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Atividade proposta e desenvolvida pela equipe do

Projeto Redigir, FALE/UFMG.

Cérebro eletrônico
(Material do aluno)

1. Leia a letra da música “Cérebro Eletrônico”, de Gilberto Gil, para descobrir o que é um
cérebro eletrônico.

Cérebro Eletrônico
Gilberto Gil
O cérebro eletrônico faz tudo De carne e osso
Faz quase tudo Eu falo e ouço. Hum
Faz quase tudo
Mas ele é mudo Eu penso e posso
Eu posso decidir
O cérebro eletrônico comanda Se vivo ou morro por que
Manda e desmanda Porque sou vivo
Ele é quem manda
Mas ele não anda Vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Só eu posso pensar No meu caminho inevitável para a morte
Se Deus existe Porque sou vivo
Só eu Sou muito vivo e sei
Só eu posso chorar
Quando estou triste Que a morte é nosso impulso primitivo e sei
Só eu Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Eu cá com meus botões Com seus botões de ferro e seus
Olhos de vidro

Disponível em http://letras.mus.br/gilberto-gil/46197/. Acesso em 13/11/2017.


Atividade proposta e desenvolvida pela equipe do
Projeto Redigir, FALE/UFMG.

a. Você descobriu o que é um cérebro eletrônico?


b. De acordo com a música, o que o cérebro eletrônico pode fazer e o que não pode
fazer?

2. Na música “Cérebro Eletrônico”, Gilberto Gil utiliza a expressão “pra cachorro”. Você
conhece essa expressão? Você sabe o que isso quer dizer? Que outras expressões têm o mesmo
significado?

3. Na música, o compositor fala duas vezes de botões: “Eu cá com meus botões/ De carne e
osso” e “Com seus botões de ferro e seus/ Olhos de vidro“. O que os “botões” significam em
cada uma das estrofes?

4. Qual é a sua interpretação da música “Cérebro Eletrônico”? Como você entende este texto?

5. Quem é o compositor desta música?

6. Quando ele compôs essa música?

7. Havia muitos computadores naquela época? De onde vem a ideia de cérebro eletrônico?

8. Em alguns versos aparecem considerações sobre o “cérebro eletrônico”, como “mas ele é
mudo” e “mas ele não anda”. Considerando o avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos,
podemos dizer que o “cérebro eletrônico” apresenta alguma evolução?

9. Considerando os versos “O cérebro eletrônico comanda” e “Só eu posso pensar”, o que


podemos dizer sobre a liberdade do ser humano em comparação com a liberdade das máquinas?

10. Como são, atualmente, as relações entre o homem e a tecnologia? Pense nos usos que você
faz das tecnologias digitais, por exemplo, e pense em como você descreveria a sua relação com
os equipamentos digitais. Seus avós (ou outras pessoas mais velhas que você) usam os
computadores para as mesmas coisas e com a mesma frequência? Você conseguiria viver em um
lugar ou tempo em que não houvessem as tecnologias digitais?

11. Como você imagina o ritmo dessa música, os instrumentos usados no arranjo e a voz do
cantor?

12. Agora, escute a gravação original desta música. Ela tem o ritmo e a sonoridade que você
imaginou?
Atividade proposta e desenvolvida pela equipe do
Projeto Redigir, FALE/UFMG.

13. Por que há dissonância entre voz, letra e instrumentos? Que efeito isso provoca? Por que
existem várias vozes que parecem dizer coisas diferentes?

Trabalhando a História:

1. A música “Cérebro Eletrônico” foi composta por Gilberto Gil, em 1969, enquanto ele
estava preso por subversão à lei imposta na época pela AI-5, na Ditadura Militar
brasileira.
a. O que foi o AI-5?
b. Por que o compositor Gilberto Gil foi preso?
c. O que estava acontecendo politicamente no Brasil nesta época?
d. O que você sabe sobre esse momento político? Discuta com seus colegas.

Uma segunda leitura da música:

1. Agora, depois de saber um pouco mais sobre o contexto político da época em que a
música foi composta, responda: o que é o “cérebro eletrônico” para você?

2. A sua interpretação da música continua a mesma ou ela mudou? Se mudou, qual a sua
nova interpretação?

3. O que significa “com seus olhos de vidro e botões de ferro” nesse contexto político? A
quem você acha que o compositor estava se referindo?

4. Leia os seguintes versos da música:


“Eu posso decidir
Se vivo ou morro por que
Porque sou vivo
Vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro”

Pensando no contexto vivido pelo autor, qual a sua interpretação desses versos?
Justifique sua resposta.

