Baseado nos escritos de Freud e na experiencia analítica, o desejo da histérica é
sempre um desejo insatisfeito. Elisabeth, Dora e a Bela Açougueira, todas elas trabalhavam para se manterem em falta. Elisabeth tem-se o exemplo das experiencias frustradas de um romance. Elisabeth não podia sair com o marido viúvo da irmã, então ela recalca esse desejo e tem o afeto convertido para o corpo, continuando insatisfeita. Dora faz longos passeios com o Sr. K, recebe presentes do homem, mas enfim quando esse enamoramento poderia dar certo, ela evitar falar com este homem, se mantendo insatisfeita. E a Bela Açougueira quando seu sonho lhe mostrara uma impossibilidade de fazer um jantar, e se mostrava insatisfeita em relação a isso, a sua impossibilidade no sonho, ainda era um desejo: de não fazer a amiga engordar. A histérica busca sempre um desejo insatisfeito, privando-se daquilo que traria imenso gozo. Este é o gozo histérico. O que muito ronda a histeria e a feminilidade é a pergunta enigmática do “o que é ser mulher”, “como é ser objeto de desejo de um homem”. Isso nos leva, no que concerne este trabalho, a identificação histérica. Tanto Elisabeth, Dora e a Bela Açougueira, por meio de suas paixões identificatórias, foram em busca de obter respostas para este enigma. Elisabeth se identificou com a irmã, sua irmã era sua Grande Outra. Teve como objeto sexual o marido de sua irmã, mas as respostas de seu enigma ainda estavam sob a irmã. Ela é quem sabia o que era ser uma mulher. Dora tinha sua paixão identificatória à Sra. K. Era a senhora K quem guardava os segredos da feminilidade, ela é quem sabia como era ser o objeto de desejo de um homem – homem esse, era o Sr. K. Já a Bela Açougueira, segundo relatou em análise, via que o marido tinha olhares para a sua amiga, a elogiava mesmo tendo o biotipo de que não lhe era o mais estimado. A Bela Açougueira amava seu homem. Ao sonhar com a impossibilidade de dar um jantar pois não tinha salmão – prato da melhor amiga – ela negou o provável ganho de peso que sua amiga poderia ganhar, a deixando oníricamente em falta, e pela via da identificação, já em vigília, negou o acesso ao seu preferido caviar. As paixões identificatórias nas histéricas e o seu desejo insatisfeito apontam para uma frase: que o desejo da histérica é sempre o desejo do desejo do Outro. É assim que a histérica pode se manter em falta. É isto que movimenta a histeria. Referências Bibliográficas: - FREUD, S. Estudos sobre a histeria. 1996. Rio de Janeiro: Imago. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud.