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Tipos de óleos isolantes em transformadores


Interligado Nacional – possui uma potência instalada da
Resumo – Um dos componentes de um transformador de ordem de 173.937 MW, apresentados na Figura 1, abaixo.
energia é o óleo isolante e suas principais funções são [1].
extinguir descargas elétricas parciais e arcos elétricos e
servir como meio de troca térmica para a refrigeração
do equipamento. Ele pode ser produzido a partir de
vegetais (óleo isolante vegetal) ou a partir de derivados
do petróleo (óleo isolante mineral). Do ponto de vista
ambiental, os óleos isolantes podem representar um
grande problema para as empresas gestoras da rede
elétrica. Eles possuem componentes que são nocivos ao
meio ambiente e também para a saúde humana, e em
casos de derramamento de óleo isolante, podem causar
sérios danos ambientais.
O tipo de óleo mais utilizado em transformadores
atualmente é o óleo mineral e óleo isolante vegetal ainda
não é uma unanimidade dentro das empresas do setor
elétrico no mundo.

Palavras-chave— Óleo isolante, transformador, mineral,


vegetal.

I. INTRODUÇÃO Figura 1 - Matriz de Energia Elétrica – Fonte ONS

Os fluidos isolantes utilizados em equipamentos


elétricos existem em grande quantidade, considerando que II. HISTÓRIA DOS TRANSFORMADORES E A UTILIZAÇÃO DE
ÓLEO
estão presente em vários equipamentos tais como
transformadores, reguladores, chaves e demais
equipamentos principalmente em subestações de alta tensão. A história dos transformadores teve início em 1885 com
O Brasil é um país com uma grande extensão territorial a construção de um transformador nos Estados Unidos, com
e possui um sistema de potência (SEP) interligado complexo projeto a seco e utilização de ar como dielétrico. A ideia de
e gigantesco e que aumenta cada vez mais devido a que transformadores usando óleo mineral como dielétrico
necessidade da entrada de novos ativos para atender ao pudessem ser menores e mais eficientes foi patenteada em
mercado de energia que cresce cada dia mais. Devido a essa 1882, pelo professor Elihu Thompson, mas levou uma
alta demanda, se faz necessário o desenvolvimento de meios década até que fosse colocada em prática. Figura 02 e 03.
eficientes e capazes de proteger o meio ambiente em casos
de acidentes que atinjam esses equipamentos causando
derramamento de óleo no solo e contaminando o meio
ambiente com substâncias toxicas e nocivas.
O principal óleo utilizado é o óleo mineral isolante, de
base naftênica ou parafínica. É importante destacar que o
óleo mineral é produzido através de fontes fósseis não
renováveis, e que é altamente nocivo a saúde e ao meio
ambiente. A grande preocupação com o meio ambiente vem
estimulando cada vez mais a busca por fontes de energia
limpas e renováveis e isso se estendeu também ao setor
elétrico na busca de alternativas para equipamentos com
óleo menos nocivo a natureza.
Atualmente vem sendo realizados diversos estudos
buscando a total substituição do óleo mineral pelo óleo
vegetal isolante. O óleo vegetal isolante é derivado de
sementes de oleaginosas, sendo este uma fonte renovável, Figura 02 - Ilustração de transformadores de distribuição
além de ser biodegradável.

Conforme dados, de 03/07/2022, disponíveis no site do ONS


– Operador Nacional do Sistema – o SIN – Sistema
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Um transformador possui um núcleo de material


