida
de motociclismo. O mais importante é que ele me informou
que aquela prova já havia acontecido, há poucas semanas
nos Estados Unidos.
Nesse tempo, eu tinha muita pressa em atingir a consciên-
cia e o controle das saídas do corpo. Em razão disso, pedi
a ele que me ensinasse uma forma mais rápida para atingir
o meu objetivo. Ele, por outro lado, disse que era melhor
eu caminhar devagar e não me apressar, porque isso não
era bom. Para sair do corpo com tranquilidade, e lembrar-
-me de tudo, são necessários muitos anos de treinamento.
Muita perseverança e persistência, dedicação constante e
sobretudo resistência ao desânimo, que é o maior obstácu-
lo que se encontra pelo caminho.
Experiência 19
Faço minha preparação e saio do corpo. Sinto as mãos e
os braços se soltarem do corpo. Vou até fora de minha casa
e encontro uma moça, minha amiga do mundo espiritual.
Sinto o corpo puxar-me de volta. Digo a ela que vou vol-
tar novamente ao corpo e acionar, de novo, para sair com
maior tranquilidade. Volto ao corpo e torno a sair, dessa vez
com maior equilíbrio. Fico próximo a uma mesa, onde há
uma moça sentada. Converso com ela na matéria, ou seja,
ela está no seu corpo físico e eu estou fora do meu. Assim,
218
mesmo em planos diferentes, eu falo e ela me ouve. Digo
a ela para segurar a minha mão e ela não sentirá. Ela se ad-
mira, por não sentir a minha mão na sua. Ela continua fa-
lando comigo, mesmo estando no seu corpo.
Durante esse tempo, eu via, mesmo de longe, o meu cor-
po deitado, sem a minha presença nele. Chegaram várias
pessoas, onde eu estava. Fiquei quieto. Eu achava que es-
tava invisível para eles. A moça disse para eles que tinha
“alguém” ali. Ela, apesar de conversar comigo, não me via.
Saí dali e viajei para longe. De repente, resolvi voltar. Eu
estava voando e pensando em entrar no meu corpo de for-
ma consciente, para não me esquecer de nada. Ao passar so-
bre uma encruzilhada de uma estrada, vi uma casa simples,
onde eu já estivera antes. Desci e me aproximei. Havia por
ali vários equinos. Fiquei observando uma égua e seu apa-
relho digestivo em funcionamento, era muito interessante.
Nesse momento, se aproximou um homem cantando um
ponto de exu. Perguntei-lhe seu nome, dizendo-lhe que eu
tinha esquecido, pois já estivera ali antes. Ele me disse co-
mo se chamava e informou-me que o assunto era meu tio,
que já havia falecido e estava em dificuldades.
Nesse exato momento, o meu tio chegou acompanhado
de um médico. Abracei-o, perguntando-lhe como ele esta-
va se sentindo. Saímos os três caminhando, enquanto con-
versávamos. Meu tio me disse que “vinha resistindo, mas
acabou bebendo. E o doutor, para acordá-lo, teve que ba-
ter na sua perna”. O doutor pedia minha interferência para
ajudá-lo. Fiquei muito penalizado e conversei com o meu,
219
tio, para que se engajasse em um grupo de trabalho a fim
de ajudar outras pessoas, pois no mundo espiritual não há
lugar para o ócio, e sempre oferecem oportunidades espe-
ciais para servir e aprender. Não consegui dizer mais nada,
meus olhos encheram-se de lágrimas; uma dor muito gran-
de tomou conta de mim. Voltei ao corpo muito triste pela
situação de meu tio, com quem eu muito convivi, enquan-
to ele estava neste mundo físico.
Comentário
Nessa saída do corpo existem vários pontos que mere-
cem destaque. Um deles é a possibilidade de, mesmo es-
tando fora do corpo, conversarmos com alguém que está
no corpo. Isso eu pude comprovar em inúmeras oportuni-
dades, em que estava no mundo espiritual; eu falava e era
ouvido, por uma pessoa aqui, no mundo material.
Muitas vezes, eu fiz testes nesses contatos entre as duas
dimensões da vida. Eu pedia que a pessoa me tocasse pa-
ra ver o que ela sentia. Por minha vez, eu tocava na pessoa
ou em objetos materiais, para aprender a lidar com as duas
frequências da vida.
Não são todas as pessoas que têm capacidades de per-
ceber um espírito que esteja fora do seu corpo, ou mesmo
um que já não tenha corpo físico. É necessário ter certas
áreas cerebrais, responsáveis por essas capacidades, bastan-
te energizadas. Isso vai aumentar a sensibilidade ou mesmo
abrir a “vidência” ou a “clarividência”.
Como ilustração, cito um caso interessante de uma mo-
220
ça que trabalhava em minha residência. Muitas vezes, de
manhã, eu saía do corpo em minha sala destinada a essas
práticas, e me dirigia até a cozinha para conversar com ela.
Naquela hora, normalmente, sua atividade principal era o
preparo do café matinal. Aproveitando o fato, perguntava-
-lhe o que ela havia preparado para o desjejum. Ela, então,
me respondia. Logo em seguida, eu voltava ao meu corpo
e retornava à cozinha e constatava que, tudo o que ela ha-
via me dito, estava ali sobre a mesa.
Outras vezes, ela me fornecia outras informações impor-
tantes, como por exemplo: se, quando eu estava fora do cor-
po, alguém do mundo espiritual estivera ali em minha casa.
Certa feita, ela, nesses momentos de nossas conversas,
me disse que um homem, ou seja, o espírito de um homem
tinha ido várias vezes ao seu quarto, enquanto ela dormia.
Mesmo dormindo, ela sentia a sua presença e acordava. As
visitas desse homem acabaram por deixá-la com muito me-
do. Resolvi, então, dar uma olhada para ver o que estava
acontecendo. Na próxima noite, assim que saí do corpo, já
era madrugada, desci as escadas da residência e fui até o seu
quarto. Logo que cheguei, eu a vi dormindo dentro de seu
corpo. Num canto do quarto, havia um homem alto, more-
no e muito forte, olhando fixamente para ela. Perguntei-lhe
o que ele fazia ali. Não soube me responder. Disse a ele que
saísse do quarto e fosse embora e nunca mais voltasse, pois
aquela casa tinha dono e somente com minha permissão
ele poderia entrar nela. Ele foi embora e não mais voltou.
Outro acontecimento interessante: em uma noite saí do
221
corpo e resolvi dar uma vistoria pela casa, para ver se ha-
via, por ali, alguém do mundo espiritual. No interior da re-
sidência, havia um corredor que ligava a sala aos quartos e
à cozinha. Olhando cuidadosamente, pude ver três figuras
deitadas no piso, junto à parede. Pareciam montes de alguma
coisa. Aproximando-me, verifiquei que eram três espíritos,
dormindo enrolados no chão. Toquei neles com a mão e
pedi que ficassem de pé. Eles obedeceram, meio dormindo,
meio acordados. Um deles, mais alto que os demais, que-
ria a todo custo se dirigir ao banheiro para urinar. Mandei
que cada um segurasse a mão do outro e fizesse uma fila
indiana. Peguei a mão do que estava na frente e puxei-os
para fora. Levei-os até um parque público, que ficava nas
imediações, e os deixei lá. Voltei à minha residência, pen-
sando naquela cena insólita de uma pessoa fora do corpo,
conduzindo três espíritos por ruas desertas, às quatro ho-
ras da madrugada, na Capital Federal do Brasil.
No final da experiência comentada, ainda tive contato
com meu tio, que havia falecido há pouco tempo, ou seja,
perdido o corpo. Ele estava com dificuldade de adaptação
ao mundo espiritual. A sua vontade estava debilitada e só
queria ficar quieto, sem fazer coisa alguma. Isso foi reflexo
de sua doença nos últimos anos de vida, que não lhe per-
mitia realizar atividades físicas. A maior parte do tempo ele
queria ficar dormindo.
Foi pedida, então, a minha colaboração para ajudá-lo a
se reerguer. Fiquei condoído com sua situação, abracei-o
e tive uma conversa muito dura com ele, conclamando-o
222
a mudar de atitude e buscar o aprendizado e a experiência
do lado de lá da vida, onde temos todo o tempo e condi-
ções para aprender.
Experiência 20
Saio do corpo e vou direto para um apartamento em Bra-
sília-DF, onde eu deveria comparecer a uma reunião marca-
da com um casal. Levei dois auxiliares comigo para a reu-
nião. Ao chegarmos, tirei meus sapatos e entramos. Ficamos
aguardando, porque o casal ainda não havia chegado. De
repente, entrou pela porta do apartamento um político mui-
to conhecido no Distrito Federal e sua esposa. Ele olhou
para mim e disse: “O rapaz, há muito tempo que eu queria
falar com você. Na última palestra sua cheguei atrasado e
não pude ouvi-lo. Eu quero ver o seu livro.”
A esposa dele se aproximou e presenteou-me com um
grande ramalhete de flores vermelhas e, em seguida, bei-
jou-me nos dois lados do rosto. Além do político e sua es-
posa, havia mais seis pessoas no apartamento.
O meu livro já estava pronto, e sobre uma mesa estava um
pacote contendo várias dezenas de exemplares. Um rapaz
comprou cinco livros e pagou com dez notas de dez reais.
A esposa do político queria muitos livros; mandou o paga-
mento dentro de seu blazer, juntamente com um bilhete.
Fiquei curioso para ver o meu livro que estava pronto no
mundo espiritual, mas, no plano físico, eu demoraria ainda
mais de dois anos para terminá-lo. Observei que ele conti-
nha umas lâminas coloridas, muito interessantes. Algumas
223
eram do cérebro humano, mostrando todo o movimento
da energia que circula por ele. Havia também outra lâmina
colorida que mostrava o Ser Humano e sua busca da cons-
ciência pelos vários caminhos representados por círculos
suspensos no espaço. Uns representavam as religiões e um
outro círculo, mais próximo, representava a consciência di-
reta. Todos os círculos eram interligados por setas. Voltei
ao corpo e anotei tudo.
Comentário
O mais interessante nessa saída é o fato de que este li-
vro, que agora você está lendo, já estava pronto no mundo
espiritual. Aqui, do lado material, no entanto, ainda demo-
raria cerca de três anos para ser concluído.
Aproveitando o momento, dei uma olhada como estava
a minha obra no mundo espiritual e isso era futuro e como
ficaria hoje que é presente. Era um momento mágico; eu
estava olhando e manuseando o futuro e construindo uma
ponte para o presente. Isso porque, as lâminas que mos-
tram o funcionamento cerebral e a busca da consciência
pelo Ser Humano estavam lá no livro. Eu não tive trabalho
de elaborá-las, mas apenas de copiá-las do que eu já havia
feito, mas não me lembrava.
Isso merece uma explicação. Passado, presente e futuro
caminham juntos. No mundo espiritual é possível vê-los,
estudá-los e, no caso do futuro, alterá-lo.
No caso do futuro, em várias oportunidades eu tive a
chance de mudá-lo. Tanto que mudei o meu futuro, como
224
mudei o futuro de outras pessoas. Para fazer isso, o impor-
tante é conseguir saber do futuro. A partir daí, tudo é mais
fácil quando se trata de nós mesmos. Por outro lado, quan-
do se trata de outras pessoas, é mais difícil, pois precisamos
ter acesso a elas e ainda enfrentar a descrença delas.
Na maioria das vezes em que houve minha interferência
no futuro, eram casos de acidentes graves, doenças que não
haviam sido detectadas ou que ainda iam se desenvolver.
No caso deste livro, há mais de dez anos que eu o vejo
e tenho notícias dele no plano espiritual, mesmo antes de
escrevê-lo.
Experiência 21
Certa noite, eu estava dormindo quando, de repente, acor-
dei fora do corpo físico. Observei que eu me encontrava
em um edifício muito diferente das construções aqui da
Terra. A distância entre o piso e o teto era de aproxima-
damente dez metros de altura. Por ali passava muita gente
àquela hora. Notei que uma mulher muito elegante e sim-
pática me seguia. Em certo momento olhei para ela e lhe
perguntei: “Posso falar com você?” Ela respondeu afirma-
tivamente. Em seguida, indaguei-lhe: “Você tem corpo fí-
sico?” Ela respondeu que já tinha levantado o seu corpo
físico. Foi uma forma de dizer-me que já tinha nascido em
outro corpo. Perguntei, então, se o corpo dela estava dor-
mindo, já que ela estava como eu, fora do corpo. Ela afir-
mou que sim, que estava fora do corpo.
A partir daí eu quis saber o nome daquele lugar. Ela,
225
muito educadamente, disse: “Você já ouviu falar da conste-
lação de Órion?” Eu disse que sim. Ela, então, continuou:
“Este mundo, meu planeta, faz parte de Órion e chama-se
‘Tankara’ e o meu nome é ‘Tanka’.”
Seguindo a conversa, perguntei se ali, naquele planeta,
havia algum tipo de religião: ela informou-me que ali eles
seguiam os princípios católicos. Fiquei bastante surpreso e
disse: “Mas aqui também tem religião?” Ela retrucou: “Não,
aqui não tem religião. Os princípios católicos, aqui, são prin-
cípios filosóficos que proclamam a união de um com todos
e de todos com um. “ Ela concluiu dizendo que, no seu pla-
neta, esses princípios não guardavam qualquer semelhança
com o que existia na Terra.
Eu quis saber também se eles conheciam Jesus Cristo.
Ela afirmou que ali, no seu mundo, Jesus era reconhecido
como tal. Da mesma forma, o seu trabalho é conhecido em
todos os mundos habitados pertencentes ao seu sistema.
Nesse instante, chegaram três rapazes e me perguntaram
se eu já havia feito o exame. Eu informei-lhes que não, mas,
se já tivesse feito, eu teria esquecido. A moça disse: “É, você
se esqueceu.” Expliquei a ela que nossos corpos não per-
mitem guardarmos toda lembrança do que acontece fora
dele. Nesse momento, voltei e acordei no meu corpo em
plena madrugada.
Comentário
Não foi a primeira vez que viajei fora do corpo para ou-
tros mundos habitados. Na dimensão extrafísica quase tu-
226
do é possível ao Ser Humano. As nossas possibilidades são
imensas. Tudo é questão de aprender e treinar para ampliar,
indefinidamente, nossos limites.
Nesse dia, a visita ao planeta Tankara foi muito instru-
tiva e agradável. Pude ver construções planejadas para que
o Ser Humano, que ali reside, possa usufruir o máximo de
benefício para o seu corpo e seu mundo energético. A al-
tura do teto de uma residência deve ser ampla, para que o
campo energético das pessoas não fique prejudicado pelo
composto material e possa se expandir. Nunca deveríamos
residir em casas com teto baixo. Isso causa vários distúr-
bios no corpo físico.
As edificações que eu pude observar nesse planeta ti-
nham de oito a dez metros do piso até o teto. É uma altu-
ra razoável, para que nosso campo energético possa ficar
livre, quando estivermos dentro de nossos lares.
Sempre que eu vou a outros mundos, procuro saber mais
sobre nós e nosso mundo, já que, na maioria das vezes, não
temos conhecimento da origem de muitos fatos de que te-
mos notícia ou mesmo acontecimentos históricos.
Uma dessas minhas curiosidades consistia em saber se
a figura e o trabalho desenvolvido pelo Mestre Jesus eram
conhecidos em outros mundos. Isso ficou claro para mim.
Todo o seu plano de resgate da consciência humana, do
retorno do entendimento e da tolerância do homem é co-
nhecido e respeitado nos mundos que nos cercam.

