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Instituto
Arqueológico,
Histórico e
Geográfico
Pernambucano
REVISTA DO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PERNAMBUCANO - IAHGP
Número 72. recife, 2019. iSSN 0103-1945
CAPA: maNuel de oliveira lima com fardão de miNiStro PleNiPoteNciário do
BraSil juNto ao goverNo da veNezuela, 1907. acervo iaHgP.
EDITORES
BruNo romero ferreira miraNda (ufrPe/iaHgP)
george f. caBral de Souza (ufPe/cNPq/iaHgP)
REVISÃO
carloS alBerto aSfora (iaHgP)
CONSELHO EDITORIAL
aNtôNio jorge de Siqueira (ufPe/iaHgP)
BruNo auguSto dorNelaS câmara (uPe/iaHgP)
erNSt vaN deN Boogaart (iaHgP)
joSé luiz mota meNezeS (iaHgP)
marcuS joaquim maciel de carvalHo (ufPe/iaHgP)
oNéSimo jerôNimo SaNtoS (iaHgP)
YoNY de Sá Barreto SamPaio (ufPe/iaHgP)
CONSELHO CONSULTIVO
acácio catariNo (ufPB)
aNa lúcia do NaScimeNto oliveira (ufrPe)
aNtôNio Paulo rezeNde (ufPe)
BrodwYN fiScHer (uNiverSidade de cHigago)
carla marY da Silva oliveira (ufPB)
celSo de caStro (cPdoc/fgv)
daNiel de Souza leão vieira (ufPe)
giSelda Brito Silva (ufrPe)
joSé maNuel SaNtoS (uNiverSidade de SalamaNca - eSPaNHa)
maria âNgela de faria grillo (ufrPe)
mariaNa de camPoS fraNçozo (uNiverSidade de leideN - PaíSeS BaixoS)
rômulo luiz xavier do NaScimeNto (ufPe/iaHgP)
Scott joSePH alleN (ufPe)
SeveriNo viceNte da Silva (ufPe)
SuelY creuSa cordeiro de almeida (ufrPe)
welliNgtoN BarBoSa da Silva (ufrPe)
Número 72
Recife, 2019
DIRETORIA DO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PER-
NAMBUCANO – IAHGP PARA O TRIÊNIO 2019-2021
SUPLENTES:
ALÍPIO FERNANDES DURANS DA SILVA
HARLAN DE ALBUQUERQUE GADELHA FILHO
JACQUES ALBERTO RIBEMBOIM
ASSESSORIA ESPECIAL
ROBERTO CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE
ARTIGOS
ENSAIOS
DISCURSOS
Os Editores.
a quem Serviam aS aldeiaS coloNiaiS?
miSSõeS e ocuPação da américa PortugueSa
(PerNamBuco, Séc. xvi-xviii)
Resumo
To whom did the colonial villages serve? Missions and occupation of Portuguese
America (Pernambuco, 16th-18th century)
Abstract
do seu próprio resgate. A escravidão por resgate tinha, portanto, um tempo de-
terminado para ocorrer e impunha deveres àquele que havia realizado o resgate,
como proporcionar bom tratamento ao escravo, além de convertê-lo e civilizá-lo.
(PERRONE-MOISÉS, 2002: 123-124, 127-128; OLIVEIRA, 2014: 185-186).
duzida por Geysa Kelly Alves da Silva (2004: 106), que aqui foi
transformada em quadro.
Aldeia de Jacuípe
6 Dirceu Lindoso fez extensa lista sobre os grupos indígenas que, possivelmente,
fizeram parte do terço de Domingos Jorge Velho e de outros paulistas. “[…] os
jendoiz, os icós, os uriús, os arayés, os acumez, os jaicôs, os goaratizes, os cupi-
nharooz, os beirtés, os bocoreimas, os beiçudos, os rodeleiros, os acuroás, os
corsiâs, os lanceiros, os abetiras, os precatiz, os aroachizes, os carapotangas, os
aroquanguiras, os cupequacas, os cupicheres, os aranhez, o corerás, os aitetus, os
arûas, os goaras, os ubatês, os meatans, o alongases, os anassúz, os nongazes, os
tremembés.” (LINDOSO, 1983: 165).
7 A denominação “Guerra dos Bárbaros”, que ficou conhecida em alguns estudos
históricos, é uma referência direta à forma como as autoridades portuguesas pas-
saram a classificar as diversas guerras ocorridas entre índios e colonos entre os
atuais estados da Bahia e do Maranhão entre o final do século XVII e início do
XVIII (PUNTONI, 2002: 77-80).
