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Florianópolis
2018
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Günther, Helena
A função zeta, de Euler a Riemann : uma introdução
à teoria analítica de números / Helena Günther ;
orientador, Eliezer Batista, 2018.
74 p.
Inclui referências.
Aos meus pais e à tia Ione, pelo apoio que me deram durante o
mestrado e a confecção deste trabalho, o meu sincero agradecimento.
Aos meus amigos, que pessoalmente ou à distância estiveram pre-
sentes nos momentos bons e nos difı́ceis: me faltam palavras pra des-
crever o quão grata sou por todo o carinho, o tempo e a paciência.
Ao meu orientador, professor Eliezer, sou muito grata por ter me
guiado neste trabalho. Além disso, obrigada por sempre acreditar em
mim e me incentivar na minha carreira.
Aos professores Eduardo Tengan, Giuliano Boava e Marianna Ra-
vara Vago, muito obrigada por participarem da banca e pelas valiosas
sugestões para o aprimoramento deste trabalho.
Ao PROFMAT e à UFSC, meus agradecimentos por mais esta
oportunidade de aprofundar meus conhecimentos na Matemática e me
preparar ainda mais para a docência, que é o que eu amo fazer.
Aos meus alunos e aos seus pais, sou grata pela confiança deposi-
tada em mim e no meu trabalho.
RESUMO
Introdução p. 13
Conclusão p. 59
Referências p. 71
13
INTRODUÇÃO
a, a + b, a + 2b, . . . , a + n · b, . . .
π(x)
→0 quando x → ∞.
x
Esse resultado indica que conforme avançamos no conjunto dos inteiros
os primos ficam cada vez mais esparsos.
Vários matemáticos conjecturaram que
π(x)
lim = 1.
x→∞ x/ln x
1 INTRODUÇÃO À
FUNÇÃO ZETA DE
EULER
Portanto
Z ∞ Z t
1 1
dx = lim dx = lim ln t = ∞,
1 x t→∞ 1 x t→∞
t1−s − 1 −1 1
lim = = ,
t→∞ 1 − s 1−s s−1
e a série é convergente. Quando s < 1 temos 1 − s > 0, logo
t1−s − 1
lim =∞
t→∞ 1 − s
∞
1
P
e a série é divergente. Portanto a soma ns converge para s ∈ R,
n=1
s > 1 e diverge para s 6 1.
1 −iv
= u
· eln n
n
1
= u · e−iv ln n
n
1
= u · e−i(v ln n)
n
1 1 −i(v ln n)
=
ns nu · e
1
= u · e−i(v ln n)
n
1
= u · 1
n
1
= u .
n
Assim, temos que ζ está definida para todo o semiplano Re(s) > 1.
(k; N1 , . . . , Nk ) 6 (l; M1 , . . . , Ml )
21
se e só se:
k 6 l; e Ni 6 Mi ∀ i ∈ {1, . . . , k}.
Exemplos:
onde s ∈ R, s > 1.
Afirmação 1.4.
para algum M .
De (1.2), temos
Nk
N1
! !
X 1 X 1
P(k;N1 ,...,Nk ) = rs ··· rs
p
r=0 1
p
r=0 k
22
N2
N1 X Nk
X X 1
= ···
r1 =0 r2 =0 rk =0
pr11 s pr22 s · · · prkk s
Nk
N1 N2
!
X X X 1
= ··· Qk ri s
r1 =0 r2 =0 rk =0 i=1 pi
N1 N2 Nk
X X X 1
= ··· Q s
k
r1 =0 r2 =0 rk =0 i=1 pri i
Nk
Como M = pN 1 N2
1 p2 · · · pk é o maior denominador que aparece na
PM 1
soma, então SM = n=1 ns = 1 + 21s + · · · + M1s > P(k;N1 ,...,Nk ) . Isto
ocorre porque cada potência aparece uma única vez em P(k;N1 ,...,Nk ) ,
já que a decomposição em produtos de potências de primos é única e
SM contém todos os inversos de produtos de potências de inteiros até
M , inclusive (mas talvez não somente) esses.
PM 1 P∞ 1
Como SM = n=1 ns < n=1 ns = S ∀ M , então
P(k;N1 ,...,Nk ) 6 SM < S.
Assim, {Pi | i ∈ I} é limitado superiormente (por S), e é não-
vazio, logo possui um supremo. Seja P = sup{Pi }. Como S > Pi ∀ i ∈
I (ou seja, S é cota superior de {Pi }), então
P 6 S. (1.4)
Pi < Pj .
