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BARRA DO CORDA - MA
2022
ALBERTINA MARIA DA SILVA
AURENIR PEREIRA DE MORAIS OLIVEIRA
BARRA DO CORDA - MA
2022
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: Diacrônica ou histórica barra-cordense
As variações linguísticas são as diferentes formas de falar o idioma de uma nação, considerando
que a língua de um país não é homogênea percebe-se essas variantes em diversos dialetos.
Analisando a maneira como se dá as diferenças no modo de falar das pessoas que fazem uso de
uma mesma língua em uma sociedade, se fez necessário valorizar essa diversidade linguística.
Então, buscou-se entender como se deu todo esse processo de transformação da língua
concentrando-se na diacronia de um local especifico no qual este local escolhido foi a cidade
de Barra do Corda-MA.
Na procura de materiais necessários para o desenvolvimento do trabalho em questão, foi
observada a dificuldade de aceso a esses materiais, pois, ficou evidente que não tem indícios de
produções na qual possa nortear artigos, monografias e etc.., sobre o assunto citado; daí surgiu
os problemas que no decorrer do trabalho será analisados no qual são. Porque registrar a
evolução da fala do povo de Barra do Corda? Qual a contribuição do registro da evolução da
língua no aspecto diacrônico da fala da população local?
Diante de tais problemas buscou-se, analisar essas questões utilizando a metodologia de
pesquisas bibliográficas e documentais no qual pode-se identificar que na referida cidade,
houve sim transformações da língua ao longo do tempo e que houve adaptações de acordo com
a necessidade local.
Este documento encarrega-se de mostrar exemplos de transformações da língua falada e escrita
em Barra do Corda-MA, referindo-se a variação no seu aspecto diacrônico, analisa a maneira
como se deu as diferenças no vocabulário, estudou o contexto social no período de 1837 a 1889
fazendo uma comparativa com as estruturas em diferentes sintagmas, apontou origens dos
substratos linguísticos dos falares barra-cordense e estudou as mudanças na estrutura das
palavras desses usuários ao longo da historia.
Assim, considera que este estudo culmina no enriquecimento linguístico e cultural, sendo de
suma importância pois é uma contribuição para a cultura linguística desse povo.
Abstract
Introdução
Variação Linguística
Uma das áreas mais encantadoras da língua portuguesa é o estudo da própria língua.
Acompanhar e entender as mudanças pelas quais a língua passa, pode ser uma prática divertida
e inteligente. A aquisição do conhecimento desta variedade de palavras que foram deixadas de
herança pela cultura de um povo é um experiência extremamente valiosa. Questões como: por
que os avós, de uma determinada geração, chamam uma pessoa bonita de “brotinho”? E depois
os filhos deles, começaram a chamar de “boazuda” para expressar a mesma coisa? E atualmente,
se usa outas expressões como gatinha, filé e outras mais para dizer o mesmo.
Para entender essa fala, o teórico Ferdinand de Saussure (1816, p, nos ajuda a
compreender esses momentos. Ele afirma que a linguística é uma ciência, ela descreve os fatos
linguísticos como também busca explicações coesas para o seu acontecimento e por conta
desses estudos saussurianos, a língua é explicada a partir de quatro dicotomias: língua x fala,
significante x significado, sincronia x diacronia, paradigma x sintagma.
A variação Diacrônica ou histórica, ocorre de acordo com as diferentes épocas vividas
pelos falantes, sendo possível distinguir o português arcaico do português contemporâneo, bem
como diversas palavras que caíram em desuso. Logo, vocábulos ou gírias que eram usados pelos
mais velhos não são usados na atualidade pelos mais jovens, ou seja, a língua muda de geração
para geração e ocorre por motivos como: som/pronuncia; flexão e derivação; padrões de
estruturação da frase; nível dos significados; introdução de novas palavras (neologismo e
estrangeirismo).
Ao reconhecer que a sociedade brasileira passa por uma construção linguística
entende-se que, Barra do Corda, também não fica atrás dessa evolução, pois é falado por aí que
o Maranhão fala o melhor português. Acontece que, não existe uma variedade linguística
inerentemente melhor que a outra, toda variedade linguística vai atender a necessidade de certa
comunidade e quando essa variedade não atender mais as necessidades dessa comunidade
consequentemente essas variações sofrerá mutações havendo assim um ajustamento uma
harmonização para atender as novas necessidades exigidas.