227
Experiência 22
Na noite anterior, estive fora do corpo com meu pai,
que havia falecido catorze meses atrás. Junto com ele, en-
contrava-se minha mãe, que se encontrava fora do corpo.
Falei com eles rapidamente.
Nessa experiência de hoje, um dia após ter falado com
meu pai, encontro-me, novamente, com ele. E mais uma
vez, minha mãe está presente.
Meu pai, para mostrar que está bem, diz para mim: “Olha
como estou forte”, e apertou com força a minha mão. Eu
sorri para ele e disse que era verdade, pois eu senti a sua
mão forte na minha.
Em seguida, ele fez uma reclamação de minha mãe; se-
gundo ele, minha mãe tinha pedido certa quantia em dinhei-
ro emprestado e havia se esquecido de pagar. Ele pedia pa-
ra que eu a alertasse para providenciar o pagamento. Logo
depois, voltei ao corpo e fiz as devidas anotações.
Comentário
Ao longo de quase três décadas tenho estado, constan-
temente, em contato com a morte. Tanto que esses meus
contatos com os entes queridos, amigos ou mesmo outras
pessoas que já se encontram no Mundo Espiritual é mui-
to natural e não me causam qualquer sentimento de medo,
constrangimento, receio, etc. E depois que sabemos e te-
mos certeza que depois da morte a vida continua aqui, ao
nosso lado, tudo fica simples.
Voltemos ao meu pai. Ele gostava muito de apostar queda
228
de braço. Nunca presenciei ninguém vencê-lo. Tinha uma
grande força e jeito especial para isso. Nesse dia em que
eu o encontrei, ele quis mostrar-me como já estava forte
de novo. Quando perdeu o seu corpo estava com oitenta
e seis anos. Nesse momento narrado, tinha a força de um
homem de trinta anos e estava alegre e risonho.
Outra preocupação sua era com o compromisso relati-
vo a um empréstimo que fizera minha mãe, e que também
numa idade avançada não se lembrara de efetuar o paga-
mento. Eu, no caso, nada pude fazer, pois não tinha co-
nhecimento do fato e minha mãe, aqui na matéria, não se
recorda da dívida.
Logo após esse contato com meu pai, comentei com meu
irmão a preocupação dele com a dívida de minha mãe. Para
minha surpresa, meu irmão informou-me que era um em-
préstimo bancário, e ele já havia providenciado o pagamento.
O que fica de mais importante nessa experiência é o fa-
to de que nós, ao passarmos para o lado de lá, não esque-
cemos de nossos compromissos, sejam eles quais forem.
Experiência 23
Saio do corpo à noite e sou informado de que, no passa-
do, todas as pessoas tinham um número. Disseram, também,
que até recentemente, ainda havia resquícios desse tempo;
alguns exemplos disso podem ser vistos em nossa história.
Ex: Henrique VIII, Luiz XV, Dom Pedro II, etc.
Da mesma forma, informaram-me que até os ossos do
nosso corpo eram numerados.
229
Comentário
Em minhas viagens fora do corpo, sempre tenho con-
tato com conhecimentos importantes que foram perdidos
na noite dos tempos. Fatos importantes de nossa histó-
ria foram perdidos para sempre. O nosso passado é muito
maior e mais rico do que o pouco que nós temos guarda-
do. Alguns resquícios do conhecimento, às vezes, chegam
até nós. Um exemplo disso é o fato de que todas as pes-
soas da Terra, em um passado distante, eram numeradas e
conhecidas pelo seu número. Um exemplo disso é o caso
dos nomes da nobreza e dos cargos hierárquicos de certas
organizações que guardam, até hoje, resquícios desse tem-
po distante.
Experiência 24
Saio do meu corpo e deixo-o dormindo. Voo para lon-
ge e me aproximo de um sítio. Entro em contato com uma
família de uma raça diferente das raças que habitam a Ter-
ra. Logo que cheguei, desci na frente da casa e o chefe da
família veio receber-me. Era um homem de cerca de cin-
quenta e cinco anos. Ele tinha grande volume de pelos em
algumas partes do corpo. Em outras partes os pelos haviam
caído. Ele informou-me que sua raça tinha pelos muito es-
pessos em todo o corpo, mas ele e sua esposa já tinham
pelos normais, devido à influência do clima e outros fato-
res que fizeram os pelos em excesso caírem. No entanto,
eles tinham uma filha de cerca de quinze anos, que tinha o
corpo totalmente coberto de pelos, inclusive o rosto. Por
230
esse motivo, ela nunca podia sair e ser vista pelos vizinhos
do sítio, porque isso lhe traria sérios problemas. Já ele e sua
esposa não tinham problemas no contato com outras pes-
soas, porque as suas aparências já estavam semelhantes às
nossas, e dava para passarem como habitantes daqui.
Para se ter uma ideia de seus aspectos físicos, pode-se
comparar sua pele como se fosse pele de um coelho; outro
detalhe que me chamou a atenção foi o rosto que tinha um
formato que se assemelhava com a cara de nosso coelho.
Eram, no entanto, bonitos, tranquilos e muito gentis. No
entanto, eles estavam com um problema sério. Logo, essa
foi a razão de minha ida até eles. A garota estava com uma
infecção muito grave no rosto; ficava no lábio superior, pró-
ximo ao nariz. A região estava muito irritada e doía muito,
fazendo com que ela ficasse muito nervosa e se movendo o
tempo todo. No momento em que o homem me levou até
a garota, eu tentei ajudá-la; no lugar da infecção havia um
pequeno objeto cravado em seu rosto, como um estilete.
Tentei removê-lo, mas não obtive êxito. Lembro-me bem
do momento em que o homem me levou até a sua filha;
fiquei condoído com a sua situação. Abracei a garota, ten-
tando consolá-la, afagando seu rosto e seus cabelos. Nesse
momento, eu percebi, nitidamente, como era seu rosto, e
a maciez dos pelos que o recobria; eram de uma cor cinza-
-azulada, que tornavam aquele rosto de uma beleza singular.
O homem me chamou para fora da casa e mostrou-me
o sítio e o seu gado no curral. Era um gado malhado de
branco e preto, da raça holandesa. Nesse instante, olhando
231
ao longe, reconheci que eu já estivera ali, outras vezes, fo-
ra do corpo. Ao informar esse fato ao homem, ele confir-
mou que eu realmente já estivera ali, mas, devido à pouca
frequência do meu cérebro, eu não me lembrava, mas que
agora estava lembrando. Afirmou, também, que mais tar-
de eu continuaria a me lembrar, porque a minha frequência
cerebral havia melhorado com as minhas práticas.
Perguntei-lhe, em seguida, onde ficava aquele lugar. Ele
respondeu-me que aquele sítio ficava próximo a um luga-
rejo chamado “Santa Rosa”, que era uma pequena cidade.
Verificando o lugar, a vegetação com altos coqueiros e ár-
vores altas, pareceu-me o Estado do Paraná, com seus pi-
nheiros e araucárias. Frente à casa do sítio avistava-se uma
encosta sem vegetação que formava um paredão; ao lado,
a floresta formava um quadro inconfundível.
Na verdade, o que o homem queria era que eu o ajudasse
a socorrer a sua filha que corria risco de morte. Disse que
não poderia levá-la a um hospital, porque chamaria atenção
para eles. Ele e sua mulher tinham o maior cuidado possí-
vel para passarem despercebidos; e se acaso fossem a um
hospital buscar socorro, eles estariam em apuros. Ele sabia
que sua filha estava em perigo, mas, como ele me conhe-
cia e sabia que eu me relacionava com pessoas de outros
planetas, esperava que eu pudesse encontrá-lo na matéria
e ajudar sua filha. Ele insistia para que eu gravasse bem o
lugar, para que pudesse encontrá-lo no corpo. Quando ele
me deu o nome da pequena cidade de “Santa Rosa”, eu
pensei que seria fácil encontrá-lo.
232
Eu me despedi deles e voltei ao meu corpo. Anotei to-
dos os detalhes para não esquecer.
Comentário
Esse foi um dos momentos em que eu achei ser capaz
de contatar uma pessoa no mundo espiritual e encontrá-la
no plano físico. Enganei-me. Faltou-me maior experiência,
à época, pois os detalhes que ele me forneceu eram, com
certeza, insuficientes para a localização. Primeiro, eu pude
verificar que existe quase uma dezena de localidades e pe-
quenas cidades de nome Santa Rosa, distribuídas em vários
estados do País. Segundo, eu deveria ter colhido maiores
informações, como por exemplo: qual o estado em que se
localizava aquela cidade e qual a cidade maior que ficava
por perto.
Em resumo, não consegui localizar a família. Posterior-
mente, tomei conhecimento que a garota havia falecido e
que os demais membros da família tinham retornado ao
seu Planeta de origem.
A minha sensação foi de que eu tinha sido derrotado pela
minha incapacidade cerebral, à época, bem como pela mi-
nha falta de maior experiência nas questões fora do mundo
material. Passei vários dias remoendo meu pesar, por não
ter conseguido ser útil, quando precisaram de mim.
Experiência 25
Nesse dia, quando saio do meu corpo, sou levado para
encontrar minha irmã, que havia falecido há pouco tempo.
Normalmente, após a perda do corpo físico, a pessoa
233
leva consigo o mesmo aspecto físico que possuía nos seus
últimos momentos de vida, no mundo físico. Por isso, ela é
submetida a um tratamento de reconstituição de uma boa
imagem. No caso de minha irmã, tive a oportunidade de
acompanhá-la em algumas fases da sua recuperação.
O seu aspecto já estava muito bom; ela estava muito bo-
nita. Estávamos sentados em bancos confortáveis nas de-
pendências de um hospital do mundo espiritual. Estáva-
mos “matando as saudades”, quando resolvi perguntar-lhe
algo que há muito tempo eu queria saber: “O que ela esta-
va fazendo do outro lado da vida, após a perda do corpo
físico.” Ela pensou um pouco e respondeu-me que “estava
aprendendo a morrer”. Disse, ainda, que tudo que ela sen-
tia quando estava na Terra continuava a sentir ali. Ela tinha
deixado três filhos adolescentes e sentia muita saudade de-
les. Sentia, também, muitas dores das lesões que o seu cor-
po sofreu devido à doença e às cirurgias. Perguntei-lhe se
havia ficado com algum trauma, por causa da morte de seu
corpo. Ela disse que sim.
Eu segurava sua mão, carinhosamente, enquanto obser-
vava a roupa que ela usava nesse nosso encontro. Ela vestia
uma peça única colada em todo o seu corpo; inclusive, as
mangas eram longas e vinham até as mãos. Era toda dese-
nhada, semelhante a escamas de peixe. Observei que esse
vestuário tinha como finalidade auxiliar na recuperação dos
sinais ou cicatrizes que ficaram em seu corpo espiritual. A
roupa agia como se fosse um mata-borrão, que absorvia, ou
seja, “sugava” as cicatrizes, deixando a pele lisa e sem sinais.
234
Enquanto conversávamos, chegaram várias pessoas de-
sencarnadas recentemente, para tratamento. Comecei a con-
versar com elas para aprender mais sobre a morte e a reen-
carnação.
Uma mulher me disse que sentia muita fome. Pergun-
tou-me se eu também não sentia fome. Respondi que sen-
tia fome somente quando estava em meu corpo. Ela achava
que eu, da mesma forma, tinha perdido o corpo, ou seja,
morrido.
Junto a nós, havia uma criancinha que faria, daí a pou-
co, uma cirurgia. Havia também uma moça que era chama-
da de Nininha e estava deitada em uma cama de hospital.
Nesse momento, entrou uma equipe de médicos espiri-
tuais. À frente, vinham um rapaz e uma moça; eram altos,
esguios, rostos de nissei e cor negra. Eram muito bonitos e
estavam vestidos de azul-claro. Eu apontei para eles e mos-
trei-os para uma mulher a meu lado e disse: “Eles são muito
bonitos.” Passados uns poucos segundos, senti meu corpo
puxar-me de volta e tive que retornar.
Comentário
Nessa saída do corpo, fui encontrar minha irmã que havia
perdido seu corpo físico havia pouco tempo. Antes desse
encontro, nós já havíamos nos encontrado por várias ve-
zes. Eu vinha acompanhando a sua recuperação e isso me
trouxe mais experiência com o fenômeno da morte física.
Eu já tinha participado de outros casos, inclusive um em
que eu tive que auxiliar um homem a deixar o seu corpo
235
e “morrer”. Ele havia caído à beira de um riacho e ficado
preso no corpo, já sem vida. Fui chamado para retirá-lo de
dentro do corpo. Com um pouco de trabalho, consegui sol-
tá-lo das amarras energéticas do corpo e puxá-lo para fora.
Levantei-o nos braços e o entreguei às pessoas encarrega-
das de conduzi-lo ao hospital de recuperação.
Mas, nessa noite em que estive com minha irmã, várias
outras pessoas, que também tinham passado pelo transe da
morte, aguardavam tratamento.
Pude observar e conversar com muitas delas, para adi-
cionar mais conhecimentos sobre o comportamento das
pessoas após a morte. Pude comprovar, mais uma vez, que
as necessidades físicas, sensações, sentimentos, traumas, fo-
bias, manias e outros detalhes do viver no mundo material
são, efetivamente, carreados para o mundo espiritual após
a morte.
Retornando ao caso de minha irmã, ela estava, nessa noi-
te, mais tranquila e menos sofrida. Aparentava maior sere-
nidade e maior conhecimento de sua nova situação, como
um espírito sem o corpo físico.
Experiência 26
Saio do meu corpo e, quando tudo clareia, começo a
enxergar corretamente, verifico que estou em uma aldeia
indígena. É o ano de 1206 dC e, nesse tempo, eu sou um
índio e me chamo GIN O GIN. Meu nome significa “O Ven-
to Que Galopa”; sou um conselheiro da tribo, um tipo de
sábio que fala com o invisível.
236
A meu lado está uma mulher já idosa e muito respeita-
da pela tribo. Nesse instante, o sol se põe no horizonte e a
noite se aproxima lentamente. Os guerreiros conversavam,
alegremente, aos grupos ou se distraíam cuidando de suas
flechas e lanças.
A mulher, então, olhou para o céu, chamou os guerrei-
ros e ordenou a eles que preparassem suas flechas. Apon-
tou para uma árvore alta, de copa imensa e muito fechada,
e disse-lhes: “Lancem suas flechas, ao mesmo tempo, so-
bre aquela árvore.” Assim que as flechas atingiram a árvore,
algumas dezenas de pássaros caíram ao chão. Os guerrei-
ros correram alegres e os apanharam e os trouxeram para
a tribo. Fizeram uma grande festa e todos estavam muito
alegres. Voltei ao corpo com uma saudade triste, daquela
vida de liberdade e de muita sabedoria.
Comentário
Esta foi mais uma experiência em que tive a oportuni-
dade de ver e sentir uma vida passada, que vivi cerca de oi-
to séculos atrás.
Recentemente, no ano 2000, vim encontrar aquela mesma
velha índia, com a mesma aparência, vivendo em um case-
bre muito pobre na cidade de Valparaíso de Goiás, cuidan-
do de pessoas que passavam por necessidades. No auxílio
às pessoas carentes, ela se esquecia de sua precária situação.
Era, mais uma vez, uma líder de comunidade. Olhava pa-
ra o sofrimento dos outros e esquecia o seu. Cuidava das
pessoas e esquecia de si mesma. Corria atrás do alimento
237
para os vizinhos de infortúnio, enquanto sua panela estava
vazia. Essa mulher eu não a esqueço.
Experiência 27
Certa noite, quando eu estava fora do corpo, um homem
convidou-me para ir ao encontro de uma mulher muito
importante, que queria falar comigo. Ao chegarmos ao lo-
cal, verifiquei que era uma elevação bastante íngreme, com
uma casa no alto.
Ao subirmos a elevação, notei que, pelo caminho, tam-
bém subiam muitas pessoas para ter contato com essa mu-
lher. Um detalhe me chamou a atenção: as pessoas subiam,
umas de joelhos, outras se arrastando pelo chão, umas cho-
rando e se lamentando, mas todas subiam com grande di-
ficuldade.
Ao chegarmos à casa que ficava no alto desse morro, fui
conduzido até a presença da mulher que eu reconheci ser
“Nossa Senhora”.
Ela me cumprimentou carinhosamente, abraçando-me.
Eu disse a ela que precisava de um favor especial dela. Ela,
então, me disse: “Eu te ajudo se você for meu.” Eu respon-
di: “Eu já sou seu.”
Ela se virou e disse-me: “Quem vai ajudá-lo é ela.” E me
mostrou uma outra mulher vestida da mesma forma que
ela, de vestido longo, como uma santa. Essa segunda mu-
lher estava agachada no chão e de costas para mim, fato
que me impediu de ver o seu rosto. Ao me aproximar da
mulher agachada, minha consciência apagou e voltei para
238
o corpo, sem terminar a minha visita.
Comentário
Ao longo dessas quase três décadas, eu tive grandes opor-
tunidades de ter acesso a pessoas, mestres, orixás e divin-
dades que muito me ensinaram, tanto sobre a verdade e a
vida, como sobre eu mesmo.
Anteriormente, por duas vezes, eu tinha recebido reca-
dos de Nossa Senhora, que queria falar comigo. No come-
ço, o fato causou-me certa estranheza, porque sempre tive
grande respeito por ela, mas nunca fui um devoto. Admiro
muito o seu trabalho, que não é compreendido pelas pes-
soas e, na maioria das vezes, totalmente distorcido.
Outro fato que me chamou a atenção foi o caso das pes-
soas que estavam fora do corpo irem em busca dela no mun-
do espiritual. Elas agiam como se fossem peregrinos pobres
coitados, sofredores, pecadores, mas nunca se comportavam
como seres humanos. Essa é a grande diferença; há os que
agem como filhos do Criador e aqueles que se comportam
como pequenos sofredores.
Ao subir o monte e passar por aquela multidão de pes-
soas se arrastando para ir até Ela, senti que aquele compor-
tamento não era o adequado para falar com alguém da sua
importância. Aquela, com certeza, não deveria ser a atitude
correta de um Ser Humano.
De qualquer forma, fui recebido por Ela com grande ca-
rinho e amizade; e ainda pretendo escrever sobre o gran-
dioso trabalho que ela realiza.
239
Experiência 28
Saio do corpo e encontro um homem que inicia uma con-
versa comigo. Logo depois, verifico que, na verdade, não é
um homem comum, mas um Orixá. Eu sabia que Ele po-
dia falar diretamente com Deus. Ele então começou a falar
sobre a minha vida e perguntou-me se eu queria fazer uma
pergunta a Deus. Pedi a Ele que perguntasse a Deus sobre
o meu futuro, o que estava reservado para mim e o traba-
lho que Ele me incumbiu de desenvolver.
A pergunta foi repetida pelo Orixá a Deus. Próximo de
nós, havia um tipo de paredão azulado, com o aspecto de
nuvem. Foi de lá que saiu uma voz, que mais parecia um
trovão, que fez tremer todo o ambiente ao redor. Era tan-
ta força que balançou o próprio Orixá. A voz demonstra-
va que Deus parece ter ficado “nervoso” com a pergunta.
Ele disse: “Como me perguntas sobre algo que eu ainda
não decidi?” O Orixá caminhou até onde eu estava e per-
guntou-me se eu tinha ouvido.
Depois disso, eu voltei ao corpo, mas ainda permaneci
ligado mentalmente ao Orixá; fiz algumas perguntas sobre
minha vida e Ele me respondeu.
Comentário
Em minhas viagens fora do corpo, estive por várias vezes
na presença de Deus, meu Pai. Quando o encontramos no
mundo espiritual não é preciso que alguém nos diga quem
Ele é. O reconhecimento é automático e ninguém no mun-
do é capaz de nos fazer duvidar. Olhar para Ele é o bastante
240
para reconhecê-Lo, mas nesse dia eu não O vi, apenas ouvi
a sua voz e observei que todo o ambiente ao redor tremeu
quando Ele falou. Após a sua fala, que me pareceu muito
dura, o Orixá que estava comigo perguntou-me se eu de-
sejava fazer outra pergunta. Respondi rápido que não, pois
temi outra resposta nos mesmos moldes da anterior. Daí
para frente, permaneci conversando com o Orixá que, desta
feita, respondeu a várias perguntas que lhe fiz. Encerrada
nossa conversa, voltei ao corpo. Mas ainda continuamos a
conversar; eu no corpo e ele invisível. Apesar de não vê-lo,
eu podia ouvi-lo perfeitamente.
Experiência 29
Eram quatro horas e quinze minutos da manhã, quando
ouvi uma voz de homem chamar o meu nome por duas ve-
zes. Na segunda vez, acordei já fora do corpo e logo reco-
nheci o Mestre Jesus sentado à beira de minha cama, onde
o meu corpo jazia inerte. Eu disse: “Jesus é o Senhor?” Ele
respondeu: “Eu preciso que faça algo para mim, você me
ajuda?” Respondi: “Sim, eu faço.”
Ele abraçou-me com o braço direito, rodeando meus om-
bros. Beijou-me o rosto e, com a outra mão, segurou a minha
dentro da dele. Ele então me descreveu, detalhadamente, o
trabalho que eu teria que fazer para Ele. Esse encargo tinha
ligação com um grupo de pessoas vinculadas a Ele. Falou-
-me que eu deveria realizar algo para elas. Disse-lhe, então,
que eu teria dificuldades, tanto para lidar com as pessoas,
uma vez que elas, possivelmente, não confiariam em mim,
241
como também encontraria obstáculos no desenvolvimento
do próprio trabalho que Ele me solicitava. Respondeu-me,
prontamente, que ia deixar comigo um orientador, que era
seu braço direito, para ajudar-me na tarefa.
Em uma fração de segundo, nos deslocamos para o cam-
po, onde Ele mostrou-me todas as pessoas que eu deveria
ajudar. Deu-me o nome e a imagem de cada uma, bem como
o que fazer. Apresentou-me um senhor alto, aparentando
cinquenta anos de idade, que seria o meu guia. Informou-
-me, ainda, que no momento oportuno, quando o tempo
passasse e os acontecimentos viessem, Ele viria pessoalmen-
te falar com cada um, individualmente. Disse-me, em certo
momento, que Ele e seu séquito estariam acompanhando
o tempo todo o desenrolar do trabalho. Durante a nossa
conversa, Ele mandou que eu segurasse o seu braço, sua
mão e depois o seu dedo indicador. Eu deveria ver e sentir
como era o seu corpo verdadeiro. Observei, com atenção,
seu rosto, seus olhos, cabelos e barba, bem como os demais
detalhes. Chamou-me a atenção a amplitude de seu tórax,
bem como a circunferência de seus braços, o tamanho e a
perfeição de suas mãos. A sua altura ultrapassava dois me-
tros e dez centímetros. Da observação cuidadosa de todos
os detalhes de sua imagem perfeita, surgiu o retrato falado
que mandei pintar e que compõe a capa deste livro.
Terminada a sua visita, Ele se foi. Eu retornei ao meu
corpo físico. Levantei e escrevi essa importante experiên-
cia com o Mestre Jesus.

