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ALQUIMIA
Título
A Ars Magna da Alquimia
Autor
Eduardo Amarante, Nicolas Flamel,
Paracelso, Alberto Magno
Prefácio
Dulce Leal Abalada
Coordenação
Dulce Leal Abalada
Tradução
Alberto Figueiredo
Revisão
Isabel Nunes
Design da capa
Div'Almeida Atelier Gráfico
www.divalmeida.com
Impressão e Acabamento
Espaço Gráfico, Lda.
www.espacografico.pt
Distribuição
CESODILIVROS
Grupo Coimbra Editora, SA
comercial.cbr@cesodilivros.pt
ISBN 978-989-8447-13-5
©Apeiron Edições
apeiron
edições
A Ars Magna da Alquimia
ÍNDICE
Prefácio 9
I
1. Introdução à Alquimia 15
2. Os três ramos da alquimia 17
3. As diferentes fases da operação Alquímica 19
4. Conclusão 21
II
1. Origem primitiva da “Alquimia” 22
2. A Alquimia na Idade Média 24
3. Alquimistas e Ocultistas a partir do século XIV 27
4. O Bestiário alquímico 31
5. Fabricações alquímicas 32
1. A Oração do Alquimista 37
2. O Breviário 38
2.1 O Prefácio 38
2.2 A Teoria 39
2.3 A Prática 43
2.4 A Circulação da Roda 47
2.5 A Multiplicação 49
2.6 O Fermento 49
2.7 Produzir frutos da Primavera no Inverno 50
2.8 Como utilizar a medicina 50
2.9 Como preparar o Pó de Projecção do elixir 51
2.10 Glossário 52
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Eduardo Amarante, Nicolas Flamel, Paracelso, Alberto Magno
OS CÂNONES FILOSÓFICOS
Paracelso 55
COMPOSITUM DE COMPOSITIS
(O Composto dos Compostos)
Alberto Magno 77
1. Prefácio 79
2. Da Formação dos Metais em Geral.
Pelo Enxofre e pelo Mercúrio 80
3. Do Enxofre 81
4. Da Natureza do Mercúrio 82
5. Do Arsénio 82
6. Da Putrefacção 86
7. Do Regime da Pedra 86
8. Da Sublimação do Mercúrio 88
9. Da Preparação das Águas de onde se extrai
a Água Ardente 89
10. Água Segunda preparada pelo Sal Amoníaco 90
11. Água Terceira preparada por meio do
Mercúrio Sublimado 90
12. Água Quarta que reduz os corpos calcinados
à sua Matéria-prima 90
13. Propriedade deste Mercúrio 92
14. Multiplicação do Mercúrio Filosófico 92
15. A Prática do Mercúrio dos Sábios 93
Glossário – Medidas de Peso 101
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A Ars Magna da Alquimia
PREFÁCIO
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A Ars Magna da Alquimia
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MAGOS, SÁBIOS
E ALQUIMISTAS
- A Ars Magna (a grande arte) -
Eduardo Amarante
A Ars Magna da Alquimia
1. Introdução à Alquimia
Normalmente, entende-se por Alquimia uma pretensa ci-
ência, um tanto obscura, praticada na Idade Média, e cuja
finalidade se reduzia a tentar, por processos primários e o-
cultos, a transmutação dos metais impuros em ouro. Tudo
consistiria, assim, em obter a pedra filosofal capaz, igual-
mente, de produzir o elixir da longa vida e a panaceia, espé-
cie de regenerador celular. É evidente que estes conceitos
germinados durante o período medieval, eminentemente
inculto e inquisitorial, iriam cair no maior dos descréditos
com a chegada do cartesianismo e das teorias positivistas. A
Alquimia passou a ser, então, interpretada simultaneamente
como uma lenda e como os primeiros ensaios da humanidade,
no seu período mágico-religioso, em busca de princípios mais
sérios e experimentais. A Química seria, consequentemente,
o corolário lógico desta evolução. Mas… será realmente as-
sim?
As origens da Alquimia remontam a um período muito
anterior à Idade Média. Como iremos ver mais adiante, o
berço desta ciência milenária é o Egipto.
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A Ars Magna da Alquimia
A ESPAGÍRIA (teórica)
É o estudo dos fenómenos físicos necessários à transmu-
tação dos elementos da natureza. Assim, alguns alquimistas
utilizavam alambiques para a destilação da água, operação
que era repetida inúmeras vezes. Actualmente, sabe-se que
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A ARQUIMIA (prática)
Trata da transmutação dos metais como uma aplicação
das leis que regem os fenómenos físicos. A natureza, para os
Antigos, era una, indivisível. Pelas suas combinações, a ma-
téria primordial pode dar todas as outras formas. Do mesmo
modo que o conjunto de vários sistemas solares dá uma galá-
xia, também o conjunto de vários átomos dá uma molécula.
Existe uma correlação entre o infinitamente grande e o infi-
nitamente pequeno. No meio encontra-se o Homem, que per-
tence aos dois e contém em si os sete elementos: o quadrado
(personalidade) e a tríade (mundo espiritual). Em toda a
Natureza existe uma hierarquia evolutiva que nos metais se
reflecte na coesão interna dos seus átomos;
A ALQUIMIA (mística)
É a capacidade de transmutação do próprio ser humano,
cujo reflexo material é a obtenção do ouro filosófico. A finali-
dade da obra alquímica é a transformação do homem de
chumbo (material) em homem de ouro (espiritual).
Para os Antigos, os planetas tinham um poder de irradia-
ção sobre a natureza e os homens. Assim, as operações al-
químicas obedeciam às influências planetárias, sendo prati-
cadas em dias e horas benéficas para as diversas fases da
obra. É preciso notar que, quando se fala de Enxofre, Mercú-
rio ou Sal em Alquimia, não se está a referir aos elementos
que nós conhecemos. Significa apenas que o Sal alquímico
tem a característica do sal, etc. Assim, o Sal é equivalente ao
Corpo; o Mercúrio é equivalente à Alma (anima: aspecto sub-
til e dinâmico, associado à transmutação interna do ser). O
Enxofre é equivalente ao Espírito. Em seguida exporemos o
quadro sinóptico de correspondência entre os planetas, os
metais, etc.
