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Universidade Estadual do Piauí

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação PREG


Curso Licenciatura Plena em Matemática

transcendentalidade do número π e do número de


Euler

Joaquim José da Costa e Silva Neto

Teresina
2023
Joaquim José da Costa e Silva Neto

A transcendentalidade do número π e do número


de Euler

Trabalho de Conclusão de Curso apre-


sentado, como parte dos requisitos para
obtenção do grau de Licenciado em Mate-
mática.

Orientador:
Prof. DR. Arnaldo Silva Brito

Teresina
2023
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial deste trabalho sem
a autorização da universidade, do autor e do orientador.
RESUMO

O presente trabalho discute um tema pouco explorado, mas que apresenta grande relevân-
cia para a categoria matemática e para a sociedade acadêmica de diversas áreas. Por esse
e outros motivos temos a necessidade de ir além. Motivado sob esse contexto, o objeto
de estudo desse trabalho acadêmico é o conjunto dos números transcendentes, passando
pelas noções básicas de números algébricos, teoremas, lemas, entre outros elementos que
possibilitaram a compreensão desse universo matemático tão pouco averiguado no âmbito
escolar, seja no nível básico ou superior. Finalizamos demonstrando a transcendentalidade
do Número de Euler (e) e do número π .

Palavras - chave: Matemática, números transcendentes, algébricos, teoremas


ABSTRACT

The present work discusses a little explored theme, but one that has great relevance for
the math category and for the academic society of dierent areas. For this and other
reasons, we need to go further. Motivated in this context, the object of study of this
academic work is the set of transcendent numbers, going through the basic notions of
algebraic numbers, theorems, mottos, among other elements that made it possible to
understanding this math universe so little explored in the school sphere, if in the basic or
higher level. We conclude by demonstrating the transcendentality of the Euler Number e
and the π number.

Keywords: Mathematics, transcendent numbers, algebraics, theorems


text

Dedico este trabalho a Deus. Sem ele nada


seria possível

vi
Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus por ter me concedido forças para continuar perante as
várias diculdades encontradas nesse percurso e proporcionar essa conquista única, assim
como as outras que possivelmente virão. A seguir devo agradecimentos a toda minha fa-
mília pelo apoio incondicional em toda a jornada da graduação. Sou grato pelos conselhos,
por perguntar como andava os estudos, pelo incentivo nas horas de dúvida e principal-
mente por está ao meu lado em todos os momentos. Por m, sou grato aos professores
da Universidade Estadual do Piauí que foram de suma importância no decorrer desse
processo, em especial aos docentes do Campus Clóvis Moura vinculados a Coordenação
de Matemática.

vii
text

"Quando os matemáticos estão a pensar


nos problemas, não estão a pensar nas suas
diversas aplicações, estão sim buscando a be-
leza".

Manjul Bhargava.

viii
Sumário
1 Noções Preliminares 2
1.1 Denições e exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 A transcendentalidade do numero e 4
3 A transcendentalidade do π 6
4 Referencias Bibliográcas 8
INTRODUÇÃO
A matemática está por toda a nossa volta. Sempre a usamos intuitivamente, desde pe-
quenas contas no cotidiano até programas de alto padrão. Tendo em vista esse leque
de utilidades, a humanidade foi capaz de formular conjuntos numéricos, desde os natu-
rais, que primitivamente serviam para contar rebanhos ou objetos, chegando nos números
complexos, que podemos utilizar em inúmeras ocasiões, entre muitos outros conjuntos.
Todavia, não é o bastante para esclarecer todos os questionamentos que cercam o homem.

Uma teoria matemática simples, que seja capaz de resolver questões difíceis, é
o ideal. É verdade que quase sempre é utópico. Alguns problemas com enun-
ciados simples exigiram, para a sua solução, o desenvolvimento de longas e
complexas teorias matemáticas. Foi deste modo que muitos ramos da Mate-
mática foram criados. (DJAIRO GUEDES DE FIGUEIREDO).".

Perante esse cenário, segundo o portal Matreemática, a Matemática pode ser divi-
dida em dois grandes grupos: Matemática Pura e Matemática Aplicada. Essa separação
surgiu com objetivo de facilitar o estudo acerca de temas e situações especícas que aca-
bavam surgindo no decorrer do tempo. Com essa perspectiva, faz-se necessário o estudo
sobre temas poucos explorados, tanto a nível básico quanto superior.
A partir dessas considerações, este trabalho orientar-se-á na perspectiva de de-
monstrar a enumerabilidade de números transcendentes, am de salientar a importância
desse tema por meio de noções básicas, tendo como consequências a comprovação da
transcendentalidade do Número de Euler (e) e do número π .
Perante as limitações existentes no sistema de ensino brasileiro e a necessidade da
apresentação de temas atrativos para debates dentro dos ambientes escolares é de extrema
importância a formação de prossionais assíduos pela busca de conhecimento.
Nesse contexto, o trabalho cientíco visa apresentar denições, teoremas, lemas e
noções preliminares a respeito de números algébricos. Sendo um dos principais pontos
a demonstração da enumerabilidade dos números transcendentes, baseado nos conceitos
adquiridos durante a graduação e resultados ganhos no próprio desenvolvimento desta
produção.
Portanto, buscando enfatizar a importância do tema, deve-se destacar como ob-
jetivo geral a demonstração da existência dos números transcendentes. Por outro lado,
observa-se a necessidade de ir além, colocando como objetivos especícos vericar se duas
constantes de grande importância para a Matemática são transcendentes, a saber: número
de Euler e e o número π .

