Você está na página 1de 39

2

Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GERAIS

CURSOS DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA AGRONÓMICA,


FLORESTAL E ZOOTÉCNICA

Cadeira: Física Geral

Tema 2. Leis do
Movimento

Mocuba, Abril de 2020

Física Geral – 2020 Docente: Bruno Luís Nicoate


3

Objectivos da Unidade

 Diferenciar os movimentos (MRU; MRUV; MCU e movimentos relativos).


 Deduzir as equações dos lançamentos de projécteis e resolver exercícios
concretos.
 Resolver exercícios quantitativos com base na interpretação de gráficos e
tabelas.

Física Geral – Docente: Bruno Luís


2020 Nicoate
4

1. INTRODUÇÃO A CINEMÁTICA

Cinemática é o ramo da Mecânica que se ocupa na descrição dos movimentos dos


corpos, sem se preocupar com a análise das suas causas. Geralmente, na Cinemática
trabalha-se com partículas ou pontos materiais, corpos em que todos os seus pontos se
movem de igual maneira e em que são desprezadas suas dimensões em relação ao
problema. Portanto, a Cinemática estuda os movimentos dos corpos; classifica-os,
estabelece leis e prevê, a partir dessas leis, o comportamento de um corpo que se esteja
a mover.

Em Cinemática, qualquer objecto pode ser considerado uma partícula, desde que não
estejamos interessados em seu tamanho, forma ou movimento interno. Por exemplo,
podemos considerar carros, trens e foguetes como partículas. A terra e outros planetas
também podem ser “pensados” como partículas em seu movimento em torno do sol. Até
pessoas e galáxias podem ser tratadas como partículas.

1.1.Movimento de um ponto Material

Para melhor descrição do movimento de um móvel ou partícula durante o seu


movimento, usamos o termo ponto material. O Ponto material (PM) tem dimensões
desprezíveis em relação as distâncias que percorre, mas possui massa.

Ponto Material é um modelo idealizado, cuja finalidade é de representar qualquer


corpo, independentemente das suas dimensões. Durante a descrição do PM, devemos ter
em conta o sistema de referência adoptado.

Sistema de referência é o sistema de coordenadas que define uma origem e um


conjunto de direcções a partir das quais é possível localizar um ou mais objectos em
relação a origem.

Referencial ou corpo de Referência é um corpo ou conjunto de corpos considerados


fixos por convenção em relação aos quais o movimento é considerado ou analisado.

Trajectória é a linha imaginária (ou real) descrita por um móvel durante o seu percurso
(ou movimento). De acordo com a trajectória, os movimentos podem ser Rectilíneo,

Física Geral – Docente: Bruno Luís


2020 Nicoate
5

quando a sua trajectória é uma linha recta e Curvilíneo, quando a sua trajectória é uma
linha curva.

Para melhor descrição do movimento de um corpo, devemos distinguir os conceitos de



espaço (S), posição (x) e deslocamento ( r ).

O comprimento da origem do referencial à posição do móvel tem o nome de espaço; ou


seja, o espaço é a distância percorrida por um ponto material num dado percurso.

O espaço (S) percorrido por um corpo é sempre positivo e a unidade no Sistema


internacional é metro (m). O espaço poderá eventualmente ser nulo se o corpo não se
movimentar. O espaço percorrido por um ponto material, num dado intervalo de tempo,
é definido pelo comprimento do arco AB , ou seja, a distância percorrida pelo PM de A
para B.

Para se definir a posição x ou y de um PM, num dado instante, conhecida a trajectória


descrita por este, é necessário escolher, arbitrariamente, uma posição fixa de referência
(origem “O”) uma recta graduada, que constitui o referencial, e o sentido positivo da
trajectória, através de uma seta na extremidade da recta.

A posição é o lugar onde o corpo se encontra em relação a um dado referencial.

Da figura, vê-se que o ponto A corresponde a coordenada de uma posição x1 em relação


a origem “O” e o ponto B corresponde a uma coordenada da posição x2. Se
considerarmos, por exemplo, o movimento do PM, apenas de A para B, x1 é designado
por posição inicial e x2 é a posição final do PM.

