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Interpretation of aero-geophysical magnetic and gamma spectrometry maps


in the Northern Araçuaí Belt

Article  in  Boletim de Geociencias - Petrobras · January 2012

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Bruno Freitas Gonçalves Edson Emanoel Starteri Sampaio


Petróleo Brasileiro S.A. Universidade Federal da Bahia
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Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e
gamaespectrométricos no norte da faixa araçuaí

Interpretation of Aero-geophysical Magnetic and Gamma Spectrometry Maps in the northern Araçuaí Belt

Bruno Freitas Gonçalves | Edson Emanoel Starteri Sampaio

resumo magnéticos e gamaespectrométricos, através de


transformações do campo magnético correlacio-
nadas a imagens de gamaespectrometria, permitiu
O conhecimento de uma bacia sedimentar tam- gerar mapas de interpretação que melhoram o
bém depende do entendimento de seu embasamen- conhecimento geológico e geodinâmico da área
to contíguo, pois ele é fonte de seus sedimentos e do extremo nordeste do Cinturão Móvel Araçuaí.
contém registro de suas deformações. No caso das Esse estudo aprimorado pode auxiliar programas de
bacias do tipo rifte Cumuruxatiba e Jequitinhonha, a explo­ração de petróleo nas referidas bacias.
parte nordeste do Cinturão Móvel Araçuaí no estado
da Bahia, Brasil, constitui seu embasamento crista- Palavras-chave: Faixa Araçuaí | interpretação aerogeofísica |
lino contíguo. O emprego de dados aerogeofísicos magnetometria | gamaespectrometria

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 207
abstract introdução
The knowledge of a sedimentary basin also Para compreender a evolução de bacias petrolíferas
depends on the understanding of its contiguous do tipo rifte é necessário estudar as características de
basement, because it is the source of its sediments and seus embasamentos contíguos. No caso específico do
contains the record of its deformations. In the case of sul da Bahia, a Faixa Araçuaí, um cinturão móvel com
the Cumuruxatiba and Jequitinhonha rift basins, the diversos tipos de rochas e idades – desde arqueana
north-eastern part of the Araçuaí Mobile Belt, Bahia, até neoproterozoica (Cruz et al., 2012) – constitui o
Brazil, constitutes their contiguous basement. The use embasamento cristalino das bacias de Jequitinhonha
of airborne magnetic and gamma-spectrometric data, e Cumuruxatiba. O estudo da faixa é importante em
through magnetic field transformations correlated to diversos aspectos. Entre eles, o conhecimento de suas
gamma-spectrometric images, allowed has made it unidades, sua evolução tectônica e sua geodinâmica.
possible to make interpretation maps which improve Estudar toda a área de transição entre a parte sul do
the geological and geodynamical knowledge of Cráton do São Francisco e o norte da Faixa Araçuaí
the north-eastern area of the Araçuaí Mobile Belt. é importante para definição do contato. Toda esta
This refined study may help petroleum exploration área de transição está coberta, majoritariamente, por
programs in those basins. sedimentos terciários e quaternários. Por causa disso,
bem como para complementar os mapas geológicos
(Expanded abstract available at the end of the paper). existentes na escala 1:100.000, que ainda possuem
muitas lacunas, é necessário o emprego dos métodos
Keywords: Araçuaí Mobile Belt | aero-geophysical Interpretation | aerogeofísicos magnético e de espectrometria
magnetommetry | gamma-spectrometry gama. Para isso, utilizamos dados aerogeofísicos
das folhas 1:100.000 de Santo Antônio do Jacinto,
Salto da Divisa, Jacinto e Guaratinga. Essas folhas
compõem uma área do Projeto Rift-Bahia, executado
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) para a
Petrobras, que teve como objetivo prover subsídios
para analisar a importância da participação dos
embasamentos cristalinos na evolução das bacias do
tipo rifte (Barbosa e Correia-Gomes, 2011).
Levantamentos aerogeofísicos são excelentes para
o reconhecimento preliminar da região de estudo. Sua
principal vantagem sobre os levantamentos terrestres
é a capacidade de cobrir grandes áreas, muitas delas
de difícil acesso em menor tempo e custo. Dentre
os métodos aerogeofísicos mais utilizados estão a
espectrometria gama e a magnetometria.
A magnetometria ou método magnético é um
método potencial que permite a detecção de corpos
e estruturas geológicas em subsuperfície através da
medição de seus campos magnéticos anômalos.
Após passar pelo devido processamento, os dados de
um levantamento magnético produzem imagens de
anomalias magnéticas que podem indicar províncias
geológicas distintas, intrusões, falhas e lineamentos,
e podem fornecer indicações da profundidade das
fontes causadoras da anomalia. No âmbito da explo-
ração petrolífera, a aeromagnetometria é utilizada
como um método auxiliar para detectar estruturas do
embasamento cristalino dentro da bacia sedimentar,

208 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
que por sua vez podem estar associadas com trapas de pré-neoproterozoico representado por terrenos
hidrocarbonetos. Quando aplicado no embasa­mento arqueano, paleoproterozoico e mesoproterozoico,
cristalino contíguo à bacia sedimentar, o método expostos principalmente ao longo da sua borda oci-
magnético torna-se uma ferramenta útil para o ma- dental e no seu setor sudoeste.
peamento geológico e definição da zona de contato
bacia-embasamento, bem como no entendimento
geodinâmico da bacia sedimentar. geologia regional da Faixa Araçuaí
A espectrometria de raios gama é um método
radiométrico que permite medir os teores de potás- A Faixa Araçuaí compreende uma estreita área
sio (K), urânio (U) e tório (Th) das rochas e materiais entre as cidades de Cordeiros e Maiquinique, situada
inconsolidados através da detecção dos raios gama próxima do limite entre Bahia e Minas Gerais (Brasil,
emitidos naturalmente por elas durante o decaimento 1996). Ali afloram, predominantemente, rochas metas-
radioativo das famílias dos radioelementos citados. sedimentares do mesoproterozoico, exibindo direção
Através das medidas desses radioelementos é possível geral E-W. A Faixa Araçuaí no estado da Bahia forma
classificar unidades litológicas, determinar contatos de um arco com concavidade para o sul e situa-se em uma
corpos geológicos e mapear falhas e áreas de possível região elevada com cotas próximas às existentes na
mineralização de determinados elementos. No âmbito Chapada Diamantina e Serra do Espinhaço, em torno
da exploração petrolífera, a aerogamaespectrometria de 800m a 1.000m de altitude.
é um método auxiliar que pode detectar anomalias Boa parte da faixa é coberta por sedimentos da Figura 1
associadas à migração de fluidos que alteram a com- Superfície Sul-Americana, a qual forma um exten- Localização da Faixa Araçuaí
posição das rochas, o que pode estar relacionado ao so planalto entre os estados da Bahia e de Minas e do Cráton do São Francisco.
Modificado de Pedrosa-
acúmulo de hidrocarbonetos. Quando aplicado ao Gerais. Nas áreas onde este planalto está sendo
Soares et al. (1992). O círculo
embasamento contíguo da bacia, o método gamaes- dissecado, surgem morros e serras com altitudes em vermelho destaca a região da
pectrométrico torna-se uma ferramenta importante torno de 1.000m a 1.200m. Nesta área são iden- área de estudo.
para o mapeamento geológico devido a sua grande tificados os metassedimentos mesoproterozoicos
capacidade de discriminação dos litotipos superficiais da faixa, os quais podem ser correlacionados com Figure 1
e para a compreensão da dinâmica sedimentar. os metassedimentos do Supergrupo Espinhaço. Location of Araçuaí Range
and the São Francisco Craton.
As datações geocronológicas realizadas na faixa
Modified from Pedrosa-
revelam a predominância do evento metamórfico Soares et al. (1992). The red
do ciclo Brasiliano no final do Proterozoico Superior
sumário geológico
circle highlights the region of
(500-600 Ma) e seu período orogenético principal the study area.

Oceano Atlântico
A área de estudo se localiza no segmento nordeste
da Faixa de Dobramentos Araçuaí (também chamada
de Araçuaí-Piripá), um cinturão neoproterozoico que
ÁFRICA
Aulacógeno Paramirim
margeia as bordas leste e sudeste do Cráton do São
Francisco. Os primórdios da evolução da Faixa Araçuaí
Aulacógeno Sangha
relacionam-se a um evento extensional marcado, no
Cráton do São Francisco, pelos enxames de diques
básicos de Ilhéus-Olivença (Bahia) e do Espinhaço BRASIL
Meridional (Minas Gerais). A evolução e origem da
faixa estão ligadas com uma abertura de um rifte
continental, devido à ascensão de uma pluma man- Cráton São Franciso/
télica, onde se depositaram as unidades proximais Congo
pré-glaciais e glaciais de ambientes fluviais e marinho
Faixa Araçuaí e Congo
raso do Grupo Macaúbas. Esse rifte evoluiu para uma
Ocidental
bacia oceânica com deposição das demais unidades
do Grupo Macaúbas. A Faixa Araçuaí também en-
globa outras unidades litoestratigráficas, admitidas Oceano
como neoproterozoicas. Ela inclui um embasamento Atlântico

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 209
Figura 2

16°0’0’’S
40°30’00’’W 40°0’0’’W 39°30’0’’W
Mapa geológico da área
de estudo. Modificado de 44°0’00’’W 36°0’00’’W

Sampaio et al. (2004).

10°0’0’’S

10°0’0’’S
Figure 2
Geological map of the study
area. Modified from Sampaio
et al. (2004).