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1 Cronos, na mitologia grega, deus do Tempo, que devora os seus filhos, ou seja, a sua
natureza material em vista do renascimento espiritual.
2 Os alquimistas afirmam que há três fases no desenrolar da sua obra: a primeira é a
Obra a Negro, a segunda é a Obra a Branco e a terceira a Obra a Vermelho. São três
fases que se encontram também na mística. Trata-se dos momentos do desabrochar da
alma em direcção a Deus. Num primeiro momento a alma deve morrer para si própria,
para depois nascer, sucessivamente, para e em Deus.
A evolução da Grande Obra até ao ouro filosofal passa pela relação entre três princípios
que os alquimistas consideram como os três princípios fundamentais do cosmos: uma
força activa (a que dão o nome de enxofre), uma força passiva (o mercúrio) e uma outra
intermediária (o sal). O enxofre é tomado como um símbolo do espírito, o mercúrio como
um símbolo da alma e o sal um símbolo do corpo (in Infopédia, Porto Editora).
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A Ars Magna da Alquimia
4. Conclusão
O homem é a matéria-prima da Grande Obra (homem de
chumbo) e é esta matéria pesada e grosseira que tem de descer
ao mundo subterrâneo para regressar à matéria primordial.
Como diziam os antigos Adeptos: a dissolução do corpo é a fixa-
ção do Espírito. Esta descida aos infernos significa a descida ao
interior de si próprio, ao mais profundo do ser, simbolizado pelo
labirinto percorrido por Teseu. É o conhece- -te a ti mesmo do
Oráculo de Delfos e transmitido ao mundo por Sócrates.
O corpo do homem é o atanor onde se realiza a grande
operação, o lento e paciente processo de purificação, a difícil
passagem da vida à morte e à ressurreição. A matéria-prima
ou Ovo Filosófico está fechada no Atanor e a sua transforma-
ção é a do próprio operador. Este era simbolizado pelos gri-
fos, dragões ou serpentes, guardiões dos tesouros subterrâ-
neos. Os grifos são leões alados como os dragões, com cauda
de serpente, que unem o ar, o fogo e a terra.
Na tradição chinesa, as seis etapas da Grande Obra eram
simbolizadas pelas seis atitudes do dragão:
– O dragão escondido (putrefacção);
– O dragão nos campos (fermentação);
– O dragão visível (coagulação);
– O dragão saltante (solução);
– O dragão voador (destilação);
– O dragão planador (sublimação).
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II
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4. O Bestiário alquímico
O derradeiro objectivo dos alquimistas não era obter o
ouro físico, mas sim uma elevação espiritual, traduzida me-
taforicamente na transmutação do chumbo da natureza infe-
rior, animal, no ouro da natureza superior, espiritual, que se
alcançava graças a uma série infindável de laboriosas e paci-
entes operações da Ars Magna, ou Grande Obra alquímica.
Tal como na arquitectura gótica, a obra dos mestres can-
teiros saídos da Escola de Chartres e com estreitas ligações
aos Templários, em que as diversas fases da obra alquímica
estavam gravadas na pedra das catedrais, também na lin-
guagem alquímica propriamente dita encontramos um besti-
ário relacionado com as diversas etapas da Obra. Nela, os
pássaros ocupam um lugar preponderante, pois simbolizam
as partes voláteis, as diferentes cores ou estados de matéria
durante as experiências:
A Pomba simboliza o volátil;
A Águia, o mercúrio depois da sua transforma-
ção em vapor;
O Galo, o fogo secreto do céu ou enxofre incan-
descente;
O Corvo indica a matéria calcinada;
O Cisne, mensageiro de Hermes, a matéria ou
clara que se acumula e se fixa em volta do ovo;
O Pavão, o estado do composto quando atinge o
rubro; e a sua cauda simboliza a variedade de
cores durante a cozedura no Atanor;
A Fénix, ave mítica, inspirada no pássaro
Bennu – garça divina do panteão egípcio, um
dos símbolos sagrados de Heliópolis, que repre-
sentava a Criação e a Renovação –, representa,
após a calcinação da matéria-prima, o resultado
final da Obra;
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5. Fabricações alquímicas
Há relatos antigos de fabricações alquímicas, hoje desco-
nhecidas. Sem recuarmos até aos tempos antediluvianos,
temos que vários historiadores antigos, entre eles o romano
Tito Lívio, afirmam terem encontrado nos subterrâneos da
antiga e misteriosa cidade de Mênfis, capital do Baixo Egipto
no tempo de Menes, muitas lâmpadas que se mantinham
acesas durante séculos. Escreve H. P. Blavatsky:
“Pausânias fala da lâmpada de ouro que e-
xistia no Templo de Minerva, em Atenas, lâmpa-
da que – diz ele – era a obra-prima de Calímaco
e ardia durante um ano inteiro. Plutarco afirma
que viu uma no templo de Júpiter Amon, a qual,
segundo lhe testemunharam os sacerdotes, ardia
continuamente longos anos, sem que, apesar de
permanecer ao ar livre, nem a chuva nem o vento
5
a pudessem apagar.”
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A Ars Magna da Alquimia
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Eduardo Amarante, Nicolas Flamel, Paracelso, Alberto Magno
Prossegue Blavatsky:
“O asbesto conhecido entre os gregos pelo no-
me de Aopeoros ou inextinguível, é uma espécie
de pedra que, uma vez acesa, não pode ser apa-
gada, como nos indicam Plínio e Solino. Alberto
Magno descreve-a como sendo uma pedra de cor
de ferro que se encontra principalmente na Ará-
bia. Acha-se geralmente coberta por uma camada
oleaginosa quase imperceptível, que arde imedia-
tamente perante a proximidade de uma chama.
Muitas tentativas foram feitas pelos químicos
para extraírem do asbesto o referido óleo indisso-
8
lúvel, mas todos eles fracassaram.”