1
1 Noções Preliminares
Nesse capítulo iremos explorar denições acerca dos Números Algébricos e Trans-
cendentes. Tampouco, abordaremos de início denições e exemplos.

1.1 Denições e exemplos


Denição
Um número real α é chamado algébrico se é raiz de algum polinômio não nulo com
coecientes inteiros.
Algebricamente podemos compreender a denição da seguinte maneira:
Seja α, um determinado número real, ele é dito algébrico, se existe algum polinômio

P (x) = a0 + a1 x + ... + an xn ,

em que a0 , a1 , . . . , an ∈ Z, não nulos, tal que P (α) = 0. Caso contrario, diremos


que α é transcendente.

Observação 1.1. A denição acima é equivalente quando a0 , a1 , a2 , . . . , an ∈ Q


Notação 1.1. Q = Conjunto dos números algébricos.
Exemplo 1.1. Todo numero racional é algébrico. De fato,
p
∈ Q é raiz do polinômio P (x) = qx − p
q
Exemplo 1.2. Existem números irracionais que são algébricos:

2 é raiz do polinômio P (x) = x2 − 2.

Para entendermos as propriedades posteriores dos números algébricos e para que


possamos demonstrar a existência dos transcendentes, necessitaremos da denição de um
conjunto enumerável e alguns teoremas. Vejamos:

Denição 1.1. Um conjunto A é enumerável se seus elementos puderem ser postos em


correspondência biunívoca com os números naturais ou se A é nito. Mais precisamente,
A é numerável se é nito, ou existir uma função bijetiva f : N → A.

Exemplo 1.3. O conjunto dos números pares, positivos, é enumerável: tome f(n) = 2n.
De fato, basta observar que f(n) = 2n é bijeção.

Observação 1.2. Se A é enumerável e B ⊂ A é um conjunto innito, então B é também


enumerável. Imediato.

exemplo
O conjunto Z é enumerável.

2
Demonstração 1.1. De fato, considere f : Z → N, onde

2x − 1, sex > 0
f (x) =
−2x, sex ≤ 0

Dados x1 > 0, x2 > 0 com x1 ̸= x2 , temos:

f (x1 ) = 2x1 − 1 e f (x2 ) = 2x2 − 1, com issof (x1 ) ̸= f (x2 ).

Analogamente, dados x1 ≤ 0, x2 ≤ 0comx1 ̸=, x2 temos:

f (x1 ) = −2x1 − 1 e f (x2 ) = −2x2 , ganhamos que f (x1 ) ̸= f (x2 ).

3
2 A transcendentalidade do numero e
Esse capítulo será dedicado para demonstração da transcendentalidade do número
e, onde abordaremos denição e lemas que servirão de base para o resultado deste tópico.
O número e, conhecido também como número de Euler, recebeu esse nome como forma de
homenagear Leonhard Euler, matemático suíço. Porém o número e surgiu no século XVII
com o desenvolvimento de logaritmo, possuindo como base os trabalhos do matemático
escocês, John Napier.
Denição 2.1. Denimos o numero de Euler como sendo:
 n
1
e = lim 1+
n→∞ n
Lema 2.1. Seja Q(x) um polinômio de grau r. Denimos a função F (x) real

F (x) = Q(x) + Q′ (x) + ... + Q(x) (x)

onde Q(r) (x) representa a derivada de ordem r de Q. Então

d −x
(e F (x)) = −e−x Q(x)
dx

Demonstração 2.1.
d  −x d  −x
Q(x) + Q′ (x) + . . . + Q(r) (x)
 
e F (x) = e
dx dx
= −e−x Q(x) + Q′ (x) + . . . + Q(r) (x) + e−x Q′ (x) + . . . + Q(r) (x) + Q(r+1) (x)
 

= e−x −Q(x) − Q′ (x) − . . . − Q(r) (x) + Q′ (x) + . . . + Q(r) (x) + Q(r+1) (x)


= e−x −Q(x) + Q(r+1) (x)




= −e−x Q(x)

Teorema 2.1. (Teorema do Valor Médio) Seja f : [a, b] → R continua. Se f é derivável


em (a, b), ∃c ∈ (a, b), tal que

f (b) − f (a)
f ′ (c) =
b−a
Ver demonstração do teorema 5 em [3, p. 272].
Lema 2.2. Sejam F (x) e Q(x) como no lema 2.1, então

F (k) − ek F (0) = −Q (kθk ) kek(1−θk )

para todo k > 0 e θk é um número entre 0 e 1 .