 A posição de um corpo pode ser positiva, negativa ou nula.

Física Geral – Docente: Bruno Luís


2020 Nicoate
6

 A posição é uma grandeza vectorial, pois depende da direcção, sentido e módulo.



Como tal, representa-se por r . O vector posição é o vector que une a origem do
referencial com a respectiva posição.

 
Assim: r1 é o vector posição inicial e r2 é o vector posição final.

Um corpo em movimento sofre uma variação de posição em relação a um determinado


referencial. Assim, o deslocamento Δx sofrido por um corpo, é dado pela diferença
entre a sua posição final x2 e a sua posição inicial x1.

O valor modular é dado por: Δx = x2 – x1, onde Δx é o deslocamento escalar que


conforme o sinal algébrico informa-nos sobre o sentido do movimento do corpo.

Chama-se deslocamento do corpo ou ponto material, ao seguimento de recta orientado


que liga a posição inicial do corpo a sua posição seguinte.

O deslocamento pode ser positivo se x2 > x1; negativo se x2 < x1 e nulo se x2 = x1.

Física Geral – Docente: Bruno Luís


2020 Nicoate
7


O deslocamento é também uma grandeza vectorial, r e é definida pela expressão
  
r = r2 - r1 . Para o seu cálculo, aplicam-se as regras do cálculo vectorial conhecidas da
matemática.

1.2. Velocidade de uma partícula ou ponto material

Velocidade é uma grandeza vectorial que caracteriza a variação da posição de uma


partícula com o decorrer do tempo. Mas no movimento unidimensional vamos trabalhar
com sua projecção sobre o eixo ox. Se por exemplo, um corpo estiver se deslocando no
plano xy, devemos projectar a velocidade nos referidos eixos (ox e oy).

Chama-se velocidade média, a razão entre o deslocamento efectuado pela partícula e o


intervalo de tempo que a partícula gasta a fazer esse deslocamento.



x x x 0  r
vm =  ou então v m =
t t  t0 t

Física Geral – Docente: Bruno Luís


2020 Nicoate
No caso de se dividir o movimento do corpo em vários percursos na mesma direcção,
(Δx1; Δx2,…Δxn), a velocidade média pode ser calculada pela expressão:

v m = x 1 x 2 ... xn



t1  t 2 ...  t n

O valor indicado no velocímetro, num dado instante, é a velocidade instantânea do


automóvel naquele momento. A velocidade instantânea é a velocidade que um corpo
x dx
possui num determinado instante; ou seja: vx = lim  .
t 0 t dt

A velocidade instantânea é igual ao declive ou coeficiente angular da recta tangente ao


gráfico da posição em função do tempo.

2. Movimento Rectilíneo Uniforme (MRU)

2.1. Características do Movimento. Gráficos e equações.

Trata-se do movimento em que o corpo se desloca com velocidade constante ao longo


de uma trajectória rectilínea. Deste modo, o ponto material percorre espaços iguais em
intervalos de tempo iguais. Portanto, o MRU tem as seguintes características: trajectória
rectilínea; velocidade constante e aceleração nula.

  
 r t
 dv  dr
   
a 0 e v   cons tan te , logo, dr  v.dt  dr   v.dt
dt dt 
r0 t0

No MRU, a velocidade instantânea é igual a velocidade média, ou seja: v = vm =


constante ≠ 0.
Gráfico da v(t)

O gráfico da velocidade em função do tempo é uma linha recta, horizontal, paralela ao


eixo do tempo. O gráfico estará acima do eixo do tempo se a velocidade for positiva;
sobre o eixo do tempo, se a velocidade for nula; e abaixo do eixo do tempo se a
velocidade for negativa.