242
Comentário
Fora do corpo, eu estive diversas vezes com o Mestre Je-
sus. Algumas vezes eu falei com Ele e, em outras, só o avis-
tei, conversando com outras pessoas. Sempre que o vejo,
Ele me dá a impressão de estar muito preocupado. Nesse
dia, Ele fez questão de mostrar-me como era o seu aspec-
to exterior, ou seja, a sua imagem verdadeira. Mandou que
eu pegasse em seu braço, para que eu pudesse avaliar toda
a proporção dele. Mostrou o dedo indicador e pediu que
eu o segurasse em minha mão. A perfeição era tamanha
que ele mais parecia uma obra de arte. Da mesma forma, a
sua mão era perfeita. Segurou a minha mão dentro da sua,
ficando a minha parecida a de uma criança. Tudo nele era
forte, belo e perfeito.
Terminadas as nossas tratativas, Ele se foi. Deixou-me,
no entanto, a pessoa que é o seu braço direito, com a fina-
lidade de me orientar na tarefa que Ele me incumbiu. Vol-
tei ao corpo muito contente, por ter estado com o Mestre.
A experiência teve início dentro de meu quarto, com Ele
sentado à beira de minha cama. Em seguida, Ele me trans-
portou, de forma muito rápida, para um lugar no campo,
onde me mostrou as pessoas e o que eu deveria fazer em
relação a elas.
Experiência 30
Saio do meu corpo, totalmente consciente. São cinco
horas da manhã e sou levado ao passado distante, no an-
tigo Egito.
243
Sou conduzido ao palácio do Faraó Nospherus. Ele es-
tá sentado em seu trono, com sua filha Nospheratis à sua
frente. É uma cena doméstica, em que ele a está repreen-
dendo pelo seu comportamento liberal e expansivo com
pessoas comuns do povo. Isso porque, ela havia conversa-
do de forma amigável com um estranho, um plebeu. Esse
fato constrangeu de tal maneira o faraó, que, aos brados,
repreendeu a sua filha, dizendo-lhe que a sua posição não
lhe permitia tais liberdades. E que ela só poderia dirigir a
palavra a alguém devidamente autorizado.
Após presenciar essa cena, saímos do palácio e fomos
caminhar pela cidade, a fim de observar as pessoas e seus
costumes.
A viagem fora do corpo a esse passado distante tinha
um propósito muito importante. O objetivo era fazer-me
entender o que era, verdadeiramente, o “antigo Egito”. Foi-
-me dito, logo de início, que o Egito nunca foi “antigo” e
nunca será. Ele é uma civilização “código”. Essa civiliza-
ção foi pensada, nos primórdios da humanidade, como um
código de orientação para as civilizações futuras do Plane-
ta. Comecei, então, a observar atentamente tudo o que as
pessoas faziam, usavam, falavam e como agiam em várias
situações do cotidiano.
Notei que as pessoas seguiam um padrão de vestuário. A
roupa era constituída de faixas com larguras e cores varia-
das. A maneira de se colocar as faixas sobre o corpo era, de
fato, uma forma que cada um tinha de idealizar a sua moda
diária. As cores guardavam um significado especial. Tudo
244
no Egito é simbólico. As cores da vestimenta demonstra-
vam tudo sobre a pessoa, traduziam desde o seu estado de
saúde, seu humor, sua dor, até os seus propósitos na vida.
Observei atentamente que não havia diferença entre o
homem ou a mulher, no momento de criar o seu visual par-
ticular. Podiam optar por depilar o corpo ou não. Gosta-
vam de raspar a cabeça, já que isso minimizava o calor es-
caldante do deserto do Saara. Eram mestres na arte de se
maquiar e de se vestir.
Outro costume muito interessante e mal-entendido pelas
civilizações atuais é o que trata da conservação e da mumi-
ficação dos mortos. De fato, nada tem a ver com a utiliza-
ção futura daquele corpo mumificado, já sem condições de
uso. Tudo era simbólico.
Continuamos a caminhar, nada escapava à minha ob-
servação. Com a finalidade de me orientar, um homem de
grande sabedoria me acompanhava e realçava os fatos mais
importantes.
Depois de ver e sentir tudo a respeito do “mistério” do
“Egito antigo”, eu retornei ao corpo e fiz estas anotações.
Comentário
Essa viagem fora do corpo ao passado foi uma das mais
importantes que eu fiz. Foi um aprendizado que veio agre-
gar muito conhecimento ao que eu já possuía daquela civi-
lização tão importante para a humanidade.
Na verdade, a população atual da Terra precisa tomar
conhecimento do verdadeiro objetivo da criação do Egito.
245
Para isso, temos que voltar ao tempo anterior à existência
da nação egípcia, ou seja, quando houve o grande cataclis-
mo que mudou toda a face da Terra. Vale recordar que, na
“grande transformação” do nosso Planeta, o homem per-
deu o seu conhecimento, inclusive o básico.
O homem esqueceu de como cuidar do seu corpo, de
como se vestir, de como usar a cor adequada no momento
certo, bem como transmitir mensagens, exprimir vontades e
desejos, sem o uso de palavras. Descuidou-se do tratamen-
to da própria saúde, ou mesmo da prevenção de doenças
pela simples utilização das cores, seja na vestimenta, seja
nas outras formas naturais.
No campo da espiritualidade houve a necessidade de tra-
zer, de novo, o conhecimento, inclusive o da reencarnação
como certeza.
Por tudo isso, foi criado o “Código Egito”. É isso mes-
mo, o Egito foi um código criado para as gerações futuras
da Terra.
Todas as grandes nações do passado beberam da fonte
do conhecimento egípcio. A maioria dos grandes filósofos
daqueles tempos, como Tales de Mileto, Aristóteles, Pitá-
goras, entre outros, foram ali aprender matemática, astro-
nomia, geometria, lógica, moral e, principalmente, buscar
conhecimento sobre o Ser Humano, a reencarnação e o
mundo espiritual; a origem da vida humana.
Foi criada, assim, uma nação que trouxesse para o mun-
do futuro, tanto de forma objetiva quanto simbólica, o co-
nhecimento útil e necessário para os povos do futuro.
246
Vejamos: maquiagem e depilação do corpo foram co-
piadas do Egito. O próprio calendário solar foi copiado
dos egípcios pelos romanos; tal fato contribuiu depois pa-
ra o ajuste de calendários de nações pelo mundo afora. Por
exemplo: antes do calendário egípcio, o número de meses
era outro, e o fim do ano não era em dezembro.
Pude observar que o simbolismo das cores era sempre
usado no vestuário. Toda a vestimenta era composta de fai-
xas presas ao corpo. Essas faixas eram feitas da mesma for-
ma que os papiros e mediam cerca de quinze centímetros
de largura. Era com elas que se embalsamavam os corpos
sem vida. As faixas eram usadas diretamente sobre o cor-
po, nada era usado por baixo delas. Com as faixas era mui-
to fácil e prático combinar cores ou fazer contrastes inte-
ressantes. Também era costume corrente passar mensagens
com a roupa. Por exemplo: uma mulher de luto pelo fale-
cimento da família poderia usar todas as faixas, cobrindo
todo o seu corpo. Mas, se havia perdido um filho, poderia
usar uma faixa preta sobre a região da concepção, ou seja,
logo abaixo do umbigo. Por outro lado, se uma mulher pre-
tendesse se casar e ter filhos usaria, além das faixas brancas
que eram neutras, uma faixa cor-de-rosa sobre o coração e
outra vermelha sobre o baixo-ventre, região da concepção.
Se uma mulher estivesse menstruada poderia usar uma
faixa vermelha sobre os quadris, cruzando-a pela frente,
entre as pernas.
Um homem que carregasse uma dor, por uma perda vida
afora, comporia suas vestes com uma faixa roxa, que desce-
247
ria do ombro direito, cruzaria sobre o coração e encontraria
a outra extremidade debaixo do braço esquerdo, formando
um anel que se chamava “O Anel da Tristeza Profunda”.
Uma pessoa que estivesse viajando por lugares distantes,
usaria vestimenta composta por faixas amareladas, cor de
areia, simbolizando a poeira das estradas por onde ele pas-
sou; em resumo, estaria dizendo: sou um viajante.
Quando uma pessoa tinha uma doença qualquer, a par-
te do corpo era sinalizada com um adereço colorido fixa-
do sobre a faixa. Esse sinal geralmente era confeccionado
com o mesmo tecido das faixas, só que era pintado em cor
diferente da cor da faixa.
Assim, o simbolismo predominava sobre tudo. O caso
das múmias não era diferente, era simbólico. Elas deixaram
para as civilizações futuras o ensinamento sobre a existên-
cia de outras vidas e que a vida do espírito continua. Foi a
primeira nação a mostrar para as outras que a reencarna-
ção é um fato.
Quando a inconsciência tomou conta também do Egi-
to, todos os ensinamentos sobre o Ser Humano, o mundo
espiritual e a consciência humana tornaram-se secretos e
foram escondidos dentro dos templos das sociedades se-
cretas. A partir daí, para ter acesso a eles, só mesmo cain-
do nas graças dos sacerdotes e passando por uma iniciação,
quando, então, o iniciado começaria a sua aquisição do co-
nhecimento maior.
Durante a minha caminhada fora do corpo, vi e arqui-
vei, em minha memória, muitos fatos e conhecimentos que
248
mudaram o comportamento das pessoas mundo afora. Na-
ções e mais nações usam e não sabem de conhecimentos
que vieram do Egito para o mundo. Tantos códigos ainda
não decifrados e tantas mensagens que o homem precisa
saber estão no Egito. Acontecimentos que mudarão a face
da Terra ali estão misturados à areia do deserto, esperan-
do o momento certo para serem revelados e tirar o sono
do homem.
Experiência 31
Estou fora do corpo em minhas atividades de rotina,
quando recebo um emissário convidando-me para uma re-
união com alguém que, naquele dia, havia assumido a mais
alta posição no Vaticano: o Papa.
Segui, em companhia do emissário, em direção a Roma.
Lá chegando, fui introduzido em uma ampla sala onde me
aguardava o Papa, sentado junto a uma imensa mesa de tra-
balho. Levantou-se e, estendendo a mão, cumprimentou-
-me sorrindo cordialmente.
O meu acompanhante, até aquele momento, saiu e dei-
xou-nos a sós. Sua Santidade, o Papa, expressou, então, a
razão do convite para eu ir ao seu encontro.
Ele tinha, já naquele dia de sua investidura, a forte in-
tenção de introduzir na doutrina católica os ensinamentos
diretos e objetivos a respeito do mundo espiritual e o seu
funcionamento.
Afirmou-me ainda que era seu desejo introduzir algumas
reformas na Igreja. Nessa renovação, ele queria introduzir
249
a visão objetiva do mundo espiritual.
Após essas colocações, ele me disse: “Eu não sei como
fazer isso. Preciso de sua ajuda. O que você me sugere pa-
ra que eu possa introduzir esses ensinamentos na doutrina
católica?”
Respondi a ele, dizendo que a melhor forma, a meu ver,
era começar do princípio e alterar, bem devagar, a lingua-
gem para que os adeptos não sofressem um bloqueio pela
mudança de frequência. Se essa mudança fosse muito rá-
pida, acarretaria uma dificuldade de entendimento devido
à brusca mudança de frequência. Isso poderia levar o cére-
bro a não processar adequadamente as informações e até
rejeitar a nova mensagem.
Ele achou muito interessante a minha colocação. Após
o que, pediu-me para elaborar um “projeto” que contem-
plasse as rotinas para implantação dessas alterações na dou-
trina. Prometi a ele que faria o que me pediu.
Posteriormente, cumpri o prometido. Resta-nos, agora,
aguardar o futuro.
Em outra viagem fora do corpo, eu tive a oportunidade
de ver, no futuro, a Igreja Católica fundindo-se com outras
duas igrejas de grande importância de nosso tempo.
Voltei ao corpo para fazer minhas anotações.
Comentário
Ao longo dessas quase três décadas de aprendizado e
prática sobre o Ser Humano, o Mundo Espiritual e a cons-
ciência humana, eu tive a oportunidade de aprender muito
250
sobre várias religiões e outras correntes de trabalhos envol-
vendo o homem e o outro plano da vida. Esse foi mais um
momento em que tive contato com mais um seguimento
religioso.
Experiência 32
Saio do meu corpo e sinto que estou viajando no pas-
sado. Logo me vejo chegando à Roma antiga dos Césares.
Em seguida, à minha frente surge o Coliseu com toda a
sua beleza arquitetônica, mas que me traz amargas recor-
dações. Sinto certa apreensão e angústia. Começo a ver os
corredores e as celas subterrâneas. Olho ao meu redor e
reconheço o lugar. Eu estivera ali há muitos séculos, preso
e sentenciado de morte.
Após esses pensamentos transitarem pela minha mente,
percebo que, na realidade, estou preso novamente. Tudo
começa a se repetir, como se fora a primeira vez.
Estou preso junto a centenas de pessoas. São crianças
de várias idades, mulheres, e pessoas idosas. Olho para o
meu corpo; ele é muito diferente do que eu tenho hoje. Mi-
nha memória começa a recordar de tudo o que aconteceu
àquela época. Recordo que sou cristão e aquele é o dia de
minha morte. Daí a pouco serei lançado na arena para os
leões famintos. A partir desse momento, começo a viver,
passo a passo, as cenas daquele passado distante.
De onde estou, posso ouvir o grande barulho que o po-
vo faz nas arquibancadas do Coliseu. Gritam para que se-
jam trazidos os prisioneiros para as feras. Gritam por san-
251
gue. Querem o prometido espetáculo de sangue. Querem
morte. Riem. Debocham.
Olho novamente para o meu corpo e calculo que devo
ter, no máximo, trinta e cinco anos de idade. Sou alto, mo-
reno e muito forte. Uso barba curta e cabelos longos.
Por todos os lados, ouço choro e lamentos. Crianças se
agarram às mães, e elas, sôfregas, tentam acalentar e pro-
teger os filhos da tragédia daquela hora. Os destinos estão
selados. Todos sabem que não há esperança, todos serão
lançados às feras dentro de poucos minutos. Muitos são
cristãos e imploram a Deus e a Cristo, pedindo força para
suportar aquele trágico momento.
Noto que, apesar de tudo, eu não tenho medo. Uma paz
e uma serenidade descem sobre mim. Tenho grande pena
daquelas pessoas indefesas, que não tinham cometido cri-
me algum para serem condenadas à morte. Apenas eram
pobres e sem proteção.
O meu caso era diferente. Eu era considerado um crimi-
noso, pois era cristão. Há muito tempo eu vinha pregando
os ensinamentos de Cristo. Por onde eu passava, as mensa-
gens do Mestre eram ensinadas. Isso era insuportável para
Roma; era crime punido com a morte.
Chegou a hora. Os soldados começaram a empurrar, com
as lanças, mulheres, crianças e velhos para a arena. Era uma
gritaria ensurdecedora de pavor. Adiantei-me, passando à
frente deles. Entrei sozinho na arena. Eu sabia que havia
chegado a minha hora. Queria morrer com dignidade.
Pensava em Cristo e reconhecia que seria pouco o sofri-
252
mento que eu teria que passar comparado com o que Ele
passou.
Logo atrás de mim entraram as demais pessoas. Cami-
nhei para o centro da arena e parei. O povo gritava histéri-
co, como louco. Naquele momento trágico, um pensamento
ocupava a minha mente: “Pai, perdoa-os, porque não sa-
bem o que fazem.”
Dentro de mim não havia ódio, rancor, revolta, mas so-
mente indiferença. Parecia que não era comigo todo aquele
drama que se desenrolava.
Nesse instante, abriram-se os portões de ferro que fica-
vam do outro lado da arena. Saíram três leões africanos, dois
menores e um muito grande. O maior, quando me viu, cor-
reu em minha direção. Saltou sobre mim, acertando minha
cabeça com sua pata direita. Caí no chão e, momentanea-
mente, perdi a consciência. Quando voltei à consciência, o
leão segurava meu corpo pelo pescoço. Perdi novamente
a consciência, eu estava assistindo a minha própria morte.
Passado um pequeno espaço de tempo, retornei à cons-
ciência, ainda no mesmo lugar. O leão arrancava a carne do
braço direito com suas garras afiadas. O que mais me in-
comodou foi o ruído das unhas raspando os ossos do bra-
ço. Ele passava a pata, várias vezes, sobre o braço e aque-
le barulho era insuportável. Aquele som ficou gravado em
minha memória para sempre, e até hoje ainda me recordo
daquele ruído com nitidez.
Naquela aflição de presenciar, pela segunda vez, a mi-
nha morte, eu falava para mim mesmo, tentando me acal-
253
mar: “Calma, isso já passou, é uma vida passada, calma!”
Mesmo assim, eu estava no limite da dor e do sofrimento.
Eu, fora do corpo, via a cena do meu corpo sendo comi-
do pelo leão e o espírito (eu), já desencarnado, assistindo a
tudo. Era como um filme de meu passado, que eu assistia
com a mesma emoção e a mesma dor da época.
Sentia a mesma dor que eu sentira naquele tempo, ou
seja, há quase dois mil anos. O tempo para o espírito não
faz diferença, o que conta são os fatos, as lembranças e as
emoções.
Voltei ao corpo combalido. Fiquei muito triste ao relem-
brar aqueles tempos difíceis. Naquela época, estive presen-
te na crucificação do Mestre Jesus. Sofri desesperadamen-
te a sua dor, mas sabia do plano e que tudo era necessário,
mesmo porque, se não fosse, não teria acontecido.
Depois dessa experiência, passei vários dias sem vontade
de falar com ninguém. Recordava várias vezes por dia do
ocorrido. Uma grande tristeza se abateu sobre mim. Demo-
rei muito tempo para voltar a ver essa vida como um fato
e que, como tal, precisava ser vivida.
Comentário
Através dos séculos, vidas e vidas, nós vivemos buscan-
do o conhecimento pelas vivências sucessivas no mundo
da matéria. Fazemos isso, porque esse é o nosso destino
desde a criação. Essas vidas sucessivas não acontecem por
castigo, mas, sim, porque buscamos, por meio delas, as ex-
periências enriquecedoras que nos dão o grande entendi-
254
mento de quem é o Criador e quem somos nós.
Muitas dessas vidas são marcadas por grandes sofrimen-
tos e, mesmo assim, nos deixam grandes lições na escola
deste mundo físico.
Essa minha vida relatada foi marcada por grandes aqui-
sições espirituais. Antes eu já vivera várias vidas ligadas ao
trabalho do Cristo. Essa foi mais uma vida, onde estivemos
lutando pela consciência do Ser Humano na Terra.
Experiência 33
É madrugada, noite estrelada; a lua ilumina o céu, em
todo o seu esplendor.
Acabo de sair do corpo. Essa vai ser uma experiência
muito diferente das demais. Sinto-me com um grande con-
tentamento, uma grande alegria. Uma onda de felicidade
inunda-me por completo.
Estou me deslocando no espaço quando ouço uma voz,
suave e calma, que vai dizendo o que devo fazer. De início,
olho para o meu corpo espiritual e nada vejo, apesar de es-
tar enxergando tudo com toda a clareza. Percebo, então,
que sou pura consciência e sensação, não tenho forma, mas
sou eu com todos os meus sentimentos.
Ouço uma voz que me diz: “Olhe para baixo.” Olhei e vi
uma bela propriedade numa zona rural. Havia um grande
gramado à minha frente, por onde caminhava devagar um
bando de lindos gansos. A voz voltou a dizer: “Voe entre
os gansos, sinta o que é ser um ganso. Agora, entre dentro
de um deles, conheça a sua essência.” Assim eu fiz.
255
Primeiro, voei entre os gansos. Senti a energia do bando.
Depois, me aproximei de um belo ganso e apenas desejei
entrar dentro dele e ser ele. Em uma fração de segundo,
eu me senti dentro dele. Abri as asas e senti a maravilha de
ser um ganso e ser totalmente livre. Sem pensamentos, sem
preocupações, só a vida “ganso”. Era muito bom. Eu sentia
meu corpo de ganso. Sentia o vento sobre as minhas asas.
Ouvi de novo a voz: “Agora, venha.” Saí do corpo do
ganso e voamos até uma plantação de trigo. Os cachos ama-
relo-ouro estavam maduros. Do alto parecia um tapete cor
de ouro.
“Voe sobre o trigal e sinta o que é ser trigo”, disse-me a
voz. Voei sobre o trigal e misturei-me aos cachos. Era uma
energia diferente, mas dava um prazer imenso.
“Agora, entre num grão de trigo”, ouvi a ordem. As-
sim eu fiz. Entrei em um grão de trigo. Foi uma sensação
maravilhosa sentir a vida dentro do grão de trigo. A voz
convidou-me para irmos em direção ao mar. Lá chegando,
mandou que eu mergulhasse até o fundo do mar. Juntei-me
aos peixes e animais marinhos de todos os tipos. Passei por
dentro deles sentindo a energia. Juntava-me aos cardumes
e nadava, por um tempo, com eles. Eu sentia tudo o que
eles eram e me sentia também como um deles.
Estava em estado de pura alegria e felicidade. Era óti-
mo. Era bom demais. Mas o melhor ainda estava por vir.
Saí do mar e subi voando para o espaço. Como disse antes,
era uma noite de rara beleza. O céu estava cheio de estre-
las, claro como o dia.
256
Subi bem alto. Eu não tinha forma, não tinha tamanho.
Era eu “consciência plena”. A minha felicidade e alegria
eram imensas. Tudo era paz. Nada importava. Nenhuma
preocupação. Nenhum pensamento egoísta existia. Nada
de orgulho, vaidade, tristeza, raiva, nada, nada, só plenitu-
de. A felicidade máxima.
Resolvi brincar de Deus. Fui me expandindo e ocupan-
do todo o espaço. Senti-me tocando os planetas e outros
corpos celestes. Eu consegui abraçar planetas e tocar as es-
trelas. Era tudo bom demais.
Em certo momento eu me integrei ao Universo e fiquei
participando do movimento planetário. Era uma dança ma-
ravilhosa. Eu me sentia bailando com planetas e estrelas.
Eu não conseguia parar de pensar na grandeza de Meu Pai,
que criara tudo aquilo. Eu estava, literalmente, arrasado de
tanta emoção, felicidade e alegria. Agora eu só pensava:
obrigado, Meu Pai!
Todos os limites que conhecemos ou nos impomos ti-
nham desaparecido. Eu percebia e tinha plena certeza do
poder do Ser Humano. Das imensas capacidades que es-
tão à nossa disposição, esperando para serem conquistadas.
Das maravilhas que são nossas, que o Pai nos legou. Mas,
infelizmente, o homem ainda ignora.
Suavemente, ainda sem forma, mas com plena consciên-
cia, fui retornando ao corpo. Tive que voltar lentamente,
pois a diferença de frequência e vibração do estado em que
me encontrava, para o nível de frequência e vibração do
corpo, era muito grande. Foi um choque a entrada no cor-
257
po. Senti zumbidos, estalos, tonturas e grande dificuldade
para acionar o corpo.
Comentário
Após essa experiência inesquecível, passei vários dias
meditando sobre a pequenez de nossa vida, em relação às
maravilhas da liberdade extracorpórea.
Tudo aqui me pareceu pequeno demais e desinteressan-
te. Com o passar do tempo, e muito devagar, consegui re-
tornar à rotina de minha vida.

