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Colégio Salesiano Jardim Camburi


Bruno Matos, Thiago Koehler, Arthur Monjardim

ETNOMATEMÁTICA
Contexto Histórico e Experimentação Prática de Três Teoremas Matemáticos

L. Pisano: Sequência de Fibonacci


T. de Mileto: Teorema de Tales
G. W. Leibniz: Teorema Fundamental do Cálculo

Prof. Luciano Pinto


Eletiva: "Etnomatemática e suas Implicações"

Vitória, ES
2023
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Parte 1: Leonardo Bigollo Pisano


Sequência de Fibonacci | Escrito por Arthur Monjardim

1. Introdução

A sequência de Fibonacci começa com 0 e 1, e cada número subsequente é a soma


dos dois números anteriores. Dessa maneira, temos 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144,
e assim por diante. A razão entre dois números consecutivos da sequência tende ao número
de ouro, ou PHI (que é aproximadamente igual a 1,618). Essa série de números é resultado
da combinação entre reflexão e intuição, e deve ser considerada em alto grau nos estudos da
matemática e da geometria, pois é extremamente simples e útil na resolução de problemas e
se relaciona de maneira interessante e direta com o número de ouro, que é um dos
fundamentos da Arte Matemática e do estudo das proporções e grandezas arquitetônicas.

2. Desenvolvimento

A proporção áurea tem sido observada em muitas formas da natureza, desde


organismos vivos até fenômenos naturais, e pode ser vista como uma manifestação da ordem
do universo. Por exemplo, se você olhar para as folhas de uma planta, vai perceber que
geralmente crescem em um padrão espiralado que segue a proporção áurea. Esse padrão é
uma forma eficiente de maximizar a exposição da superfície da folha à luz solar. A disposição
das sementes em uma fruta ou na flor do girassol também ocorre de acordo com a proporção
de ouro. Animais também exibem a proporção de ouro em muitas de suas estruturas
corporais. Por exemplo, as conchas marinhas seguem a proporção áurea em sua curvatura.
As asas dos pássaros também apresentam essa proporção, com o comprimento das penas e
a largura da asa seguindo a sequência de Fibonacci. Na anatomia, a proporção áurea pode
ser observada na simetria do corpo humano, na proporção do comprimento dos braços em
relação ao comprimento das pernas, nas proporções dos ossos, na disposição dos músculos
e até mesmo na distribuição das células nervosas na retina. Essa proporção é uma forma de
equilíbrio e harmonia estética.

No mundo mineral, a proporção áurea é encontrada em cristais como o quartzo, a pirita


e a calcita, estando presente na forma como os átomos se organizam para formar a estrutura
cristalina. Essa presença constante do padrão áureo em toda a natureza é fascinante e
inspiradora para cientistas e artistas. Outro exemplo impressionante de como a proporção de
ouro aparece na natureza é no formato das galáxias. A distribuição das estrelas em muitas
galáxias segue uma disposição em espiral baseada na sequência de Fibonacci, conhecida
como espiral de Fermat. Esse padrão é uma forma eficiente de distribuir a massa estelar e
maximizar a gravidade em torno da galáxia. Isso sugere que a proporção áurea é uma
característica fundamental da estrutura do universo.
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3. Aplicação

A sequência de Fibonacci é encontrada em muitas estruturas biológicas, como a


disposição de sementes em um girassol, a concha de um molusco ou as escamas de um
peixe. Essas estruturas seguem a proporção áurea, que é derivada da sequência de
Fibonacci, e isso sugere que essa proporção é importante para o crescimento e
desenvolvimento de organismos vivos. Essa relação é vista também nos estudos sobre
modelagem de crescimento, onde a sequência é utilizada para entender o crescimento das
populações de seres vivos, o desenvolvimento de células e o crescimento de plantas.
A sequência também aparece em muitas áreas da física, incluindo a teoria dos fractais,
que são estruturas geométricas que se repetem infinitamente em diferentes escalas, e muitos
fractais são baseados na sequência de Fibonacci. A sequência de Fibonacci também é usada
em teorias da física quântica para descrever a distribuição de elétrons em átomos.
Na área das artes e do design gráfico, a sequência de Fibonacci é usada para criar
layouts e composições visualmente agradáveis e equilibradas. A proporção áurea, que é
derivada da sequência de Fibonacci, é usada para criar designs harmoniosos e esteticamente
agradáveis em várias mídias, incluindo desenho, pintura, impressão, web design e
publicidade. Na computação, a sequência é utilizada na criação de chaves criptográficas, que
servem para codificar e decodificar mensagens. E, nesse mesmo campo de estudo, a
sequência é aplicada em modelos matemáticos voltados para a análise técnica financeira,
para identificar níveis importantes de suporte e resistência em gráficos de preços do mercado.