18°0’0’’S

18°0’0’’S
44°0’00’’W 36°0’00’’W
16°30’0’’S

16°30’0’’S
17°0’0’’S

40°30’0’’W 40°0’0’’W 39°30’0’’W


LEGENDA
Cenozoico Granitóides pré-tectônicos
Coberturas Terciárias-Quaternárias Monzo a sieno granito foliado, rico em Estruturas
enclaves e cortado por diques máficos
Paleozóico Dique/soleira
Grupo Macaúbas
Granitóides pós-tectônicos
Formação Chapada Acauã
Falha ou fratura
Enderbito a charnoenderbito a mangerito
Formação Salinas Falha transpressional
Sieno a monzogranito
Zona de cisalhamento
Diorito Complexo Jequitinhonha
Gnaisses kinzigítivos migmatíticos bandados
Neoproterozoico
Gnaisses kinzigítivos migmatíticos Área de estudo
Granitóides tardi a pós-tectônicos
Sieno a monzogranito isotrópico Paleoproterozoico Cidade
Sieno a monzogranito porfirítico levemente foliado
Ortognaisses migmatíticos
Tonalito e diorito
Granitóides sin a tarditectônicos
Granito
Tonalito

ocorreu há cerca de 650-550 Ma, com o desenvol- cerca de 800 Ma com provável derrame de rochas
vimento de metamorfismo e deformação relacio- básicas de fundo oceânico (Brasil, 1996). A figura 1
nados à inversão do rifte, o qual teria surgido há ilustra um mapa esquemático da localização da

210 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
Faixa Araçuaí. Nesta figura, em vermelho destaca- Macaúbas e do Complexo Jequitinhonha. São gnais-
mos a região da área de estudo. ses cinza, médios e grossos, com quartzo, feldspatos,
Cruz et al. (2012) apresentam um estudo com- biotita e pouca hornblenda. Sua composição varia de
pleto e atualizado a respeito do Orógeno Araçuaí. granodiorito a granito e sienito, com predominância
Este orógeno engloba o núcleo de alto grau meta­ dos dois primeiros.
mórfico do Complexo Jequitinhonha e a Faixa
Araçuaí. Na área de estudo, as principais unidades
da Faixa Araçuaí são: o embasamento Arqueano a Grupo Macaúbas
Orosiriano (>1,8 Ga); o Supergrupo Espinhaço de
idade Estateriana a Calimiana; as intrusões básicas Compõe uma faixa de direção WNW-ESE, com
mesoproterozoicas de idade Esteniana a Toniana; largura média de 20km, no extremo norte da área,
a suíte plutônica anorogênica Salto da Divisa do cujos constituintes foram anteriormente considerados
Toniano; e as unidades neoproterozoicas do Grupo como pertencentes ao Supergrupo Espinhaço e ao
Macaúbas. A suíte Salto da Divisa registra o pluto- Mesoproterozoico. Segundo dados de Sampaio et
nismo bimodal félsico-máfico da fase rifte da Bacia al. (2004), o Grupo Macaúbas é representado por
de Macaúbas de idade 875 Ma (Silva et al., 2008). uma unidade litoestratigráfica glacial, a Formação
Na versão atual do Mapa geológico da Bahia, por Chapada Acauã, e outra pós-glacial, a Formação
falta de mapeamentos mais recentes e conclusivos, Salinas. A primeira possui área de distribuição res-
optou-se por utilizar mapas geológicos antigos. Neles, trita à borda norte, onde aflora em relevos de coli-
as rochas da Faixa Araçuaí são correlacionadas com nas alinhadas, e é formada por quartzitos e rochas
o Supergrupo Espinhaço e o Grupo Macaúbas. En- calcissilicáticas, seguidos de micaxistos. A segunda
tretanto, há muitas controvérsias causadas por esta apresenta relevo colinoso e em parte aplainado, e
correlação, mostrando a necessidade de estudar-se seus litotipos se sobrepõem à Formação Chapada
mais detalhadamente a área, principalmente nos Acauã por contatos gradacionais e localmente por
campos da sedimentologia e metamorfismo. A análise falhas, e recobrem discordantemente os ortognaisses
dos sistemas deposicionais envolvidos nas modifica- migmatíticos paleoproterozoicos da infraestrutura
ções causadas pela variação do grau metamórfico da Faixa Araçuaí ou deles separam-se por zonas de
torna-se, portanto, importante para a evolução do cisalhamento transcorrentes. É constituída por uma
conhecimento geológico da região. sequência monótona de micaxistos com intercalações
Recentemente, a área foi mapeada na escala de rochas calcissilicáticas e quartzitos.
1:100.000 (Sampaio et al., 2004). Informações obti- O Grupo Macaúbas é uma bacia precursora e
das pela aerogeofísica e pelo mapeamento geológico constitui uma sucessão sedimentar das fases rifte
com o suporte de análises petrográficas, químicas e de margem passiva. Ela contém xistos micáceos,
e geocronológicas permitiram reconhecer mais quartzitos e metadiamictitos, intercalados a metare-
compartimentos tectonoestratigráficos da região: nitos, xistos grafitosos e rochas calcissiliclásticas (Cruz
a infraestrutura, caracterizada por gnaisses mig- et al. 2012;  Moraes Filho e Lima, 2007). O Complexo
matíticos paleoproterozoicos (2.130 Ma) intrudidos Jequitinhonha tem idade máxima de 900 Ma e nele
sucessivamente por granitos calcialcalinos de alto abundam paragnaisses kinzigíticos, mas ocorrem
potássio pós-tectônicos e tardi a pós-tectônicos e por gnaisses charnockíticos. Segundo Teixeira (2002),
um enxame de diques máficos; e a supraestrutura, ele poderia incluir depósitos do arco magmático do
definida pelo Grupo Macaúbas e pelo Complexo Orógeno Araçuaí, além de representar produtos de
Jequitinhonha (Neoproterozoico). alto grau metamórfico da sedimentação distal do
A figura 2 constitui o mapa geológico da área Grupo Macaúbas (Gonçalves-Dias et al., 2011).
de estudo. Suas unidades principais estão descri-
tas a seguir.
granitoides
ortognaisses migmatíticos Intrusões de granitos dos tipos I, tal como o de
Santo Antônio do Jacinto, e S, tal como o de Buranhém,
Afloram no extremo norte da área, em contato induziram uma série de contaminações e outras fusões
quase sempre tectônico com as litologias do Grupo parciais no Complexo Jequitinhonha. Esses granitos

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resultam do mecanismo de produção de granitos na Complexo Jequitinhonha e os diversos granitoides.
Faixa Araçuaí (Teixeira, 2002). As fusões parciais produ- No primeiro ocorrem faixas de contato tectônico com
ziram litologias híbridas que tornam difícil a definição xistos do Grupo Macaúbas e com gnaisses kinzigíti-
dos tipos fundamentais. Segundo Pedrosa-Soares et cos do Complexo Jequitinhonha, o que caracteriza
al. (2001), a maioria destes granitos tem idade tardi um sistema imbricado, que coloca lado a lado níveis
a pós-colisional. Os granitos tipo I têm idades entre crustais distintos. Observam-se zonas de cisalhamento
585-570 Ma e os granitos tipo S têm idades entre 591 transcorrentes e transpressivas dextrais, orientadas
Ma e 575 Ma. segundo NW-SE, associadas a dobras e empurrões,
estes com vergências dominantes para sul e sudeste.
O segundo domínio é caracterizado principalmente
Complexo Jequitinhonha pela irregularidade de orientações dos lineamentos
estruturais, reflexo do predomínio de dobras de mais
É a unidade de maior área aflorante, composta, de uma geração sobre as estruturas de direções mais
sobretudo, por paragnaisses kinzigíticos em variados regulares, representadas por zonas de cisalhamento.
estágios de migmatização, exibindo localmente con- As zonas de cisalhamento transcorrentes e contracio-
centrações de grafita de bom potencial econômico. nais têm direções que variam de N-S, NW-SE a E-W.
Seus contatos com os metassedimentos do Grupo
Macaúbas e com os ortognaisses da infraestrutura
são tectônicos. Os gnaisses kinzigíticos representam
uma sequência de rochas sedimentares submetidas a
deformação e metamorfismo nas fácies anfibolito e
dados aerogeofísicos
granulito, passando por estágios de migmatização. Este
complexo foi afetado por várias gerações de granitoi- Os dados aerogeofísicos adquiridos junto à
des intrusivos sin, tardi e pós-tectônicos, evidenciando Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) cons-
intensa magmatogênese ocorrida no domínio interno tituem a parte setentrional do Projeto Levantamento
da Faixa Araçuaí, relacionada à Orogênese Brasiliana. Aerogeofísico da Faixa Itagimirim/Medeiros Neto.
Estes granitoides são classificados com detalhe em A empresa contratada para realizar o levantamento foi
Sampaio et al. (2004). a Lasa Engenharia e Prospecções S.A., que preparou
um arquivo digital dos dados geofísicos, incluindo um
banco de dados e grids dos perfis magnéticos e gama-
cobertura terciária-quaternária (Grupo espectrométrico, e um relatório técnico (Lasa, 2001).

Barreiras) O levantamento foi realizado no período de 7 de


outubro a 20 de dezembro de 2000 ao longo de
linhas de voo de produção com direção E-W espa­
Esta formação ocorre predominantemente nas çadas de 500m e linhas de voo de controle com
regiões norte e leste da área de estudo. Em sua direção norte-sul espaçadas de 5.000m. A altura no-
constituição, predominam camadas de sedimentos minal do levantamento foi de 100m acima do terreno
arenosos, finos e seixosos, mal selecionados, de baixa e o intervalo médio da amostragem foi de 7m (0,1s)
maturidade textural e mineralógica, com interestra- para o magnético e 70m (1,0s) para a espectrometria
tificações de argilas. Muitos dos afloramentos se gama. O levantamento totalizou 47.745km lineares
encontram em estradas e vales mais entalhados. Sua em uma área de 19.301km² na porção extremo sul
sedimentação relaciona-se a fatores geomorfológicos, do estado da Bahia. A aeronave utilizada foi um bi-
climáticos e tectônicos, e ocorreu através de sistemas motor de asa baixa, equipado com um sistema de
de leques aluviais e fluviais entrelaçados. aquisição de dados, responsável por armazenar em
disco rígido todos os dados registrados.
Os dados de navegação foram coletados com uso
resumo da tectônica do global positioning system (GPS) e radar altímetro,
ambos responsáveis por gerar o modelo digital do
Na área de estudo há dois grandes domínios es- terreno através da redução da altitude do GPS e da
truturais: ao norte, onde afloram as rochas do Grupo altura registrada pelo radar altímetro instalados na
Macaúbas, e na parte central e no sul, onde aflora o aeronave. O datum das coordenadas utilizado foi o

212 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
de Córrego Alegre, UTM 24S. O gamaespectrômetro • primeira derivada vertical (Dz): de posse da
empregado foi de 256 canais, e o sistema detector foi primeira derivada vertical, pudemos assinalar
constituído por dois conjuntos de cristais de NaI (Tl) características estruturais, contatos e direções
de 16,8l cada um voltado para baixo e dois cristais de fontes rasas;
de 4,2l cada um voltado para cima. O magnetômetro
utilizado foi um sensor de bombeamento ótico do tipo • continuação para cima (UP): o processo de
vapor de césio com resolução de 0,001nT, montado continuação para cima (upward continuation)
no prolongamento da cauda da aeronave. tem a capacidade de calcular o campo ou o
As correções padrões foram aplicadas tanto para potencial magnético em qualquer ponto dentro
os dados magnéticos como para os dados gamaes- de uma região a partir do seu comportamento
pectrométricos. Cada uma dessas correções é mais na superfície que envolve esta região. Este pro-
bem descrita no relatório final de aquisição e proces- cesso tende a atenuar as anomalias causadas
samento de dados (Lasa, 2001). Baseado nos trabalhos por fontes superficiais (curtos comprimentos
de Minty (1991), Minty et al. (1997) e International de onda) e realça as anomalias causadas pelas
Atomic Energy Agency (1991), bem como no trabalho fontes mais profundas (longos comprimentos
de Luyendyk (1997), Gonçalves (2007) descreve cada de onda). No presente trabalho continuamos
uma dessas correções, além dos procedimentos de os dados magnéticos até uma altura de 3km,
calibração e as características de levantamentos ae- objetivando filtrar as anomalias muito rasas e
rogamaespectrométricos e aeromagnéticos. realçar as mais profundas.