M1
! Mk1
X 1 X 1
> rs ··· rs
· 1···1
p
r=0 1 r=0
p k1
Observação.
P = lim Pi
i∈I
SN 6 Pi 6 P. (1.5)
S = P. (1.6)
1
Q
Vamos agora mostrar que P = 1− p1s
.
p primo i
k
1
Q
Seja P(k;∞) = 1− p1s
. Temos que
i=1 i
k
!
Y 1
P(k;∞) =
i=1
1 − p1s
i
∞
k
!
Y X 1
=
i=1 r=0
(psi )r
= lim lim · · · lim P(k;N1 ,...,Nk ) . (1.7)
N1 →∞ N2 →∞ Nk →∞
P(k;∞) 6 P. (1.8)
k
! !
Y 1 Y 1
P(∞;∞) = lim = .
k→∞
i=1
1 − p1s p primo
1 − p1s
i i
Afirmação.
P(∞;∞) 6 P. (1.9)
25
P(∞;∞) = sup{P(k;∞) } 6 P,
Ik = {(k; N1 , N2 , . . . Nk ) | N1 , . . . , Nk ∈ N}.
π(x)
lim = 0,
x→∞ x
ou seja, o conjunto dos primos tem densidade zero. Será então que a
soma dos inversos dos primos, sendo uma soma com muito menos ter-
mos que a série harmônica, converge? A resposta é não. Demonstramos
abaixo este resultado.
Teorema 1.7. A série
X 1 1 1 1 1
= + + + + ···
p primo
p 2 3 5 7
é divergente.
27
Pk−1 1
R k−1 1
Figura 1: i=1 i > 1 x dx
ln (ln k) < ln Pk
" !#
1 1 1
< ln 1 ···
1−2 1 − 13 1 − p1k
!
1 1 1
< ln + ln + · · · + ln . (1.14)
1 − 12 1 − 13 1 − p1k
1
Seja f (x) = ln 1−x = − ln (1 − x).
Temos que
1 1
f 0 (x) = − · (−1) =
1−x 1−x
1
f 0 (0) = =1
1−0
1
f 00 (x) = (−1) · (1 − x)−2 · (−1) = > 0,
(1 − x)2
= 2 · 12 + 2 · 31 + · · · + 2 · 1
pk
= 2 12 + 13 + · · · + p1k
ln (ln k) 1 1 1
< + + ··· + . (1.16)
2 2 3 pk
2 A FUNÇÃO ZETA DE
RIEMANN
A integral Z 1 x−1
ln 1t dt
0
foi estudada por Euler entre 1729 e 1730. Em 1809, esta integral rece-
beu de Adrien-Marie Legendre o nome de função gama (definida para
x > 0, onde a integral acima converge) e o sı́mbolo Γ que a caracteri-
zam. [Havil 2003]
Alternativamente, é possı́vel escrever
Z 1 Z 1
1 x−1 x−1
ln t dt = (ln 1 − ln t) dt
0 0
32
Z 1
x−1
= (− ln t) dt.
0
Como
tx−1
lim t = 0,
t→∞ e 2
tx−1
então existe n ∈ N tal que, se t > n, teremos t < 1. Já que t > 0
e2
−t
implica e < 1, então
Z ∞
Γ(0) = tx−1 e−t dt
0
Z n Z ∞
= tx−1 e−t dt + tx−1 e−t dt
Z0 n Z n∞
< t x−1
· 1 dt + tx−1 e−t dt. (2.2)
0 n
Γ(2) = 1 · Γ(1) = 1 = 1!
Γ(3) = 2 · Γ(2) = 2 · 1! = 2!
Γ(4) = 3 · Γ(3) = 3 · 2! = 3!
..
.
Γ(n) = (n − 1) · Γ(n − 1)
= (n − 1) · (n − 2) · Γ(n − 2)
= (n − 1) · (n − 2)(n − 3) · · · 1
= (n − 1)!
[Weisstein], temos
Z ∞
1
Γ( 12 ) = t 2 −1 e−t dt
Z0 ∞
1
= t− 2 e−t dt
0
Z ∞
2
=2 e−u du
0
√
π
=2·
√ 2
= π.
Γ( 12 )
Γ(− 12 ) =
− 12
√
= −2 π,
Γ(0)
Γ(−1) = .
−1
O fato de Γ(0) não estar definida (conforme visto na Afirmação 2.2)
implicará, como veremos no Teorema 2.9 que, para todo k ∈ Z− , Γ(k)
não está definida.
