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Mecânica

Mecânica é o ramo da Física que estuda os fenómenos relacionados com o movimento dos
corpos. As suas leis relacionam as condições impostas pelas massas dos corpos e pelos agentes
causadores do movimento. A mecânica é dividida em três partes:

Cinemática – Estuda o movimento dos corpos sem se preocupar com as suas causas.

Estática – Estuda as forças e suas condições de equilíbrio nos corpos sólidos e fluidos (líquidos
e gases).

Dinâmica – Estuda a relação entre força e o movimento dos corpos.

Introdução ao estudo da Cinemática

Ponto material: todo o corpo cujas dimensões relativas não interferem no estudo de
determinado fenómeno.

Tempo ou instante t: número real que se faz corresponder biunivocamente, mediante certas
convenções, à sucessão dos eventos. À origem dos tempos (instante inicial), geralmente, associa-
se, por comodidade, t 0 = o. Aos eventos que se seguem associa-se t > 0.

Intervalo de tempo ∆t: representa o número de unidades de tempo decorridas entre dois eventos
sucessivos e calcula-se por: ∆t = t – t0, onde t e t0 são os instantes associados a esses eventos.

Trajectória: para um dado sistema de referência, é a linha contínua, formada pela união dos
pontos ocupados sucessivamente pelo ponto material no decorrer do tempo. Dependendo da
forma dessa linha, as trajectórias podem ser, rectilíneas ou curvilíneas, sendo que estas podem
ser curvas especiais como a circunferência, a parábola, etc.

Espaço cinemático, posição s: é o número real que se faz corresponder aos pontos da
trajectória, e que se destina a localizar o ponto sobre sua trajectória. O espaço, s, só localiza
(relativamente à origem arbitrária) o ponto, não indica o sentido do movimento, nem determina
quanto o móvel efectivamente andou.
Movimento: é o conceito que se define para o ponto, em relação a um dado sistema de
referência. Se a sua trajectória é previamente conhecida nesse referencial, o ponto move-se sobre
ela se a sua abcissa linear s variar em função da abcissa temporal t. Isso indica-se com s = f(t) ou
s = s(t).

A expressão que associa biunivocamente a cada valor de t o correspondente valor de s [s = j(t)] é


denominada «lei do movimento», «lei horária do movimento» ou «equação horária».

Se s permanece constante (em relação a r), no referencial em questão, o ponto está em repouso.

Espaço percorrido: ou incremento de abcissa linear ∆s, num dado intervalo de tempo ∆t , é
dado por: ∆s = s - So.

Velocidade escalar média num dado intervalo de tempo: é o quociente do espaço


percorrido, ∆s , n esse intervalo de tempo, pela correspondente extensão do ∆t intervalo
considerado.

Sentido do movimento: numa trajectória orientada (sistema de coordenadas), é assim


convencionado:

• Se o ponto material se desloca no sentido positivo do sistema de coordenadas, o movimento é


considerado progressivo. Neste caso, a sua velocidade será positiva.

• Se o ponto material se desloca no sentido negativo do sistema de coordenadas, o movimento é


considerado regressivo ou retrógrado. Neste caso, a sua velocidade será negativa.
Espaço (S) percorrido pelo corpo durante o movimento.

O espaço S , percorrido por um ponto material, num dado intervalo de tempo, é definido pelo
comprimento do arco AB – ou seja , a distância percorrida pelo Ponto Material de “A” até “B”,
veja a figura.

O Espaço “S”, é a distância percorrida por um Ponto Material num dado intervalo de tempo.

Nota:

O espaço percorrido por um corpo é sempre positivo. Também pode ser nulo se o corpo não se
movimentar.

Posição de um corpo em movimento em relação a um corpo de referência

Para se definir a posição “x” ou “y” de um corpo em movimento, num dado instante, conhecida a
trajectória descrita por este, é necessário escolher, arbitrariamente, uma posição fixa de
referência – origem “O” –, uma recta graduada, que constitui o referencial e um sentido positivo
da trajectória, através de uma seta na extremidade da recta, veja a figura.

A Posição, é o lugar onde o corpo se encontra sobre um dado referencial.

Como vê, da figura, o ponto A corresponde à uma posição x1 e o ponto B corresponde à uma
posição x2.

