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DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

11.º ANO EM RESUMO


DOMÍNIO 1: MECÂNICA
SUBDOMÍNIO 1: TEMPO, POSIÇÃO, VELOCIDADE E
ACELERAÇÃO

1.1 TEMPO, POSIÇÃO, DESLOCAMENTO E GRÁFICOS POSIÇÃO-TEMPO


Tempo
No estudo dos movimentos de um qualquer sistema mecânico que pode ser representado pelo seu
centro de massa é essencial conhecer a posição da partícula em cada instante.
Um instante (t) é o momento indicado por um cronómetro, medido a partir do início da contagem do
tempo, também designado a origem dos tempos. Já um intervalo de tempo ( Δt ), corresponde à
diferença entre o instante final e o instante inicial:
Δ t=t f −t i ( s )
A linha que une o conjunto das posições sucessivas ocupadas por um corpo ao longo do tempo
designa-se trajetória, que pode ser retilínea ou curvilínea.

Exemplos de trajetórias: retilínea, deixada pelo rasto luminoso de meteoros (A) e curvilínea, assinalada pelo fumo
expelido pelo avião (B) ou pelo movimento das cabines de uma roda gigante (C).

Referencial
O estado de repouso ou de movimento e a trajetória dependem do referencial escolhido:
 Um referencial pode ser um corpo ou um sistema de coordenadas em relação ao qual é definida
a posição, a trajetória e o movimento da partícula em estudo.
 Uma partícula estará em movimento ou em repouso conforme a sua posição varia ou não em
relação ao referencial escolhido.
Posição
A posição (x ou y) de uma partícula pode ser determinada a partir das coordenadas cartesianas de
um referencial unidimensional– reta orientada, coincidente com a direção da trajetória e com uma
origem, O, arbitrada.
Um corpo move-se no sentido positivo se o sentido do movimento coincide com o sentido do
referencial cartesiano e move-se no sentido negativo se o sentido do movimento for contrário ao do
referencial cartesiano.

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Identificação do sentido positivo ou negativo do movimento a partir da orientação escolhida para o referencial.

Deslocamento
A distância percorrida ou espaço percorrido (d) é uma grandeza física escalar que corresponde
ao comprimento total da trajetória efetuada pela partícula. A distância percorrida é sempre positiva e
a sua unidade no SI é o metro (m).
O deslocamento ( Δ r⃗ ) é uma grandeza física vetorial e corresponde a um segmento de reta
orientado que une a posição inicial à posição final, indicando a variação de posição.
Numa trajetória retilínea, coincidente com o eixo Ox, em que a direção já é conhecida, pode
simplificar-se a análise do deslocamento referindo apenas o módulo do deslocamento (| Δ x|), que
indica apenas a intensidade da grandeza, ou a componente escalar do deslocamento ( Δ x ) , que
além da intensidade indica o sentido do vetor deslocamento pois corresponde à diferença entre a
posição final e a posição inicial:
Δ x=x f −x i ( m)
Embora o módulo do deslocamento seja sempre positivo, a componente escalar do deslocamento
pode ser:
 negativa, se a partícula se desloca no sentido negativo da trajetória;
 positiva, se a partícula se desloca no sentido positivo da trajetória.
Um deslocamento nulo pode significar que:
 a partícula esteve parada;
 a partícula terminou o seu movimento na mesma posição em que o iniciou.

Na viagem de Setúbal a Évora a distância percorrida é superior ao módulo do deslocamento.

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Conclusão:
Numa trajetória curvilínea a distância percorrida é sempre superior ao módulo do deslocamento.
Quando a trajetória é retilínea e não há inversão no sentido do movimento a distância percorrida
coincide com o módulo do deslocamento.
Pode haver uma distância percorrida com deslocamento nulo, se as posições inicial e final do
movimento coincidirem.

Gráficos posição-tempo
Para descrição de um movimento é possível utilizar:
Coordenadas de posição Gráfico de posição em função do
Tabela horária do movimento
sobre a trajetória tempo

t/s y/m
0,0 3,1
0,2 2,9
0,4 2,4
0,6 1,4
0,8 0,0

Nota:
A linha do gráfico posição-tempo não coincide com a trajetória descrita pelo corpo, apenas descreve
o seu movimento.
Da análise de um gráfico posição-tempo ( x=f (t ) ), para um movimento retilíneo segundo uma
direção horizontal em relação a um dado referencial, além de ser possível identificar as várias
posições ocupadas pela partícula, é possível concluir que a partícula:

 passa na origem do referencial quando ( x=0 m ) ; (D)

 está parada ou em repouso, se a linha é horizontal


(a posição não varia, é constante); (B – C)
 se move no sentido positivo, se a linha é crescente
(a valor da coordenada de posição aumenta); (A – B
e C – E)
 move-se no sentido negativo, se a linha é
decrescente (o valor da coordenada de posição
diminui); (E – F)
 inverte o sentido do movimento num ponto máximo
ou mínimo. (E)

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1.2 VELOCIDADE MÉDIA, VELOCIDADE E GRÁFICOS POSIÇÃO-TEMPO


Enquanto a rapidez média, grandeza física escalar sempre positiva, indica a distância percorrida por
uma partícula, em média, por unidade de tempo r m= ( d
Δt )
, a velocidade média ( ⃗v m ) é uma grandeza

física vetorial que define a variação da posição de um corpo num determinado intervalo de tempo,
cuja unidade no SI é o m s−1.
Tratando-se de um movimento retilíneo em que se usa um referencial unidimensional de eixo Ox,
sendo a direção conhecida, pode simplificar-se a análise da grandeza referindo-se apenas ao
módulo da velocidade média (|v m|) ou à componente escalar da velocidade média ( v m ) que
corresponde a:

{
Se a partícula se deslocano sentido positivo , x f > x i ⇒ Δ x >0 e v m >0 ;
Δx Se a partícula se deslocano sentido positivo , x f < x i ⇒ Δ x <0 e v m <0 ;
v m= (m s )
−1
Δt Se a partícula está parada ou se a posição final coincide com a posição inicial ,
x f =x i ⇒ Δ x=0 e v m=0

A velocidade instantânea ou velocidade ( ⃗v ), num determinado instante, é o vetor para o qual a


velocidade média tende quando o intervalo de tempo se torna infinitamente pequeno. É uma
grandeza física vetorial com:

 direção tangente à trajetória na posição da partícula em cada instante.


 sentido do movimento da partícula: o valor positivo ou negativo da componente escalar
da velocidade da partícula depende do sentido positivo ou negativo do movimento,
respetivamente.
 intensidade que define a rapidez com que a partícula muda de posição.

Representação da velocidade em diferentes instantes, numa trajetória curvilínea (A) e retilínea (B).

Ainda que o velocímetro da mota indique sempre Numa trajetória retilínea, se o módulo da
o mesmo valor de velocidade (instantânea), velocidade não variar, a velocidade é
numa trajetória curvilínea a velocidade não é constante (em direção, sentido e
constante pois varia em direção. intensidade) e será também igual à
velocidade média ( ⃗v =⃗v m ) nesse
intervalo de tempo.

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É também o módulo da velocidade que define o


movimento adquirido pela partícula:

 Se o módulo da velocidade permanece


constante o movimento designa-se uniforme
e a partícula animada deste movimento
percorre distâncias iguais em tempos iguais.
 Se o módulo da velocidade aumenta o
movimento designa-se acelerado e a
partícula animada deste movimento percorre
distâncias cada vez maiores no mesmo
intervalo de tempo.
 Se o módulo da velocidade diminui o movimento designa-se retardado e a partícula
animada deste movimento percorre distâncias cada vez menores no mesmo intervalo de
tempo.

Representação da velocidade de um motociclista com


movimento uniforme, acelerado e retardado.
Gráficos posição-tempo
Num gráfico posição-tempo:

A componente escalar do deslocamento num determinado intervalo de tempo [ t i ; t f ] s determina-se


pela diferença entre a posição final, x f , e a posição inicial, x i, desse intervalo de tempo por leitura
desses valores no gráfico.