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A CHAVE
DO SEGREDO DA OBRA
Nicolas Flamel
A Ars Magna da Alquimia
1. A oração do alquimista
Esta oração, escrita por este célebre alquimista francês,
consiste num legado de rara beleza e profundidade, sendo
riquíssima no seu conteúdo e de grande valia para o busca-
dor espiritual. Foi utilizada como auxiliar por um grande
número de alquimistas nos seus trabalhos. Ei-la:
“Deus Todo-Poderoso, Eterno, Pai da Luz, de
quem vêm todos os bens e todos os dons de perfei-
ção, imploro a Vossa infinita misericórdia; per-
miti-me conhecer a Vossa infinita sabedoria; é
ela que rodeia o Vosso trono, que criou e realizou,
que conduz e conserva tudo. Dignai-Vos enviar-
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Eduardo Amarante, Nicolas Flamel, Paracelso, Alberto Magno
2. O Breviário
Que seja feito em nome de Deus, Amén.
O primeiro passo na Sabedoria é o temor a Deus.
2.1. Prefácio
Eu, Nicolas Flamel, Escrivão de Paris, neste ano de 1414,
do reinado do nosso bendito príncipe Carlos VI, que Deus
abençoou, e após a morte da minha fiel companheira Perre-
nelle, recordando-me dela, tomei-me de fantasia e de satisfa-
ção para escrever em teu favor, caro sobrinho, toda a mestria
do segredo do Pó de Projecção ou Tintura Filosofal, que a-
prouve a Deus dispensar a este seu insignificante servidor,
que eu fiz como tu farás se procederes como te direi. Segue,
portanto, com engenho e entendimento os discursos dos Filó-
sofos acerca do segredo, mas não tomes os seus escritos à
letra, porque ainda que possam ser entendidos segundo a
Natureza, não te seriam úteis. Por isso, não te esqueças de
rogar a Deus que te dispense entendimento de razão, de ver-
dade e natureza, para que vejas neste livro, em que está es-
crito o segredo palavra a palavra e página a página, como fiz
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A Ars Magna da Alquimia
2.2. A Teoria
Vou, pois, iniciar o documento fazendo uma descrição cla-
ra e completa para que não confunda o teu entendimento,
antes de dizer alguma coisa sobre a prática de operar. Quis
conduzir-te, através da teoria do conhecimento, ao que é a
alquimia, ou seja, a ciência de converter corpos metálicos em
ouro e prata perfeitos, conferindo saúde aos corpos humanos
e transformando rapidamente pedras e cristais em gemas
verdadeiras e preciosas. Este conhecimento, e não existe
outro igual, constitui-se como uma arte sem paralelo, quer
dizer, Filosofal, através da qual se faz um corpo medicinal
universal convertendo Saturno, Marte, Júpiter, Lua e Mer-
cúrio em puro Sol claro, brilhante, límpido e da cor do pró-
prio mineral, mas ainda melhor do que qualquer ouro metalí-
fero, e que congrega em si a virtude e o poder de curar todos
os males, quaisquer que sejam, de fazer evoluir todos os ve-
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10 Mercúrio. Também pode significar “coisa que atrai” (Nota Eduardo Amarante).
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A Ars Magna da Alquimia
Quero que saibas que não existe outra forma nem mes-
tria de trabalhar esta arte além daquela que te dou, palavra
por palavra, cuja obra não é nada fácil de realizar e é espi-
nhosa de transmitir, se não for ensinada como te digo, pois o
Sol e a Lua são corpos muito duros que não se podem abrir
fácil e totalmente, excepto pelos espíritos mercuriais liquefei-
tos por via e procedimento filosofal. Tudo o resto é enganador
e induz ao fracasso e ao embuste em que caí, para meu gran-
de desgosto, durante muito tempo. Sem esse procedimento, o
Mercúrio mantém-se frio, hidrópico e terroso, sem a força
bastante, nesse caso, para acometer as vísceras dos dois cor-
pos perfeitos do Sol e da Lua. Se o Mercúrio não for previa-
mente aquecido com o fogo sulfuroso metálico, a sua água
branda fora do seu corpo e da terra rejeitada, fecal e negra,
não passará de Mercúrio vulgar. Nesse estado, penetrando-se
mutuamente, tomam a vida astral e tornam-se vivos, tal
como eram nas rochas dos minérios. É por este modo que se
faz a conjugação do Sol, da Lua e do Mercúrio filosofais, não
os vulgares. Mas como pode o Mercúrio liquefazer-se assim?
Pondera, em primeiro lugar, que nenhuma outra água, além
do Mercúrio, extrai dos metais o enxofre, da mesma forma
que fora dele, no princípio, no meio e no fim, ninguém pode
abrir nem fazer nada de positivo, porque é a virtude atracti-
va, feita activa, que faz tudo e se emprenha do enxofre.
O que tu vês é agradável: água de vapor seco sulfuroso e
vapor húmido mercurial tornam-se metais, porque, um e
outro, amam-se e desejam uma natureza conveniente a si
próprios, ou seja, a natureza persegue a natureza, de ne-
nhuma outra forma age o instrumento da Natureza, até
mesmo na arte, porque um ama o seu companheiro assim
como a fêmea atrai a si o macho, divertindo-o de quando em
quando, que é o que vês muito claro e gracioso gravado na
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A Ars Magna da Alquimia
2.3. A Prática
Não te afastes, então, do resto do caminho e reporta-te às
minhas outras explicações. Em seguida, esforça-te na prática
a que te vais entregar em nome do Pai, do Filho e do Santo
Espírito, Adorável Trindade. Amén.
Procurarás, primeiro, tomar do primogénito de Saturno,
que nada tem a ver com o vulgar, 9 partes, do sabre de aço do
Deus guerreiro, 4 partes. Fá-los rubificar num cadinho.
Quando estiver vermelho fundente lança 9 partes de Saturno
dentro, como te disse. Este comerá rapidamente o outro: lim-
pa muito bem as escórias fecais que sobem da Satúrnia com
salitre e tártaro, por quatro ou cinco vezes. Estará bom
quando vires um sinal astral sob o régulo, em forma de es-
trela.
