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1. Conceitos básicos
Grandezas físicas
Estudar física é observar os fenômenos físicos que ocorrem na natureza. Para
entendermos como esses fenômenos acontecem, precisamos poder descrevê-
los qualitativamente e quantitativamente. As propriedades que podemos
quantificar chamamos de grandezas físicas.
65 kg
massa valor numérico unidade de medida
900 km/h
velocidade valor numérico unidade de medida
2
Figura 1.1: Gráfico da relação entre altitude e tempo.
A Figura 1.1 ilustra a relação entre a altitude do avião e o tempo de voo. Dessa
forma, podemos visualizar com facilidade em que altitude o avião se encontrou
a qualquer momento do voo. Por exemplo, no instante em que um cronômetro
disparado no início do voo marcava 4 h o avião se encontrava na altitude de
aproximadamente 11 km. E, a partir desse instante, o avião iniciou o processo
de aterrissagem, diminuindo sua altitude conforme o avanço no tempo.
Vetor
Vetores são objetos matemáticos que possuem módulo, direção, e sentido.
Podemos representar um vetor em um plano cartesiano como uma seta. Seu
tamanho representa o módulo; a reta sobre a qual a seta é desenhada —
chamada reta suporte — representa a direção; e a ponta da seta indica o
sentido do vetor na direção representada. Dentre as propriedades dos vetores,
temos:
• Vetores não têm um ponto de partida, podendo ser utilizado o que for
mais conveniente para desenhá-los;
3
• Podemos somar vetores. O resultado chama-se vetor resultante.
)-.
/) $%, '( - $0, 1( $% - 0, ' - 1(
Temos ainda o vetor oposto, representado pelo sinal negativo 2 ) $2%, 2'(.
Este vetor oposto preserva a magnitude e a direção original mas inverte-se o
sentido. Então uma subtração de vetores nada mais é do que a soma de um
vetor com o oposto de outro:
)2.
/) ) - $2.
/)( $% 2 0, ' 2 1(
A multiplicação de um vetor por um escalar (número real) positivo modifica seu
módulo mas não altera a direção ou sentido, valendo-se da propriedade
distributiva:
) $ %, '(
4
Decomposição vetorial
Um vetor pode ser decomposto em dois ou mais vetores. Isto é, pode ser
representado como uma soma entre vetores. Em geral, é conveniente
decompor nos vetores paralelos aos eixos do plano cartesiano:
Trajetória
Um corpo em movimento percorre um caminho no espaço. Esse percurso
chamamos trajetória. Dentre os infinitos tipos de trajetórias possíveis que um
corpo pode percorrer, estudaremos um conjunto limitado:
• Trajetória Retilínea;
• Trajetória Parabólica;
• Trajetória Circular.
Uma trajetória é dita retilínea quando pode ser descrita em uma única direção.
Isto é, o movimento de um corpo em uma trajetória retilínea ocorre sempre
sobre uma reta no espaço.
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(em roxo) encontra-se em : 22 cm. Um corpo é dito estar em movimento
quando sua posição não se mantém a mesma quando observado em diferentes
instantes de tempo. Quando a posição permanece igual ao longo do tempo, o
corpo está em repouso. A grandeza física que descreve a taxa de variação da
posição em relação ao tempo é a velocidade.
Movimento Retilíneo
O movimento retilíneo descreve a posição de um corpo sobre uma trajetória
retilínea em qualquer instante de tempo. Aqui, estudaremos dois casos
particulares de movimentos retilíneos: movimento retilíneo uniforme (MRU) e
movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV). Para estudar movimentos
devemos observar como a posição do corpo varia em função do tempo, ou seja,
precisamos caracterizar deslocamentos em intervalos de tempo.
Exemplo: Analisando o
corpo em MRU cuja posição
em função do tempo está
representada na Figura 1.5,
podemos determinar sua
velocidade média no
intervalo de tempo entre os
instantes 0 e 1 s . Para
Figura 1.5: Posição em função do tempo de um corpo determinar o deslocamento
em movimento retilíneo.
no intervalo, determinamos
a posição final (10 m) e subtraímos a posição inicial (0 m), que é Δ< 10 m. E
o intervalo de tempo em questão é Δ= 1 2 0 s 1 s. Portanto, a velocidade
média ? é:
6
10
? 10 /F
1F
A velocidade de um trecho pode ser dada pela inclinação do segmento de reta
observada no gráfico. Observe que nesse intervalo (entre 0 e 1 s) a velocidade
não muda, o que caracteriza um MRU.
G2 H I
%
=G 2 =H I=
Um exemplo clássico de MRUV é um objeto em queda livre quando
as forças de resistência do ar são desprezíveis. Outro MRUV é um
carro ganhando velocidade com aceleração constante como no
exemplo a seguir.
I 30 /F
% 3 /F²
I= 10 F
7
Exemplo: Observe a
Figura 1.7 Identifique
os intervalos de
tempo em que o
corpo faz um MRU e
onde faz MRUV.
Solução: Os
intervalos onde a
variação da
velocidade é nula —
ou seja, quando não
Figura 1.7: Velocidade em função do tempo de um corpo em há inclinação no
movimento retilíneo. gráfico — são MRU.
Então entre 10 e 20 s,
e entre 20 e 30 s, o corpo desenvolveu velocidades constantes diferentes de
zero, que indica MRU. Caso a velocidade fosse zero, o corpo estaria em
repouso. Já nos intervalos onde a variação da velocidade é constante, isto é,
quando o gráfico é inclinado e a inclinação não muda, o corpo está em MRUV.
Logo, são os trechos entre 0 e 10 s, e entre 30 e 40 s.
Equações de movimento
Dado que no instante de tempo =H 0 s o corpo se localiza na posição <H ,
podemos representar a posição do corpo como uma função do tempo. Para
MRU, dada a velocidade constante H , a equação da posição é:
<$=( <H - H=
<$1 F( 0 - 1 /F L 1 F 1
E sua velocidade:
$=( H
$=( H - %=
E a sua posição é:
%= ,
<$=( <H - H = -
2
8
Ainda é possível relacionar somente as velocidades final e inicial com a
aceleração e o deslocamento, sem que seja necessário envolver o tempo. É a
chamada equação de Torricelli:
, ,
M N - 2%I<
Movimento composto
Um movimento pode ser decomposto em suas componentes horizontal e
vertical porque deslocamento, velocidade e aceleração são, na realidade,
grandezas vetoriais. Dessa forma, realizando uma decomposição vetorial, cada
uma de suas componentes comporta-se de maneira independente. A Figura
1.8 ilustra trajetórias de projéteis lançados por uma embarcação. Os
movimentos verticais realizados pelos projéteis são uniformemente acelerados,
pois estão apenas sob influência da aceleração gravitacional. Já os
movimentos horizontais são MRU pois a aceleração é nula. Esse tipo de
trajetória — uma componente em MRU e outra em MRUV — chama-se
trajetória parabólica, pois forma uma parábola.
Exemplo: Um avião voa para leste e para norte simultaneamente (ou seja,
nordeste) com velocidades 300 km/h e 400 km/h, respectivamente. Após 5 h
de voo, qual a distância percorrida em km?
) ////)3 - ////)
4 $300,400( Q /ℎ
cujo módulo é:
9
S300, - 400, Q /ℎ 500 Q /ℎ
Então em 5 h de voo, a distância percorrida foi:
Q
I< I= 500 ⋅5ℎ 2500 Q
ℎ
Movimento em trajetórias circulares
Para descrever movimentos em
trajetórias circulares, é mais
conveniente descrever a 6
posição do corpo pelo ângulo
que o objeto forma em relação a
um ponto de referência. Assim,
queremos estudar como o
ângulo se comporta em função
do tempo.
5
O movimento circular uniforme
(MCU) é análogo ao movimento Figura 1.9: Descrevendo a posição de um avião em
trajetória circular.
retilíneo uniforme, no sentido de
que ambas descrevem a posição
do objeto em relação ao tempo. Observe a semelhança da equação a seguir
com a equação do MRU:
U$=( UH - V=
Aqui, usamos o ângulo inicial UH no lugar da posição inicial <H e usamos a
velocidade angular V no lugar na velocidade. A velocidade angular com que
um objeto percorre uma circunferência é dado pelo ângulo percorrido dividido
pelo intervalo de tempo decorrido.