4
Demonstração. Considere a função G, dada por

G : [0, k] → R

x → G(x) = e−x F (x)

Note que, para todo k > 0, G é continua e derivável no intervalo (0, k).
Pelo Teorema 2.1 existe c ∈ (0, k), tal que

G(k) − G(0)
G′ (c) =
k−0

G(k) − G(0) = G (c) · (k)
e−k F (k) − F (0) = −e−c Q(c)k
e−k F (k) − F (0) = −k e−c Q(c) (1)


Como c ∈ (0, k), ∃ θk ∈ (0, 1), onde


c = kθk (2)

Substituindo (2) em (1), temos

e−k F (k) − F (0) = −k e−kθk Q (kθk )




5
3 A transcendentalidade do π
Uma das constantes mais conhecidas no âmbito matemático e fora dele, o π é
constantemente utilizado no cotidiano. É louvável ressaltar que essa constante é obtida a
partir da divisão do perímetro pelo diâmetro de um circulo. Esse capítulo será dedicado
á demonstração da transcendência do π .

Denição 3.1. Uma função f : C → C tem derivada no ponto ponto z se o limite abaixo
existe

f (z + z0 ) − f (z)
f ′ (z) = lim
z0 →0 z0
onde z0 ∈ C, e f ′ (z) é chamada a derivada de f em z . Se uma função f tiver
derivadas em todos os pontos de C, então dizemos que ela é analítica em C.

Denição 3.2. Uma permutação dos inteiros, 1, 2, 3, . . ., n, é uma função bijetiva do


conjunto {1, 2, . . . , n} nele próprio:

σ : {1, 2, ..., n} → {1, 2, ..., n}


j → σ(j).

Na seguinte denição, F denotará um corpo, F [t1 , . . . , tn ] o anel de polinômios.


Além de que, Sn signicará o grupo simétrico de todas as permutações de {1, 2, 3, · · · , n}.

Denição 3.3. Um polinômio f (t1 , ..., tn ) ∈ F [t1 , ..., tn ] é dito simétrico se para todo σ ∈
Sn , tem-se


f (t1 , ..., tn ) = f tσ(1) , ..., tσ(n)

Denição 3.4. Se t1 , t2 , ..., tn ∈ C são raízes de um polinômio P (x), então esse polinômio
é da forma:

P (x) = (x − t1 ) , ..., (x − tn ) .

Então:

P (x) = xn − s1 xn−1 + ... + (−1)n sn ,

onde,

6
n
X
s1 = tj
j=1
X
s2 = ti tj
i<j
X
s3 = ti tj tk
i<j<k
..
.
sn = t1 t2 t3 . . . tn

Os polinômios s1 , s2 , . . . sn são chamados os polinômios simétricos elementares em


t1 , t2 , . . . , tn .

Teorema 3.1. Seja f : C → C uma função analítica e sejam z1 , z2 ∈ C, Então

|f (z2 ) − f (z1 )| ≤ 2 |z2 − z1 | sup {|f ′ (z1 + λ (z2 − z1 ))| : 0 ≤ λ ≤ 1}

onde |z| representa o módulo do complexo z = x+ iy, isto é, |z| = x2 + y 2 .


p

Ver demonstração em [1, p. 51]

Denição 3.5. Se p é um polinômio de n variáveis então sabemos que tem a forma

X
p (x1 , . . . , xn ) = aj1 ,...,jn xj11 . . . xjnn
j1 ,...,jn ≥0

Sendo assim diremos que o peso de p é o máximo do conjunto


( n )
X
iji ; aji ,...,jn ̸= 0
i=1

7
4 Referencias Bibliográcas
[1 ] FIGUEIREDO, Djairo Guedes de. Números irracionais e transcendentes/ Djairo
Guedes de Figueiredo. 3.ed. Rio de Janeiro: SBM, 2011.

[2 ] LAFETÁ, Anna Carolina; SILVA, Elaine; LELIS, Jean.Teoria Dos Números Trans-
cendentes: do teorema de Liouville à conjectura de Schanuel, Rio de Janeiro: SBM,
2016.

[3 ] LIMA, E. L., Curso de Análise, 14 Ed., Rio de Janeiro: IMPA, 2013. Volume 1

[4 ] MARQUES, Diego, Teoria dos Números Transcendentes / Diego Marques, Rio de


Janeiro: SBM, 2013.

[5 ] Os ramos da matemática. Mas por que dividir em ramos?. Matheemática, 2021.


Disponível em: https://lirte.pesquisa.ufabc.edu.br/matreematica/a-matematica-do-
cotidiano/ramos/. Acesso em 15 de Maio 202

[6 ]BOYER, Carl B. História da Matemática. Tradução Elza F. Gomide. São Paulo:


Edgard Blücher, 1996.

[7 ]LIMA, Elon Lages, CARVALHO, Paulo César pinto, WAGNER, Eduardo, MOR-
GADO, Augusto César. A Matemática do Ensino Médio.Coleção do Professor de
Matemática. Vol. 1. Sociedade Brasileira de Matemática, 2001, 237 p.

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