Então, do Ouro faz-se a chave e o cutelo que abre e corta
todo o metal, sobretudo o Sol, a Lua e o Mercúrio, todos os
quais come, devora e guarda no seu ventre. Terás feito um
entendimento correcto e um caminho frutuoso se trabalhaste
como é mister, porque este elemento saturnal é a erva real
triunfante, pois é a Lua, pequeno rei imperfeito que promo-
vemos ao grau da maior glória e honra e que é também a
rainha, isto é, a Lua e a mulher do Sol.
Assim, é macho e fêmea, o nosso hermafrodita, que é o
Mercúrio, e aquela obra em imagem da sétima folha e pri-
meira dádiva do Judeu Abraham, a saber, duas serpentes em
torno de uma vara-de-ouro, tal como verás neste livro que fiz
eu mesmo consoante a minha fantasia, o melhor que pude
figurar, para discernimento e como documento filosofal. Cui-
da, então, de conseguir bom fornecimento e provisão, porque
é mister que obtenhas muita quantidade, 12 ou 13 libras,
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11Balão de vidro, de fundo chato e gargalo longo, usado para reacções químicas (Nota
de Eduardo Amarante).
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2.5. A Multiplicação
Se desejas multiplicar a pedra, ouve. Toma uma parte
dela e multiplica-a com as duas partes do teu Mercúrio ani-
mado, coze como fizeste nos matrases, após teres feito deste
uma pasta mole e macia, no mesmo forno e no mesmo fogo.
Em muito menos tempo estará realizado o segundo final
da roda filosofal e o pó adquire dez vezes mais poder do que
no seu primeiro nascimento. Procura dar-lhe mais uma
volta ou mesmo mais, se quiseres, e terás concluído o tesou-
ro sem preço, o melhor que existe em todo o mundo, para
além do qual já não podes aspirar mais. Possuirás saúde e
riqueza se o usares como deves. Terás o tesouro que concede
toda a felicidade mundana e que eu, pobre rural nativo de
Pontoise, fiz e realizei por três vezes na minha casa na rua
dos Écrivains, muito perto da capela de St-Jacques-de-la-
-Boucherie e que eu, Nicolas Flamel, te concedo pelo amor
que te dedico e em honra de Deus, para sua Glória e louvor
do Pai, do Filho e do Espírito Santo, a sagrada Trindade, a
quem rogo que, a partir deste momento, te ilumine e condu-
za no caminho da Verdade, da Luz e da Salvação. Assim
seja.
2.6. O Fermento
Repara, agora, na melhor forma de trabalhar, para leve-
dar a pasta filosofal e obrigá-la a aumentar através do fer-
mento idóneo e filosofal. Tomarás três partes de Ouro fino
em pó e seis partes de Mercúrio animado com uma parte e
meia de Enxofre vermelho. Junta estes ingredientes, pulve-
riza-os num almofariz de vidro, numa espécie de manteiga ou
queijo, coloca este composto num matrás calafetado a fogo de
calor de galinha. Não te canses de cozer e verás uma coisa
maravilhosa, de que o entendimento humano nada pode di-
zer, nem jamais negar, de tal modo é bela a Obra da nature-
za com as mutações que se vêem de todas as cores, que des-
lumbram e ofuscam os olhos do manipulador tão intensa-
mente como nenhuma outra coisa no mundo o faria. Então,
em tempo preciso, observarás que o teu vaso contém pó ver-
melho vivo, de cor sanguínea, como púrpura. Eis completa a
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OS CÂNONES
FILOSÓFICOS
Paracelso
A Ars Magna da Alquimia
1
O que está próximo da perfeição, facilmente chega à
perfeição.
2
Os imperfeitos não podem ser conduzidos à perfeição até
serem despojados do seu Enxofre feculento e da sua gordura
terrena, que estão misturados com o Mercúrio e o Enxofre.
Esta é uma medicina perfeita.
3
É impossível fixar o imperfeito
sem o espírito e o Enxofre dos perfeitos.
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4
O Céu dos filósofos reduz todas as coisas à sua matéria pri-
mordial, ou seja, a Mercúrio.
5
Quem pretender reduzir os metais a Mercúrio sem o Céu
Filosófico ou a Aqua Vitae metálica engana-se, uma vez que
a impureza do Mercúrio pode ver-se em todas as dissoluções.
6
Nada pode ser fixado de forma perfeita, se não se
misturar indissoluvelmente com o fixo.
7
O ouro fusível pode alterar-se
e converter-se em sangue.
8
Para que a Prata se fixe não se deve pulverizar nem
dissolvê-la em água. Isto seria a sua destruição.
A sua fixação passa necessariamente
por reduzi-la a Mercúrio.
9
A Prata não pode converter-se em Ouro
a não ser pela Pedra Filosofal; a menos que
a tenhamos reduzido primeiro a Mercúrio.
O mesmo sucede com os outros metais.
10
Os corpos imperfeitos chegam à perfeição e ao Ouro
perfeito quando se reduzem pela primeira vez a
Mercúrio, adicionando Enxofre branco ou vermelho.
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A Ars Magna da Alquimia
11
Todos os corpos imperfeitos chegam à perfeição pela
redução a Mercúrio e, depois, fervendo-os em lume certo com
Enxofre. Convertem-se, então, em Prata e Ouro. Aqueles que
pretendem criar Ouro e Prata de outra forma
enganam-se e trabalham em vão.
12
O Enxofre de Marte é o melhor. Unido ao Enxofre de
Ouro, converte-se num remédio.
13
Não se engendra Ouro sem antes ser Prata.
14
A Natureza cria e engendra os minerais por degraus. De uma
única raiz, geram-se todos os metais,
sendo o Ouro o resultado final.
15
O Mercúrio corrompe o Ouro, transforma-o em Mercúrio
e fá-lo volátil.
16
A Pedra compõe-se de Enxofre e Mercúrio.
17
Se a preparação do Mercúrio não for ensinada por um
mestre-artista, nunca será encontrada nos livros.
18
A preparação do Mercúrio para a Menstruação Filosófica
denomina-se Mortificatio.
19
A praxis deste arcano vai para além de todos os segredos da
Natureza e, a menos que se revele ou se ensine, o mais certo
é que não se encontre nos livros.