IU
V
I=
Exemplo: Determine a velocidade angular em °/s do ponteiro de segundos de
um relógio.
360°
V 6°/F
60 F
Além dos movimentos circulares existem os movimentos de rotação, que nada
mais são que um corpo rígido girando em torno de um eixo. Os conceitos de
10
movimento circular podem ser aplicados sobre qualquer ponto fora do eixo de
rotação desse corpo para descrever seu movimento. A partir daqui,
discutiremos somente os movimentos circulares.
1 1
Z\H 2 ]^
Y\H 0,5 F
A unidade padrão de frequência é o Hz (hertz), que indica quantos ciclos
ocorrem em 1 s. Outra unidade comum para medir frequências é o rpm, que
significa rotações por minuto. Para converter de Hz para rpm basta multiplicar
por 60, pois há 60 s em um minuto.
Ângulo em radianos
A definição de 1 rad (um radiano) é o ângulo que compreende um arco de
circunferência de comprimento igual ao raio. Assim, como sabemos que o
perímetro da circunferência de raio b é:
c 2db
Então o ângulo de uma volta completa é, simplesmente:
11
c
ângulo de uma volta 2d
b
A conversão de radianos para graus é:
180°
graus radianos ⋅
d
Em geral, tanto na física quanto na matemática, a utilização de radianos é mais
conveniente do que graus. Assim, a velocidade angular V fica:
2d
V 2dZ
Y
Comprimento de arcos
O comprimento de um arco dado por um
ângulo é numéricamente igual ao raio
vezes o ângulo em radianos.
Velocidade tangencial
A velocidade tangencial é definida como
a velocidade instantânea medida
tangente a um movimento circular. Por
I0 IU ⋅ b
Vb
I= I=
Exemplo: Os carros A e B são idênticos a menos do tamanho de suas rodas.
Os pneus do carro A possuem um raio menor que os do carro B. Supondo que
ambos os carros estão com a mesma rotação do motor em uma mesma
marcha, qual carro possui maior velocidade?
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7 Vb7 f Vb: :
Aceleração centrípeta
Como vimos anteriormente, um movimento sem aceleração é retilíneo uniforme.
Ou seja, para que o corpo esteja em movimento circular, é necessário haver
uma aceleração sobre ele que o mantenha fazendo curva. A aceleração
centrípeta é a aceleração que mantém o vetor velocidade em constante
mudança para que o corpo permaneça
em movimento circular.
2. Forças e equilíbrio
Momento linear
Momento linear, popularmente conhecido como “embalo”, representa a
quantidade de movimento. É uma grandeza vetorial que se conserva quando
dois ou mais corpos interagem e é dada pela massa do corpo multiplicada pela
sua velocidade:
c
Exemplo: Compare o momento linear entre uma bola de tênis de 50 g e um
veículo de 500 kg com uma mesma velocidade 20 m/s.
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Força
Força é a interação que causa uma variação de momento linear quando
aplicada por um intervalo de tempo sobre um corpo:
Ic)
l)
I=
Assim como a aceleração causa a variação na velocidade, a força causa a
variação no momento linear. A grande diferença entre estes dois pares é o
papel da massa do objeto sobre os valores. Quando maior a massa de um
objeto, mais o momento linear varia conforme se varia a velocidade.
impulso Ic lI=
Ou seja, se aplicarmos uma
força l durante um intervalo de Figura 2.1: Uma força aplicada por um intervalo de
tempo causa uma variação de momento linear.
tempo Δ= sobre um corpo,
iremos fornecer uma quantidade
de movimento Δc.
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Leis de Newton
Os fenômenos mecânicos que observamos na
natureza obedecem com boa aproximação as
leis de Newton.
1ª Lei de Newton
Todo corpo continua em seu estado de repouso
ou de movimento uniforme em uma linha reta, a
menos que seja forçado a mudar aquele estado Figura 2.2: Um corpo em
movimento tende a se manter
por forças aplicadas sobre ele. Também em movimento.
conhecido como inércia.
2ª Lei de Newton
A mudança de movimento é
proporcional à força motora imprimida, e
é produzida na direção de linha reta na
qual aquela força é aplicada.
Matematicamente, é a expressão vista
quando foi definido a força. Para corpos
com massa constante, vale a seguinte
expressão mais conhecida:
Figura 2.3: A força necessária para
promover uma aceleração sobre um objeto
é diretamente proporcional à sua massa. l %
3ª Lei de Newton
A toda ação há sempre uma reação oposta e de
igual intensidade: as ações mútuas de dois
corpos um sobre o outro são sempre iguais e
dirigidas em sentidos opostos.
Força resultante
A respeito da 2ª Lei de Newton, a força aplicada
sobre um corpo que lhe fornece uma Figura 2.4: Para se impulsionar para
aceleração deve ser apenas a resultante de frente, o gato deve empurrar o tapete
para trás.
todas as forças aplicadas sobre ele. Como a
força é uma grandeza vetorial, podemos somar
vetorialmente todas as forças aplicadas sobre o
corpo para determinar a força resultante. Aqui, a
decomposição vetorial pode ser bastante útil.
Forças fictícias
Para podermos discutir forças fictícias, é
Figura 2.5: A força resultante é a
soma vetorial de todas as forças
15 aplicadas sobre o corpo.
necessário antes definir um referencial inercial.
Quando são observadas acelerações “estranhas” que surgem sem uma força,
o referencial escolhido é não-inercial.
Gravitação
Gravidade é o fenômeno natural onde corpos com massa atraem uns aos
outros. Isaac Newton, ao estudar esse fenômeno, constatou que quanto maior
a massa, maior a atração, e que quanto maior a distância, menor a atração. A
expressão matemática que Newton formulou para a atração de dois corpos de
massas G e , com seus centros de massa separados por uma distância 1 é:
G ,
lp q
1,
onde q é a constante gravitacional universal (que vale aproximadamente q
6,7 ⋅ 10BGG Nm, /kg , ). As forças vão sempre apontar no sentido de atração.
16
s
lp q
t,
Pela 2ª Lei de Newton, a aceleração sofrida pelo corpo por conta dessa força é:
% lp
lp s
⇒% q
t,
Ou seja, qualquer corpo na superfície terrestre (isto é, a uma mesma distância
do centro da Terra) irá sofrer uma mesma aceleração por conta da força
gravitacional. Por conveniência, calculamos essa constante e chamamos de
aceleração gravitacional:
s
O q ≅ 9,8 /F ,
t,
Peso
O peso de um corpo é a força gravitacional da Terra agindo sobre os corpos e
é dado pela massa do corpo multiplicado pela aceleração gravitacional:
v O
Na Lua, a aceleração
Massa Peso gravitacional é menor em
relação à Terra, logo o peso é
• Não varia com o • Depende da menor, porém a massa é a
lugar medido aceleração mesma.
• Grandeza gravitacional
escalar • Grandeza Exemplo: Dado um planeta
• Unidades de vetorial (aponta elipsóide, isto é, a distância dos
massa (kg) para o centro da polos até o centro deste planeta
Terra)
é menor que a distância de um
• Unidades de
força (N) ponto do equador até o centro
como ilustra a Figura 2.7.
Desconsiderando efeitos de
rotação do planeta, onde a aceleração
gravitacional é maior?
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gravitacional no polo é maior que a aceleração gravitacional no equador.
Centro de massa
Quando começamos a falar sobre corpos rígidos, passamos a não considerar
mais as massas como objetos pontuais, e sim
que possuem uma forma com algum volume.
Uma massa é composta por um conjunto de
massas menores. Um conjunto de massas pode
ser representado como se houvesse uma única
massa localizado no centro de massa.
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Um corpo somente
está em repouso se o
torque resultante é
nulo. Caso contrário,
haverá uma rotação.
Exemplo: Duas
massas estão sobre
uma gangorra. A Figura 2.11: Massas exercendo torque sobre uma gangorra
com seus pesos.
massa de 100 kg está
a 0,5 m do apoio e o
torque resultante é zero. A que distância (em metros) do apoio deve estar a
massa de 5 kg?