8 Fala à Assembleia Legislativa das Alagoas pelo presidente da província, Antônio
Alves de Souza Carvalho. 15/06/1862 (ALMEIDA, 1999: 45-70).
Aldeia do Ararobá
Referências Bibliográficas
BARTH, Fredrik. 2000. “Os grupos étnicos e suas fronteiras”. In: O guru,
o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contra
Capa.
VIEIRA, Geysa Kelly Alves. 2011. “Entre perdas, feitos e barganhas: a elite
indígena na capitania de Pernambuco, 1669-1732”. In: OLIVEIRA, João
Pacheco de. (org.) (org.). A presença indígena no Nordeste: processos
de territorialização, modos de reconhecimento e regimes de memória. Rio
de Janeiro: Contra Capa.
WILLEKE, Frei Venâncio. 1969. “Missão de São Miguel de Una”. In: Revista
de História. São Paulo: USP. Nº 79.
Seamen: the daily life of the crew members on the vessels of the West India Company in
Dutch Brazil, 1630-1644
Abstract: This article aims to analyze the life on board of the Dutch
vessels of the West India Company (West-Indische Compagnie, WIC)
in Brazil, from their arrival in 1630 until the end of Nassau’s adminis-
tration in 1644. In addition to studying the social origins of the crew
who worked on WIC’s ships, we analyzed in what consisted the diet
on board, as well as the attitudes taken by commanders to maintain
hierarchy and discipline on the ships, the punishments imposed on
crew members, and how they behaved in the face of the dangers of
the seas and navigation, climate and naval battles.
Introdução
2 A política geral da WIC era determinada pelo Conselho Federal de Administração, os He-
ren XIX, o Conselho dos Dezenove ou Conselho dos XIX (DE ALBUQUERQUE, 2014:
129).
Dietas a bordo
com mais frequência pelo litoral para, além de prover as novas pos-
sessões com mantimentos, tentar capturar navios inimigos com ali-
mentos e bens que gerassem lucro para a WIC.3 Mais do que somente
patrulhar a costa, numerosas frotas saíam do Brasil, o qual virou
base de expedições predatórias da Companhia no Atlântico Sul em
direção às Antilhas e África, esvaziando os armazéns, pois teriam que
ser providas com os gêneros alimentícios guardados nesses locais
(MIRANDA, 2011: 119).
Como exemplo do abastecimento dos navios pelos armazéns, em
1635, o Comissário Crispijnsz. recebeu ordens da WIC para abastecer
cinco embarcações que sairiam em patrulha retirando provisões de
navios estacionados que ainda tinham provisões. Não foi informada
na documentação qual a localidade que estes navios iriam patrulhar,
se a costa do Brasil ou em outras regiões do oceano Atlântico (Dage-
lijkse Notulen, 21/04/1635: 71):
Hierarquia e disciplina
4 Tanto Richshoffer como Aldenburgk descrevem esses castigos, no entanto, foi escolhido o
texto do primeiro autor por estar mais atualizado em relação às regras gramaticais vigentes.
Senhores.
Para desobrigar-me dum dever quis, pela presen-
te, dar-vos conta do que ocorreu da minha viagem.
Como sem dúvida soubestes fui forçado a demorar-
-me cinco semanas na Inglaterra por causa do mau
tempo e do vento contrário; tendo me embarcado a 6
de Dezembro passado, prossegui na minha dita via-
gem até aqui (Brasil) com a possível presteza e sem-
pre com belo tempo e ventos favoráveis, não parando
em parte alguma a não ser na ilha de Maio, escala
prescrita, onde permaneci de 31 de Dezembro a 6 de
Janeiro e isto para fazer aguada e refrescar um pouco
as tropas (RIAP, 1902: 23).
5 Não é especificado o que vai ser construído, nem qual é o porto (SCHMALKALDEN,
1998: 156).
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
GLETE, Jan. 2002. Warfare at sea, 1500-1650: maritime conflicts and the
transformation of Europe. Routledge.
ISRAEL, Jonathan I. 1995. The Dutch Republic: Its rise, greatness and fall
1477-1806. Oxford University Press.
