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Movimento Retilíneo

Uniformemente Variado
(MRUV)
Física
Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
8 pag.

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Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV)

Matheus Rodrigues de Menezes Teixeira e Rafaella Silveira Caravaca


Universidade Federal do Pampa
Bagé, Brasil
matheusrodrigues16meneses@outlook.com, rafaella.caravaca@gmail.com

Resumo - Como forma de estudar o Movimento tempo quando o carrinho passava, a fim de
retilíneo uniformemente variado (MRUV), foi demonstrar na prática como calcular a velocidade e
realizado um experimento com o auxílio do trilho aceleração do objeto de estudo.
de ar. No experimento foram anotados o tempo em
II. TEORIA
que o carrinho passava pelos sensores, para
sucessivamente calcular a velocidade, aceleração A comparação, classificação e estudo dos
e erro de medida em cada sensor. movimentos é chamada cinemática. O movimento
unidimensional possui algumas propriedades que
Palavras chaves: MRUV, Movimento retilíneo são de fundamental relevância na análise da
uniformemente variado , trilho de ar, sensor, problemática, seja em âmbito teórico ou
aceleração constante, física. experimental. A trajetória deve ser retilínea, a
análise do estudo do movimento deve ser feita no
I. INTRODUÇÃO
movimento em si e não em suas causas, ou seja, as
Um dos objetivos da física é estudar o movimento forças aplicadas (empurrões ou puxões). Além do
dos objetos: a rapidez com que se movem, por objeto em estudo ser considerado supostamente uma
exemplo, ou a distância que percorrem em um dado partícula, dessa forma todas suas partes se movem
intervalo de tempo [1]. na mesma direção com mesma rapidez.
O movimento retilíneo uniformemente variado Para determinar a localização de um objeto no
(MRUV), possui aceleração constante, portanto, a espaço, é necessário primeiramente determinar um
velocidade do objeto aumenta ou diminui com o sistema de referência, como por exemplo o eixo x.
passar do tempo. Usualmente utilizamos o lado direito do eixo para
A mecânica newtoniana pode ser aplicada no estudo representar o números positivos e o esquerdo para
dos movimentos dos mais variados objetos, logo um os números negativos.
corpo que realiza MRU e MRUV é regido pela
primeira lei de Newton [1].
A aplicação prática dessa área da física pode ser
encontrada em pesquisas de geólogos, que estudam
as placas tectônicas, para tentar prever terremotos,
pode ser observada também quando um motorista
freia o carro e em inúmeros outros casos do nosso
cotidiano [1].
Nesse experimento foi utilizado um trilho de ar e
um carrinho, ligado através de um fio a uma massa,
para obter um movimento acelerado. Conforme o
carrinho se deslocava os sensores marcavam o

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Figura 1- Eixo X representando uma distância em (3), a velocidade média em qualquer intervalo de
metros [1]. tempo ( de t=0 a um instante posterior t, digamos) é
Aceleração: a média aritmética da velocidade no início do
Quando a velocidade de uma partícula varia, diz-se intervalo (v0) com a velocidade no final do
que a partícula sofreu uma aceleração (ou foi intervalo (v) [1]. Para o intervalo de t=0 até um
acelerada) [1]. Logo a aceleração média é dada pela instante posterior t, portanto, a velocidade média é
equação [1]: [1]:
v 2−v 1 Δv
améd= = (1)
t 2−t 1 Δt 1
[1]vméd= ⋅ ( v 0+v ) (6)
2
A unidade de aceleração no SI (Sistema
Internacional de Unidades) é o metro por segundo Substituindo v pelo seu valor, dado pela equação
ao quadrado , m/s2 [1]. (3), obtém-se [1]:
O sinal algébrico representa seu sentido em relação
a um eixo, ou seja, uma aceleração com um valor 1
vméd=v 0+ ⋅a⋅t (7)
positivo tem o sentido positivo de um eixo, 2
enquanto uma aceleração com valor negativo tem o
sentido negativo [1]. Substituindo a equação (4) na (7), resulta em [1]:

Aceleração constante: 1 2
x − x 0=v 0 ⋅t+ ⋅ a ⋅t (8)
Em muitos tipos de movimento, a aceleração é 2
constante ou aproximadamente constante [1]. Eliminando o tempo, obtém-se a equação de
Quando a aceleração é constante, a aceleração Torricelli [1]:
média e a aceleração instantânea são iguais. [1]
Conforme a equação demonstra [1]: v ²=v 0²+2⋅a⋅( x−x 0) (9)