4. Conclusão

A intenção do trabalho, foi apresentar quem foi Leonardo Fibonacci e qual foi sua
contribuição para o mundo da matemática. Ao longo do trabalho e da apresentação,
elaboramos um conjunto de atividades sobre a sequência de Fibonacci, trabalhando também
com fatos históricos. as aplicaçoes da sequência de Fibonacci na natureza e sua relação com
a proporção áurea e o número de ouro, além das aplicaçoes no dia a dia, como na física,
computação e matemática financeira.
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Parte 2: Thales de Mileto


Teorema de Thales | Escrito por Thiago Koehler

1. Introdução

O Teorema de Tales é um princípio geométrico fundamental que se aplica a triângulos e


retas paralelas. Se uma reta é desenhada paralelamente a um lado de um triângulo, ela divide
os outros dois lados proporcionalmente. Essa proporcionalidade é expressa pela igualdade
das razões entre os comprimentos dos segmentos dos lados correspondentes. Em termos
matemáticos, se AB // CD, então (BC/AC) = (BD/AD), onde AB e CD são as retas paralelas, e
AC, BC, AD, e BD são os segmentos resultantes nos lados do triângulo. O Teorema de Tales
é fundamental na geometria e é amplamente utilizado para resolver problemas relacionados a
proporções em figuras geométricas.

2. Desenvolvimento

As contribuições do Teorema de Tales para a geometria são significativas e


abrangentes. Desenvolvido na Grécia Antiga por Tales de Mileto, um dos "Sete Sábios", o
teorema estabeleceu uma base crucial para a compreensão das relações proporcionais entre
os lados dos triângulos e as linhas paralelas. Esta teoria contribuiu para a consolidação do
método dedutivo na matemática, influenciando os trabalhos subsequentes de grandes
matemáticos gregos, como Euclides. A importância do Teorema de Tales na atualidade é
notável, sendo fundamental em diversas áreas, desde a engenharia até a física, fornecendo
uma ferramenta robusta para resolver problemas de proporcionalidade em contextos variados.

Além disso, o Teorema de Tales teve um impacto duradouro na matemática, inspirando


o desenvolvimento de teorias mais avançadas. Sua aplicação se estende para além da
geometria elementar, influenciando tópicos como álgebra e análise matemática. A ideia
fundamental de proporção e a compreensão das relações entre segmentos de retas paralelas
foram fundamentais para o progresso matemático, moldando a forma como os matemáticos
abordam e resolvem problemas em diversas disciplinas. O Teorema de Tales continua a ser
uma peça essencial no vasto quebra-cabeça da matemática, destacando sua atemporalidade
e relevância contínua.

3. Conclusão

O conceito do trabalho foi apresentar como funciona o Teorema de Thales,


desenvolvido por Thales de Mileto e demonstrar sua importância para a matemática. Ao longo
do trabalho, exercemos atividades como exemplos para o entendimento da matéria, onde
podemos ter um maior entendimento de como ocorre o teorema de forma mais facilitada.
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Parte 3: Gottfried Wilhelm Leibniz


Teorema Fundamental do Cálculo | Escrito por Bruno Matos

1. Introdução I: Relevância por trás do cálculo diferencial

Para a matemática, o conceito de função consiste que, dentro de uma equação de


duas incógnitas, para cada valor dado a uma variável, existe um valor correspondente único e
específico na outra variável, garantindo uma relação unívoca. A exemplo disso, podemos
considerar a função afim (do 1º grau):

y = 3x + 8

Nela, vemos que y é uma variável dependente de x, tornando y "f(x)", que significa
justamente isso. Tratando a expressão como uma equação, é impossível determinar uma
solução para as duas incógnitas, porém, se atribuirmos um valor para uma, é possível
descobrir o valor de outra. A partir disso, a tabela a seguir define essa relação utilizando,
como exemplo, de alguns números arbitrários.