Resumo: Este artigo tem por objetivo tratar do escolteto, cargo presen-
te na administração neerlandesa da Companhia das Índias Ocidentais,
durante o período do Conde Maurício de Nassau como governador do
território conquistado. Tal cargo, que teve sua criação já no Regimento
do governo das praças de 1629, só foi instituído com a chegada de
Nassau em 1637, e deveria ser responsável pela aplicação da justiça e
pela manutenção da ordem pública no Brasil holandês, bem como por
fiscalizar, prestar queixas, acusações e presidir a Câmara dos Escabi-
nos, órgão que veio substituir as Câmaras dos vereadores do período
de colonização portuguesa. Contudo, aqueles que ocuparam tal cargo
foram alvo de diversas críticas e acusações presentes em diversas fon-
tes, como relatórios de conselheiros, crônicas escritas por portugueses,
nas atas diárias e nas atas da Assembleia Geral de 1640
The sheriff in the Nassovian administration – The cases of Johan Listry, Jan Blaer and
Paul Antonio Daems
2 No Regimento de 1629 já era prevista a criação do cargo do escolteto, mas não há registro
algum de que tal cargo tenha sido estabelecido no primeiro momento de domínio neerlan-
dês (1630-1636).
Cabo 1640
Arnout van Liebergen Alagoas 1639 1643
Cosmo de Moucheron Sirinhaém 1640 1645
De Roest Porto Calvo 1641 1641
Geraedt Craijesteijn Porto Calvo 1638 1641
Jacob Kien Alagoas 1642 1642
Jan Blaer Sirinhaém 1639 1645
Jan Hoeck Rio Grande 1644 1646
Jan Schaep Olinda 1639 1639
Johan Listry Itamaracá 1639 1654
Johannes Marichal Paraíba 1638 1639
Melchior Johannes Olinda 1639 1640
Staet
Paul Antonio Daems Igarassu 1639 1645
Maurícia 1641
IAHGP. Fundo José Higyno. Dagelijckse notulen.
3 Assistente do Comissário.
4 Uma tarefa equivalia à quantidade de cana que um moinho podia moer em 24 horas, sendo
assim, 80 tarefas de cana corresponderiam ao trabalho de 80 dias ininterruptos de moagem
no engenho. Para efeitos de comparação, para um partido de 40 tarefas, o lavrador neces-
sitava de no mínimo 20 escravos, de 4 a 8 carros para transportar e os animais para realizar
a entrega da cana de açúcar nos engenhos (WÄTJEN, 2004: 428).
6 Era dito que Pero Lopes de Vera era judeu, inclusive sendo retirado da lista de eleitores de
Olinda por esse fato (NASCIMENTO, 2008: 230).
8 Um vizinho da mulher acabou pagando a multa para ela, já que esta não tinha como fazê-
-lo
Referências Bibliográficas
ISRAEL, Jonathan I. 1995. The Dutch Republic: Its rise, greatness and fall
1477-1806. Oxford University Press.
MELLO, Evaldo Cabral de. 2010. O Brasil Holandês. São Paulo: Penguin
Classics.
Characterization of the mortar in the walls of the Church of Our Lady of the
Snows of the
Franciscan convent of Olinda
Aspectos históricos
3 Willeke, Frei Venâncio. Franciscanos na História do Brasil. Petrópolis: Vozes, 1977, pag.
04; Missões franciscanas no Brasil (1500-1975). Petrópolis: Vozes, 1974.
Recorro mais uma vez a Silva (2008) quando ele revela que:
4 Pereira da Costa, F. A. Anais Pernambucanos, Fundarpe, 1983, volume 1º, pag. 546.
5 Laet, Joannes de. História ou Anais dos Feitos da Companhia das Índias Ocidentais, Tra-
dução e notas dos Drs. José Higino Duarte Pereira e Pedro Souto Maior, Rio de Janeiro,
1916/1925. A estampa encontra-se entre as páginas 232 e 233. O desenho, que serviu ao
gravador, deve ter sido realizado entre os anos de 1630 e 1631, uma vez que apresenta a
Vila de Olinda ainda não incendiada e o povoado do Recife com armazéns incendiados
por Matias de Albuquerque. Não se sabe a autoria do desenho da gravura, mas se tem
comprovado a veracidade da representação.