Se considerarmos, por exemplo, o movimento de um ponto material, apenas de A para B, x1 é


designada, posição inicial e x2 é a posição final do PM.

Nota:

A Posição de um corpo pode ser positiva, negativa ou nula.


VELOCIDADE MÉDIA “vm” e VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA “vem’’

A velocidade de um corpo é a rapidez com que ele se movimenta num determinado intervalo de
tempo e a sua medida (velocidade média ou velocidade escalar média) encontra-se determinando
a razão entre a variação da posição do corpo ∆x = x2 - x1 e variação tempo ∆t = t2 - t1 . Assim:

Se o corpo se move com velocidade variada teremos que dividir o percurso ( ∆x1,∆x2 ,.......,∆xn )
e o tempo gasto em pequenos intervalo de tempo ( ∆t1 ,∆t2......,∆tn ).

Nestas condições a velocidade média será dada pelo quociente da soma dos diversos troços pela
soma dos diversos intervalos de tempo:

A velocidade escalar média, é o quociente entre o espaço total “St” percorrido pelo corpo e o
tempo gasto a percorrer esses mesmo espaço.

Velocidade Instantânea e Velocidade Relativa

VELOCIDADE INSTANTÂNEA “v”

Quando nos encontramos dentro de um carro em movimento, o velocímetro deste dá-nos a


velocidade a que o carro se encontra em cada instante, isto é; a velocidade instantânea. Assim:

A velocidade instantânea, é a velocidade do corpo num determinado instante.

Preste atenção ao seguinte gráfico. Ele descreve a situação de um corpo animado de movimento
variado, onde x(t) é a posição do corpo em cada instante t(s).
A velocidade instantânea é igual ao declive ou coeficiente angular da recta tangente ao gráfico
da posição em função do tempo.

A velocidade num instante “t” é:

Quanto maior for o declive da recta tangente ( ou seja, quanto maior for α), maior é a velocidade
nesse instante.

Nota: O ângulo α deve ser escolhido, como o menor ângulo (ângulo agudo) que a recta tangente
forma com o eixo “t”. Considere dois corpos A e B que movem um em relação ao outro com as
velocidades V A e V B .

A velocidade relativa denota-se por vAB e indica a velocidade do corpo A em relação à


velocidade do corpo B.

Assim, expressão para o seu cálculo de vAB


Onde: VAB é a velocidade do corpo A em relação ao corpo B, VA e VB são as velocidades dos
corpo A e B, respectivamente.

Para calcular a velocidade relativa, escolhe-se, arbitrariamente, um referencial como mostra a


figura.

Os corpos cujo sentido da velocidade coincide com o sentido do referencial escolhido, têm
velocidade positiva. Caso contrário, a velocidade do corpo é negativa.

Por isso, na figura, VA< 0, VB > 0 e VC < 0

Movimento Uniforme (MU)

O movimento uniforme pode ser definido como aquele em que um móvel tem velocidade
instantânea constante e igual à velocidade média para qualquer intervalo de tempo. No MU,

o móvel percorre distâncias iguais em intervalos de tempo iguais. Se a trajectória for rectilínea, o
movimento é chamado movimento rectilíneo e uniforme (MRU).

Por exemplo: se um corpo for impulsionado no espaço e nada existir que se oponha ao seu
movimento, ele entrará em MRU.

Função horária do MU

Um móvel em movimento uniforme sobre sua própria trajectória, tem sua distância alterada ao
longo do tempo em relação a um referencial em repouso. A equação matemática que relaciona a
variação do espaço com o tempo é chamada de função horária.

No instante t0 = 0 s, o espaço é S0 (espaço inicial); no instante t, o espaço é S. Então, temos:

Quando a velocidade instantânea de um móvel é positiva, ou seja, quando ele está se deslocando
a favor do sentido escolhido como positivo na trajectória, seu movimento é chamado
progressivo; quando ele está se deslocando em sentido contrário ao determinado como positivo,
tem velocidade instantânea negativa e seu movimento é denominado retrógrado.

Movimento Variado

Denomina-se movimento variado qualquer movimento no qual a velocidade varie ao longo do


tempo. Para descrever de que maneira a velocidade varia, utilizamos a grandeza física chamada
aceleração.

