Você está na página 1de 6

alfaconcursos.com.

br

SUMÁRIO
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.......................................................................................................... 2
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS........................................................................................... 2
INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO (ART. 5º, XI, CF) .................................................................................... 2
SIGILO DAS COMUNICAÇÕES (ART. 5º, XII, CF).......................................................................................... 2
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO (ART. 5º, XV, CF) ......................................................................................... 4

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS


DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO (ART. 5º, XI, CF)
Esta garantia protege o indivíduo em seu recinto mais íntimo: a casa.
A Constituição diz:
“XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial”.

Como regra, só se pode entrar na casa de uma pessoa com o seu consentimento.
Excepcionalmente, a Constituição Federal admite a entrada sem consentimento do morador
nos casos de:
flagrante delito;
desastre;
prestar socorro;
determinação judicial – apenas durante o dia.
Importante é não esquecer que, no caso de determinação judicial, a entrada se dará
apenas durante o dia. Nos demais casos, a entrada será permitida a qualquer hora.

Alguns conceitos importantes: O que é casa? O que pode ser entendido como caso para
efeito de inviolabilidade? A jurisprudência tem interpretado o conceito de casa de forma ampla,
considerando como casa qualquer compartimento habitado ou em aposento ocupado de
habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão
ou atividade.

Assim, o STF já considerou como casa, para efeitos de inviolabilidade, oficina mecânica,
quarto de hotel ou escritório profissional.

Outra questão relevante é saber o que é dia?


Segundo a jurisprudência, isso deve ser resolvido no caso concreto, tendo em vista
variação de fusos horários existente em nosso país bem como a ocorrência do “Horário de
Verão”. Na prática, é possível entrar em uma casa, independentemente do horário, desde que
seja durante o dia.
SIGILO DAS COMUNICAÇÕES (ART. 5º, XII, CF)
Esta “XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal.”

Esse dispositivo prevê quatro formas de comunicação que possuem proteção


constitucional:
sigilo da correspondência; comunicação telegráfica; comunicação de dados;
comunicações telefônicas.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

Dessas quatro formas de comunicação, apenas uma obteve autorização de violação do


sigilo pelo texto constitucional: AS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS. O concursando precisa ter
muito cuidado com esse tema em prova. Segundo o texto expresso, só as comunicações
telefônicas poderão ter o seu sigilo violado. E mais, só o juiz poderá fazê-lo com fins definidos
também pela Constituição, os quais destinam-se à investigação criminal ou à instrução
processual penal.
Entretanto, considerando a inexistência de direito fundamental absoluto, a jurisprudência
tem considerado a possibilidade de quebra dos demais sigilos, desde que seja determinada por
ordem judicial.
No que tange ao SIGILO DOS DADOS bancários, fiscais, informáticos e telefônicos, a
jurisprudência tem permitido sua quebra por determinação judicial, determinação de Comissão
Parlamentar de Inquérito.
• CORRESPONDÊNCIA: em regra inviolável, contudo, como já ressaltado, não existe
direito absoluto, nem mesmo a correspondência de um indivíduo, dessa forma, se a
carta de um sequestrador for interceptada pela família da vítima, por exemplo, o
sequestrador não vai poder alegar que houve a violação ao sigilo de suas
correspondências, pois o direito não pode ser utilizado para assegurar o exercício de
prática ilícitas. Ademais, de acordo com a Lei de Execução Penal em seu art. 41, parágrafo
único 1o diretor do estabelecimento prisional pode interceptar a correspondência de
preso, em decisão motivada. Tal possibilidade portanto é medida excepcional e já foi
acolhida pelo STF. 2

• COMUNICAÇÕES TELEGRÁFICAS: em regra inviolável, podendo ser restringida no


Estado de defesa e estado de sítio, ou por ordem judicial em um caso concreto.

• COMUNICAÇÃO DE DADOS 3: por comunicação de dados, entendem-se os dados


bancários, fiscais, informáticos e telefônicos. De acordo com o STF, a proteção
constitucional refere-se à comunicação desses dados e não dos dados em si, por esse
motivo entendeu que a apreensão do disco rígido (HD) de um computador não
configura quebra de sigilo da comunicação de dados, pois o que fora apreendido são os
dados em si e não a sua comunicação 4.

A jurisprudência tem permitido sua quebra por determinação judicial e por


determinação de COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO.
 Dados bancários:
O STF, ao julgar cinco processos que questionavam a constitucionalidade da LC
105/2001, garantiu ao Fisco – autoridade tributária - acesso aos dados bancários dos
contribuintes sem necessidade de autorização judicial, quando houver processo administrativo
instaurado ou procedimento fiscal em curso, entendendo não se tratar de quebra de sigilo, mas
de transferência de informações sigilosas.
Merece destaque a seguinte jurisprudência:

1 LEP - Art. 41 - Constituem direitos do preso: XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros
meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão
ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.
2 STF – HC 70.814-5 – Min. Celso de Mello.
3 Quanto ao TCU – MS 22801; AUTORIDADE FAZENDÁRIA: RE 389808; MINISTÉRIO PÚBLICO: MS 160646

4 (RE 418416, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2006, DJ 19-12-2006

PP-00037 EMENT VOL-02261-06 PP-01233)

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Não é cabível, em sede de inquérito, encaminhar à Receita Federal informações bancárias


obtidas por meio de requisição judicial quando o delito investigado for de natureza diversa
daquele apurado pelo fisco. Ademais, a autoridade fiscal, em sede de procedimento
administrativo, pode utilizar-se da faculdade insculpida no art. 6º da LC 105/2001, do que
resulta desnecessário o compartilhamento in casu.
[Inq 2.593 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 9-12-2010, P, DJE de 15-2-2011.]

• COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS, importante diferenciarmos as interceptações


telefônicas, das escutas telefônicas, da gravação telefônica.

 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: é a captação e gravação da conversa telefônica, no


mesmo momento em que ela se realiza, por terceira pessoa sem o conhecimento de
qualquer dos interlocutores, é a forma de comunicação protegida pela CF e depende de
3 requisitos:
 Ordem Judicial;
 Para fins de Investigação criminal ou instrução processual penal;
 Nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer.

 ESCUTA TELEFÔNICA: A escuta telefônica é a captação de conversas feitas por um


terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores.

 A GRAVAÇÃO TELEFÔNICA: A gravação é a captação da conversa por um dos


interlocutores, sem consentimento ou ciência do outro.
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO (ART. 5º, XV, CF)
Sabemos LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
A CF assegura o direito à liberdade de locomoção, que significa o direito de ir, vir e
permanecer. O inciso XV do artigo 5° já diz: 

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com
seus bens; 


Assim, a liberdade de locomoção é assegurada de forma livre em tempos de paz. Desse


modo, em regra, ninguém será preso em tempos de paz, senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, nos termos do Art. 5°, LXI:

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;

Importante salientar aqui as exceções permitidas pela própria CF:

Incisos LXI: as prisões “PENAIS” e “MILITARES” permitidas no ordenamento brasileiro:


1 - Flagrante
2 - Por ordem escrita e fundamentada da autoridade JUDICIAL competente
3 - Por transgressão militar ou crime propriamente militar
+
Inciso LXVII: Prisão Civil do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

OBS: não mais existe em nosso ordenamento jurídico a previsão da prisão civil do
depositário infiel em virtude da ratificação pelo Brasil do Pacto Internacional dos Direitos Civis
e Políticos (art. 11) e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de São José da
Costa Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992. E também pela edição da súmula vinculante pelo
STF de nº25:
“É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.”
+
Incisos LXII (comunicação da prisão), LXIII (direito ao silêncio), LXIV (identificação
pelos responsáveis da prisão), LXV (relaxamento da prisão ilegal), LXVI (liberdade provisória)
e LXVIII (habeas corpus).

Logo:

Só há 3 tipos de PRISÃO segundo o art. 5º, incisos LXI E LVII:

PENAL:
- Flagrante (SEM JUIZ)
- Ordem Judicial

MILITAR:
- Transgressão Militar (SEM JUIZ)
- Crime Militar

CIVIL:
- Pensão Alimentícia (inadimplência Inescusável e Voluntária)
Obs.: Não há mais prisão do depositário infiel (ainda que expressamente conste no
texto constitucional e, por isso, não se possa falar em revogação, não há mais aplicação
de tal dispositivo em virtude da Súmula Vinculante nº 25/STF.

No entanto, para prender, há que se verificar as garantis da prisão, quais sejam:


a) IMEDIATA COMUNICAÇÃO da prisão ao Juiz e à Família (ou pessoa indicada) –
inciso LXII
b) DIREITO ao SILÊNCIO e ASSISTÊNCIA DE ADVOGADO – inciso LXIII
c) IDENTIFICAÇÃO dos RESPONSÁVEIS pela PRISÃO e pelo INTERROGATÓRIO –
inciso LXIV
d) PRISÃO ILEGAL – RELAXAMENTO – inciso LXV
e) PRISÃO LEGAL – LIBERDADE PROVISÓRIA (com ou sem fiança) – inciso LXVI

Convém perceber que o direito explanado no inciso XV não possui caráter absoluto, haja
vista ter sido garantido em tempo de paz. Isto significa que em momentos de “não paz” seria
possível estabelecer restrições à liberdade de locomoção.

Do mesmo modo, destaca-se que, em situações excepcionais, de instabilidade


institucional, como no estado de sítio e no estado de defesa esse direito poderá ser restringido:
ESTADO DE DEFESA: ART. 136 § 3º Na vigência do estado de defesa: I - a prisão por crime
contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer
exame de corpo de delito à autoridade policial.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

ESTADO DE SÍTIO: ART. 139 Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com
fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: I -
obrigação de permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não
destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; (grifo nosso)
Outro aspecto interessante refere-se à possibilidade de qualquer pessoa entrar,
permanecer ou sair do país com seus bens, nos termos da lei. Esse direito também não pode ser
encarado de forma absoluta, haja vista que esse direito deve ser exercido nos termos da lei,
assim há a possibilidade de se exigir declaração de bens ou pagamento de imposto quando da
entrada da pessoa no país com bens.
Frisa-se que a liberdade de locomoção, por não ser um direito absoluto, permite a sua
restrição quando em conflito com outros direitos fundamentais.
Caso a liberdade de locomoção seja restringida por ilegalidade ou abuso de poder, a
Constituição prevê um remédio constitucional, uma solução a esse problema, por meio do
Habeas Corpus. 

Art. 5°, LXVIII – conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 


MUDE SUA VIDA!


6

Você também pode gostar