258
Capítulo 9

Coletânea de Textos

O Ser e o Estar
O Ser e o Estar fazem parte de uma mesma unidade.
O Estar é o Ser em ação, experienciando tudo, até a si
próprio.
O Estar é o Ser se engrandecendo até o infinito possível.
O Estar não tem existência própria, mas ele é a própria
existência, sendo apreciada.
Quando o “Estar” está ausente do Ser, então nada mais
se sente. A ausência do sentir significa que o Ser não mais
existe.
Da impossibilidade do “não existir”, o Ser cria para si a
única possibilidade remota de finitude, usando a sua sobe-
rana vontade.
No momento em que o Ser nega o Estar, brandindo a
espada do livre-arbítrio, o coro de anjos que governam a
vida, silencia.
O Ser e o Estar, de mãos dadas, se recolhem.
A luz se apaga; a escuridão se faz. A não existência acon-
tece.
259
O vazio se faz presente.
O Nada habita no grande vazio da existência.
O verbo se cala para sempre e o que é eterno perece.
O Pai se entristece. Um filho se foi.
Somos eternos?
Sim, enquanto quisermos. (Eis um segredo)

O Ser e o Tempo
O tempo marca a vida na matéria.
O “não tempo” registra a vida e a eternidade.
O eterno conhece o tempo, mas o ignora.
O tempo não sabe do eterno.
Só o tempo corre atrás do tempo.
O Ser não pertence ao tempo, mas usa o tempo.
O Ser que dorme não se lembra do “não tempo”, mas
acha que pertence ao tempo.
O Ser que não dormiu habita o eterno; sabe do tempo,
mas não pertence ao tempo.
Somente o tempo não tem tempo.
O Ser é dono do tempo e tem a eternidade por direito.
Aquele que está inconsciente mora no tempo, acredita
que o tempo é o seu limite e a eternidade é sua dúvida.
Aquele que é consciente habita a eternidade, vê o tem-
po, mas não se mancha com ele.
A ilusão é filha do tempo, pertence ao tempo e morre
com o tempo.
O tempo é o rei do mundo; a eternidade carrega o rei
260
no seu ventre.
Aquele que tem pressa é porque tem medo do tempo;
quem tem medo do tempo é porque não conhece a eterni-
dade e, por isso, morre no seu tempo.
O tempo busca o limite. O limite pertence ao tempo.
O eterno não sabe do limite.
O “sem limite” pertence ao “não tempo”.
O “não tempo” sabe do tempo e sabe da busca.
O tempo só sabe do ato e do fato.
O eterno sabe de tudo; sabe do Ser e do destino; sabe
do “eu sou” e do “ele é”; sabe do caminho; sabe da pedra
e do espinho.

