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1.

(UNIFESP 2011) Por causa do assassinato do caminhoneiro Pascoal de Oliveira, o Nego,


pelo – também caminhoneiro – japonês Kababe Massame, após uma discussão, em 31 de
julho de 1946, a população de Osvaldo Cruz (SP), que já estava com os nervos à flor da
pele em virtude de dois atentados da Shindô-Renmei* na cidade, saiu às ruas e invadiu
casas, disposta a maltratar “impiedosamente”, na palavra do historiador local José Alvarenga,
qualquer japonês que encontrasse pela frente. O linchamento dos japoneses só foi
totalmente controlado com a intervenção de um destacamento do Exército, vindo de Tupã,
chamado pelo médico Oswaldo Nunes, um herói daquele dia totalmente atípico na história de
Osvaldo Cruz e das cidades brasileiras.
(...)
* Shindô-Renmei foi uma organização nacionalista, que surgiu no Brasil após o término da
Segunda Guerra Mundial, formada por japoneses que não acreditavam na derrota do Japão na
guerra. Possuía alguns membros mais fanáticos que cometiam atentados, tendo matado e
ferido diversos cidadãos nipo-brasileiros.

No texto, as orações em destaque são exemplos, respectivamente, de oração subordinada


adjetiva explicativa e subordinada adjetiva restritiva, porque:

a) a primeira limita o sentido do termo antecedente (a população de Osvaldo Cruz), enquanto a


segunda explica o sentido do termo antecedente (qualquer japonês).
b) a pausa, antes e depois da primeira oração, revela seu caráter de restrição e precisão do
sentido do termo antecedente, tal como se dá com a segunda oração.
c) na primeira, a oração é indispensável para precisar o sentido da anterior, enquanto, na
segunda, a oração pode ser eliminada.
d) a primeira explica o sentido do termo antecedente (a população de Osvaldo Cruz), enquanto
a segunda limita o sentido do termo antecedente (qualquer japonês).
e) o sentido do termo “qualquer japonês”, explicado na segunda oração, é determinante para a
compreensão da primeira.

2. (FAESP 2014) A alternativa que apresenta oração subordinada substantiva predicativa é

a) O importante é que as metas do FMI foram atingidas.


b) O ministro do Planejamento tinha receio de que as metas do FMI não fossem atingidas.
c) O presidente só desejava uma coisa: que as metas fosse atingidas.
d) Todos os empresários desejam que as metas do FMI sejam atingidas.
e) O FMI precisava do governo para atingir suas metas,

3. (FASEH 2013) Ler é uma revolução cerebral


Por Mariana Sgarioni

Em Os Neurônios da Leitura (editora Penso, 2012, 372 páginas), o matemático e


neurocientista francês Stanilas Dehaene, diretor da Unidade de Neuroimagem Cognitiva, de
Paris, mostra que pesquisas da Psicologia Cognitiva
Experimental comprovaram o centro de reconhecimento da palavra escrita no cérebro.

Dehaene é professor no Collège de France e membro da Academia Francesa de Ciência.


Seus primeiros trabalhos foram voltados ao estudo sobre a maneira com que o órgão funciona
no consciente e no inconsciente. O cientista
sugere que a Pedagogia e a Psicologia busquem beneficiar-se dos estudos da neurociência
para criar métodos de ensino mais eficazes.
Nesta entrevista, o francês defende que tal descoberta questiona metodologias de ensino que
transformam o aluno numa máquina de soletrar, incapaz de dar atenção ao significado.

O senhor diz que a leitura causa reviravolta nas funções cerebrais preexistentes. Por
quê? Em primeiro lugar, gostaria de lembrar que a leitura é uma das várias atividades que o
homem criou nos últimos milhares de anos. E trata-se de uma das mais recentes. A escrita
nasceu há uns 5.400 anos e o alfabeto propriamente dito não tem mais de 3.800 anos. Nos
termos da evolução humana, esse tempo é mínimo. Nosso genoma ainda não teve tempo de
se alterar para dar conta de desenvolver um cérebro adaptado à leitura. Por isso, afirmo que o
ato de ler é uma revolução: porque, mesmo sem termos esta capacidade, o estudo de imagens
cerebrais nos mostra que adquirimos mecanismos extremamente requintados, exigidos pelas
operações da leitura.

