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La Conexión

I Encontro: Adaptação Cultural

Dinâmicas:

Dinâmica da Bolinha: Reúna o grupo em um círculo e entregue a bolinha aleatoriamente para alguém. A
pessoa que estiver com a bolinha deve se apresentar brevemente e jogar a bolinha para outra pessoa. Ao
final, quando a última pessoa fizer a apresentação, ela deve voltar a bolinha para o integrante de quem a
recebeu. Nesse momento, deverá repetir as informações que o colega havia dito e, assim, seguir com a
atividade na ordem inversa.

Dinâmica das Entrevistas: Coloque uma cadeira ao centro de todos. Selecione uma pessoa para sentar na
cadeira. Ela será a primeira a ser entrevistada. Os demais devem atuar como repórteres, fazendo
questionamentos ao entrevistado para descobrir mais informações sobre ele.

Discussão:

1. Quanto tempo faz que vocês moram aqui? Como foi a decisão de vir para cá?

2. Vcs já conheciam o país ou já vieram para morar? Tinha algum conhecido morando na Argentina antes
de sua chegada?

3. Já tinham feito intercâmbio alguma vez?

4. Você aprendeu o espanhol antes de vir?

5. Como você se sentiu quando estava arrumando a mudança? Como vivenciou as despedidas?

6. Como foi a sua chegada? Como se sentiu nos primeiros dias/semanas?

7. Do que você sentiu mais falta ao chegar?

8. Qual foi sua maior surpresa ao chegar aqui?

9. Qual a melhor coisa de morar em Bs As?

10. Qual foi a maior dificuldade pela qual você passou morando aqui?

11. O que há em comum entre Bs As e sua cidade? E no que elas se diferenciam?

12. Como está sua vida social aqui?

13. O que você aprendeu neste tempo em que mora aqui?

14. Você pretende voltar pro Brasil? Como imagina que será essa volta? Quais suas expectativas?

Mudar de país tem se tornado cada vez mais comum, basta caminhar pelas ruas que a gente
nota. E a globalização facilitou um pouco esse processo de migrar já que contamos com acesso a
muitos conteúdos que nos permitem conhecer o lugar para onde vamos e nos aproximar da cultura
local. Porém emigrar é um processo que exige um grande esforço psíquico/emocional para o
qual muitas vezes nao contamos com ferramentas para poder lidar. Quem aqui recebeu algum tipo
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de treinamento ou preparo para enfrentar o processo de emigração? Vocês sabiam que existe isso?
Alguém sabe o que é treinamento intercultural? É “uma pedagogia preventiva que antecede o
encontro com a cultura estrangeira. Através dela é possível o estrangeiro experimentar situações de
encontros interculturais e refletir sobre suas próprias ações”.
Estudos mostraram que treinamentos interculturais para expatriados reduzem o impacto
do choque cultural e o tempo de ajuste na nova cultura. Esses estudos descobriram ainda que a
adaptação a países com cultura similar ao país de origem é tão difícil quanto se ajustar a
países que são culturalmente muito diferentes. Ou seja, nao é porque a Argentina é um país
vizinho ao nosso que a adaptação vai ser “mamão com açúcar”. Nao é tao simples assim, como
trocar de roupa! Esse tipo de treinamento contribui muito para diminuir a ansiedade, o medo,
as dúvidas que comumente aparecem e possibilita que a pessoa adquira recursos para lidar com
certas questões práticas relacionadas com a vida no novo país, facilitando a adaptação.
Bom, mas vocês já estão aqui na Argentina… e agora? Será que o fato de nao haver recebido
um treinamento antes de vir vai acabar com sua experiência como estudante estrangeiro? Calma!
Você ainda tem salvação! Nem tudo está perdido! Podemos - e eu espero que assim seja - fazer
desse espaço um lugar de acolhimento dos afetos envolvidos na vida de todo emigrante e
construir juntos algumas ferramentas para tornar a vivência de intercâmbio o mais
proveitoso possível! No encontro de hoje vamos falar sobre A curva de adaptação cultural. Essas
informações vão nos ajudar a identificar o momento em que estamos vivendo e entender de que
modo isso nos afeta e porque sentimos o que sentimos… Também nos permitirá antecipar algumas
situações e isso nos ajuda a nos prepararmos, o que acaba produzindo um efeito tranquilizador,
diminuindo a tensão, o stress.
A Curva de Adaptação Cultural foi criada por Kalervo Oberg (1954) para designar as fases
pela qual um estrangeiro passa em um país novo. A primeira fase se chama Lua de Mel! Tem
alguém casado aqui? Por que vocês acham que a primeira fase se chama assim? Poderíamos
traduzir essa metáfora com o seguinte ditado: “Tudo o que é bom, dura pouco!”. Pois é, essa
primeira fase em geral pode durar alguns dias, algumas semanas ou até seis meses. Nessa fase o
estrangeiro se mostra radiante e muito feliz com a chegada no novo país, mostrando-se
empolgado com a nova cultura e tudo ao seu redor; tudo é novidade e pronto para ser explorado.
Tudo é festa, o país parece perfeito, há muito entusiasmo pela possibilidade de entrar em contato
com pessoas novas, outra cultura… Tem alguém aqui ainda nesta fase? Conta um pouco como você
vê o país. O que está achando da universidade? Aproveitem essa fase, ela é bastante gostosa, mas é
importante saber que nessa fase estamos sob efeito de uma certa ilusão, chamamos isso de
idealização! É muito comum esse comportamento de idealizar quando nao conhecemos algo com
profundidade. Estar advertido dessa idealização é muito importante porque faz com que a entrada
na segunda fase nao seja tão impactante.
Estratégias: Buscar atividades que substituam as que você tinha no país de origem. Isso
permite estruturar uma rotina, experimentar satisfação, melhorar o idioma ao ter contato com os
locais e fazer contatos (integração).
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A segunda fase se chama choque cultural, nessa etapa ocorre uma desilusão com o novo país e a
pessoa muitas vezes passa a depreciar e ser hostil com tudo aquilo que está associado ao novo país.
É aquele momento em que tudo de ruim ressalta aos olhos. O cotidiano passa a ser visto com
dificuldade, como por exemplo, a comunicação que nao flui por nao dominar ainda o idioma, o
sistema de transporte diferente com o qual ainda nao se acostumou, dificuldade de fazer novas
amizades, de entender o conteúdo das aulas ou estilo de estudo… As expectativas nao atendidas
acabam produzindo uma sensação de frustraçao. “Nao era bem assim que eu imaginei que
seriam as coisas…” Ter que cuidar de si, cozinhar todos os dias, estar atenta a novas
responsabilidades… É compreensível e até natural sentir-se angustiado mesmo quando se trata de
uma experiência que vocês escolheram vivenciar. Se está passando por muitas coisas ao mesmo
tempo. Houve o abandono temporário de sua vida no seu país de origem, sua língua materna,
seus hábitos e seus costumes, redes de apoio, além dos códigos culturais. Ao chegar no novo
país se experimenta também um estado de desamparo. Este desamparo se dá pela perda dos
símbolos e sinais familiares. Estes códigos familiares dizem respeito a atitudes, gestos, expressões
faciais e etc, que comumente usamos no nosso dia a dia em nossa terra natal, isto é, o aperto de
mão, a forma como falar com as pessoas, o humor e a ironia entre pares, a maneira socialmente
aceita de como se portar em público, entre outros. Na situação de ir morar em um
país estrangeiro, estas “pistas” familiares desaparecem, fazendo com que o sujeito se sinta “um
peixe fora d’água”. Nesse momento há uma tendência de se agrupar com pessoas do mesmo
país. Como uma forma de tentar recuperar algo dessas referências que foram perdidas, de resgatar
algo conhecido em meio ao desconhecido, de formar uma comunidade que dê a sensação de que
ainda se está no Brasil. É um período de crise, em geral a pessoa começa a pensar em desistir,
que talvez o melhor seja voltar pro país. E é importante que se avalie realmente se o melhor é voltar
ou se o desejo é de ficar. Mas essa avaliação precisa ser feita de modo muito cuidadoso, com
responsabilidade, já que por se tratar de um momento muito duro, tudo ganha proporções enormes e
há muita resistência. Há resistência em assimilar que se está em outro país e que as coisas sao
diferentes, nao vai ter a marca de café que ela gosta, o feijão que comia… Mas vai ter outras
coisas! E talvez esse seja o ponto de clivagem, a chave pra sair dessa fase. Aceitar a diferença e
focar no que há, no que tem, nas novidades que o país te apresenta e que você vai aprendendo a
gostar. Aceitar sair da zona de conforto e ampliar o próprio mundo. Saber que embora as coisas
estejam difíceis e pareça que você nao vai conseguir se acostumar, é só uma fase, passará. Alguém
sente que está vivendo algo assim ou que já viveu? Como lidou com esse momento?