Re(s) > 0, e sua extensão analı́tica também é dada pela fórmula integral
Z ∞
Γ(s) = e−t ts−1 dt.
0
s−1
Demonstração. Temos que ts−1 = eln t = e(s−1) ln t = es−1 eln t =
t · e . Como t e e são constantes em relação a s e es−1 é holomorfa
s−1 t
1
nσ 0
= −
σ σ
1
= .
σnσ
Analisando a segunda integral de (2.3) temos que, dado s ∈ Sσ,M com
s = σ + iπ e Re(s) = σ < M , então Re(s) − 1 = σ − 1 < M − 1 < M .
M M
Como limt→∞ t t = 0, existe k > 1 tal que, se t > k, então t t < 1.
e2 e2
Dessa forma, temos
t tM − 2t
e−t tσ−1 6 e−t tM = e− 2 · t < e ·1
e2
e
∞ Z ∞
t ∞
Z
t
e−t tσ−1 dt < e− 2 dt = −2e− 2
n n n
h i
− r2 −n − n
− n
= −2 lim e − e 2 = 2e 2 = 2e 2 .
r→∞
Γ(s + 1) = sΓ(s).
Γ(s + 1)
F1 (s) = .
s
Como Γ(s + 1) é holomorfa em Re(s + 1) > 0, ou seja, em Re(s) > −1,
então F1 é meromorfa nesse semiplano, com polo simples em s = 0.
Como Γ(1) = 1 temos, por A.16, que
Γ(s + 1)
F1 (s) = = Γ(s)
s
para Re(s) > 0, ou seja, F1 estende Γ para uma função meromorfa no
semiplano Re(s) > −1.
De maneira análoga, para cada m ∈ N∗ , definimos no semiplano
Re(s) > −m uma função
Γ(s + m)
Fm (s) = . (2.4)
(s + m − 1)(s + m − 2) · · · s
Γ(s + m)
= lim (s + n)
s→−n (s + m − 1)(s + m − 2) · · · (s + n) · · · s
Γ(s + m)
= lim
s→−n (s + m − 1)(s + m − 2) · · · (s + n + 1) · (s + n − 1) · · · s
Γ(−n + m)
=
(−n + m − 1)(−n + m − 2) · · · 1 · (−1) · · · (−n)
(−n + m − 1)!
=
(−n + m − 1)! (−1) · · · (−n)
(−1)n
=
n!
Note que, como a equação (2.4) vale para o semiplano Re(s) > −m,
então vale também para Re(s) > 0. Neste caso, aplicando m vezes o
Lema 2.8, temos que
Γ(s + m)
Fm (s) =
(s + m − 1)(s + m − 2) · · · s
(s + m − 1)(s + m − 2) · · · s · Γ(s)
=
(s + m − 1)(s + m − 2) · · · s
= Γ(s),
isto é, para todo m ∈ N a função Fm (s) coincide com Γ(s) no semiplano
Re(s) > 0. Além disso, temos que Fm = Fk para 1 6 k 6 m no
domı́nio de Fk . Dessa forma, temos uma continuação analı́tica de Γ(s)
para C\Z− .
x−1
Demonstração. Considere a função f (z) = z1−z = −g(z)
z−1 , onde g(z) =
z x−1 . Sabemos que z = 1 é polo simples de f . Dessa forma, por A.16
o resı́duo de f será
= −1.
Figura 3: contorno
42
Rx−1 0
lim 1 = = 0,
R→∞
R −e
iθ |0 − eiθ |
logo
Z Z π−α
z x−1 Rx−1
dθ · eiθx · |i| = 0
0 < lim dz 6 lim
1
R→∞ 1 − z R→∞ −π+α R − e iθ
(1)
Z
x−1
z
lim dz = 0.
R→∞ 1−z
(1)
logo
Então
Z ∞
Γ(s)Γ(1 − s) = ts−1 e−t Γ(1 − s) dt
0
Z ∞ Z ∞
= ts−1 e−t t e−vt (vt)−s dv dt
Z0 ∞ Z ∞ 0
−t(1+v) s
= e t · t−s v −s dv dt
Z0 ∞ Z0 ∞
= e−t(1+v) v −s dv dt.
0 0
Note que
Z ∞Z ∞
e−t(1+v) v −s dv dt =
0 0
!
