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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE BARRA DO CORDA - CESBAC


LICENCIATURA EM LETRAS

ALBERTINA MARIA DA SILVA


AURENIR PEREIRA DE MORAIS OLIVEIRA

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: Diacrônica ou histórica barra-cordense

BARRA DO CORDA - MA
2022
ALBERTINA MARIA DA SILVA
AURENIR PEREIRA DE MORAIS OLIVEIRA

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: Diacrônica ou histórica barra-cordense

Trabalho apresentado à disciplina Linguística


Aplicada como requisito para obtenção de nota.
Prof. Wallace de Lima Reis

BARRA DO CORDA - MA
2022
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: Diacrônica ou histórica barra-cordense

Albertina Maria da Silva1


Aurenir Pereira de Morais Oliveira2
Wallace de Lima Reis³
Resumo

As variações linguísticas são as diferentes formas de falar o idioma de uma nação, considerando
que a língua de um país não é homogênea percebe-se essas variantes em diversos dialetos.
Analisando a maneira como se dá as diferenças no modo de falar das pessoas que fazem uso de
uma mesma língua em uma sociedade, se fez necessário valorizar essa diversidade linguística.
Então, buscou-se entender como se deu todo esse processo de transformação da língua
concentrando-se na diacronia de um local especifico no qual este local escolhido foi a cidade
de Barra do Corda-MA.
Na procura de materiais necessários para o desenvolvimento do trabalho em questão, foi
observada a dificuldade de aceso a esses materiais, pois, ficou evidente que não tem indícios de
produções na qual possa nortear artigos, monografias e etc.., sobre o assunto citado; daí surgiu
os problemas que no decorrer do trabalho será analisados no qual são. Porque registrar a
evolução da fala do povo de Barra do Corda? Qual a contribuição do registro da evolução da
língua no aspecto diacrônico da fala da população local?
Diante de tais problemas buscou-se, analisar essas questões utilizando a metodologia de
pesquisas bibliográficas e documentais no qual pode-se identificar que na referida cidade,
houve sim transformações da língua ao longo do tempo e que houve adaptações de acordo com
a necessidade local.
Este documento encarrega-se de mostrar exemplos de transformações da língua falada e escrita
em Barra do Corda-MA, referindo-se a variação no seu aspecto diacrônico, analisa a maneira
como se deu as diferenças no vocabulário, estudou o contexto social no período de 1837 a 1889
fazendo uma comparativa com as estruturas em diferentes sintagmas, apontou origens dos
substratos linguísticos dos falares barra-cordense e estudou as mudanças na estrutura das
palavras desses usuários ao longo da historia.
Assim, considera que este estudo culmina no enriquecimento linguístico e cultural, sendo de
suma importância pois é uma contribuição para a cultura linguística desse povo.

Palavras-chave: Variação histórica; contribuição cultural; Barra do Corda

Abstract

1 Graduanda em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. E-mail: lopestina4040@gmail.com


2
Graduanda em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. E-mail: aurenioliveira-
@hotmail.com
3
Professor do departamento de Letras, UEMA.E-mail: wallacereis@professor.uema.br
Linguistic variations are the different ways of speaking the language of a nation, considering
that the language of a country is not homogeneous, we can see these variations in several
dialects.
Analyzing the way the differences in the way people who use the same language in a society
speak, it was necessary to value this linguistic diversity. Then, we tried to understand how this
whole process of language transformation happened, focusing on the diachrony of a specific
place, in which this place was the city of Barra do Corda-MA.
In the search for materials necessary for the development of the work in question, it was
observed the difficulty of access to these materials, because it was evident that there is no
evidence of productions in which to guide articles, monographs and etc ..., on the subject
mentioned; hence the problems that arose during the work will be analyzed which are. Why
record the evolution of speech of the people of Barra do Corda? What is the contribution of
recording the evolution of the language in the diachronic aspect of the local population's
speech?
In the face of such problems we sought to analyze these questions using the methodology of
bibliographic and documentary research in which we can identify that in that city, there were
transformations of the language over time and that there were adaptations according to local
needs.
This document is in charge of showing examples of transformations of the spoken and written
language in Barra do Corda-MA, referring to variation in its diachronic aspect, analyzing the
way the differences in vocabulary happened, studying the social context in the period from 1837
to 1889, making a comparison with the structures in different syntagmas, pointing the origins
of the linguistic substrates of the Barra Corda speakers, and studying the changes in the structure
of the words of these users throughout history.
Thus, it considers that this study culminates in linguistic and cultural enrichment, being of
utmost importance because it is a contribution to the linguistic culture of this people.

