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A ritualística divinizada do

torcedor futebolístico: Como seria um


olhar ateu sobre o esporte, a ideia e o
personagem.
Entre 520 e 530 A.C, após meditar abaixo de uma árvore, privando-se
de toda e qualquer comida que não caísse em seu colo - Consequentemente,
quase morrendo por uma profunda desnutrição. - Sidarta Gautama, o primeiro
Buda, desenvolveu a filosofia que chamou de caminho do meio, a ideia de
que o prazer e a elevação não se encontravam nos extremos. E, meditando
‘’pelo meio’’, de forma moderada e racional, Buda deu origem aos
ensinamentos que fundaram o budismo.
Por volta de 1760, o filósofo francês conhecido como Voltaire disse: ‘’O
homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último
padre.’’ Mentira, Voltaire nunca disse isso, a frase é erroneamente atribuída a
ele, por ter sido ele quem editou e foi responsável pela disseminação dos
trabalhos de Jean Meslier, um ateu francês voltado à prática clerical, como
padre, este sim que, originalmente, disse essa frase, mas eu precisava de
uma ponte para falar de Voltaire, uma das maiores mentes do iluminismo, e
uma das mãos que, sim, foram responsáveis pela forca de incontáveis reis e
padres, o último grupo com base numa das crenças de Voltaire,
posteriormente adotada por Robespierre, o incorruptível, líder da revolução
francesa, o deísmo. A crença de que nada que não a razão pode servir de
ponte entre deus e os homens. Cada rito religioso é uma prática inútil e
inócua no chamado ‘’Culto do Ser Supremo’’, fundado e estabelecido pelo
próprio Robespierre.
No 33º ano posterior a Cristo, Pôncio Pilatos condenara Jesus de
Nazaré à mais excruciante, cruel e humilhante das mortes que a máquina
mais poderosa da Terra, o império romano, podia oferecer, fundando, de certa
forma, a religião cristã.
No início do século 21, o movimento criacionista americano queria
tornar obrigatório o ensino da chamada Teoria Do Design Inteligente, uma
suposta teoria científica que contrariava o evolucionismo, os apoiadores da
causa diziam que, obviamente, deveria ser dada às crianças as ‘’duas
possibilidades’’, em resposta a isso, Bobby Henderson, um graduado em
física, publicou no ano de 2006 seu livro: ‘’O Evangelho do Monstro
Espaguete Voador’’. Uma terceira possibilidade e uma profunda sátira ao
pensamento criacionista, que fundou a igreja do monstro espaguete voador.
Enquanto isso, em algum lugar da Europa, durante o século 14, dois
times começaram a competir por uma bola que seria jogada entre duas
traves, fosse como fosse, o gol era o que importava naquele processo
destrambelhado e desregrado. Com o tempo, o esporte ganhou a cara e o
jeito da Britânia, que adotou-o, dando algumas regras mais sólidas ao longo
do século 19, com uma respeitabilidade muito maior ao jogo que passou a ser
feito entre universidades que discordavam entre si sobre as regras do jogo,
discordância essa que, em 1863, oficializou dois diferentes esportes: O
Rugby, onde as regras permaneciam as mesmas geralmente utilizadas, e o
Football, onde era exclusivo, como o nome bem dita, o uso dos pés para a
realização de pontos.
Assim, na Inglaterra de 1863, nasceu uma religião como tantas outras
que vemos brotarem ao redor do nosso mundinho dançante e abençoado
pelo bom deus.

Muitos colegas religiosos podem ficar estressados com a afirmação


anterior (Talvez até devam, teologicamente falando.), o que é plenamente
justo, é incomum a qualquer grupo social a prática básica da filosofia quanto
ao termo ‘’Religião’’, o que significa, enfim, essa palavrinha que tanto faz
parte do nosso dia-a-dia? Bom, eu odiaria fazer o papel de Wikipedia aqui,
até porque ela tem feito esse papel muito bem nos últimos tempos, portanto,
ao invés de definir inicialmente o que buscamos, extrairei algumas
características comuns a todas as religiões citadas nos parágrafos anteriores
e daí será possível uma investigação factualmente apurada e funcional, dito
isso, que comecem os jogos.