Z m Z n
−t(1+v) −s
= lim lim e v dv dt
m→∞ 1 n→∞ 1
m n
Z m Z n
= lim lim e−t(1+v) v −s dv dt
m→∞ n→∞ 1 1
m n
1 1
Considere a função f : n, n × m, m tal que
f (v, t) = e−t(1+v) v −s .
Z n Z m
= lim lim e−t(1+v) v −s dt dv
m→∞ n→∞ 1 1
n m
Z n Z m
= lim lim e−t(1+v) v −s dt dv
n→∞ m→∞ 1 1
n m
Z n Z m
= lim lim e−t(1+v) v −s dt dv
n→∞ 1 m→∞ 1
n m
Z ∞ Z ∞
= e−t(1+v) v −s dt dv. (2.7)
0 0
pois
Γ(s + m)
Γ(s) = .
(s + m − 1)(s + m − 2) · · · s
Γ(s + m)
Γ(s)Γ(1 − s) = · (−s) · · · (1 − s − m) · Γ(1 − s − m)
(s + m − 1) · · · s
Γ(s + m)
= · (−1)m · (s + m − 1) · · · s · Γ(1 − s − m)
(s + m − 1) · · · s
= Γ(s + m)Γ(1 − s − m) · (−1)m .
Temos que
Γ(1 − s + m)
Γ(1 − s) = .
(−s + m)(s + m − 1) · · · (1 − s)
Γ(1 − s + m)
Γ(s)Γ(1 − s) = · (s − 1) · · · (s − m) · Γ(s − m)
(−s + m) · · · (1 − s)
Γ(1 − s + m)
= · (−1)m · (1 − s) · · · (m − s) · Γ(s − m)
(−s + m) · · · (1 − s)
= Γ(1 − s + m)Γ(s − m) · (−1)m .
Definição 2.13.
∞ ∞
X 2 X 2
θ(t) = e−πn t
=1+2 e−πn t
n=−∞ n=1
2
Como a transformada de Fourier da função f (x) = e−πt(x+a) é
1 πξ2
fˆ(ξ) = e2πiaξ t− 2 e− t (por A.3.1), pela Fórmula de Poisson (A.23)
temos
2 πξ2
1
e2πina
X X
e−πt(n+a) = t− 2 e− t .
n∈Z n∈Z
50
Fazendo a = 0, temos
2 1 πn2 1 πn2
X X X
e−πtn = t− 2 e− t = t− 2 e− t .
n∈Z n∈Z n∈Z
2 πn2
e−πn t , temos θ( 1t ) = e−
P P
Como θ(t) = t , logo
n∈Z n∈Z
1
θ(t) = t− 2 θ( 1t ). (2.8)
2
Observação 2.14. Embora f (x) = e−πt(x+a) possa ser definida como
uma função holomorfa em uma faixa, aqui usamos variáveis reais para
f e sua transformada de Fourier já que, ao aplicar a Fórmula de Pois-
son, x e ξ serão restritos aos inteiros.
1
a) θ(t) 6 C1 t− 2 quando t → 0, para algum C1 > 1;
1
logo como θ(t) = t− 2 θ( 1t ) temos
∞
!
2
− 21 − πn
X
θ(t) = t 1+2 e t . (2.10)
n=1
∞ ∞
πn2 π πn2
X X
e− t = e− t + e− t
n=1 n=2
Z ∞
πx2
− πt
6e + e− t dx
Z1 ∞
π πx2
6 e− t + e− t dx
0
Z ∞
π 1 πx2
= e− t + e− t dx
2 −∞
51
1 π
r
π
= e− t +
2 πt
√
π t
= e− t + ,
2
R∞ 2 √
usando a integral gaussiana −∞
e−x dx = π [Weisstein] com a
√
substituição u = √πx . Por (2.10), temos então que
t
1 π
√
θ(t) 6 t− 2 (1 + 2e− t + 2 2t )
1 π √
= t− 2 (1 + 2e− t + t).
π
Temos que t < 1, logo π
t > π, portanto − πt < −π e e− t < e−π .
Note que
π √ √
1 + 2e− t + t < 1 + 2e−π + 1=
−π −π
= 2 + 2e = 2(1 + e ) > 1,
assim
1
θ(t) 6 t− 2 · C1 ,
para C1 > 1.
b) De (2.9), temos
∞
X 2
|θ(t) − 1| = 2 e−πn t
n=1
X∞
62 e−πnt ,
n=1
2
< e−πt ,
1 − e−π
pois 1−e1−πt < 1−e1−π para t > 1 (de fato, já que e−πt < e−π , logo
−e−πt > −e−π , então 1 − e−πt > 1 − e−π ).