⇒ 10
Equilíbrio
Quando a força resultante agindo sobre um corpo é nula e o torque é nulo,
então ele está em equilíbrio. Quando o corpo está parado em equilíbrio,
chamamos esse equilíbrio de equilíbrio estático, e quando está em MRU
chamamos de equilíbrio dinâmico. Existem 3 tipos de equilíbrio:
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Forças de resistência
Forças de resistência, como o próprio nome sugere, tem o efeito de resistir ao
movimento do corpo.
Resistência do ar
O efeito da resistência do ar sobre um corpo é proporcional à velocidade do
corpo em relação ao ar. Para um corpo em queda-livre, a velocidade em que a
força da resistência do ar se iguala ao peso é chamada velocidade terminal. A
resistência do ar é proporcional também à área frontal do corpo. Isto é, ao olhá-
lo de frente em relação ao movimento, depende da área da silhueta. Portanto,
um paraquedista na posição ilustrada na Figura 2.12 tem uma velocidade
terminal menor do que algum paraquedista mergulhando perfeitamente de
ponta-cabeça em posição vertical.
Atrito
O atrito ocorre quando há contato entre dois
corpos acompanhado de uma tendência de
movimento. Enquanto o atrito não é superado, a
força do atrito vai sempre ser igual à força
aplicada sobre o corpo para colocá-lo em
movimento porém em sentido oposto, com o
efeito de anular a força resultante, mantendo o
corpo em repouso. Ou seja, quanto mais se
aumenta a força sobre o corpo, mais o atrito
aumenta até que ele atinja seu máximo. A força Figura 2.13: Quanto mais
máxima do atrito depende dos materiais que pressionados um contra o outro,
maior é o atrito máximo.
compõem os corpos, mais especificamente no
coeficiente de atrito entre dois materiais. Ainda
se observa que o atrito máximo é proporcional à força que empurra os dois
corpos um contra o outro — chamado força normal. Conclui-se então que o
atrito máximo é:
l•D €o
20
mesmos — e não da massa do corpo, a mala começa a deslizar com a mesma
inclinação.
3. Trabalho e potência
Energia
A energia quantifica o potencial que as coisas têm para realizar trabalho. Tanto
a energia quanto o trabalho são grandezas escalares. Objetos em movimento
podem se colidir com outros objetos para gerar uma força e realizar trabalho
sobre esses outros corpos. Essa energia relacionada ao movimento chamamos
de energia cinética. Por outro lado, existem outros tipos de energia que podem
se armazenar de outras formas, como a energia potencial gravitacional, que é a
energia armazenada por um corpo quando submetido a uma força gravitacional.
Por exemplo, um tijolo abandonado a uma altura do solo irá cair, ou seja, irá
ganhar energia cinética. Nesse processo, a energia potencial gravitacional está
se convertendo em energia cinética.
Trabalho
Trabalho transfere energia de um lugar para outro, ou seja, representa um
movimento. Uma força exerce trabalho quando há um deslocamento na direção
da força. Matematicamente:
• l1 cos U
onde U é o ângulo entre a direção da força e do deslocamento. A unidade de
medida padrão de trabalho e de energia é o ‚ (joule). Essa unidade representa
a energia fornecida a um corpo ao ser empurrado por 1 m com uma força de
1 N.
1 ,
ƒg
2
Então dizemos que o corpo agora tem energia cinética igual ao valor acima.
Por outro lado, se quisermos levantar um corpo de massa uma altura ℎ sob
21
efeito de uma aceleração gravitacional O, teremos que realizar um trabalho
dado por:
ƒhp Oℎ
Energia mecânica
A energia mecânica é dada pela soma das energias cinética e potencial de um
corpo. Então, na ausência de forças externas, a energia mecânica de um
sistema se conserva.
1 ,
ƒM ƒN ⇒ Oℎ ⇒ S2Oℎ √2 ⋅ 10 ⋅ 5 m/s 10 m/s
2
Note que a massa do skatista não afeta a resposta.
Exemplo: Qual o trabalho realizado por uma força l) que mantém um corpo em
movimento circular uniforme?
Forças conservativas
Forças conservativas são aquelas que surgem por conta de energias
potenciais. No exemplo do skatista, o peso realiza trabalho mas não altera a
energia mecânica do corpo — o trabalho da força peso é exatamente a perda
da energia potencial gravitacional.
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Uma propriedade importante de forças conservativas é que o trabalho realizado
depende apenas da situação inicial e da final. Fixados os pontos de partida e
de chegada, o trabalho será sempre o mesmo independentemente do caminho
percorrido. Por exemplo, a força peso sobre um corpo descendo uma altura ℎ
por uma rampa ou em queda livre exercerá exatamente o mesmo trabalho.
Temos outras forças conservativas além da força peso, como a força elástica
exercida por uma mola comprimida, por exemplo. A força que uma mola exerce
é:
l„… 2Q
Nesta expressão, Q é a chamada constante de mola ou constante elástica. Ela
representa a “dureza” da mola, ou seja, quanto maior a constante, mais força
deve ser aplicada para comprimir ou esticar a mola uma mesma distância . O
sinal negativo indica que a força tem sentido oposto ao deslocamento em
relação à posição relaxada. A energia potencial elástica é dada por:
1 ,
ƒh„… Q
2
Nesta expressão, Q é a chamada constante de mola ou constante elástica. Ela
representa a “dureza” da mola, ou seja, quanto maior a constante, mais força
deve ser aplicada para comprimir ou esticar a mola uma mesma distância .
A soma dos trabalhos exercidos por forças conservativas não altera a energia
mecânica. Por isso chamam-se conservativas.
Forças não-conservativas
Trabalho transfere energia de um lugar para outro, ou seja, o trabalho total
realizado sobre um corpo por forças não-conservativas causa uma variação na
sua energia mecânica:
•total ƒM 2 ƒN Iƒ
23
Solução: Estudando a energia do bloco, observamos que na situação inicial
sua energia mecânica é apenas sua energia cinética, que é:
,
1 ⋅ 1,
ƒN 0,5 ‚
2 2
E na situação final ele estava em repouso, com sua energia mecânica nula. Ou
seja, o trabalho realizado pelo atrito, que é uma força externa:
Note que o trabalho do atrito é negativo, ou seja, ele retirou energia do bloco.
Por conta da lei da conservação de energia, essa energia não desaparece,
apenas foi transformada em calor.
Potência
Potência representa a taxa de variação de energia. Ou seja, representa quanto
a energia de um corpo varia em um dado intervalo de tempo.
Iƒ
v?
I=
24
,
1 , ,
200 Q‚ ⇒ 400 ⇒ 20 /F
2 F,
Exemplo: Para empurrar um bloco sobre uma superfície com atrito em MRU
com velocidade , é necessária uma força l. Como está em MRU, a energia
cinética do bloco permanece constante, porém o atrito irá dissipando o trabalho
que a força exerce sobre o bloco para mantê-lo nessa velocidade. Qual a
expressão da potência dessa força?
lI<
v l
I=
Leis de conservação
Nas interações entre dois ou mais corpos, observamos que duas grandezas se
conservam — uma escalar e uma vetorial — e a partir das leis de conservação
dessas grandezas físicas, podemos deduzir e descrever essas interações.
Tipos de colisões
Podemos classificar as colisões em três diferentes tipos em relação ao
comportamento da energia total:
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Por mais complexo que seja um sistema, todo sistema fechado obedece as leis
de conservação de momento e energia. Mais a frente, discutiremos com mais
profundidade a lei da conservação de energia.
4. Movimento ondulatório
Oscilações
Oscilações são variações repetitivas de uma
grandeza em torno de um ponto de equilíbrio ao Figura 4.1: Oscilação de uma
mola.
longo de um tempo.
Vibração
Vibrações são oscilações mecânicas que ocorrem na presença de forças de
restauração (força que tende a retornar o corpo
à posição inicial, ou seja, no sentido oposto ao
deslocamento).
l„… 2Q
Figura 4.2: A força de uma mola Ou seja, quando se desloca um corpo preso a
comprimida. uma mola, a força da mola tende a retornar à
posição de equilíbrio, causando uma vibração.
U UH - V=
sua projeção horizontal na Figura 4.3 é:
5 0‰F$UH - V=(
onde 5 é a amplitude do movimento, UH o ângulo de fase inicial, e V a
velocidade angular.