O livre budismo

A começar da mais antiga dentre as descritas, o budismo é a tentativa


de centenas de milhões de pessoas em alcançar o Nirvana, um estado de
elevação espiritual (Não literalmente espiritual), tornando-se, assim, Buda,
que significa ‘’Aquele que elevou-se’’. No caminho para esta elevação, os
budistas seguem, tão fielmente quanto lhes é possível, os ensinamentos de
Sidarta Gautama, o primeiro Buda. Ao contrário do que muitos pensam,
entretanto, o budismo, em grande parte, é uma religião quase nada
espiritualista. Mesmo o estereótipo da fé oriental sendo um careca que lança
raios pelas mãos ou que conversa com as almas do plano astral, a doutrina
mantém-se basicamente a mesma há mais ou menos 2500 anos, e ela nunca
incluiu, obrigatoriamente, o espiritualismo. O budismo original não narra em
uma linha sequer a alma, por exemplo, podendo um budista médio acreditar
que o homem é pura e simplesmente matéria vivendo em função de matéria
num mundo de matéria, e, inclusive, que ele é matéria criada apenas por
matéria, uma vez que o budismo também não pressupõe um criador, um dos
sutras iniciais da religião retratam uma cena em que um dos aprendizes
pergunta a Sidarta Gautama qual fora a origem do mundo, esse que,
silenciou-se, e ao ter a pergunta feita outra vez, apenas respondeu, no topo
de sua simplicidade: ‘’Há mistérios da existência que talvez nunca caiba ao
homem compreender.’’ Em outras palavras, Buda foi agnóstico antes mesmo
disso virar moda na Grécia antiga.
Piadas à parte, o que podemos extrair dessa análise leviana, eu
admito, do budismo, para o nosso estudo, é que uma religião não precisa de
características estritamente espirituais ou divinizadas. O budismo, em si só, é
apenas uma jornada em busca de elevação e paz, e a fé que constitui essa
jornada por si só é uma religião.

A verdade cristã

Em contraposição, o cristianismo apresenta todas as características


que citei que o budismo não apresenta, desde o espirtualismo, parte
fundamental do pensamento cristão, que divide o homem em carne, alma e
espírito, sendo o primeiro a forma material com a qual o homem exerce seus
sentidos e apalpa à divina criação, a alma uma ponte entre essa carne e o
espírito, uma parcela do Espírito Santo manifestado através do sopro do
próprio Deus nas narinas de Adão.
Além desse espiritualismo essencial na doutrina cristã, ela apresenta
outra característica absolutamente necessária para que ela exista, que é,
obviamente, o teísmo, a bíblia nos apresenta um Deus todo-poderoso que fez
os céus, a terra, o mar, a abóbada celeste, os animais, e, por fim, o homem.
Deu ao homem o livre arbítrio e, a partir desse livre arbítrio o homem
corrompeu-se, caiu em desgraça ao longo dos milênios, desfez à vontade do
criador, para que, no ano 4 A.C. Deus enviasse aos homens seu menino, um
cordeiro que sacrificar-se-ia no lugar dos filhos do pecado de Adão, um
menino que seria Deus e o Espírito em si, mas ainda homem, e que seria, no
desejo judeu de esmagarem os filhos da Babilônia contra a pedra, o
babilônico esmagado. Este foi Jesus Cristo.
Cristo é o centro de toda a doutrina cristã, ele é o salvador dos
pecadores, que, no maior ato de compaixão dentre todos, tomou sobre si o
cálice que cairia na humanidade. Ele é a verdade que libertará aos homens
citada em João 8 32: ‘’E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’’ A
palavra de Jesus, é, portanto, indubitável, desde seus mandamentos: Amai a
Deus acima de tudo e o próximo como a ti mesmo. Até os ensinamentos
dados a seus discípulos, um bom exemplo está na primeira carta de Paulo
aos coríntios: ‘’Sede meus imitadores, como também eu de Cristo’’ Paulo
ensina aos moradores de Coríntio que, sendo Jesus a única das verdades,
era este seu ídolo e que deveria ser a de todos os que pudessem senti-lo no
coração.
O cristianismo é, desde sempre, filho de Platão e do pensamento
platônico-aristotélico, a crença numa verdade única e imutável é marca
registrada dessa linha filosófica da Grécia clássica, fonte da qual o
cristianismo bebeu em largas goladas, afinal, toda a doutrina cristã
contemporânea acredita numa mensagem, uma mensagem de dois mil anos
de idade, passada por um homem para outros doze homens, e preservada
por infindáveis linhagens de outros tantos homens, utilizada como
instrumento de poder, feita em força política e social por mais que um milênio
e meio, e, mesmo assim, o cristianismo mantém sua fé no texto sagrado
imutável, sempre perfeito. Cada linha da palavra dita divina é creditada como
verdade, de tal forma, que, pode-se dizer que uma religião tão grande quanto
o cristianismo persevera acima de dois pilares: A verdade e a fé.
Por tal ótica, o relacionamento entre Deus e o homem, na tradição
cristã, pode ser dita como a prática filosófica no seu senso mais estrito: A
busca e o culto à verdade. Com a adição, em comparativo com a filosofia, da
fé que imbui toda e qualquer prática religiosa.