O Dia em que Deus Chorou


Deus, um dia,
Contemplando sua cria,
Pensou!
Que fiz Eu?
Anjos, Arcanjos, Querubins,
Diabo, Lúcifer, Satanás,
Rua larga, rua estreita,
Tanto faz.
Se sou quem Eu sou
E realmente sou
O que sou.
Não careço,
Não mereço
261
E, por isso,
Não padeço.
Céus, constelações,
Furacões, vendavais,
Luzes sem Luz,
Há perigo em toda esquina.
Olho em esbugalho,
Sangria que desata
Mente que não mente
No filme que não quer ver.
Rola, rola e desenrola,
Passado vira agora.
Homem Anjo, Anjo bicho;
Bicho não homem,
Homem não bicho.
Iguais, todos iguais!
Têm eles a diferença
De pecar com deferência
No ato do grande me amar.
Se o fiz com tanto amor,
Com esmero e sem pudor
Tudo, tudo perfeito;
Por que agora,
Sua dor
Dilacera-me o peito?
Serei Eu
Travesso no meu propósito?
262
Ou terei sido
Por deveras ambicioso?
Criei Eu
Um Anjo inacabado
Ou um demônio malicioso?
Em verdade, em verdade
EU vos digo:
Aquele que me leva
Não corre perigo.
Aquele que me ama
Não tem inimigo.
Aquele que minha mão segura;
Aquele que me chama de Pai;
Esse é meu
E comigo vai.

Verdade e Liberdade
“A verdade vos libertará”
Tantos clamam pela verdade. Outros tantos, incansáveis,
procuram a verdade. A verdade é sempre um objeto da bus-
ca de todos. Talvez, um dia, se a encontrássemos tudo per-
deria o sentido, pois o que dá sentido à vida é exatamente
a procura, a indagação, o querer saber. Se tudo soubésse-
mos, a própria ideia da existência do Criador ficaria vazia,
não teria sentido.
Em todos os tempos, a verdade encabeça a lista das prin-
cipais indagações do Ser Humano. Mas o que é a verdade?
263
Seria tudo aquilo que completa um raciocínio? Que subs-
titui e extingue uma dúvida? Ou ainda, tudo aquilo que é
capaz de encerrar uma busca do Ser Humano? Ou seria a
soma de tudo isso?
Mas, trazendo a verdade para o campo individual e ob-
jetivo do Ser Humano, podemos afirmar que são poucos
os capazes de suportar o seu peso. A pessoa humana não
gosta de forçar os seus limites. A verdade, no entanto, tem
a prerrogativa de muitas vezes esbarrar e até romper limites
individuais, resguardados com extremo cuidado.
Cada pessoa, do seu modo particular, trabalha com a
verdade de uma forma diferenciada. Para uns, ela pode li-
bertar e fornecer as asas para voar; para outros, ela pode
se tornar uma prisão que a manterá sem ação, por tempo
indeterminado, até que chegue o socorro do entendimento.
Nesse ponto, podemos perguntar: Qual é a natureza da
verdade? Ela é boa ou ruim? Nem uma coisa nem outra:
Ela simplesmente é.
O que faz a diferença é o entendimento da pessoa que
encontra a verdade.
Muitos Seres Humanos não estão devidamente habili-
tados para lidar com a verdade. Muitos têm medo da ver-
dade, e vivem a vida fugindo da verdade; para esses, ela é
mortal e, em seus próprios benefícios, tem que se usar o
princípio do remédio, extremamente forte: Só ministrar em
pequenas doses.
“A verdade não é para ser jogada no rosto da pessoa,
mas oferecida em uma taça de cristal.”
264
No mundo do entendimento maior e da consciência hu-
mana, devemos separar os iguais dos desiguais, sem a co-
notação de melhor ou pior, mas, sim, de diferentes.
“É da lei que os iguais tenham tratamentos iguais; os de-
siguais tenham tratamentos desiguais. Dessa forma, a justi-
ça é feita e a injustiça afastada.”
A verdade é mais cruel e difícil de suportar quando diz
respeito ao que achamos que somos e ao que achamos que te-
mos. Ninguém gosta de escancarar o seu velho baú abarro-
tado de coisas velhas; velhas feridas que se recusam a sarar.
Viajamos vidas afora, carregando pesados fardos rechea-
dos de mágoas, tristezas, ressentimentos, frustrações, deses-
peranças e revoltas; enfim, todo tipo de mazelas oriundas
do nosso despreparo para o viver.
Encarar a verdade e reconhecer que não existe um só
problema lá fora, mas centenas deles dentro de cada um é
tarefa que poucos conseguem.
“Precisamos entender que ninguém tem a capacidade
de nos ferir, mas nós é que temos as feridas abertas pron-
tas para sangrar.”
É sempre mais fácil atribuir a outrem a causa de nossa
falência do que admitir que ainda somos falhos e necessi-
tamos nos aperfeiçoar.
Caminhando junto à verdade vai a liberdade. Talvez seja
o bem mais precioso para o Ser Humano.
“Somente pode ser verdadeiro aquele que é livre.”
O Ser Humano de nosso tempo, de tanto viver aprisio-
nado, deixou que a liberdade caísse em desuso.
265
“Ouso dizer, com toda certeza, que não existe um único
habitante da Terra que seja livre.”
Se perguntássemos a uma multidão de pessoas: “Há al-
guém presente que não seja um prisioneiro, que levante a
mão?”
Se uma única mão se levantasse, ainda assim, a pessoa não
estaria sendo verdadeira. Bastaria que se fizesse mais uma
pergunta a ela: “Por que você nasceu neste Planeta, nesse
tempo de agora?” Com certeza ela não saberia responder;
isso porque ela está inconsciente; se ela assim está, então é
uma prisioneira do seu próprio corpo e não tem liberdade.
Ser livre é ser capaz de assumir e tomar conta de sua pró-
pria vida. Mas, por outro lado, há o condicionamento mar-
cado pelo tempo. As pessoas se condicionam, através das
vidas sucessivas, a aceitar a escravidão. Submetem-se a todo
tipo de constrangimento, sofrimento e dor, mas quando se
libertam não sabem o que fazer de sua liberdade. Aconte-
ce que a liberdade já está em desuso, tantas e tantas vidas
vividas na inconsciência que se “esqueceram” de como é
um Ser Humano livre. Hoje, tudo o que a pessoa “acha”
que é ser livre, está muito distante da verdadeira liberdade.
Primeiro, para ser realmente livre é preciso, necessariamen-
te, ser autoconsciente.
Conceitos da consciência:
Verdade − é tudo aquilo que liga o início ao fim e ver-
ga em direção ao princípio, sem, contudo, sofrer qualquer
alteração. Verdade é a serpente que verga e engole o pró-
prio rabo.
266
Justiça − é a única exceção. É a verdade que não ver-
ga. É a verdade inflexível, retilínea e endurecida, que liga
o princípio e o fim. É a serpente dura e reta, que quebra,
mas não se enrola. Justiça é tudo aquilo que nunca muda e,
também, não verga do fim ao princípio.
Mentira − é o que verga pela sombra. Verga por baixo,
escondido. Mentira é o que verga em direção ao “inferno”,
ou seja, em direção ao que está por baixo, na sombra.
Equilíbrio − é tudo que tem a justiça como centro e a
verdade como exterior. É o que gira em torno de si mes-
mo. Tem a justiça, imóvel no centro, e a verdade girando
ao redor. Equilíbrio é o amolecimento da justiça e o endu-
recimento da verdade, para que se dê o ponto de encontro
entre o frio e o quente, o alto e o baixo, a inércia e o movi-
mento, a luz e a escuridão.

O Amor de uma Mulher


(Texto recebido do Mundo Espiritual)
O amor feminino, vamos dizer assim, é a raiz que faz da
vida a verdade e da liberdade a vida.
O mundo só é mundo porque alguém trouxe o homem
para ele e esse alguém foi a mulher. Mesmo não sabendo,
ela tem em suas entranhas o amor universal, que é aquele
que não pergunta por que, nem onde ou quando, mas só
responde com afirmação e presença real. Esse amor que ela
possui tem o significado do princípio e do fim. Do início
e do encerramento, do Ser e do não ser. Ela tem o dom de
267
mudar a face da Terra apenas irrigando-a com o produto
do seu ventre. Benditas sejam as mulheres, cujos ventres
trazem a ressurreição e a vida para todo o sempre. Bendi-
ta foi uma mulher que trouxe no seu ventre a remissão dos
pecados do mundo.
“Bendita sois vós, que trouxestes o cordeiro para que
os homens o imolassem e, assim, vissem as maravilhas do
filho e do pai. Bendita foi a missão. Gloriosa foi a mulher
que viu o filho, o pai e o espírito santo.”
“Benditas sois vós, ó bela entre as belas. Oh! Rainha en-
tre as servas. Bendita sois luz do viajante. Estrela, que guia
em noite escura. Luar que clareia, após as trevas. Doce san-
ta, entre os santos. Vós sois, para sempre, a rainha dos afli-
tos, a guia dos perdidos, o consolo dos que choram. Eu vos
saúdo.” Gabriel,
O anjo do Senhor

Pai Nosso
(Tradução: Linguagem da Consciência)
“Pai, pura é a tua consciência;
E divina a tua descendência.
Que a tua consciência, um dia, seja nossa, E que para
isso, pai,
A tua vontade nos guie
No mundo da matéria
E no mundo do espírito.
O ensinamento a nós destinado, pai!
268
Nos dê agora.
E releva os nossos enganos da inconsciência,
Da mesma forma que temos relevado
Os enganos cometidos contra nós.
E não nos deixeis cometê-los de novo,
Livrando-nos da escuridão de nossas mentes,
Pois tua é a grande consciência,
O maior poder e a glória suprema,
Dentro da eternidade.
E que assim seja.”

O Sermão da Montanha
(Tradução: Linguagem da Consciência)
“Felizes são aqueles que acham
Que ainda não sabem, porque é deles
A consciência humana.
Felizes são aqueles que pedem
A consciência, porque serão atendidos.
Felizes são aqueles
Que permanecem nos ensinamentos,
Porque viverão, na Terra, contentes
E livres do sofrimento.
Felizes são aqueles que querem
E lutam pela igualdade,
Porque eles serão vitoriosos.
Felizes são aqueles que perdoam
O semelhante, porque também
269
Por mim serão perdoados.
Felizes são os que têm amor
No coração, porque conhecerão
O Pai pelas suas obras.
Felizes são os que me ouvem,
Porque serão chamados de meus
Seguidores (filhos de Deus).
Felizes os que forem criticados
Por causa da verdade, porque conquistarão
A consciência humana e a salvação.
Felizes serão, quando, por causa de
Meus ensinamentos, forem ofendidos
E criticados por aqueles que mesmo
Crendo, disserem que estão errados.
Sejam felizes e alegres, porque
É grande o vosso entendimento na consciência,
Também os profetas que viveram antes de vós,
e tinham o mesmo entendimento, foram perseguidos.”