A figura 4 traz os mapas da Amplitude do Sinal


Analítico, Fase do Sinal Analítico, Redução ao Polo e
processamento dos dados Pseudogravimétrico:

e geração dos mapas • amplitude do sinal analítico (ASA): o sinal


analítico fornece uma anomalia acima dos
corpos causativos que depende basica­mente
dados aeromagnéticos do tamanho e da profundidade da fonte,
mas não de suas direções de magnetização.
Dessa forma, a depender da profundidade da
Para o processamento dos dados aeromagné­ fonte, permite localizar as bordas dos corpos
ticos, inicialmente, removemos o datum de 24.055nT magnéticos independentemente dos efeitos
(calculado pela Lasa para o campo geomagnético de magnetização remanente. Portanto, é um
médio da área) do campo magnético total corrigido indicador de rochas magnéticas;
do international geomagnetic reference field (IGRF),
obtendo somente o campo magnético anômalo. Em • fase do sinal analítico (FSA): é o ângulo que
seguida, interpolamos estes dados com o método corresponde à máxima variação da ASA e é
bidirecional em uma malha de 125m x 125m, ge- normal a borda em cada ponto. Através da
rando o Mapa de Anomalia Magnética de Campo fase do sinal analítico (FSA) é possível estimar
Total, e transformamos para o domínio da frequên- o contraste localizado de diferentes suscepti-
cia utilizando transformadas rápidas de Fourier. No bilidades (Thurston e Smith, 1997);
domínio da frequência, realizamos as transformações
magnéticas. Em seguida, retornamos para o domínio • redução ao polo (RTP): faz com que a ano-
do espaço e geramos mapas de Contorno. A teoria malia magnética medida em dada região seja
e as fórmulas das transformações magnéticas são transformada em uma anomalia magnética
descritas com detalhe em Blakely (1996). Além dos que seria medida no polo norte magnético,
mapas magnéticos descritos a seguir, geramos um onde a magnetização induzida e o campo
Mapa do Modelo Digital do Terreno (MDT). ambiente apontam. A RTP reduz um nível de
A figura 3 traz os mapas do Modelo Digital do grau de complexidade do processo de inter-
Terreno, Anomalia Magnética de Campo Total, Primeira pretação, pelo reposicionamento da anomalia.
Derivada Vertical e Continuação para Cima: No presente trabalho, consideramos que as

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-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’
350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000

-16°

-16°
-16°

-16°
8.225.000

8.225.000

8.225.000
8.225.000
Mapa de Modelo Digital do Terreno Mapa de Anomalia Magnética de Campo Total

Escala Escala
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000

1.012
769 598

8.200.000
8.200.000

683 53

8.200.000

8.200.000
615 4
549 -3
477 -6
411 -9
360 -12
327 -15
304 -17
287 -18

8.175.000
8.175.000

8.175.000

8.175.000
-16°30’

-16°30’
273 -20
-16°30’

-16°30’
259 -22
246 -25
233 -29
220 -34
207 -39
193 -44
177 -51
8.150.000

8.150.000
156 -60

8.150.000
8.150.000
-65 -81
m -1.145
nT
8.125.000

8.125.000
8.125.000

8.125.000
-17°

-17°
-17°

-17°

350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000


-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’

-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’


350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000
-16°

-16°
-16°

-16°
8.225.000

8.225.000
8.225.000

8.225.000
Mapa de 1ª Derivada Vertical Mapa de Continuação para Cima até 3.000m
Dz UP
Escala Escala
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000

2,642 92
0,078 14
0,022
8.200.000

8.200.000

-8
8.200.000

8.200.000
0,013 -10
0,009 -11
0,006 -13
0,005 -16
0,004 -18
0,003 -19
0,002 -20
0,001 -23
8.175.000

8.175.000
8.175.000

8.175.000
-16°30’

-16°30’
0,000 -26
-16°30’

-16°30’

-0,001 -29
-0,002 -32
-0,003 -34
-0,004 -37
-0,006 -40
-0,010 -45
-0,018 -49
8.150.000

8.150.000

-0,040
8.150.000

8.150.000
-55
-5,370 -143
nT/m nT
8.125.000

8.125.000
8.125.000

8.125.000
-17°

-17°
-17°

-17°

350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000


-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’

Figura 3 - Mapas do Modelo Digital do Terreno, Anomalia Magnética de Figure 3 - Digital Elevation Model maps, Total Field Magnetic Anomaly,
Campo Total, Primeira Derivada Vertical e Continuação para Cima. First Vertical Derivative and Upward Continuation.

214 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’
350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000

-16°

-16°
-16°

-16°
8.225.000

8.225.000

8.225.000

8.225.000
Mapa de Amplitude do Sinal Analítico Mapa de Fase do Sinal Analítico
ASA FSA
Escala Escala
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000

5,544 2
0,221 1
8.200.000

8.200.000

8.200.000

8.200.000
0,088 1
0,052 1
0,035 1
0,027 1
0,021 1
0,017 1
0,014 0
0,012 0
0,010 0
8.175.000

8.175.000

8.175.000

8.175.000
-16°30’

-16°30’
-16°30’

-16°30’
0,009 0
0,008 -0
0,007 -0
0,006 -0
0.005 -1
0,004 -1
0,004 -1
0,003 -1
8.150.000

8.150.000

8.150.000

8.150.000
0,002 -1
0,000 -2
nT/m rad
8.125.000

8.125.000

8.125.000

8.125.000
-17°

-17°
-17°

-17°
350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000
-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’

-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’


350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000
-16°

-16°
-16°

-16°
8.225.000

8.225.000

8.225.000

8.225.000
Mapa Reduzido ao Polo Mapa de Pseudogravidade
RTP PG
Escala Escala
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000

2003 92.914
120 28.385
25 17.272
8.200.000

8.200.000

8.200.000

8.200.000
0 9.347
-8 5.191
-15 3.699
-20 2.434
-24 0.779
-27 -0.955
-30 -2.042
-34 -2.833
8.175.000

8.175.000

8.175.000

8.175.000
-38 -3.392
-16°30’

-16°30’
-16°30’

-16°30’

-43 -4.031
-49 -4.758
-55 -5.666
-61 -6.565
-66 -7.535
-72 -8.653
-80 -10.400
-95 -12.288
8.150.000

8.150.000

8.150.000

8.150.000
-2884 -30.326
nT mGal
8.125.000

8.125.000

8.125.000

8.125.000
-17°

-17°
-17°

-17°

350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000


-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’

Figura 4 - Mapas da Amplitude do Sinal Analítico, Fase do Sinal Analítico, Figure 4 - Analytical Signal Amplitude maps, phase of the Analytical
Redução ao Polo e Pseudogravimétrico. Signal, Reduction to the Pole and Pseudogravimetric.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 215
fontes em toda a área de estudo foram mag- além de inferir outras características, como
netizadas por indução, com inclinação I=-30° morfologias e ambientes sedimentares;
e declinação D=-23°, que é a configuração
média do campo magnético ambiente para • concentração de K: o potássio ocorre, nor-
a época do levantamento; malmente, nos minerais de ortoclásio, mi-
croclina, leucita e ilita e possui concentração
• pseudogravidade (PG): a transformação de muito baixa em outros silicatos. Nas rochas,
pseudogravidade (PG) transforma a anomalia possui teores elevados em ácidas (granitos
magnética em anomalia gravitacional que seria e sienitos), menores em basaltos e muito
observada se a distribuição da magnetização baixos em dunitos e peridoditos (Dickson e
fosse substituída por uma distribuição de Scott, 1997). Em função de sua solubilidade,
densidade (a razão da magnetização e den- o comportamento intempérico dos minerais
sidade seria uma constante no volume). Esta potássicos determina sua depleção em rochas
transformação pode ser feita graças à relação intemperizadas e solos;
de Poisson para campos potenciais. A PG, por
ser comparada com a anomalia gravitacional, • concentração de U: o urânio ocorre em baixa
ajuda a interpretação da forma e tamanho da concentração na crosta terrestre (aproxima-
fonte ou, pelo menos, permite a investigação damente 3ppm). Nas rochas, o urânio ocorre
da variação da razão M/ρ. O processo de PG como óxidos e silicatos, uraninita e uranotorita,
exige apenas o conhecimento da magnetização e, principalmente, em minerais como a mona-
M, da densidade ρ (ou contraste de densida- zita, o xenotímeo e o zircão. O clima quente e
de), que são proporcionais. No presente tra- úmido reúne as condições necessárias para a
balho, utilizamos um contraste de densidade lixiviação do urânio das rochas. Neste tipo de
de +0,3g/cm³, escolhido para ser o contraste clima, a grande circulação de águas, em geral
aproximado da densidade entre o granito com ácidas, com oxigênio e dióxido de carbono
rochas metamórficas. A magnetização utilizada dissolvidos, é determinante para que os mine-
foi M=0,58A/m (SI). rais contendo U, exceto os refratários, sejam
hidrolisados, oxidados e lixiviados (Dickson e
Scott, 1997);
dados aerogamaespectrométrico
• concentração de Th: o tório ocorre em minerais
A representação dos dados gamaespectromé- pesados, como alanita, monazita, xenotímeo
tricos (Gama) obedeceu a procedimentos padrões. e zircão, ou em quantidades-traço em outros
Interpolamos os dados com o método de mínima minerais constituintes das rochas (Dickson e
curvatura em um grid de 125m x 125m (um quarto Scott, 1997). Os principais minerais que contêm
do espaçamento entre as linhas de voo). Th (monazita e zircão) são estáveis durante o
A figura 5 traz os mapas da Contagem Total e das intemperismo e podem acumular-se em depó­
Concentrações de Potássio, Urânio e Tório: sitos de minerais pesados. O tório, liberado
durante o intemperismo, pode ser retido em
• contagem Total: a contagem total exibe a óxidos e hidróxidos de Fe e Ti e em argilas. Da
contribuição de todos os radioelementos mesma forma que o U, o Th pode também ser
presentes no espectro da radiação gama. transportado quando adsorvido em coloides
Essa medida discrimina litotipos com baixa, argilosos e óxidos de ferro.
média ou alta radioatividade, mas não per-
mite tirar conclusões específicas em relação A figura 6 traz os mapas das Razões U/Th, U/K, Th/K
a sua composição mineralógica. Ao contrá- e Ternário sobrepostos ao modelo digital do terreno:
rio da contagem total, as medidas das con-
centrações individuais de potássio, urânio e • razões U/Th, U/K e Th/K: a abundância das ra-
tório, radioelementos mais abundantes nas zões U/Th, U/K e Th/K é frequentemente mais
rochas da crosta terrestre, permitem melhor diagnóstica nas mudanças dos tipos de rochas,
classificação das composições mineralógicas, alterações ou em ambientes deposicionais do

216 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’
350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000

-16°

-16°
-16°

-16°
8.225.000

8.225.000

8.225.000

8.225.000
Mapa de Contagem Total Mapa da Concentração de Porássio

Escala Escala
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000

130 7.874
51 2.027
35
8.200.000

8.200.000

8.200.000

8.200.000
1.403
28 1.043
24 0.785
21 0.590
19 0.446
17 0.343
16 0.269
14 0.216
13 0.178
8.175.000