5. Por que existem várias vozes que parecem dizer coisas diferentes?
Atividade proposta e desenvolvida pela equipe do
Projeto Redigir, FALE/UFMG.

Cérebro eletrônico
(Material do professor)

Objetivos:
● Desenvolver a percepção musical, assim como habilidades de interpretação, por meio do
trabalho com a música “Cérebro Eletrônico”, de Gilberto Gil;
● Refletir e discutir sobre questões relacionadas à tecnologia;
● Interpretar a música de Gilberto Gil pensando no contexto da Ditadura militar (atividade
integrada à aula de História).

Professor(a), converse com os alunos sobre esta imagem:

 Quem é este homem? Onde ele está?


 Em que época esta foto foi tirada? O que te leva a acreditar que a época é esta?
 Converse com eles sobre Gilberto Gil e sua importância na MPB e na vida política do Brasil.

1. Leia a letra da música “Cérebro Eletrônico”, de Gilberto Gil, para descobrir o que é um
cérebro eletrônico.
Neste primeiro momento, os alunos devem ler a letra e conversar sobre ela. Depois, eles devem escutar a
música e discutir sobre as sonoridades que são exploradas.
Atividade proposta e desenvolvida pela equipe do
Projeto Redigir, FALE/UFMG.

Cérebro Eletrônico
Gilberto Gil
O cérebro eletrônico faz tudo De carne e osso
Faz quase tudo Eu falo e ouço. Hum
Faz quase tudo
Mas ele é mudo Eu penso e posso
Eu posso decidir
O cérebro eletrônico comanda Se vivo ou morro por que
Manda e desmanda Porque sou vivo
Ele é quem manda
Mas ele não anda Vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Só eu posso pensar No meu caminho inevitável para a morte
Se Deus existe Porque sou vivo
Só eu Sou muito vivo e sei
Só eu posso chorar
Quando estou triste Que a morte é nosso impulso primitivo e sei
Só eu Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Eu cá com meus botões Com seus botões de ferro e seus
Olhos de vidro

Disponível em http://letras.mus.br/gilberto-gil/46197/. Acesso em 13/11/2017.

Professor(a), peça para que os alunos leiam, todos juntos, a letra da música, para que ao ouvi-la como
música, posteriormente, eles sintam a diferença que o arranjo musical faz à letra de uma forma mais
profunda.

a. Você descobriu o que é um cérebro eletrônico?


Os alunos devem trocar ideias sobre o que é cérebro eletrônico e devem chegar à conclusão de
que é um computador ou algum processador.

b. De acordo com a música, o que o cérebro eletrônico pode fazer e o que não pode fazer?
De acordo com a música, o cérebro eletrônico não fala, não anda, não pensa, não tem
sentimentos e não pode impedir a morte, mas ele pode fazer muitas coisas que podem estar
relacionadas a ações cotidianas.
Chame a atenção dos alunos para os versos: “Só eu posso pensar/Se Deus existe/Só eu/Só eu
posso chorar/Quando estou triste”.
Atividade proposta e desenvolvida pela equipe do
Projeto Redigir, FALE/UFMG.

Professor(a), estimule os alunos a elencar as diversas coisas que os computadores podem fazer.
É importante que os alunos cheguem à comparação entre o que caracteriza o ser humano e o que
o diferencia de uma máquina.

2. Na música “Cérebro Eletrônico”, Gilberto Gil utiliza a expressão “pra cachorro”. Você
conhece essa expressão? Você sabe o que isso quer dizer? Que outras expressões têm o mesmo
significado?
A expressão “pra cachorro” significa intensidade, podendo significar coisas boas ou ruins dependendo
do contexto utilizado. Então, a expressão “vivo pra cachorro” significa que ele é muito vivo ou que vive
intensamente. Existem algumas expressões que também apresentam o mesmo significado, como: “pra
chuchu”, “pra burro”, “pacas”. Geralmente, essas expressões são utilizadas em contextos informais.

3. Na música, o compositor fala duas vezes de botões: “Eu cá com meus botões/ De carne e
osso” e “Com seus botões de ferro e seus/ Olhos de vidro“. O que os “botões” significam em
cada uma das estrofes?
No trecho “Eu cá com meus botões/ De carne e osso” a palavra “botões” significa “pensamentos”,
“cérebro”, se associando ao humano. Já no trecho “Com seus botões de ferro e seus/ Olhos de vidro”,
“botões” se refere aos botões da máquina e à tecnologia.

