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15/08/2022 Ú LT I M A S
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“Pedras da fome”: aviso do século
16 sobre seca e fome intriga a
Europa
Ouvir: aviso do século 16 sobre seca e fome intriga a Europa 0:00
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” Pedra da fome” encontrada no rio Elba, passado pressagiando períodos de miséria. |
Foto: Reprodução
A Europa vive um dos períodos de maior seca em toda sua história. O que tornou visíveis
as chamadas “pedras da fome” — um aviso sinistro do passado pressagiando períodos de
miséria.
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A inscrição mais antiga encontrada na bacia do rio Elba (que nasce na República Tcheca,
corre pela Alemanha e deságua no Mar do Norte) data de 1616 e está em alemão. Ela diz
“wenn du mich siehst, dann weine”, que pode ser traduzido para o português como “se
você me vir, chore”.
“A vida �orescerá novamente quando esta pedra desaparecer”, diz outra das rochas
esculpidas.
“Quem uma vez me viu, chorou. Quem me vê agora vai chorar”, está gravado em outra.
“Se você vir essa pedra de novo, vai chorar. A água estava baixa até aqui no ano de 1417”,
diz outra.
Períodos de seca eram ainda mais graves no passado do que hoje em dia, porque as
pessoas tinham muito menos recursos logísticos e tecnológicos para driblá-los. Níveis tão
baixos de água signi�cavam pobreza e carestia para muitas cidades e povoados.
No passado, a área da Europa Central, que inclui partes da Alemanha, República Tcheca,
Eslováquia, Áustria e Hungria, dependia das terras férteis ao longo das margens dos rios
para produzir alimentos.
A seca arruinava as plantações e tornava difícil ou impossível a navegação nos rios por
onde chegavam alimentos, suprimentos de todos os tipos e carvão para cozinhar,
ameaçando o sustento das famílias que viviam ao longo da margem dos rios.
Então, depois das secas, vinham as fomes – por isso as pedras são conhecidas como
hungersteine (pedras da fome) na Alemanha.
Nos últimos anos – 2003, 2015, 2018 – o fenômeno da seca em intervalos muito curtos
tornou-se a manifestação mais proeminente das mudanças climáticas na Europa Central.
A maioria das “pedras da fome” são encontradas no rio Elba, mas também há rochas do
tipo no rio Reno, no Mosela e no Weser, todos na Alemanha.
CONHEÇA O
Populações que viviam entre os séculos 15 e 19 onde hoje estão países como Alemanha e
O B S E RVAT Ó R I O
República Tcheca deixaram marcos nessas pedras com mensagens sobre as catástrofes
desencadeadas pela falta de água e lembranças das di�culdades sofridas durante as
secas. Infelizmente, nas últimas semanas, a França e a Espanha tiveram que fazer
racionamento de água devido a uma seca severa. O governo francês declarou que o país
enfrenta a pior seca da história. O alerta das pedras sobre a seca já foi con�rmado. Agora
os europeus temem que o alerta sobre a fome também se con�rme.
Líderes dos 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniram
em Nova York para a 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas no ano passado. A
preocupação com as consequências das mudanças climáticas causada pela emissão dos
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gases que causam o efeito estufa aumentou ainda mais após a divulgação do mais
recente relatório do Painel Internacional de Cientistas do Clima (IPCC, na sigla em inglês).
O relatório alerta que as mudanças climáticas já são uma realidade que afeta todos os
continentes, se espalhando rapidamente e se tornando mais intensas.
Eventos climáticos extremos como secas, inundações, furacões e vendavais, assim como
ondas de frio e calor extremos já estão se tornando mais comuns, como estamos
observando em diversas regiões do mundo neste ano. Inclusive no Brasil, com a seca
recorde que ameaça os reservatórios de grandes usinas hidrelétricas e a segurança
energética. Segundo especialistas, as secas irão se tornar mais comuns e intensas nos
próximos anos, mesmo se conseguirmos reduzir as emissões de carbono e outros gases a
níveis que impeçam a concretização do pior cenário, da temperatura média mundial
subindo mais que 2°C.
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