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Psicologia Social, denominou instinto gregário. Sem esse instinto, E não perde o nome
o Homem não conseguiria relacionar-se com seus semelhantes e e o sal que ele come
seria impossível a formação da sociedade. nada lhe acrescenta
• O mito do Homem abstrato: nessa concepção, o ser humano sur- nem lhe subtrai
ge como um ser cujas características independem das situações de
da doação do pai?
vida. O ser está isolado das situações históricas e presentes em que
Como se faz um homem?
transcorre sua vida. O Homem é estudado como o "Homem em
geral" e seus atributos ou propriedades passam a ser apresentadas
Apenas deitar I

como universais, independentes do momento histórico e do tipo


copular, à espera
de sociedade em que se insere e de relações que vive. Neste caso,
de que do a~dômen
uma pessoa que viveu na época do Brasil Colônia não diferiria de
uma pessoa do Brasil atual, como se o desenvolvimento econômi-
brote a flor do homem?
co e tecnológico não interferisse na formação do indivíduo. Como se fazer
a si mesmo, antes
o HOMEM HOJE
Sabemos hoje que o Homem não pode ser concebido como ser natu- de fazer o homem?
ral, pois ele é um produto histórico, nem pode ser estudado como ser iso- Fabricar o pai
lado, pois ele somente é humano em função de ser social, e nem concebi- e o pai e outro pai'
do C".omoser abstrato, pois o liomem é o conjunto de suas relações so-
ciais. e um pai mais remoto
que o primeiro homem?
O poeta Carlos Drummond de Andrade, também preocupado com o ( ...)
Homem, pergunta em sua poesial:
i Drummond, como se estjvesse vendo todos os homens a sua frente,
Mas que coisa é homem,
I especula sobre esse paradoxo que somos nós. "Mas que coisa é homem,!
que há sob o nome: que há sob o nome ... " , o que está por trás do nosso nome, isto é, da nos-
uma geografía? sa identidade, daquilo que achamos que somos. E o poeta vai bem mais
longe e de maneira assustadoramente instigante! "( ... ) Como se fazer/a
um ser metafísico? a si mesmo, antes/de fazer o hOInem?/F abricar o pai! e o pai e outro pai!
uma fábula sem e um pai mais remoto/que o primeiro homem? (... )".
signo que a de'smonte?

Como pode o homem QUEM É O HOMEMl


sentir--se a si mesmo, Essa pergunta tem instigado poetas, filósofos, cientistas e os ho-
quandq ,o mundo some?
mens de todos os tempos e mais uma vez deparamos cqm ela.
Como vai o homem
junto de outro homem,
o Homem é um ser biológico, concreto, social e histórico.
sem perder o nome? Claro que umil pergunta tão fundamental como esta não terá nunca
apenas uma resposta. Essa é uma das pos~!veis, que traduz uma concep-
L Carlos Drun:mQoo de Andrade. Especulações em torno da palavra homem. In: Obro
f<:tlJmp1EfO. RIO de Janeiro, José Aguilar, 1967. v. único. p. 302. .
ção de homem que fundamenta todo este livro.

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