Encontro com o Pai


(Experiência fora do corpo)
Saio do corpo e me reúno com um grupo de pessoas.
Instantes depois, deram um teste para mim e para outras
pessoas. O teste consistia em chegar a um mesmo objetivo,
seguindo por uma estrada que se abria em muitas bifurca-
ções, ou mesmo surgiam outras estradas paralelas que po-
deriam levar a erros e não conduzir ao objetivo almejado.
270
Todos saíram primeiro e eu fui por último. Enquanto
dirigia meu carro por aquela estrada, ia racionando: tenho
que observar o rastro, os sinais de pneus de outros carros.
Onde houver sinal antigo é por lá que eu vou. Era uma só
estrada, mas daí a pouco ela foi se abrindo em outras para-
lelas, na mesma direção, mas que, no final, não chegavam
ao objetivo.
Daí a pouco, após uma breve suspensão da consciência,
eu já me encontrava no ponto marcado. Havia uma mulher
comigo e estávamos sentados em um canto de uma ampla
sala. Por ali havia outras pessoas. O importante, no entan-
to, é que havia alguém ali muito poderoso e que todos te-
miam. Todos o temiam e reverenciavam ao mesmo tempo.
Chamavam-no de “O Poderoso”.
“Ele me mantinha de certa forma como seu prisioneiro.”
Eu tentava achar uma forma de escapar, pois temia que
Ele tirasse a minha vida. O pior é que eu sabia que Ele po-
dia fazer isso.
Em certo momento, Ele apanhou um pedaço de ferro
da grossura de um dedo e enfiou em minha perna esquer-
da, pelo lado de fora. Entrava na altura do tornozelo e a
ponta saía próximo ao joelho. Essa barra de ferro de apro-
ximadamente 40 centímetros ficou cravada em minha per-
na o tempo todo. Eu fiquei muito nervoso. Às vezes eu ti-
nha muita raiva dele; outras vezes sentia um imenso amor
e admiração. Em alguns momentos, Ele me tratava com
imenso carinho e respeito, me mostrando que eu era mui-
to importante. Outras vezes, Ele era duro comigo e falava
271
como um pai muito rigoroso.
A nossa conversa foi longa. Com certeza, nunca mais vou
ter uma conversa tão difícil e sofrida com alguém. Ele sa-
bia de tudo a meu respeito. Cada fato importante de minha
vida, Ele rememorou e falou da sua atuação nele. Quantas
e quantas vezes, na minha vida, eu lutei, desesperadamen-
te, para conseguir um objetivo e não logrei êxito. Nesses
casos, Ele me disse textualmente: “Fui eu que não deixei”.
Ele discorreu sobre toda a minha vida, realçando os pon-
tos mais importantes: vida sentimental, tudo, sempre afir-
mando a sua interferência. Eu sentia tanta raiva e tanta re-
volta, que não conseguia ficar parado. Para “O Poderoso”
a minha reação não lhe causava a menor surpresa. É como
se aquilo fosse o comportamento mais normal do mundo.
Nada o surpreendia ou emocionava. Nada o impressiona-
va. A sensação era de estar frente a uma montanha.
Lembro-me bem de olhar para Ele. A sua imagem era
de um homem alto, vestido com uma roupa azul brilhante
colada ao corpo; era majestoso, imponente, causava temor
a todos. O que mais chamava a atenção era o seu rosto, se é
que podemos chamar assim; na posição em que fica o ros-
to na cabeça, só existia uma tela oval “chuviscada”, seme-
lhante à televisão quando não tem imagem. Apesar disso,
eu sentia olhos me olhando e uma boca que falava dentro
de minha cabeça. Naquele instante, lembrei-me da citação
bíblica:
“A nenhum homem é dado ver a face de Deus”.
Depois de um longo tempo rememorando os principais
272
acontecimentos de minha vida e a sua participação neles,
Ele disse: “Eu fiz tudo isso para que você chegasse até aqui
hoje; se Eu não tivesse feito, aqui você não estaria.”
Nesse meio-tempo, chegou um homem sem camisa do
outro lado da sala, conduzido por outra pessoa. “O Pode-
roso” afastou-se e foi falar com o homem sem camisa. De
onde eu estava dava para ver “O Poderoso” de costas, ad-
moestando o homem, que também passava por maus mo-
mentos.
Daí a pouco, eu saí da sala e, do lado de fora, me reuni
com o grupo de pessoas. Fiquei sabendo, depois, que tínha-
mos uma ligação para a realização de um trabalho muito es-
pecial. Nisso, olhamos para o céu e vimos um tipo de avião
soltando fumaça se aproximando. Passou por nós e sumiu
entre as árvores. Daí a pouco, chegou de dentro do mato
um rapaz jovem, que estava no avião. Carregava alguma
coisa na mão. Fez uma pergunta ao grupo e se aproximou.
Eu fui ao seu encontro e coloquei a minha mão sobre os
seus ombros e disse: “Eu gostei dele, é um extraterrestre.”
Chegamos mais para perto do grupo. Uma mulher curiosa
perguntou-me: “Afinal, o que é esse grupo?” Eu disse pa-
ra não tentar entender naquela hora, pois o grupo estava
ligado a tudo. Tinha ligação com o mundo espiritual, com
o lado religioso, e ligação com pessoas de outros planetas.
Outra mulher do grupo estava sentada ali perto. Eu me
aproximei e disse a ela: “Olha aqui” e, em seguida, levantei
a perna da calça e mostrei a barra de ferro incrustada em
minha perna. Havia, porém, um detalhe: a ponta do ferro
273
que sobressaía junto ao joelho tinha se transformado em
uma grande caneta esferográfica; ou seja, eu estava com uma
caneta introduzida em minha perna, do tornozelo até o joe-
lho, com a ponta bem visível. Nesse momento, eu entendi
tudo. Toda a minha vida de dificuldades nos últimos anos
se devia ao compromisso não cumprido. Era uma forma
de o mundo espiritual lembrar-me do meu compromisso.
Dentro dessa responsabilidade está a obrigação de escrever
alguns livros, mostrando ângulos novos da realidade, tra-
zendo novos conhecimentos e aproximando mais o mun-
do espiritual do homem desse tempo. Eu havia prometido
lá, do outro lado da vida, realizar essa tarefa e outras mais.
Dentro dessas promessas está uma de suma importância,
que é: falar de Deus da forma como eu O vejo e da manei-
ra que Ele fala comigo. Isso a pedido Dele, e não por mi-
nha livre vontade.
Ocorre que o envolvimento com tudo o que é da maté-
ria nos faz, muitas vezes, postergar os compromissos com
o mundo espiritual. Quando isso acontece, a cobrança ba-
te à nossa porta.
Logo em seguida, começou a vir em minha consciência
as demais informações dadas pelo Poderoso, meu Pai, e gra-
vadas em minha mente. Uma delas foi a criação dos passa-
portes. Esses passaportes permitem cada um ter “acesso”
ou “viajar” para conhecer sua história e “acessar Deus”. O
passaporte é individual e intransferível. Cada Ser Humano
viaja por um caminho diferente para se conhecer. Esse au-
toconhecimento passa, necessariamente, pela tomada de
274
consciência do que contém os registros dos corpos ener-
géticos. O passo seguinte é ir ter com Deus.
Existem muitos tipos de passaportes. Todos eles nos le-
vam ao nosso interior e nos conduzem a Deus.
Há o passaporte da vivência de Deus pelo trabalho na
matéria. Nas artes, por exemplo: escultura, pintura, músi-
ca, etc.
Há o passaporte de procurar Deus em alguma religião,
para aquelas que dão chance a isso.
Naquele momento, Deus também me disse: “As religiões
que não derem chance às criaturas de me conhecerem se-
rão, por mim, destruídas”.
Há muitos outros tipos de passaportes: da família, de
uma pesquisa, da dedicação ao próximo, além de outras
atividades ou funções.
Há, ainda, um passaporte muito especial por sua difi-
culdade, que é o passaporte da ligação e dedicação direta
a Deus, ou seja, o trabalho sob suas ordens diretamente.
Os passaportes estão ligados à fala de Deus, quando Ele
disse: “Vou abrir de novo os caminhos para que as criatu-
ras tenham acesso a mim.”
Nesse dia, nos momentos em que estive no salão, on-
de o Poderoso estava, muitas coisas Ele falou e gravou em
minha memória.
Quanto a Terra, Ele disse que, se todas as providências
não derem certo, ela será varrida do espaço. No seu lugar
será escrito por Ele:
Aqui Deus quase falhou.
275
A palavra “QUASE” − disse Ele − será escrita com letras
brilhantes, e as demais, com letras escuras.
Portanto, a destruição virá para que Deus, meu Pai, não
falhe. Como Ele disse: “Se não agir assim, Eu terei falha-
do, e eu Nunca falho.”
Após “O Poderoso” ter me dado as últimas instruções,
eu acordei no corpo. Ao pensar no futuro que nos aguar-
da, fiquei muito entristecido. Por vários dias não consegui
afastar a tristeza que insistia em permanecer comigo. Cada
palavra, cada gesto, cada ensinamento, ficaram gravados em
minha memória para sempre.

As Quatro Consciências do Ser Humano


O Ser Humano, em seu estado original e perfeito, tem
a consciência contínua, ou seja, ela está presente em todo
momento de sua vida, tanto na dimensão da matéria como
na espiritual.
Por outro lado, no estado de desequilíbrio e inconsciên-
cia em que se encontra, ele possui uma consciência relativa.
Ela, por sinal, sofreu uma espécie de fragmentação, criando,
com isso, uma estrutura com compartimentos interligados.
Assim, essa consciência relativa que todos possuem é que
permite que a vida humana ainda possa existir nesse mundo.
Em minhas pesquisas e experiências, pude observar qua-
tro consciências interagindo dentro do Ser Humano. Em
boa verdade, todas essas consciências fragmentadas termi-
narão, um dia, fundindo-se em uma única: a consciência
276
plena. Mas, por enquanto, podemos nomear as consciên-
cias da seguinte forma:
Consciência Material (administradora).
Subconsciência Restritiva (Reguladora).
Subconsciência Amoral (Liberal).
Supraconsciência (Conhecimento e Sabedoria).
As três primeiras consciências estão intimamente ligadas
entre si e pertencem a este mundo físico. Apesar disso, po-
demos levar qualquer uma delas para o outro lado, quan-
do saímos do corpo ou mesmo pela ocorrência da morte.

Consciência material (administradora)


Esta consciência é a encarregada de tomar conta da vi-
da material em todos os sentidos. Ela administra a nossa
vida. É por meio dela que criamos nossas rotinas, nossas
tarefas, o trabalho, a família, e tudo mais. É ela que faz o
Ser Humano “saber que sabe” as coisas deste mundo. A
memória lembra; a consciência percebe que lembrou. Esta
e as duas seguintes são formadas e alimentadas por vários
fatores que influenciam o Ser Humano, tais como: a região
e o país em que a pessoa nasceu e vive, a cultura, os costu-
mes, a herança genética, o meio ambiente, prática ou não
de alguma religião. Também exercem grande influência as
suas vidas passadas, principalmente, as mais recentes.
É importante observar que a consciência material, quan-
do desenvolvida, percebe com clareza a atuação das duas
277
subconsciências dentro do Ser Humano.
No meu caso particular, sempre tenho a oportunidade
de acompanhar o conflito entre as duas subconsciências.
Geralmente, é uma discussão acirrada com toda a argumen-
tação de cada lado. Na minha posição de observador, não
tomo partido, mas aprendo minhas lições.
Para perceber estas duas subconsciências é preciso aquie-
tar a mente e procurar não pensar, mas só perceber e ouvir.
No início, parece que estamos imaginando, mas não es-
tamos. Ao observarmos melhor, verificamos que são vozes
internas que argumentam, questionam, pedem, suplicam e
até proferem palavrões e xingamentos.
Dificilmente esses dois lados se entendem. Depois de
muito meditar sobre essas duas subconsciências, em sen-
tido contrário, concluí que elas existem para tentar evitar
que o processo de cada Ser Humano seja radicalizado, para
um lado ou para o outro.
Mas, apesar dessa balança, com peso e contrapeso, bus-
cando o equilíbrio do Ser Humano, pode-se observar que,
muitas vezes, o equilíbrio não permanece e um dos lados
sai perdendo. Quando isso acontece, é o próprio indivíduo
que perde. Isso se dá devido ao grau de profunda incons-
ciência que impede que o equilíbrio se dê.
Eu credito esse fato, também, à fragilidade da consciência
material. Quando ela é débil, uma das duas subconsciências
acaba assumindo o comando.
Suponhamos que nesses casos de luta entre as subcons-
ciências, a restritiva vença. Aí, então, o radicalismo será para
278
a “direita”. A partir desse momento, tudo deverá ser cer-
to demais. A visão exclusivista da pessoa passa a imperar.
Se ela segue uma doutrina religiosa, essa será a única certa.
A religião dos outros sempre estará errada. O seu ponto
de vista sobre qualquer assunto estará “sempre” certo e os
demais errados.
Dentro dessa consciência radical reguladora, as demais
pessoas têm de andar, vestir, falar e agir dentro do que ela
“acha” que é certo. Só ela, e somente ela, tem razão.
Se observarmos ao nosso redor, vamos encontrar mui-
tas pessoas dominadas por essa subconsciência restritiva
reguladora.
Mas, ao contrário, se a subconsciência amoral ganhar
uma contenda, aí então, a coisa seria bem diferente. A vida
se resumiria em um copo de bebida que precisa ser esva-
ziado. No caso, pouca coisa importa de verdade. O negó-
cio é aproveitar ao máximo de tudo.
Nesse momento, a responsabilidade que é própria do Ser
Humano campeia ao longe. Procura-se, nesse caso, combi-
nar dois ingredientes perigosos: toda liberdade e nenhuma
responsabilidade.
“A vida é uma estrada que passa exatamente entre uma
planície e um perigoso despenhadeiro. Nós temos escolha.”

Subconsciência restritiva (reguladora)


Nesse caso, é uma consciência mais difícil de perceber,
porque ela está escondida dentro da consciência material.
279
Ela luta o tempo todo com a consciência amoral. Em certas
pessoas, ela é tão reguladora que toma, quase totalmente, o
lugar da consciência material. Esse é o caso das pessoas ex-
tremamente religiosas, cujos atos normais da vida são prati-
cados observando-se os preceitos de sua religião. Para elas,
tudo é proibido, tudo é pecado. Sempre que vão fazer algo,
aparece uma voz interna criticando: “Você não pode fazer
isso! O que os outros vão pensar. Pense em Deus, e se Ele
vir? Você já pensou? Que vergonha!” É mais um pecado.
Essa regulação persegue a pessoa o tempo todo. É uma
censura constante. À medida que a pessoa vai aumentando
o seu entendimento, essa subconsciência vai perdendo for-
ça e permitindo a expansão da consciência material.

Consciência amoral (liberal)


Temos exatamente aqui a polaridade contrária à subcons-
ciência restritiva. Deste lado, o que vale é a plena liberda-
de sem responsabilidade. Dentro dessa consciência, tudo é
permitido e nada é proibido. O censo crítico é totalmente
desativado. A palavra “valor” nada significa. Aqui, o impor-
tante é a ação, não importa para que, por que, com quem
ou para quem. Busca-se o prazer, o fruir de tudo.
Esta subconsciência tem seu contrapeso, o seu freio, a
voz que lhe critica o tempo todo: é a subconsciência regu-
ladora. Quando a pessoa vai atuar aqui, no mundo físico,
ela, com um pouco de treino e atenção, pode ouvir e per-
ceber internamente a luta verbal das duas rivais.
280
Se um jovem estudante, por exemplo, sai à noite para a
faculdade e resolve faltar à aula e ir a uma festa; o que po-
de acontecer no seu mundo interno?
Primeiro, atua a subconsciência reguladora, da seguinte
forma: “Espera aí, eu não posso fazer isso, a faculdade é
tão cara; meus pais se sacrificam tanto para eu estudar. Não
posso! Vou à aula.”
Nesse momento, entra a subconsciência liberal: “Que na-
da! A vida está passando e o tempo não volta mais, tenho
que aproveitar. Que se dane! Vou aproveitar.”
Volta a argumentar a reguladora: ‘Puxa! Coitados dos
meus pais! Se eles soubessem o que eu vou fazer! Eu sou
um idiota mesmo, deixar de estudar para ir a uma festa! É
o meu futuro! Se eu quero ser alguém, tenho que me de-
dicar. Sem sacrifício não se faz nada.” Ao que contrapõe a
liberal “Estou parecendo um velho. Onde está o cara es-
perto que sempre fui? Não estou me reconhecendo mais.
Vou à festa. Os velhos não precisam ficar sabendo. É isso
aí, lá vou eu, a faculdade que espere.”
E por aí segue a disputa, até que uma delas vença. Na
maioria das vezes, a liberal leva a melhor, porque ela é mais
ligada ao mundo material e predomina sobre os sentidos.
Depois que o fato é consumado, aquela que perdeu con-
tinua a martirizar o indivíduo.
No caso do estudante que foi à festa e não à aula, vai
acontecer o seguinte: Subconsciência reguladora: “Eu não
devia ter matado aula. Não valho nada. Repito sempre o
mesmo erro.”
281
Subconsciência liberal: “Que nada! Estava o maior bara-
to. Diverti-me à beça, isso é o que conta. Esse negócio de
livro todo dia intoxica.”
Por aí se vê que a consciência ou as consciências, nós as
levamos junto conosco para onde formos. Não tem outro
jeito.
O importante é aumentar, cada vez mais, o entendimen-
to, para sabermos agir como seres humanos e não como
marionetes, que agem pela força dos sentidos e não pelo
raciocínio lógico.
Ter domínio sobre o corpo físico é caminho obrigatório
para a conquista da consciência maior.

Supraconsciência ou consciência espiritual


É nessa consciência que está o conhecimento original e
o adquirido em vidas passadas. O Ser Humano tem aces-
so a ela mais facilmente, quando sai do corpo. Mas não é
sempre que isso acontece. Na maioria das vezes que saí-
mos do corpo, levamos a consciência que temos aqui no
mundo material.
A consciência espiritual sabe de tudo, mas, do lado de
cá, nós não sabemos dela. Mas é possível entrarmos nela
com a consciência deste mundo. Quando isso nos aconte-
ce, ficamos perguntando: “Como eu sei disso e não sabia
que sabia?”
Nesses momentos de real grandeza, verificamos que so-
mos muito mais do que pensamos que somos. Muitas ve-
282
zes, mesmo vendo, duvidamos de nossa capacidade e de
nosso conhecimento.
O grande objetivo de quem busca a conquista da cons-
ciência é ligar a supraconsciência com a consciência do mun-
do físico. Nesse momento, teríamos construído, de novo, a
ponte que liga os dois mundos de nossa vida eterna.