G 2 0‰F$2d=( [SI]
Obs: A indicação [SI] significa que todas as unidades apresentadas estão no SI,
o sistema internacional de unidades.
2d
YG F 1F
2d
2d
Y, F 2F
d
Logo, o menor período é YG 1 s.
Ondulatória
Ondas são perturbações se propagando
em um meio, que pode ser material ou não.
As ondas transportam energia, sem
necessariamente transportar matéria.
Podemos classificá-las quanto à sua
natureza:
28
propagando-se pelo espaço na presença de material ou no vácuo.
Interferência
A interação entre duas ondas chama-
se interferência. Porém, as ondas
atravessam umas às outras. Os
efeitos da interferência são notáveis
onde elas se sobrepõem, somando-se
a oscilação no meio de propagação.
Velocidade de propagação
A velocidade de propagação de uma
onda depende do meio em que ela se
propaga. Para ondas mecânicas, quanto
mais rígido e menos denso for o meio,
mais rápido a onda se propaga. Em
Figura 4.7: Refração de ondas transmitindo-se
29
entre meios com diferentes velocidades de
propagação.
geral, apesar da densidade de sólidos serem maiores que de líquidos (que são
maiores que de gases), a rigidez é ainda maior, então podemos falar que na
maior parte dos casos:
Ondas periódicas
Uma onda periódica, como o nome diz,
tem formas que se repetem
periodicamente. Com isso, podemos falar
sobre o período Y dessas ondas, que é o
tempo que leva para que a forma torne a
se repetir, e ainda podemos falar sobre
um comprimento de onda Ž , que é a
distância entre dois pontos repetidos da
onda. Ambos o período e o comprimento
de onda estão intimamente relacionados Figura 4.8: Em ondas periódicas, há
uma forma que se repete.
com a velocidade de propagação dessa
onda através da seguinte relação:
Ž Y
Ainda é comum utilizar a frequência Z no lugar do período, sendo a relação
mais conhecida:
ŽZ
Exemplo: Temos um gerador de ondas que produz ondas sempre com a
mesma frequência Z. Em um meio cuja velocidade de propagação de ondas é
7 , a onda produzida tem comprimento de onda Ž7 . Se colocarmos esse
gerador em um meio com menor velocidade de propagação : , o comprimento
de onda produzido Ž: será maior, menor ou igual?
7 :
Z constante ⇒
Ž Ž7 Ž:
Na expressão acima, podemos ver que se : é menor que 7 , então Ž:
também tem que ser menor que 7 para manter a fração constante.
Ondas estacionárias
As ondas estacionárias são
formadas por uma superposição
de ondas se propagando em
Som
O que percebemos
como som são
oscilações na
pressão do ar, que
detectamos através
de vibrações no
tímpano.
Podemos classificar
sons quanto à sua
altura, intensidade e
timbre.
Na física, a altura é
a qualidade que
depende da
frequência.
Coloquialmente, Figura 4.10: As regiões com mais moléculas de ar possuem
utilizamos o termo pressão mais alta.
A intensidade é o que
coloquialmente nos referimos
como “altura” ou “volume”. A
característica da onda que
Figura 4.11: Formas de onda de diferentes influencia a intensidade é a
timbres.
31
amplitude da onda. Quanto maior for a variação de pressão causada pelas
ondas, maior será essa intensidade.
Por fim, o timbre do som depende da forma da onda. Na Figura 4.8 podemos
ver duas ondas diferentes. Elas poderiam ter a mesma amplitude e a mesma
frequência, porém como suas formas são diferentes, perceberíamos os sons de
formas distintas. A Figura 4.11 apresenta mais exemplos de timbres.
Frentes de onda
Para um estudo geométrico da
propagação de ondas, utilizamos o
conceito de frentes de onda. Uma frente
de onda engloba os pontos de uma onda
que estejam em fase e mesma distância
da fonte. Note que na representação de
frentes de ondas, a distância entre uma
linha e outra é o comprimento de onda.
Efeito Doppler
O efeito Doppler ocorre quando
uma fonte de ondas se move. Um
receptor à frente da fonte irá
Figura 4.13: Efeito Doppler agindo sobre o
som de uma ambulância. perceber ondas com maior
frequência, enquanto que um
receptor atrás irá perceber ondas com menor frequência.
Onda de choque
Quando a fonte se movimenta com
velocidade maior ou igual a velocidade
de propagação das ondas no meio em
questão (chamada velocidade Mach),
ocorre a formação de uma onda de
choque. Note que uma fonte com
Difração
A difração é o fenômeno em que as
ondas contornam uma barreira. Ao
atravessar a barreira, as ondas tem
uma leve tendência a fazer a curva
para acompanhar a barreira, mas a
intensidade desse fenômeno depende
da relação entre o comprimento de Figura 4.15: Diferentes casos de
difração.
onda e o tamanho da barreira como
vemos na Figura 4.15.
De modo geral, as ondas conseguem interagir com mais facilidade com objetos
de tamanhos similares ao seu comprimento de onda.
Exemplo: Uma fonte sonora produz sons graves e agudos no quintal de uma
casa. Qual destes sons é mais facilmente percebido por um ouvinte passando
por trás do muro da casa?
Padrões de interferência
Outro fenômeno que pode ser estudado
com mais facilidade utilizando as frentes
de onda é a formação de padrões de
interferência. Quando duas fontes de
ondas senoidais são colocados a uma
pequena distância, podemos observar a
formação de regiões onde não
Figura 4.16: Padrões de interferência observamos movimento (anti-nodos) e
no experimento da fenda dupla.
regiões que oscilam com mais amplitude
do que as fontes produzem (nodos).
Luz
Este fenômeno pode ser utilizado para demonstrar a natureza ondulatória da
luz. Caso a luz não fosse uma onda e sim partículas, ao atravessarem duas
fendas como no experimento da Figura 4.16, veríamos no anteparo somente
duas linhas, que não foi o caso. Este experimento ficou conhecido como
“experimento de Young“, provando que a luz é uma onda eletromagnética.
33
Fótons
Apesar da luz ser uma onda, ela não é
como uma corda vibrante propagando
ondas senoidais. As ondas de luz
viajam em pacotes de onda, aos quais
chamamos fótons. Essas ondas
possuem comprimento de onda, e
podemos ver com mais facilidade a Figura 4.17: Um pacote de onda
eletromagnética, conhecido como fóton.
velocidade da onda.
Polarização
A radiação eletromagnética é uma onda transversal, portanto, podemos
identificar uma direção de oscilação que é perpendicular à direção de
propagação. Existem filtros que permitem a passagem de luz que oscile em
uma direção específica, que são os chamados filtros polarizadores, ou somente
polarizador. A luz filtrada chamamos de luz polarizada.
Figura 4.18: A luz visível é apenas uma faixa de frequências no espectro de radiação
eletromagnética.
34
Uma luz passando em rasante
por uma superfície e sendo
refletida estará polarizada
paralelamente ao plano de
reflexão, conforme a Figura
Figura 4.19: Polarização por reflexão.
4.19.
Então, utilizando um filtro Figura 4.20: Fotos realizadas com filtro e sem filtro de
vertical, essa reflexão na polarização.
superfície da água será
bloqueada, facilitando a visualização dos objetos submersos. Portanto, a foto
da esquerda foi feita sem filtro polarizador e a foto da direita foi feita com um
filtro polarizador na vertical.
Refração da luz
Assim como na propagação
de ondas em cordas vibrantes,
a luz está sujeita à refração
quando passa de um meio de
transmissão para outro, ou
seja, ela tem velocidades
diferentes em meios
diferentes. Quando uma onda
refrata, ela preserva sua
frequência. Em particular, os Figura 4.21: A luz é refratada quando passa do ar
para a água.
efeitos da refração são
interessantes quando a luz é incidida com um certo ângulo em relação à
interface. Para estudar numericamente os efeitos da refração, é mais
conveniente utilizamos os raios de onda no lugar das frentes de onda. Os raios
de onda ligam perpendicularmente as frentes de onda e apontam no sentido da
propagação. Na Figura 4.21 são indicadas pelas setas em preto.