A área subentendida pelo gráfico da velocidade em função do tempo é igual ao


deslocamento Δx da partícula.
t t
x
dx  v.dt , Usando a integração, temos:  dx 
x0  v.dt , logo  x 0   v.dt
t0
x
t0

Gráfico da x(t)

Da equação x(t) = x0 + v.t, concluímos que x ~ t. Para x0 ≠ 0, x0 = 0, v > 0, v = 0 e


v < 0, temos os gráficos:

O declive ou coeficiente angular do gráfico é igual a velocidade do corpo. Em algumas


literaturas usam-se os termos, movimento progressivo e movimento regressivo. Este
facto tem apenas a ver com o sentido do movimento em relação ao referencial adoptado.
Assim:

a) MRU progressivo é aquele em que o movimento ocorre no mesmo sentido que o do


referencial x, por isso, a v > 0.
b) MRU regressivo (retrógrado) é aquele em que o movimento ocorre no sentido
contrário que o do referencial x, por isso, a v < 0.

2.2. Lei dos espaços e das Velocidades

Os espaços S são directamente proporcionais aos tempos t em que foram percorridos:


S
 Cons tan te ou seja: x0  x0  v.t Lei dos espaços.
t

Tendo presente que o limite de uma constante é essa própria constante, verifica-se que:

    
  r
v  lim v m  lim dr  const. Logo, no MRU, a velocidade é constante em
t 0 t 0 t 
dt
módulo, direcção e sentido.

A expressão para o cálculo da velocidade no MRU é a da velocidade instantânea

 x d x x
t
v  lim 
t 0 t dt
, ou seja, dx  v.dt , integrando temos:

x0
dx   v.dt ,
t0
logo:

t
x  x 0   v.dt .
t0

2.2. Movimento Rectilíneo Uniformemente Variado (MRUV)

O movimento rectilíneo uniformemente variado é aquele cuja trajectória é uma linha


recta e que o corpo sofre variações de velocidades iguais em intervalos de tempos
iguais.

A grandeza física que caracteriza a variação da velocidade na unidade de tempo chama-


se aceleração. A aceleração é a variação da velocidade na unidade de tempo.

 
  2
 d dx d x
dv d
a a (v) então: a  ( ) 2
dt dt dt dt dt

Isto significa que a aceleração é a segunda derivada da posição em função do tempo.


Sendo o limite de uma constante, essa própria constante, tem-se, por definição de
    
  v
aceleração: a  lim a m  lim dv  const. logo, no MRUV, a aceleração é
t 0 t 0 t 
dt
constante em módulo, direcção e sentido (Lei das acelerações).

No MRUV, como a aceleração é constante, a aceleração média será igual aceleração


 
instantânea, ou seja: a m  a  const  0 .

2.2.1.Equações e gráfico do MRUV

a) Gráfico da a(t)

No MRUV, aceleração é constante. Por isso, o gráfico a aceleração em função do tempo


é uma linha recta horizontal acima do eixo do tempo (se a aceleração for positiva);
sobre o eixo do tempo (se a aceleração for nula) e abaixo do eixo do tempo, se a
aceleração for negativa.

Área = Δv = a.Δt

Conhecida a aceleração, podemos calcular a velocidade por integração da equação



 dv
a . Assim teremos:
dt

v t v

 dv   onde v0 é a velocidade no instante t0. Mas como:  dv  v  v 0

a.dt
v0 t0 v0

t
temos: v  v 0   a.dt .
t0
b) Gráfico da v(t)
Da equação v(t)  v0  at , podemos afirmar que no MRUV, a velocidade é

directamente proporcional ao tempo gasto. Por isso, o gráfico é uma função linear
crescente (se a > 0); horizontal (se a = 0) e decrescente (se a < 0).

 
 dv
O declive ou coeficiente angular do gráfico é igual a aceleração a  , pois, do
dt
v
gráfico verificamos que: a  tg  tg  .
t

c) Gráfico da x(t)

A equação da posição em função do tempo para uma partícula animada de MRUV é a


2
a.t
seguinte: x  x 0  v0 .t  . Trata-se de uma equação da forma y x   ax 2  bx  c .
2

Assim, o gráfico da posição em função do tempo de um MRUV é um ramo da parábola,


com a concavidade voltada para baixo se a aceleração for negativa (a<0) e com a
concavidade voltada para cima, se a aceleração é positiva (a >0).