X Y

1 11

2 14

3 17

Utilizando um plano cartesiano, que consegue demonstrar um espaço bidimensional


cujas dimensões representam os valores contínuos de X e Y, é possível criar uma linha a
partir da função, cujo as coordenadas dos pontos correspondem às relações entre X e Y. No
gráfico abaixo, o eixo X é o horizontal e o Y o vertical, e cada ponto da linha representará um
valor para cada uma das variáveis que, substituídas na equação, a resolverá.
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Apesar da vasta utilidade e aplicação do conceito básico de funções, elas apresentam


algumas limitações e, em especial, uma: ela nos diz que para cada valor específico de x, há
um único valor correspondente de y, o que é essencial para garantir que a função seja bem
definida, porém, por outro lado, isso não nos oferece informações sobre como esses valores
de y mudam à medida que x varia continuamente. Consideremos uma função que descreve a
posição de um objeto em movimento ao longo do tempo. A definição de função nos dirá onde
o objeto está em momentos discretos, mas não dará informações detalhadas sobre como ele
se move entre esses momentos. Em vista dessa limitação e ao contexto de compreender as
mudanças contínuas nas quantidades, dois físicos europeus do século XVII desenvolveram o
cálculo integral e diferencial.

O cálculo diferencial é uma área fundamental da matemática que se concentra no


estudo das taxas de variação e como as quantidades mudam em relação umas às outras. Ele
é composto principalmente pelo cálculo de derivadas e tem como objetivo entender como as
funções se comportam em diferentes pontos e como suas inclinações se modificam. Em
outras palavras, ele permite analisar as mudanças instantâneas em grandezas contínuas
(tempo, espaço, quantidade, etc.).

Em contrapartida, o cálculo integral foca no processo inverso do cálculo diferencial: a


acumulação de quantidades. Enquanto o diferencial lida com a taxa de variação, o integral se
ocupa da soma dessas variações ao longo de um intervalo. É composto principalmente pelo
cálculo de integrais definidas e indefinidas. Em termos práticos, o cálculo integral é usado
para encontrar áreas sob curvas, volumes de sólidos de revolução, ou cálculo de grandezas
acumuladas como distância e tempo. Em resumo, enquanto o cálculo diferencial nos diz como
algo está mudando em um ponto específico, o cálculo integral nos dá uma visão do total
acumulado dessas mudanças.

2. Introdução II: Contexto Histórico

Desde a antiguidade, matemáticos buscavam métodos para calcular áreas e tangentes.


No entanto, os próprios conceitos formais de derivada e integral (técnicas desenvolvidas com
os fins mencionados na última frase) só começariam a ser delineados na Europa dos séculos
XVI e XVII. No século XVII, dois matemáticos, Isaac Newton, da Inglaterra, e Gottfried Wilhelm
Leibniz, da Alemanha, desenvolveram o cálculo de maneira independente, quase
simultaneamente.

Isaac Newton começou a desenvolver sua versão do cálculo no meio da década de


1660. Seus primeiros trabalhos, incluindo uma técnica para calcular derivadas chamada
"method of fluxions", não foram publicados imediatamente. Contudo, alguns de seus
resultados e métodos foram compartilhados em cartas e correspondências com outros
cientistas. Um pouco depois, Gottfried Wilhelm Leibniz começou a trabalhar em sua versão do
cálculo no final da década de 1670. Ele introduziu muitos dos símbolos matemáticos que
usamos hoje, como a integral ∫ e a notação dy/dx para derivadas. Seu trabalho foi publicado
em 1684 e 1686.
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À medida que os trabalhos de Leibniz foram publicados e ganharam reconhecimento,


surgiu a questão de prioridade. Havia suspeitas na Inglaterra de que Leibniz tinha plagiado o
trabalho de Newton, especialmente porque se sabia que Leibniz tinha visto alguns dos
manuscritos não publicados de Newton em sua visita a Londres em 1673. Inicialmente, a
controvérsia foi mantida em círculos privados, com trocas sutis e indiretas nos escritos e
correspondências. Não era um conflito direto entre Newton e Leibniz, mas sim entre seus
seguidores e defensores.

Entretanto, em 1704, a acusação de plágio tornou-se explícita. Newton, em uma edição


de seus "Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica", inseriu uma análise de sua própria
história do cálculo, sugerindo que Leibniz tinha se apropriado de suas ideias. Posteriormente,
em 1708, John Keill, um defensor de Newton, acusou Leibniz de plágio em uma carta que foi
publicada. Leibniz, naturalmente, refutou a acusação e pediu à Royal Society (da qual Newton
era presidente) para esclarecer o assunto.