ferromagnético, e ele é dotado de uma alta permeabilidade
magnética, sendo ela maior que a permeabilidade do ar, na
maioria das vezes sendo de aço silício. Os enrolamentos do
transformador são feitos de alumínio ou cobre, as bobinas
são fixadas por suportes de madeira, e entre as bobinas a
isolação entre elas é realizada por papel e o utilizado para
esse fim é o papel Kraft. Todos os componentes citados em
contato com o óleo.
A troca de calor por condução ocorre entre os centros
do núcleo, os enrolamentos e as superfícies em contato com
o meio refrigerante, que pode ser o ar ou o óleo. A troca de
Figura 03 - Ilustração de transformador de potência calor por convecção ocorre entre as superfícies externas do
núcleo, enrolamentos e o fluido isolante, e também entre o
liquido isolante e as paredes internas do tanque e entre os
Em 1892, a General Electric produziu a primeira radiadores e o ambiente externo. E, por fim, a troca de calor
aplicação reconhecida de óleo mineral em um por radiação ocorre entre as paredes externas do tanque e
transformador. Então, a indústria focou sua atenção e m dos radiadores e o ar, além daquela entre o núcleo e os
determinar quais as propriedades ideais para o óleo mineral enrolamentos e o óleo [4].
para aplicações como dielétrico e, também, no
desenvolvimento de processos para a produção de um óleo
mineral isolante (OMI) de melhor qualidade. As principais
propriedades de desempenho foram identificadas e por volta
de 1899 pelo menos uma refinaria começou a produzir óleo
mineral especialmente desenvolvido para transformadores.
[2]. Hoje, o OMI é o fluido dielétrico mundialmente mais
utilizado no setor elétrico.
No entanto, impulsionado principalmente pela questão
ambiental que tem sido motivo de preocupação da
comunidade mundial de forma crescente, foram
desenvolvidos, por volta de 1999, óleos vegetais apropriados
para uso em equipamentos elétricos [3]. Para fins de
utilização como dielétrico, o óleo vegetal é adequado às
características necessárias para sua utilização, por meio de
processos específicos e recebe aditivos antioxidantes e
depressores de ponto de fluidez, por exemplo. Os primeiros Figura 04 - Representação do isolamento de um enrolamento
produtos comerciais de óleo vegetal isolante lançados no de transformador (Myers, 2000)
mercado nacional foram o Biotemp® e o Envirotemp®
FR3™.
Atualmente no Brasil, o fluido Envirotemp® FR3™, Atualmente os transformadores mais utilizados são os
comercializado pela Cooper Power Systems, é fabricado que em seu interior circulam pelos componentes óleo
pela Cargill, enquanto que o Biotemp® é importado da isolando e realizando troca de calor e o óleo mais utilizado
Suécia pela ABB Brasil. Os óleos BIOVOLT® são para essa finalidade ainda continua sendo o óleo mineral.
produzidos e comercializados a partir de uma tecnologia No período de vida útil de um equipamento ele sofre o
100% nacional, por uma empresa paranaense, a Mineraltec, processo de desgaste e envelhecimento como qualquer outro
instalada na cidade de Pato Branco (PR). equipamento e no transformador esse desgaste ocorre,
Os óleos vegetais isolantes (OVI’s) apresentam alta também no isolamento. Devido ao processo de
degradabilidade, sendo que 95% ou mais destes produtos envelhecimento o transformador está sujeito a fadiga
biodegradam no ensaio de 28 dias. química, térmica, mecânica e elétrica que ocorrem devido a
Um fator de grande importância é que o óleo mineral vibrações, aquecimento e sobretensões. Para garantir um
isolante (OVI) é classificado pela norma ABNT – NBR- funcionamento eficiente se faz necessário um
13.231 como um fluido resistente ao fogo e de alto ponto de acompanhamento e monitoramento rigoroso.
combustão classe K, ou seja, ele não propaga incêndio, uma Em um transformador o componente com maior
vez que há diversos casos onde acontece explosão e incidência de desgaste é o papel, que está intimamente
incêndio em transformadores de distribuição aérea e alguns ligada à sua capacidade de isolação e sem ele o equipamento
casos em transformadores de potência com o óleo mineral, não será capaz de realizar sua principal tarefa.
com o óleo vegetal isso não acontece.

III. TIPOS DE ÓLEOS ISOLANTES EM TRANSFORMADORES


Com isso as concessionárias de energia elétrica têm se
preocupado cada vez mais com a otimização dos processos
de manutenção e de diagnóstico de estado de seus
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equipamentos. As principais razões para essa preocupação, Os parafínicos, também conhecidos como óleo mineral
são os aspectos relacionados ao elevado custo de aquisição, isolante tipo B, por serem derivados de petróleo, são
ao reparo e a substituição destes equipamentos que podem hidrocarbonetos saturados com cadeia aberta linear ou
chegar a milhões de dólares, e também a necessidade de ramificada. Através das figuras 5 e 6, podemos observar as
manter uma elevada confiabilidade operativa dos serviços de cadeias parafínicas linear e ramificada. [7]
fornecimento de energia, nos níveis exigidos pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