A componente escalar da velocidade média de uma partícula, com movimento retilíneo num dado
intervalo de tempo, corresponde ao declive da reta secante (a vermelho) que passa pelos pontos da
curva correspondentes aos extremos do intervalo de tempo considerado.
Note-se que:

 se a partícula passa do ponto A=( t i ; x i ) para o ponto B=( t f ; x f ), o declive será:

x f −x i Δ x
= =v m
t f −t i Δ t
A componente escalar da velocidade de uma partícula num determinado instante corresponde ao
declive da reta tangente à curva nesse instante:

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 se o declive é positivo ( v> 0) o movimento é no sentido positivo; (I e II)


 se o declive é negativo ( v< 0) o movimento é no sentido negativo; (IV e V)
 se o módulo do declive é constante o movimento é uniforme;

 se o módulo do declive aumentar (aproxima da vertical) é acelerado; [ 10 ; 15 ] s

 se o módulo do declive diminuir (aproxima da horizontal) é retardado; [ 0 ; 5 ] s

 se o declive é nulo ( v=0) ou está em repouso, ou a inverter o sentido ou a alterar de movimento


retardado para acelerado ou vice-versa. (III)

1.3 ACELERAÇÃO E GRÁFICOS VELOCIDADE-TEMPO

A aceleração média ( a⃗ m ) define-se como a variação da velocidade de um corpo num determinado


intervalo de tempo:
Δ ⃗v
a⃗ m= ( m s−2 )
Δt
A aceleração ( a⃗ ) é o vetor para o qual a aceleração média tende num intervalo de tempo
infinitamente pequeno e traduz o modo como varia instantaneamente a velocidade.
Num gráfico v=f ( t ):

 a componente escalar da aceleração média do corpo com movimento retilíneo corresponde ao


declive da reta secante que passa nos pontos do intervalo de tempo considerado;
 a componente escalar da aceleração num determinado instante, corresponde ao declive da
reta tangente à curva nesse instante.

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Num gráfico v=f (t), a aceleração média corresponde ao declive da reta secante, a verde, e a aceleração ao
declive da reta tangente, a vermelho (A), sendo iguais se o módulo da velocidade variar linearmente com o tempo
(B).

Quando a componente escalar da velocidade varia linearmente com o tempo, ou seja, varia
sempre na mesma proporção para intervalos de tempo iguais:
 a componente escalar da aceleração é constante e coincide com o declive da reta do gráfico
v=f ( t );
 a aceleração média em qualquer intervalo de tempo é numericamente igual à aceleração.
 o movimento designa-se uniformemente variado.
Uma partícula com movimento curvilíneo está sempre sujeita a uma aceleração. Como a velocidade
muda constantemente de direção, além de poder variar também em módulo, o corpo possui uma
aceleração numa direção diferente da velocidade em cada instante.
Um corpo com movimento retilíneo pode não estar sujeito a aceleração se o módulo da velocidade
não variar, como acontece com o movimento retilíneo uniforme ( a⃗ =0⃗ ) . Mas se existe aceleração, a
sua direção será sempre coincidente com a direção da velocidade em cada instante e no:
 mesmo sentido da velocidade se o movimento é acelerado;
 sentido oposto à velocidade se o movimento é retardado.
Na análise de um gráfico velocidade-tempo de um movimento retilíneo pode concluir-se que o
corpo:

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 está parado, se a curva do gráfico é uma linha horizontal sobre o eixo das abcissas (o módulo da
velocidade é nulo); (VII)

 inverte o sentido do movimento quando a curva do gráfico cruza o eixo das abcissas; ( t=4,0 s )

 move-se no sentido positivo se a curva está acima do eixo das abcissas; ([ 0,0 ; 4,0 ] s e [ 7,0 ; 9,0 ] s ).

 move-se no sentido negativo, se a curva está abaixo do eixo das abcissas; ( [ 4,0 ; 6,0 ] s )

 apresenta movimento uniforme, se a curva é uma linha horizontal (o módulo da velocidade


mantém-se constante); (III)
 apresenta movimento acelerado, se a velocidade aumenta em módulo (I, V e VIII) ou retardado se
a velocidade diminui em módulo (II, IV e VI), o que acontece se a linha da curva do gráfico se
afasta ou aproxima, respetivamente, do eixo das abcissas;
 apresenta movimento uniformemente acelerado se o módulo da velocidade aumenta linearmente
com o tempo (o módulo da aceleração é constante e se v> 0 então a> 0 e se v< 0 então a< 0); (I e
V)
 apresenta movimento uniformemente retardado se o módulo da velocidade diminui linearmente
com o tempo (o módulo da aceleração é constante e se v> 0 então a< 0 e se v< 0 então a> 0); (IV
e VI)
 a componente escalar do deslocamento corresponde à soma de todas as áreas definidas entre a
curva do gráfico e o eixo das abcissas, afetadas do sinal positivo ou negativo, dependendo se a
área se encontra acima ou abaixo, respetivamente, do eixo das abcissas
 a distância percorrida sobre a trajetória corresponde à soma de todas as áreas definidas entre a
curva do gráfico e o eixo das abcissas.
Relembre que:

2 b×h B+b
Aquadrado =l Atriângulo= Atrapézio = ×h
2 2
Onde l é o lado do quadrado, é o comprimento da base, é a altura e é a base maior do
trapézio.

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Subdomínio 2: Interações e seus efeitos


2.1 INTERAÇÃO GRAVÍTICA E TERCEIRA LEI DE NEWTON

Uma força é o resultado de uma interação entre dois corpos. Representa-se por ⃗
F , sendo a unidade no SI o
newton, N. Como resultado dessa interação, a força exercida por um dos corpos provoca uma ação sobre o
outro que pode influenciar o estado de repouso ou de movimento do corpo. Se o corpo não se mover
livremente, a ação de uma força num corpo poderá provocar-lhe uma deformação.

As forças são grandezas vetoriais com:


 direção: a da reta segundo a qual a força atua.
 sentido: que indica a orientação da força numa dada direção.
 intensidade: que indica o módulo da força e corresponde à norma
do vetor, acompanhado da respetiva unidade.
 ponto de aplicação: Centro de massa do corpo.

Interações fundamentais na natureza


Os físicos explicam todas as interações observadas na Natureza através de quatro interações
fundamentais:
Ordem de grandeza Gravítica Eletromagnética Nuclear forte Nuclear fraca
−15 −17
do alcance / m Ilimitado Ilimitado 10 10
−40 −2 −5
da intensidade relativa* 10 10 1 10
Responsável pela
Responsável atração ou Responsável Responsável
pela atração repulsão entre pela coesão pelo
Função
entre corpos partículas com dos núcleos decaimento
com massa. carga elétrica ou atómicos radioativo
entre ímanes
*obtida por comparação com a intensidade da força nuclear forte
Interação gravítica
De acordo com a Lei da Gravitação Universal, da interação entre dois corpos com massa resulta a
aplicação de uma força gravítica atrativa em cada um deles cuja intensidade é diretamente
proporcional ao produto das suas massas, m 1 e m2, e inversamente proporcional ao quadrado da
distância, r , entre os seus centros de massa:
m1 m2
F g=G
r2
A sua intensidade é fraca. Para se detetar o seu efeito, um dos corpos deve ter uma massa muito
elevada.
A força gravítica que a Terra, ou qualquer outro astro, exerce sobre um corpo, devido à interação
gravítica com esse corpo, é também designada por peso.

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Terceira Lei de Newton


De acordo com a Terceira Lei de Newton, quando dois corpos A e B interagem entre si, o corpo A
exerce sobre o corpo B uma força, ⃗
F A /B , e o corpo B exerce uma força sobre o corpo A, ⃗
F B / A , com a
mesma intensidade e direção, mas com sentido oposto:


F A /B =−⃗
FB/A

 Um par de forças nestas condições constitui um par ação-reação, ocorrem em simultâneo e


resultam de uma mesma interação, logo são sempre da mesma natureza.
 Mesmo que as massas dos corpos que interagem sejam diferentes, ambas as forças têm a
mesma intensidade, mas o efeito que têm em cada um dos corpos, esse sim, depende da massa
dos corpos.
 Não se pode considerar nulo o efeito deste par de forças, uma vez que atuam em corpos
diferentes.
O par ação-reação do peso do corpo encontra-se aplicado no centro do planeta.