8.175.000

8.175.000

8.175.000
-16°30’

-16°30’
12 0.147
-16°30’

-16°30’
11 0.122
10 0.101
9 0.083
9 0.067
8 0.052
7 0.037
6 0.019
8.150.000

8.150.000

8.150.000

8.150.000
5 -0.007
1 -0.532
mR/h %
8.125.000

8.125.000

8.125.000

8.125.000
-17°

-17°
-17°

-17°

350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000


-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’
-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’
350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000
-16°

-16°
-16°

-16°
8.225.000

8.225.000

8.225.000

8.225.000
Mapa da Concentração de Urânio Mapa da Concentração de Tório

Escala Escala
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000

69,2 305
27,4 118
16,9 83
8.200.000

8.200.000

8.200.000

8.200.000
13,7 66
11,9 56
10,6 49
9,6 43
8,7 38
8,0 34
7,4 30
6,8 27
8.175.000

8.175.000

8.175.000

8.175.000
6,4 24
-16°30’

-16°30’
-16°30’

-16°30’

5,9 22
5,5 20
5,1 18
4,7 17
4,3 15
3,8 13
3,3 11
7
8.150.000

8.150.000

8.150.000

8.150.000
2,6
-4,8 1
ppm ppm
8.125.000

8.125.000

8.125.000

8.125.000
-17°

-17°
-17°

-17°

350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000


-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’

Figura 5 - Mapas de Contagem Total e Concentrações de Potássio, Figure 5 - Map of Total Count and Concentrations of Potassium, Uranium
Urânio e Tório. and Thorium.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 217
-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’
350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000

-16°

-16°
-16°

-16°
8.225.000

8.225.000
8.225.000

8.225.000
Mapa da Razão U/Th Mapa da Razão U/K

Escala Escala
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000

1,563 2.222
0,671 434
0,541 243

8.200.000

8.200.000
8.200.000

8.200.000
0,467 161
0,416 118
0,374 92
0,341 75
0,313 62
0,290 52
0,271 44
0,253 38

8.175.000

8.175.000
8.175.000

8.175.000
-16°30’

-16°30’
0,238 33
-16°30’

-16°30’
0,223 28
0,209 24
0,195 20
0,181 17
0,168 13
0,155 10
0,141 8
8.150.000

8.150.000
5

8.150.000

8.150.000
0,122
-0,005 -171
8.125.000

8.125.000
8.125.000

8.125.000
-17°

-17°
-17°

-17°

350.000 375.000 400.000 425.000 350.000 375.000 400.000 425.000


-40°30’ -40° -39°30’ -40°30’ -40° -39°30’

-40°30’ -40° -39°30’


350.000 375.000 400.000 425.000
-16°
-16°

K
8.225.000

8.225.000

Mapa da Razão Th/K

Escala
Mapa Ternário sobreposto ao MDT
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000
Projeção 2,5D
Th U N
10.710
2.610
1.303
8.200.000
8.200.000

834
586
427
323
254
204
360.0

166
136
00 38
8.175.000
8.175.000

-16°30’

113
-16°30’

94
0.0

80
00 40

67
X

56
47
0.000

36
26
8.150.000

8.150.000

16
420.0

-922
00

43.09
53 97
446.9

Z
–626.6
3
8.125.000

8.125.000

8.119.690 8.140.000 8.160.000 8.180.000 8.200.000 8.231.060


Y
-17°
-17°

350.000 375.000 400.000 425.000


-40°30’ -40° -39°30’

Figura 6
que os valores da abundância dos próprios • ternário: os mapas Ternários assinalam determi-
Mapas das Razões U/Th, U/K
e Th/K e Mapa Ternário so- radioisótopos, que estão sujeitos a extensas nada cor para cada elemento. A taxa de conta-
breposto ao MDT. variações devido à cobertura dos solos, etc. gem total é usada para assinalar uma escala de
Em áreas apropriadas, contendo baixa umi- intensidade de cada elemento e suas cores resul-
Figure 6 dade do solo, os mapas das Razões são úteis tantes (combinação de cores). Essas outras cores
Rate maps U/Th, U/K and
para ajudar no mapeamento da geologia de indicam áreas variadas, que definem proporções
Th/K and Ternary Map
superimposed on the MDT.
superfície da região; de K, U e Th. Construímos o Mapa Ternário em

218 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
uma coloração RGB (Red/Green/Blue), sobre- Inicialmente dividimos o Mapa de Anomalia Mag-
posto ao modelo digital de terreno (MDT) em nética de campo total em oito zonas magnéticas (ZM),
uma projeção 2,5D. O mapa resultante permite separadas conforme suas assinaturas magnéticas
observar a relação dos atributos do terreno com de curto e longo comprimento de onda. Apesar de
as cores da radiometria para cada radioelemento. estarmos trabalhando com um Mapa de Anomalias
Magnéticas, o termo background irá se referir ao
campo magnético de longo comprimento de onda
que predomina na zona. Indicamos com linhas con-
interpretação dos mapas tínuas de cor preta os lineamentos mais acentuados,
que se aproximam de linhas de dipolos ou faixas
aeromagnéticos verticais de dipolos (Lineamentos L1). Em seguida,
indicamos as anomalias dipolares que se aproximam
de dipolos isolados e linhas verticais de dipolos com
zonas magnéticas (ZM) uma seta que aponta do polo positivo para o negativo.
De posse do Mapa Dz, assinalamos mais linea-
mentos, dessa vez com linhas tracejadas (Lineamento
A figura 7 ilustra o Mapa de Interpretação Magné- L2). Com o Mapa de ASA, marcamos alguns linea-
tica, com a localização das ZM, lineamentos, dipolos mentos e também separamos regiões com valores
e núcleos de amplitude do sinal analítico. altos, indicando áreas com rochas e minerais mais

Figura 7
-40°30’ -40° -39°30’
350.000 375.000 400.000 425.000 Mapa de Interpretação
Magnética.

-16°
-16°
8.225.000

8.225.000
Mapa de Interpretação MAG
Figure 7
Zonas Magnéticas (ZM)
Magnetic Interpretation map.
Escala
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000
(meters)
Corrego Alegre / UTM zone 24S

LEGENDA Lineamento L1
8.200.000

8.200.000
ZM-1 Lineamento L2
ZM-2
Lineamento L3
ZM-3
Dipolo magnético
ZM-4
ZM-5 Núcleo ASA
8.175.000

8.175.000
-16°30’

ZM-6
-16°30’

ZM-7
ZM-8
8.150.000

8.150.000
8.125.000

8.125.000
-17°
-17°

350.000 375.000 400.000 425.000


-40°30’ -40° -39°30’

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 219
magnéticos do que a encaixante. Utilizamos o Mapa que parecem possuir forte magnetização induzida.
de FSA para complementar os lineamentos, usando Podemos afirmar a predominância da magnetização
linhas pontilhadas (Lineamento L3). O Mapa de UP induzida devido à configuração das linhas de campo
auxiliou na visualização dos corpos mais profundos e e orientação dos polos magnéticos:
maiores, e o RTP ajudou a compreender a assinatura
dos corpos magnéticos e sua possível localização. i) o dipolo de longo comprimento de onda no
Por fim, o Mapa de PG sugere como poderiam ser centro desta zona é semiparalelo ao N-S mag-
as anomalias gravimétricas na região em cada uma nético e possui seu polo positivo ao norte do
das Zonas Magnéticas. polo negativo;

ii) os lineamentos orientados na direção do N-S


ZM-1 magnético estão predominantemente no polo
positivo. Linha de dipolos orientada dessa forma
Região quase inteiramente constituída de rochas é predominantemente magnetizada por indução.
magnéticas, pois o background do campo magnético
anômalo é negativo, contrastante com as zonas que a Estes corpos isolados, claramente mapeados nos
bordejam a leste e ao sul. Lineamentos SE-NW foram mapas de ASA, Dz e RTP, são semelhantes a anoma-
marcados no centro da zona. O Mapa de ASA mostra lias causadas por dipolos. O Mapa PG assinalou um
que a zona é fortemente magnética. Os mapas de grande baixo gravimétrico nesta zona, que separa o
Dz e ASA realçam o fato de que o norte da zona é ZM-1 do ZM-3. Entretanto, algumas anomalias pseu-
mais magnético em relação ao sul, e o PG assinalou dogravimétricas menores podem ser encontradas e ser
os supostos altos gravimétricos com direções N-S e indicativas de intrusões locais de corpos mais densos
NW-SE. O Mapa RTP também mostra supostos diques/ e não aflorantes.
intrusões magnéticas aproximadamente na direção De acordo com o Mapa geológico, essa zona está
da declinação magnética. O Mapa UP filtrou diversas inserida sobre o Grupo Macaúbas e nos ortognaisses
anomalias de curto comprimento de onda, mostrando migmatíticos. Essas anomalias isoladas, portanto,
que a maioria desses corpos é rasa. podem ser pequenos plútons (possíveis granitoides
O Mapa geológico mostra que, no norte desta pós-tectônicos) ricos em minerais ferromagnéticos com
zona, afloram ortognaisses migmatíticos com algumas predominância de magnetização induzida (devido aos
falhas e fraturas e, no extremo noroeste, aflora um dipolos magnéticos estarem coincidindo com a direção
granitoide pré-tectônico, que é o batólito de Salto da do norte magnético).
Divisa, constituído por monzo a sienogranito foliado,
cortado por diques básicos. As anomalias magnéticas
podem estar relacionadas a falhas e fraturas, além de ZM-3
possíveis intrusões de diques máficos. Na parte central
desta zona, afloram rochas metassedimentares da Zona com fortes lineamentos SE-NW, concordan-
Formação Salinas pertencentes ao Grupo Macaúbas tes com as falhas cisalhantes da região. O background
e, mais ao sul, voltam a aflorar ortognaisses mig- é médio a fracamente magnético, o que mostra que
matíticos. Apesar de a geologia superficial mapear os lineamentos possivelmente acumularam minerais
estas unidades, conforme vimos no Mapa UP, ainda magnéticos diferenciados. Os Mapas de Dz e ASA
persiste um background magnético anômalo nesta mostram fortes valores bordejando o sul desta zona,
parte da zona, o que indica estruturas ou corpos em de forma levemente curvada com eixo S-N a SW-NE.
profundidade com direção preferencial SW-NE. O Mapa geológico mostra que esta zona con-
tém ortognaisses migmatíticos, com granitoide pré-
-tectônico aflorando no centro e, ao sul, rochas da
ZM-2 Formação Chapada Acauã, do Grupo Macaúbas,
controlada por diversas falhas e contatos cisalhantes
Zona que possui direção preferencial SW-NE dis- oriundos dos esforços tectônicos que formaram a
cordante com inúmeros lineamentos da região. Tem Faixa Araçuaí. Estas estruturas explicam os diversos
background fracamente magnético. Possui algumas lineamentos magnéticos e permitem complementar
anomalias pequenas no centro com direção SW-NE diversos outros mapeados pela geologia.