Como isso acontece em nosso cérebro? Temos uma plasticidade sináptica desde que
nascemos até a idade adulta. É ela que faz uma reconversão parcial da arquitetura do nosso
córtex visual de primatas para reconhecer letras e palavras. Aprender a ler possibilita uma
conversão de redes de neurônios, inicialmente dedicadas ao reconhecimento visual dos
objetos. Embora não exista uma área préprogramada para a leitura, podemos localizar
diversos setores do córtex cerebral como responsáveis pela atividade. Um setor está em
contato com as entradas
visuais; outro codifica estas entradas com precisão espacial; outro integra as entradas de uma
vasta região da retina, e assim sucessivamente. É no córtex que estão os neurônios mais
adaptados à tarefa da leitura. Mais especificamente, no córtex occipitotemporal esquerdo. No
entanto, se no curso da aprendizagem, por alguma razão, esta região não estiver disponível,
então a região simétrica do hemisfério direito entra em jogo.

O cérebro é tão plástico que é capaz de se transformar e atender a qualquer


necessidade? Não. Há a teoria, aliás, revisitada por inúmeros pesquisadores, que adere a um
modelo que eu chamo de plasticidade generalizada e relativismo cultural. Segundo ela, o
cérebro seria tão flexível e maleável que não restringiria em nada a amplitude das atividades
humanas. Diferentemente de outras espécies, inclusive, ele seria capaz de absorver toda
forma de cultura. Pretendo mostrar em meu livro que dados recentes da imagem cerebral e da
Neuropsicologia recusam
esse modelo simplista. Ao examinar a organização cerebral dos circuitos da leitura, vemos
que é falsa a ideia de um cérebro virgem, infinitamente maleável, capaz de absorver todos os
dados de sua cultura. Entretanto, somos capazes de atividades extraordinárias, como ler. Sim,
nosso cérebro é evidentemente capaz de aprender.
Porém, essa capacidade é limitada. Em todos os indivíduos do mundo, não importa a cultura
ou o idioma, a mesma região cerebral - com diferenças mínimas - é ativada para decifrar
palavras escritas. Minha hipótese é diferente desta do relativismo. Proponho o que chamo de
"reciclagem neuronal".

De acordo com essa hipótese, acredito que a arquitetura do nosso cérebro é construída com
bases fortes genéticas. Mesmo assim, os sentidos do nosso córtex visual possuem uma
margem de adaptação, uma vez que a evolução nos dotou de certa plasticidade e capacidade
de aprendizagem. Isso quer dizer que os mesmos neurônios que reconhecem rostos ou corpos
podem desviar-se de suas preferências e responder a objetos ou formas artificiais, como as
letras. Nosso cérebro se adapta ao ambiente cultural não respondendo cegamente a tudo o
que
lhe é imposto. Ele converte a outro uso suas disposições já presentes. Ele faz o novo com o
velho. O cérebro não evoluiu para a escrita. Foi a escrita que evoluiu para nosso cérebro.
Examine com atenção os sistemas de escrita. Eles revelam numerosos traços em comum:
todos os sistemas, sem exceção, incluindo aí os caracteres chineses, usam um pequeno
repertório de base, cuja combinação gera sons, sílabas e palavras. Essa organização se ajusta
à hierarquia das nossas áreas corticais, cujos neurônios reconhecem unidades de tamanho e
invariância crescentes. O tamanho e a posição dos caracteres também correspondem à nossa
capacidade de visualização e retenção.
Entrevista disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos/87/ler-e-uma-revolucao-cerebral-276200-1.asp Acesso em: 4 jun.2013. [Fragmento]

Assinale a alternativa em que o termo que destacado NÃO introduz uma oração subordinada
substantiva objetiva direta.

a) Em primeiro lugar, gostaria de lembrar que a leitura é uma das várias atividades que o
homem criou nos últimos milhares de anos.
b) O cérebro é tão plástico, que é capaz de se transformar e atender a qualquer necessidade?
c) Pretendo mostrar em meu livro que dados recentes da imagem cerebral e da
Neuropsicologia recusam esse modelo simplista.
d) Acredito que a arquitetura do nosso cérebro é construída com bases fortes genéticas.
Gabarito
1. D
Explicação: D

2. A
Explicação: A

3. B
Explicação: B

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