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Eduardo Amarante, Nicolas Flamel, Paracelso, Alberto Magno
20
O Enxofre e o Mercúrio são matérias da Pedra. Por
conseguinte, o conhecimento do Mercúrio é necessário para a
eleição de um Mercúrio digno da Obra.
21
Há um Mercúrio oculto num corpo, sem nenhuma
preparação, e a arte da sua extracção é difícil.
22
O Mercúrio pode fixar-se e converter-se em Ouro e Prata
para resumo ou abreviação da Obra.
23
A fixação e a congelação são um único labor, que se faz a
partir de uma única coisa e num único recipiente.
24
Aquilo que fixa e congela o Mercúrio também o tinge, da
forma que anteriormente dissemos.
25
Durante a Obra há que observar a graduação do fogo. No
primeiro grau, o Mercúrio dissolve o corpo; no segundo grau,
o Enxofre seca o Mercúrio; no terceiro e quarto graus, o
Mercúrio fixa-se.
26
As coisas radicalmente misturadas tornam-se depois
inseparáveis. Parecem-se com a neve e a água.
27
Vários simples, passados pela putrefacção,
produzem outros simples.
60 | Apeiron Edições
A Ars Magna da Alquimia
28
A forma e a matéria devem ser, por necessidade,
da mesma espécie.
29
O Enxofre homogéneo é da mesma natureza que o Sol e a
Lua. Este Enxofre produz Ouro e Prata puros, não dos que se
podem ver diariamente, mas sim de um tipo que pode
dissolver-se em Mercúrio.
30
Sem a dissolução filosófica do Ouro em Mercúrio, não se pode
extrair do Ouro uma forma fixa de untuosidade. Esta substi-
tui um fermento que gera o Sol e a Lua, além de
substituir também o que se faz por meio de uma forma de
redução, que Geber chama Rebis.
31
Os metais transformados em Mercúrio reduzem-se de
novo a um corpo, ao ser-lhes acrescentada uma pequena
quantidade de fermento.
32
A levedura do Tártaro dos Filósofos, que reduz todos os me-
tais a Mercúrio, é a Aqua Vitae metálica dos filósofos, a que
também chamam fezes dissolutas.
33
O Enxofre e o Mercúrio são da mesma natureza
homogénea.
34
A Pedra dos Filósofos não é outra coisa que o Ouro e a Prata,
sujeitos a uma tintura muito elevada.
35
O Sol e a Lua, em si próprios, nas suas próprias espécies,
têm suficientes riquezas. Então, tereis de reduzi-los à
Apeiron edições | 61
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36
Os extremos no Mercúrio são dois: a crueza, por um lado e,
por outro, a mais refinada cozedura.
37
Os filósofos observam que as coisas secas absorvem
rapidamente a sua humidade.
38
A cal alterada da Lua bebe em seguida o seu Mercúrio,
fundamento dos minerais filosóficos.
39
O Enxofre é a alma, mas o Mercúrio é a matéria.
40
O Mercúrio congela-se num corpo imperfeito
e adopta a mesma espécie do corpo imperfeito,
cujo Enxofre congelou de início.
41
Fazer o Sol e a Lua com o Enxofre dos corpos imperfeitos é
impossível. É impossível que uma coisa dê mais do que aqui-
lo que tem.
42
O Mercúrio dos metais é a semente feminina, já que por pro-
jecção atravessa as qualidades de todos os metais
até chegar ao Ouro.
43
Para a extracção da tintura vermelha, o Mercúrio
anima-se com o fermento do Ouro; a extracção da tintura
branca faz-se com o fermento da Prata.
62 | Apeiron Edições
A Ars Magna da Alquimia
44
O labor dos filósofos faz-se rapidamente sem esforço,
45
Os Enxofres do Sol e da Lua fixam os espíritos
das suas espécies.
46
Os Enxofres do Sol e da Lua são as verdadeiras
sementes masculinas da Pedra.
47
Todos os que têm o poder de fixar
deverão ser permanentes e fixos.
48
A tintura que dá a perfeição aos imperfeitos
faz-se da fonte do Ouro e da Prata.
49
Aqueles que utilizam o Enxofre de Vénus enganam-se.
50
Vénus nada tem que seja útil ou que sirva
para a grande obra espagírica.
51
O Sol convertido em Mercúrio, não pode ser um fermento,
uma alma ou um Enxofre antes da conjunção com a
Menstruação.
52
A Obra, finalizada pela repetição, converte-se em ígnea.
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Eduardo Amarante, Nicolas Flamel, Paracelso, Alberto Magno
53
Na abreviação do trabalho, os corpos perfeitos devem ser
reduzidos a um Mercúrio vulgar, que possa tomar
adequadamente o fermento.
54
A preparação do Mercúrio pela sublimação é melhor
do que a que se faz a partir da amálgama.
Mas lembra-te que deverás reanimá-la.
55
A alma não pode imprimir uma forma se não for
com a ajuda de um espírito.
Isto não é senão Ouro convertido em Mercúrio.
56
O Mercúrio obtém a forma do Ouro
pela mediação do espírito.
57
O Ouro transformado em Mercúrio é Espírito e Alma.
58
O Enxofre dos filósofos, a tintura e o fermento,
tudo isto refere-se a uma única coisa.
59
O Mercúrio vulgar equivale
à natureza do Mercúrio dos corpos.
60
O fermento faz com que o Mercúrio seja muito pesado.
61
Quando o Mercúrio vulgar não se anima ou não tem
alma, não serve nem para uma operação universal
nem para uma operação particular.
64 | Apeiron Edições
A Ars Magna da Alquimia
62
Só então a alma se imprime no Mercúrio mortificado.
63
O Sol pode ser preparado como um fermento, de modo a que
uma parte do mesmo anime dez partes de Mercúrio, e este
labor é infindável.
64
O Mercúrio dos corpos imperfeitos substitui aquele
Mercúrio vulgar, mas a arte de extraí-lo é difícil.
65
O Mercúrio vulgar transforma-se em Ouro pela acção da
Pedra Filosofal. Por conseguinte, pode ser exaltado e poderá
ser equivalente a todos os mercúrios dos corpos.