4. Qual é a sua interpretação da música “Cérebro Eletrônico”? Como você entende este texto?
Professor(a), estimule o compartilhamento de ideias e o debate entre os alunos. É importante que os
alunos percebam que a música traz um contraste entre o humano e a máquina, ressaltando que o ser
humano ainda é capaz de fazer muitas coisas que as máquinas não são capazes e que não devemos nos
esquecer do que nos torna humanos, como os sentimentos, a criatividade e o livre arbítrio, por exemplo.

5. Quem é o compositor desta música?


Retome a conversa sobre Gilberto Gil feita no início da atividade e a enriqueça trazendo mais dados e
discussões sobre ele. Gil, nascido em Salvador, no dia 26 de junho de 1942, é cantor, compositor, multi-
instrumentista, escritor, ambientalista, empresário, intelectual brasileiro, e um dos criadores do
movimento tropicalista nos anos 60. Compôs muitas canções famosas e importantes.

6. Quando ele compôs essa música?


Gilberto Gil compôs a música no ano de 1969.

7. Havia muitos computadores naquela época? De onde vem a ideia de cérebro eletrônico?
Apesar de ter sido criado na década de 1940, o computador começou a se difundir na década de 1960.
Assim, nessa época, ainda não havia muitos computadores como temos atualmente.
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Projeto Redigir, FALE/UFMG.

8. Em alguns versos aparecem considerações sobre o “cérebro eletrônico”, como “mas ele é
mudo” e “mas ele não anda”. Considerando o avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos,
podemos dizer que o “cérebro eletrônico” apresenta alguma evolução?
Essa canção foi composta no final da década de 1960, época em que os computadores eram limitados e
ainda não estavam nas casas das pessoas. Os computadores eram máquinas grandes e pesadas que
demoravam para processar os dados e apresentavam muitas limitações. Hoje temos computadores
pequenos e com grande poder de processamento. Um exemplo interessante que pode ser citado é o caso
de Stephen Hawking, que utiliza de um aparelho sintetizador de voz para se comunicar, e o estudo do
cientista brasileiro Miguel Nicolelis, que criou um exoesqueleto para um paraplégico dar o primeiro
chute na Copa do Brasil de 2014. Os alunos certamente farão muitas comparações e apresentarão vários
outros exemplos.

9. Considerando os versos “O cérebro eletrônico comanda” e “Só eu posso pensar”, o que


podemos dizer sobre a liberdade do ser humano em comparação com a liberdade das máquinas?
O “cérebro eletrônico” é uma metáfora da tecnologia e pode ser considerado uma robotização capaz
apenas de responder a comandos, enquanto o ser humano é livre para pensar e agir. O ser humano é
capaz de decidir suas ações, assim, pode usufruir de sua liberdade para utilizar ou não uma tecnologia,
por exemplo. As máquinas, por sua vez, não têm tanto poder de decisão e são manipuladas de acordo
com o interesse do homem. Seria interessante discutir com os alunos se isso vai mudar, ou seja, se as
máquinas vão acabar tomando muitas decisões importantes, se igualando ao homem.

10. Como são, atualmente, as relações entre o homem e a tecnologia? Pense nos usos que você
faz das tecnologias digitais, por exemplo, e pense em como você descreveria a sua relação com
os equipamentos digitais. Seus avós (ou outras pessoas mais velhas que você) usam os
computadores para as mesmas coisas e com a mesma frequência? Você conseguiria viver em um
lugar ou tempo em que não houvessem as tecnologias digitais?
O homem nos dias atuais está muito inserido no universo tecnológico e, muitas vezes, essa inserção pode
causar uma relação de grande dependência. Os recursos tecnológicos fazem parte da vida de todos nós,
seja para realizar tarefas básicas, fazer um pagamento bancário em um caixa eletrônico, acessar redes
sociais, estudar, etc. Seria interessante estimular os alunos a pensar no mundo sem tecnologias digitais,
em como era a vida antes do advento dos computadores e da internet.

11. Como você imagina o ritmo dessa música, os instrumentos usados no arranjo e a voz do
cantor?
Deixe os alunos imaginarem, trocarem ideias sobre como eles imaginam a música. Se for o caso, eles
podem criar uma melodia e cantar.

12. Agora, escute a gravação original desta música. Ela tem o ritmo e a sonoridade que você
imaginou?
Atividade proposta e desenvolvida pela equipe do
Projeto Redigir, FALE/UFMG.

Imaginamos que os alunos vão ficar impressionados com a música e o quanto ela foge do esperado ou do
tradicional. A partir do estranhamento, uma boa discussão sobre as intenções do compositor pode surgir.