A. Óleo mineral Isolante (OMI)


Figura 06 - Cadeia Parafínica Linear.
O OMI é um dos principais líquido isolante utilizado
em equipamentos elétricos, principalmente em
transformadores, onde sua obtenção é a partir da destilação
do petróleo, em frações entre 300 e 400°C. Este tipo de óleo
é utilizado há mais de cem anos como líquido isolante, e por
ser derivado de petróleo, sua composição é basicamente
carbono e hidrogênio (hidrocarbonetos) parafínicos ou
naftênicos com pequenas proporções de oxigênio, nitrogênio
e enxofre. [5]
Com o avanço tecnológico no processo de obtenção Figura 07 - Cadeia Parafínica Ramificada.
deste óleo, o seu desempenho vem aumentando ao longo dos
anos, e por ter boas características como isolante e
refrigerante e um baixo custo, este tipo de óleo é muito
usado mundialmente, tendo bilhões de litros sendo D.Comparação entre naftênicos e aromáticos
utilizados. Com a preocupação ambiental e prevendo o fim
das reservas de petróleo nas próximas décadas, especialistas Apesar dos dois tipos virem da mesma origem, algumas
da área estão estudando para a criação ou aperfeiçoamento características do petróleo proporcionarão maiores
de óleos isolantes para a substituição do óleo mineral, como produções de um ou de outro. Ainda que os modernos
o óleo vegetal e o sintético [6]. processos de refinação possa modificar as características do
A classificação do óleo mineral isolante é realizada óleo, esses dois tipos de óleo contêm propriedades distintas,
segundo a norma ASTM D 2140, medindo a viscosidade, fazendo com que cada um seja mais adequado para um
densidade e índice de refração. Outra alternativa de se determinado fim, entretanto, essas diferenças não fazem de
classificar o OMI em parafínico ou naftênico é através de um óleo melhor que o outro.[8]
testes de espectroscopia na região do infravermelho, Os óleos parafínicos apresentam uma taxa de oxidação
determinando seu conteúdo parafínico (Cp), onde os inferior ao naftênicos, entretanto, os produtos da oxidação
naftênicos têm o Cp inferior à 50% e nos parafínicos o Cp é (borra) são mais solúveis nos óleos naftênicos, evitando que
superior à 56%. [5] estes produtos da oxidação não se depositem no fundo do
tanque do transformador, mantendo o bom funcionamento
B. Óleo mineral isolante naftênico do sistema de arrefecimento, já que não terá partículas
atrapalhando a circulação do óleo por convecção. Outras
características distintas podem ser encontradas na Tabela
Este óleo também é conhecido como óleo mineral abaixo. [7]
isolante do tipo A. O óleo mineral isolante naftênico são
hidrocarbonetos saturados de cadeia fechada, podendo ter
um ou mais anéis com uma ou mais cadeias laterais. Este é o
tipo de óleo mais utilizado em transformadores, pois
apresenta boa condutividade térmica, alto ponto de fulgor,
baixo custo de produção em larga escala, alta capacidade de
regeneração, baixa toxicidade e biodegradabilidade. [7]

Características normais dos óleos parafínicos e naftênicos.


(MOURA; CARRETEIRO)