2.3.Equação de Torricelli

Até agora estudamos sempre equações que relacionam grandezas físicas com o tempo.
A equação de Torricelli é uma relação de extrema importância, pois, ela não depende do
tempo e será fundamental em problemas que não trabalham com o mesmo.
t
Para obtenção da equação, partimos da equação: v  v 0   e obtemos
a.dt
t0

1 2 1 2 x
v  v 0  a. dx , ou seja: v  v 2  2ax  x  … (Deduza a equação).
2 2  0 0
2

x0

O MRUV divide-se em dois tipos: Movimento Rectilíneo Uniformemente acelerado


(MRUA) e Movimento Rectilíneo Uniformemente retardado (MRUR).

Um movimento diz-se uniformemente acelerado, quando a velocidade e a aceleração


tem o mesmo sinal ou (a.v > 0) e dir-se-á retardado, quando a velocidade e a aceleração
tem sinais contrários (a.v < 0), como mostra a figura:

3. Movimento Circular Uniforme (MCU)

Na Mecânica clássica, movimento circular é aquele em que o objecto ou ponto material


se desloca numa trajectória circular e com velocidade constante. Podemos encontrar
como exemplo, nos ventiladores, liquidificadores e nas rodas dos automóveis quando se
locomovem com velocidade constante.

Considere um móvel que percorre o arco AB, que sofre um deslocamento ΔS. Sua
velocidade linear, por ser constante, é determinada com a equação da velocidade média:

Agora se você observar atentamente esse movimento, será possível perceber que,
quando o móvel percorre o arco AB, além de sofrer o deslocamento ΔS, ele também
varre um ângulo Δφ. Observe a figura:
Quando um móvel executa um movimento curvilíneo ou circular também deve se
considerar uma segunda velocidade que não aparece nos movimentos rectilíneos. Essa
velocidade é a velocidade angular e ela está ligada ao movimento de rotação. O cálculo
da velocidade angular é muito parecido ao da velocidade linear, mas, nesse caso, em vez
de usarmos o ΔS, usaremos o Δφ.

A velocidade linear e a velocidade angular se relacionam por uma das expressões mais
importantes do movimento circular: v = w.R, onde R é o raio da trajectória.

Quando se executa um movimento em círculos e com velocidade constante, é fácil


perceber que sempre se completará uma volta no mesmo intervalo de tempo. Por isso
esse movimento é classificado como movimento periódico.

O movimento periódico em si pode ser definido por duas grandezas que são o período e
a frequência. O período é o tempo que o móvel leva para completar uma volta e a
frequência é o número de voltas completadas num determinado intervalo de tempo.
t n 1
T  n e f  , logo: f 
t T

No MCU, a direcção e o sentido da velocidade variam, mas o valor modular mantêm-se.


Apesar de a velocidade ser constante, deve existir uma aceleração para variar a direcção
da velocidade. Essa aceleração é chamada de aceleração centrípeta (acp) e, como diz o
nome, ela sempre está direccionada para o centro da curva, como mostra a figura:
Observe que a aceleração centrípeta faz noventa graus com a velocidade. É por isso que
ela provoca a variação na direcção do vector velocidade. A intensidade da aceleração
2
v
centrípeta é dada pela expressão a seguir: ac 
R

O deslocamento angular (φ) se define de modo similar ao deslocamento linear. Porém,


ao invés de considerarmos um vector deslocamento, consideramos um ângulo de
deslocamento. Se φ for expresso em radianos, temos a relação

s = φ.R, onde R é o raio da circunferência e S é o deslocamento linear.

A velocidade angular (w), por exemplo, que é a derivada do deslocamento angular pelo
intervalo de tempo que dura esse deslocamento é dado pela expressão:
 d  t
2
w    d   w.dt w w  1rad / s no SI.
e
t dt 0 t0
T

Por fim a aceleração angular (γ), somente no MCUV, é definida como a derivada da
w d
velocidade angular pelo intervalo tempo em que a velocidade varia: γ =  .
t dt

A unidade da aceleração angular é o radiano por segundo ao quadrado (rad/s2). A


aceleração angular guarda relação somente com a aceleração tangencial α e não com a
aceleração centrípeta: α = γ.R, onde α é a aceleração tangencial.