V −V 0 Combinando as equações (3) e (8), obtém-se [1]:


a=améd= (2)
T −0
1
⋅a⋅t ²=0,222⋅t ² (10)
Onde v0 é a velocidade no instante t=0 e v é a 2
velocidade em um instante de tempo posterior a
t[ 1]. Eliminando V0, encontra-se [1]:
Rearranjando os termos, obtém-se, a equação [1]:
v =v 0+a⋅t (3) 1
x − x 0=v ⋅ t − ⋅ a ⋅t(11)
Analogamente, pode-se escrever a equação [1]: 2
x− x0 Os gráficos de um corpo com aceleração constante
vméd= (4)
t−0 se assemelham a essa forma:
Rearranjando, resulta em [1]:
x=x 0+vméd ⋅t (5)
Onde x0 é a posição da partícula em t=0 e vméd é a
velocidade média entre t-0 e um instante t posterior.
Para a função velocidade linear dada pela equação

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vertical (o eixo v) no ponto v0 [2] .
Vale, ilustrar a forma de um gráfico da posição em
função do tempo:

Figura 2: Gráfico de aceleração contra o tempo


(axt), onde a representa a aceleração, em metros por
segundo ao quadrado e t, representa o tempo, em
segundos. [2]
A área indicada sob a curva do gráfico de
aceleração contra o tempo é indicada pelo retângulo Figura 4- A posição x(t) de uma partícula que se
de altura a, e comprimento t [2]. A área desse move com aceleração constante [2].
retângulo é igual a at [2]. Pela equação (2) é igual a A equação da reta, que descreve a velocidade pode
variação de velocidade (Δv). ser escrita como [3]:
y=mx+c(12)
Onde x e y são os pontos pertencentes à reta, m é o
coeficiente angular da reta e c é o coeficiente linear
[3].
O coeficiente angular é a inclinação da reta em
relação ao eixo das abscissas e o coeficiente linear
é onde a reta corta o eixo das ordenadas [3].
Em um gráfico de velocidade e tempo a área
hachurada permite calcular o deslocamento (Δs)
percorrido pela partícula entre os instantes t1 e t2
[3].

Figura 3- Gráfico de Velocidade contra o tempo


(vxt), para uma partícula que se move em linha reta
com aceleração constante positiva [2].
Podemos considerar a altura v do gráfico da Figura
3 em qualquer instante t como a soma de dois
segmentos: um de comprimento v0 igual à
velocidade inicial, e outro de comprimento at igual
à variação da velocidade no intervalo de tempo t Figura 5- gráfico velocidade-tempo com a área
[2]. hachurada [3].
O gráfico de velocidade em função do tempo é uma
linha reta, cuja inclinação a intercepta o eixo

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Erros O desvio padrão da média é interpretado como
Quando se executa um experimento várias vezes e maior ou menor flutuação do valor da média em
obtém-se resultados distintos, nota-se a presença do torno de uma média mais geral,a média das médias
erro experimental, que deve ser disposto na análise [4]:
de dados. Os erros em medidas experimentais
podem ser assim classificados [4]: x=xm ±σ xm(15)
a) Erros grosseiros : São devido a pouca
prática e descuido do experimentador em III. PARTE EXPERIMENTAL
leituras, cálculos e manuseios do material.
Como forma de estudar o Movimento Retilíneo
Este tipo de erro não pode ocorrer e não é
Uniformemente Variado (MRUV), procedeu-se
possível calcular o erro [4].
experimentalmente utilizando um dispositivo
b) Erros sistemáticos: São erros que se repetem
denominado trilho de ar, ilustrado na figura a
oriundos de uma falha do operador do
seguir:
sistema, de instrumentos mal ou não
equilibrados [4].
c) Erros acidentais: Erros oriundos de
variações das condições ambientais onde
estão sendo realizadas as medidas [4].
d) Erros aleatórios: Decorre de flutuações dos
resultados das medidas em torno de um
valor médio. Este tipo de erro é o único
possível de calcular dentro de um processo
estatísticos de medidas [4].
Ao final de um conjunto de medidas é preciso
representar o resultado e seu erro que é definido
como o verdadeiro valor da medida [4]. Figura 6- Foto retirada no dia do experimento do
Primeiramente deve-se calcular o valor médio, dado sistema denominado trilho de ar.
pela equação [4]: O sistema é basicamente formado por um gerador
de fluxo de ar, que tem por finalidade diminuir o
( x 1+x 2+ x 3... Xn ) atrito (tendendo-o a zero), entre o carro para
Xm= (13)
n colchão de ar (corpo em estudo) e o trilho de ar. O
mesmo é formado também por cinco sensores de
Onde x1, x2, são cada uma das medidas efetuadas e movimento, que enviam um sinal para o cronômetro
n é o número de medidas. digital microcontrolador assim que o corpo em
Para estimar a precisão da média para o verdadeiro estudo passa. É necessário ressaltar que o corpo é
valor, calcula-se o desvio padrão da média, largado sempre da mesma posição, muito próxima
representado na equação [4]: do primeiro sensor, que tem como objetivo tender a
velocidade inicial, bem como, a posição inicial a
σ x= √
2
( xn−xm) zero. Salienta-se que nenhum incentivo ao
(14)
n(n−1) movimento é proporcionado ao carrinho, esse
apenas é solto.