Nota: a
representaçã
o não está à
escala.
2.2 EFEITO DAS FORÇAS SOBRE A VELOCIDADE
A atuação de uma força num corpo provoca a alteração do seu estado de repouso ou de movimento.
Quando a direção da força aplicada e a da velocidade não são as
mesmas pode decompor-se a força segundo duas direções
perpendiculares:
 a direção da velocidade, tangente à trajetória e frequentemente
associada ao eixo Ox, designando-se essa componente como ⃗
F t.
 a direção normal, perpendicular à trajetória e frequentemente
associada ao eixo Oy, designando-se essa componente como ⃗
F n.

F aplicada no corpo será igual ao efeito conjunto do par de forças ⃗


O efeito da força ⃗ Ft e ⃗
F n:

 A componente de uma força que atua num corpo segundo a direção da velocidade, ⃗
F t, provoca
uma alteração no módulo da velocidade:
 aumentando-o (movimento acelerado), se a força tiver o sentido da velocidade.
 diminuindo-o (movimento retardado), se a força tiver sentido contrário à velocidade.
Se esta componente for nula, o módulo da velocidade permanece constante, logo o movimento
será uniforme.
 A componente de uma força que atua num corpo segundo a direção normal ou perpendicular à
velocidade, ⃗F n, só provoca uma alteração na direção da velocidade. Se esta componente for
nula a direção da velocidade permanece constante e a trajetória é retilínea. Se existir apenas

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esta componente e tiver uma intensidade constante e diferente de zero, o corpo descreve uma
trajetória circular.
Efeito no movimento
Características da força aplicada e
componentes da força Tipo de
Tipo de movimento
trajetória
Aceleração na mesma direção e sentido

F =⃗
Ft da velocidade; aumenta o módulo da
Retilínea velocidade.

F n=0⃗ – movimento retilíneo uniformemente
acelerado.
Aceleração na mesma direção, mas

F =⃗
Fy sentido oposto da velocidade; diminui o
Retilínea módulo da velocidade.

F n=0⃗ – movimento retilíneo uniformemente
retardado.
Existe aceleração numa direção

F =⃗
Fn perpendicular à velocidade; altera a
Circular direção da velocidade, o módulo fica

F y =0⃗ constante.
– movimento circular uniforme.
Existe aceleração numa direção diferente
da velocidade; altera a direção e o

F =⃗
F y+ ⃗
Fn Curvilínea módulo da velocidade.
– movimento variado.

2.3 SEGUNDA E PRIMEIRA LEIS DE NEWTON


Segunda Lei de Newton
A Segunda Lei de Newton ou Lei Fundamental da Dinâmica diz que a resultante das forças
aplicadas sobre um corpo é diretamente proporcional à aceleração por ele adquirida, sendo a
constante de proporcionalidade igual à massa do corpo.

F R =m a⃗

Sendo a massa uma grandeza escalar sempre positiva, ⃗F R e a⃗ têm a mesma direção e o mesmo
sentido em cada instante e variam de forma proporcional. A expressão da componente escalar da
resultante das forças é então:
F R =ma

A linha do gráfico F R =f ( a ) é uma reta que passa na origem, o que traduz a proporcionalidade direta
existente entre estas grandezas, em que o declive corresponde à massa do corpo.

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exemplo
Considere um corpo A de massa m e um corpo B de massa 2 m:

Como o declive da reta do gráfico F R =f ( a ) corresponde à massa do


corpo, a reta correspondente ao corpo B terá o dobro do declive da reta
correspondente ao corpo A.
Aplicando forças de igual intensidade, nos dois corpos, verifica-se que o
corpo A adquire o dobro da aceleração do corpo B.

Como as componentes escalares da resultante das forças e da aceleração são diretamente


proporcionais, aplicando num corpo uma resultante das forças de intensidade variável no tempo a
forma dos gráficos da intensidade da força resultante em função do tempo (A) e da aceleração
adquirida em função do tempo (B) são semelhantes e proporcionais.

Assim, se a intensidade da resultante das forças aplicadas for constante, o módulo da aceleração
também será constante e o movimento será uniformemente variado.

Durante a descida, a força atua na


direção e sentido do movimento.

De acordo com a Segunda Lei de


Newton, a aceleração tem o mesmo
sentido que a força que, neste caso,
coincide também com o sentido do Durante a subida, a força aplicada
movimento, o que se traduz num no corpo tem sentido oposto ao
aumento do módulo da velocidade. movimento. Como consequência a
aceleração, tem o mesmo sentido da
força, mas sentido contrário ao
movimento, o que se traduz numa
diminuição do módulo da
velocidade.

Representação vetorial da resultante das forças, da velocidade e da aceleração no movimento de descida (A) e de
subida (B) de uma bola.

O movimento vertical de um corpo, próximo da superfície da Terra, apenas sujeito à força gravítica, é
designado queda livre. O corpo que realiza esse movimento é denominado grave, estando sujeito a
uma aceleração igual à aceleração gravítica ( g=10 ms−2 ), independentemente do corpo em queda,
pois, de acordo com a Segunda Lei de Newton e com a Lei da Gravitação Universal:
F R =ma e F R =F g, então: ma=mg⇔ a=g
mT m mT
F R =ma⇔ F g=mg ⇔G 2
=mg ⇔ g=G
r r2

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Primeira Lei de Newton


De acordo com a Segunda Lei de Newton, se a resultante das forças que atuam no corpo é nula, a
aceleração também seria nula e a velocidade do corpo seria constante:

F R =m a⃗


{
F R =⃗0 ⇒⃗a =⃗0 ⇒⃗v =constante Se v=0 , então permanece em repouso
Se v ≠ 0 , então continua com MRU
Estas conclusões permitem enunciar a Primeira Lei de Newton ou Lei da Inércia: se a resultante
das forças que atuam num corpo é nula, ( ⃗F R =⃗0), a velocidade mantém-se constante em direção,
sentido e módulo. Assim, um corpo em repouso permanece em repouso, e um corpo em movimento
apresenta movimento retilíneo uniforme (MRU).
A resistência que um corpo oferece à variação da velocidade é designada de inércia e é tanto maior
quanto maior for a massa do corpo. A lei da Inércia permite explicar situações que acontecem
diariamente, como as alterações de movimentos numa viagem.
exemplo
Quando um autocarro trava, o passageiro que viaja em pé sente o
seu corpo a ser projetado para a parte da frente do veículo na
tentativa de manter a velocidade que tinha instantes antes.
Quando o autocarro acelera, o passageiro é projetado para trás
porque tende a manter uma velocidade de módulo inferior à que o
autocarro possui nesse instante.

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Subdomínio 3: Forças e movimentos


3.1 MOVIMENTOS RETILÍNEOS
As equações do movimento de uma partícula com movimento retilíneo uniformemente variado são:
Equação das posições Equação das velocidades
1 2
x=x 0 +v 0 t + a t v=v 0 + at
2
Permite determinar a componente escalar da
velocidade v de um corpo em qualquer
Permite determinar a componente escalar da instante t, desde que sejam conhecidos os
posição x (ou y) de um corpo em qualquer valores de v 0 e a.
instante t, desde que sejam conhecidas as
condições iniciais ( x 0 ou y 0 e v 0) e a aceleração, Δv
É equivalente à expressão a= pois a
a. Δt
aceleração é constante e igual à aceleração
média.

Gráficos posição-tempo (A e C) e velocidade-tempo (B e D) para movimentos retilíneos


uniformemente variados.

se x 0 >0, o gráfico posição-tempo (A) começa se x 0 <0, o gráfico posição-tempo (C) começa
acima do eixo das abcissas; abaixo do eixo das abcissas;

se v 0< 0, o gráfico posição-tempo (A) começa se v 0> 0, o gráfico posição-tempo (C) começa
com declive negativo (sentido negativo do com declive positivo (sentido positivo do
movimento) e o da velocidade-tempo (B) movimento) e o da velocidade-tempo (D)
abaixo do eixo das abcissas; acima do eixo das abcissas;
se a> 0, o gráfico posição-tempo (A) tem se a< 0, o gráfico posição-tempo (C) tem
concavidade voltada para cima e o gráfico concavidade voltada para baixo e o gráfico
velocidade-tempo (B) tem declive positivo; velocidade-tempo (D) tem declive negativo.

 se v 0 e a tiverem sinais contrários, o movimento será inicialmente uniformemente retardado no


sentido positivo (C e D) ou negativo (A e B), mas eventualmente acabará por inverter e adquirir
movimento uniformemente acelerado;

 se v 0 e a tiverem o mesmo sinal, o movimento será uniformemente acelerado no sentido positivo


ou negativo, respetivamente.