66
O Mercúrio vulgar animado é um grande segredo.
67
Os mercúrios de todos os metais, pela abreviação do
trabalho, convertem-se em Ouro ou Prata.
68
O calor húmido e suave chama-se Fogo do Egipto.
69
Nota: A Lua não é a mãe da Prata vulgar,
mas um Mercúrio com alguma qualidade da Lua Celeste.
70
A Lua Metálica é de uma natureza metálica.
71
O Mercúrio vulgar adquire uma natureza feminina
pela sua esterilidade.
Apeiron edições | 65
Eduardo Amarante, Nicolas Flamel, Paracelso, Alberto Magno
72
O Mercúrio dos minerais médios mostra a natureza
da Prata por similitude.
73
Todas as coisas produzem-se a partir do Sol e da Lua.
74
O homem e a mulher, ou seja, o Sol e Mercúrio,
coagulam-se juntos.
75
O Mercúrio vulgar sem preparação é algo alheio à Obra.
76
Quatro partes de Mercúrio e uma de Ouro, que substitui o
fermento, constituem o matrimónio.
77
A solução realiza-se quando o Ouro se converteu em
Mercúrio.
78
Sem putrefacção não há dissolução.
79
A putrefacção dura até aparecer a brancura.
80
É grande o segredo de purificar o Mercúrio com que se pre-
para a Menstruação, em que dissolvemos o Ouro.
81
O Mercúrio transforma o Ouro em forma de água, isto é, em
Mercúrio fluente como si próprio.
82
A dissolução é o início da congelação.
66 | Apeiron Edições
A Ars Magna da Alquimia
83
O Sol dissolvido em Mercúrio fluente, durante um curto es-
paço de tempo, fica nesse estado.
84
O fermento seca o Mercúrio, torna-o pesado e fixa-o.
85
O Sol dos filósofos é qualificado como fonte.
86
A Matéria, através do poder da putrefacção, converte-se nu-
ma parte que é o princípio da congelação.
87
Há uma forma rápida de extrair o Enxofre do Sol e da Lua,
através da qual todo o Mercúrio se fixa no Ouro e na Prata.
88
A Matéria nunca deve ser retirada do Fogo para que não
esfrie, caso contrário deteriora-se.
89
Quando a Matéria se torna negra, aplica-se o
segundo grau do Fogo.
90
A limpeza dos Filósofos é uma mera similitude,
visto que só o Fogo purifica tudo.
91
O veneno e o fedor saem apenas pelo Fogo,
que é o único que tudo redime.
92
O Fogo, pela sua virtude penetrante e aguda,
lava mais do que qualquer outra água.
Apeiron edições | 67
Eduardo Amarante, Nicolas Flamel, Paracelso, Alberto Magno
93
Quando o calor ou a cor se extinguem numa coisa vegetal, o
que se segue é a morte.
94
O espírito é a cor.
95
(fragmento perdido).
96
Quando a Matéria é levada à brancura,
então, já nada pode destruí-la.
97
Toda a corrupção das coisas nota-se
através de um veneno mortal.
98
O recipiente ou o vidro chama-se Mãe.
99
A virtude do Enxofre pode, até certo ponto, ser estendida.
100
Observar porque razão os filósofos chamam
à sua Matéria Mentruação.
101
O Enxofre dissolve o nome de uma forma, mas a
Menstruação dissolve o nome da Matéria.
102
A Menstruação representa os elementos pequenos e
inferiores, ou seja, a Terra e a Água. O Enxofre é o
elemento superior, e o Fogo e o Ar são os seus agentes.
68 | Apeiron Edições
A Ars Magna da Alquimia
103
Tudo se deteriora quando a casca do ovo é partida e o pinto
morre; isto também acontece quando o recipiente é aberto e o
Ar toca a Matéria.
104
A calcinação, feita com Mercúrio num forno
de revérbero, é boa.
105
Os métodos do estilo filosófico devem ser cuidadosamente
anotados, uma vez que por sublimação compreende-se a
dissolução dos corpos em Mercúrio pelo primeiro grau do
Fogo. A isso segue-se a segunda operação, que é a
condensação ou acto de unir
o Mercúrio ao Enxofre. A terceira é a fixação do Mercúrio
num corpo perfeito e absoluto.
106
Há um número infinito de heterogeneidades que não permite
ao Mercúrio, na sua forma original, misturada pela cal dos
corpos perfeitos, ser a matéria da Pedra.
107
A medicina branca é levada à perfeição no terceiro grau
do Fogo e este grau não pode ser infringido
quando se faz a medicina branca;
caso contrário a Obra Branca ficará destruída.
108
O quarto grau do Fogo faz com que a matéria enrubesça e,
nesse instante, surgem várias cores.
109
O trabalho depois do Branco, que não alcançou o
vermelho abrasado é imperfeito; isto diz respeito não só à
Tintura Branca como à Vermelha.
Apeiron edições | 69
Eduardo Amarante, Nicolas Flamel, Paracelso, Alberto Magno
110
Após o primeiro grau do Fogo persa,
a matéria torna-se mais poderosa.
111
A Obra não alcança a perfeição,
a menos que se passe por cera e derreta como tal.
112
O trabalho de enceração faz-se a partir da mistura
de três partes de Mercúrio, que dá à Pedra o Ser.
113
A enceração da medicina Branca faz-se com água Branca ou
Mercúrio animado com a Lua, mas o encerado da
medicina vermelha faz-se com o Mercúrio animado
com Ouro.
114
É suficiente que após o encerado a Matéria
fique como uma pasta.
115
Continua a encerar até se conseguir
a consistência certa.
116
Quando o Mercúrio, com que foi feito o encerado,
desaparecer, não há prejuízo.
117
A medicina devidamente encerada
explica o enigma da saída do rei da fonte.
118
O Sol reduzido à sua água ou matéria primordial, através do
Mercúrio vulgar, deteriora-se ao arrefecer.
70 | Apeiron Edições
A Ars Magna da Alquimia
119
O filósofo pega na matéria preparada pela natureza e a reduz
à matéria primordial, já que tudo se reduz à sua
origem, tal como a neve se mistura com a água.