35
Lei de Snell-Descartes
A Lei de Snell-Descartes nos indica como as
ondas se desviam ao atravessar uma interface:
F•• UG G
F•• U, ,
•G F•• UG •, F•• U,
O fenômeno da refração da luz também é o responsável pela formação de
miragens. Uma miragem nada mais é do que um “reflexo” do céu azul causado
pela diferença de índices de refração entre as camadas de ar a diferentes
temperaturas. Em um dia ensolarado, quanto mais próximo do chão, mais
quente é o ar, e o índice de refração do ar quente é menor, fazendo um efeito
como da Figura 4.24.
36
Figura 4.24: Efeito de reflexão causada por refração.
Reflexão total
Pela Lei de Snell-Descartes, conforme se
aumenta o ângulo de incidência também
se aumenta o ângulo de refração. Porém, quando a luz está passando de um
meio de maior indice de refração para um de menor índice, chega um ponto em
que a luz refratada faria ângulos maiores
Figura 4.25: Índices de refração
do que 90° . Esse é o chamado ângulo dependem da frequência.
limite, a partir do qual a luz sofre reflexão
total. Este é o princípio das fibras óticas
para manter a luz presa dentro do fio até
que saia na outra extremidade.
37
Figura 4.27: Reflexão especular e difusa, respectivamente.
Absorção
Alguns materiais não refletem toda a luz, então a luz que não for refletida é
absorvida. Um objeto vermelho absorve as outras cores, exceto o vermelho.
Espelhos
Espelhos são superfícies lisas
feitas de forma a realizarem
reflexão especular. Neste tipo de
reflexão, o ângulo de reflexão é
o mesmo ângulo de incidência.
Espelhos esféricos
Os espelhos esféricos, como o
nome sugere, são formados a partir
de superfícies esféricas espelhadas.
Mais especificamente de calotas
esféricas. Caso utilizemos a parte
externa, chamamos de espelho
convexo, e caso utilizemos a parte
Figura 4.29: Espelhos esféricos são formados interna chamamos de espelho
por uma calota esférica. côncavo.
38
Espelhos convexos
Nos espelhos convexos (Figura 4.30), a imagem formada está sempre por trás
do espelho. Isto é, para quem observa a luz que sai do espelho, é como se
estivessem partindo de um ponto de trás do espelho. Esse tipo de imagem
chamamos de imagem virtual. Os espelhos convexos vão sempre produzir
imagens virtuais e menores que o objeto original.
Espelhos côncavos
Os espelhos côncavos são um
pouco mais complexos do que
os espelhos convexos, apesar
de sua similaridade. Essa
diferença vem das possíveis
imagens formadas por espelhos
côncavos.
39
Intensidade luminosa
A luz de uma fonte puntual
que se espalha no espaço fica
mais fraca quanto mais longe
da fonte. Podemos comparar
a intensidade luminosa com a
quantidade de “raios de luz”
por área, como na Figura
4.34. Consequentemente,
podemos perceber que um
feixe de luz com raios Figura 4.34: Intensidade luminosa de uma fonte
paralelos não dissipa com a puntual decai com a distância.
distância (como os lasers),
pois os “raios de luz” por unidade de área serão constantes.
Lentes
Lentes delgadas esféricas comportam-se
similarmente aos espelhos esféricos. Porém,
em vez de refletir a luz para o mesmo lado de
incidência, os raios refratam atravessando a
lente. Em vez de classificá-los como lentes
côncavas ou convexas, costumeiramente
classificamos quanto ao seu efeito sobre
feixes de luz. Se um feixe de luz paralelo é
concentrado em um ponto ao atravessar a
lente, chamamos de lente convergente, e se o
feixe é espalhado, chamamos de lente
divergente.
40
Figura 4.35: Lente convergente e Assim como nos espelhos, os feixes paralelos concentram-
divergente, respectivamente. se no foco. A imagem das lentes divergentes são sempre
virtuais e menores do que o objeto. As imagens das lentes
convergentes, assim como dos espelhos côncavos, vão depender de onde o
objeto está posicionado em relação ao foco. Exatamente como na análise do
espelho côncavo. Por exemplo, no espelho côncavo, se o objeto estiver entre o
espelho e o foco, a imagem é virtual, aumentada, e não-invertida. Que é o
espelho de maquiagem quando utilizado corretamente.
Dioptria
O grau de uma lente é dado em dioptrias, que é o inverso da distância focal. A
unidade da dioptria é mBG .
Exemplo: Na Figura 4.35 abaixo, determine qual das duas lentes possui um
grau maior, considerando que lente da esquerda possui uma distância focal
ZG x Z, .
Solução: Uma maior distância focal indica menor grau. Logo, a lente da direita
possui maior grau.
Solução: Para acender uma fogueira você pode concentrar todo o calor que
incide sobre a área da lente em um ponto bem pequeno, assim esse ponto irá
aquecer muito rápido, podendo fazer fogo. Assim, escolhemos uma lente
convergente.
41
5. Mecânica dos fluidos
Fluidos
São materiais que sofrem deformação com qualquer tensão aplicada. Por conta
disso, eles têm capacidade de fluir. Isto é, se conformam ao recipiente que os
contêm. Alguns exemplos de fluidos são líquidos e gases. A diferença entre os
dois é que líquido não altera seu volume ao mudar de recipiente e possui maior
densidade que gases. Por outro lado, gases mudam seu volume para
conformar ao recipiente e possuem menor densidade.
Densidade
A densidade representa a massa por unidade de volume de um corpo.
Matematicamente:
1
Œ
A unidade padrão de densidade é de kg/m‘ .
Princípio de Arquimedes
Um fluido sob um campo gravitacional
exerce uma força sobre corpos imersos
no sentido oposto do campo. Essa força
chamamos de empuxo, cuja magnitude é
igual ao peso do volume do fluido
deslocado.
42
a) Apoiando a pedra sobre a tábua?
b) Amarrando a pedra sob a tábua?
Massa específica
Apesar de representarem basicamente a mesma coisa, há uma diferença entre
massa específica e densidade. A massa específica é a massa por unidade de
volume de uma substância. Densidade é a massa por unidade de volume de
um corpo. Portanto, quando avaliamos se um objeto irá afundar ou flutuar em
um fluido, olhamos para a densidade, e não para a massa específica. Essa
diferença fica evidente quando observamos que um corpo de aço — que possui
massa específica maior que da água — consegue flutuar na água dependendo
de seu formato, como um navio de aço, por exemplo, que terá densidade
menor que da água.
Pressão
A pressão é dada pela força por
unidade de área. Pode-se pensar na
pressão como “concentração da força”,
no sentido de que uma força aplicada
sobre uma área menor estaria mais
“concentrada”. A resistência de
materiais está mais relacionada à
pressão do que à força. Por isso é mais
fácil cortar objetos com facas afiadas
do que com facas cegas. Um fluido Figura 5.2: Pressão interna de um gás é
conta com uma pressão interna que dado pelas forças que as moléculas
exercem sobre as paredes.
quantifica a força média com que as
moléculas empurram o ambiente à sua
volta.
A expressão da pressão é:
43
l
v
5
A unidade padrão de pressão é o Pa (pascal) que representa uma força de 1 N
sendo aplicado em uma área de 1 m, .
Pressão atmosférica
A pressão atmosférica é a pressão que as partículas da atmosférica exercem
sobre as coisas na superfície terrestre. Podemos dizer que a pressão é
causada pela coluna de ar agindo sobre os objetos.
v 1Oℎ
Com isso, podemos observar que a
pressão depende somente da altura da
coluna, da densidade e da aceleração
gravitacional. Ou seja, a pressão é
constante na direção perpendicular do
campo gravitacional para um fluido
homogêneo.
Experiência de Torricelli
Figura 5.4: A pressão aumenta com o Torricelli constatou que ao virar um tubo
aumento da coluna líquida. Ou seja, comprido preenchido totalmente com
quanto mais profundo, maior a pressão.
mercúrio sobre
uma bacia
conforme a Figura 5.5, a altura da coluna de
mercúrio sempre descia até uma certa altura fixa.
44
Princípio de Pascal
Qualquer mudança de pressão imposta sobre o fluido é transmitida a todos os
pontos do fluido. Este princípio é o que permite o funcionamento de dispositivos
como a prensa hidráulica (Figura
5.6).