E. Óleo vegetal isolante (OVI)

Diferentemente do OMI e do óleo sintético isolante, o


OVI é sempre obtido a partir de grãos como canola, soja,
milho e outros, e para se obter o óleo refinado, estes grãos
tem que passar por processos de degomagem, neutralização,
Figura 05 - Cadeia Naftênica branqueamento e desodorização. [5]
C. Óleo mineral isolante parafínico O óleo vegetal é formado por moléculas de acilgliceróis,
que são originárias da condensação entre ácidos graxos e o
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glicerol (tri-álcool), formando ésteres de ácidos graxos. Mineraltec produziu e comercializou um óleo vegetal
Assim, os compostos são classificados em mono, di ou BIOVOLT com tecnologia totalmente brasileira. No Brasil,
triacilgliceróis, dependendo se uma, duas ou três moléculas duas concessionárias de energia elétrica estão fazendo testes
de ácido graxo se associa(m) covalentemente ao glicerol, em equipamentos elétricos de potência utilizando óleo
respectivamente, formando ésteres de ácido graxo. Os óleos vegetal. O primeiro transformador do mundo a funcionar
vegetais são formados predominantemente por totalmente com OVI foi colocado em operação em 2006 na
triacilgliceróis, que podem ser formados por ácidos graxos Região Metropolitana de Belo Horizonte, na SE de
iguais ou diferentes entre si, dependendo da origem da Contagem, pela CEMIG. Outros estados do Brasil já estão
matéria prima, saturados ou insaturados. [9] fazendo testes e colocando em operação alguns
equipamentos elétricos movidos a óleo vegetal isolante. [5]
Apesar de seus vários aspectos positivos, um ponto
negativo ainda nos OVIs é referente a sua densidade, pois
por ser um óleo mais viscoso, ele influencia no desempenho
do sistema de refrigeração do transformador, que gera calor
através das perdas nos enrolamentos e núcleo magnético.
Assim, o equipamento exige mais do bom funcionamento do
sistema de refrigeração. Aí que entra o problema da sua
elevada densidade, pois o óleo não consegue circular
livremente e com velocidade adequada através dos pequenos
Figura 08: representação esquemática de um triacilglicerol. canais de refrigeração dos enrolamentos. Com isso, os
(MILASCH) transformadores a OVI devem ser projetados para este óleo
específico. [7]
Para utilização como dielétrico, o óleo vegetal isolante
(OVI) têm suas características adequadas a essa utilização,
F. Óleo sintético isolante.
através de processos específicos, recebendo aditivos
antioxidantes e redutores de ponto de fluidez, além de
componentes que lhe conferem características Outro tipo de óleo isolante são os óleos sintéticos,
biodegradáveis. compostos por hidrocarbonetos aromáticos, clorados, com
Alguns experimentos com o óleo vegetal isolante em características incolores de alta densidade e 11 viscosidade
transformadores foram feitos na mesma época em que baixa. São adequados para uso em transformadores como
começaram os testes com o óleo mineral, entretanto os OVIs líquido isolante e refrigerante, com resistência dielétrica
foram descartados por motivos de estabilidade à oxidação, parecida com o óleo mineral. [8]
ponto de fluidez, permissividade e viscosidade. Mais Os grandes empecilhos ao seu uso, é o seu alto custo e a
recentemente, alguns transformadores que alimentam fornos sua incompatibilidade com alguns materiais que fazem o
instalados na década de 70, tiveram seus OMIs substituídos isolamento dos transformadores. Assim, para ele ser
por óleo vegetal, e em 2001, depois de muitos testes e utilizado nestes equipamentos, o transformador deve ser
estudos, a empresa Alliant Energy substitui o óleo mineral especialmente construído para utilizar esse tipo de óleo, o
de um transformador de potência por OVI. [5] que acaba custando de 20 a 30% a mais para construir esse
Sempre pensando no meio ambiente, a composição tipo de transformador. [8]
química do óleo vegetal é formado por moléculas de ésteres Por outro lado, a sua grande vantagem, além de serem
de ácido graxo, que faz com que ele tenha um alto ponto de dispensadas preocupações referentes a incêndio, é a sua
ignição, gerando menores incidências de incêndios, sem grande resistência a oxidação, fazendo com que a sua
contar que a sua fumaça de combustão é menos densa e utilização não necessite de cuidados de regeneração ou
menos nociva que a do óleo mineral. Além de ser renovação.[8]
biodegradável, os OVIs são isentos de compostos sulfúricos, No Brasil, antes dos anos 80, era muito utilizado o
não sendo sujeito a falhas causadas pela ação do enxofre ascarel, nome dado ao PCB (Bifenilas Policloradas) por
corrosivo. [7] aqui. Apesar das suas ótimas características dielétricas,
isolantes e refrigerantes, em 1981 o ascarel foi proibido no
Brasil, devido a sua toxidade, sendo maligno ao meio
ambiente e aos seres humanos. [10]

Figura 08 - Estrutura Química de Éster Natural.