A metodológica ciência deísta

A França é, talvez, o país com a história mais delicada em relação à


própria religião, um inocente observador moderno mal imagina quantas
cabeças católicas rolaram em praça pública, graças à nova invenção da
época, a impressionante guilhotina.
O histórico francês é de uma grande onda de críticas à epistemologia
comum à época, que, obviamente, era católica apostólica romana, mas que
foi perdendo espaço para essas críticas enquanto a ciência inundava a
Europa. Cada descoberta punha o Deus cristão um pouco mais na ponta dos
pés enquanto a corda da forca jazia em seu pescoço, mas o puxão final não
foi dado pelos cientistas, e sim pelos filósofos. A racionalização do ser
humano foi um processo rápido e abrupto, que pôs em xeque a noção de fé,
afinal de contas, é irracional crer no incrível por pura emoção. Essa era a
conclusão filosófica da época, e essa conclusão gerou uma nova
configuração de relacionamento com o divino.
Ali iniciou-se uma teologia que não negava Deus, de forma alguma,
este foi um passo um pouco mais duro e doloroso, tomado por poucos desse
tempo, então, no lugar do ateísmo completo e sem sentido, o agnosticismo
racionalista foi adotado. O dever do teólogo era crer em um Deus compatível
com as ciências, um Deus estudado, argumentado, dissecado e conhecido.
Frutos desse tipo de religiosidade encontram-se ainda hoje, no meio
acadêmico, inclusive, já que nem de longe a maioria dos homens da ciência é
adepto ao ateísmo, ao contrário, são pessoas que seguem uma prática, por
mais que nem sempre religiosa, divinizada, pois, neles, como uma vez disse
Dostoiévski, há neles um vazio do tamanho de Deus.