Escoamento
O movimento de fluidos é uma das áreas mais importantes na engenharia.
Porém, o custo computacional de se resolver problemas envolvendo fluidos é
muito grande por envolver muitas partículas e que interagem entre si de formas
complexas. Para estudar escoamentos devemos escolher as aproximações
apropriadas.
45
Tunel de vento
Um tunel de vento é uma instalação que permite estudar o escoamento de
fluidos. É bastante utilizado para análise da aerodinâmica de veículos ou
mesmo de turbinas. Nele, pode-se estudar os mais diferentes tipos de
escoamento.
Leis de escoamento
Para os estudos de escoamento discutidos nesse curso, considera-se sempre
escoamentode fluido ideal.
Vazão
A vazão quantifica o volume de fluido transportado por intervalo de tempo.
Geralmente é medido em m‘ /s , ou l/s.
Lei da continuidade
A lei da continuidade
em escoamentos diz
que a vazão em
qualquer seção de
uma tubulação
fechada é constante.
–G G 5G , 5, –,
Ou seja, para que a vazão seja constante,
ao aumentar a área da seção transversal da
tubulação é necessário diminuir a velocidade
de escoamento. Por isso, quando
observamos um filete de água sob ação da
gravidade, sua velocidade de escoamento
vai aumentando conforme cai, assim a área
da seção transversal do filete deve diminuir
para manter a vazão.
Efeito Coanda
O engenheiro aeronáutico Henri Coandă constatou que os
fluidos tem uma tendência de se agarrar a uma superfície
curvada. Esse efeito ficou conhecido como efeito Coanda
e cumpre um papel fundamental na aeronáutica, pois ao
acompanhar a superfície curvada, o fluido ganha
velocidade, o que combinado ao efeito Venturi permite o
voo dos aviões.
Efeito Venturi
Também é conhecido como “Teorema de Bernoulli” por
decorrer de resultados da equação de Bernoulli, que Figura 5.11: Efeito
descreve a Coanda faz com que
o filete de água se
conservação agarre à colher.
de energia
em um escoamento.
47
aumentando-se a pressão dinâmica, há uma redução na pressão estática. O
efeito Coanda faz com que o escoamento de fluido na parte superior da asa de
um avião seja mais rápido, o que cria uma redução na pressão estática de cima
para baixo. Assim, essa diferença de pressão estática é o que cria a
sustentação da aeronave.
Equação de Bernoulli
A equação de Bernoulli é dada por:
1 ,
v - 1Oℎ - constante
2
onde v é a pressão interna do fluido, 1Oℎ
é a pressão por conta da força
gravitacional, e 1 , /2 é a pressão
dinâmica, proporcional à velocidade do
escoamento (1 é a densidade do fluido).
A soma dos dois primeiros termos v -
1Oℎ é a pressão estática, que independe
da velocidade de escoamento.
Teorema de Torricelli
Podemos ainda aplicar o teorema de Torricelli para
calcular a velocidade com que um fluido escoa
através de orifícios em um recipiente com líquido. O
resultado é uma consequência de se aplicar a
equação de Bernoulli sobre as regiões em vermelho e
em amarelo da Figura 5.14. Constatou-se que a
velocidade do fluido segue a expressão:
Tubo de Pitot
48
Finalmente, combinando os efeitos citados acima, possível desenvolver o
dispositivo chamado tubo de Pitot, cujo efeito é medir a velocidade de um
escoamento de fluido.
1 ,
vdinâmica vtotal 2 vestática
2
Por isso, dizemos que o tubo de Pitot é o Figura 5.15: O tubo de Pitot mede a
velocidade de escoamento do fluido
velocímetro das aeronaves. externo ao avião.
6. Termologia
Temperatura
A temperatura é uma grandeza escalar de
materiais que é proporcional a energia cinética
média das partículas de um sistema.
Escalas de temperatura
Figura 6.1: As partículas de A temperatura é uma grandeza absoluta, isto é,
um sistema com maior existe um zero absoluto. Alguns fenômenos físicos
temperatura possuem, em
média, mais energia cinética. ocorrem em temperaturas muito bem definidas. As
escalas mais utilizadas são Celsius (ºC) e
Fahrenheit (ºF) no dia a dia e Kelvin (K) nos estudos de fenômenos físicos.
49
A escala Celsius começa em 0°C na temperatura de fusão do gelo e atinge
100°C na temperatura de ebulição da água. A escala Fahrenheit começa em
0°F na temperatura de fusão da mistura gelo+sal e atinge 100°F na temperatura
de febre. Por fim, a escala Kelvin começa em 0 K no zero absoluto (2273,15 °C)
graus em °F 2 32
graus em °C
1,8
E a conversão de Celsius para Kelvin é simplesmente:
Calor
Calor é a energia térmica transferida de um corpo para outro, que só ocorre
quando há diferença de temperatura.
Alguns materiais precisam absorver mais energia térmica para uma mesma
variação de temperatura. Isso é quantificado pelo calor específico do material.
Calor específico
A quantidade de calor necessária para aquecer uma certa massa de uma
substância em 1 °C chamamos de calor específico. Assim, podemos ver
também que quanto mais massa queremos aquecer é necessário mais calor.
Da mesma forma que quanto mais queremos aumentar a temperatura, mais
calor é necessário. Essas propriedades se resumem na equação fundamental
da calorimetria:
– 0IY
onde – é o calor fornecido (ou retirado), é a massa do corpo, 0 é o calor
específico do material e ΔY é a variação de temperatura causada pelo calor –.
Note que o sinal do calor acompanha o sinal da variação de temperatura.
Quando ΔY é negativo, o corpo resfriou, consequentemente – é negativo
também, que indica que foi retirado calor do corpo.
cal J
0água 1 4,18
g°C g°C
50
Ou seja, é necessário 1 cal (caloria) de energia para aquecer 1 g de água em
1 °C. Mais tarde, foi determinado que o equivalente da caloria em J é 1 cal
4,18 J.
Condutividade térmica
Os materiais conduzem calor com diferentes fluxos. Isto é, alguns materiais
propagam calor mais rapidamente que outros. A propriedade do material que
dita quão rapidamente ele transporta calor é chamada condutividade térmica.
Com os experimentos, os cientistas determinaram que o fluxo de calor depende
da condutividade térmica e da diferença de temperatura. Ou seja, para um
mesmo par de materiais, se a diferença de temperatura entre eles for maior, o
fluxo de calor entre os materiais é maior também.
Exemplo: Compare o tempo que uma xícara de café leva para resfriar de 90 °C
até 60 °C e entre 60 °C e 30 °C.
Solução: A xícara de café perde calor por estar em contato com o ambiente
externo. Supondo que o ambiente esteja a 20 °C, a diferença de temperatura
entre o café e o ambiente é maior que 40 °C no primeiro intervalo. No segundo
intervalo, a diferença entre a temperatura do café e do ambiente é menor que
40 °C. Logo, o fluxo de calor no segundo intervalo é menor, levando mais tempo
para perder uma mesma temperatura.
Caso a temperatura das colheres seja maior que a temperatura das nossas
mãos, então nossa sensação é a de que a colher de ferro está mais quente que
a de madeira.
Propagação de calor
A propagação de calor pode se
dar por três modos:
• Condução: Transfere
somente energia através
do contato direto entre os
corpos
• Convecção: Ocorre por
movimento de fluidos,
transferindo energia e
matéria Figura 6.3: Formas de propagação de calor.
• Radiação: Ocorre por
emissão e absorção de radiação eletromagnética. É a única que se
propaga pelo vácuo
Gases ideais
Um gás ideal segue a lei dos gases ideais, que foi formulada a partir de
diversas outras leis que descrevem comportamentos de gases perfeitos. A lei
dos gases ideais é:
vŒ •tY
que relaciona a pressão do gás v, seu volume Œ, a quantidade de moléculas do
gás em mol •, sua temperatura Y, e com uma constante t chamada constante
universal dos gases perfeitos. 1 mol de moléculas corresponde a
aproximadamente 6 L 10,‘ moléculas, que é a constante de Avogadro.