FRIEDENBERG; SANTANA, 2014. Figura 09 - Estrutura da Bifenila Policlorada.
(ANTONELLO, 2006)
A ABB, em 1999, lançou o primeiro OVI comercial no
mercado nomeando-o de BIOTEMP, em que seu fluido base
foi o óleo de girassol. Em 2007, a empresa nacional
5

G.Caracterização físico-químico do óleo 2.    A volatilidade: quanto mais volátil a substância (ou, em
outros termos, quanto maior a pressão de vapor), maior a sua
O transformador elétrico é um equipamento tendência de permanecer vaporizada e mais rapidamente
fundamental no sistema de potência e de alto valor. caminha pelo sistema. 
Ultimamente, empresas dos setores de geração, transmissão As substâncias separadas saem da coluna dissolvidas
e distribuição de energia elétrica buscam evitar problemas no gás de arraste e passam por um detector; dispositivo que
ou falhas nestes equipamentos, fazendo assim uma gera um sinal elétrico proporcional à quantidade de material
manutenção periódica preventiva detectando problemas na eluido. O registro deste sinal em função do tempo é o
deterioração da celulose do isolamento dos enrolamentos, cromatograma, sendo que as substâncias aparecem nele
curto circuito entre espiras, condições físico-químicos do como picos com área proporcional à sua massa, o que
óleo isolante, entre outros, evitando inconvenientes como a possibilita a análise quantitativa. [13]
retirada do equipamento do sistema elétrico e grandes
perdas financeiras, seja pela diminuição do faturamento ou
pelo pagamento de multas à agência reguladora [11]
Preocupado em manter a vida útil do transformador e
evitar acidentes com o equipamento, é de extrema
importância alguns testes sejam feitos com o óleo isolante
do transformador, substância essencial no funcionamento do
transformador e que mostra inúmeras informações sobre o
transformador. Alguns testes físico-químicos são de baixo
custo e simples de serem feitos, sem contar que são
fundamentais para a caracterização do óleo, como exame
visual em campo, cor, densidade, rigidez dielétrica,
sedimentos, fator de potência, número de neutralização
tensão interfacial, umidade e análise cromatográfica dos
gases. Com exceção deste último teste, todos os outros
podem ser feitos em campo, gerando assim respostas rápidas
e de baixo custo para a empresa. Alguns desses testes será
mencionado e discutido no próximo capítulo.

H.Cromatografia a gás Figura 10 - Cromatografia do gás

O objetivo da cromatografia é separar individualmente


os diversos constituintes de uma mistura de substâncias seja
para identificação, quantificação ou obtenção da substância
pura para os mais diversos fins. Tal separação se dá através
da migração da amostra através de uma fase estacionária por
intermédio de um fluido (fase móvel). Após a introdução da
amostra no sistema cromatográfico, os componentes da
amostra se distribuem entre as duas fases e viajam mais
lentamente que a fase móvel devido ao efeito retardante da
fase estacionária. O equilíbrio de distribuição dos
componentes entre as duas fases determina a velocidade
com a qual cada componente migra através do sistema. [13] Figura 11 - Cromatografia Gasosa Analítica
A Cromatografia Gasosa (CG) é uma técnica para
separação e análise de misturas de substâncias voláteis. (A
amostra é vaporizada e introduzida em um fluxo de um gás I. Métodos da cromatografia
adequado denominado de fase móvel (FM) ou gás de
arraste). Este fluxo de gás com a amostra vaporizada passa As palavras gregas “chrom” e “graph” deram origem ao
por um tubo contendo a fase estacionária FE (coluna nome “cromatografia”, que significa respectivamente cor e
cromatográfica), onde ocorre a separação da mistura. A FE escrever. A formação de gases em transformadores foi
pode ser um sólido adsorvente (Cromatografia Gás-Sólido) documentada, pela primeira vez, em 1919, no “The Electric
ou, mais comumente, um filme de um líquido pouco volátil, Journal “, onde afirmava que, através da passagem da
suportado sobre um sólido inerte (Cromatografia Gás- corrente elétrica pelo óleo isolante, era possível constatar a
Líquido com Coluna Empacotada ou Recheada) ou sobre a formação de hidrocarbonetos, sendo que, na desintegração
própria parede do tubo (Cromatografia Gasosa de Alta de moléculas de óleo por ação de altas temperaturas, ocorria
Resolução). Na cromatografia gás-líquido (CGL), os dois a produção de gases que obedeciam à seguinte formação
fatores que governam a separação dos constituintes de uma apresentada na tabela. [14]
amostra são:

