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1.1.

Diferentes descrições
do movimento
Domínio 1: Mecânica
• Mecânica: parte da física que se ocupa do
estudo dos movimentos de corpos
macroscópicos e das forças aplicadas.

Cinemática: parte da mecânica que se ocupa


da descrição dos movimentos de pontos,
corpos ou sistemas de corpos, sem se
preocupar com a análise de suas causas.
1.1. Diferentes descrições do movimento
1.1.1. Repouso e movimento

O estado de repouso ou de movimento de um corpo depende do referencial escolhido.


Um corpo pode estar em repouso relativamente a um referencial e, ao mesmo tempo, em
movimento em relação a outro referencial.
O estado de movimento ou de repouso de um corpo depende do
referencial escolhido.

Referencial
Corpo, ou sistema de coordenadas, em relação ao qual é definido o
movimento da partícula em estudo.

Repouso
Estado de um corpo quando a sua posição se mantém fixa em
relação a um referencial.

Movimento
Estado de um corpo quando a sua posição varia, no tempo, em
relação a um referencial.
1.1.2. Referencial cartesiano

O referencial que habitualmente usamos para descrever um movimento é um


referencial cartesiano a três dimensões que é constituído por três eixos
perpendiculares entre si – eixo dos xx, eixo dos yy e eixo dos zz.

A posição de uma partícula num


referencial cartesiano, num
determinado instante, pode ser dada
pelas coordenadas cartesianas, x, y e z
do ponto nesse referencial.
Referencial cartesiano

Se uma partícula se mover num plano (por


exemplo mosca a mover-se ao longo do vidro
da janela), é suficiente o uso de dois eixos
para identificar a posição da partícula.

Se uma partícula se mover em linha reta, é


suficiente o uso de um eixo (ou
coordenada) para identificar a posição da
partícula.
1.1.3. Trajetória

Uma partícula em movimento relativamente a um dado referencial descreve


uma trajetória, que pode ser retilínea, curvilínea, circular, parabólica, …

Trajetória de uma partícula: linha imaginária definida pelas sucessivas posições


ocupadas pela partícula no seu movimento.
Tal como o estado de movimento ou de repouso de um corpo,
também a trajetória depende do referencial escolhido.

Uma lâmpada que cai do teto de uma carruagem de um comboio em


movimento apresenta trajetória…

Retilínea vertical, ou curvilínea


para um passageiro no parabólica, para um
seu interior observador no exterior
1.1.4. Posição de uma partícula
Para determinar a posição de uma partícula é necessário definir
previamente um referencial.

Para os movimentos retilíneos, a posição da partícula pode ser


determinada a partir de um sistema de coordenadas cartesianas
unidimensional – reta orientada em que foi escolhida a origem, 0.

Sistema de coordenadas unidimensional.

A posição de uma partícula num referencial unidimensional, num


determinado instante, corresponde à coordenada do ponto onde a
mesma se encontra nesse instante, relativamente à origem do
referencial considerado.
Um corpo move-se no sentido positivo se o sentido do movimento
coincide com o sentido do referencial cartesiano e move-se no
sentido negativo se o sentido do movimento for contrário ao do
referencial cartesiano.

No ponto A, a posição do corpo é x =  12 m,


o que significa que está a uma distância de
12 m do ponto de origem (0) e à esquerda
desse ponto.
Um corpo move-se no sentido positivo se o sentido do movimento
coincide com o sentido do referencial cartesiano e move-se no
sentido negativo se o sentido do movimento for contrário ao do
referencial cartesiano.

No ponto B, o corpo
encontra-se na origem do
referencial.
O movimento de uma partícula fica completamente caracterizado se
for conhecida, em cada instante, a sua posição sobre a trajetória,
relativamente a um referencial previamente selecionado.

Para a descrição desse movimento é possível utilizar diferentes


representações:
• 1. Coordenadas de posição sobre a trajetória
• 2. Tabela horária do movimento • 3. Gráfico de posição em função
do tempo

A linha do gráfico posição-tempo


não coincide com a trajetória
descrita pelo corpo, apenas
descreve o seu movimento.
1.1.5. Gráfico posição-tempo de movimentos retilíneos

Um gráfico posição-tempo, x = f(t), é um gráfico que nos indica, ao longo do tempo,


as sucessivas posições ocupadas por uma partícula no seu movimento.