A aceleração centrípeta é proporcional ao quadrado da velocidade angular e ao raio da

trajectória: ac = w2.r

A função horária de posição para movimentos circulares usando propriedades angulares,


2
.t
assume a forma:    0   0.t  , onde φ0 é o deslocamento angular no início do
2
movimento.

É possível obter a velocidade angular a qualquer instante t, no MCUV, a partir da


2
fórmula: w  w0  2
2
(Equação de Torricelli)
.
4. Movimentos no Plano – Lançamento de projécteis

4.1. Lançamento Vertical

A queda de um corpo próximo à superfície da terra é um movimento uniformemente


acelerado, desde que se despreze a resistência do ar.

Denomina-se queda livre de um corpo quando o mesmo é abandonado no vácuo ou se é


desprezível a resistência do ar. Próximo à superfície da terra, os corpos estão sujeitos a
aceleração, devido a atracção da terra, denominada aceleração de gravidade,
aproximadamente igual a 9,81m/s2, na vertical e dirigida de cima para baixo.

A queda livre e o lançamento vertical são movimentos uniformemente variados, sendo o


primeiro uniformemente acelerado e o segundo uniformemente acelerado ou retardado.
Ao longo da horizontal usamos os símbolos “x” e “a” para a posição e aceleração,
enquanto que na vertical, usamos “h” e “g” para altura e aceleração de gravidade,
respectivamente. Logo, a = g e x = h, sendo interpretados através das seguintes
equações:
 v(t )  vo  gt (equação da velocidade)
2
g .t
 h(t )  ho  vo .t  (equação horária)
2
2 2
 v  v0  (equação de Torricelli)
2gh

Num lançamento vertical, o projéctil é lançado verticalmente de baixo para cima


(movimento ascensional) ou de cima para baixo (queda), interpretados pelos diagramas
abaixo:
Após a análise dos movimentos e depois de estabelecidas as equações horárias para
cada tipo de movimento, convém:

 Igualar a equação v(t) a zero, se o pedido for o tempo necessário para o corpo atingir
a altura máxima.
 Substituir o tempo que o corpo necessita para atingir a altura máxima na equação
y(t), se o pedido for a altura máxima atingida pelo corpo.
 Igualar y(t) a zero se o pedido for o tempo para o corpo atingir o solo.

4.2. Lançamento Horizontal

O Lançamento horizontal no vácuo, nas proximidades da superfície terrestre, pode ser


considerado como a composição de dois movimentos. Trata-se da sobreposição de
movimentos ao longo da vertical e ao longo da horizontal, ou seja: na horizontal temos
o movimento uniforme e na vertical, o movimento uniformemente acelerado.

 Na horizontal temos: vx = v0 = constante e x = v0.t


2
g.t
 Na vertical, temos: vy = g.t e y  y 0  v0 y.t  mas , com y 0 e
2
g.t 2
v 0 y iguais a zero, temos: y  .
2

Ao longo da trajectória, a velocidade em cada instante é a resultante das componentes vx


2
e vy, ou seja: v  v x  v 2y

Podemos determinar o ângulo que o vector velocidade forma com o eixo horizontal:

vy
tg 
vx
2
g .t
A equação da trajectória y(x) resulta da relação entre as equações x = v0.t e y 
.
2
Resolvendo o sistema de equações em ordem a t, a 1ª equação e substituindo na 2ª
2
equação, temos: x  v0 (demonstre).
y
g

4.3. Lançamento Oblíquo


Considere um corpo sendo lançado com uma velocidade v0 numa direcção que forma
com a horizontal um ângulo φ (ângulo de tiro). Desprezada a resistência do ar, o corpo
fica sob acção exclusiva do seu peso e de aceleração de gravidade. A trajectória descrita
em relação a terra é uma parábola. A distância horizontal que o corpo percorre desde o
lançamento ate o instante em que retorna ao nível horizontal de lançamento é
denominado alcance. O máximo deslocamento do corpo na direcção vertical, chama-se
altura máxima. Consideremos a figura:

Para estudar este movimento, consideremos o movimento ao longo da vertical (y) e o


movimento horizontal (x).

a) Movimento horizontal – Esse movimento é uniforme, uma vez que vox é constante
(desprezando-se a resistência do ar).

b) Movimento vertical – Nesse movimento, a velocidade é variável, pois o corpo está


sujeito à aceleração da gravidade: na subida, o movimento é retardado (velocidade e
aceleração têm sentidos contrários); na descida, o movimento é acelerado (velocidade e
aceleração têm sentidos iguais).