Considere um ponto material em movimento variado. No instante t1, a velocidade desse ponto
material é v1 ; no instante t2, sua velocidade é v2. A variação da velocidade ∆v e o intervalo de
tempo correspondente ∆t são:

∆v = v2 - v1 e ∆t = t2 - t1

Define-se aceleração média como o quociente entre a variação da velocidade e o intervalo de


tempo correspondente:

am =

A unidade de aceleração no SI é ms2.

A aceleração instantânea pode ser entendida como uma aceleração média para um intervalo de
tempo muito pequeno, tendendo a zero. Isto corresponde à operação matemática limite:

O sinal matemático da velocidade tem relação com o sentido do movimento em uma determinada
trajectória. Os sinais matemáticos da velocidade e da aceleração para os diferentes movimentos
estão relacionados abaixo:
• No movimento acelerado, o valor absoluto da velocidade aumenta ao longo do tempo. Os sinais
da velocidade e da aceleração são iguais.

• No movimento retardado, o valor absoluto da velocidade diminui ao longo do tempo. Os sinais


da velocidade e da aceleração são contrários.

Movimento Rectilíneo Uniforme (M.R.U.)

O móvel, deslocando-se em linha recta, percorre distâncias iguais em intervalos de tempos


iguais.

Lei da velocidade: dividindo a distância percorrida pelo tempo gasto a percorrê-la, encontra-se o
valor da velocidade no M.RU. Pode concluir-se que:

No M.R.U., a velocidade é constante em direcção, sentido e módulo (v = const.).

Lei do espaço: a análise do M.RU. permite concluir que:

No M.R.U., o espaço percorrido é proporcional ao tempo gasto.


Lei da aceleração: como no M.RU. não há variação da velocidade, conclui-se que:

No M.R. u., a aceleração é nula ( ⃗ = 0).

Movimentos Rectilíneos Uniformemente Variados (M.R.U.V.)

São movimentos rectilíneos nos quais a velocidade da partícula varia uniformemente com o
tempo. Eles podem ser:

Movimento Uniformemente Acelerado: quando o módulo da velocidade aumenta


uniformemente com o tempo.

Movimento Uniformemente Retardado: quando o módulo da velocidade diminui


uniformemente com o tempo.

Lei da aceleração: define-se aceleração como a variação da velocidade unidade de tempo.


Verifica-se que:

No M.R. U.V, a aceleração é constante em direcção, sentido e módulo.


Lei da velocidade: em qualquer movimento uniformemente variado, verifica-se que, em cada
unidade de tempo, o módulo da velocidade cresce ou decresce quantidades iguais em intervalos
de tempos iguais.

Sendo assim, o gráfico da velocidade mostra claramente esta tendência de crescimento ou de


decrescimento.

Nos casos em que o gráfico v(t) está acima do eixo do tempo, a velocidade é positiva e, por isso,
o movimento é progressivo e, quando este mesmo gráfico está abaixo do eixo do tempo, a
velocidade é negativa e, consequentemente, o movimento é retrógrado.

Lei do espaço: nos movimentos uniformemente variados, os espaços variam com os quadrados
dos tempos.

A equação s(t) define a posição do ponto material no instante t, em relação à origem do


referencial.

A distância percorrida (∆s) pelo ponto material no intervalo de tempo

(∆t = t) é dada pela equação ao lado ou, ainda, pela determinação da área subentendida pelo
gráfico v(t).
A análise da equação horária do movimento permite concluir que, sendo esta uma equação do
segundo grau, o gráfico que a define é uma parábola.

Dependendo da forma da parábola, poderemos ter diversos tipos de movimento uniformemente


variado representados numa única curva.

• Se a > 0⇔ a concavidade da parábola está virada para cima.

• Se a < 0 ⇔a concavidade da parábola está virada para baixo.

• Se s > So ⇔ o movimento é progressivo ⇔ velocidade positiva.

• Se s < So ⇔o movimento é regressivo ⇔ velocidade negativa.

Com base nos parâmetros acima descritos, poderemos concluir que o movimento é
uniformemente acelerado se a aceleração e a velocidade tiverem o mesmo sinal, e
uniformemente retardado se a aceleração e a velocidade tiverem sinais opostos.

Equação de Torricelli

A partir das funções horárias do espaço e da velocidade do movimento uniformemente variado,


obtemos a equação que relaciona directamente o espaço com a velocidade.

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