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Movimento uniformemente variado na queda livre


O movimento de queda livre, movimento vertical de um grave sujeito apenas à ação da força
gravítica, é um exemplo de um movimento retilíneo uniformemente variado (retardado na subida e
acelerado na descida).
Durante a subida I Na altura máxima Durante a descida II
 O módulo da velocidade
 O módulo da velocidade
diminui linearmente com o
aumenta linearmente com
tempo;
o tempo;
 A força gravítica e a  O modulo da velocidade
anula-se;  A força gravítica e a
aceleração gravítica têm
aceleração gravítica têm o
sentido contrário ao da  O objeto inverte o sentido mesmo sentido da
velocidade. do movimento. velocidade.

Movimento retilíneo
Movimento retilíneo
uniformemente retardado no
uniformemente acelerado.
sentido positivo.

Durante todo o movimento, quer ascendente quer descendente, a força gravítica e a aceleração
gravítica são sempre constantes, em módulo, direção e sentido, e garantem que no ponto de altura
máxima o corpo retoma o movimento, mas no sentido da força aplicada.
Em queda livre, |a|=|g| pelo que o tempo de queda de corpos, abandonados simultaneamente e da
mesma altura, é o mesmo, independentemente da massa e da forma dos corpos. A componente
escalar da aceleração é a=−g ≃−10m s−2 se o sentido arbitrado como positivo para o referencial for
de baixo para cima (ascendente) e a=g ≃10 ms−2 se o sentido arbitrado como positivo para o
referencial é de cima para baixo (descendente), uma vez que a aceleração gravítica aponta sempre
para o centro da Terra.
Movimento uniformemente variado no plano horizontal e no plano inclinado
No plano horizontal e inclinado além da ação da força gravítica podem atuar outras forças pelo que
o módulo da aceleração não coincide com o módulo da aceleração gravítica, podendo ser obtido a
partir da Segunda Lei de Newton.
No caso, por exemplo, de um corpo que desliza ao longo de um plano inclinado, em que o atrito é
desprezável, como a força gravítica não atua na direção do movimento nem na direção perpendicular
ao movimento deve ser decomposta em duas componentes: uma segundo o eixo Ox do movimento
designada ⃗
F g , x e outra segundo o eixo Oy, perpendicular ao movimento, identificada como ⃗
F g , y.

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F g=mg

F g, y
cos θ= ⇔ F g , y =F g cos θ
Fg
Fg, x
sen θ= ⇔ F g , x =F g sen θ
Fg

¿ ⃗0


F R =⃗
N +⃗
Fg⇔ ⃗ ⏞
F R= ⃗
N+⃗
F g , y +⃗
Fg, x ⇒ ⃗
F R= ⃗
Fg, x
Aplicando a Segunda Lei de Newton:
F g , x =ma ⇔mg sen θ=ma ⇔ a=g sen θ

Movimento uniforme
Tratando-se de movimento retilíneo uniforme, como a resultante das forças e a aceleração são
nulas, a velocidade é constante e a equação das posições, que pode ser considerada como um caso
particular da equação das posições do movimento retilíneo uniformemente variado, traduz a relação
linear entre a posição e o tempo.
x=x 0 +vt

3.2 QUEDA COM EFEITO DA RESISTÊNCIA DO AR NÃO DESPREZÁVEL


A resistência do ar não poderá ser desprezada quando a velocidade do corpo em queda é grande,
quando apresenta uma grande superfície ou quando não tem forma compacta.
Em qualquer movimento de queda na vertical com efeito da resistência do ar apreciável:
1. no início do seu movimento, o corpo está apenas sujeito à força gravítica;

2. à medida que o módulo da velocidade aumenta – movimento retilíneo acelerado – a


intensidade da resistência do ar aumenta pelo que a intensidade da resultante das
forças e o módulo da aceleração, que atuam no sentido do movimento, diminuem
(movimento retilíneo acelerado);

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3. quando a intensidade da resistência do ar iguala a da força gravítica, a resultante das


forças anula-se e o corpo adquire uma velocidade de módulo constante designada
velocidade terminal (movimento retilíneo uniforme).
No caso da queda de um paraquedista:
4. no instante em que se abre o paraquedas a resistência do ar aumenta drasticamente
passando a haver uma resultante das forças com sentido contrário ao movimento que
faz diminuir o módulo da velocidade (movimento retilíneo retardado);

5. a diminuição do módulo da velocidade é acompanhada de uma diminuição


da intensidade da resistência do ar que, quando iguala novamente a força gravítica
em intensidade, torna nula a força resultante e o paraquedista volta a adquirir
movimento retilíneo uniforme, atingindo a segunda velocidade terminal.

Gráfico velocidade-tempo correspondente ao movimento de queda de um paraquedista.

3.3 MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME


O movimento de um corpo que descreve uma circunferência ou um arco de circunferência de raio, r,
com velocidade de módulo constante, v, é designado movimento circular uniforme.
No movimento circular uniforme:

 A velocidade tem módulo constante, mas varia em direção apresentando, em cada instante
uma direção tangente à trajetória e sentido do movimento;

 A resultante das forças também tem intensidade constante e varia em


direção, apresentando, em cada instante, uma direção radial (direção do
raio da circunferência) e um sentido centrípeto (dirigido para o centro da
trajetória) designando-se, por isso de força centrípeta, F c.

 A aceleração tem, de acordo com a Segunda Lei de Newton, uma


intensidade proporcional à resultante das forças e as mesmas
características da resultante das forças sendo igualmente designada de
aceleração centrípeta, a c.

Periodicidade no movimento circular uniforme


No movimento circular uniforme as características do movimento repetem-se em intervalos de tempo
iguais dizendo-se, por isso, que se trata de um movimento periódico.

19
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Período, T , é o intervalo de tempo correspondente a uma volta


(rotação) completa e frequência, f , é o número de voltas completas 1
T=
por unidade de tempo. Quanto maior o período menor a frequência e f
vice-versa:

A velocidade angular, ω , mede a rapidez com que se efetua a Δθ 2π


ω= ⇔ ω= =2 π
rotação: Δt T
A componente escalar da velocidade em cada ponto da trajetória, 2 πr
v= =2 πrf ou v=ωr
também designada velocidade linear, v ,pode ser obtida por: T
A aceleração originada pela variação da direção da velocidade de um v2 2
ac= ou a c =ω r
corpo designa-se aceleração centrípeta, a c: r
2
Como a resultante das forças aponta para o centro da trajetória, toma F c =m ac ou F c =m v ou
r
o nome de força centrípeta: 2
F c =m ω r

Movimento de satélites
Tratando-se de satélites, a velocidade orbital e o período do satélite dependem da altitude, h , da
órbita em relação à superfície terrestre. A relação entre estas grandezas pode ser obtida a partir da
Segunda Lei de Newton e da Lei da Gravitação Universal, uma vez que nos satélites a única força
que atua é a força gravítica.

( )
v
2
mT m s 2 mt 2 πr
2
mT 2
2 3
4π r
F c =F g ⇔ ms =G 2 ⇔ v =G ⇔ =G ⇔T = onde r =r T +h
r r r T r G mT
Tratando-se de um satélite geostacionário, um satélite que se encontra aparentemente parado
relativamente a um ponto fixo sobre a Terra, o seu período orbital coincide com o período de rotação
da Terra.