ATENÇÃO: esta gráfico nada nos diz acerca da trajetória da partícula.


Informações que é possível obter a partir de um Gráfico posição-
tempo de movimentos retilíneos:
1 . A posição num determinado instante

2. A distância percorrida sobre a trajetória num determinado intervalo de tempo

3. O tempo que demorou a ir de uma posição a outra.

4. Se esteve parado.

5. Se num determinado
intervalo de tempo se
deslocou no sentido
positivo ou negativo
Exercício 1:
1. Atirou-se uma moeda da varanda de um apartamento que se encontra a
6,0 m de altura, relativamente ao solo.
A moeda subiu 1,2 m no ar até parar, acabando depois por cair no solo.
Admite que a moeda pode ser representada pelo seu centro de massa e
considera que a moeda se move numa direção vertical coincidente com o
eixo dos yy de um referencial unidimensional.
1.1. Indica as coordenadas de posição da moeda no ponto onde é largada
(y1), no ponto mais alto (y2) e no solo (y3), onde termina o seu
movimento, se a origem do referencial for:
a) O solo e o sentido positivo para cima;
b) A varanda onde é atirada e o sentido positivo para cima;
c) A varanda onde é atirada e o sentido positivo para baixo.
1.2. Determina a distância percorrida e comprova que o valor não depende
da origem do referencial escolhido.
2. Numa aula laboratorial um estudante deslocou-se para a frente e para trás em frente
de um sensor de movimento. No final, recorrendo à máquina de calcular gráfica,
obteve o gráfico x = f(t) apresentado.
Admite que o estudante pode ser
representado pelo seu centro de massa e
considera que se move numa direção
horizontal coincidente com o eixo Ox de
um referencial unidimensional.
2.1. Que tipo de trajetória foi efetuada
em frente ao sensor?
2.2. Quais as coordenadas da posição
inicial e final do movimento?
2.3. Durante quanto tempo esteve o
estudante em repouso? Justifica.
2.4. Indica o(s) intervalo(s) de tempo
em que o movimento foi no sentido positivo do referencial e o(s) intervalo(s) de
tempo em que foi no sentido negativo? Justifica.
2.5. Houve inversão do sentido do movimento? Em que instante?
Informações que é possível obter a partir de um Gráfico posição-
tempo de movimentos retilíneos:
Distância percorrida
e
deslocamento
1.1.6. Distância percorrida e deslocamento
Distância percorrida (ou espaço percorrido) e deslocamento são grandezas físicas diferentes.

A distância percorrida sobre a


trajetória ou espaço percorrido,
s, é uma grandeza escalar
sempre positiva.

O seu valor indica o


comprimento da trajetória
descrita pela partícula no seu
movimento.

Unidade S.I.: metro, m


Distância percorrida

Exemplo 1:
A figura mostra as posições do centro de massa de um carrinho com
movimento retilíneo, que parte da origem, O, dirige-se para o ponto A, segue
para o ponto B, depois para O e, finalmente, chega a C.

Qual o valor da distância percorrida pelo carrinho?

Exercícios: 1, 2 da pág. 38 do manual.


Distância percorrida e deslocamento
O deslocamento, ∆𝑟, é uma grandeza vetorial que indica a variação de posição
de uma partícula no seu movimento, independentemente da sua trajetória.
Logo, um mesmo deslocamento pode corresponder a diferentes trajetórias da
partícula.

O deslocamento, ∆𝑟, representa-se por um vetor com origem na posição inicial


e extremidade na posição final.
Distância percorrida e deslocamento

Sendo o deslocamento, ∆𝑟, um vetor, só fica completamente caracterizado


quando se indica:
- O seu ponto de aplicação: posição inicial.
- Direção: a do segmento de reta que une a posição inicial com a posição
final.
- Sentido: da posição inicial para a posição final.
- Módulo: módulo do vetor.
Deslocamento
Exemplo 2:
A figura mostra as posições do centro de massa de um carrinho com
movimento retilíneo, que parte da origem, O, dirige-se para o ponto A, segue
para o ponto B, depois para O e, finalmente, chega a C.