Sátira à bolonhesa

Durante toda a loucura já narrada da luta judicial do movimento


criacionista para que o início do mundo narrado no livro de Gênesis, da bíblia,
fosse ensinado nas escolas, houve uma contraparte ateísta extremamente
nervosa com essa possiblidade, os times estavam armados, e a batalha
começou, durando alguns meses, até que, enfim, a primeira emenda
americana, responsável por separar o estado da religião, foi seguida, levando
à derrota da tentativa doutrinatória criacionista, nem por isso, entretanto,
todos os frutos dessa grande guerra se apagaram nessa época, esse é o
caso da Igreja do Monstro Espaguete Voador.
Bobby Henderson crítico à narrativa criacionista da época através de
uma sátira cruelmente bem humorada dele, o que se observa já na primeira
página do Evangelho do Monstro Espaguete Voador, onde há escrito: ‘’No
início havia a palavra, e a palavra era ‘’Arrrgh!’’ - Piratacus 13:7’’. Uma clara
referência ao versículo: ‘’No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
Deus, e o Verbo era Deus.’’ E é nesse tom bem humorado que segue a
narrativa de Henderson, que prossegue com críticas ácidas ao movimento
criacionista e ao cristianismo como um todo, desde os dogmas vagos do
evangelho, que são narrados da seguinte forma; ‘’O que nós defendemos?
Tudo o que é bom. E o que combatemos? Tudo o que não é bom’’ passando
por outras mais diretas, como a explicação dada no início do livro: ‘’Apesar do
pastafarianismo ser a única religião baseada em evidências empíricas,
deve-se deixar claro também que este é um livro baseado em fé, leitores
atentos notarão diversos furos e contradições ao longo do texto, eles até
encontrarão exageros e mentiras gritantes. Estes que foram colocados no
livro para testarem a fé do leitor.’’ Sendo essa uma paródia ipsis litteris do que
é dito por muitos teólogos menos consagrados sobre possíveis erros
encontrados na bíblia. Além do principal, as críticas da forma criacionista de
atacar a ciência, bem exemplificada nesse trecho: ‘’E embora seja verdade
que não temos nenhuma evidência empírica para apoiar essa teoria, tenha
em mente o precedente estabelecido pelos proponentes do Design
Inteligente. Não apenas evidências observáveis ​e replicáveis são necessárias
para incluir uma teoria alternativa no currículo, mas simplesmente fazer
buracos na teoria estabelecida pode ser suficiente. Nesse caso, a teoria da
gravidade estabelecida não faz menção à causa da força gravitacional;
apenas apresenta as propriedades dela. Espero plenamente, então, que esta
teoria da gravidade pastafariana seja admitida na ciência aceita com um
mínimo de bobagens burocráticas aparentemente desnecessárias, incluindo o
processo de revisão por pares.’’
Mas, o que para Bobby Henderson foi uma piada, virou uma religião
oficial. Milhares de pessoas ao redor do mundo crêem que irão a um paraíso
que é uma base de strip tease em um vulcão de cerveja onde estão todos
com a indumentária sagrada, as vestes clássicas dos piratas (É sério, é
exatamente isso que consta no livro), na Nova Zelândia, Polônia e Holanda o
pastafarianismo é legalmente considerado uma religião válida tal e qual todas
as demais, na Nova Zelândia, inclusive, pastafarianos têm o direito de
oficializarem cerimônias de casamento, que já chegaram a ocorrer no país.
Bobby Henderson chegou a comentar que ele próprio é ateu e jamais
esperaria que uma brincadeira chegasse tão longe, ao que a doutrina
pastafariana apenas responde com a própria escritura do Monstro Espaguete
Voador, que diz que Bobby Henderson foi um profeta usado para espalhar a
mensagem.

Conclusão herética

Agora que temos um conhecimento suficiente para os propósitos


apresentados, podemos prosseguir para a fase Wikipedia, que, infelizmente,
é inevitável. (Falar dessa forma faz quase parecer que não levei quase oito
horas de estudo e formulação de texto para finalizar essas cinco páginas
iniciais.)

Primeiramente, vejamos o que a própria Wikipedia tem a dizer sobre


religião para que a análise tenha algo no que nortear-se. Esta traz uma
definição grandinha, que, portanto, separarei em dois blocos que serão
dissecados logo após suas respectivas apresentações, dito isso:

Bloco 1

‘’A religião é geralmente definida como um sistema sociocultural de


comportamentos e práticas, moralidades, crenças, visões de mundo, textos
considerados sagrados, lugares santificados, profecias, ética ou
organizações, que geralmente relacionam a humanidade com elementos
sobrenaturais, transcendentais e espirituais; no entanto, não há consenso
acadêmico sobre o que precisamente constitui uma religião.’’

Tendo em vista essa definição, é muito importante lembrar-nos de uma


conjunção que muda completamente o sentido do que é dito: Ou. Afinal de
contas, apenas duas das quatro religiões aqui apresentadas têm todas as
características exigidas, o budismo, por exemplo, não apresenta quase
nenhuma delas, tendo apenas os textos sagrados, então não haver presença
de um desses elementos não é um fator especificamente excludente. Mas
pretendo exemplificar melhor nos próximos tópicos.

Bloco 2

‘’Diferentes religiões podem ou não conter vários elementos que vão


desde o divino, coisas sagradas, fé, um ser sobrenatural ou seres
sobrenaturais ou "algum tipo de ultimidade e transcendência que fornecerá
normas e poder para o resto da vida"
Novamente, o Ou marca presença no texto, o que nos possibilita olhar
exclusivamente para um ou mais aspectos, o escolhido da vez, será,
portanto, a fé.
A fé é, inegavelmente, a essência definidora de toda e qualquer prática
religiosa, nenhuma delas existiria senão com a presença da fé, mesmo as
religiões racionalistas deístas mantém-se apegados a fé, de certa forma,
porém com seu enorme desejo de racionalizá-la quanto for possível. Apesar
dessas tentativas, a fé continua sendo fé. Continua sendo, como ditei
anteriormente, a capacidade de se acreditar no inacreditável, mas não
apenas no inacreditável, como também no possível ou no provável, de
mesma forma, para exemplificar, furtarei uma historinha criada por Carl
Sagan.
Imagine você, leitor, que um vizinho vem correndo, esbaforido e com
um sorrisão no rosto, te dizer que há um dragão na garagem dele. Vocês vão,
animados, até a casa do seu amigo, chegando lá, você não vê nada na
garagem dele. ‘’Mano, cadê o tal dragão da tua garagem?’’ Você pergunta.
‘’Ele é invisível, mas está aqui.’’ Responde seu amigo. Então você sugere
jogar tinta no dragão, para que ele apareça, mas seu amigo diz que ele é
incorpóreo, você sugere medirem a temperatura do dragão, mas ele não
produz calor, e a cada possível método de medição, seu amigo nega que
vocês possam localizar o dragão. Você fica decepcionado, achando que seu
amigo está zoando com a sua cara, mas seu amigo, do fundo do coração
dele, acredita que há um dragão na garagem. Seu amigo tem fé.
Agora, vamos imaginar um outro exemplo: Mesma situação, seu amigo
te chama, mas ele diz que tem um terceiro mamilo que nunca mostrou pra
ninguém (E você nunca viu esse amigo sem camisa) isso é possível, é claro,
as possibilidades são minúsculas, mas existem, porém, mesmo assim, se
você acreditar no que seu amigo disse, você tem fé na palavra dele.
Terceiro caso: Novamente, seu amiguinho tem uma historinha pra te
contar, dessa vez ele não é muito criativo e apenas te diz que estava
passeando no quintal dele e pisou numa formiga. Isso é uma história fácil de
se acreditar, e você provavelmente vai, ao acreditar, você está, outra vez,
tendo fé na palavra do seu amigo.
Por último e nem por isso menos importante, sei que já deve estar
cansativo, mas vamos imaginar novamente que seu amigo te chamou, mas
dessa vez não é pra casa dele, muito menos pra garagem, ao invés disso, ele
te chama para um estádio de futebol, vocês vão assistir o Flamengo jogar, e,
mesmo não acompanhando tanto seu time, você tem certeza, do fundo do
seu coração, que ele vai ganhar esse jogo. Tens fé no seu time? A resposta é
sim.
O exercício da fé do torcedor futebolístico é presente em cada singular
torcida, afinal, digam as evidências o que elas quiserem, o torcedor
mantém-se firme na fé em seu time, e essa é a religião que constitui o corpo
e a alma do meu texto, não o esporte, é óbvio, o jogador é única e
exclusivamente um atleta trabalhando, ele é, inclusive, absurdamente
metodológico quanto à sua prática, ele conhece o campo, conhece os
jogadores e quer jogar para vencer. Ele não acredita em si, ele sabe. A
prática religiosa é presente, portanto, no torcedor e em como configura-se a
fé dele no seu time e no placar. É uma fé com fundamento numa mesma
coisa que une todos as religiões que citei: Amor. Incomparavelmente
diferentes tipos de amor existem citados aqui, e outros tantos sequer foram
citados, é claro, mas o amor que gera a chama de fé no coração do torcedor
é inegável, vê-se claramente o que é ensinado ao garoto que começa a
acompanhar os jogos ainda pequeno, com a família, e aprende qual o seu
time, aprende a felicidade da sua vitória e a tristeza da sua derrota, aprende o
amor. Assim como é o histórico do garoto no seu primeiro contato com a
verdade cristã, assim como um budista aprendeu esse amor enxergando-o
em si mesmo, assim como Robespierre um dia amou a prática do
pensamento, das ciências de Deus no céu, e assim como alguns loucos com
roupas de pirata e panelas de macarrão na cabeça aprenderam a amar a
diversão e a Vossa Macarronada. Dessa forma é feito o amor pelo futebol. E
daí nasce a grande reza do torcedor que, pulando, grita em amores pelo seu
time.

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