20
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Domínio 2 | Ondas e eletromagnetismo


Subdomínio 1 | Sinais e ondas

1.1 PROPAGAÇÃO DE SINAIS (ONDAS)


Um sinal é uma perturbação que ocorre localmente num meio, isto é, corresponde à alteração local
de uma propriedade física de um meio, que e que pode conter informação. É o caso do sinal sonoro
e luminoso emitido pela sirene de uma ambulância que indica que a mesma se encontra em situação
de emergência. Quando um sinal é de curta duração corresponde a um pulso, enquanto um sinal
que persiste no tempo é considerado um sinal de longa duração.
Uma onda será o resultado da propagação de um sinal num meio com um módulo de velocidade de
propagação que depende apenas das características do meio onde a onda se propaga e que pode
ser determinado por:
d
v=
Δt
O movimento de um sinal, ou seja, uma onda, transfere energia de um ponto para outro, mas não
transporta matéria.

Classificação das ondas


As ondas podem classificar-se relativamente…
… à sua natureza, em:
 ondas mecânicas, se a perturbação apenas se  ondas eletromagnéticas, quando a
propaga num meio material. Este tipo de ondas perturbação se pode propagar no vazio e
não se propaga no vazio. em determinados meios materiais.
Exemplos: Som ou ondas sísmicas Exemplos: Ondas de rádio do sinal de
televisão ou radiação micro-ondas
… ao modo como se propagam, em:
 ondas transversais quando a direção de  ondas longitudinais quando a direção
vibração é perpendicular à direção de de vibração é paralela à direção de
propagação. propagação.

21
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

1.2 PERIODICIDADE TEMPORAL E PERIODICIDADE ESPACIAL DAS ONDAS


Quando um sinal é repetido em intervalos de tempo regulares, ou seja, se o sinal for periódico, da
sua propagação resulta uma onda periódica.

Uma onda periódica apresenta…


Periodicidade temporal Periodicidade espacial

Caracterizada pelo período (T) da onda, Caracterizada pelo comprimento de onda


que corresponde ao intervalo de tempo que (λ) que corresponde à distância mínima
dura a oscilação que se repete e tem como entre dois pontos da onda na mesma fase
unidade no SI o segundo (s). de vibração, medida na direção de
propagação e tem como unidade no SI o
É evidenciada em gráficos y=f (t ). metro (m).
É evidenciada em gráficos y=f ( x ).

A periodicidade temporal também pode ser definida pelo número de ciclos completos que a onda
efetua por unidade de tempo, grandeza designada frequência ( f ) e que tem como unidade no SI o
hertz (Hz). A frequência é inversamente proporcional ao período:
1
f=
T
Os pontos X e Y representados no gráfico y=f ( x ), ou outros que distem entre si de múltiplos inteiros
do comprimento de onda, dizem-se no mesmo estado de vibração. Diz-se que X está em fase com
Y.
Quer no gráfico da elongação em função do tempo (onde se analisa a posição de uma única
partícula em relação à posição de equilíbrio ao longo do tempo) quer no da elongação em função da
distância (onde se analisa a posição das partículas em relação à posição de equilíbrio num dado
instante), ao módulo do afastamento máximo em relação à posição intermédia denomina-se
amplitude (A) da onda, sendo a sua unidade no SI o metro (m).
Num meio homogéneo, em que a velocidade de propagação da onda é constante, o comprimento de
onda e a frequência da onda são inversamente proporcionais:
V
λ=
f
 A onda é a propagação de um sinal cuja frequência não se altera e depende apenas da frequência
da fonte, que define a frequência de vibração de cada ponto do meio.

22
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

 As ondas resultantes da propagação do sinal produzido pela mesma fonte em dois meios
diferentes são caracterizadas pela mesma frequência, mas por diferentes comprimentos de onda.
O comprimento de onda varia diretamente com a variação da velocidade de propagação, logo,
também depende do meio de propagação da onda.

exemplo 1
Duas ondas viajam num meio homogéneo com a mesma velocidade. Se a onda 1 apresentar o triplo
da frequência da onda 2, então terá um terço do comprimento de onda.
exemplo 2
Um som emitido por um despertador possui o período T e o comprimento de onda λ . Se o som
mudasse para um meio com o dobro da velocidade de propagação o comprimento de onda passaria
para o dobro (2 λ ) e o período permanecia constante (T ).

Ondas harmónicas e ondas complexas


Um sinal harmónico é um caso particular de um sinal periódico em que a posição de uma partícula
da onda em relação à posição de equilíbrio num dado instante, t , pode ser descrito por uma função
sinusoidal y=f ( t ) do tipo:

y= A sen ( ωt ) ( SI )

Na expressão anterior, ω corresponde à frequência angular da onda, uma grandeza que avalia a
rapidez com que ocorrem as oscilações na onda, que tem como unidade do SI o rad s−1 e que é
diretamente proporcional à sua frequência e inversamente proporcional ao seu período:

ω= =2 πf
T
A energia de um sinal harmónico mecânico depende da amplitude de oscilação e da frequência
do sinal. Enquanto a amplitude depende do meio de propagação, a frequência de um sinal harmónico
depende apenas da frequência da fonte e não se altera durante a propagação.

23
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Quando são produzidas


ondas harmónicas de igual
frequência, a onda que
transportará mais energia
será a que tem maior
amplitude de oscilação.

Quando são produzidas


ondas harmónicas de igual
amplitude, a onda que
transportará mais energia
será a que tem maior
frequência de oscilação.

Uma onda complexa é uma onda que não é traduzida por uma função sinusoidal, mas pode ser
descrita como a sobreposição de ondas harmónicas.

Onda (periódica) complexa (A) resultante da sobreposição das ondas harmónicas 1, 2 e 3 (B).

1.3 O SOM COMO ONDA DE PRESSÃO


De um modo sucinto, uma onda sonora no ar é descrita como uma onda de pressão, isto é, uma
onda mecânica longitudinal originada por qualquer fonte que provoque um movimento vibratório de
compressão e expansão no meio material circundante (perturbação) que se propaga às partículas
vizinhas com uma determinada velocidade.
O ouvido humano não é sensível a todas as ondas sonoras, depende da frequência de vibração e da
amplitude de pressão da onda sonora.

À semelhança das ondas em geral, a propagação de uma onda sonora permite a transferência de
energia sem transporte de matéria.

24
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

 Uma zona de compressão é uma região  Uma zona de rarefação é uma região do meio
do meio que apresenta uma maior pressão, que apresenta uma menor pressão, em
em relação à pressão de equilíbrio, relação à pressão de equilíbrio, associada a
associada a uma maior concentração de uma menor concentração de partículas.
partículas.

 Uma onda sonora é uma onda mecânica  No ar e nos fluídos em geral, uma onda sonora
porque não se propaga no vazio. é uma onda longitudinal porque a direção de
propagação da onda coincide com a direção
de oscilação das partículas.

O intervalo de tempo em que todos os pontos A distância mínima entre duas zonas de
da onda repetem a mesma fase de vibração, rarefação ou de compressão sucessivas
corresponde ao período da onda indicando corresponde ao comprimento de onda e,
uma periodicidade temporal da mesma. sendo contante, revela a periodicidade
espacial da onda.

Periodicidade temporal (A) e periodicidade espacial (B) de uma onda de pressão.

Se o movimento oscilatório da fonte do sinal sonoro for sinusoidal a variação temporal da pressão
num ponto do meio, relativamente à pressão de equilíbrio, traduz uma onda sonora harmónica
descrita pela função:
p= p 0 sen ( ωt )
A velocidade de propagação do som depende da maior ou menor facilidade em propagar a vibração
às partículas vizinhas. De uma maneira geral:
 A velocidade de propagação do som é maior nos sólidos do que nos líquidos e gases porque as
partículas estão mais próximas.
 Quanto maior a temperatura do meio maior é a velocidade de propagação do som, isto porque as
partículas do meio têm maior energia cinética, colidindo mais frequentemente e transmitindo mais
facilmente a vibração às partículas vizinhas.

25
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Som puro
As características de um som puro, som correspondente a uma onda sonora harmónica, são:
 altura do som – associada à frequência da onda sonora e que indica se o som é alto ou é baixo.

Um som de frequência elevada diz-se alto ou Um som de baixa frequência diz-se baixo ou
agudo. grave.

 intensidade do som – associada à amplitude de pressão da onda sonora e que indica se o som é
forte ou fraco.
A uma onda sonora com grande amplitude de
pressão corresponde um som de elevada
intensidade, som forte. A uma onda sonora com pequena amplitude
de pressão está associado um som de pouca
intensidade, som fraco.

A característica do som que permite distinguir sons com a mesma frequência produzidos por
diferentes fontes sonoras é o timbre.
Som complexo
A maior parte dos sons gerados são sons complexos. Um som complexo é um som associado a
uma onda sonora complexa resultante da sobreposição de várias ondas sonoras harmónicas.
Para analisar as características dos sons é frequente utilizar-se osciloscópios que permitem obter
imagens de estados de vibração em tempo real. No entanto, estes são aparelhos elétricos cujo
funcionamento está associado a sinais elétricos. A conversão de um sinal sonoro (mecânico) num
sinal elétrico com as mesmas características pode ser feita com um microfone e a transformação
inversa com um altifalante.

26
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

27
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Subdomínio 2:
ELETROMAGNETISMO E ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

2.1 CAMPO ELÉTRICO


A carga (Q) é uma propriedade elétrica das partículas atómicas que compõem a matéria. A carga
elementar, cuja unidade no SI é o coulomb (C), corresponde ao módulo do valor da carga elétrica
apresentado por um eletrão, 1,605 ×10−19 C . Praticamente todas as cargas existentes na Natureza
apresentam valores que são múltiplos inteiros da carga do eletrão.
Cargas elétricas do mesmo sinal repelem-se.

As forças elétricas geradas entre


cargas elétricas do mesmo sinal são
Cargas elétricas de sinal contrário atraem-se. repulsivas enquanto as forças que
atuam entre cargas elétricas de sinal
contrário são atrativas.

Quando existe uma desigualdade entre a quantidade de cargas positivas (protões) e a quantidade de
cargas negativas (eletrões) que é provocada por uma transferência de eletrões, diz-se que um corpo
se encontra carregado eletricamente.
Um corpo que apresenta a mesma quantidade de cargas elétricas positivas e negativas
uniformemente distribuídas diz-se eletricamente neutro.
Nas interações à distância, as forças atuam sem que haja contacto entre os corpos que as exercem
e aqueles que sofrem os seus efeitos. Para descrever e compreender as interações à distância, é
comum recorrer-se ao conceito de campo.
O campo elétrico (⃗ E ) é a grandeza vetorial que caracteriza a região do espaço em torno de uma
carga elétrica pontual criadora, que, no SI, pode ser expressa em V m−1 ou em N C−1.
O campo elétrico criado por uma carga elétrica pontual apresenta:
 a direção da linha que une a carga criadora e o ponto considerado;
 um sentido que aponta para a carga criadora se esta é negativa e no sentido oposto quando a
carga criadora é positiva;
 uma intensidade que depende do valor da carga criadora e da distância a que o ponto
considerado se encontra dessa carga.

A força elétrica ⃗
F exercida numa carga de prova q sujeita a um campo elétrico ⃗E apresenta a direção
do campo elétrico, o sentido do campo elétrico se a carga q for positiva, mas o sentido oposto se a
carga q for negativa, e uma intensidade tanto maior quanto maior for a intensidade do campo elétrico
(pois ⃗
F =q ⃗
E ).

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DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Linhas de campo elétrico


As linhas de campo elétrico são linhas imaginárias que representam o campo elétrico numa
determinada região do espaço.
As linhas de campo elétrico associadas a cargas pontuais apresentam:
 densidade que aumenta com o aumento da proximidade à carga criadora e com a magnitude da
sua carga elétrica;
 direção radial;
 sentido…
Centrípeto Centrífugo
Se a carga criadora é negativa. Se a carga criadora é positiva.

O campo elétrico é, em cada ponto, tangente à linha de campo que passa no ponto, tem o sentido
da linha de campo e é tanto mais intenso quanto maior for a densidade de linhas de campo na
vizinhança desse ponto.
Existem situações em que estão presentes várias cargas elétricas numa determinada região do
espaço. Nestes casos as linhas de campo têm origem em cargas positivas e terminam em cargas
negativas, normalmente não se cruzam e são mais densas junto às cargas.

O campo elétrico em cada ponto é o resultado da soma vetorial do campo elétrico criado por cada
uma das cargas, mas será mais facilmente identificado conhecendo-se as linhas de campo elétrico,
pois, o campo elétrico em cada ponto, é tangente à linha de campo que passa no ponto, tem o
sentido da linha de campo e é tanto mais intenso quanto maior for a densidade de linhas de campo
na vizinhança desse ponto.
Um campo elétrico que apresenta a mesma direção, sentido e intensidade em qualquer ponto da
região do espaço onde se faz sentir a sua presença é um campo elétrico uniforme.

29
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

As linhas de campo de um campo elétrico


uniforme são paralelas, equidistantes entre si e
saem da placa com carga positiva e terminam
na placa com carga negativa.

2.2 CAMPO MAGNÉTICO


O campo magnético (⃗ B) é uma grandeza vetorial que caracteriza a região do espaço em torno de
um íman natural ou de cargas elétricas em movimento, cuja unidade no SI é o tesla (T).
Um íman colocado numa região onde existe um campo magnético fica sujeito a uma força
magnética.
Polos magnéticos semelhantes originam forças Polos magnéticos opostos originam forças
repulsivas entre si. atrativas entre si.

As linhas de campo magnético são linhas imaginárias que representam o campo magnético numa
determinada região do espaço, e que:
 são linhas fechadas no interior do íman;
 normalmente não se cruzam;
 saem do polo norte e entram no polo sul;
 apresentam a direção e o sentido do campo magnético;
 estão mais próximas umas das outras nas imediações dos polos de
um íman.
Analisando as linhas de campo magnético, pode caracterizar-se o campo magnético em cada ponto:
 é tangente à linha de campo magnético que passa nesse ponto;
 tem o sentido da linha de campo magnético que passa nesse ponto;
 é tanto mais intenso quanto maior for a densidade de linhas de campo magnético na vizinhança
desse ponto.

Numa região onde existe um campo magnético, a agulha magnética de


uma bússola ou qualquer outro magnete orienta-se de acordo com
esse campo magnético em virtude das forças magnéticas a que ficam
sujeitos.

30
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Quando as linhas de campo magnético são paralelas e equidistantes entre


si traduzem um campo magnético uniforme como acontece nas
extremidades alinhadas de um íman em forma de C ou na zona central de
um íman em forma de ferradura.

Campos magnéticos com origem em correntes elétricas


Oersted descobriu que uma agulha magnética é desviada pela aproximação de um fio atravessado
por corrente elétrica.

A descoberta de Oersted provou que uma corrente elétrica cria um campo magnético à sua volta
e constituiu a primeira evidência experimental da ligação entre eletricidade e magnetismo.
A presença de agulhas magnéticas em torno de um fio condutor revela que, não existindo passagem
de corrente no fio, todas as agulhas se orientam na mesma direção (A), mas com a passagem de
corrente elétrica pelo fio, cada agulha orienta-se segundo uma direção tangente a um círculo, com
centro no fio (B). Alterando o sentido da corrente elétrica que atravessa o fio, as agulhas passam a
orientar-se no sentido oposto.

31
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Características das linhas de campo magnético criado por uma corrente elétrica
Num fio retilíneo longo Num solenoide (ou bobina)
 As linhas de campo magnético em torno  As linhas de campo magnético apresentam a
do fio são circulares num plano mesma distribuição que as linhas do campo
perpendicular ao fio e centradas neste; magnético criado por um íman em forma de
barra;
 O campo magnético em cada ponto é
tangente à linha de campo magnético,  Se o comprimento do solenoide é muito
tem o sentido da linha e é tanto mais superior ao seu diâmetro, o campo
intenso quanto maior for a corrente magnético no seu interior é praticamente
elétrica e menor a distância ao fio (a uniforme;
densidade de linhas de campo vai
diminuindo com a distância ao fio);  O campo magnético em cada ponto é
tangente à linha de campo magnético, tem o
 Todos os pontos pertencentes à mesma sentido da linha e é tanto mais intenso
linha de campo apresentam a mesma quanto maior for a corrente elétrica e menor
intensidade do campo magnético porque a distância às extremidades do solenoide (a
se encontram à mesma distância do fio; densidade de linhas de campo é maior junto
às extremidades do solenoide);
 O sentido das linhas é determinado pelo
sentido da corrente que atravessa o fio  O sentido das linhas é determinado pelo
sendo obtido pela regra da mão direita. sentido da corrente que atravessa o fio
sendo obtido pela regra da mão direita.

