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O papel da participação e envolvimento comunitário na prevenção e

combate a epidemias: caso de estudo da COVID 19 em Moçambique de


2020 A 2021

The role of community participation and involvement in preventing and combating epidemics:
Case study of COVID 19 in Mozambique from 2020 to 2021

Autor:

Argentina Lili Mario Magaia1 , 1. Instituto Superior de Ciências e Educação à Distancia


(ISCED)

1. Introdução

Em 11 de Março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a COVID-19,


doença causada pelo novo coronavírus denominado SARS-CoV-2 (síndrome respiratória
aguda grave coronavírus 2), como pandemia. Essa declaração ocorreu no momento em que a
epidemia, iniciada em Wuhan, na China, já estava presente em 114 países/territórios/áreas,
alcançando a marca de 118.319 casos e 4.292 óbitos pela doença 1. Três meses depois, já
havia a notificação de mais de sete milhões de pessoas no mundo com a doença e mais de 408
mil óbitos decorrentes da COVID-19, ocorridos em 215 países/territórios/áreas ao redor do
mundo (MISAU, 2020).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2020), em Dezembro de 2019, um conjunto de


casos de pneumonia de etiologia não conhecida, foram notificadas na cidade de Wuhan,
província de Hubei (China). Cinco meses após o surgimento dos primeiros casos da doença, a
Universidade Johns Hopkins identificou que a COVID-19 já estava instalada em 188
países/regiões, sendo responsáveis por centenas de milhares mortes (Jhu, 2020).

A transmissão de SARS-CoV-2 entre humanos ocorre através de gotículas respiratórias,


objectos contaminados e contacto físico directo com pessoas infectadas. Uma vez infectadas,

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pessoas assintomáticas e sintomáticas podem manter uma cadeia transmissora da infecção,
sendo que não há tratamento específico contra o vírus até ao momento nem medidas
profiláticas do tipo vacina. AOMS recomenda ampla implementação de intervenções contra a
cadeia de transmissão, para conter a rápida disseminação do SARS-CoV-2, através de
minimização do contacto entre pessoas infectadas e não infectadas, detecção precoce e
isolamento de casos, e medidas gerais de higiene pessoal e colectivas (Decreto Presidencial
n.º 11/2020 de 30 de Março).

Face ao cenário da rápida propagação da infecção e doença consequente em vários países,


bem como a alta taxa de morbi-mortalidade e o impacto social e económico negativo que a
mesma provoca, Moçambique, mesmo antes de registar qualquer caso de infecção por SARS-
CoV-2,iniciou com uma série de medidas preventivas e de prontidão para resposta ao possível
surto no país. E uma delas foi o envolvimento comunitário.

Assim sendo o principal objectivo do presente artigo é de compreender o papel da


participação e envolvimento comunitário na prevenção e combate a epidemias: caso de estudo
da COVID 19 em Moçambique de 2020 A 2021.

Metodologicamente trata-se de um estudo do tipo exploratório/descritivo no qual buscou-se


toda a informação relevante sobre o tema em questão especificamente em portais como: O
Google Académico, SciElo (Scientific Electronic Library Online) bem como em revistas e
artigos científicos os quais têm o intento de analisar como o SIS são utilizados pelas equipes
de saúde no pressuposto da integralidade da rede de atenção à saúde. Em tratando deste tipo
de pesquisa, antecede-se a uma selecção minuciosa da informação para a posterior compilação
de modo a torna o estudo mais exaustivo e compreensível em questões e abordagens ligadas
ao tema.

2. Coronavírus

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), coronavírus é uma família de vírus que
pode causar doenças em animais ou humanos. Em humanos, esses vírus provocam infecções
respiratórias que podem ser desde um resfriado comum até doenças mais severas como a

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Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SARS). O novo coronavírus causa a doença chamada COVID-19.

COVID-19 é a doença infecciosa causada pelo mais recente coronavírus descoberto. O vírus e
a doença eram desconhecidos antes do surto iniciado em Wuhan, na China, em Dezembro de
2019.