1.    A solubilidade na FE: quanto maior a solubilidade de


um constituinte na FE, mais lentamente ele caminha pela
coluna.
6

Existem vários métodos normalizados e reconhecidos


para análise dos gases dissolvidos no óleo isolante, os quais
requerem uma amostra de óleo. A amostra é manipulada de
modo que seja possível remover ou extrair os gases
dissolvidos no óleo. Estes gases são separados com o uso de
um cromatógrafo, que é um instrumento de precisão
composto de algumas colunas e um, dois ou três
detectores. O gás extraído da amostra de óleo é injetado no
cromatógrafo, onde as suas colunas separam os vários tipos
de gases. Ao terminar a separação dos gases, estes fluem
pelos detectores, que têm capacidade de quantificar os
mesmos gases. [14]
As amostras são coletadas em pequenos frascos ou
seringas e, a partir de ensaios, são detectados e quantificados
Figura 12 - Quantidade de gases encontrados no óleo
os gases expressos em partes por milhão (ppm) (NBR 7070,
isolante
2006). [14]
Na descoberta destes gases, constatou-se que a presença
IV. CONCLUSÃO
do hidrogênio na mistura era grande e possibilitava a
explosão dos transformadores. Então, surgiram sistemas de
segurança para detectar-se presença de gás dissolvido no Neste trabalho foi possível observar os tipos de óleos
óleo isolante, como, por exemplo, o relé Buchholz, em disponíveis no mercado e em desenvolvimento para
1928, com dispositivos de coleta de gases para facilitar aplicação em transformadores de potência.
retirada da amostra em casos de falhas. [14] É inegável que ainda temos um longo caminho para a
Só em 1952 foi possível a separação dos gases, através substituição completa do óleo mineral nos transformadores e
da cromatografia gasosa, por Martin (1952). E, em 1960, demais equipamentos.
pela primeira vez, fez-se a identificação de gases gerados O óleo isolante sintético ainda apresenta um alto custo
por anormalidade tipo elétrica em transformadores imersos para utilização e também possui uma incompatibilidade com
em óleo mineral isolante. A técnica de cromatografia, no alguns tipos de materiais, obrigando a fabricação de um
Brasil, apenas começou a ser utilizada na década de 70. equipamento especifico para recebê-lo.
A análise cromatográfica de gases dissolvidos no óleo O óleo vegetal é o mais promissor entre os tipos de óleo
isolante constitui um dos principais instrumentos para disponíveis, por se tratar de um isolante desenvolvido a
detectar defeitos incipientes e avaliar a condição de partir de matéria orgânica, de baixa toxidade ao meio
operação com a identificação de eventuais processos de ambiente e que está em estado avançado de
defeito ou falha que possam estar ocorrendo internamente, desenvolvimento.
sendo que os gases gerados no óleo, depois de identificados, Existe um caminho com diversos obstáculos a serem
transformam-se na primeira indicação do mau rompidos, mas com o desenvolvimento de tecnologias que
funcionamento. Trazem consigo vantagens como, por viabilizam tanto no custo de desenvolvimento quanto da
exemplo, aquelas baseadas em obter dados com os eficiência do óleo isolante, vejo como certo, no médio e
equipamentos energizados, aproximando-se das condições longo prazo, a utilização do óleo vegetal se tornar
de realidade quanto a tensões elétricas, correntes elétricas e predominante no mercado.
temperaturas de serviço. Prima-se pelos ensaios com os
equipamentos energizados, pois, com os equipamentos
isolados, possivelmente, um defeito não seja detectado
porque as tensões elétricas e temperaturas dos ensaios são
menores do que aquelas de serviço e, também, pelo
fato de que certas condições operativas possam ter sido
removidas. [14]
Durante a operação dos transformadores, o líquido
isolante estará circulando em seu interior, em contato com
todos os demais componentes do equipamento.
Quando ocorre defeito ou falha em qualquer de suas partes,
algumas das propriedades do líquido isolante serão
alteradas. Então, a manutenção preditiva nos
transformadores baseia-se no acompanhamento periódico e
sistemático das propriedades do seu líquido isolante (óleo
isolante). Conforme instruções da NBR 7070 (2006), as
variações destas propriedades, que não sejam consequência
do envelhecimento normal do produto, serão indicação da
existência de falha incipiente no transformador, sendo que a
manutenção preditiva, através das análises dos gases, é
realizada determinando-se, periodicamente, por
cromatografia na fase gasosa, os teores dos gases
dissolvidos no óleo.
7

V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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