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vitoriana, Salomé desponta como mais uma adaptação da história bíblica manifesta
em arte no século XIX. Segundo Barbudo (2000, p.11) Neste período, Flaubert
Gustave Moreau tornara-se famoso pelo cunho místico e erótico conferido à Salomé
Huysmans que realiza uma longa descrição da obra em seu romance À Rebours,
decadentismo”
uma personagem que faz uso de seus atributos físicos para atingir aquilo que deseja
que o leitor obtém confirmação de uma hipótese que se faz presente ao decorrer da
peça: Wilde através de Salomé atinge o objetivo de criar uma personagem que
personagem e ao próprio erotismo, que permeia a obra e que através dela, delineia
ainda aquilo que há de mais horrível no Homem ao mesmo tempo em que abriga em
E ainda:
“Por que o tetrarca passa o tempo olhando para mim com os seus olhos de toupeira,
sob pálpebras trêmulas? É estranho que o marido de minha mãe fique olhando para
mim dessa maneira. Não sei o que significa isso. Na verdade, sei muito bem.”
do pai de Salomé por Herodes, que toma Herodias por esposa e posteriormente
supracitado incesto.
primeira demonstração do poder de persuasão que sua beleza impõe aos homens
ao seu redor.
urgência que as recusas e injúrias proferidas por ele são a força motriz de um
defende:
“ A posse do ser amado não significa a morte; ao contrário,
a sua busca implica a morte. Se o amante não pode possuir o ser
amado, algumas vezes pensa em matá-lo: muitas vezes ele
preferiria matar a perdê-lo. Ele deseja em outros casos sua própria
morte. O que está em jogo nessa fúria é o sentimento de uma
continuidade possível percebida no ser amado. (apud BATAILLE,
1987, p.15).
por acaso) sobre religião, política e violência no palácio (uma vez que todas estas
apesar da insistência de sua mãe para que não realize a dança dos sete-véus,
audiência: No início da peça identificada como um ser que faz alusão à pureza e a
dionisíacos.
bandeja de prata. Herodes por sua vez se amedronta com o pedido e tenta dissuadir
a princesa daquela ideia grotesca, oferecendo até mesmo metade de seu reino,
caso a princesa mude de ideia. Salomé insiste e enuncia: “É para meu próprio prazer
que peço a cabeça de Iokanaan numa bandeja de prata. Vós jurastes, Herodes. Não
esqueçais que fizestes um juramento” (WILDE, 2012, p. 21). E obtém por fim a
daquele homem a imbuíra de um desejo nunca antes despertado por qualquer outro.
enuncia “Tua filha é monstruosa; digo-te que ela é monstruosa. Na verdade, o que
ela fez foi um grande crime. Tenho certeza de que é um crime contra algum deus
que sente “amedrontador”. Antes de sair entretanto, uma réstia de luar ilumina a
cena de salomé com a cabeça do profeta e Herodes declara “Matai aquela mulher”
(p. 23), configurando-se nesta ação como o poder disciplinador (neste caso
Referências:
BARBUDO, Isabel. Prefácio. In: Salomé. Trad. Isabel Barbudo. Lisboa: Ed.
Estampa, 2000.
WILDE, Oscar. Salomé: Uma Tragédia em um Ato. In: Teatro Completo Vol. II.