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O procedimento ocorreu da seguinte forma, o carro
para colchão de ar (corpo em estudo), foi largado da
mesma distância todas as vezes (antes do primeiro
sensor, com a menor distância possível entre o
carrinho e o primeiro sensor, tendo o cuidado para
que o mesmo não dispare). Para minimização de
erro, o experimento foi executado dez vezes, e todas
foram medidas pelo cronômetro e compiladas para
posterior análise de dados.
IV. RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS
Após obtenção de dados experimentais (tempos), os
mesmos foram compilados e analisados, visto que
foram feitas as médias dos tempos, através da Fig 7 -Gráfico da distância percorrida em função do
equação (3), as quais estão dispostas na tabela (1). tempo acumulado com x em metros e t em
Como o movimento era independente o erro relativo segundos.
à medida também é. Dessa forma foi escolhido o Analisando o gráfico acima, notamos que conforme
tempo quatro para efetuar os cálculos referentes ao passa o tempo a velocidade aumenta, logo pode-se
erro, pois o tempo 4 (referente ao sensor 4) caracterizar o movimento como um movimento
contempla todo o movimento estudado, acelerado.
apresentando o tempo acumulado do movimento é Podemos linearizar o gráfico da figura 7 elevando
um panorama dos erros. ao quadrado as médias dos tempos da tabela 1, os
Ao encontrar a média foi calculado o erro, através valores obtidos estão dispostos a seguir na tabela 2.
da equação (14). Posteriormente foram Tabela 2: Posição (m) em função do tempo ao
representados as médias e o erro através da equação quadrado (s²).
(15) :
t=1,272±0,002 Tabela 2

Tempo (s²) Posição (m)


Tabela 1: Posição do carrinho no tempo com x em 0,384 0,09
metros e t por segundos.
0,792 0,18
Tabela 1
1,201 0,27
Tempo (s) Posição (m)
1,618 0,36
0,62 0,09

0,89 0,18

1,096 0,27

1,272 0,36

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A equação indica que o coeficiente angular de um
gráfico (sxt²) é equivalente a metade da aceleração.
Essa afirmativa é comprovado, pois :
a=2⋅( 0,222)=0,444 m/s ²

O valor da aceleração encontrada é


aproximadamente igual aos valores de aceleração da
tabela (4), o que demonstra que a aceleração é
constante.
Posteriormente foi encontrada a velocidade em cada
Fig 8 -Gráfico da distância percorrida em função do posição da seguinte forma, utilizou-se a equação (8)
tempo acumulado elevado ao quadrado. para encontrar a aceleração de cada ponto. Sabendo
Aṕos plotar o gráfico da figura 8 da posição pelo que a v0 e o x0 são zero, obteve-se:
tempo ao quadrado, foi possível calcular os 1
x= ⋅a⋅t ²
coeficientes linear e angular da reta. 2
Substituindo o valor de m=0,222 que é o Substituindo os valores obteve-se a aceleração em
coeficiente angular e o c=0,000 que é o coeficiente cada posição, dispostas na tabela (4). Após
linear onde a reta intercepta o eixo y na equação da encontrar a aceleração , por meio da equação (3),
reta(12) , obteve-se que: encontrou-se a velocidade em cada posição,
dispostas na tabela (3). Posteriormente foi plotado o
y=0,222⋅x +0 gráfico da velocidade em função do tempo (vxt),
ilustardo figura (9).
Colocando em funções das variáveis do gráfico: Tabela 3- Velocidade em m/s em função do tempo
(s).
x=t ²+ 0
Tabela 3
Igualando a equação (8):
Tempo (s) Velocidade (m/s)
1
0,222⋅t ²=x 0+vo⋅t + ⋅a⋅t 0,62 0,29
2
0,89 0,405
Sabendo que vo e xo são zero, obtem-se:
1,096 0,493
1
⋅a⋅t ²=0,222⋅t ² 1,272 0,566
2