Como 1−e2−π > 2 (de fato, já que e−π > 0, então −e−π 6 0, 1 −
e−π 6 1 e 1−e1−π > 1), então
|θ(t) − 1| 6 C2 e−πt
1 ∞ s −1
Z
s
π − 2 Γ( 2s )ζ(s) = u 2 [θ(u) − 1] du.
2 0
∞ 2
e−πn u
P
Demonstração. Temos que θ(u) − 1 = 2 du, logo
n=1
Z ∞ Z ∞ ∞
1 s 1 s
X 2
u 2 −1 [θ(u) − 1] du = u 2 −1 · 2 e−πn u
du
2 0 2 0 n=1
∞ Z ∞
X s 2
= u 2 −1 e−πn u
du. (2.11)
n=1 0
(Note que a integral da série acima pode ser avaliada como a soma das
integrais (pelo Corolário A.10 do Apêndice A.2), pois a série converge
uniformemente na variável u.)
R∞ R∞ s
Como Γ(s) = 0 e−t ts−1 dt, então Γ( 2s ) = 0 e−t t 2 −1 dt. Avali-
t
amos a integral de (2.11) com a substituição u = πn2 :
Z ∞ Z ∞ 2s −1
−πn2 u s t 1
e u 2 −1 du = e −t
· dt
0 πn2 πn2
Z0 ∞
s s
= e−t t 2 −1 (πn2 )1− 2 −1 dt
0
Z ∞
s s
− 2 −s
=π n e−t t 2 −1 dt
0
53
s
= π − 2 n−s Γ( 2s ).
Definição 2.17.
s
ξ(s) = π − 2 Γ( 2s )ζ(s)
Teorema 2.18. A função ξ(s) é holomorfa para Re(s) > 1 e tem conti-
nuação analı́tica em todo plano complexo como uma função meromorfa
com polos simples em s = 0 e s = 1. Além disso,
θ(u)−1
Demonstração. Definimos ψ(u) = 2 . De (2.8) temos θ(u) =
1
u− 2 θ( u1 ), então
1
u− 2 θ( u1 ) − 1
ψ(u) =
2
− 12 1 1
u θ( u1 ) − u− 2 + u− 2 − 1
=
2
1 1
u− 2 (θ( u1 ) − 1) u− 2 − 1
= +
2 2
− 12 1 1 1
= u ψ( u ) + 1 −
2u 2 2
Pelo Teorema 2.16 segue que
1 ∞ s −1
Z Z ∞
− 2s s
s
π Γ( 2 )ζ(s) = u 2 [θ(u) − 1] du = u 2 −1 ψ(u) du
2 0 0
Z 1 Z ∞
s s
= u 2 −1 ψ(u) du + u 2 −1 ψ(u) du
0 1
54
Z 1 Z ∞
s
− 12 1 1 s
2 −1 1
u 2 −1 ψ(u) du
= u u ψ( u ) + 1 − du +
0 2u 2 2 1
Z 1 s 3 s Z ∞
s 3 u 2−2 u 2 −1 s
= u 2 − 2 ψ( u1 ) + − du + u 2 −1 ψ(u) du
0 2 2 1
s 1 s
!1 Z ∞
1
u2−2
Z
u2 1 s 3 s
= s 1 − s · + u 2 − 2 ψ( u1 ) du + u 2 −1 ψ(u) du
2 − 2 2
2 0 1
0
Z 1 Z ∞
1 1 1 3 s 1 s
= s 1 − s · + t 2 − 2 ψ(t) · 2 dt + u 2 −1 ψ(u) du
2 − 2 2 2 ∞ −t 1
Z ∞ Z ∞
1 1 s 1 s
= − + t− 2 − 2 ψ(t) dt + u 2 −1 ψ(u) du
s−1 s 1 1
Z ∞
1 1 s 1 s
= − + [u− 2 − 2 + u 2 −1 ]ψ(u) du. (2.12)
s−1 s 1
e
1 1 1 1 1 1
− =− + = − ,
s−1 s s s−1 (1 − s) − 1 (1 − s)
ζ, a saber:
s ξ(s)
ζ(s) = π 2 .
