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Segurança Alimentar e Nutricional e Soberania Alimentar

A Segurança Alimentar e Nutricional, enquanto estratégia ou conjunto de ações, deve ser intersetorial e

participativa, e consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade,

em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas

alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica

e socialmente sustentáveis.

O modelo de produção e consumo de alimentos é fundamental para garantia de segurança alimentar e nutricional,

pois, para além da fome, há insegurança alimentar e nutricional sempre que se produz alimentos sem respeito ao

meio ambiente, com uso de agrotóxicos que afetam a saúde de trabalhadores/as e consumidores/as, sem respeito

ao princípio da precaução, ou, ainda, quando há ações, incluindo publicidade, que conduzem ao consumo de

alimentos que fazem mal a saúde ou que induzem ao distanciamento de hábitos tradicionais de alimentação.

A segurança alimentar e nutricional demanda ações intersetoriais de garantia de acesso à terra urbana e rural e

território, de garantia de acesso aos bens da natureza, incluindo as sementes, de garantia de acesso à água para

consumo e produção de alimentos, da garantia de serviços públicos adequados de saúde, educação, transporte,

entre outros, de ações de prevenção e controle da obesidade, do fortalecimento da agricultura familiar  e da

produção orgânica e agroecológica, da proteção dos sistemas agroextrativistas, de ações específicas para povos

indígenas, populações negras, quilombolas e povos e comunidades tradicionais.

A soberania alimentar é um princípio crucial para a garantia de segurança alimentar e nutricional e diz respeito ao

direito que tem os povos de definirem as políticas, com autonomia sobre o que produzir, para quem produzir e em

que condições produzir. Soberania alimentar significa garantir a soberania dos agricultores e agricultoras,

extrativistas, pescadores e pescadoras, entre outros grupos, sobre sua cultura e sobre os bens da natureza.

Fonte:

http://www4.planalto.gov.br/consea/acesso-a-informacao/institucional/conceitos
A partir da confluência dos debates conceituais e operacionais chegou-se à conformação de uma noção, que foi

consolidada na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional e sintetiza a compreensão de segurança

alimentar e nutricional como:

A realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade

suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares

promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e

socialmente sustentáveis (Brasil, 2006, art. 3º).

O processo de construção da segurança alimentar e nutricional é dinâmico e multidimensional. Cada vez mais,

requer abordagens sistêmicas que possibilitem interações com os enfoques de desenvolvimento rural, produção

agroalimentar, socioeconômico, de saúde, nutricional, socioambiental e de direitos, que se encontram na base da

evolução de sua construção no Brasil, ao mesmo tempo em que expressam a característica intersetorial em sua

concepção e implementação como política pública.

A segurança alimentar e nutricional se expressa como um objetivo de política pública subordinada ao direito

humano à alimentação adequada e à soberania alimentar.

Portanto, as características constituintes da segurança alimentar e nutricional, que são a acessibilidade,

disponibilidade, diversidade e aceitabilidade cultural, adequação e sustentabilidade precisam ser compreendidas à

luz desses princípios fundantes que a orientam e a subordinam na implementação das políticas e programas

públicos.

A acessibilidade consiste na criação das condições de acesso físico e econômico aos alimentos sem interferir nem

precarizar a realização de outros direitos.

A disponibilidade implica em acesso a alimentos em quantidade suficiente o tempo todo, mas também que sua

qualidade seja amplamente amparada em termos de nutrientes, livres de quaisquer componentes que prejudiquem

a saúde, como por exemplo, os agrotóxicos.


A aceitabilidade cultural requer que sejam respeitados os hábitos e costumes alimentares dos diferentes povos,

etnias e regiões, sem imposições ou padronizações alimentares.

A adequação está estreitamente relacionada à anterior e implica em alimentação que respeite as condições sociais,

econômicas, culturais, climáticas e ecológicas das populações em seus contextos específicos.

Finalmente, a sustentabilidade requer que a alimentação com todas as características anteriores esteja disponível

para as atuais e as futuras gerações em adequado equilíbrio e uso dos recursos naturais.

Fonte:

http://www4.planalto.gov.br/consea/comunicacao/artigos/2018/interfaces-entre-direito-humano-a-alimentacao-

adequada-soberania-alimentar-seguranca-alimentar-e-nutricional-e-agricultura-familiar

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