6 Menezes, José Luiz Mota. Sé de Olinda. Coleção Pernambucana, Volume XXI, Fundarpe,
1985, pág. 77. “Problema maior residiu na capela-mor. Alteada, teve a sua abóbada destruí-
da e não se tinha ideia se originalmente seria de berço ou em cúpula. Baseado em descri-
ções orais, na gravura Marim d´Olinda e em foto de 1870, aproximadamente, o arquiteto
propôs cúpula sobre pendentes esféricos. Ao se removerem os rebocos foram encontrados
os arcos formadores dos pendentes esféricos, confirmando-se, então, a cúpula e o traçado,
ao quadrado da ousia, em composição nitidamente do Renascimento”.
7 Barleus, Gaspar. História dos Feitos Recentemente Praticados Durante Oito Anos no Bra-
sil, tradução de Claudio Brandão, prefácio de José Antônio Gonsalves de Mello, Prefeitura
da Cidade do Recife, Secretaria de Educação e Cultura, Fundação de Cultura Cidade do
Recife, Recife, 1980. O mapa que deve ter dado origem à gravura nº 9, do livro de Barleus, é
titulado, “Civitas Olinda”, e é de autoria de Georg Maggravius, executado em 1637 e 1644.
Existe também uma planta de Olinda desenhada por Vingboons, e inserta em um Atlas que
pertence ao Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano.
8 JABOATÃO, Antônio de Santa Maria. Novo Orbe Seráfico Brasílio ou Chronica dos Fra-
des Menores da Provincia do Brasil, impressa em Lisboa em 1761 e reimpressa por Ordem
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Volume II. Typ. Brasiliense de Maximiano
Gomes Ribeiro, Rua do Sabão N. 114, 1858/1859. Rio de Janeiro. P. 173/174.
Mota Menezes (1985) assinala que, nessa etapa das obras, inicia-
das no século XVII, acreditamos tenha se definido a galilé que, ori-
ginalmente, era aberta também para os lados, conforme foi possível
se observar quando se realizaram trabalhos de conservação no seu
forro artesoado. Em sua fachada de frente, encrustada a uma das ar-
cadas da galilé, encontra-se uma cruz de pedra com uma inscrição:
10 Bazin, em relação aos claustros, nos revela que: O espírito clássico está sempre presente
nessas graciosas sequências de arcadas que se apoiam sobre fustes elegantes. Um claustro
do século XVI, como o da casa dos irmãos terceiros de Arrabidos de Santarém (Portugal)
nos mostra onde os franciscanos do Brasil puderam buscar seus modelos. A disposição das
duas galerias, a alta e a baixa, é absolutamente idêntica. A evolução das formas arquitetô-
nicas desses claustros, todos semelhantes, se encaixa entre o de Ipojuca, cuja simplicidade
de perfis nos obriga a considerar como o mais antigo, e o de Penedo, como traz inscrita a
data de 1783.
Fonte: O autor.
Tabela 1- Resultado
8000 Argamassa
Q
7000
6000
Intensidade (u.a.)
5000
4000
3000
C
2000 Q
C Q
1000 QQ Q Q
CQ C Q
C C
Q C QC
0
20 40 60 80
Angulo (2θ)
14000 Q Reboco
12000
10000
Intensidade (u.a.)
8000
6000
4000
Q C
2000 Q
C Q
Q C Q Q
C QQ Q Q
C
0
20 40 60 80
Angulo (2θ)
16000
Q
14000
Tijolo
12000
Intensidade (u.a.)
10000
8000
6000
4000
Q
Q
2000 Q
Q
c Q
Q Q
Q Q
K
0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
Angulo (2θ)
Considerações finais
Referências Bibliográficas
TOLEDO, Benedito Lima de. 1983. “Do século XVI ao início do século
XIX: maneirismo, barroco e rococó”. In: ZANINI, Walter et al. (Coord.)
História Geral da Arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walter Moreira
Sales, Fundação Djalma Guimarães. pp. 89-319.
ANEXOS
ANEXOS
30
Revista do IAHGP, Recife, n. 72, pp. 93-137, 2019
31
32
136 Fernando Antônio Guerra de Souza
33
Revista do IAHGP, Recife, n. 72, pp. 93-137, 2019
Caracterização da argamassa das paredes da igreja de Nossa Senhora das Neves do
Convento Franciscano de Olinda
137
34
Rodrigo Cantarelli1
Introdução
O Neocolonial no Recife
Residência de Othon Bezerra de Mello, Avenida Rui Barbosa, 471. Acervo pessoal.
Residência na Rua Marquês do Amorim, 127, atual sede da Defensoria Pública de Pernambuco.
Acervo pessoal.