Os sintomas mais comuns da COVID-19 são febre, cansaço e tosse seca. Houve alguns relatos
de sintomas gastrointestinais (náusea, vómito e diarreia) antes da ocorrência de sintomas
respiratórios, mas esse é principalmente um vírus respiratório. Alguns pacientes podem
também apresentar dores, congestão nasal, coriza e dor de garganta. Os sintomas geralmente
são leves e começam gradualmente. maioria das pessoas que fica doente se recupera do
COVID-19. O tempo de recuperação varia e, para pessoas que não estão gravemente doentes,
pode ser semelhante ao período de duração de uma gripe comum. Pessoas que desenvolvem
pneumonia podem levar mais tempo para se recuperar (dias a semanas). Pessoas com febre
(maior que 37,8ºC), tosse e dificuldade para respirar e que tiverem viajado ou tido contacto
com pessoas vindas de países com transmissão local devem procurar atendimento médico.

Algumas pessoas infectadas pelo vírus podem não apresentar sintomas ou apresentar sintomas
discretos. A maioria das pessoas infectadas (cerca de 80%) se recupera da doença sem
precisar de tratamento especial. Cerca de uma em cada seis pessoas com COVID-19 pode
desenvolver a doença em sua forma mais grave. Pessoas idosas e/ou com comorbidades, ou
seja, outras doenças associadas como por exemplo: pressão alta, problemas cardíacos,
diabetes e pessoas em tratamento para câncer, têm maior probabilidade de desenvolver doença
respiratória grave.

O coronavírus, que provoca a COVID 19, pode ser transmitido de uma pessoa para outra. A
transmissão pode ocorrer através de gotículas de saliva ou muco, expelidos pela boca ou
narinas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. A transmissão também pode ocorrer
através de partículas virais transferidas ao apertar as mãos ou compartilhar um objecto, como
por exemplo beber no mesmo copo que um portador do vírus.

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Na maioria das vezes, é evidente se uma pessoa está doente, mas já houve relatos de
portadores do vírus ainda sem sintomas aparentes e que já podiam transmitir a doença.
Segundo a OMS deve-se manter uma distância de pelo menos 1 metro da pessoa com
sintomas evidentes.

Quarentenas e restrições de viagens actualmente em vigor em muitos países também se


destinam a ajudar a quebrar a cadeia de transmissão. As autoridades de saúde pública podem
recomendar outras abordagens para pessoas expostas ao vírus, incluindo isolamento em casa e
monitoramento de sintomas por um período de tempo (geralmente 14 dias), dependendo do
nível de risco de exposição. Novas pesquisas sobre as formas de transmissão ainda estão
sendo realizadas e a OMS continuará compartilhando as descobertas actualizadas.

3. O papel do envolvimento comunitário no combate a COVID-19

O envolvimento comunitário é mais bem-sucedido quando realizado na comunidade.


Colabore com a comunidade e os mobilizadores sociais para se encontrar com a comunidade.
Dê formação aos dirigentes comunitários e aos mobilizadores sociais de organizações da
sociedade civil, professores, trabalhadores da saúde e grupos locais, para disseminar a
informação e comunicar com as comunidades sobre as vacinas contra a COVID-19.

Como envolver:

● Rádio, mensagens SMS, cartazes, cartazes publicitários, visitas pessoais e reuniões


da comunidade.

Em alguns contextos, as comunidades podem ser informadas através dos media, prestadores
de serviços e por outros meios, sem estarem presentes a um evento comunitário. Enquanto em
outros contextos os trabalhadores de primeira linha, trabalhadores da saúde e comunitários,
representantes da sociedade civil e outros podem interagir directamente com as comunidades.

Ao interagir directamente com a comunidade, explique quem é, com que organização trabalha
e o que faz na comunidade. As etapas incluem:

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 Apresente-se e demonstre empatia explicando que compreende que as pessoas estão
preocupadas acerca da COVID-19 e que têm dúvidas sobre as vacinas a serem
introduzidas. Assegure-lhes que está lá para ajudar as pessoas a compreender a doença
e as vacinas. Escute primeiro o que eles têm a dizer sobre a COVID-19 e as vacinas,
antes de partilhar com eles os seus conhecimentos. Será necessário recolher
informação dos dados sociais disponíveis para compreender melhor a comunidade e as
suas preocupações, para que as actividades e a informação possam ser adaptadas de
modo a satisfazer as suas necessidades.
 Informe as comunidades e as famílias sobre a vacina, os seus benefícios, quem é
elegível nessa altura e onde a vacina está disponível. Incentive a população elegível a
ser vacinada.
 Explique que a vacina não estará disponível para todos nas fases iniciais e que as
pessoas devem continuar a seguir comportamentos de protecção comprovados.