52
Uma forma alternativa da lei para se estudar sistemas isolados de gases ideais,
isto é, quando se estuda um gás dentro de um recipiente fechado é:
vŒ
•t constante
Y
Exemplo: Colocando um gás em um recipiente fechado com volume
constante, o que acontece se resfriarmos o sistema?
v
constante
Y
Ou seja, diminuindo a temperatura, a pressão diminui.
• vIŒ
O fato de conseguirmos fazer gases realizarem trabalho simplesmente
controlando sua energia térmica possibilitou a construção de máquinas
térmicas. Esses dispositivos transformam
energia térmica em trabalho mecânico. Alguns
exemplos de máquinas térmicas são motores a
combustão e refrigeradores.
Dilatação térmica
Além dos gases, tanto líquidos quanto sólidos
também sofrem um aumento de volume ao
serem aquecidos. Constatou-se que o aumento
Figura 6.5: Junta de dilatação
da ponte Rio-Niteroi.
53
em tamanho é proporcional ao tamanho inicial, à variação de temperatura, e a
um coeficiente de dilatação que varia de material a material.
Iš ›šIY
onde › é o coeficiente de dilatação linear, š é o comprimento inicial e ΔY é a
variação de temperatura.
Anomalia da água
A dilatação térmica ocorre em
sólidos e líquidos da mesma forma.
Porém, os coeficientes de dilatação
térmica não são necessariamente
constantes, isto é, podem assumir
diferentes valores para diferentes
situações.
Figura 6.6: A água contrai ao se aquecer entre
A água tem um comportamento 0 °C e œ °C., aumentando sua densidade.
Termodinâmica
A termodinâmica é o estudo de como a energia se movimenta e como ela afeta
características macroscópicas de sistemas físicos, como a pressão, volume,
temperatura. Além disso, estuda como essas características se relacionam com
a energia, isto é, estudamos o comportamento de máquinas térmicas.
1º princípio da termodinâmica
54
A energia se manifesta de várias formas. Cada uma dessas formas de energia
podem ser transformar nas outras. Este princípio também é conhecido como o
princípio da conservação de energia: a energia surge nem desaparece, sempre
se transforma.
Calor latente
55
uma certa massa. Esse calor por unidade de massa que é necessário para
realizar uma mudança de fase chama-se calor latente. Para substâncias puras,
a temperatura do sistema mantém-se constante até que toda a massa esteja
na nova fase.
2º princípio da termodinâmica
Existe uma seta do tempo, isto é, existem processos que acontecem
espontaneamente e processos impossíveis de acontecerem espontaneamente.
Este princípio também pode ser enunciado da forma: a entropia de um sistema
fechado nunca diminui espontaneamente. Nesse caso, a entropia é uma
grandeza que quantifica o caos de um sistema, isto é, quando mais organizado,
menor a entropia.
Isso quer dizer que não observamos na natureza uma organização espontânea.
Por exemplo, o calor de um sistema não se desloca espontaneamente no
sentido de se acumular em um canto. Isto é, para podermos criar uma região
mais fria do que outra, temos que realizar outros processos (gastando energia)
para organizar o calor. Esta é a descrição do funcionamento de um
refrigerador: uma máquina que cria uma diferença de temperatura no sentido
contrário da tendência natural, e para isto, é preciso gastar energia (isto é, não
é espontâneo).
3º princípio da termodinâmica
É impossível reduzir a temperatura de um sistema à temperatura zero absoluto.
É possível atingir temperaturas muito próximas, onde a energia cinética média
das partículas é bastante reduzida, porém não conseguimos atingir um estado
onde todas as partículas que compõem um sistema estejam completamente
em repouso.
7. Eletricidade e magnetismo
56
observado que era possível gerar forças sem contato entre corpos feitos de
alguns materiais específicos depois que eram atritados um contra o outro.
Cargas elétricas
Foram observados dois “tipos” de eletricidade. Eletricidade de tipos iguais se
repelem e eletricidade de tipos diferentes se atraem. A esses “tipos” de
eletricidades chamamos de cargas elétricas. Classificamos essas cargas como
positivas e negativas. Assim, cargas elétricas positivas atraem cargas
negativas e repelem outras cargas positivas, e vice-versa.
Ao atritar dois
materiais, o material
que encontra-se em
uma posição superior
ao outro tem
tendência de acumular
carga elétrica positiva,
enquanto que o
material inferior tende
a acumular carga
elétrica negativa.
Note-que as cargas
acumuladas são de
mesma quantidade,
mudando apenas o
sinal da carga.
57
Quanto mais distantes na tabela, mais os
materiais têm tendência de se eletrizarem
por atrito.
•7 - •: •7• - •:•
58
carregado a se acumularem. Caso a
carga tenha sido induzida em corpos
diferentes em contato, esses corpos
possuirão cargas diferentes, como
vemos na Figura 7.2a. Ao separar
esses corpos, as cargas se
manterão, como na Figura 7.2b.
Eletroscópio
Podemos utilizar o princípio da
eletrização por indução para detectar
a proximidade de outras cargas
elétricas. O eletroscópio consiste em Figura 7.3: Um eletroscópio é um
um par de lâminas metálicas que dispositivo para detectar cargas elétricas.
Lei de Coulomb
Cargas elétricas se comportam similarmente a como corpos com massa se
comportam em relação à atração gravitacional. Da mesma forma, duas cargas
elétricas aplicam forças entre si que aumentam a magnitude quando aumenta-
se cada uma das cargas, e diminuem com o quadrado da distância que os
separa. A força elétrica entre dois corpos carregados eletricamente, então, é
quantificada pela Lei de Coulomb:
•G •,
l„… ž
1,
onde ž é a constante de Coulomb — que vale aproximadamente ž 9 ⋅ 10Ÿ N ·
m²/C² — •G e •, são as cargas de cada um dos corpos, e 1 é a distância entre
os corpos.
A direção da força elétrica é a reta que liga os dois corpos, e o sentido vai
depender do sinal das cargas. Por convenção, se o valor encontrado aplicando
a Lei de Coulomb dada acima for positivo, então os corpos se repelem, e
quando é negativo, os corpos se atraem. Note que aqui vale a 3ª Lei de
Newton: as forças elétricas sempre existirão em pares de ação-reação de
mesma magnitude.
Condutividade elétrica
Há materiais que conduzem melhor a eletricidade e materiais que conduzem
menos. Isto é, em alguns materiais as cargas elétricas podem se mover mais
livremente, enquanto em outros a carga está mais presa. Essa característica é
59
determinada pelas partículas que compõem o material. Para entendermos
melhor, temos que olhar para essas partículas.
•B 21,6 ⋅ 10BGŸ C
Figura 7.4: No modelo atômico de
Bohr, os prótons e nêutrons
Os prótons possuem a mesma carga dos compõem o núcleo e os elétrons
elétrons, porém com sinal invertido. orbitam esse núcleo.
Campo elétrico
Assim como massas geram
campos gravitacionais, cargas
elétricas geram campos
elétricos. Esses campos são
grandezas vetoriais que
possuem uma magnitude,
direção e sentido em cada lugar
no espaço. Podem ser
representados por linhas que
entram ou que saem das
cargas. Quanto mais forte o
campo gerado, representa-se o
campo com maior quantidade
de linhas. A essas linhas damos
Figura 7.6: Linhas de campo. Cargas positivas
o nome de linhas de campo. produzem e cargas negativas recebem.
Cargas positivas irão gerar
linhas de campo, enquanto que cargas negativas irão receber linhas de campo.
Figura 7.7: As cargas positivas sofrem forças na mesma direção e sentido do campo
elétrico. As cargas negativas invertem o sentido.
61
–
ƒ ž
1,
Por convenção, essa magnitude é definida sempre em direção radial como na
Figura 7.6 e o sentido apontando para longe da carga. Note que quando a
carga é negativa a magnitude é negativa, o que indica que o sentido aponta em
direção à carga. Além disso, observamos também que quanto maior a carga
elétrica, maior o campo elétrico gerado. Isso pode ser representado por um
maior número de linhas de campo deixando ou chegando na carga.
Podemos ainda escrever que a força elétrica sofrida por uma carga •
submetida a um campo elétrico ƒ/) é:
/////)
l„… •ƒ/)
Assim, combinada à expressão do campo elétrico, podemos confirmar a
expressão da magnitude da força elétrica. Note a similaridade com a expressão
da força peso:
62
v/) O)
onde
s
O q
1,
reforçando a similaridade entre forças gravitacionais e forças elétricas.