visto que o t² está presente em ambos os lados da


equação pode-se dividi-la por t², resultando em : Gráfico (vxt)
1 0,6
0,222= ⋅a
2 0,4
v(m/s)

0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
t(s)

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Figura 10- Gráfico da aceleração (m/s²) em função
Figura 9 - Gráfico da velocidade (m/s)em função do do tempo (s).
tempo acumulado (s). Convém destacar o valor da aceleração constante
Sucessivamente foi após plotar o gráfico da figura ilustrado no gráfico equivale ao dobro do
(9) , foi calculado o coeficiente angular e linear. E coeficiente angular calculado a partir do gráfico da
obteve-se o seguinte resultado substituindo na figura (8).
equação (12):
V. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
y=0,445⋅x+ 0 Analisando numericamente o resultado dos erros,
observou-se que o experimento gerou pequenos
Substituindo em função das variáveis do gráfico da erros e de uma maneira geral foi muito bem
Figura (9): executado. Outra maneira de analisar o sucesso no
experimento é através da comparação entre o
v =0,445⋅t +0 coeficiente angular do gráfico da figura (8) e o
É interessante salientar que o valor do coeficiente coeficiente angular do gráfico da figura (9) e o valor
angular do gráfico da figura (9) é aproximadamente da aceleração constante do gráfico da figuro (10). O
metade do coeficiente angular encontrado no coeficiente angular do gráfico da figura (9) e a
gráfico da figura (8). aceleração do gŕafico da figura (10), equivalem ao
Depois de encontradas velocidades em cada dobro do coeficiente angular do gráfico a figura (8).
posição, foi calculada as acelerações em cada ponto, A qualidade dos dados poderia ser melhorada caso
tabeladas e plotado um gráfico de aceleração em tivessem sido utilizados um maior número de casas
função do tempo, demonstrados a seguir: após a vírgula, aumentando a precisão do
Tabela 4- Aceleração (m/s²) em função do tempo equipamento, visto que isso só pode ocorrer se
(s). trocar o mesmo por outro mais eficiente.Além da
Tabela 4 troca do equipamento, outra variável que se pode
Tempo (s²) Aceleração (m/s²) controlar para obter-se melhores
um cuidado maior na hora de manusear o
0,62 0,467 equipamento e efetuar o experimento. Entretanto de
0,89 0,455 uma maneira geral os resultados foram muito bons,
1,096 0,449 o que possibilitou grande aprendizado e
1,272 0,445 produtividade.
um cuidado maior na hora de manusear o
equipamento e efetuar o experimento. Entretanto de
uma maneira geral os resultados foram muito bons,
o que possibilitou grande aprendizado e
0,47 Gráfico de (axt) produtividade.
0,47
0,46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
0,46
HALLIDAY D.; RESNICK R. e WALKER J.
a(m/s²)

0,45 [1]

0,45 Fundamentos de Física: mecânica. Volume 1.


0,44 8ª edição. Editora LTC, 2009.
0,44
0,43
0,5 0,6 0,7 0,8 t(s)
0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4

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[2] YOUNG, D. H.; FREEDMAN, A. R. Sears and <http://educacao.globo.com/fisica/assunto/meca
Zemansky’s University Physics. São Paulo: nica/analise-grafica-dos-movimentos.html>
Addison Wesley, 2003. p.30-39. Acesso em: 07 Jun. 2019.
[3] SOUZA, L. N. Análise Gráfica dos [4] Dr Eduardo Ceretta. Notas de aula.
Movimentos. Disponível em: Universidade Federal do Pampa.

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