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Desemprego juvenil e o debate eleitoral  

O debate eleitoral começa a esquentar. Os meios de comunicação, os pré-candidatos, os


partidos e diversas entidades divulgam pesquisas, análises, diagnósticos e propostas.

Um dos temas recorrentes é a relação entre o desemprego juvenil e a violência urbana. E


não é somente no Brasil que esse tema surge como um dos principais na campanha
eleitoral. Nas recentes eleições francesas, o tema mais discutido no 1º turno foi a
violência, suas causas e conseqüências. E entre as causas a mais citada foi a falta de
trabalho para a juventude.

No Brasil, segundo pesquisa da Unesco, o assassinato de jovens de 15 a 24 anos


aumentou em 48% na década de 90. Somos o terceiro país onde mais morrem jovens,
atrás somente de Colômbia e Porto Rico. São jovens os que morrem, são jovens os que
matam.

Hoje, mesmo alguns reacionários reconhecem que a principal causa do aumento inédito
da violência envolvendo jovens é o altíssimo índice de desemprego na faixa etária de 15
a 24 anos.

Mas como combater o desemprego juvenil? Formou-se uma opinião que considera a
elevação do nível educacional do jovem uma condição necessária e suficiente para a sua
"empregabilidade". Segundo esta visão, bastaria o jovem completar o ensino médio e
fazer um curso de qualificação profissional para ter uma vaga assegurada.

É preciso desfazer esse mito da "empregabilidade", que joga nas costas do jovem a
responsabilidade por seu "fracasso" no mercado de trabalho. Nos últimos dias foi
divulgada uma pesquisa realizada pela Secretaria do Trabalho da Prefeitura de São
Paulo, dirigida por Márcio Pochman, especialista em emprego juvenil. Segundo a
pesquisa, cresce o número de jovens formados e com qualificação profissional que não
encontram empregos. O índice de desempregados com alta escolaridade aumentou
263%, passou de 2,7% a 9,8%. Pochman conclui dizendo que "não temos uma política
de empregos para jovens no Brasil".

É óbvio que a escolaridade e qualificação profissional são importantes. Mas a raiz do


problema do desemprego juvenil não está no jovem, está no rumo que o Brasil tomou na
década de 90. FHC tem razão quando diz que o Brasil tem rumo, e os resultados do
rumo atual estão aí: uma verdadeira tragédia social.

Os anos 90 foram anos de crescimento contido e de estagnação econômica. As


verdadeiras razões que explicam o nosso escandaloso índice de desemprego juvenil
estão relacionadas às políticas neoliberais dos governos de Collor e de FHC.

Para gerar mais e melhores empregos para os jovens que estão no mercado de trabalho e
para os 1,5 milhão de jovens que se somam a esse mercado todos os anos, o Brasil
precisa crescer 7% ao ano, nossa média histórica de 1930 a 1980. Crescer 2% ao ano,
previsão para este ano, só agrava o problema.
Ou mudamos agora, nas eleições de 2002, adotando um novo rumo de independência
nacional e desenvolvimento econômico e social, ou nossa tragédia será cada vez mais
dantesca.

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