Keywords: Historical variation; cultural contribution; Barra do Corda

Introdução

Diversos estudos analisam a maneira como se dá as diferenças no modo de falar das


pessoas que fazem uso de uma mesma língua, pois em uma sociedade, isso constitui um estudo
amplo que engloba aspectos como o local, a idade, o sexo, a classe social, etc., elementos que
funcionam com determinantes para que ocorra a pluralidade de falares. Tal estudo é
denominado como a variação linguística.
Por constituir um fato social a variação linguística deve ser considerado como parte
primordial do ensino de línguas pois é dentro do contexto social que ela se desenvolve, sendo
sua construção parte inerente à língua utilizado por seus usuários.
Dentro do ensino de línguas, faz-se necessário a valorização da diversidade
linguística. Pensando nisso este trabalho concentra esforços no estudo sobre a variação
diacrônica do povo barra-cordense, elencando um pouco do processo da fala cultural da cidade
de Barra do Corda-MA, a partir do foco na escrita de textos diversos produzidos no contexto
de formação da cidade entre os períodos de 1837 a 1889.
Observando a temática investigado evidenciou-se que na cidade de Barra do Corda,
existe uma infinidade de palavras que sofreram alterações ao longo do tempo, porém as fontes
são escarças no que se refere material documental que comprove essas alterações. Pensando
nisso o estudo em questão propõe-se a responder aos seguintes questionamentos: Porque
registrar a evolução da fala/escrita do povo de Barra do Corda? Qual a contribuição do registro
da evolução da língua, no aspecto diacrônico, da fala/escrita da população local para a cultura
linguística desse povo? Assim, este estudo é de suma importância de modo que sua relevância
consistem deixar contribuir com o registro linguístico local.
Na variação linguística, a língua se transforma e se adapta de acordo com diversos
fatores como intenções e necessidades, fazendo o uso dos níveis: a norma culta que segue as
normas prescritas na gramática normativa e a informal ou coloquial, utilizada de maneira mais
espontânea e corriqueira pelos falantes. O presente artigo tem como objetivo descrever a
variação linguística ocorrida na cidade de Barra do Corda-MA, trazendo um olhar mais
observador no que se refere a variação diacrônica no contexto social local ao longo do tempo,
mais especificamente na sua forma morfológica.
Para este trabalho buscou-se dar destaque apenas para a dicotomia sincronia x
diacronia, no contexto social histórico barra-cordense. A metodologia aqui abordada segue a
linha de pesquisa qualitativa onde foi feito, um levantamento bibliográfico e documental, a
evidenciar estudiosos da língua como: Coutinho, Cunha e Cintra e Saussure; elencando também
o contexto literário da cidade em fontes como livros, artigos, sites, da cidade de Barra do Corda.
Nessa mesclagem foi colhido informações necessárias para a elaboração desse artigo.

Variação Linguística

Como falantes de uma língua é fundamental entender seu processo de transformação.