Na direcção vertical o corpo realiza um Movimento Uniformemente Variado, com



velocidade inicial igual a v 0 y e aceleração da gravidade (g).

Na direcção horizontal o corpo realiza um movimento uniforme com velocidade igual a

Observações:

 Durante a subida a velocidade vertical diminui, chega a um ponto (altura máxima)



onde v y  0 , e desce aumentando a velocidade.

 O alcance máximo é a distância entre o ponto do lançamento e o ponto da queda do


corpo, ou seja, onde y = 0.
 A velocidade instantânea é dada pela soma vectorial das velocidades horizontal e

vertical, ou seja, v  v x 2  v y 2 . O vector velocidade é tangente à trajectória em

cada momento.

Para calcular este movimento deve-se dividir o movimento em vertical e horizontal.



Para decompor o vector v0 em seus componentes são necessários alguns fundamentos

de trigonometria. Assim:

v v 
sen  0 y, logo: v 0y  0 sen e cos  0 x , logo: v0 x  v 0 cos
v0 v0

 Ao longo da horizontal, o deslocamento é dado por:



x  x 0  v0 x .t , sendo v0 x  v .cos , temos: x  x 0  v cos .t

 Na vertical (substituindo h por y), temos:


2 2
gt   gt
y  y 0  v 0 y .t  , sendo v0 y  v .sen , temos: y  y  v .sen .t 
2 2
Uma vez que o tempo é igual temos:

0
 x
x  x0  v0 cos .t , com x0 = 0, temos: t 
v0 . cos

Substituindo a equação do tempo na expressão y(t), temos:


2
v0
x .sen2 Trata-se do alcance máximo.
g

Sabemos que quando a altura for máxima v y  0 , então deduzida a equação de


2 2
Torricelli v y  v0 y  2 g.h , teremos a equação:
2
v0
.sen 
2
hmax  Equação da altura máxima.
2g

Da equação v y  v 0 .sen   g.t s , sendo t = v y  0 , logo:


ts,,

v
0  v0 .sen  g.t s , então: t s 0 .sen Tempo de ascensão
 g

Quando os efeitos do ar são desprezados, o tempo de ascensão e o da queda são iguais,


ou seja:
v0
ts tq  .sen
g

5. Movimento Relativo

O movimento é um conceito relativo cuja descrição depende de um referencial


específico escolhido pelo observador.

Diferentes observadores usando sistemas referenciais diferentes obtêm diferentes


descrições de um mesmo movimento. Durante séculos, físicos e filósofos discutiram a
possibilidade de definir-se um referencial absoluto em repouso relativamente ao espaço
vazio. Quando se admitiu o espaço vazio ocupado por uma substância imaginária
chamado éter, possuindo propriedades um tanto contraditórias e impossíveis, o
referencial absoluto foi definido como um referencial em repouso relativo ao éter.
Assim, consideremos apenas um referencial x e determinemos as velocidades relativas
de aproximação e de afastamento.

 A velocidade de dois móveis em sentidos contrários é dado por: v AB  v  v B


A

 A velocidade de dois móveis no mesmo sentido é dado por: v AB  v  v B


A
Nos cálculos acima, supõe-se que |vA| > |vB|. Se houver colisão e os móveis
permanecerem juntos após a mesma, evidentemente vAB = 0.

5.1. Velocidades e acelerações relativas

Sejam dois pontos, A e B, e um observador «O» que usa como referencial os eixos xyz.