Em 1712, a Royal Society montou um comitê para investigar o assunto. O relatório,


conhecido como "Comitatus", foi fortemente tendencioso em favor de Newton. O próprio
Newton teve uma mão na escrita e no direcionamento do relatório, embora isso não fosse
amplamente conhecido na época. Leibniz tentou se defender e contou com o apoio de muitos
matemáticos europeus continentais. No entanto, a influência da Royal Society e a reputação
de Newton eram consideráveis.

A disputa continuou mesmo após a morte de Leibniz em 1716. Apenas no século XIX,
com as emoções já acalmadas e a distância histórica, o consenso entre os historiadores foi de
que ambos os matemáticos haviam desenvolvido o cálculo independentemente. A realidade é
que, enquanto eles podem ter chegado às suas descobertas independentemente, a síntese de
suas abordagens e ideias formou a base do que entendemos por cálculo hoje.

O motivo por trás da escolha de Leibniz e não Newton para este trabalho se dá pelas
diferenças entre as contribuições de cada um. Enquanto Isaac Newton desenvolveu o cálculo
para aplicá-lo na formulação de suas leis da física e da gravitação, Leibniz estava mais
interessado na matemática pura e na criação de um sistema matemático abstrato e universal.
Ele desenvolveu o cálculo como uma ferramenta matemática geral, aplicável não apenas à
física, mas também a diversas áreas da matemática e da ciência, introduzindo notações e
conceitos que tornaram o cálculo mais versátil. A notação utilizada hoje foi criada por Leibniz
e, como o interesse aqui é demonstrar a aplicação matemática, focamos em seu nome,
apesar de haver muitos conceitos envolvidos que foram desenvolvidos por Newton. Em
conclusão, é necessário manter em mente que, de forma simples, os dois possuem
contribuição e importância substancial.
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3. Desenvolvimento I: Etapa teórica

Primeiramente, é necessário obter uma noção básica dos conceitos de integral e


derivada. Através do Teorema Fundamental do Cálculo, o cálculo integral e o cálculo
diferencial estão inversamente relacionados, assim como as operações de adição e
subtração.

De maneira abstrata, ao analisar uma função com linha curva, torna-se um desafio
calcular a área debaixo da curva entre um determinado intervalo do eixo X. Para isso, pode-se
dividir essa área em inúmeros retângulos em que a altura Y de cada retângulo será a mesma
em que o ponto da curva no local está passando, enquanto a largura X será muito pequena.
Na verdade, formar retângulos debaixo de uma curva fará com que haja alguns espaços
imprecisos, visto que o retângulo é uma forma reta no topo, em contraste com a linha curva.

Em vista disso, quanto mais estreitos forem os intervalos da largura dos retângulos,
maior será a precisão na hora de somá-los para calcular a área. Nesse sentido, a integral
consiste em estreitar a largura X desses retângulos a intervalos infinitesimais, ou seja, quase
que infinitamente pequenos, no limite do zero (porque o valor não pode se equivaler a zero,
pois qualquer cálculo posterior seria inútil). A ideia de "cálculo integral", que é integrar o
intervalo de uma função, é justamente calcular essa área debaixo da curva entre os intervalos
estabelecidos.
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Para compreender o cálculo diferencial e a noção de derivadas, é necessário entender


o que é a inclinação de uma linha. Se selecionarmos dois pontos em uma linha (seja ela curva
ou reta), a razão entre o deslocamento vertical (Δy) e o deslocamento horizontal (Δx) será a
inclinação média da linha dentro desse intervalo. Um exemplo prático disso (que será
aprofundado no próximo capítulo) é de uma função que relaciona o deslocamento espacial
medindo distância no eixo Y e tempo no eixo X. Ao derivar um intervalo conforme descrito, a
razão obtida seria a velocidade média daquele intervalo. Porém, assim como os retângulos
nas integrais, o conceito real de derivada se dá quando o intervalo medido na linha também é
infinitesimal. Nesse caso, é possível atribuir uma linha reta que tangencia esse ponto (o
conceito de reta tangencial está abaixo deste parágrafo). Como o intervalo é infinitesimal, o
trecho da curva que une os dois pontos desse intervalo será praticamente reto, e paralelo à
reta tangente desse ponto, permitindo uma medida precisa da taxa de variação instantânea.
Podemos expressar uma derivada como dy/dx, já que é a razão entre esses dois intervalos
infinitesimais. O próprio valor dessa expressão pode ser definido como a tangente do ângulo
que a reta tangencial está inclinada. Ou seja, se a inclinação da reta tangente naquele ponto
específico for de 60º, é conclusivo que a derivada daquele ponto, que é a taxa de inclinação
dada pela razão descrita anteriormente, é igual a raiz quadrada de 3 (que é a tangente de
60º).

