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1. A estratégia marxista é viva. Ela não é fixa. Não é uma receita de bolo. Não
pode ser reproduzida em condições históricas diferentes. A estratégia é adequada
ao seu tempo e espaço. Ela está em um perpétuo devir. A estratégia observa
profundamente a sociedade e sua divisão em classes. O lugar das classes com
relação ao Estado, a economia, a moral, o trabalho, a cultura, as tradições, as
religiões, a filosofia e a ciência. Ao estrategista cabe compreender os elementos
materiais e metafísicos, corporais e espirituais, objetivos e subjetivos, práticos e
teóricos. Nenhum desses antônimos são rachados. Não há cisão entre eles. Eles
fazem parte do mesmo processo que é dialético, imanente, sistêmico e
complexo. Se existe um dogma que permeia a estratégia marxista, ele pode ser
resumido com a frase introdutória de O Manifesto Comunista, de Marx e Engels:
Trabalhadores do mundo, uni-vos!
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sejam visualizadas como universais. O estrategista precisa possuir a capacidade
destruidora, tanto quanto a criadora. Ele tem de matar um mundo e engendrar
outro através da revolução. A revolução é a igualdade entre os gêneros, a
igualdade as raças, a igualdade entre os gêneros sexuais, a igualdade econômica,
a igualdade entre as nações do planeta.
4. A filosofia sobre a estratégia não deixa de ser também a reflexão a respeito das
derrotas socialistas. Os trabalhadores organizados não atingiram os grandes
objetivos revolucionários, embora em boa medida influenciaram a realidade
política do planeta. Desde a fundação do socialismo científico observamos que o
gênero do pensamento estratégico é o crítico. Isto é! Sua essência são os debates,
as polêmicas, as discussões e as divergências. O proletariado organizado
produziu uma vasta matéria estratégica não-dogmática, disputou interpretações e
polarizou consigo mesmo. Esta crítica não é apenas a crítica aos capitalistas, mas
soma-se aí a autocrítica. O estrategista precisa incluir em sua reflexão as teorias
e práticas dos opositores internos e externos, apenas assim ele desenvolve seu
criticismo.
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autogestão do trabalho, posse compartilhada dos produtos, serviços e ideias que
são manifestação concreta dos modos de produção. Não basta conquistar o poder
político. É necessário fazer que esse poder político seja distribuído, pulverizado
entre os sujeitos.
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países. Na percepção de Rosa Luxemburgo, o Estado manifestava-se a partir do
interesse de classe dos capitalistas. E para Gramsci, somos capazes de conhecer
à medida que estamos inseridos em um processo cultural unificado pela história.
Em sua concepção de estratégia era necessário lutar contra as ideologias
dominantes, que visavam ocultar as contradições internas da sociedade. Buscou,
portanto, a unificação dos seres humanos enquanto subjetividade e experiência
de vida concreta. Nesse sentido, as estratégias foram elaboradas à medida que
elas criaram mecanismos de superação das relações políticas e econômicas
ditadas pelo capital organizado e buscaram combater estas múltiplas esferas de
influências.
11. Gramsci apontou para a necessidade de uma reforma intelectual e moral que
elevasse a cultura dos grupos sociais subalternos, ou seja, a construção de uma
nova hegemonia. A reforma seria um meio de combinação dos elementos de
consenso da sociedade civil e o poder de coerção da sociedade política. Isto
significa a ampliação da organização dos trabalhadores, alargamento da
participação política da sociedade, educação das massas para as novas
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concepções de mundo e a criação de novos valores e comportamentos. Podemos
concluir que as ideias de Gramsci prosseguem viáveis e que a estratégia não é
mecânica, mas um ato consciente de transformação revolucionária da vida como
a conhecemos.