É preciso entender que tal transformação se dá de modo natural por meio da relação
fala/ambiente/tempo, em que são desenvolvidos novos dialetos os quais podem ou não perdurar
e fazer parte da gramática da língua. Estudar a história da evolução da Língua Portuguesa é do
que se ocupa a Gramática Histórica. Coutinho em sua obra Pontos de Gramática Histórica,
debruça-se sobre tais estudos.
A Gramática Histórica da língua portuguesa estuda a origem e a evolução do
idioma português no tempo e no espaço. Esta evolução processou-se
normalmente, de acordo com as tendências naturais de que resultaram os
hábitos glóticos do povo português. Na Gramática Histórica da língua
portuguesa, encontram-se, por conseguinte, formulados, os princípios e leis,
segundo os quais se operou essa evolução. (COUTINHO, 1938, P. 14).
Nessa perspectiva, para o desenvolvimento do estudo diacrônico da língua, precisa-se
conhecer a lexicologia através das estruturas fonológica e morfológica das palavras, e ainda sua
estrutura sintática e semântica a fim de perceber a relação destas umas com as outras dentro da
língua. A partir daí, faz-se um estudo comparativo entre a forma arcaica e a forma usada na
atualidade.
Cunha e Cintra (2014, p.55), em sua obra Nova gramática do português
contemporânea, afirma que, em geral, a variação na língua ocorre entre as estruturas que
norteiam o fenômeno da variação da língua. Para ele a língua se modifica de acordo com as
mudanças que ocorrem na sociedade, onde o primeiro dependa da última e a última da primeira.
“Nesse sentido, uma língua histórica não é um sistema linguístico unitário, mas um conjunto
de sistemas linguísticos, isto é, um diassistema, no qual se inter-relacionam diversos sistemas
e subsistemas”.
A constituição do léxico português advém do Latim vulgar, de modo que existiu uma
transformação lenta e gradual em que a primeira surgiu com o desaparecimento da última,
considerando ainda, a agregação de uma nova língua a uma língua já existente há uma mistura
de dialetos culminando no seu enriquecimento adquirindo assim uma enorme quantidade de
traços e característica que a permeiam.
Na história de Barra do Corda podemos encontrar diversos textos escritos por autores
em jornais, folhetins, revistas e livros, tais textos escritos em épocas mais antigas nos mostram
como ocorreu a modificação na língua falada e escrita do povo local.
As influencias que culminaram no falar barra-cordense advém dos povos que
povoaram o município, além de outros por aqui passaram deixando suas marcas linguísticas.
De acordo com Antunes (2009, p. 23) “Nossa língua está embutida na trajetória de nossa
memória coletiva. Daí, o apego que sentimos à nossa língua, ao jeito de falar de nosso grupo.
Esse apego é uma forma de selarmos nossa adesão ao grupo.”
Frei Metódio de Nembro (p.137) em sua obra São José de Grajaú-Primeira prelazia do
Maranhão nota-se o uso de palavras arcaicas que podem ser analisadas a partir da sua
morfologia “se estabeleceram no lugar com um grupo de civilizados, ocupando o aldeamento
ao qual deram o nome de missão, decerto como lembrança da antiga catequese”. A palavra em
destaque (decerto), foi substituído por “por certo”, e posteriormente por “certamente”.
Morfologicamente, a palavra decerto era escrita a partir da composição da preposição “de” + o
adjetivo “certo” sofrendo um processo de aglutinação.
Um trecho do extinto Jornal barra-cordense O norte (25 de maio de 1889) mostra com nitidez
o processo de modificação da língua em sua forma escrita
[...] Aviso Esta Redacção communica aos seus amigos e assignantes que são
autorizados para receber a importância das assignaturas desta folha e qualquer
outra que lhe for devida os seus amigos seguintes: [...]O norte (25 de maio de
1889)
As palavras “redacção, communica, assignantes e assignaturas são excelentes
exemplos de palavras que sofreram mudanças em suas estruturas. Em todos os casos percebe-
se a perda de grafemas que faziam parte do radical da palavra, culminado na modificação no
forma escrita de cada uma delas.