Reta tangencial: linha reta que toca uma curva ou superfície em um ponto específico (uma vez
só), sem cruzá-la, e tem a mesma inclinação da curva ou superfície nesse ponto.

A imagem ao lado exibe


uma reta tangenciando o
ponto 1, 1 de uma
parábola. A tangente do
ângulo em que a reta
tangencial está inclinada
é igual a razão entre o
deslocamento vertical e
horizontal (que é a taxa
de variação instantânea),
portanto, considerando
essa reta tangencial uma
hipotenusa, essa razão
se torna cateto oposto sobre cateto adjacente, a razão trigonométrica que representa a
tangente de um triângulo.

No caso da imagem à direita,


múltiplas retas tangentes são
alocadas em múltiplos pontos da
linha curva.
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4. Desenvolvimento II: Procedimento Prático

O objetivo principal deste trabalho é demonstrar, de maneira genérica, a aplicação do


Teorema Fundamental do Cálculo, cujo conceito será abordado posteriormente. Para isso, é
necessário entender, de forma prática, o que significa achar a função integral ou a função
derivada de uma função.

Suponha a função y = x². Caso o x seja 3, y será 9. Esse ponto, no gráfico, faz parte da
curva da parábola que é a função original (chamamos a função original de primitiva, antes
dela sofrer alguma alteração dessa natureza). A derivada desse ponto 3, 9, como descrito
anteriormente, é a tangente do ângulo da inclinação da reta que tangencia esse ponto. A
função derivada da função primitiva y = x², utilizando técnicas de derivação (que não serão
abordadas neste trabalho, dada a complexidade da compreensão), é y = 2x. Essa função
derivada significa que no mesmo ponto x = 3, teremos um valor de Y (6, nesse caso) que será
o valor da tangente daquele ponto 3, 9 na função primitiva. Esta é a ideia de função derivada.

Outra operação comum é a de encontrar a antiderivada de uma função. Isto é, achar a


função que, quando derivada, retorna a função primitiva. Guarde essa informação e inicie
outro raciocínio: o conceito de integral é a operação inversa da derivada. Em vez de olhar
para a taxa de variação, a integral nos ajuda a descobrir como a função acumula ou soma
essas mudanças ao longo de um intervalo. Nesse sentido, quando você acha a função
integral de uma função primitiva, caso a função integral seja derivada, você retornará para a
função primitiva. Por isso, achar a função integral e achar a antiderivada é a mesma coisa.
Diferenciar esses termos é importante para não confundir encontrar a "integral" de uma
função e a "função integral" de outra. A primeira consiste em achar a área sob a curva,
enquanto a segunda é sinônimo de antiderivada, pois está no sentido de ser a operação
inversa relacionada à de encontrar a função derivada. De um jeito parecido, também é
importante diferenciar que, o termo "derivada" se refere a derivada em um ponto específico na
função (podem haver infinitos), enquanto a função derivada é aquele conceito descrito
anteriormente. Isso acontece visto que não tem como achar a "derivada" por si só a partir de
uma função, pois essa derivada pode significar qualquer ponto em qualquer local da linha.
Porém, é possível encontrar a função derivada. Com esses conceitos claros, seguimos em
frente.

A imagem abaixo é a expressão do Teorema Fundamental do Cálculo:


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O primeiro símbolo é uma integral, que se refere à área sob a curva entre o intervalo
representado por A e B no eixo X enquanto "f(t) dt" é a função que está sendo integrada. Do
outro lado, F maiúsculo significa a função integral, ou a antiderivada, da função do lado
esquerdo. Repare que ela está sendo subtraída por ela mesma, porém, o valor de X em cada
uma será substituído por B e A. O resultado dessa subtração será a área debaixo da curva,
como foi definido pelo intervalo da integral na função original.