[...] língua é um sistema de signos partilhado por uma comunidade de falantes,
os quais, de acordo com suas necessidades, realizam adaptações às
circunstâncias de uso, aos vários contextos A e situações, oportunizando
novos usos e possibilidades. (SOUZA e PENA, 2020, p.147).
No contexto barra-cordense, observa-se através de textos documentais antigos as
transformações ocorridas em algumas palavras onde, evidencia-se a diacronia local. A
movimentação resulta das transformações que sucedem tanto no espaço quanto no tempo por
competência de alguns fatores característicos do meio social. Esse comportamento compreende
a inter-relação de vários aspectos dentre eles, a fonologia, a sintaxe, a semântica.
Mas, no que se concerne em Barra do Corda-MA, o material encontrado possibilitou
trabalhar a morfologia das palavras na qual atendeu a expectativa da investigação realizada.
Línguas se extinguem ou vivenciam os ares do desaparecimento, mas aquelas
que são fixadas no registro escrito, principal fator de conservação linguística,
conseguem estabilidade e possibilidade de difusão e alcançam níveis de
gramatização, via dois instrumentos linguísticos, ou seja, a gramática e o
dicionário. (SOUZA e PENA, 2020, p.147-148).
Falar de evolução da língua do povo barra-cordense é trazer a luz do conhecimento a
história da formação da cultura linguística local. Momentos que marcaram a formação social
hão de ser mencionados, a iniciar pela origem do seu próprio nome que se inicia tão logo se
busque o local para a fundação da cidade.
A princípio, devido a intenção do fundador da cidade Manuel de Melo Uchoa em
implantar a Missão dos Padres Capuchinhos para catequização dos índios nessa região, a
primeira nomeação recebida foi “Missão”. No entanto, na edição de 28 de junho de 1837, p.4,
O publicador Oficial, em artigo de ofício, citado por Francisco Bibiano de Sousa, traz nova
nomenclatura ainda mais próxima do que viria a ser chamado aquele pequeno povoado “Tendo-
se que estabelecer uma Povoação na barra do Rio da Corda, sendo esta empresa dirigida pelo
Cidadão Manoel Rodrigues de Melo Uchoa”, ganhando o nome agora de barra do Rio da Corda.
Por último, ela recebeu o nome que perdura até então, “Barra do Corda”.
A variação histórica do nome a própria cidade, Missão, barra do Rio das Cordas e
Barra do Corda serve para enfatizar que a construção linguística se dá de acordo com o contexto
histórico no momento em que se vive. Assim sendo, pode-se constatar que a evolução social
influência nas mudanças da língua e a língua influencia diretamente no desenvolvimento da
sociedade.
Os autores SOUSA, SILVA e BEZERRA, em seu trabalho Língua (portuguesa) e
identidade: traços do falar maranhense, apresentam marcas do substrato linguístico indígena na
fala do maranhense.
Sob o ponto de vista histórico, o primeiro contato linguístico no Maranhão
entre falantes indígenas e não indígenas deu-se por meio do comércio, de
modo amplo. O mercado ilegal de pau-brasil e de iguarias foi o precursor.
Nessas situações, as línguas indígenas possuíam e ainda possuem a mesma
diversidade linguística, visto que, em meio ao domínio do povo conquistador,
mantiveram-se preservadas as diversidades (SOUSA, SILVA e BEZERRA
2015. p.303)
A língua maranhense, assim como a barra-cordense, está em constante transformação
por receber constantemente, influencias de elementos que a modificam. A princípio o substrato
linguístico do Tupi e Africano foram os mais notáveis.
Considerações finais
ANTUNES I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial;
2009.
NEMBRO, Frei Metódio de. São José de Grajaú-Primeira prelazia do Maranhão (fonte
desconhecida)
SOUZA, Elisa Maria Pinheiro de; PENA, Waldinett Nascimento Torres. Diacronia:
português brasileiro. 1 ed. Curitiba: Bagai, 2020.
SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. 20 ed. São Paulo: Cultrix, 1997.
SOUSA, Kassia Pereira Sousa; SILVA, Paulo Círio; BEZERRA, Ribamar Mendes. Língua
(portuguesa) e identidade: traços do falar maranhense. Filol. Linguíst. Port. São Paulo , v.
17, n. 2, p. 295-308, jul./dez. 2015. (Monografia)