Variação diacrônica ou histórica barra-cordense

Uma das áreas mais encantadoras da língua portuguesa é o estudo da própria língua.
Acompanhar e entender as mudanças pelas quais a língua passa, pode ser uma prática divertida
e inteligente. A aquisição do conhecimento desta variedade de palavras que foram deixadas de
herança pela cultura de um povo é um experiência extremamente valiosa. Questões como: por
que os avós, de uma determinada geração, chamam uma pessoa bonita de “brotinho”? E depois
os filhos deles, começaram a chamar de “boazuda” para expressar a mesma coisa? E atualmente,
se usa outas expressões como gatinha, filé e outras mais para dizer o mesmo.
Para entender essa fala, o teórico Ferdinand de Saussure (1816, p, nos ajuda a
compreender esses momentos. Ele afirma que a linguística é uma ciência, ela descreve os fatos
linguísticos como também busca explicações coesas para o seu acontecimento e por conta
desses estudos saussurianos, a língua é explicada a partir de quatro dicotomias: língua x fala,
significante x significado, sincronia x diacronia, paradigma x sintagma.
A variação Diacrônica ou histórica, ocorre de acordo com as diferentes épocas vividas
pelos falantes, sendo possível distinguir o português arcaico do português contemporâneo, bem
como diversas palavras que caíram em desuso. Logo, vocábulos ou gírias que eram usados pelos
mais velhos não são usados na atualidade pelos mais jovens, ou seja, a língua muda de geração
para geração e ocorre por motivos como: som/pronuncia; flexão e derivação; padrões de
estruturação da frase; nível dos significados; introdução de novas palavras (neologismo e
estrangeirismo).
Ao reconhecer que a sociedade brasileira passa por uma construção linguística
entende-se que, Barra do Corda, também não fica atrás dessa evolução, pois é falado por aí que
o Maranhão fala o melhor português. Acontece que, não existe uma variedade linguística
inerentemente melhor que a outra, toda variedade linguística vai atender a necessidade de certa
comunidade e quando essa variedade não atender mais as necessidades dessa comunidade
consequentemente essas variações sofrerá mutações havendo assim um ajustamento uma
harmonização para atender as novas necessidades exigidas.
[...] língua é um sistema de signos partilhado por uma comunidade de falantes,
os quais, de acordo com suas necessidades, realizam adaptações às
circunstâncias de uso, aos vários contextos A e situações, oportunizando
novos usos e possibilidades. (SOUZA e PENA, 2020, p.147).
No contexto barra-cordense, observa-se através de textos documentais antigos as
transformações ocorridas em algumas palavras onde, evidencia-se a diacronia local. A
movimentação resulta das transformações que sucedem tanto no espaço quanto no tempo por
competência de alguns fatores característicos do meio social. Esse comportamento compreende
a inter-relação de vários aspectos dentre eles, a fonologia, a sintaxe, a semântica.
Mas, no que se concerne em Barra do Corda-MA, o material encontrado possibilitou
trabalhar a morfologia das palavras na qual atendeu a expectativa da investigação realizada.
Línguas se extinguem ou vivenciam os ares do desaparecimento, mas aquelas
que são fixadas no registro escrito, principal fator de conservação linguística,
conseguem estabilidade e possibilidade de difusão e alcançam níveis de
gramatização, via dois instrumentos linguísticos, ou seja, a gramática e o
dicionário. (SOUZA e PENA, 2020, p.147-148).
Falar de evolução da língua do povo barra-cordense é trazer a luz do conhecimento a
história da formação da cultura linguística local. Momentos que marcaram a formação social
hão de ser mencionados, a iniciar pela origem do seu próprio nome que se inicia tão logo se
busque o local para a fundação da cidade.
A princípio, devido a intenção do fundador da cidade Manuel de Melo Uchoa em
implantar a Missão dos Padres Capuchinhos para catequização dos índios nessa região, a
primeira nomeação recebida foi “Missão”. No entanto, na edição de 28 de junho de 1837, p.4,
O publicador Oficial, em artigo de ofício, citado por Francisco Bibiano de Sousa, traz nova
nomenclatura ainda mais próxima do que viria a ser chamado aquele pequeno povoado “Tendo-
se que estabelecer uma Povoação na barra do Rio da Corda, sendo esta empresa dirigida pelo
Cidadão Manoel Rodrigues de Melo Uchoa”, ganhando o nome agora de barra do Rio da Corda.
Por último, ela recebeu o nome que perdura até então, “Barra do Corda”.
A variação histórica do nome a própria cidade, Missão, barra do Rio das Cordas e
Barra do Corda serve para enfatizar que a construção linguística se dá de acordo com o contexto
histórico no momento em que se vive. Assim sendo, pode-se constatar que a evolução social
influência nas mudanças da língua e a língua influencia diretamente no desenvolvimento da
sociedade.
Os autores SOUSA, SILVA e BEZERRA, em seu trabalho Língua (portuguesa) e
identidade: traços do falar maranhense, apresentam marcas do substrato linguístico indígena na
fala do maranhense.
Sob o ponto de vista histórico, o primeiro contato linguístico no Maranhão
entre falantes indígenas e não indígenas deu-se por meio do comércio, de
modo amplo. O mercado ilegal de pau-brasil e de iguarias foi o precursor.
Nessas situações, as línguas indígenas possuíam e ainda possuem a mesma
diversidade linguística, visto que, em meio ao domínio do povo conquistador,
mantiveram-se preservadas as diversidades (SOUSA, SILVA e BEZERRA
2015. p.303)
A língua maranhense, assim como a barra-cordense, está em constante transformação
por receber constantemente, influencias de elementos que a modificam. A princípio o substrato
linguístico do Tupi e Africano foram os mais notáveis.