As velocidades de A e B relativas são:


 
 drA  drB
vA  e vB 
dt dt

As velocidades de B relativa a A e a de A relativa a B são dadas por:

  
   d BA d B d A   
rBA  rB  rA     v BA  v B  v A
dt dt dt

     
rAB  rA  rB  v AB  v A  vB

    
Das equações anteriores, conclui se que: v BA  v BA  v AB v BA  v  v BA
 AB

As acelerações relativas:

d
 
 d BA dv A   
a BA   B
  a BA  a B  a A e
dt dt dt
 
 dv AB dv A dv B   
a AB     a AB  a A  a B
dt dt dt
Aula Prática II Tema: LEIS DO MOVIMENTO

1. Em 1984, o navegador Amyr Klink atravessou o Oceano Atlântico em um barco a


remo, percorrendo a distância de, aproximadamente, 7000 km em 100 dias. Calcule
a sua velocidade média em km/h.
2. Uma partícula move-se ao longo do eixo de coordenadas ox. A sua coordenada x
2
varia com o tempo de acordo com a equação: x(t )  4t  2t no SI.
a) Determine o deslocamento da partícula no intervalo de tempo t = 1,0s até t = 3,0s.
b) Calcule a velocidade média no mesmo intervalo de tempo.
c) Determine a velocidade instantânea da partícula para t = 2,5s.

3. O movimento de uma partícula é descrito pelas seguintes equações paramétricas:


2
x(t )  2t  1,0 y(t )  4t no SI. Determine:
e
a) O vector posição da partícula no instante t.
b) O deslocamento da partícula entre t = 1,0s e t = 3,0s.
c) A velocidade média da partícula entre t = 1,0s e t = 3,0s.
d) A velocidade média da partícula no instante t.
e) O módulo da velocidade no instante t = 1,0s.

4. A figura representa o gráfico da v(t) de um autocarro que parte do terminal


rodoviário efectua um certo percurso rectilíneo, regressando, posteriormente, ao
terminal.
a) Quanto tempo esteve parado e em que intervalos?
b) Em que instante o autocarro inverte o sentido do movimento?
c) Identifique os troços do percurso em que o movimento é acelerado e em que é
retardado e determine o valor da respectiva aceleração.
d) Compare os valores da velocidade e da aceleração em cada um dos troços referidos
na alínea c) e tire conclusões.
e) Trace o gráfico da aceleração em função do tempo.
f) Determine o valor do deslocamento total e do espaço total percorrido.
g) Qual a distância que separa os dois terminais?

5. A velocidade de um automóvel viajando para o leste é uniformemente reduzida de


22m/s para 15m/s em uma distância de 80m.
a) Qual é o módulo e o sentido da aceleração constante?
b) Qual é o tempo decorrido durante esta aceleração?
c) Se o carro continua desacelerando na mesma proporção, quanto tempo se gasta para
trazê-lo da velocidade de 22m/s até ao repouso?
d) Que distância é então percorrida?

6. O movimento de uma partícula que se desloca no plano oxy é definido pelo vector
 2 
posição: r (t)  e x  4,0te no SI. Determine:
2,0t y

a) A aceleração da partícula.
b) As componentes tangenciais e normal da aceleração, no instante t =2,0s.
c) O raio de curvatura da trajectória, no instante t = 2,0s.

7. Um corpo é lançado verticalmente, para cima, com uma velocidade de 50m/s.


Considere desprezível a resistência do ar.
a) Determine o tempo que demora a subir e a altura máxima que o corpo atinge.
b) Verifique se o tempo de subida é igual ao tempo de descida.
c) Que velocidade o corpo possui, a meia altura, quer na subida, quer na descida?
8. Numa operação de emergência, durante as cheias, um avião deixa cair caixas de
ração. Sabendo que o avião voava horizontalmente a uma velocidade de 40m/s e a
uma altura de 100m acima do solo:
a) A que distância do ponto de lançamento as caixas irão cair?
b) Quais são as projecções da velocidade da caixa imediatamente antes de chocar o
solo?

9. Lança-se uma bola de golfe com uma velocidade inicial de 14m/s e ângulo de
projecção de 49°. Que distância percorrerá a bola até tocar o chão? Admita o terreno
plano e despreze a resistência do ar.

10. No início da travessia de um rio, um barco tem uma velocidade de 10km/h relativa à
água e dirigida perpendicularmente às margens do rio. A água tem uma velocidade
constante de 5km/h em relação à terra na direcção paralela às margens. Determine a
velocidade do barco em relação a um observador paralelo numa das margens.

Você também pode gostar