Γ( 2s )
Como Γ(s) tem polos simples em 0, −1, −2, . . . (pelo Teorema 2.9),
então Γ( 2s ) tem polos simples em 0, −2, −4, . . . e 1s tem zeros simples
Γ( 2 )
em 0, −2, −4, . . . e não tem polos, pois Γ( 2s ) não tem zeros, já que
π
Γ( 2s )Γ(1 − 2s ) = 6= 0.
sen( πs
2 )
1
Já que s tem zero simples na origem, podemos representá-la por
Γ( 2 )
1
s = s · f (s), onde f (s) é uma função que tem zeros simples em
Γ( 2 )
−2, −4, −6, . . . e não tem polos. Assim, de (2.12), segue que
Z ∞
s 1 1 − 2s − 12 s
−1
ζ(s) = π · s · f (s) ·
2 − + [u +u 2 ]ψ(u) du
s−1 s 1
Z ∞
s s − 2s − 12 s
−1
= π · f (s) ·
2 −1+s [u +u 2 ]ψ(u) du .
s−1 1
CONCLUSÃO
APÊNDICE A -- RESULTADOS
UTILIZADOS
NO TEXTO
i) reflexiva: se i ∈ I, então i 6 i;
S : I −→ R
i 7−→ Si
Definição A.6. Uma net {Si }i∈I em R converge para L (ou, alterna-
tivamente, o limite de {Si }i∈I é L) se, para todo ε > 0, existir i0 ∈ I
tal que i0 6 i implica que |Si − L| < ε.
Notação: lim Si = L.
i∈I
Rk Pk−1
Figura 4: N
f (x) dx 6 n=N f (n)
Pk Rk
Figura 5: n=N f (n) 6 f (N ) + N
f (x) dx
P∞
Corolário A.10. [Lima 2006] Seja n=1 fn uma série uniformemente
convergente de funções integráveis fn : [a, b] → R. Então sua soma é
integrável e tem-se
Z ∞
bX ∞ Z
X b
fn (x) dx = fn (x) dx
a n=1 n=1 a
isto é,
Z Z Z
f (x, y) dx dy = f (x, y) dy dx
A1 ×A2 A1 A2
Z Z
= f (x, y) dy dx.
A1 A2
f (z0 + h) − f (z0 )
h
converge quando h → 0.
65
{z | 0 < |z − z0 | < r}
em que
Teorema A.17. Seja F (z, s) definida para (z, s) ∈ Ω × [a, b], em que
Ω é um conjunto aberto em C. Suponha que F satisfaça as seguintes
propriedades:
é holomorfa.
66
A
(ii) existe A > 0 tal que |f (x + iy)| 6 1+x2 para todo x ∈ R e |y| < a.
e a transformada inversa de f é
Z ∞
f (x) = fˆ(ξ)e−2πixξ dξ, ∀x ∈ R.
−∞
2
Observação A.22. f (z) = e−z pertence a Fa para todo a, pois é
uma função holomorfa em todo plano e tem decaimento moderado em
cada linha horizontal do tipo Im(z) = y para |y| < a. Logo f pertence
também a F.
67
2 2
De faato, considerando a função real e−x , temos que e−x 6 1
1+x2
(ver figura 6). Se z = x + iy, então temos
−(x+iy)2 −x2 +y2 −2ixy −x2 y2 −2ixy
e = e = e e e <
2
2 2 ea A
< e−x ea · 1 6 2
= .
1+x 1 + x2
2
Figura 6: decaimento de e−x
2
Exemplo. A função e−πx é sua própria transformada de Fourier, ou
seja,
Z ∞
2 2
e−πx e−2πixξ dx = e−πξ .
−∞
2
Exemplo. A transformada de Fourier da função f (x) = e−πt(x+a) é
1 πξ2
fˆ(ξ) = e2πiaξ t− 2 e− t .
2 1
Demonstração. Consideremos f (x) = e−πt(x+a) e y = t 2 (x + a), de
1 1
onde temos que x = t− 2 y − a e dx = t− 2 dy. Temos que
Z ∞ Z ∞
2
f (x)e−2πixξ dx = e−πt(x+a) e−2πixξ dx
−∞ −∞
Z ∞
2 −1 1
= e−πy e−2πi(t 2 y−a)ξ t− 2 dy
−∞
Z ∞
2 −1 1
= e−πy e−2πit 2 yξ dy · (e2πiaξ t− 2 )
−∞
Z ∞
1 −1 2 −1 2
= e2πiaξ t− 2 e−π[(y+it 2 ξ) +t ξ ] dy
−∞
Z ∞
1 −1 2 πξ2
= e2πiaξ t− 2 e−π(y+it 2 ξ) dy · e− t
−∞
πξ2
− 12
= e2πiaξ t e− t .
69
REFERÊNCIAS