O Teorema Fundamental do Cálculo relaciona a integral definida de uma função


contínua f(x) em um intervalo [a,b] com a antiderivada F(x) de f(x). Ele afirma o seguinte: Se
f(x) é contínua em um intervalo [a,b] e F(x) é qualquer antiderivada de f(x) nesse intervalo,
então a integral definida de f(x) de a até b é igual a F(b)−F(a). De maneira mais leiga, o
teorema pode ser enxergado como um atalho mágico que conecta duas coisas principais em
matemática: derivadas e integrais. Se você sabe o que uma função faz em um ponto
(derivada), você pode descobrir o que ela faz ao longo de um intervalo inteiro (integral), e
vice-versa.

Obs: A fim de esclarecimento, uma integral definida é quando se sabe seu intervalo. Quando
ele é desconhecido ou irrelevante, a integral é indefinida. Porém, não é necessário saber
estes conceitos para os tópicos abordados neste trabalho.

Abaixo, o processo é explicado pelo ChatGPT-4 utilizando um exemplo de y = x².


Não ficou claro no início do exemplo, mas o intervalo utilizado na integral foi a=1 e b=2.
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5. Aplicação I: Contexto (MRUV como exemplo)

Para demonstrar uma aplicação prática do Teorema Fundamental do Cálculo, será


utilizada as equações horárias da posição e da velocidade no MRUV (movimento retilíneo
uniformemente variado).

Existe uma interconexão entre grandezas físicas relacionadas por meio de operações
de derivada e integral. Um caso que isso ocorre é entre as grandezas de deslocamento (s),
velocidade (v) e aceleração (a). Quando derivamos o deslocamento, obtemos a velocidade, e
quando derivamos a velocidade, obtemos a aceleração. No processo inverso, quando
integramos a aceleração, obtemos a velocidade, e quando integramos a velocidade, obtemos
o deslocamento. Nota: todas as derivações e integrações descritas agora são com respeito ao
tempo (t).

O motivo no qual isso ocorre é o seguinte: o deslocamento representa a posição de um


objeto em relação a um ponto de referência em um determinado momento. A velocidade, por
sua vez, mede a taxa de mudança dessa posição em relação ao tempo, ou seja, a derivada
do deslocamento em relação ao tempo. Isso significa que a velocidade é a taxa instantânea
de variação da posição, ou seja, uma derivada. A aceleração, por sua vez, representa a taxa
de mudança da velocidade em relação ao tempo, ou seja, a derivada da velocidade em
relação ao tempo.

Por outro lado, as integrais são operações inversas das derivadas. Ao integrar a
velocidade em relação ao tempo, obtemos o deslocamento, pois a integral representa a
acumulação de mudanças ao longo do tempo. Da mesma forma, ao integrar a aceleração em
relação ao tempo, obtemos a velocidade. Assim, a interconexão entre deslocamento,
velocidade e aceleração por meio de derivadas e integrais permite-nos compreender como o
movimento de um objeto evolui com o tempo. Lembrando, novamente, que todos os
processos de derivação e integração descritos são em relação à grandeza do tempo.

O gráfico abaixo exemplifica a derivada da posição/deslocamento (s) com respeito ao


tempo (t), que resulta na velocidade. Isso comprova a fórmula muito conhecida por estudantes
na direita, na qual velocidade é a razão entre variação de posição e variação de tempo, o que
pode ser concluído a partir da derivada exibida.
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O gráfico abaixo mostra três funções para o Movimento Retilíneo Uniformemente


Variado (MRUV). Ele ilustra como a derivada e a integral se relacionam no MRUV, conforme
descrito nos últimos parágrafos.

S(t) é a função de posição


v(t) é a função da velocidade, que é a derivada de S(t)
a(t) é a função da aceleração, que é a derivada de v(t)
(Para saber a ordem das integrais, o processo é simplesmente o inverso)

As fórmulas (neste caso, funções) para as equações horárias da posição e da velocidade são,
respectivamente:

No gráfico anterior, é possível ver que a linha do deslocamento é curva (quadrática),


pois a aceleração constante faz com que a variação do deslocamento aumente a cada tempo.
Enquanto isso, a curva da velocidade é uma linha crescente reta, pois a velocidade está
crescendo/variando de maneira uniforme. Já a linha da aceleração é uma linha reta horizontal
que não varia no eixo Y, pois no MRUV, a aceleração é constante. É por isso que não há uma
fórmula para a aceleração no MRUV, pois a fórmula seria uma simples constante.
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6. Aplicação II: Cálculo diferencial e integral das funções do MRUV na prática

Primeiramente, é necessário esclarecer que ao integrar ou derivar uma função, são


utilizadas diferentes técnicas, dependendo da função, e são técnicas muito complexas para se
"provar" ou explicar o sentido por trás dentro dos limites deste trabalho.. Por isso, elas serão
citadas somente a fim de demonstrar o cálculo na prática, mas não é preciso entendê-las.