Análise linguística de acordo com as “transformações fonéticas”/metaplasmos presentes


na língua barra-cordense

No contexto barra-cordense, tomando como base o extinto Jornal O Norte (edição de


25 de maio, 1889. Nº 17, p. 1), observa-se inúmeras mudanças na construção da palavras. A
analise do registro de um documento tão antigo, basta para o entendimento do que acontece
com a língua ao longo do tempo. As palavras a seguir sofreram alterações na sua estrutura,
conhecidos como Metaplasmos.
A palavra “metaplasmo”, etmologicamente, significa “mudança de forma”. A
gramática portuguesa define os metaplasmos como transformações fonéticas que os vocábulos
sofrem durante sua evolução histórica. Tais alterações encontram-se basicamente dentro de três
leis, denominadas leis fonéticas, Lei do menor esforço, Lei da permanência da consoante inicial
e lei da permanência da sílaba tônica. Os metaplasmos se dividem em metaplasmos de permuta,
de aumento e de subtração. Veja a análise de acordo com exemplos encontrados no jornal O
Norte.
Metaplasmos de permuta são aqueles que podem ocorrer por substituição de um
fonema por outro. Podendo ocorrer: pela Sonorizacão que é a troca de um fonema surdo por
um sonoro (geralmente no mesmo ponto de articulação do aparelho fonador), exemplo: “Paíz”
passa a país; Vocalização transforma um fonema consonantal em fonema vocálico, exemplo:
“remoltido” passa a remetido; Assimilação, mudança para um fonema muito próximo (vogal
ou consoante), Exemplos: “assignaturas” passa a assinatura, “assignantes” passa a assinantes,
“atividade” passa a atividade, “emfim” passa a enfim; Metafonia, modifica timbre de uma vogal
por influência de outra (assimilatório também), exemplo: “dessiminada” passa a disseminada.
Alguns metaplasmos não apresentam casos nos documentos pesquisados, sendo este o
caso do Consonantização que converte fonema vocálico em consoante, Dissimilação,
desaparecimento de um fonema quando já existe outro no vocábulo (consoante ou vogal),
Nasalização, fonema oral passa para nasal, Desnasalização, fonema nasal passa para oral,
Apofonia ou Deflexão, vocábulo junta-se a um prefixo - vogal da sílaba inicial modificada.
Os metaplasmos por aumento ocorrem quando existe o acréscimo de um fonema a uma
palavra, podendo ocorrer: na Prótese, no início do vocábulo; Epêntese, no meio da palavra, não
há caso; Paragoge, no fim da palavra. Tais variações não foram detectadas no estudo do
documento em análise.
Os metaplasmos por subtração ocorrem quando há perda de fonema em uma palavra.
Pode ocorrer nas seguintes condições; Aférese que significa a perda de fonema no início da
palavra, exemplo: “hação” passa a ação; Síncope, queda de fonema no interior da palavra,
exemplo: “monachia” passa a monarquia, “redacção” passa a redação, “efeito” passa a efeito,
“illustrar” passa a ilustrar, “delle” passa a dele, “anno” passa a ano, “communicação” passa a
comunicação, “communica” passa a comunica, “nelles” passa a neles, “instrucção” passa a
instrução, “comtinnuação” passa a continuação.
Alguns metaplasmos de subtração que não coincidem com os estudos de caso são:
Haplologia, desaparecimento de uma sílaba, quando existe outra igual na palavra; Apócope,
desaparecimento de um fonema em final de palavra.
A Crase é o metaplasmo em que ocorre a fusão de dois fonemas vocálicos iguais.
Durante o processo histórico podem ocorrer mais do que um tipo de metaplasmo. Porém não
há casos presentes nas pesquisas aqui abordadas.

