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Matrizes

História, exemplos e aplicações


Etimologia da palavra
1- Proveniente do latim, a palavra matriz vem de mater (que nos remete
para mãe) e na Idade Média era um sinônimo de útero. A partir do
momento em que começaram a registar as crianças à nascença, matriz
passou a designar esse registo.

2- Do latim matrix significa mãe, útero: mater + ix. O sufixo-ix implica em


um sujeito de gênero feminino. A palavra-matrix tem sua etimologia na
raiz ma, que na língua hindu significa mãe. Matriz, portanto, dá a
entender como aquilo que gera, determina, algum resultado.
O que é uma matriz na Matemática?
São estruturas numéricas em formato de tabela. Elas têm uma função importante
de organizar dados e informações, sendo utilizadas com essa conceituação na
matemática, desde o século 19.

Imagine que você tenha uma série de informações numéricas sobre algum tipo de
assunto: transações financeiras, notas de alunos, fluxo de carros em uma cidade
etc. Qual seria a melhor forma de dispô-las e visualizá-las?

Se você imaginou uma tabela com linhas e colunas, então já temos o primeiro
passo para compreender o que é uma matriz.
Alguns exemplos
História
Os trabalhos com matrizes iniciaram no século II a.C.

Os babilônios estudaram problemas que tiveram, como soluções de


sistemas lineares de duas variáveis, no qual estão preservados em
tabletes de argila.

Os chineses tiveram grandes contribuições, mostrando os primeiros


exemplos com matrizes no texto “Nove capítulos da arte
Matemática”.
História
Nas obras matemáticas chinesas, percebe-se ainda, o quanto eles gostavam de
diagramas de formato quadrado: os quadrados mágicos.

Por exemplo, o quadrado mágico, popularmente conhecido como Sudoku, no qual a


soma das horizontais, das verticais e das diagonais é sempre 15.
Matematicamente, um Quadrado Mágico Elementar é uma matriz
quadrada (mesmo número de linhas e colunas) de ordem n
(n linhas e n colunas) cujos elementos (números naturais) variam
sucessivamente de 1 até n^2, que são arrumados de modo que a soma
de cada linha, cada uma das duas diagonais principais ou de cada
coluna seja sempre uma constante.
História
Em 1683 o matemático japonês Seki Kowa ( 1637 – 1708 ) e dez
anos mais tarde, em 1693, o matemático alemão Gottfried
Leibniz ( 1646 – 1716 ) desenvolveram métodos de resolução de
sistemas lineares baseados em tabelas numéricas formados
por coeficientes das equações que compunham esses
sistemas.

Essas tabelas numéricas deram origem ao que hoje chamamos


matrizes que, além de serem aplicadas ao estudo dos sistemas
lineares, possibilitaram o desenvolvimento de novos ramos da
matemática.
História
Um dos métodos dos matemáticos, trata de resolver um sistema de equações tal como:

do qual toda a informação necessária para encontrar a solução está na matriz:

Esta solução pode ser obtida efetuando-se operações apropriadas nessa matriz. Isso é
particularmente importante no desenvolvimento de programas de computador, para
resolver sistemas de equações lineares, porque computadores são muito bons para
manipular coleções de números.
É preciso ter medo?
Sinopse:
Um jovem programador é atormentado por estranhos
pesadelos nos quais sempre está conectado por cabos
a um imenso sistema de computadores do futuro. À
medida que o sonho se repete, ele começa a levantar
dúvidas sobre a realidade. E quando encontra os
misteriosos Morpheus e Trinity, ele descobre que é
vítima do Matrix, um sistema inteligente e artificial que
manipula a mente das pessoas e cria a ilusão de um
mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos
indivíduos para produzir energia. (Filme de 1999)
Lógico que não!
Assim como a dominação da raça humana por computadores está longe de ser
uma ameaça (assim espero, rs), também não é preciso ter medo das matrizes.

Após conhecermos seus tipos, definição e cálculos possíveis, veremos o quão


pode ser simples resolver problemas envolvendo matrizes.