Passageiro da Agonia
Eu fui.
Sou.
Serei.
Sou passageiro do tempo,
Sou viajante do sempre.
Sou o seixo que rola
Estrada afora.
Sou início do fim.
Sou fim sem começo.
Sou o sonho de um dia.
Sou o sonhador da utopia.
Sou o sonho do Criador,
Sou Criador de meus sonhos.
Sou sonho sem razão.
Sou a razão sem razão,
Tirana do coração.
Veredas escuras,
Passo lento com demora.
Sou mendigo que esmola,
283
Sou faca que fere e esfola.
No caminho sou sozinho,
Sou carente,
Ou pleno de amor.
Às vezes cego,
Insensível, ignorante.
Outras vezes, sou gênio,
Até doutor.
Sou ave ligeira,
Subindo a ribanceira.
Sou o disparo da arma,
Fazendo sujeira.
Sou galo de campina,
Cantando, fazendo festa.
Também, sou carabina,
Que de dor
A mata infesta.
Sou velho e profundo rio,
Que incansável caminha,
Caminha cansado
E cansado caminha.
Se paro ou sigo,
A decisão é só minha.
Se sigo,
Estrelas me guiam,
Bailando sobre a cabeça.
No passo,
284
A ousadia.
Na noite ou no dia,
Caminhar é preciso.
É preciso caminhar!
Poeira, estrada;
Vento, ventania.
Caminhar é preciso,
Na noite ou no dia.
Na luz, ou na escuridão,
De seda ou gibão;
De passos trôpegos, ou não,
Caminhar é preciso.
Irmão.
Além do fim,
Mora o eterno, o sem fim
Às margens do eterno,
Habita confusa interrogação.
No sal do imenso mar
Mora a sede do beber.
No seio da interrogação
Habita a aflição do saber.

Alma Gêmea
Muito se tem falado a respeito de alma gêmea em nos-
sa literatura. Na maioria das vezes, de forma romanceada;
outras vezes, o tema vem recheado de misticismo e bem
distante da realidade.
285
O conhecimento sobre alma gêmea só existe no mun-
do espiritual; por isso, o que existe aqui é, em sua maioria,
imaginação e fantasia. É resquício do que o Ser Humano
sabia e tenta lembrar, mas não se lembra. Assim, deixo um
pouco desse conhecimento tão importante para todos.
Primeiro, não existe a possibilidade de alguém encontrar
a sua alma gêmea aqui neste mundo. Alma gêmea não é o
amor perfeito que um homem ou uma mulher buscam aqui
na Terra. Mas é a outra metade de um Ser Humano que per-
manece no mundo espiritual, enquanto o outro vem para cá.
O Ser Humano é criado duplo, mas nunca atuam juntos
no mundo da matéria. Um sempre permanece no mundo
de origem, mas acompanhando seu par em experiência na
matéria.
As almas gêmeas foram criadas com os mesmos tipos
de raciocínios, os mesmos sentimentos, os mesmos gostos.
Porém, com uma única diferença: uma com tendência mas-
culina e outra com tendência feminina. Se for um homem
que está encarnado neste mundo, a sua alma gêmea então
será feminina e estará no outro mundo. Se, ao contrário, for
uma mulher que está aqui, a sua alma gêmea então será um
homem e estará no mundo espiritual. Isso é uma regra, os
dois nunca estarão aqui ao mesmo tempo. A alma gêmea é
o oposto seu, porém igual.
Ninguém, em momento algum, está sozinho. Sempre te-
mos companhia. Quando imaginamos algo, estamos criando
responsabilidade para outro. A nossa imaginação de hoje é
a realização do outro amanhã. Da mesma forma, os nos-
286
sos sonhos de hoje constituem as obrigações para a nossa
alma gêmea cumprir no futuro. Portanto, devemos ser res-
ponsáveis; não sonhemos demais, porque isso acarretará
muito trabalho à nossa outra parte no porvir.
Tudo o que fazemos hoje é a execução do sonho que ela
sonhou um dia. A nossa alma gêmea pode ter ideais dife-
rentes das nossas. O sonho de um é o ideal do outro, mas
pode haver discordância, entre o sonho de um e o ideal do
outro.
Quando há um corpo em gestação, sempre ficam os dois,
masculino e feminino, aguardando para saber de quem será
a vez: do homem ou da mulher.
Em boa verdade, o corpo físico é destinado ao Ser Hu-
mano (espírito) no momento da fecundação. Após o nas-
cimento, o espírito controla o corpo físico da criança, de
fora. Esse controle é feito por feixes de energias que ligam
o espírito ao corpo da criança em pontos estratégicos. Des-
sa forma, o corpo pode ser comandado e guiado pelo seu
dono, mesmo estando fora dele. No mundo espiritual, já
presenciei o espírito, dono de um corpo, pedir a um amigo
para vigiá-lo e guardá-lo, enquanto ele se afastava para cum-
prir um compromisso. No caso, o corpo era de um meni-
no de quatro anos. A troca foi feita sem problema, apenas
desconectando os feixes de energias que ligavam o dono
ao seu corpo e passando-o para o substituto temporário.
Quando ele retornasse, seria desfeita a troca.
Ao atingir a puberdade, por volta dos catorze anos, o es-
pírito entra no veículo físico e assume, de forma comple-
287
ta, o controle. Nesse grande momento de sua existência, o
Ser Humano se sente totalmente completo, pois está repre-
sentado nas duas dimensões da vida. Quando isso aconte-
ce, uma das almas gêmeas permanece no mundo espiritual,
apenas acompanhando a sua outra parte nas experiências
da matéria.
Quando saímos do corpo físico, podemos ter contato
com nossa alma gêmea no mundo espiritual. É muito inte-
ressante você olhar para alguém que é você em tudo, me-
nos no sexo que não é o seu, mas o oposto. A sensação é
de você olhando e tocando você mesmo. É simplesmente
uma experiência inesquecível.
Em minhas viagens fora do corpo, tive a oportunidade
de encontrar-me com a minha alma gêmea. Eu olhava para
aquela mulher, que eu amava tanto, ao mesmo tempo em
que me reconhecia nela. Eu me perguntava: “Mas, se sou
homem, como pode aquela mulher ser também eu?” Fiquei
longo tempo observando seu rosto, os cabelos longos, o
sorriso, o olhar, tudo. Voltei ao corpo e permaneci medi-
tando sobre a perfeição da obra do Criador.

Mundo Espiritual
O mundo espiritual é extremamente complexo, para o
entendimento do homem que habita essa parte do universo
chamada planeta Terra. Para entender esse outro mundo,
deve-se compreender que a vida do homem participa de
duas dimensões. Mesmo quando está de um lado, ele par-
288
ticipa e é influenciado pelo outro lado. Um lado sofre, na-
turalmente, as influências do outro, isso porque o Ser Hu-
mano é o causador de tudo.
Partindo do início, da formação de um novo mundo a ser
habitado, temos primeiro a formação do plano espiritual ao
redor desse orbe. Quando, então, o planeta apresenta todas
as condições de habitação, os espíritos, futuros habitantes
do plano físico, já estão à espera. Desses milhões de almas
que formam, antecipadamente, o mundo espiritual, ao re-
dor do espaço físico, uma boa parte não levantará um cor-
po para si no plano material. Isso em virtude de não pos-
suírem registro de matéria, ou seja, não foram criados para
trilhar a senda material. Essa parte das almas tornar-se-á a
guardiã do conhecimento humano. A outra parte, esta sim,
tomará a senda da matéria e buscará, por consequência, o
conhecimento pelo meio físico.
Conforme detalhado em capítulos anteriores, com a che-
gada da inconsciência a criatura humana passou a conviver
com a dor e o sofrimento. E, o pior, passou a carregar a
culpa até depois da morte física.
As religiões, seitas, filosofias, sociedades espiritualistas
passaram a direcionar os indivíduos da forma que “acha-
vam” certo. Com isso, o mundo espiritual teve, necessa-
riamente, que ser adaptado para atender aos espíritos que
chegavam, após a morte, com suas crenças, ou seja, com
suas programações recebidas na matéria.
A partir daí, cada grupo aqui criado, que tratasse do Ser
Humano e seu destino transcendental, passou a ter um grupo
289
espiritual que o representasse do lado de lá da vida. Dentro
do princípio: “assim na terra como no céu.”
Com o passar do tempo, muitos grupos religiosos fo-
ram criados, muitas doutrinas novas foram surgindo, cada
uma com orientações e programações diferentes para o Ser
Humano. Com isso, os grupos de representantes espirituais
também foram se expandindo.
Até recentemente, esses grupos espirituais de represen-
tação atingiam a quase duas centenas. Ocorre que esses
grupos possuem princípios, filosofias e doutrinas próprios
que, muitas vezes, não combinam e até conflitam uns com
os outros. Aqui, neste mundo da matéria, as pessoas ado-
tam e passam a defender um grupo constituído. Com isso,
elas passam a divergir umas das outras. Cria-se a divisão, a
animosidade, a agressividade e a separação. Em respeito ao
Ser Humano que está aqui, o mundo espiritual também se
estruturou em bases e princípios que possam guardar sin-
tonia com o grupo de seguidores da frequência física.
Para exemplificar, uma doutrina que causa divergência no
mundo espiritual é a do carma. Existem grupos, seguidores
do mundo físico, que o aceitam e defendem a sua aplica-
ção. Por outro lado, existem outros grupos que não aceitam
e não impõem a sua aplicação para os adeptos da matéria.
É muito importante ressaltar o seguinte: grupos que se
dizem religiosos, mas que visam apenas favorecimentos
materiais aos seus membros, não possuem representação
espiritual. Só têm atuação no mundo material.
Todos esses grupos espirituais, apesar de muitas vezes
290
não comungarem os mesmos princípios, têm assento no
“grande conselho do mundo espiritual”. É nesse foro que
são discutidos os grandes temas de interesse de toda a hu-
manidade.
Importante também é deixar registrado que, se existem
esses grupos que representam no mundo espiritual reuniões
de pessoas de crenças semelhantes que aqui se formam, é
exatamente em respeito ao Ser Humano. Respeito esse que
transcende as dimensões da vida para adentrar no louvor
ao Pai que nos criou a todos.
Acima de toda doutrina ou dos princípios de condução e
direcionamento, paira o despertar da consciência. Ele acon-
tece no campo solitário do Ser. Ali, não existem seguido-
res nem tampouco condutores. Existe, sim, o Ser Humano
e sua busca. Este se firma e se concretiza no encontro de
Deus em si mesmo. Na grande descoberta do “Eu sou” e
do “Tudo posso”, Ele encontra a sua grandeza. Nesse mo-
mento, quando se dá o real despertar da pessoa humana,
também é lançado o seu tributo. Somos conscientes. Logo,
a nossa responsabilidade perante a vida é cobrada de for-
ma diferenciada. Isso, estritamente dentro da lei: “A quem
mais é dado mais será pedido.”
Quando atingimos essa diferenciação, pelo nível de cons-
ciência, então é providenciada a separação de nossos regis-
tros espirituais, onde está arquivada toda a nossa vida, desde
o princípio. A partir desse ponto, passamos a integrar um
grupo especial: o Grupo da Consciência Humana. Todas
as pessoas, em todos os cantos da Terra, são observadas e
291
acompanhadas com relação ao nível de consciência. Uma
vez alcançado o nível requerido, a pessoa é convidada, fora
do corpo, ou seja, no mundo espiritual, a integrar esse grupo.
Toda a Terra foi dividida em grandes regiões e, para cada
uma delas, foi nomeado um representante da consciência
humana. Essa pessoa é encarregada de selecionar e con-
vidar aqueles que já possuem os requisitos para integrar o
Grupo da Consciência Humana.
Em uma de minhas saídas do corpo, tive a oportunidade
de estar com o representante da América do Sul, bem como
saber o seu nome e outros dados sobre ele. Nesse dia, pu-
de assistir, no mundo espiritual, a muitas pessoas que vie-
ram pedir que parentes e amigos fossem convidados para
o grupo da consciência.
Integrar esse grupo é tudo que o Ser Humano mais de-
seja em sua vida, mesmo que, nessa consciência relativa em
que ele se encontra, não se lembre do seu maior desejo.

A Escolha do Povo Judeu


Toda a narrativa bíblica gira em torno de um único povo
e de uma mesma região: os judeus, a Palestina e os países
vizinhos. Tanto o Velho Testamento como o Novo tratam
da vivência de um povo através dos milênios e sua relação
com os povos que habitavam as proximidades.
Uma pergunta insistente, e por demais pertinente, não
cansa de pedir para se manifestar:
“Por que toda a história bíblica só trata de uma pequena
292
região da Terra e de um só povo?”
Seria o povo judeu eleito para receber o Filho de Deus e
os seus ensinamentos, como deixa entender algumas passa-
gens desse documentário? Se esta afirmação for verdadeira,
cabe outra indagação: por que?
Para esclarecer estas questões, temos que voltar ao tem-
po em que todos os habitantes da Terra entraram na escu-
ridão da inconsciência.
Após a perda do “Paraíso” e a morte de “Abel”, houve
a permanência de “Caim” e a multiplicação de sua descen-
dência, por todas as gerações futuras. O nosso Planeta tor-
nou-se uma terra sem dono, sem lei e sem futuro. O homem
tinha perdido o juízo, não sabia mais quem era, por que e
para que estava nesse pedaço do universo.
Durante todo o tempo, após a chegada da inconsciên-
cia, os habitantes daqui foram acompanhados, observados
e analisados por equipes de fora da Terra, ou seja, de ou-
tros planetas. A partir daí, as nossas reais condições de saú-
de, comportamento e entendimento, entre outros aspectos,
passaram a ser objetos de acompanhamento sistemático.
Essas equipes de ajuda buscavam, naquela oportunida-
de, uma maneira de iniciar de novo o despertar da cons-
ciência do homem terrestre. As criaturas humanas tinham
se animalizado e precisavam, urgentemente, ser humaniza-
das novamente.
Os antepassados de Abraão, e principalmente Tare, seu
pai, vinham sendo observados. Notaram então que esse
povo correspondia ao que se esperava de uma raça para
293
iniciar os ensinamentos da consciência. Os danos sofridos
nas estruturas física e energética tinham sido menores. Da
mesma forma, a sua recuperação era melhor do que a de
outros povos.
Verificou-se, também, que a posição geográfica da Palesti-
na era privilegiada. A proximidade com o Mar Mediterrâneo
e o Mar Vermelho favorecia o comércio marítimo. Mesmo
por terra havia um grande fluxo de mercadorias, que tinha
a Palestina como ponto final ou de passagem.
A própria distância entre a Palestina e as outras nações
de grande importância, como a Egípcia e a Romana, tam-
bém teve papel relevante.
Assim, observando todos esses fatores em conjunto, che-
gou-se à conclusão que o povo judeu e a região geográfica
da Palestina, bem como os seus arredores, eram ideais para
se iniciar a implantação do trabalho da consciência huma-
na. E dali para todos os habitantes da Terra.
O povo judeu foi o escolhido porque tinha apresenta-
do menor comprometimento e melhor recuperação cere-
bral, após ter sofrido as pesadas cargas de radiação solar. A
consciência depende, essencialmente, da função cerebral.
Então, a raça judaica teve essa razão para ser a escolhida.
Assim, a Palestina era a região propícia para que os en-
sinamentos da consciência pudessem ser levados aos po-
vos distantes.
Isso foi feito, tanto pela palavra direta dos enviados do
Mundo Espiritual, como também pela notícia propagada
por todos que estavam de passagem pela região, em deman-
294
da de outras terras.
Assim, a raça e a região não foram escolhidas por um fa-
vorecimento Divino. Mas, ao contrário, por aspectos cien-
tíficos e estratégicos, para a vinda dos enviados de Deus.
Vieram os patriarcas, os profetas, Jesus e os demais mem-
bros de sua equipe.
É bom lembrar que, em outras partes, outros dez salvado-
res estiveram na Terra, cumprindo seus trabalhos. Ao todo,
foram onze salvadores que aqui estiveram desenvolvendo
atividades em benefício do restabelecimento do equilíbrio
humano. Todos vieram de livre e espontânea vontade. E
enfrentaram o desânimo e o desequilíbrio do Ser Humano
que estava em dificuldade para entender e desempenhar a
sua função neste mundo.
Jesus veio ao mundo representando o povo judeu que,
posteriormente, não o reconheceu como o Filho de Deus,
o Salvador.
Os outros dez salvadores vieram, em outras regiões do
globo, representando outros povos.
É importante deixar aqui registrado que a população da
Terra se unirá, pela miscigenação natural das diversas raças,
e se transformará em uma única raça uniforme, em todos
os aspectos. Nesse tempo, virá ao nosso Planeta o décimo
segundo e último Salvador. Ele representará não uma raça,
mas toda a humanidade terrestre. Nesse momento, a cons-
ciência humana estará aqui, de novo, em nosso mundo, de
forma permanente.