Iniciaremos derivando a função horária do deslocamento:

Utilizando a notação para derivadas dy/dx, podemos representar a derivada da função


s(t) em relação ao tempo t por ds(t)/dt. Após isso, substituímos em s(t) o lado direito inteiro da
fórmula. Pelas regras de derivação, uma constante sozinha é eliminada, então S0 é cortado.
No caso do termo V0 * t, o "t" irá sumir, pois a derivada de "v0" em relação ao tempo "t" é igual
a zero já que "v0" não depende de "t" e não está mudando à medida que o tempo passa. Já
no terceiro termo, uma regra de derivação exige que o expoente seja subtraído por 1, assim
como o denominador. Por isso, a*t^2/2 se torna a*t. Na verdade, é pelo mesmo motivo que S0
some: retirando um do expoente e do denominador, o termo se equivalerá a zero.

Reescrevendo a equação com as mudanças descritas, obtemos, justamente, a


equação horária da velocidade. No caso, o lado esquerdo será v(t) e não s(t), de acordo com
as relações que as três grandezas mencionadas anteriormente possuem. Se derivarmos a
função horária da velocidade, a*t se tornará somente "a" igual no último procedimento,
enquanto v0 será eliminado. Portanto, a aceleração será uma simples constante e não uma
fórmula, o que faz sentido já que, no MRUV, a aceleração é uniforme.

No processo inverso de integração, ao integrarmos a constante da aceleração,


retornaremos a equação horária da velocidade. A integral de "a" gera a*t (pois, agora, o tempo
também passa a ser relacionado) e, como todo processo de integral, uma constante é
adicionada que, nesse caso, será a velocidade inicial na equação da velocidade.

Por fim, integraremos a função horária da velocidade para se tornar a da posição.


Assim como no processo anterior, o termo isolado v0 passa a multiplicar um "t", pois agora
também se relaciona com o tempo. Enquanto isso, o termo a*t, por uma regra das integrais (a
mesma da derivada, porém o inverso), tem seu expoente e denominador somado por 1,
tornando-o a*t^2/2. E, como todo processo de integral, uma constante é adicionada que,
nesse caso, é a posição inicial. Com isso, obtemos a equação horária da posição.

7. Conclusão

O objetivo principal deste trabalho é para que pessoas interessadas na matemática


leigas no contexto de Cálculo possam ter um primeiro contato com os conceitos explorados,
seja para obter uma visão geral dos tópicos ou para aqueles que se interessam em ingressar
em algum curso superior com disciplina de Cálculo entrarem com uma noção básica, o que
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ajuda muito dada a aparente abstração e complexidade do assunto, que é um estilo de


matemática inédito para aqueles que ainda cursam o Ensino Médio.
Foram explicados os princípios essenciais do cálculo integral e diferencial ao longo do
documento, abordando desde conceitos fundamentais de funções até a aplicação prática
dessas ferramentas na resolução de problemas. As derivadas foram exploradas como meio
de quantificar taxas instantâneas de variação, sendo ilustradas através de um exemplo
envolvendo o cálculo das mesmas em uma situação envolvendo Movimento Retilíneo
Uniformemente Variado (MRUV). Apesar disso, o cálculo possui uma amplitude de aplicações
reais nos dias atuais em áreas como engenharia, pesquisa física, estatística, computação,
geodésia e astronomia.
É evidente que a aprendizagem inicial do cálculo pode ser desafiadora, por isso, esse
documento visa "quebrar o gelo" em relação a esses conceitos iniciais, permitindo um
aprendizado mais fluido. Encoraja-se que aqueles que leram e que desejam realizar cursos
superiores envolvendo cálculo que se aprofundem mais nos conceitos e na continuação da
exploração e aplicação desses princípios matemáticos, pois eles servem como uma base
sólida para a compreensão e a análise em diversas disciplinas que ainda estão por vir.