Mas antes, um pouco mais da história…


História
A partir da metade do século 20, com o advento dos computadores eletrônicos, cresce a
importância dos modelos lineares. Um marco importante foi o trabalho de Wassily Leontief, que
em 1949 construiu um modelo (hoje chamado de Modelo de Entrada-Saída de Leontief)
descrevendo a interação entre 500 “setores” da economia americana. O sistema original, de 500
equações e 500 incógnitas, foi simplificado para 42 equações e 42 incógnitas. Ainda assim, o
computador Mark II (foto) precisou de 56 horas para resolvê-lo. Por esse trabalho, Leontief
ganhou o prêmio Nobel de Economia de 1973.

O advento das grandes redes de computadores exigiu a aplicação de algoritmos da teoria de


grafos, como o SPF de Dijkstra, que escolhe o caminho mais curto entre dois pontos. Esse uso se
amplia atualmente, com a popularização dos mecanismos de roteamento em mapas,
principalmente em softwares de navegação baseados em GPS ou sites como o Google Maps.
Aplicações
Uma aplicação insuspeita de matrizes acontece em
um ato corriqueiro nos dias de hoje: fazer uma
busca no Google. Isso porque o site usa um
algoritmo de PageRank (figura à direita), que é o
que diferenciou o Google dos demais mecanismos
de busca, por avaliar o quanto uma página é
relevante a uma expressão pesquisada. O
algoritmo envolve matrizes com tamanho da ordem
de bilhões de linhas e colunas. Ou seja, todos os
dias milhões de pessoas, sem saber, manipulam
enormes matrizes.
Aplicações: MATRIZES E CRIPTOGRAFIA
Observe abaixo um método bastante simples, para codificar e decodificar mensagens,
que envolve apenas um par de matrizes de ordem n, A e a matriz inversa de A , cujos
elementos devem ser números inteiros. Primeiramente, ilustramos o método utilizando
uma matriz A e a sua inversa.

A matriz A é apropriada, pois seus elementos são números inteiros, assim como os da
matriz inversa. 0 remetente vai usar a matriz A para codificar a mensagem, e o
destinatário vai usar a matriz inversa para decodificá-la. 0 objetivo deste método é que a
mensagem seja codificada utilizando pares de caracteres, de modo que tabelas de
freqüência de letras e outras alternativas não ajudem em nada a um decodificador
não-amigável.
MATRIZES E CRIPTOGRAFIA
Dada uma mensagem para ser codificada, o primeiro passo será convertê-la da
forma alfabética para a forma numérica. Para isso usamos a seguinte
correspondência entre letras e números:
MATRIZES E CRIPTOGRAFIA
Qualquer outra numeração dos 29 símbolos tipográficos também seria possível,
mas o remetente e o destinatário teriam que combiná-la previamente. Para maior
clareza usamos o símbolo # para indicar inexistência de letras (espaços entre
palavras, etc).

Exemplo 1: Suponha que "PLANO EM AÇÃO" é a mensagem a ser codificada e


transmitida. Para convertê-la para a forma numérica, usamos a correspondência
entre letras e números exibida anteriormente:
MATRIZES E CRIPTOGRAFIA
Uma vez que a matriz codificadora A é uma matriz 2 x 2, arrumamos nossa
seqüência de números como os elementos de uma matriz com duas linhas:

Como a mensagem tem um número ímpar de elementos, completamos o fim da


segunda linha com o número 29 que está associado ao símbolo #. Para codificação
da mensagem, multiplicamos a matriz M a esquerda pela matriz codificadora A:
MATRIZES E CRIPTOGRAFIA
ou seja,

Os elementos de N = AM constituem a mensagem codificada, e utilizaremos vírgulas entre esses


elementos para maior clareza: 61, 65, 04, 45, 46, 102, 44, 45, 53, 03, 31, 31, 73, 39.

Quando esta mensagem codificada chegar ao destinatário este deve utilizar a matriz
decodificadora A para reverter os passos acima. Portanto, se o decodificador usar a mensagem
codificada para construir uma matriz com duas linhas e depois multiplicar esta matriz a esquerda
por A, irá obter a matriz M do remetente.
MATRIZES E CRIPTOGRAFIA
Vejamos:

Note que o produto é de fato a matriz M do remetente. 0 passo final de


decodificação é:

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