A terceira fase se chama Adaptação. Aqui a pessoa começa a entender como as coisas
funcionam, não só aceita os costumes do país estrangeiro, como também passa a desfrutar da
nova cultura. Sente que faz parte do novo ambiente, que está integrado. Mas a adaptação cultural
acontece gradativamente, em um processo tipo espiral. O estudante alterna entre experiências
estressantes e eventual crescimento e adaptação que resulta do desafio. Cada situação estressante
sucessiva leva a pessoa para um alto nível de adaptação. Com o tempo, a adaptação torna-se mais
fácil. Conforme a espiral avança, cada vez menos estresse é experimentado e mais adaptação é
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alcançada. Ou seja, nao é de uma dia pro outro que a adaptação acontece, mas é um processo
contínuo porque assimilar outra cultura é algo complexo. Podemos usar como analogia o iceberg,
um iceberg que possui uma parte que pode ser vista (acima da linha da água), e outra que não pode
ser vista (abaixo da linha da água). Na ponta do iceberg encontra-se tudo que pode ser
percebido com os cinco sentidos: idioma, arquitetura, comida, população, música, vestuário,
arte e literatura, ritmo de vida, gestos, atividades de lazer e esportes. A parte inferior do iceberg
determina valores, tais como: as crenças, as regras sobre relacionamentos, as motivações, os
papeis, a tolerância para a mudança, comportamento machista, importância das expressões
faciais, harmonia, sistemas de liderança, de preferência, estilos de comunicação, entre outros. A
adaptação requer lidar nao só com a ponta do iceberg, mas também com o que nao é visível. Que
estratégias vocês utilizaram para se adaptar a nova mudança?

E aí chega a ultima fase que é a de readaptação ao próprio país. As dificuldades também podem
estar presentes na repatriação, no retorno ao país. Muitos acham que ao voltar pra casa as coisas
serão iguais a quando saíram, mas o tempo passou, as pessoas mudaram, vc mudou. Esse retorno
também exige readaptação ao contexto da família, da língua, dos amigos e dos hábitos que
possuíam antes de partirem para o exterior. Para alguns a volta ao país de origem pode
representar um retrocesso, um fracasso. Já para outros jovens, a experiência que tiveram no
exterior possibilitou um amadurecimento e maior conhecimento de si. Vc já sabe como lidar
com a situação e começa a investir no futuro, nos planos.

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