Incentive a consciencialização e a acção:

A informação disseminada às comunidades deve ser simples e clara e nos dialectos locais.
As mensagens devem ser adaptadas ao contexto e devem ser dados conselhos práticos, que
possam ser implementados. Por exemplo:

 Quem é elegível para as vacinas contra a COVID-19: trabalhadores da saúde,


assistentes sociais e trabalhadores da comunidade e pessoas com comorbidades são
elegíveis para serem vacinadas na fase inicial (pode variar de acordo com as decisões
do país).
 Benefício: as vacinas protegem as pessoas contra a COVID-19.
 Segurança: as vacinas são seguras e foram submetidas a ensaios clínicos baseados nos
protocolos de fabrico.
 Preço acessível: as vacinas estarão provavelmente disponíveis gratuitamente nos
países com baixo e médio rendimento.
 Comportamentos a adoptar: ainda devem ser seguidas medidas comportamentais
preventivas.

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 Informação que podem partilhar com amigos e família: onde e quando aceder aos
serviços de vacinação; o que fazer no caso de alguém ter sintomas de infecção pelo
coronavírus.
 Informação que aborda mitos e ideias erradas na comunidade: é seguro receber
vacinas contra a COVID-19; a COVID-19 é uma realidade e infecta muitas pessoas e
custou muitas vidas; qualquer pessoa pode ser infectada pelo coronavírus; ele não
discrimina com base na raça, idade ou geografia.

Envolva e escute:

 Primeiro, escute, para compreender as preocupações e dúvidas. Pergunte às pessoas o


que já sabem e o que desejam e necessitam de saber sobre a doença e as vacinas contra
a COVID-19.
 Envolva-as na concepção e divulgação da comunicação e das actividades de
envolvimento comunitário.
 Explique à comunidade algumas mensagens claras e simples (incluindo famílias,
cuidadores e dirigentes locais) no dialecto que preferirem e evite usar termos técnicos.
 Certifique-se de que todos compreenderam rigorosamente esta informação. Faça
perguntas para determinar os níveis de compreensão.
 Peça a pares e a dirigentes comunitários para falarem. As pessoas têm maior
probabilidade de dar atenção a informação proveniente de pessoas que já conhecem e
em quem confiam e que eles acreditam preocuparem-se com o bem-estar próprio.

4. Conclusão

Para combatermos o coronavírus SARS-CoV-2, é preciso o esforço conjunto da sociedade por


meio de uma mobilização social para a prevenção da COVID-19. O envolvimento
comunitário é mais bem-sucedido quando realizado na comunidade. Colabore com a
comunidade e os mobilizadores sociais para se encontrar com a comunidade. Dê formação aos
dirigentes comunitários e aos mobilizadores sociais de organizações da sociedade civil,
professores, trabalhadores da saúde e grupos locais, para disseminar a informação e
comunicar com as comunidades sobre as vacinas contra a COVID-19.

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5. Referências bibliográficas

MISAU (2020). Procedimentos de Prevenção Controle e Vigilância da COVID-19 no local


de Trabalho. Maputo.

Azevedo, A. L., & Menezes, M. (2020). Coronavírus: falta de insumos e medo de contágio
deixam médicos e enfermeiros apreensivos.

Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). (2020). Coronavirus Disease 2019


(COVID-19): Information for Laboratories.

Jhu. (2020). COVID-19 Dashboard by the Center for Systems Science and Engineering
(CSSE) at Johns Hopkins University (JHU).

Ministério da Saúde de Moçambique. (2020a, 25 de Junho de 2022). BOLETIM DIÁRIO


COVID-19 Nº28. Retrieved from http://www.misau.gov.mz/index.php/covid-19-boletins-
diarios?limitstart=0.

Ministério da Saúde de Moçambique. (2020b, 25 de Junho de 2022). COVID-19: Boletins


Diários. Retrieved from http://www.misau.gov.mz/index.php/covid-19-boletins-diarios?
start=20.

Ministério da Saúde de Moçambique. (2020c, 25 de Junho de 2022). Sobre COVID-19.


Retrieved from http://www.misau.gov.mz/index.php/informacao-sobre-coronavirus-covid-19.

World Health Organization. (2020a, 16 April 2020). Coronavirus disease 2019 (COVID-19)
Situation Report –87. Retrieved from
https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200416-sitrep-87-
covid-19.pdf?sfvrsn=9523115a_2.

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