Regra da mão direita:


Regra da mão direita:
colocando o polegar a apontar no sentido da
corrente elétrica, o movimento dos restantes fechando os dedos para a palma da mão no
dedos para a palma da mão indica o sentido sentido em que a corrente elétrica circula o
das linhas de campo magnético. solenoide, o polegar da mão direita aponta para
a extremidade em que as linhas de campo
magnético saem do solenoide, indicando o polo
norte.

32
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

2.3 INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA


O fluxo magnético, cuja unidade no SI é o weber (Wb),
equivalente a T m 2, é proporcional ao número de linhas de
campo que atravessam uma superfície plana.
Φ m=BA cos α
O fluxo magnético através de um conjunto de espiras iguais
e paralelas é igual ao produto do fluxo magnético através de
uma espira pelo número total de espiras.
Φ m ,bobina=N Φ m ,espira
O número de linhas de campo magnético que atravessam a superfície e, consequentemente, o fluxo
magnético que atravessa uma espira, depende:
 da orientação da espira relativamente ao campo magnético;
Quando a espira se encontra Quando não há linhas de O fluxo magnético apresenta
orientada perpendicularmente campo magnético a valores intermédios positivos
ao campo magnético, sendo n⃗ atravessar a área limitada se
(direção normal ao plano da pela espira, o que acontece 0 ° <α <90 °e negativos se
espira) paralelo ao campo quando ela se encontra 90 °<α <180 °.
magnético ⃗B, o fluxo paralela ao campo e n⃗ é
magnético é máximo. perpendicular a ⃗
B, o fluxo
magnético é nulo.

α =90 ° , logo cos 90° =0


α =0 ° , logo cos 0 °=1

 da área delimitada pela espira;  da intensidade de um campo magnético;


Quanto maior a intensidade do campo
Quanto maior a área da espira, maior é o
magnético, maior é o número de linhas de
número de linhas de campo que atravessam
campo que atravessam a espira e maior é o
a espira e maior é o fluxo magnético.
fluxo magnético.

33
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Força eletromotriz induzida (Lei de Faraday)


A indução eletromagnética explica o aparecimento de uma corrente elétrica induzida num circuito
fechado devido à variação do fluxo magnético. Pode ser obtida: colocando a espira próxima de um
circuito cuja corrente elétrica seja variável ou…
movimentando um íman na vizinhança variando a alterando a área
de uma espira e vice-versa. orientação da de superfície da
espira em relação espira.
ao íman.

A variação do fluxo magnético numa espira origina uma força eletromotriz induzida nos seus
terminais responsável pelo aparecimento de uma corrente elétrica induzida se o circuito for fechado.
De acordo com a Lei de Faraday, o módulo da força eletromotriz induzida numa espira, cuja unidade
no SI é o volt (V), é igual ao módulo da variação do fluxo magnético por unidade de tempo.

|Δ Φ m|
|ε i|= Δt
Numa bobina com N espiras iguais e paralelas entre si, o módulo da força eletromotriz induzida na
bobina será expresso por:

|Δ Φ m|
|ε i ,bobina|=N Δt
CONCLUSÃO
A força eletromotriz induzida numa bobina é tanto maior quanto:
 maior for a variação do fluxo magnético;
 menor for o intervalo de tempo em que ocorre a variação do fluxo magnético;
 maior for o número de espiras.

34
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Aplicações da indução eletromagnética


O microfone de indução é constituído por uma bobina móvel, um íman permanente fixo e um
diafragma que vibra em virtude da onda de pressão sonora. A vibração do diafragma faz movimentar
a bobina numa região onde existe um campo magnético criado pelo íman. Estes movimentos
originam variações de fluxo magnético que produzem uma força eletromotriz induzida, transformando
assim um sinal sonoro, num sinal elétrico com as mesmas características.

A conversão inversa, de um sinal elétrico num sinal sonoro, é


feita com um altifalante. Este é constituído por um íman
permanente fixo e uma bobina móvel que se articula num
cone. Quando a corrente alternada atravessa a bobina cria-
se um campo magnético e a interação atrativa ou repulsiva
entre os dois campos magnéticos, (da bobina e do íman)
origina na bobina-cone um movimento de vaivém,
ocasionando também a movimentação do ar com a mesma
frequência, reproduzindo assim a onda sonora original.
O transformador é constituído por um núcleo central de ferro
laminado, em torno do qual se encontram enroladas duas
bobinas: a bobina primária, que se encontra ligada a um
gerador de corrente alternada e que cria um campo magnético
também variável, e a bobina secundária, onde se origina um
fluxo magnético variável no tempo que induz uma força
eletromotriz nos seus terminais, responsável pelo aparecimento
de uma corrente elétrica induzida no circuito exterior fechado. É
a relação entre o número de espiras que constituem as duas bobinas, N P e N S , que irá determinar a
relação entre a diferença de potencial elétrico à entrada e à saída do transformador.

Marcos importantes na história do eletromagnetismo


Depois de Hans Christian Oersted comprovar que uma corrente elétrica
gera um campo magnético à sua volta e de Michael Faraday previr e
demonstrar que o inverso também é possível, gerando uma força
eletromotriz induzida num fio por variação do fluxo do campo magnético
nas suas proximidades, James Maxwell formulou a teoria do
eletromagnetismo, as equações gerais que ligam o campo elétrico e o
campo magnético. A partir da sua teoria, Maxwell previu ainda que uma
carga elétrica oscilante deveria produzir um campo elétrico e um campo
magnético variáveis, perpendiculares entre si e perpendiculares à direção
de propagação da onda eletromagnética criada. Essa onda eletromagnética deveria apresentar a
mesma frequência da carga elétrica oscilante e viajaria à velocidade da luz. A confirmação da teoria
eletromagnética de Maxwell foi obtida por Heinrich Hertz, ao conseguir produzir e detetar ondas de
rádio, uma gama de ondas eletromagnéticas de baixa frequência e grande comprimento de onda.

35
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

2.4 REFLEXÃO, REFRAÇÃO, REFLEXÃO TOTAL E DIFRAÇÃO DA LUZ


A radiação incidente na superfície de separação de dois
meios pode ser refletida, transmitida ou absorvida, à
medida que atravessa o meio.
Quando as ondas eletromagnéticas, ao incidirem na
superfície de separação de dois meios, sofrem mais do
que um dos efeitos em simultâneo, a divisão da energia
incidente por cada um dos processos obedece ao
Princípio da Conservação da Energia, isto é:
Eincidente =Erefletida + Etransmitida + E absorvida ¿
¿

Exemplo: Percentagem da radiação eletromagnética


proveniente do Sol que é refletida, absorvida e
transmitida pela atmosfera da Terra. Da sua análise se
percebe que o albedo terrestre é, em média, 0,3, o que
significa que cerca de 30% da energia da radiação
eletromagnética proveniente do Sol e que incide na Terra
é refletida para o Espaço.

A fração da energia absorvida, refletida e transmitida em relação à energia incidente depende da:
 natureza da superfície e do novo meio de propagação;
 frequência da radiação incidente;
 inclinação da luz

Reflexão da luz
A reflexão é o fenómeno que ocorre quando a onda eletromagnética encontra a superfície de
separação de dois meios, sendo devolvida ao meio inicial, numa direção diferente.
De acordo com as Leis da Reflexão da Luz:

 1.ª Lei da Reflexão: o raio incidente ( Ri ) , a normal à superfície de separação no ponto de


incidência e o raio refletido ( Rr ) encontram-se no mesmo plano;

 2.ª Lei da Reflexão: o módulo do ângulo de incidência é igual ao módulo do ângulo de reflexão:

|α i|=|α r|
Na reflexão, a onda incidente e a onda refletida apresentam a mesma
frequência e, como viajam no mesmo meio de propagação, também
apresentam a mesma velocidade de propagação e o mesmo
comprimento de onda, podendo apenas existir diferença nas
intensidades das ondas devido à repartição da energia incidente.