220 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
ZM-4 encaixantes, principalmente na parte oeste, que, apa-
rentemente, marca o contato desta zona. Possui fortes
Zona com assinaturas marcantes. A destacar, os lineamentos magnéticos com direção N40°E na parte
lineamentos SE-NW com direção aproximadamente sul que, progressivamente, se curvam em direção ao
N55°W e uma anomalia de grande amplitude in- norte, demarcando seu limite com as ZM-6 e ZM-7.
dicando forte magnetização induzida, cortada por Estes lineamentos podem estar ligados a uma
diversos lineamentos. A mesma explicação para isso zona de cisalhamento que separa os maciços de
se encontra na ZM-2. Buranhém e Santo Antônio do Jacinto. Além disso,
Na parte oeste desta zona, há algumas feições ao norte da zona existem lineamentos com direção
dobradas com eixo aproximadamente N-S, que aproximadamente N60°E semelhante a uma linha
são vistas com mais nitidez nos mapas de Dz, ASA de dipolo que não corresponde a nenhuma litologia
e principalmente no FSA. Essas feições dobradas no Mapa geológico, mas podem estar associados a
podem estar associadas a eventos tectônicos que falhas/fraturas com direção semelhante. Anomalias
movimentaram a Faixa Araçuaí e geraram as diversas menos expressivas são assinaladas no Mapa de FSA,
falhas cisalhantes, dobras e empurrões. Os mapas de o que mostra que o interior desta zona não é mag-
RTP e PG mostram que toda esta zona é constituída neticamente homogêneo.
por rochas mais magnéticas e densas em relação Esta zona, em associação com a geologia, corres-
às encaixantes. O Mapa UP nos permite observar o ponde ao maciço de Santo Antônio do Jacinto, um
caráter dipolar típico de uma magnetização induzida gigantesco granitoide tardi a pós-tectônico composto
associada a um corpo de grandes dimensões que se por sieno a monzogranito isotrópico, cortado por
estende em profundidade. várias falhas com direção SW-NE, coincidente com
O Mapa geológico mostra um granitoide coberto os lineamentos magnéticos (Brasil, 1996).
por sedimentos na região ao sul de Itagimirim e ao
norte de Eunápolis. Este granitoide, que foi precaria-
mente mapeado devido a coberturas do Barreiras, é ZM-6
classificado como pós-tectônico e é constituído pelos
mesmos que afloram na região central (maciço de Esta zona exibe anomalias marcantes semelhan-
Guaratinga, descrito na ZM-6) e na Região Sul (ma- tes a dipolos, muito extensas se comparadas com
ciço de São Paulinho, descrito na ZM-8). Portanto, as outros dipolos no mapa. Estes corpos parecem
anomalias observadas no UP, RTP e PG podem rela- possuir forte magnetização induzida pelas mesmas
cionar-se a algum corpo plutônico extenso que não razões dadas para a ZM-2. Geologicamente, pode-
foi mapeado ou não aflora. Esta segunda hipótese é mos associá-los a grandes plútons magnetizados
verossímil, uma vez que as rochas que afloram nesta por indução. Os mapas de ASA e RTP centralizam
zona são do Grupo Macaúbas e dos ortognaisses as anomalias acima dos corpos maiores, mas o
migmatíticos, compostas por minerais fracamente Mapa Dz consegue discriminar melhor, sugerindo
magnéticos. As anomalias de menor comprimento que também podem ocorrer corpos pequenos e
de onda no Mapa de FSA podem ser expressões mais rasos dentro dos maiores. Um lineamento N-S
tectônicas desse corpo maior (como falhas, fraturas cruza estes corpos e é bem assinalado no Mapa de
e dobras). Em destaque, o lineamento magnético RTP. O Mapa de UP aprimora o campo de corpos
nitidamente marcado no Mapa de Dz e ASA com mais profundos e largos, e, como muitas anomalias
direção NW-SE e localizado no extremo oeste dessa de curto comprimento de onda são filtradas, pode-
zona. Ele pode ser um dique máfico identificado no mos associá-las a corpos rasos que possivelmente
mapa geológico. seriam apófises de plútons maiores e mais profundos.
O Mapa de PG evidencia a grande diferença entre
estes corpos e a rocha encaixante, sendo possível
ZM-5 delimitar lateralmente suas dimensões.
O mapa geológico mostra que esta zona abran-
Localizada no extremo oeste da região, esta zona ge o complexo Jequitinhonha (gnaisses kinzigíticos)
possui uma assinatura magnética com anomalias e a região central, com assinaturas magnéticas mais
de baixa amplitude. O Mapa de PG mostra valo- fortes, e corresponde ao maciço de Guaratinga, um
res altos de pseudogravidade em relação às rochas granitoide pós-tectônico constituído por sieno a

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 221
monzogranitos. Segundo a Sampaio et al. (2004), (predominância do polo positivo), o que leva a crer
estas rochas são cortadas localmente por pequenos que haja algum tipo de magnetização remanente.
corpos de biotita-granito com magnetita, cinzas, Assim como na ZM-6, geologicamente, estes cor-
média e fina, com fracas orientações. Este biotita- pos com forte magnetização dipolar correspondem a
granito representa uma fácies tardia, intrusiva nas granitoides pós-tectônicos representados pelo maciço
demais rochas da área. Os diversos lineamentos mag- de São Paulinho, que tem a mesma composição do
néticos que cruzam a área, com direções SE-NW e maciço de Guaratinga. Observando o Mapa de CMT e
NE-SW, correspondem a falhas ou fraturas cisalhantes comparando com o afloramento marcante de diorito
e a falhas conjugadas. com direção quase N-S no Mapa geológico, o linea­
mento com direção SW-NE parece ser relacionado
a este afloramento. Esta zona apresenta texturas e
ZM-7 lineamentos NW-SE bem suaves, assim como na ZM-7.
Finalmente, outras anomalias pequenas e de menor
Região cujo background é fracamente magnético. intensidade são marcadas nesta zona e podem estar
Entretanto, variações de longo comprimento de onda relacionadas a outros afloramentos não mapeados
e baixa amplitude do campo assinalaram diversas pela geologia. O Mapa Dz assinalou lineamentos
texturas semelhantes a dobras, além de lineamentos que podem estar associados às falhas e fraturas que
SE-NW e NE-SW, com destaque para o lineamento interceptam esses granitoides.
no extremo SW. Os mapas Dz e FSA amplificaram as
altas frequências, antes camufladas pela anomalia
regional. Estas anomalias resultantes exibem diversas
feições dobradas cujos contatos com a ZM-5 e a ZM-6
estão bem definidos.
interpretação dos mapas
As litologias predominantes da ZM-7 são rochas
do complexo Jequitinhonha, e suas litofácies possuem
aerogamaespectrométricos
microbandamentos definidos pela alternância entre
minerais máficos e félsicos. A região entre as coor-
denadas UTM X = 350.000 e X = 375.000 apresenta
domínios gamaespectrométricos (DG)
respostas anômalas bem suaves que, em correlação
com a geologia, podem estar relacionadas com a in- A figura 8 ilustra o Mapa de Interpretação Gama-
trusão do granitoide tardi a pós-tectônico em forma espectrométrica, com a localização dos DG, núcleos
sugestiva de arco composto por tonalito e diorito. de elevada concentração e os lineamentos.
Inicialmente, agrupamos cinco domínios gama-
espectrométricos (DG) de acordo com o Mapa de
ZM-8 Contagem Total: DG-1 com valores muito baixos
(inferiores a 7µR/h); DG-2 com valores baixos (entre
As diferenças entre a ZM-7 e a ZM-8 são a inten- 7µR/h e 13µR/h); DG-3 com valores intermediários
sidade do background do campo e as feições bem (entre 13µR/h e 20µR/h); DG-4 com valores altos
marcadas na ZM-7. O Mapa de MDT mostra que a (entre 20µR/h e 35µR/h); e DG-5 com valores muito
ZM-7 está em uma região mais elevada cerca de 700m altos (superiores a 35µR/h). Em seguida, fragmenta-
em relação à ZM-8. A ZM-8 possui baixa magnetiza- mos em 13 subdomínios com base na distribuição de
ção, exceto pelos dipolos marcados a sudeste. Estes K, U e Th e em suas localizações geográficas: DG-1A,
dipolos apresentam um desvio do padrão geral de DG-1B, DG-2A, DG-2B, DG-2C, DG-2D, DG-3A,
magnetização induzida. Devem possuir uma magne- DG-3B, DG-4A, DG-4B, DG-4C, DG-5A e DG-5B.
tização remanente, pois os polos negativos sugerem De posse do Mapa de K, traçamos lineamentos
inclinação magnética distinta da do campo ambiente. contínuos de cor vermelha em regiões de fluxo de
Podemos afirmar isso, pois em quase toda a área es- rios, e com linhas tracejadas (também de cor ver-
tudada os dipolos negativo e positivo possuem orien- melha) os lineamentos diversos que podem indicar
tação NW-SE magnético, com o polo positivo a NW contatos geológicos, fraturas, falhas ou qualquer
do polo negativo. Entretanto, os dipolos isolados na acúmulo deste radioelemento. Além disso, foram
ZM-8 possuem um polo negativo menos expressivo circundadas regiões com valores altos de K e

222 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
Figura 8
-40°30’ -40° -39°30’ Mapa de Interpretação
350.000 375.000 400.000 425.000
Gamaespectrométrica.