Tarefa: Representa o vetor deslocamento do carrinho.


Nos movimentos retilíneos segundo a direção do eixo dos xx, o deslocamento,
∆𝑟 , pode ser representado por, ∆𝑥 , sendo o valor do deslocamento,
deslocamento escalar (ou componente escalar do deslocamento),
representado por, ∆𝒙, calculado por:
∆𝒙 = 𝒙𝒇 − 𝒙𝒊
O deslocamento escalar, ao contrário da distância, pode ser positivo, negativo
ou nulo.
- É positivo, ∆𝒙 > 0, quando a partícula se desloca no sentido positivo do
eixo dos xx.
- É negativo, ∆𝒙 < 0, quando a partícula se desloca no sentido negativo do
eixo dos xx.
- É nulo, , ∆𝒙 = 0, quando a posição final é igual à posição inicial. Isto só
acontece num movimento retilíneo com inversão de sentido ou num
movimento curvilíneo.

A distância percorrida sobre a trajetória é igual ao módulo do deslocamento


se e só se a trajetória for retilínea e não houver inversão de sentido do
movimento.
Distância percorrida e módulo do deslocamento
Por análise do gráfico, que representa o movimento retilíneo de uma partícula, podemos
concluir que:
No intervalo de tempo [0; 10] s:
• A distância percorrida ou espaço
percorrido pelo corpo foi 𝒔 = 𝟐𝟎 𝐦.
• O corpo moveu-se no sentido positivo.
• O deslocamento escalar do corpo foi:
∆𝒙 = 𝟑𝟎 − 𝟏𝟎 ⇔ ∆𝒙 = 𝟐𝟎 𝐦
No intervalo de tempo [10; 15] s, o corpo
esteve parado pois manteve-se na posição
𝒙 = 𝟑𝟎 𝐦.
No intervalo de tempo [15; 20] s:
• A distância ou espaço percorrido pelo
corpo foi 𝒔 = 𝟏𝟓 𝐦.
• O corpo moveu-se no sentido negativo.
• O deslocamento escalar do corpo foi:
∆𝒙 = 𝟏𝟓 − 𝟑𝟎 ⇔ ∆𝒙 = −𝟏𝟓 𝐦
Relação entre a distância percorrida e o módulo do deslocamento

• Num movimento retilíneo:


- sem inversão do sentido do movimento, a distância percorrida sobre a trajetória
é igual ao módulo da componente escalar do deslocamento:
𝒔 = ∆𝒙 ou 𝒔 = 𝒙𝐟 − 𝒙𝐢

- com inversão do sentido do movimento, a distância percorrida sobre a trajetória


é igual à soma dos módulos das componentes escalares dos deslocamentos em
cada um dos sentidos:
𝒔 = ∆𝒙𝟏 + ∆𝒙𝟐 + ∆𝒙𝟑 + ⋯

• Num movimento curvilíneo, a distância percorrida sobre a trajetória é sempre maior do


que o módulo do deslocamento.
𝒔 > ∆𝒓

Exercícios: 3, 4, 5 e 6 da pág. 38/39 do manual.


Rapidez média
e
velocidade média
Rapidez média e velocidade média
Rapidez média e velocidade média são grandezas físicas diferentes.

A rapidez média, 𝑟m , é uma grandeza escalar.


Calcula-se dividindo a distância percorrida sobre a trajetória, s, pelo intervalo de
tempo, Δt, gasto para a percorrer.
𝒔
𝒓𝐦 =
∆𝒕

A velocidade média, 𝑣m , é uma grandeza


vetorial.
Calcula-se dividindo o deslocamento, ∆𝑟, pelo
intervalo de tempo, ∆𝑡, correspondente.
∆𝒓
𝒗𝐦 =
∆𝒕

Unidade S.I.: metro por segundo, m/s.