295
Por quê?
Um dia, observando grandes labaredas que subiam em
direção ao céu, resolvi interpelar o fogo sobre uma questão
que há muito me inquietava. Dirigi-me, então, ao Podero-
so fogo e o inquiri: “Ó Poderoso fogo, tu que andas por
dentro de tudo que vive; tu que conheces até as entranhas
do homem; tu que sustentas a vida, diga-me, eu te peço:
Por quê?”
“Por que o mundo assim se transformou?”
Ele quedou-se, recolheu suas chamas e pensativo res-
pondeu-me: “Não sei.”
Não satisfeito, dirigi-me ao Mestre Rio e perguntei-lhe:
“Tu Mestre, que desde priscas eras serves aos homens, ani-
mais e plantas; tu que tens a sabedoria do solitário viajante;
que caminhas incansável entre morros e montanhas; por
planícies, vales e grotões. Tu que serves a reis e rainhas, a
camponeses e à burguesia, diga-me, por favor: Por quê?”
“Por que a maldade e a tirania tomaram conta da Terra?”
Ele recolheu-se, por segundos eternos, e respondeu:
“Não sei.”
Inconformado, segui em frente. Dirigi-me à senhora
Montanha e, mais uma vez, perguntei: “Ó Senhora! Tu que
és a guardiã do tempo; tu que tens o santo privilégio de tu-
do ver; que das alturas podes observar o homem e seu agir.
Tu que presenciastes o milagre da pequena fonte transfor-
mar-se em regato; o regato em riacho e este em grande rio.
296
Tu que contemplastes todos os pores do sol, o caminhar
da lua por tuas encostas, diga-me, eu rogo-te: Por quê?”
“Por que a mentira e a falsidade tomaram conta da cria-
tura humana?”
Ela silenciou-se pensativa, e respondeu-me: “Não sei.”
Sentindo que minha busca estava longe de ter fim, ca-
minhei em direção ao grande soberano, o Oceano. Pergun-
tei-lhe, assim que cheguei: “Ó Grande Oceano! Ninguém
como tu bem conheces os homens de todas as terras. Tu
ouves suas falas, seus segredos, seus feitos, suas crenças e
descrenças. Tu que estais até no suor de seus rostos, diga-
-me: Por quê?”
“Por que a verdade e a justiça foram banidas desse mun-
do?”
O Grande Oceano, entristecido, recolheu-se e disse-me:
“Não sei.”
Já cansado, sentei-me ao pé de um frondoso carvalho e,
ouvindo o sibilar do vento em suas folhagens, perguntei:
“Ó Vento, grande viajante, tu és a minha esperança. Preciso
de teu imenso conhecimento. Tu que viajas veloz por cada
palmo de chão deste mundo; tu que bem conheces a cria-
tura humana que aqui habita; tu que sabes de tudo o que os
homens fazem e até o que eles falam em sigiloso colóquio,
diga-me, por favor: “Por quê?”
“Por que os homens se destroem, uns aos outros, na
curva da estrada, mas na grande reta da vida um não vive
sem o outro?”
297
O Vento silenciou-se e uma gota de lágrima rolou pela
folhagem do carvalho, trazendo sua resposta em um mur-
múrio: “Não sei.”
Caí de joelhos sobre a Terra e, mais uma vez, supliquei:
“Mãe Terra, tu que respondes pela vida da criatura; tu que
alimentas o rico e o pobre; a criança e o ancião; o homem e
a mulher. Tu que recebes, igualmente, a todos em teu seio;
tu que sofres todos os vilipêndios da criatura humana; tu
que desde o princípio das eras conheces o ser Humano e
seus atributos, diga-me, por favor: Por quê?”
“Por que tanto alimento e tanta fome? Por que tanta
criança atrás de um pão e tanto pão enfeitando cestas? Por
que tantos comem tão pouco e tão poucos comem tanto?
Por que uns morrem de fome e outros de tanto comer? Por
que tantos palácios rodeados de tantos casebres? Por que
será que, no cemitério, os ossos não são de ricos, nem são
de pobres, mas apenas são ossos?”
A Terra, que não esperava por isso, acabrunhada, falou-
-me: “Não sei.”
Cansado de minha longa caminhada, tomei uma drástica
decisão: Vou importunar meu Pai. Ele sabe, tenho certeza
absoluta. Ele, se quiser, pode me dar esse conhecimento e
calar, de vez, esse “por que” que não me deixa em paz, pe-
la minha vida afora.
Assim, com todo respeito, coloquei-me de joelhos e im-
plorei ao meu Pai: “Pai! Tu viste e ouviste tudo, então, se
posso saber, diga-me: Por quê?”
298
“Filho! Filho! Tantas vezes me perguntaste e outras tan-
tas Eu lhe respondi.”
“Agora, no apagar das luzes dessa aurora boreal, arran-
co de dentro de meus guardados mais um conhecimento
novo para ti, para que saibas que o propósito, para o meu
ato, sempre antecede a tudo. E, antes que se dê o começo,
o propósito Eu tenho.”
“Esse mundo nasceu não de um propósito puramente
Criador, mas de uma demonstração de força. Ou, em uma
melhor lição, nasceu de uma prova de competência.”
“Quando esse mundo foi criado, era o tempo de grandes
mutações deste Universo. Com isso, tudo sofreu variações
nas matrizes originais, causando desvios em todos os segui-
mentos, onde a criatura se desabrocha, cresce e sementeia.”
“O ‘por que’ é de uma forma, que ainda não conheces:
a história com o princípio e o final. Com o ontem antes do
início e o amanhã depois do fim.”
“O ‘por que’ não é uma pergunta que se faz, mas uma
resposta que se obtém. É o caminho reto que conduz ao
meu reino. Cabe às criaturas que do meu seio tiveram vida
decifrar o grande enigma contido no ‘por que’.”
“Quando isso se der, meus filhos estarão de novo no Pa-
raíso. Poderão, então, andar e falar comigo, porque saberão
quem sou Eu. Não mais me temerão e todos me chama-
rão de Pai.”

299
Experiência de 10-03-2008
Há cerca de um mês eu havia encerrado e dado como
pronto o presente livro. Foi um trabalho de aproximada-
mente doze anos. Isso contando desde as primeiras linhas
até o ponto final do derradeiro parágrafo do último capítulo.
A razão para a demora não se prendeu à tarefa de escre-
ver, mas sim à busca de informações no mundo espiritual,
como também à minha dificuldade de entender sobre o que
os meus orientadores espirituais queriam que eu escrevesse.
Também tive, muitas vezes, dúvidas atrozes a respeito da
forma mais adequada a ser usada para que as pessoas pu-
dessem melhor entender os assuntos tratados.
Assim, após o fechamento do último capítulo, mais exa-
tamente na noite de 10 de março de 2008, saí do meu cor-
po e recebi mais alguns ensinamentos, e me foi pedido para
acrescentá-los ao livro.
Eis a narrativa:
Logo que saí do corpo fui conduzido a um amplo salão
onde estava reunido um grande “Conselho”. Era composto
de aproximadamente vinte pessoas. Estavam sentadas do
lado interno de uma mesa em forma de meia-lua. Na par-
te mais proeminente da mesa e, portanto, mais próxima de
mim, sentava-se uma mulher de grande autoridade que no
meu entendimento comandava o evento.
Fiquei de pé em frente ao “Conselho” e notei que todos
olhavam para mim. Não havia mais ninguém no salão, so-
mente eu e o “Conselho”.
300
Logo entendi que todos estavam ali para ouvir-me. O
assunto era o livro que eu acabara de escrever.
Perguntei à mulher que liderava a reunião, e que eu co-
nhecia apesar de não recordar o nome: “E então? Como
ficou o livro?” Ela respondeu: “MA-RA-VI-LHO-SO.” Assim
mesmo, continuou ela dizendo: “É sílaba por sílaba: MA-
-RA-VI-LHO-SO.”
Voltei a perguntar: “Há alguma outra informação que
eu deva acrescentar no livro?” Ela respondeu: “Sim, mais
uma informação sobre a oração o PAI NOSSO.”
“O Pai Nosso era um mantra usado na Índia antiga para
encaminhar os mortos ao mundo espiritual.”
E acrescentou:
“Jesus e o Pai são um, em três pessoas.”
“Nossa Senhora e o Pai são um, em uma única pessoa.”
E, finalmente, disse:
“Você e o Pai são um, em uma única pessoa.”
Em seguida retirei-me do recinto e retornei ao meu cor-
po físico. Levantei-me e fiz estas anotações. E, conforme
me foi determinado, eu as estou acrescentando aqui ao fi-
nal do livro.

Glossário
ALMA GÊMEA − Dois seres humanos criados juntos e
iguais, mas com tendências diferentes: masculina e femini-
na. Tendo como regra, sempre estarem em planos diferen-
tes. Enquanto um está encarnado, o outro permanece no

301
mundo espiritual.
AUTOCONSCIÊNCIA − Condição de consciência sempre
desperta do Ser Humano, o que lhe permite ter domínio de
seu corpo físico e conhecer-se agora e antes. Viver o pas-
sado e o futuro no presente.
CAMPO ENERGÉTICO NEURONAL − É a energia acumula-
da nos neurônios, como um todo, e que pode extrapolar os
limites cranianos, formando uma coroa acima da cabeça.
CATACLISMO − Grande catástrofe ocorrida há muitos mi-
lênios, em nosso sistema solar. Houve, naquela época, o
rompimento da camada protetora da Terra, permitindo a
passagem da radiação com grande intensidade. Com isso,
aconteceu o bloqueio energético do cérebro humano.
CONSCIÊNCIA − Atributo do Ser Humano que sabe que
viveu no passado, vive no presente e viverá no futuro, pois
tem a eternidade como certeza.
CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL OU SUPRACONSCIÊNCIA −Éa
consciência maior do Ser Humano. Geralmente só temos
acesso a ela quando saímos do corpo.
CONSCIÊNCIA FÍSICA − É aquela que nos guia no mundo
da matéria e que pode ser levada para o Plano Espiritual,
quando saímos do corpo.
CONSCIÊNCIA PLENA − É a autoconsciência desenvolvi-
da em toda sua plenitude.
CORPOS ENERGÉTICOS − São os onze corpos especiais
302
de energia, ou discos de energias, ou camadas de energias,
onde fica situada a memória do Ser Humano. Nesses cor-
pos são registrados todos os acontecimentos de nossas vi-
das, do início até o presente. Toda a nossa história está ali
preservada.
FREQUÊNCIA CEREBRAL − É o número de vezes em que a
energia armazenada na base craniana é lançada para a par-
te frontal da cabeça e que, em seu retorno, varre as áreas
cerebrais.
FREQUÊNCIA EXTRAFÍSICA − É o mesmo que mundo es-
piritual.
FREQUÊNCIA FÍSICA − É o mundo físico em que viven-
ciamos nossas experiências, quando encarnados.
IMPULSO CEREBRAL − É o lançamento da energia arma-
zenada na base craniana para a parte frontal da cabeça.
INCONSCIÊNCIA − Incapacidade relativa ou total da pes-
soa de saber sobre si, sobre a vida, a respeito do Mundo
Espiritual e sobre o Criador. Deriva de bloqueio cerebral
que impossibilita o processamento correto de dados e infor-
mações. Fato que leva a um raciocínio errôneo e limitado.
JUSTIÇA − É aquilo que não verga. É a verdade inflexí-
vel, dura e reta, que liga o princípio e o fim
NÃO TEMPO − O mesmo que eterno e eternidade.
NEUROTEOLOGIA − Nova ciência que descobriu e pes-
quisa, mediante experimentação, a Presença Divina no cé-
303
rebro humano.
NEUROTRANSMISSORES − São secreções neuronais que
conduzem energia e outros elementos de um neurônio a
outro, ou de uma área cerebral para outra. São responsá-
veis por aspectos psicológicos, comportamentais e a pró-
pria consciência do indivíduo.
ORIXÁS − Mestres do conhecimento. Seres Humanos que
não usam corpo físico. Não encarnam. São guardiões do
conhecimento humano. Não possuem o chamado “regis-
tro de matéria”. Por isso, não vêm a este mundo em corpo
físico. São intermediários entre Deus e os homens.
QUEM É VOCÊ? O QUE É VOCÊ? POR QUE VOCÊ? − Pergun-
tas que somente o Ser Humano plenamente consciente é
capaz de responder. Significa aquele que sabe QUEM É ELE
e que conhece o seu passado em outras vidas. É também
aquele que sabe O QUE ELE É, ou seja, conhece profunda-
mente o seu corpo físico. E, finalmente, é aquele que sabe
POR QUE ELE. Em resumo, possui o conhecimento dos mo-
tivos que o levaram até aquele lugar. Como também tem
conhecimento das razões que o conduziram àquele corpo
físico, nas condições em que ele se apresenta. Da mesma
forma, sabe por que vivencia suas experiências do presente.
REGISTRO − Ato de gravar, de forma permanente, na
memória do Ser Humano, tudo que ele vivencia ou que
lhe é informado. Constituindo, assim, um arquivo próprio
da pessoa.
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REGISTRO DE MATÉRIA − Ato de gravar, desde a criação,
na memória do Ser Humano, o caminho da matéria para a
aquisição do conhecimento. Significa que possuindo esse
registro, a pessoa sempre irá fazer uso de um corpo físico
para aprender. Ela sempre sentirá necessidade dele e so-
mente nele estará completa.
SAÍDA DA MATÉRIA − É a saída temporária do Ser Huma-
no (espírito) de seu corpo físico.
SER − Mesmo que Ser Humano, espírito.
SER HUMANO − O mesmo que espírito, pessoa humana,
homem, mulher, criatura humana.
VERDADE − É tudo que liga o princípio e o fim e que
verga, sem qualquer alteração, até o início.
VIBRAÇÃO CEREBRAL − É o movimento da energia des-
prendida pelos impulsos cerebrais no seu trânsito pelas áreas
do cérebro.

Referências Bibliográficas e Sugestões de Leitura


OLIVEIRA, Maria da Aparecida de (Bianca). As Possibilida-
des do Infinito. Editora e Distribuidora Kópyon, 1987.
OLIVEIRA, Maria da Aparecida de (Bianca). A Vida Dentro
da Vida. Editora e Distribuidora Kópyon, 1990.
SILVA, José Antônio Cunha e. Em Busca da Consciência
Perdida: por que mudar a linguagem espírita? Editora The-
saurus, 1993.

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