-16°
-16°
8.225.000

8.225.000
Mapa de Interpretação GAMA Figure 8
Domínios Gamaespectrométricos (DG) Gamma spectrometry
Interpretation map.
Escala
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000
(meters)
Corrego Alegre / UTM zone 24S

LEGENDA Lineamento de K
causado por rios
8.200.000

8.200.000
DG-1A Lineamento de K
DG-1 DG-1B
Lineamento de U e Th
causado por rios
DG-2A Lineamento de U e Th
DG-2B Lineamento de U
DG-2 DG-2C
Núcleo de K
DG-2D
Núcleo de U e Th
DG-3A
8.175.000

DG-3

8.175.000
-16°30’
-16°30’

DG-3B

DG-4A
DG-4 DG-4B
DG-4C
DG-5A
DG-5
DG-5B
8.150.000

8.150.000
8.125.000

8.125.000
-17°
-17°

350.000 375.000 400.000 425.000


-40°30’ -40° -39°30’

denominamos núcleos de potássio, representando-os devidas precauções, a remoção do efeito atmosfé-


por hachuras horizontais. Em seguida, fizemos o rico causado pelo acúmulo do gás radônio é muito
mesmo para o U e o Th: linea­mentos contínuos de difícil. Alterações de atividade no ruído de fundo
cor verde para indicar regiões de rios, e com traço e devido a bolsões de gás radônio acumulados nos
ponto também de cor verde, os lineamentos diversos. vales, variações da umidade do solo e espessura da
Circundamos regiões com valores altos de U e Th e vegetação podem ocasionar problemas residuais
denominamos núcleos de U e Th, representados por durante a medição aérea de raios gama. Além disso,
hachuras verticais. Alguns lineamentos adicionais ob- o urânio é um elemento facilmente lixiviado e pode
servados no Mapa de Urânio foram incluídos como se acumular em leitos de rios e encostas. Para mini-
linhas pontilhadas de cor azul. Os mapas de Razões mizar os ruídos resultantes desses problemas se faz
e o Ternário foram utilizados para complementar a necessário o uso do nivelamento e do micronivela-
interpretação e, conforme necessário, serão citados mento da mesma forma que a aeromagnetometria
no decorrer do texto. (Minty, 1991). Mesmo assim, o Mapa de Contagem
A região de estudo abrange relevos escarpados e Total exibe ruídos resultantes claramente marcados
vales, como pode ser visto no MDT. Mesmo com as ao longo das linhas de voo.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 223
DG-1A diferentemente do DG-4C, onde os rios Buranhém e
Barriguda correm do oeste para o leste, adentrando
Abrange o extremo noroeste da área, com radio- os sedimentos do Barreiras. Esses rios exibem concen-
atividade muito baixa para o U e Th. O K possui um trações elevadas de U e Th. O DG-2B não é banhado
núcleo com valores elevados, o que indica a presença por nenhum dos dois rios e por isso sua radiação de
de uma litologia que contém minerais com alto teor de U e Th é baixa. O potássio mostra valores em torno
feldspatos ou feldspatoides. Este núcleo pode estar as- de 0,01% a 0,05%, o que é muito baixo.
sociado ao afloramento do granitoide pré-tectônico nas
proximidades da cidade de Salto da Divisa, composto
por monzo a sieno granito foliado, rico em enclaves e DG-2C
cortado por diques máficos. A extensão do núcleo pode
estar associada: aos lineamentos cisalhantes preenchi- Este subdomínio, localizado ao sul do mapa, exibe
dos com algum material de elevadas concentrações de valores baixos para os três radioelementos. O Mapa de
K; ou ao aporte sedimentar oriundo do granitoide, que K mostra para esta região valores em torno de 0,1% a
está em uma região de maior elevação topográfica. 0,3%, maiores do que no DG-2B. Portanto, as litologias
entre o DG-2C e o DG-2B são diferentes, sendo muito
provável que o DG-2B esteja coberto por sedimentos
DG-1B do Barreiras, que não foram interceptados por rios, e
o DG-2C seja constituído de rochas metamórficas do
Este subdomínio abrange o norte da área e Complexo Jequitinhonha. O Rio do Prado cruza a região
apresenta baixa radiação gama para os três radio- central deste subdomínio, favorecendo o acúmulo de
elementos. O potássio exibe algumas feições de elementos radioativos provindos da região de mais alta
destaque no norte, com lineamentos na direção topografia, a oeste (DG-5A). Entretanto, o Rio do Prado
E-W suavemente curvados com eixo N-S. Os mapas não acumulou mais elementos radioativos do que os rios
de Contagem Total e de Tório também exibem esta Buranhém e Barriguda, além de não cruzar uma região
mesma feição curvada, o que indica alguma es- coberta por sedimentos do Barreiras, como no oeste do
trutura em forma de dobra. Geologicamente, este DG-4C. Topograficamente, o relevo do DG-2C eleva-se
subdomínio está localizado inteiramente no grupo progressivamente do leste para o oeste. Entretanto, os
Macaúbas, o que reflete sua baixa radioatividade. morros do oeste não exibem alta radioatividade como
os demais morros do mapa, o que sugere não haver
rochas ígneas, ou seja, granitoides. Talvez por isso, o
DG-2A Rio do Prado não exiba alta radiação também.

Subdomínio alongado com direção SW-NE com valo-


res intermediários e, em alguns pontos, valores elevados DG-2D
para os três radioelementos. As feições principais são
um lineamento com pouca largura com direção SW-NE Subdomínio idêntico ao DG-2C e, assim como os
e dois outros núcleos com direção NW-SE, mais largos outros subdomínios, foi separado por estar geografi-
e menos extensos. Essa mudança de direção também camente afastado. O DG-2D Está localizado em uma
pode ser vista no DG-1A, com valores elevados de K região de baixíssima topografia, vizinha à área de
em um núcleo que se estende além do norte do mapa. morros a oeste, pertencente ao DG-5B. É provável
que o DG-2D possua a mesma litologia do DG-2C
e, portanto, constitua um subdomínio formado por
DG-2B gnaisses kinzigíticos migmatíticos pertencentes ao
Complexo Jequitinhonha.
Este subdomínio, localizado aproximadamente
no centro do mapa, é bordejado por altos valores de
radiação do DG-4 e encontra-se isolado dos outros DG-3A
subdomínios do DG-2. É bordejado a norte, leste e sul
pelo DG-4C, e a oeste pelo DG-4B. O DG-2B está loca- Subdomínio localizado em uma região de
lizado em uma região de maior elevação topográfica, vale limi­t ado ao sul e ao norte por regiões altas.

224 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
Apresenta valores intermediários a altos de K e DG-4B
U, mas valores baixos de Th. É provável que essas
anomalias sejam causadas por acúmulo de sedi- Subdomínio melhor definido nos mapas de
mentos lixiviados ou erodidos dos morros, ou até Concentração de K, U e Th. Há um extenso núcleo
mesmo por acúmulo de gás radônio. Os mapas das de K ao sul, que prossegue para outros subdomínios
Razões Th/K e U/Th indicam que o DG-3A sofreu vizinhos. Outro núcleo de K, menor, está totalmente
aporte terrígeno. O Mapa Ternário sobreposto ao inserido no DG-4B. O MDT mostra uma região de
terreno dá uma ideia da distribuição das anomalias alta elevação topográfica. O mapa geológico mapeia
de K e U nas encostas escarpadas. Destaque para os granitos da região de Guaratinga, mas falha ao
o núcleo de K no extremo leste e um núcleo de agrupá-los como um corpo único. Este domínio possui
U e Th controlado por lineamentos com direção valores elevados de K, mas não tanto de U e Th. Isso
SW-NE e NW-SE. Esses núcleos, possivelmente, não indica que este granitoide possui certos minerais
se originam de aporte sedimentar, mas de uma diferentes do DG-5A. Em relação ao mapa geológico,
lito­logia diferente, como afloramento de pe­quenos o DG-4B é um sieno a monzogranito porfirítico
núcleos de granitoides, pois as concentrações são levemente foliado, enquanto o DG-5A também é um
muito elevadas. O núcleo de K prossegue para os sieno a monzogranito, só que isotrópico.
DG-2D e DG-4B. O núcleo de U e Th, por sua vez,
prossegue para o DG-4A e é interceptado por
falhas SW-NE. DG-4C
Este subdomínio possui respostas gamaespec-
DG-3B trométricas complexas. O Rio Buranhém sofre muito
aporte de sedimentos dos morros. Por conseguinte,
Assim como o DG-3A, o DG-3B é uma região de ocorreu acúmulo de certos minerais radioativos que
baixa topografia contígua a uma de alta. A direção refletem o aumento principalmente de U e Th. Ao che-
predominante das anomalias diferencia os dois sub- gar à região da cobertura do Barreiras, este material
domínios: SW-NE no DG-3B e E-W no DG-3A. Isto radioativo é espalhado. Entretanto, não restam mais
mostra que o DG-3B sofreu algum tipo de controle anomalias de K, somente de U e Th. Os sedimentos
estrutural diferente do DG-3B. Os valores interme­ do Barreiras são arenitos inconsolidados com inter-
diários a altos de K e U e baixos de Th mais uma vez calações de argilas, o que justifica a baixa radiação
se repetem. Esse fato fortalece a hipótese de acumu- do K. Contudo, o acúmulo de Th é algo incomum,
lação de sedimentos terrígenos devida à formação de visto que é um radioelemento presente em minerais
depósitos de tálus em conjunto com a lixiviação de pesados, como zircões e monazitas. O U, por sua
elementos solúveis, mas não por transporte fluvial, vez, ocorre em minerais facilmente lixiviados. Note
como o DG-4C. O Th é um elemento mais estável e no MDT que esta região possui baixa topografia e é
tende a ficar na rocha original, enquanto K e U são uma região fonte de depósitos fluviais e de encostas.
facilmente transportados. Segundo Dickson e Scott (1997), zonas alteradas
a partir de rochas ígneas intrusivas e extrusivas, inter-
mediárias e básicas, exibem variações significativas
DG-4A na interface saprólito-solo. Tais mudanças refletem
as perdas de K dos feldspatos potássicos e das micas
Este subdomínio margeia o DG-5A e possui uma e a retenção do U e do Th em óxidos de ferro e ar-
curvatura com o eixo de aproximadamente NW-SE, gilas ou em minerais resistatos. De modo geral, os
aparentemente controlado por falhas com direção dioritos não são facilmente distinguíveis dos basaltos,
SW-NE ao sul e SE-NW a N-S ao norte. Possui va- pois ambos mostraram retenção de U e Th durante a
lores altos para os três elementos, principalmente pedogênese. Ainda de acordo com mesmos autores,
na região central, com expressivos valores de K. o intemperismo em rochas intrusivas intermediárias
O mapa geológico mostra que este subdomínio revela que não existem mudanças significativas nos
corresponde ao maciço de Buranhém, um grani- teores de radioelementos até a pedogênese, mas
toide sieno a monzogranito porfirítico tardi a pós- geralmente indica variações abruptas nas concentra-
tectônico do tipo S (Sampaio et al., 2004). ções de U e Th na interface saprolito-solo. Os dioritos