Para definir uma expressão matemática, foi determinado que a energia que um
corpo de carga • sob influência de um campo elétrico gerado por uma carga –
é dada pela energia necessária para trazer esse objeto de um ponto fora da
influência desse campo até a posição em questão. Essa energia é (não
confundir com o campo elétrico):
–•
ƒ„… ž
1
A expressão é bastante parecida com a da força elétrica, com a diferença que
a distância 1 no denominador não é elevado ao quadrado. Assim, essa é a
energia que seria convertida em energia cinética ao deixar a força elétrica agir
sobre uma carga • sendo repelida por uma carga – inicialmente separadas
uma distância 1 . Note que se forem colocadas cargas de sinal oposto a
expressão dá um valor negativo. Isto não é um problema, pois a energia é uma
grandeza onde a parte relevante é a variação de energia entre as situações de
interesse.
Assim como a força elétrica e o campo elétrico são grandezas vetoriais que
relacionam-se entre si no sentido de que o campo elétrico representa uma
força por unidade de carga, existe o paralelo que relaciona a energia potencial
elétrica (uma grandeza escalar) com uma outra grandeza escalar que
representa a energia por unidade de carga. Essa grandeza é o potencial
elétrico.
63
Potencial elétrico
O potencial elétrico é uma
grandeza escalar associada
a cada ponto de um campo
elétrico. O potencial
representa a energia que
uma unidade de carga teria Figura 7.10: O trabalho da força elétrica realizado para
levar um corpo carregado de ¥ para ¦ depende apenas
ao ser colocado em certo da d.d.p. multiplicada pela carga.
ponto no espaço. Ou seja,
uma carga • colocada em uma região com potencial elétrico Œ possui energia
potencial elétrica:
ƒpel •Œ
•A→B •$Œ7 2 Œ: (
A diferença Œ7 2 Œ: é normalmente chamada de ¤ (ou simplesmente d.d.p.).
Essa é a grandeza indicada nas pilhas e baterias. Uma pilha comum possui
uma d.d.p. entre seus terminais de 1,5 V. Ou seja, uma carga elétrica de 1 C
terá recebido 1,5 J de energia para ir de um terminal para o outro. Enquanto
que, em uma pilha de 9 V, essa mesma carga de 1 C terá recebido 9 J de
energia.
Note que na Figura 7.10 as linhas circulares em torno das cargas estão a uma
mesma distância da carga. Essas linhas são chamadas linhas equipotenciais,
onde o potencial elétrico ao longo da linha se mantém constante. Logo, uma
carga que se move ao longo de uma dessas linhas equipotenciais não tem sua
energia potencial elétrica mudada.
64
Eletrização por atrito em aeronaves
O ar, com todas as partículas de poeiras
que são carregadas, transfere bastante
carga para a fuselagem pelo efeito
triboelétrico. Para dissipar essa carga
acumulada, as aeronaves contam com um
descarregador de estática para liberar essa
carga elétrica acumulada na carcaça.
Figura 7.11: Descarregadores de
As aeronaves têm conectores entre todas estática posicionados nas asas de
as partes da fuselagem pra garantir que as um avião.
cargas elétricas acumuladas se distribua
por igual, ou seja, para tentar manter todas as partes com o mesmo potencial
elétrico, o que permite que ele possa se descarregar completamente.
Corrente elétrica
A corrente elétrica é o movimento de cargas elétricas. Esse transporte pode
acontecer pelo movimento de elétrons ou pelo movimento de íons. Neste curso,
nos temos somente no estudo do transporte de elétrons. Íons são átomos com
cargas elétricas não-neutras (isto é, que ganharam ou perderam elétrons,
quebrando o equilíbrio de cargas).
I•
§
I=
A unidade padrão de corrente elétrica é o A (ampere), que significa o transporte
de 1 C de carga em 1 s.
65
A potência elétrica é dada pelo trabalho realizado por uma d.d.p. ¤ sobre uma
quantidade de carga Δ• ao longo de um intervalo de tempo Δ=.
I•7→: I• ¤
v ¤§
I= I=
Ou seja, quanto maior a d.d.p. e quanto
maior a corrente, maior a potencia
elétrica.
Circuito elétrico
Um circuito elétrico possui um gerador
elétrico, um condutor que forme um
caminho fechado para a corrente, e
algum dispositivo que utilize a energia.
Neste curso, abordaremos os resistores e
Figura 7.13: Lei de Ohm. capacitores.
Resistores
Os resistores tem a função de criar
uma resistência à passagem de
corrente. A expressão que descreve
essa resistência é a 1ª Lei de Ohm:
¤
§
t
onde se observa que quanto maior a Figura 7.14: Esquemático de um circuito
resistência t para um mesmo d.d.p., elétrico. À esquerda está representado o
gerador, as linhas retas representam os fios
menor é a corrente que circula no condutores, e o serrilhado representa um
circuito elétrico. Essa resistência é resistor.
quantificada em unidades de Ω (ohm).
1 Ω é a resistência necessária para que 1 V de d.d.p. force uma corrente de 1 A.
¤,
v ¤§ §,t
t
66
Resistência elétrica
Um fio condutor ideal não oferece resistência elétrica. Na prática, todo fio
condutor apresenta alguma resistência elétrica, isto é, se comporta como um
resistor. A resistência t de um fio depende da resistividade do material ª, do
comprimento do fio «, e da área da seção transversal 5. Essa é a chamada 2ª
Lei de Ohm:
ª«
t
5
Exemplo: Os cabos de alimentação de aparelhos que requerem bastante
energia elétrica costumam ser mais espessos. Por quê?
Associação de resistores
Na associação em série de resistores, a resistência equivalente é a soma das
resistências:
t„¬ tG - t, - ⋯
1 1 1
- -⋯
t„¬ tG t,
67
Exemplo: Dois resistores de 2 Ω cada estão ligados em paralelo. Qual a
resistência equivalente?
1 1 1 2 t
- ⇒ t„¬
t„¬ t t t 2
Capacitor
Capacitores são dispositivos de
armazenamento de energia elétrica. A
d.d.p. ¤ entre os dois terminais do
capacitor é proporcional à carga
acumulada – e inversamente proporcional
à capacitância ˆ, que é a característica do
capacitor que dita sua capacidade de
armazenar carga:
–
¤
ˆ
Na associação de capacitores, as Figura 7.15: Um capacitor de placas
paralelas acumulando uma carga ®
expressões obtidas são as mesmas quando submetido a uma d.d.p. ¯.
obtidas na associação de resistores,
porém trocados em relação ao tipo de associação. Ou seja, uma associação
em série irá fornecer uma capacitância equivalente:
1 1 1
- -⋯
ˆ„¬ ˆG ˆ,
ˆ„¬ ˆG - ˆ, - ⋯
68
Os capacitores são utilizados em aplicações onde é necessária a utilização de
uma grande quantidade de cargas elétricas em um curto período de tempo,
como em flash de câmeras, tasers e desfibriladores.
Tipos de corrente
Ainda podemos classificar as
correntes quanto ao seu
comportamento em função do
tempo.
Magnetismo
Podemos visualizar os campos magnéticos
através de linhas de campo assim como os
campos elétricos.
69
Polos opostos se atraem e polos iguais se
repelem. Ímãs permanentes ainda podem
atrair materiais ferromagnéticos de forma
similar ao processo de eletrização por
indução: materiais ferromagnéticos sob
influência de um campo magnético irão se
alinhar e reforçar o campo magnético. Como
eles se alinharão, os polos estão atraindo-se
como na Figura 7.18.
Bússola
A agulha de uma bússola é um ímã. Ela
Eletromagnetismo
Eletricidade e magnetismo estão Figura 7.19: A Terra é um grande ímã permanente.
intimamente relacionados. Seu polo sul magnético alinha-se com o norte
Fenômenos elétricos podem geométrico.
Força de Lorentz
Uma carga elétrica em
movimento sob a influência de
um campo magnético irá sofrer
uma força em uma direção
perpendicular ao movimento da
carga e do campo magnético.
Esta força surge somente
70
mesma direção do campo magnético, não há força de Lorentz.
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