13. Por que há dissonância entre voz, letra e instrumentos? Que efeito isso provoca? Por que
existem várias vozes que parecem dizer coisas diferentes?
A dissonância serve para criar uma sensação de tensão entre homem e máquina. O compositor utilizou
justamente a dissonância sonora para causar esse efeito de desconforto.

Trabalhando a História:

Professor(a), seria interessante que as partes “Trabalhando a História” e “Uma segunda leitura da
música” fossem feitas em conjunto com as aulas de História sobre a Ditadura Militar, em uma parceria
com o professor de História. Converse com o(a) professor(a) desta disciplina na sua escola e veja se
existe essa possibilidade.

1. A música “Cérebro Eletrônico” foi composta por Gilberto Gil, em 1969, enquanto ele
estava preso por subversão à lei imposta na época pela AI-5, na Ditadura Militar
brasileira.

a. O que foi o AI-5?


O AI-5 - Ato Institucional número 5 - foi o quinto decreto emitido pelo governo militar brasileiro
que privava inúmeros direitos básicos dos cidadãos. (1964-1985).

b. Por que o compositor Gilberto Gil foi preso?


O compositor Gilberto Gil foi acusado de desrespeito ao hino nacional e à bandeira.

c. O que estava acontecendo politicamente no Brasil nesta época?


Neste momento, estava ocorrendo no Brasil a Ditadura Militar.

d. O que você sabe sobre esse momento político? Discuta com seus colegas.
Professor(a), esta resposta é pessoal. Fomente a troca de informações entre seus alunos e a
curiosidade deles para buscarem informações sobre este período da nossa história.

Uma segunda leitura da música:

1. Agora, depois de saber um pouco mais sobre o contexto político da época em que a
música foi composta, responda: o que é o “cérebro eletrônico” para você?
O “Cérebro Eletrônico” pode ser entendido como uma metáfora da Ditadura Militar,
representando aqueles que não pensam e só seguem as ordens de instâncias tidas como
superiores. Nos versos “O cérebro eletrônico comanda/ Manda e desmanda/ Ele é quem manda/
Atividade proposta e desenvolvida pela equipe do
Projeto Redigir, FALE/UFMG.

Mas ele não anda”, podemos entender que os militares comandavam, mas eram retrógrados, e
que o autoritarismo deles não geraria progresso.

2. A sua interpretação da música continua a mesma ou ela mudou? Se mudou, qual a sua
nova interpretação?
Professor(a), promova a troca de ideias entre seus alunos, contrastando as opiniões
apresentadas. É importante que os alunos pensem numa possibilidade de reinterpretar a música,
agora com uma nova visão.

3. O que significa “com seus olhos de vidro e botões de ferro” nesse contexto político? A
quem você acha que o compositor estava se referindo?
Nesse caso, Gilberto Gil utiliza a metáfora “Cérebro Eletrônico” para falar do contexto
sociohistórico do Brasil, a Ditadura Militar. Podemos pensar que o compositor no trecho “Com
seus botões de ferro” se referia às armas usadas pelos militares e às práticas de torturas
ocorridas com os presos políticos. Já o trecho “Olhos de vidro” remete à vigilância que grande
parte da população era submetida para que não transgredisse as políticas da Ditadura Militar.

4. Leia os seguintes versos da música:


“Eu posso decidir
Se vivo ou morro por que
Porque sou vivo
Vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro”

Pensando no contexto vivido pelo autor, qual a sua interpretação desses versos?
Justifique sua resposta.
Esses versos podem se referir às angústias vividas por Gilberto Gil no período em que estava
preso. Nesse período, os presos políticos eram submetidos a torturas e até à morte. Assim, o
autor mostra que é o “cérebro eletrônico”, ou seja, os militares ou a ditadura militar, que coloca
a sua vida em perigo.

5. Por que existem várias vozes que parecem dizer coisas diferentes?
Professor(a), estas perguntas (5 e 6) se repetem porque é interessante reinterpretar o
desconforto, agora sob uma outras perspectiva.
O objetivo parece ser o de que essas vozes falassem sobre coisas diferentes, de maneira coletiva,
promovendo, assim, uma conversa sem diálogo.

Sugestão:

Para saber mais sobre a Ditadura Brasileira:


Atividade proposta e desenvolvida pela equipe do
Projeto Redigir, FALE/UFMG.

O historiador Boris Fausto apresenta em vídeo um panorama bastante rico e elucidativo sobre o que foi
a Ditadura Militar. Esse conteúdo está disponível no site da TV Escola:
http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/historia-do-brasil-por-boris-fausto-regime-militar. Acesso em
13/11/2017.

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