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 225
apresentam comportamento semelhante ao dos ba- e magnética. O objetivo foi correlacionar fontes
saltos, os quais mostram um incremento de U e Th magnéticas com a litologia superficial e a topogra-
durante a pedogênese. fia. Muitas anomalias radiométricas na região central
se correlacionam com os núcleos de sinal analítico
(região do maciço de Guaratinga), bem como com
DG-5A os núcleos na Região Sul (região do maciço de São
Paulinho), indicando a existência de granitoides ricos
Possui valores elevadíssimos de K, U e Th. Está loca­ em minerais magnéticos. A região central da área é
lizado em uma região de alta elevação topo­gráfica. cortada por inúmeras falhas SE-NW e por uma falha
Diferentemente de outras fortes anomalias de K encon- conjugada que secciona os núcleos de K e de ASA.
tradas na região, o DG-5A possui valores altos para os O DG-5A e a ZM-5 são margeados por altos valores
três radioelementos. Trata-se de uma intrusão extensa de ASA, demarcando seu contato com o DG-4A e
de forma dômica, típica de granitoides que chegam à a ZM-6 por uma zona de cisalhamento conforme o
superfície através de plumas ou hotspots. Em correlação mapa geológico (região do maciço de Santo Antônio
com a geologia, corresponde ao batólito de Santo An- do Jacinto). O núcleo de ASA no extremo noroeste
tônio do Jacinto, um granitoide tardi a pós-tectônico do da área de estudo se correlaciona com os subdomí-
tipo I constituído de sieno a monzogranitos isotrópicos. nios DG-1A e DG-2A. Em especial o núcleo de K,
O limite entre este batólito e o maciço de Santo Antônio possivelmente devido ao afloramento do granitoide
do Jacinto (DG-4A) é caracterizado por uma zona de de Salto da Divisa.
cisalhamento, evidenciada por uma faixa de milonitos Diques máficos que cortam os granitoides de Salto
com 50m a 100m de largura (Sampaio, et al. 2004). da Divisa e Itagimirim (pré-tectônicos), instalados du-
rante o estágio extensional inicial da Faixa Araçuaí, há
cerca de 1.100 Ma a 880 Ma (Sampaio et al., 2004),
DG-5B podem ser a causa dos lineamentos e assinaturas
anômalas na ZM-1 e na ZM-3. O limite ao sul das
O DG-5B possui concentrações muito altas para ZM-1, ZM-2 e ZM-4 mostra uma região com fortes
os três radioelementos. Lateralmente é o menor dos lineamentos NW-SE. Eles podem estar relacionados
domínios e está localizado em um relevo de maior to- com a zona de contato cisalhante em profundidade
pografia. Dois núcleos de K, U e Th bem expressivos dos ortognaisses migmatíticos paleoproterozoicos
mostram que o DG-5B possui pelo menos dois grani- (ou até dos metassedimentos Grupo Macaúbas) com
toides, um a leste, outro a oeste. O núcleo do leste é os gnaisses kinzigíticos do Complexo Jequitinhonha.
mais extenso e prossegue além sul do mapa com va- Esta zona de contato fica mais bem definida no
lores altos apenas de K. Isso indica algum tipo de dife- baixo pseudogravimétrico com longo comprimento
renciação mineral no sentido NW-SE ou simplesmente de onda com direção NW-SE. O Mapa de UP nos dá
outro tipo de litologia, pobre em minerais contendo U uma noção dos corpos regionais, ficando evidente o
e Th. Lineamentos conjugados NW-SE e SW-NE cor- contato no sul da área estudada, em Y = 8.125.000,
tam este domínio, o que indica a presença de falhas. com direção E-W. O Mapa de UP também mostra que
O mapa geológico mostra que se trata de granitoides os grandes corpos que exibem anomalias dipolares
sieno a monzogranitos pós-tectônicos e cortados por no centro, ZM-6, e no oeste, ZM-4, se estendem em
inúmeras falhas. Estes granitoides possuem a mesma grandes profundidades.
composição dos encontrados no DG-4B. Conforme explicamos anteriormente, a maioria das
anomalias dipolares, com forte magnetização induzida
(devido aos dipolos estarem semiparalelos ao N-S mag-
nético e com o polo positivo a NW do polo negativo),
correlação e interpretação é associada aos granitoides pós-tectônicos. Segundo
Sampaio et al. (2004), durante a fase tardiorogênica
integrada (535 Ma a 490 Ma) houve o colapso final do orógeno.
Isso ocasionou um reaquecimento regional, possivel-
mente induzido por underplating de magma mantélico,
A figura 9 mostra um Mapa de Correlação do MDT gerando então os granitoides pós-tectônicos. Estes gra-
com os mapas de interpretação gamaespectrométrica nitoides, livres de constantes esforços compressionais

226 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
Figura 9
-40°30’ -40° -39°30’ Mapa de Correlação
350.000 375.000 400.000 425.000
Topográfica, Magnética e

-16°
-16°

Gamaespectrométrica.
8.225.000

Mapa de correlação MAG-GAMA-MDT

8.225.000
Lineamentos e núcleos anômalos Figure 9
Escala Topographic, Magnetic
5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 and Gama spectrometry
(meters) correlation map.
Corrego Alegre / UTM zone 24S

LEGENDA
8.200.000

8.200.000
Lineamento de K
causado por rios
Lineamento de K
Lineamento de U e Th
causado por rios
Lineamento de U e Th
Lineamento de U

Lineamento magnético L1
8.175.000

8.175.000
-16°30’
-16°30’

Lineamento magnético L2

Dipolo magnético

Núcleo de ASA
8.150.000

8.150.000
Núcleo de K

Núcleo de
U e Th
8.125.000

8.125.000
-17°
-17°

350.000 375.000 400.000 425.000


-40°30’ -40° -39°30’

e magmatismo, permitiram a cristalização de certos estruturais adicionais resultaram da análise da gama-


minerais magnéticos, como magnetita. espectrometria e da magnetometria aéreas.
A interpretação magnética, conforme descrito em
suas zonas e nos traçados de lineamentos magnéticos,
permitiu assinalar e discriminar diversos corpos e es-
conclusões truturas antes não mapeados pela geologia. Diversas
anomalias da região possuem magnetização induzida
intensa, tais como as anomalias lineares e dipolares
A interpretação dos dados aerogeofísicos magné- isoladas. A maioria dos lineamentos assinalados está
ticos e gamaespectrométricos das folhas 1:100.000 relacionada com as falhas cisalhantes com direção
de Santo Antônio do Jacinto, Salto da Divisa, Jacinto e NW-SE, decorrentes dos esforços tectônicos durante
Guaratinga permitiu aprimorar o conhecimento geoló- a formação do orógeno. Falhas conjugadas e de alívio
gico do nordeste da Faixa Araçuaí, região importante também foram assinaladas, possivelmente ligadas ao
para a delimitação entre este orógeno e o Cráton evento de abertura do Oceano Atlântico. Além disso,
do São Francisco. Assim, informações litológicas e zonas de contato entre as unidades litológicas, em

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 227
especial os granitoides e a zona de cavalgamento que
separa o Grupo Macaúbas do Complexo Jequitinhonha,
agradecimentos
também foram melhor discriminadas.
A interpretação gamaespectrométrica, conforme Agradecemos ao Projeto Rift-Bahia via Convênio
descrito em seus domínios e subdomínios, permitiu Petrobras-Universidade Federal da Bahia (UFBA) -
discriminar algumas unidades litológicas da área, Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Fapex)
como é o caso dos granitoides de diferentes épocas (termo de cooperação nº 0050.0029271.076.4) pela
de tectonismo, das coberturas sedimentares perten- disponibilização dos dados. O autor Bruno Freitas
centes à Formação Barreiras, das zonas de contatos Gonçalves agradece aos recursos financeiros da bolsa
entre o Complexo Jequitinhonha e outras unidades, de mestrado da Agência Nacional do Petróleo, Gás
além das zonas de fraqueza e acúmulo de minerais Natural e Biocombustíveis (ANP) via PRH-08 e ao
radioativos, tais como as diversas falhas e fraturas Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia (CPGG)
cisalhantes da região. A correlação do Mapa Ternário da UFBA pelos recursos físicos e computacionais. Por
com o modelo digital de terreno permitiu observar a fim, os autores agradecem também aos revisores
distribuição dos radioelementos lixiviados dos morros anônimos pelos comentários e sugestões que muito
e depositados em vales e leitos fluviais em formas de enriqueceram este trabalho.
leques aluviais, bem como a relação dos granitoides,
com relevos elevados, e coberturas sedimentares,
com relevos mais baixos. O acúmulo de teores de U
e Th na cobertura da Formação Barreiras sugere que
possíveis minerais pesados e ferríferos provenientes
referências bibliográficas
especialmente do sienito em forma de domo, no ex-
tremo oeste, foram transportados por rios e riachos, BARBOSA, J. S. F.; CORREA-GOMES, L. C. Estudo
principalmente o Rio Buranhém, e depositados nos geodinâmico das bacias sedimentares “on
leitos arenosos. shore”, do Jequitinhonha, estado da Bahia,
A correlação dos mapas de interpretação magné- até Jatobá, estado de Pernambuco, dos seus
ticos e gamaespectrométricos implementou, confor- embasamentos cristalinos e dos sedimentos
me mostra a figura 9, o traçado dos lineamentos e das bacias costeiras dos estados da Bahia e de
contatos litológicos do Mapa geológico, sugerindo, Pernambuco. Relatório final do projeto Rift-
inclusive, novas direções. A direção geral NW-SE, as- Bahia. [S.l.]: FAPEX, 2011. Termo de cooperação
sinalada no Mapa Aeromagnético, está relacionada n. 0050.0029271.076.4.
ao estágio colisional que ocasionou o fechamento da
Bacia Araçuaí-West Congo. Estes lineamentos marcam BARBOSA, J. F. S.; DOMINGUEZ, J. M. L. (Eds.)
zonas de cisalhamento transpressionais, imbricação Mapa geológico do estado da Bahia: texto
tectônica, inclusive de embasamento/supracrustais explicativo. Salvador: Secretaria da Indústria
(Complexo Jequitinhonha - Grupo Macaúbas) e a Comércio e Mineração/Superintendência de
atracação da Faixa Araçuaí contra o Cráton do São Geologia e Recursos Minerais, 1996. 400 p.
Francisco (Sampaio et al., 2004). Um estudo deta-
lhado das direções dos lineamentos em conjunto BLAKELY, R. J. Potential theory in gravity and
com estudos tectoestruturais e informações sobre as magnetic applications. Cambridge: Cambridge
idades das rochas pode auxiliar no entendimento da University Press, 1996.
evolução geotectônica da Faixa Araçuaí e seu reflexo
nas bacias sedimentares tipo rifte de Cumuruxatiba CRUZ, S. C. P.; AKMIN, F.; SILVA, A. J. P.; TEIXEIRA, L.
e Jequitinhonha. R.; SOARES, A. C. P.; CORREA-GOMES, L. C.; SOUZA,
A presente análise integrada está em consonância J. S.; LEAL, A. B. M. Orógeno Araçuaí. In: Geologia
e complementa as interpretações geológicas sobre o da Bahia, pesquisa e atualização, rochas de
Cinturão Móvel Araçuaí e as modelagens gravimé­ cobertura. Salvador: [s.n.], 2012. p. 131-178, v. 2.
tricas e magnetotelúricas ao longo de uma transecta (Série publicações especiais, n. 13).
entre a sede da cidade de Belmonte e o distrito de
Água Fria em Guaratinga, Bahia, descritas por Barbosa DICKSON, B. L.; SCOTT, K. M. Interpretation of
e Correia-Gomes (2011). aerial gamma-ray surveys – adding the geochemical