Considerações finais

A análise dos materiais encontrados comprovaram que a falo do povo barra-cordense,


assim como qualquer outra língua passou por significativas transformações no que se refere à
variação no seu aspecto diacrônica. Os estudos analisaram a maneira como se deu as diferenças
no vocabulário a partir da escrita deixadas por pessoas desta localidade em diferentes
documentos, os quais serviram de fonte.
Fez-se um estudo envolvendo o contexto social entre os períodos de 1837 a 1889,
servindo como base para um estudo comparativa com as mudanças estruturais em diferentes
sintagmas. Foi considerado o social como sendo o fator mais estimulador na formação
particular a língua e escrita utilizada por usuários dessa localidade.
Este trabalho apontou origens dos substratos linguísticos que contribuíram para a
riqueza dos falares barra-cordense, investigou como se deu as mudanças na estrutura de diversa
palavras dos usuários ao longo da história. A análise comparou e explicitou as mudanças
diacrônicas ocorridas na cidade de Barra do Corda-MA através do estudo com metaplasmos e
concluiu que, a língua local sofreu muitas alterações e se adaptou ás necessidades desta
comunidade, culminando no seu enriquecimento linguístico e cultural.
Referências

ANTUNES I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial;
2009.

Clube do Português. Disponível em:<https://clubedoportugues.com.br/sincronia-e-


diacronia/>. Acessado em: 10 de Mai. De 2022.

COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de gramática histórica. São Paulo. Companhia


Editora Nacional, 1938.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do Português contemporâneo. 6ed.


Rio de Janeiro. Lexikon, 2014.

Metaplasmos: visão geral-língua portuguesa em uso. Disponível


em:<www.lpeu.com.br/q/tsq5n>. Acessado em 10 de mai. 2022.

NEMBRO, Frei Metódio de. São José de Grajaú-Primeira prelazia do Maranhão (fonte
desconhecida)

O publicador maranhense, de 20 de novembro de 1844, p.1 (fonte desconhecida)

SOUZA, Elisa Maria Pinheiro de; PENA, Waldinett Nascimento Torres. Diacronia:
português brasileiro. 1 ed. Curitiba: Bagai, 2020.

SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. 20 ed. São Paulo: Cultrix, 1997.

SOUSA, Kassia Pereira Sousa; SILVA, Paulo Círio; BEZERRA, Ribamar Mendes. Língua
(portuguesa) e identidade: traços do falar maranhense. Filol. Linguíst. Port. São Paulo , v.
17, n. 2, p. 295-308, jul./dez. 2015. (Monografia)

SOUSA, S. C. Aviso. O Norte. 1889, ed. nº 17, p.1

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