120
Os homens sábios convertem os anos em meses, os meses em
semanas e as semanas em dias.
121
A primeira cocção do Mercúrio feita pela natureza é a
única causa da sua perfeição simples. E, não pode
alcançá-la no maior grau, embora se deva ajudar nesta
simplicidade. Pode fazer-se inseminando Ouro na própria
terra, que não é mais do que Mercúrio puro, que
naturalmente está pouco ou imperfeitamente digerido.
122
Na segunda cocção do Mercúrio, a virtude do Mercúrio
aumenta dez vezes.
123
A Pedra do Mercúrio obtém-se repetindo a cocção,
adicionando o Ouro, para além de ferver
o homem e a mulher duas vezes.
124
Adiciona-se o Sol ao Mercúrio para que possa
converter-se em Enxofre e, após ser fervido,
transforma-se em Pedra física.
125
Muitos contemplam o Mercúrio filosófico, mas não o
reconhecem.
126
Qualquer Mercúrio original representa a matéria da
Pedra, tomada adequadamente.
Apeiron edições | 71
Eduardo Amarante, Nicolas Flamel, Paracelso, Alberto Magno
127
Qualquer coisa é o sujeito da Pedra,
de onde se pode extrair Mercúrio.
128
Todos os que interpretam ao pé da letra os escritos dos
filósofos enganam-se, já que eles afirmam um único
Mercúrio.
129
(Fragmento perdido).
130
Um Mercúrio supera outro em calidez, secura, cocção, pureza
e perfeição, quando, sem corrupção da forma, é
preparado e purgado de tudo o que é supérfluo.
Nisto consiste o segredo da Pedra.
131
Se a preparação do Mercúrio vulgar fosse conhecida dos
estudantes desta Arte, não se procuraria nenhum outro
Mercúrio, nem uma qualquer Aqua Vitae, ou água
mercurial, já que o comum Mercúrio contém tudo isto.
132
Todos os Mercúrios podem ser levados e exaltados à
qualidade de qualquer Mercúrio por sucessivos graus
dos corpos.
133
O Mercúrio vulgar antes da devida digestão não é
Mercúrio Filosófico. Após a preparação é conhecido por este
nome, visto conter uma forma verdadeira e um modo de
extrair o Mercúrio dos outros metais. Este é o princípio
da Obra.
134
O Mercúrio vulgar preparado é a Aqua Vitae metálica.
72 | Apeiron Edições
A Ars Magna da Alquimia
135
O Mercúrio passivo e a Menstruação não perdem a forma
externa do Mercúrio.
136
Alguém que empregue, em vez do Mercúrio corrente,
qualquer tipo de sublimado, pó calcinado ou precipitado,
engana-se.
137
Qualquer um que reduza o Mercúrio a água clara para
realizar a grande Obra, equivoca-se.
138
Obter Mercúrio de água limpa não depende do poder de
qualquer corpo, mas unicamente do poder da natureza.
139
No labor filosófico é o Mercúrio cru que, inevitavelmente,
dissolve o Ouro em Mercúrio.
140
Quando o Mercúrio se reduz a Água, dissolve o Ouro.
É necessário para o trabalho da Pedra,
que o Ouro se dissolva em Mercúrio.
141
O Esperma e a Menstruação devem parecer-se
exteriormente.
142
Diz-se na doutrina dos filósofos que o esperma deve
humedecer a natureza; mas, se a menstruação estiver
seca, não haverá dissolução possível.
143
Deves considerar a semente da Pedra similar aos metais.
Apeiron edições | 73
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144
É essencial que a semente da medicina filosófica seja
como o Mercúrio vulgar.
145
O maior segredo é saber que o Mercúrio é
simultaneamente matéria e Menstruação, e que o
Mercúrio dos corpos perfeitos é a forma.
146
Por si o Mercúrio nada faz na geração.
147
O Mercúrio é a terra elemental em que se insemina
o Ouro.
148
A semente do Ouro é dotada de uma virtude
multiplicadora.
149
O Mercúrio perfeito busca uma mulher
para a Obra da geração.
150
Cada Mercúrio tem dois elementos, os crus que procedem da
Água e da Terra, extraídos
pela ebulição do Fogo e do Ar.
151
Se se quiser converter o Mercúrio em metal,
então deverá adicionar-se um pequeno fermento,
a fim de se alcançar o grau desejado de perfeição.
152
O maior arcano é a dissolução física
e a redução a Mercúrio.
74 | Apeiron Edições
A Ars Magna da Alquimia
153
A dissolução do Ouro deve ser aperfeiçoada pela natureza e
não pela mão do homem.
154
Quando o Ouro se une ao seu Mercúrio, tem a forma do Ouro,
mas a preparação principal dá-se na cal.
155
Uma questão se coloca aos homens Sábios: a união do
Mercúrio da Lua com o Mercúrio do Ouro pode substituir a
Menstrução filosófica?
156
O Mercúrio da Lua mantém a natureza de um homem
e dois homens podem gerar, quando muito, duas
mulheres.
157
Para a extracção do elixir, deverás obter a mais pura
substância do Mercúrio.
158
Quem trabalha deverá procurar a sublimação
das duas luminárias.
159
O Ouro dá uma tintura dourada e a Prata dá uma
tintura prateada, mas aquele que souber tingir o
Mercúrio com Prata ou Ouro, possuirá um grande
segredo.
Apeiron edições | 75
COMPOSITUM
DE COMPOSITIS
(O Composto dos Compostos)
Alberto Magno
A Ars Magna da Alquimia
1. Prefácio
Não ocultarei a ciência que me foi revelada pela graça de
Deus, não a guardarei ciosamente para mim, por temor de
atrair a sua maldição. Qual a utilidade de uma ciência se
manter em segredo, tal qual um tesouro escondido? A ciência
que aprendi sem ficções, vou transmita-la sem pena. A inveja
perturba tudo, um homem invejoso não pode ser justo face a
Deus. Toda a ciência e toda a sabedoria provêm de Deus;
dizer que advém do Espírito Santo é uma força de expressão.