228 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
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B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 229
expanded abstract an imbrication system and, put side by side, different
crustal levels. There are NW-SE transcurrent and
dextral transpressive shear zones, associated with
In order to understand the evolution of oil bearing folds and thrusts with dominant south and southeast
rift basins it is necessary to study the characteristics of vergences. The second area is mainly characterized
their contiguous basements. In southern Bahia, the by the irregularity of the directions of the structural
Araçuaí Belt, a mobile belt comprised of several types of lineaments, reflecting the predominance of two or
rocks of different rock ages, constitutes the basement three generations of folds on the direction of the
of the Cumuruxatiba and Jequitinhonha basins. The more regular structures, represented by shear zones.
study of this belt is important in several aspects, among The transcurrent and compressional shear zones have
them the knowledge of its units, tectonic evolution and directions ranging from N-S, NW-SE and E-W.
geodynamics. The study of the transition area between We used a commercial software for processing
the southern part of the São Francisco Craton and the the airborne geophysical data. Initially, we removed
northern part of the Araçuaí Belt is necessary in order from the aeromagnetic data the datum of 24,055 nT,
to define the contact between them. The transition computed for the average geomagnetic field of the
area is covered mostly by Tertiary and Quaternary area for the IGRF corrected total magnetic field. So, we
sediments. Because of this, as well as to complement obtained only total magnetic field anomalies assumed
the many gaps of the geological maps at 1:100000 scale, to be caused by sources in the continental crust. Then,
it became necessary to use the magnetic and gamma we interpolated these data with the bidirectional
spectrometry geophysical methods. We employed method in a 125 X 125 m grid, generating a map of
the geophysical data of the Santo Antonio do Jacinto, total field magnetic anomaly and transformed them
Salto da Divisa, Jacinto, and Guaratinga quadrangles to the frequency domain using fast Fourier transforms.
at 1:100000 scale, to analyze the importance of the In the frequency domain, we performed magnetic
participation of the crystalline basement in the evolution transformations (Blakely, 1996) and generated contour
of the rift basins (Barbosa and Gomes-Correia, 2011). maps on the same grids also using the bidirectional
The study area is located in the northern segment method. The processing of the gamma ray spectrometry
of the Araçuaí Fold Belt (also called Araçuaí-Piripá), followed standard procedures. Interpolation of the data
a Neoproterozoic belt that borders the eastern and with the minimum curvature method and generation
southeastern edges of the São Francisco Craton. The of the following maps with a 125 X 125 m grid: total
early evolution of the Araçuaí range relates to an count, K, U, and Th concentrations, U/Th, U/K, and
extensional event registered by swarms of basic dykes Th/K ratios, and ternary.
of Ilheus-Olivença (Bahia) and the Southern Espinhaço We generated interpretation maps constituting
(Minas Gerais) in the craton. The evolution and origin zones and domains, which characterize the geophysical
of the mobile belt are connected with an opening of a signatures and correlated those zones and domains with
continental rift, due to the rise of a mantle plume, where the geology and the lithology. We also generated a
proximal pre-glacial and glacial fluvial and shallow magnetic-spectrometric-digital terrain model correlation
marine Macaúbas Group units were deposited. This rift map in order to correlate the magnetic sources with the
has evolved into an ocean basin with the deposition of lithology and the surface topography. Many radiometric
the other units of the Macaúbas Group. The Araçuaí anomalies in the central region correlate with the nuclei
range also includes other lithostratigraphic units, of analytical signal of the Guaratinga Massif and with
admitted as Neoproterozoic: a pre-Neoproterozoic the nuclei in the southern region of the São Paulinho
basement represented by Archean, Paleoproterozoic, Massif, indicating the existence of granitoides rich in
and Mesoproterozoic terrains, mainly exposed along magnetic minerals. The central area is cut by numerous
its western edge and in its southwestern sector. The faults NW-SE and one conjugated fault which cuts the
region has two major structural domains: the northern, K and analytical signal nuclei. The gamma domain (DG)
where rocks of the Macaúbas Group outcrop; and 5A and the magnetic zone (ZM) 5 are bordered by high
the central and southern, where the Jequitinhonha values of the analytic signal, marking its contact with
Complex and various granitic rocks outcrop. In the the DG-4A and the ZM-6 by a shear zone as shows
former, tectonic contact bands between the schists the geological map in the region of the Santo Antonio
of the Macaúbas Group and the kinzigitic gneisses of do Jacinto Massif. The core of the analytic signal in the
the Jequitinhonha Complex occur. This characterizes extreme northwest of the study area correlates with

230 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio
the subdomains DG-1A and DG-2A. In particular, with during the formation of the Araçuaí Belt. Conjugate
the core of K content, possibly because of the outcrop and relief faults were also mapped, possibly related to
of the granitoide of Salto da Divisa. the opening event of the Atlantic Ocean. Furthermore,
Mafic dikes that cut the granitoide of Salto da the contact zones between the rock units, specially
Divisa and Itagimirim (pre-tectonic), installed during the granitoides and the thrust zone separating the
the initial extensional stage of the Araçuaí Belt, about Macaúbas Group from the Jequitinhonha Complex
1,100-880 Ma (Sampaio et al., 2004), may be the have also been better discriminated.
cause of the anomalous lineaments and signatures The gamma spectrometric interpretation allowed,
in ZM-1 and ZM-3. The southern limit of ZM-1, with a higher resolution, discrimination of the
ZM-2, and ZM-4 shows a region with striking NW-SE lithological units in the area, specifically the granitoides
lineaments. They may be related, at depth, to the of different tectonic periods, the sedimentary cover
shearing contact zone between the Paleoproterozoic belonging to the Barreiras Formation, contact zones
migmatitic orthogneisses, or even the metassediments between the Jequitinhonha Complex and other units,
of the Macaúbas Group, and the kinzigitic gneisses areas of weakness and the accumulation of radioactive
of the Jequitinhonha Complex. This contact zone minerals, such as various faults and shear fractures in
is better defined in the high wavelength pseudo- the region. The correlation of the ternary map with
gravity low with NW-SE direction. The 3 km upward the digital terrain model allowed observation of the
continuation map enhances the regional bodies: the distribution of radioelements leached from the hills and
E-W direction contact is evident in the south of the deposited in valleys and riverbeds in the form of alluvial
studied area, Y = 8,125,000. The upward continuation fans, as well as the relationship of the granitoides,
map also shows that the large bodies which exhibit with high relief, with the sedimentary cover, at lower
dipolar anomalies in the center, ZM-6, and west, heights. The accumulation of U and Th contents in the
ZM-4, extend to high depths and generate the Barreiras Formation suggests that possible heavy and
anomalous regional magnetic fields. ferriferous minerals, especially from the dome-shaped
Most dipolar anomalies with intense induced syenite at the west border, have been transported by
magnetization post-tectonic granitoides. According rivers and streams, specially by the Buranhém river,
to Sampaio et al. (2004), the final collapse of the and deposited in the sandy beds .
orogeny occurred during the tardiorogenic phase The correlation of the maps of the geophysical
(535-490 Ma). This caused a regional rewarming, interpretation improved, significantly, the tracing of
possibly induced by underplating of mantle magma, lineaments and lithological contacts of the geological
and yielded the post-tectonic granitoides. These map, even suggesting new structural orientations.
granitoides, released of constant magmatism and The general direction NW-SE, as indicated in the
compressional efforts, allowed the crystallization of aeromagnetic map is related to the collision stage
magnetic minerals such as magnetite. that caused the closure of the Araçuaí-West Congo
We can infer that the interpretation of the airborne Basins. These lineaments mark transpressional shear
gamma ray spectrometric and magnetic geophysical zones, tectonic imbrication, including of basement
data of the 1:100,000 sheets of Santo Antonio do and supracrustal rocks (Jequitinhonha Complex -
Jacinto, Salto da Divisa, Jacinto and Guaratinga Macaúbas Group) and the berthing of the Araçuaí
quadrangles improved the geological knowledge Belt against the São Francisco Craton (Sampaio et al.,
of the northeast Araçuaí Belt, an important region 2004). A detailed study of the lineament directions
for the delimitation between this belt and the San in conjunction with tectonic and structural studies
Francisco Craton. Thus, additional structural and and information about the ages of rocks can help
lithological information resulted from the analysis of to understand the tectonic evolution of the Araçuaí
the airborne geophysical data. Belt and its contribution to the rift sedimentary basins
The magnetic interpretation the assignment and Cumuruxatiba and Jequitinhonha.
discrimination of various bodies and structures not This integrated analysis is consistent and
previously mapped by the geology. Several anomalies complements the geological interpretations of the
have an intense induced magnetization, such as Araçuaí Mobile Belt and the magnetotelluric and
isolated linear and dipolar features. The majority of gravimetric modeling along the transect between
the marked lineaments relate to shear faults with the town of Belmonte and the Água Fria district of
NW-SE direction, resulting from tectonic movements Guaratinga, Bahia (Barbosa and Correia-Gomes, 2011).

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 149-174, nov. 2012/maio 2013 | 231
autores
Bruno Freitas Gonçalves Edson Emanoel Starteri Sampaio
E&P Norte-Nordeste Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Unidade de Operações de Exploração do Rio Instituto de Geociências
Grande do Norte e Ceará Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia
Gerência de Processamento Sísmico

brunogoncalves@petrobras.com.br edson@cpgg.ufba.br

Bruno Freitas Gonçalves é bacharel em Geofísica Edson Emanoel Starteri Sampaio é bacharel
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 2007. em Geologia pela Universidade Federal da Bahia
Mestre em Geofísica pela UFBA em 2009. Membro (UFBA) em 1966. Doutor em Geofísica pela UFBA
da Sociedade Brasileira de Geofísica. Estagiou na em 1978. Pós-doutorado em Geofísica pela United
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) entre States Geological Survey (USGS) em 1981. Geólogo
2006 e 2007  no Projeto Análise e Interpretação de na Petrobras em 1967 e na Comissão Executiva do
Levantamentos Aerogeofísicos no estado da Bahia. Plano da Lavoura Cacaueira Ceplac (1967-1969).
Foi colaborador do Projeto Rift-Bahia (Convênio Pesquisador no Centro de Pesquisa em Geofísica
UFBA-Petrobras) e bolsista de mestrado da Agência e Geologia da Universidade Federal da Bahia
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis/ (CPGG/UFBA), 1972-2009. Professor titular de
Programa de Recursos Humanos - ANP/PRH08 de Geofísica na UFBA, 1986-2004. Supervisionou e
2007 a 2009, trabalhando com dados potenciais, analisou levantamentos geofísicos em programas
eletromagnéticos e gamaespectrométricos. Desde de exploração mineral, de mapeamento geológico e
agosto de 2009 é geofísico da Petrobras e trabalha de estudos geotécnicos. Medalha Mérito Tamandaré
com processamento sísmico. pelo suporte científico ao Instituto de Pesquisas da
Marinha (IPq/Marinha). Representou a UFBA, em
1973, no teste do protótipo de um dos primeiros
equipamentos de geofísica eletromagnética a
multifrequência. Executor dos convênios entre UFBA
e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (UFBA/
CBPM) e entre a UFBA e Mineração Caraíba S.A.
(UFBA/Caraíba) de geofísica aplicada à exploração
mineral no estado da Bahia. Formalizou e liderou
as implantações da Graduação em Geofísica e do
CPGG da UFBA. Elaborou projeto do contrato entre a
Universidade Federal da Bahia e a Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (UFBA/
ANP) e supervisionou a equipe executora da análise
dos prospectos exploratórios para petróleo e gás
natural das bacias sedimentares brasileiras, base da
primeira rodada de licitação da ANP.

232 | Interpretação de mapas aerogeofísicos magnéticos e gamaespectrométricos no norte da Faixa Araçuaí – Gonçalves e Sampaio

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