Nota:

36
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Os ângulos de incidência ( α i ) e de reflexão ( α r ) são medidos em relação à normal à superfície de


incidência.
Refração da luz
A refração é o fenómeno que ocorre quando a luz passa de um meio de propagação para outro meio
de propagação distinto, alterando a sua direção de propagação. A mudança de direção deve-se a
uma variação na velocidade de propagação da onda.

O índice de refração é a grandeza que permite avaliar a velocidade de propagação da luz num dado
material, pois corresponde à razão entre a velocidade de propagação da luz no vazio
( c =3,00× 108 m s−1 ) e a velocidade de propagação da luz nesse meio:
c
n=
v
NOTA:

 O índice de refração de um meio é uma grandeza adimensional maior que a unidade ( n meio ≥ 1 ),
pois a velocidade da luz num meio é sempre inferior à velocidade da luz no vazio. No caso do ar,
onde a luz se propaga com uma velocidade próxima da velocidade da luz no vazio considera-se,
em aproximação, um índice de refração de 1 ( n ar ≃1,000 ) .

 Num meio mais refrangente (mais denso oticamente), ou seja, um meio com índice de refração
mais elevado, é maior a dificuldade de propagação da luz, ou seja, é menor a velocidade de
propagação.
 O índice de refração de um dado meio varia com o comprimento de onda da radiação que
atravessa o meio.

Na refração, a onda incidente e a onda refratada apresentam a mesma frequência, mas diferente
comprimento de onda, diferente velocidade de propagação e diferente intensidade. Para uma onda
eletromagnética com uma dada frequência, quanto menor o índice de refração do meio, maior será a
V
velocidade de propagação da onda nesse meio e, atendendo a que λ= , maior será também o
f
comprimento de onda:
n1 v 2 v 2 λ2 n1 λ 2
= e como = , então, =
n2 v 1 v 1 λ1 n2 λ 1
De acordo com as expressões anteriores, quando uma onda sofre refração, ao passar de um meio 1
para um meio 2:
 se o índice de refração do meio 1 for inferior  se o meio 1 apresentar um índice de refração
ao do meio 2, a onda refratada apresenta superior ao do meio 2, a onda refratada
uma velocidade de propagação e um apresenta maiores valores de velocidade de
comprimento de onda inferior ao da onda propagação e comprimento de onda,
incidente e aproxima-se da normal. comparativamente com a onda incidente,
afastando-se da normal.

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DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

De acordo com as Leis da Refração da Luz:

 1.ª Lei da Refração: o raio incidente ( Ri ), a normal à superfície de separação no ponto de


incidência e o raio refratado ( R R ) encontram-se no mesmo plano;

 2.ª Lei da Refração (ou Lei de Snell-Descartes): a razão entre o seno do ângulo de incidência ( α i )
e o seno do ângulo de refração ( α R ) é constante:

n1 sen α i=n2 sen α R


A 2.ª Lei da Refração da Luz pode também ser traduzida por:
v 2 sen α i =v 1 sen α R λ 2 sen α i =λ1 sen α R
Reflexão Total
A reflexão total da luz ocorre quando a radiação que incide numa superfície que delimita dois meios
distintos, apesar de serem ambos transparentes à luz, não sofre refração sendo totalmente refletida.
O ângulo de incidência a partir do qual todos os raios incidentes são totalmente refletidos na
superfície que separa os dois meios designa-se ângulo limite ou ângulo crítico ( α c ).

Nota:
Só ocorre reflexão total quando:
 o ângulo de incidência é superior ao ângulo limite ou ângulo crítico;
 o raio incidente se dirige de um meio com maior índice de refração para outro com menor índice
de refração.

Como na situação limite o ângulo de incidência é igual ao ângulo crítico ( α i=α c ) e o ângulo de
refração é 90 ( α R =90 ° ), é possível determinar o ângulo crítico
utilizando a 2.ª Lei da Refração da Luz:
n1 sen α c =n2 sen 90 °

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DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

A fibra ótica constitui uma das aplicações mais importantes da reflexão total, sendo possível
transmitir radiação de uma extremidade à outra da fibra. As fibras óticas são constituídas por um
núcleo central revestido por outro material cujo índice de refração é inferior ao do núcleo. Para evitar
uma atenuação significativa do sinal, o material que constitui o núcleo deve apresentar uma elevada
transparência à radiação a transmitir.

Difração
A difração é o fenómeno ondulatório em que uma onda contorna os bordos dos obstáculos ou
fendas deixando de se propagar retilineamente.
Na figura apresenta-se um esquema da propagação de ondas perante dois tipos de fendas. Sendo
possível concluir que:
 O fenómeno de difração é tanto mais significativo quanto mais próximos forem as dimensões das
fendas ou dos obstáculos e o comprimento de onda, ou seja, quando estes apresentam
dimensões da mesma ordem de grandeza, d ≃ λ (figura A);
 Aumentando as dimensões, da fenda ou do obstáculo, d, para a mesma distância de observação,
a difração da onda é menos acentuada, e, para valores muito superiores ao seu comprimento de
onda, d ≫ λ (figura B), o efeito de difração praticamente deixa de ser observado e a onda tem
tendência a propagar-se retilineamente, mas, mesmo assim, na periferia do obstáculo acontece
um ligeiro encurvamento das frentes de onda.

2.5 ONDAS ELETROMAGNÉTICAS NAS COMUNICAÇÕES E NO CONHECIMENTO DO


UNIVERSO
De um modo geral, a atmosfera terrestre é transparente:
 à radiação da gama ondas de rádio o que permite que estas ondas sejam amplamente utilizadas
nas comunicações terrestres por telemóvel, pelo facto de se difratarem nos obstáculos do solo e,
simultaneamente, sofrerem reflexão na ionosfera.
 à radiação da gama das micro-ondas o permite que sejam utilizadas nas comunicações a
satélites, como no sistema de posicionamento global, pelo facto de não serem absorvidas ou
refletidas pela atmosfera terrestre e também não sofrerem fenómenos significativos de refração
ou difração, viajando em linha reta na atmosfera.
 à radiações visível e à radiação ultravioleta de menor energia, que permite a ocorrência na Terra
de fenómenos essenciais à vida, como é o caso da fotossíntese.

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DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

Por outro lado, a atmosfera é opaca:


 à radiação raios gama, aos raios X e grande parte do ultravioleta de maior energia, sendo essa
opacidade fundamental à sobrevivência dos seres vivos uma vez que essas radiações
apresentam um elevado poder ionizante.
 à radiação infravermelha, menos energética, mas que permite uma temperatura média no planeta
que facilita a sobrevivência dos seres vivos.

As ondas eletromagnéticas e o conhecimento do Universo


A opacidade a alguns tipos de radiação exige que os telescópios sejam colocados em satélites que
orbitam a Terra, para que possam captar os sinais provenientes do espaço sem a interferência da
atmosfera terrestre.
A radiação eletromagnética detetada pelos telescópicos instalados à superfície da Terra ou em
satélites e sondas que viajam pelo Universo, tem permitido conhecer cada vez mais o Universo e a
sua origem.
O afastamento rápido das galáxias, comprovado pelo “desvio para o vermelho” da radiação que é
recebida das estrelas, é uma prova da expansão do Universo, o que implica que, num tempo
distante, o Universo devia ser muito menor do que é agora, com uma densidade muito elevada, o
que corrobora a teoria do Big Bang, segundo a qual o Universo tem estado em expansão desde o
seu início.
Outro fator que corrobora a teoria do Big Bang é a radiação de fundo, uma espécie de vestígio da
radiação emitida quando o Universo primordial em expansão se tornou transparente à radiação
eletromagnética, altura em que se formaram os primeiros átomos de hidrogénio e de hélio, radiação
da gama micro-ondas, em consequência da expansão do Universo.

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