Para um movimento retilíneo segundo a direção do eixo dos xx, o
deslocamento pode ser representado por 𝑥 e o deslocamento escalar por
∆𝑥.
Nesta situação, a velocidade escalar média, 𝑣m , pode ser calculada pela
expressão:
∆𝒙
𝒗𝐦 =
∆𝒕

A velocidade escalar média, pode ser positiva, negativa ou nula.


- É positiva, 𝒗𝐦 > 0, quando o deslocamento escalar é positivo (∆𝑥 > 0), ou
seja, quando a partícula se desloca no sentido positivo.
- É negativa, 𝒗𝐦 < 0, quando o deslocamento escalar é negativo (∆𝑥 < 0),
ou seja, quando a partícula se desloca no sentido negativo.
- É nula, 𝒗𝐦 = 0, quando o deslocamento escalar é nulo (∆𝑥 = 0).
Gráfico posição-tempo e componente escalar da velocidade média
É possível, através de um gráfico posição-tempo, determinar a componente escalar
da velocidade média e a rapidez média.

A componente escalar da velocidade média, 𝒗𝐦 , de um movimento retilíneo pode ser


determinada a partir de um gráfico posição-tempo, x = f(t), pelo declive da reta que
passa pelos pontos (t, x) nos instantes considerados.
Exemplo 1

Considere uma partícula


que se desloca com
movimento retilíneo de
acordo com o gráfico
abaixo.

Calcule: 4. A componente escalar do


1. A componente escalar do deslocamento da deslocamento total da partícula.
partícula nos primeiros 15 s. 5. A distância total percorrida.
2. A distância percorrida nos primeiros 15 s. 6. A componente escalar da velocidade
3. A componente escalar da velocidade média no percurso total.
média e a rapidez média nos primeiros 15 s.
Exemplo 1 – resolução
1. ∆𝒙 = 𝒙𝐟 − 𝒙𝐢 ⇔ ∆𝒙 = 𝒙𝒕=𝟏𝟓 𝐬 − 𝒙𝒕=𝟎 𝐬 ⇒ ∆𝒙 = 𝟎 − −𝟓 ⇔ ∆𝒙 = 𝟓 𝐦

2. 𝒔 = ∆𝒙 𝟎;𝟒 𝐬 + ∆𝒙 𝟒;𝟏𝟎 𝐬 + ∆𝒙 𝟏𝟎;𝟏𝟐 𝒔 + ∆𝒙 𝟏𝟐;𝟏𝟓 𝒔 ⇒

𝒔 = |𝟓 − (−𝟓 | + |𝟓 − 𝟓| + |𝟕 − 𝟓| + |𝟎 − 𝟕| ⇔ 𝒔 = 𝟏𝟗 m

3. 𝒗𝐦 = 𝚫𝒙 ⇔ 𝒗𝐦 = 𝒙𝒕=𝟏𝟓 𝐬 − 𝒙𝒕=𝟎 𝐬 ⇒ 𝒗m = 𝟓 ⇔ 𝒗𝐦 = 𝟎, 𝟑𝟑 m s−𝟏


𝚫𝒕 𝟏𝟓 − 𝟎 𝟏𝟓
𝒔 𝟏𝟗
𝒓𝐦 = ⇒ 𝒓𝐦 = ⇔ 𝒓𝐦 = 𝟏, 𝟑 m s−𝟏
𝜟𝒕 𝟏𝟓
Exemplo 1 – resolução

4. Δ𝑥 = 𝑥f − 𝑥i ⇔ Δ𝑥 = 𝑥𝑡=18 s − 𝑥𝑡=0 s ⇒ Δ𝑥 = −5 − (−5 ⇔ Δ𝑥 = 0 m

5. 𝑠 = |Δ𝑥| 0; 4 s + |Δ𝑥| 4; 10 s + |Δ𝑥| 10; 12 s + |Δ𝑥| 12; 18 s ⇒

𝑠 = |5 − (−5 | + |5 − 5| + |7 − 5| + | − 5 − 7| ⇔ 𝑠 = 24 m

Δ𝑥 𝑥𝑡=18 s − 𝑥𝑡=0 s 0
6. 𝑣m = ⇔ 𝑣m = ⇒ 𝑣m = ⇔ 𝑣m = 0,0 m s −1
Δ𝑡 18 − 0 18

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