Por fim, enfatiza-se que o conhecimento matemático


é uma ferramenta universal e poderosa que permite a
descrição precisa e quantitativa de uma ampla gama de
fenômenos naturais e artificiais. A matemática, em sua
essência, é uma linguagem da ciência e da engenharia,
fornecendo as ferramentas necessárias para a compreensão
e a resolução de problemas complexos em nosso mundo.
Para concluir o trabalho, vale ressaltar uma fala que
Feynman, físico teórico americano, disse a Wouk, escritor de
ficção histórica, que posteriormente publicou um livro
intitulado da mesma frase em 2010 a respeito de um
conciliamento entre ciência e religião, baseado em suas
conversas com Feynman. Em uma dessas conversas,
Feynman perguntou após uma entrevista se Wouk sabia
sobre cálculo. Wouk admitiu que não. "É melhor você
aprender", disse Feynman. "É a língua que Deus fala". Essa
afirmação é interessante, pois, o cálculo é o estudo da
mudança, e a grande maioria dos fenômenos físicos que
ocorrem no universo conseguem ser perfeitamente descritos
por essas ferramentas, ou "linguagem" matemática.

8. Fontes visuais

Wolfram Alpha | Computational Intelligence https://www.wolframalpha.com/


ChatGPT-4, OpenAI https://openai.com/
Khan Academy: AP®︎ / College Calculus AB https://www.khanacademy.org
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Parte 4: Biografias
1. Fibonacci

Leonardo Fibonacci (1170 — 1250) foi um matemático italiano, de grande influência na idade
média. Muitos consideram Fibonacci como o maior matemático da idade média. Introduziu os
algarismos arábicos na Europa e descobriu a sequência de Fibonacci.
Leonardo Fibonacci nasceu em Pisa. Filho de Guglielmo dei Bonacci, um próspero mercador,
acompanhou as atividades do pai no porto de Pisa, que mantinha grande influência no comércio do
Mediterrâneo. Através das atividades de comércio alfandegário, Fibonacci tomou contato com a
matemática hindu e árabe, praticada no comércio oriental. Sob a proteção do imperador Frederico II, e
por ter resolvido problemas matemáticos da corte, Fibonacci aprofundou seus estudos sobre
matemática, avaliando que os algarismos arábicos seriam mais eficientes que os números romanos
para cálculos aritméticos. Isso fez com que o matemático pudesse viver apenas dos estudos e
pesquisas. Aos 32 anos, Fibonacci publicou o livro "Liber Abaci" (Livro do Ábaco ou Livro de Cálculo),
responsável pela disseminação dos números hindu-arábicos na Europa. Outros livros importantes do
matemático: "Practica Geometriae" (1220), "Di minor guisa", sobre aritmética comercial e
"Commentário ao Livro X de 'Os Elementos', de Euclides. Não se tem informações comprovadas da
vida de Fibonacci depois de 1228. Como prestou grandes serviços a cidade de Pisa, o matemático
possui uma estátua em sua homenagem, localizada na galeria ocidental do Camposanto.

2. Thales de Mileto

Thales de Mileto, nascido por volta de 624 a.C. na Grécia Antiga, é reconhecido como um dos
Sete Sábios. Ele foi um influente filósofo, matemático e astrônomo, destacando-se por buscar
explicações racionais para fenômenos naturais. Originário de Mileto, suas contribuições mais notáveis
incluem o Teorema de Tales, que estabelece relações proporcionais em triângulos com linhas
paralelas, e a previsão de um eclipse solar em 585 a.C. Thales deixou um legado duradouro, sendo
considerado o primeiro filósofo ocidental e influenciando o desenvolvimento da tradição filosófica e
científica na Grécia Antiga.

3. Leibniz

Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), destacado filósofo e matemático alemão, foi essencial
no avanço do cálculo integral e binário, influenciando o desenvolvimento dos programas de
computadores. Nascido em Leipzig em 1º de julho de 1646, órfão e educado com rigor religioso pela
mãe, Leibniz ingressou na Universidade de Leipzig aos 14 anos, graduando-se em filosofia com a tese
"Meditação sobre o princípio da individuação", introduzindo as Mônadas como unidades primordiais do
universo. Doutorou-se em Direito na Universidade de Altdorf, destacando-se também na diplomacia,
promovendo a paz no Sacro Império Romano Germânico. Membro da Royal Society em Londres,
apresentou sua máquina de calcular e formulou o teorema fundamental do cálculo. Faleceu solitário,
vítima de gota, em Hanôver, Alemanha, em 14 de novembro de 1716.

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