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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória

Teologia de Umbanda - TU

Desenvolvido e Ministrado por Alexandre Cumino

ICA - Instituto Cultural Aruanda I Bauru-SP

EPISÓDIO 31 BLOCO 04 - Versão Digitada

O importante é entender o que é o batismo. No caso da criança, os padrinhos são


aqueles que substituem os pais no caso desses faltarem na vida dos filhos. Padrinho para
a criança não é aquele que tem mais dinheiro e dará mais presentes, os padrinhos é um
casal importante na vida da criança. Nesse momento os pais estão dizendo para esse
outro casal que eles serão importantes em toda a vida dessa criança. Temos várias
histórias de traumas de você que já é adulto e que na infância teve padrinhos que não te
visitavam, não estavam presentes e seu irmão tinha padrinhos que estavam sempre
presentes. É uma história recorrente, o padrinho é um trauma na vida da pessoa que não
teve um bom relacionamento com os seus. Isso é um fato, então eles devem ser
escolhidos como aquelas pessoas que no mínimo você entende que irá acompanhar a vida
toda ou boa parte dela. No caso do adulto é aquele que lhe apresenta a religião.

O básico do batismo é a água mas na umbanda você também usa a banha de Orín,
as ervas, espada de São Jorge, pode defumar, pode chamar o Orixá em terra, o Caboclo
vir, pode o sacerdote batizar depois o Caboclo vir e abençoar o batismo. O leque de
opções para o batismo na Umbanda é muito grande e há Terreiros os quais por exemplo,
uma vez por ano vai a Festa de Iemanjá, então, naquela data se perguntava quais eram
as pessoas que não haviam sido batizadas e aproveitava a Festa para entrar com a pessoa
dentro do mar, mergulhar a pessoa em 7 ondas e na sétima onda considerar que estava
batizada. É uma forma de batismo. Alguns Terreiros na força de Oxóssi batizam na mata e
no lugar da água faz um banho de amaci para a cabeça. Outros Terreiros batizam na
pedreira, no caminho ou o que é mais comum, batizar dentro do Templo. É um universo
riquíssimo. Para muitos Terreiros que batizam no Templo na força de Pai Oxalá, no

momento do batismo ou você tem uma bacia ou um alguidar. A água que escorre pela
coroa irá cair na bacia ou no alguidar. Em alguns Terreiros cai no alguidar e aquele passa
a ser o alguidar do seu batismo, seu alguidar.

Nesse alguidar pode ser depositado uma pedra de Otá e ali pelo resto de sua
caminhada mediúnica você alimentará esse alguidar com água, como seu alguidar, sua
força. Em outros Terreiros essa água é recolhida e colocada na quartinha do anjo da
guarda, pode-se também dentro dela colocar um cristal. A água da quartinha pode ir
secando, então ela será sempre completada como se você nunca perdesse a água do seu
batismo, a água do seu anjo da guarda. Também pode ser considerada a quartinha de
Oxalá. Isso para vermos a diversidade ritualística incrível que existe na Umbanda e não
adianta falar que você faz certo e o outro errado. Por que? Porque lá no Terreiro dele
tem Caboclo, no seu e no outro também e em todos o Caboclo está dando ok. Faça com
alguidar, ok. Faça com a quartinha, ok. O que não falta é a água.

Qual a importância do ritual do batismo? A marca do Cristianismo. Não importa a


maneira que você realiza esse ritual, o que importa é que ele é a marca do Cristianismo.
Que marca é essa? É a marca do último cordeiro. Olha que coisa louca que é uma
construção teológica. No Judaísmo quando você tem pecados, e pecado na origem da
palavra quer dizer: aquilo que você fez de errado. Errar o alvo. No Judaísmo quando você
peca, erra, você transfere seus erros para um bode, um outro animal que irá expiar seus
erros. Daí o termo bode expiatório, porque você mata, sacrifica e naquele sacrifício seus
erros foram embora, porque o bode expiou seus erros. É aquele que carrega tudo o que
você fez de errado. Então, no Judaísmo existe esse ritual. Leia Jó e você entenderá.

Por que Jesus é o último cordeiro e esse dá seu sangue por nós? “O sangue de Jesus
tem poder”, o que isso quer dizer? Quer dizer que, em Jesus está o perdão dos meus
pecados, então não preciso mais sacrificar um bode expiatório, porque Jesus se sacrificou
na cruz para que meu pecado seja perdoado, pelo simples fato de crer em Jesus. Por isso
que o batismo é a marca do Cristianismo, que ao aceitar Cristo e suas verdades, meus
pecados são perdoados. Subentende-se que naquele momento há um arrependimento
sincero, o mistério do perdão pertence ao Pai Oxalá. Então o ritual de iniciação dos
mistérios do Pai Oxalá implica em um arrependimento dos seus erros e um perdão. Essa é

uma marca do Cristianismo, do último cordeiro e isso faz da Umbanda uma religião muito
cristã. Assim como é a sociedade brasileira, muito, muito cristã, e é uma das razões pela
qual o sacrifício animal não ser um fundamento da Umbanda.

O seu Terreiro pode fazer sacrifício animal caso tenha uma influência do
Candomblé, uma influência afro-brasileira, do Tambor de Mina, de Vodun, o seu Terreiro
pode porque você tem essa liberdade, mas não é um fundamento da Umbanda. Ou seja,
eu nunca fiz um sacrifício animal e toco Umbanda e é isso que justifica dizer que não é
um fundamento da Umbanda, mas pode ser um fundamento do seu Terreiro. Eu devo e
respeito. Mas entenda, quando você diz que há um ritual de batismo o sentido desse
ritual é justamente que você não precisa mais sacrificar outros cordeiros, porque Ele é o
cordeiro, o sangue dele traz o perdão e ponto final. Esse é o ritual de batismo e deve ser
resignificado na Umbanda. A ressignificação mais forte do ritual de batismo na Umbanda
é entender em tudo o que não existe, é um pecado original, porque isso é uma criação
Católica. Pecado original é uma criação Católica, mais especificamente uma criação de
Santo Agostinho do 4º século D.C. Não acredita em mim vá pesquisar, veja se o que estou
falando é coerente e pense. Você precisa conviver com a idéia de pecado? De onde vem
isso? Que crença é essa?

O nosso ritual de batismo é um ritual de iniciação, apresentação, é leve e deve ser


leve como é nosso Pai Oxalá. Assim seja.

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