Apeiron edições | 79
Eduardo Amarante, Nicolas Flamel, Paracelso, Alberto Magno
80 | Apeiron Edições
A Ars Magna da Alquimia
3. Do Enxofre
O Enxofre contém três princípios húmidos:
O primeiro desses princípios é, sobretudo, aéreo
e ígneo; encontra-se na parte externa do Enxo-
fre, por causa da volatilidade dos seus elemen-
tos que facilmente se evaporam e consomem os
corpos que contacta;
O segundo princípio é fleumático, também cha-
mado aquoso; encontra-se situado imediata-
mente sobre o precedente;
O terceiro é radical, fixo, aderente às partes in-
ternas.
Apeiron edições | 81
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4. Da Natureza do Mercúrio
O Mercúrio encerra duas substâncias supérfluas: a Terra
e a Água. A substância terrosa tem a ver com o Enxofre e o
Fogo a enrubesce. A substância aquosa tem uma humidade
supérflua.
O Mercúrio facilmente se desembaraça das suas impure-
zas aquosas e terrosas por sublimações e lavagens muito
ácidas. A natureza separa-o no estado seco do Enxofre e reti-
ra-lhe a terra pelo calor do Sol e das estrelas; ela obtém, as-
sim, um Mercúrio puro, completamente livre da sua substân-
cia terrosa, não contendo, pois, mais partes estranhas. En-
tão, une-o a um Enxofre puro e produz, enfim, no seio da
terra, os metais puros e perfeitos. Se os dois princípios são
impuros, os metais são imperfeitos. Por isso, nas minas en-
contram-se metais diferentes, provenientes da purificação e
da digestão variável dos seus Princípios. Isto depende da
cocção.
5. Do Arsénio
O Arsénio é da mesma natureza que o Enxofre; ambos
têm alguma coisa de vermelho e branco, mas no Arsénio há
mais humidade e sublima-se com menor rapidez no Fogo do
que o Enxofre.
Sabe-se quão rápido o Enxofre sublima e como consome
todos os corpos, excepto o Ouro. O Arsénio pode unir o seu
princípio seco ao do Enxofre; temperam-se um ao outro e,
uma vez unidos, dificilmente se separam; a sua tintura é
suavizada por esta união. Gleber diz o seguinte:
“O Arsénio contém muito mercúrio e, portan-
to, pode ser preparado como ele.”
82 | Apeiron Edições
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84 | Apeiron Edições
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6. Da Putrefacção
O Fogo engendra a morte e a vida. Um Fogo ligeiro e fra-
co disseca o corpo. Eis, então a razão: o Fogo em contacto com
o corpo põe em movimento o elemento que nele existe e lhe é
similar. Este elemento é o calor natural. Este excita o Fogo
extraído em primeiro lugar do corpo; há uma ligação e a hu-
midade radical do corpo sobe à superfície, enquanto o Fogo
opera no exterior. O corpo morre quando desaparece a humi-
dade radical que unia as diversas proporções – dissolve-se;
então, todas as suas partes se separam umas das outras. O
Fogo age como um instrumento cortante; ainda que por si
disseque e contraia, não pode fazê-lo a não ser que haja nele
uma certa predisposição, sobretudo se o corpo for compacto
como é o caso do elemento. Este último carece de um misto
aglutinante que se separaria do corpo após a corrupção.
Tudo isto pode ser feito pelo Sol, pois é de natureza quen-
te e húmida em relação aos outros corpos.
7. Do Regime da Pedra
Há quatro regimes:
1º Decompor;
2º Lavar;
3º Reduzir;
4º Fixar.
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8. Da Sublimação do Mercúrio
Em nome do Senhor, toma uma libra de Mercúrio prove-
niente da mina. Por outro lado, toma vitríolo romano e sal
comum calcinado, mói-os e mistura-os bem. Coloca as duas
matérias num prato grande de barro esmaltado, em fogo
suave, até que a matéria comece a fundir-se e a liquefazer-se.
Então toma o teu Mercúrio mineral, mete-o num vaso de
colo alto e verte-o, gota a gota, sobre o vitríolo. Mexe com
uma espátula de madeira, até que não haja quaisquer vestí-
gios do Mercúrio. Depois disseca a matéria em Fogo suave
durante a noite. No dia seguinte, pela manhã, toma a maté-
ria bem seca e mói, então, sobre uma pedra mármore. Coloca
a matéria pulverizada num vaso sublimatório, chamado alu-
del, para sublimá-la segundo a arte. Colocarás o capitel e
vedarás as juntas com luto filosófico, a fim de que o Mercúrio
não possa sair. Põe o aludel num forno e dispõe-no de modo a
ficar direito; em seguida, faz um Fogo suave durante quatro
horas para extrair a humidade do mercúrio e do vitríolo;
depois de a humidade ser evaporada, aumenta o Fogo para
que a matéria branca e pura do Mercúrio se separe das suas
impurezas, isto durante quatro horas; para verificar se é
suficiente, basta introduzir uma varinha de madeira no vaso
sublimatório, pela abertura superior, fazendo-a descer até ao
composto e sentir se a matéria branca do Mercúrio está so-
breposta à mistura. Se tal acontecer, retira a varinha, fecha
a abertura do capitel com luto, para que o Mercúrio não saia
e aumenta o Fogo de tal forma que a matéria branca do mer-
cúrio se eleve sobre as fezes até ao aludel, isto, durante qua-
tro horas. Aquece, por fim, com lenha, de modo a fazer cha-
ma para que o fundo do vaso e o resíduo fiquem vermelhos;
continua, assim, até que reste pouca substância branca ade-
rida às fezes. A força e a violência do Fogo acabarão por se-
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Um outro afirma:
“Semeai o vosso Ouro na Terra foliácea bran-
ca… e ela vos dará fruto centuplicado.”
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Um filósofo afirma:
“O calor, actuando, primeiro, sobre o húmido,
engendra o negro; a sua acção sobre o seco en-
gendra o branco e, sobre este, engendra o verme-
lho. Porque o branco não é mais do que a priva-
ção completa do negro; o branco fortemente con-
densado pela força do fogo engendra o vermelho.”