Considerações finais
5 Convém destacar que, para muitos arquitetos dessa geração, o Neocolonial representava
mais uma vertente estética, sem debates teóricos, a ser incorporada ao seu repertório arqui-
tetônico e usada como forma de agradar aos seus clientes. Arquitetos como Georges Mu-
nier e Giácomo Palumbo são uma prova clara disso, quando vemos, nas suas produções, as
mais variadas referências utilizadas de forma bastante livre.
Referências Bibliográficas
9 Manuel Antônio dos Passos e Silva, Barão de Tacaruna, por título imperial de 22.ii.1873,
olindense, juiz de paz da paróquia de sua residência, vereador e presidente da Câmara Mu-
nicipal de Olinda, onde era líder do Partido Conservador, suplente de deputado provincial
em duas legislaturas (1858 e 1861). Foi Capitão da 2ª Companhia do 1º Batalhão da Guarda
Nacional em Olinda, além de Tenente-Coronel da mesma Guarda. Comendador e Oficial
da Ordem da Rosa e Cavaleiro da Ordem de Cristo. Era sócio correspondente do Instituto
Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano - IAHGP.
10 Arquivo Nacional, cx. 928 – Negócios Eclesiásticos -Pac. 5 – docs. 154-167. Segundo os
Avaliadores do Conselho dos Prédios Urbanos e Rústicos, à época, as dimensões e estado
do dito terreno eram as seguintes: “(...) 556 palmos na sua frente, que deita para o pátio ou
confins do dito Convento; 598 palmos de fundo do lado do Oeste, principiado do oitão da
Ordem Terceira, em seguimento à Capela Mor até os alicerces do muro do lado da praia;
1.140 palmos, do lado do sol, principiando do fundo do sobrado do Pátio de São Pedro
Apóstolo, pertencente aos herdeiros do falecido Silva Neves; o qual faz uma curva que cor-
ta todos os quintais do mesmo pátio da rua do Paço do Casteliano, e, daí, em seguimento
do muro do Tenente-Coronel Manoel Antônio dos Passos e Silva até os já mencionados
alicerces, e 665 palmos do lado da praia que olha para o mar; o qual terreno apenas conten-
do 4 pés de coqueiros, um pé de cajazeira, avaliamos o dito terreno em 34 mil réis, o que
assinamos em fé da verdade. Cidade de Olinda, 27 de julho de 1852”.
11 Maço de papéis avulsos sobre “engenhos centrais e usinas”, não catalogado, existentes no
Arquivo Público Estadual de Pernambuco (APEJE).
12 Conforme dado fornecido ao autor por Rubem Leite, ex-diretor da Fábrica Tacaruna, que
mandou realizar a medição da referida chaminé.
13 A Província – PE, 25.x.1891, p. 1 e 2; Jornal do Recife, mesma data, p. 2; Diario de Pernambuco,
idem, p. 2.
. Imóveis 103:590$000
. Aparelhos e Máquinas 428:326$600
. Privilégios e benefícios 100:000$000
Vê-se que, mesmo com a entrega da Usina Beltrão, Cunha & Gou-
veia ainda eram credores da Companhia Açucareira que, sem pa-
trimônio, crédito e apoio financeiro, teve de ser liquidada, decisão
tomada na última assembleia da sociedade, ocorrida em 20 de junho
de 1899, extinguindo-se, com isso, os esforços de quase uma década
de existência.
Por trás daquela aquisição estava Delmiro Augusto da Cruz Gouveia
que vislumbrou, na Usina Beltrão, um ótimo negócio, já que tinha a
indústria açucareira como o sustentáculo da vida econômica regional.
Delmiro, de rara inteligência, tino comercial aguçado e imenso
dinamismo, cedo enveredou no ramo empresarial, no Recife: pri-
meiro como negociante de algodão, depois, no de couros e peles de
animais. Tornou-se representante de um grande curtume norte ame-
ricano – Keen Sutterly & Cia – para, em seguida, estabelecer com o
inglês J. Clemente Levy a firma Levy & Delmiro, destinada a negociar
com couro, sobretudo o de cabra. Assumiu, posteriormente, o em-
preendimento com a denominação Delmiro & Cia., juntamente com
o diretor gerente do Banco de Pernambuco, Antônio Carlos Ferreira
da Silva. Encampando concorrentes, financiando criadores do sertão
e entabulando vendas para empresas americanas, viu, rapidamente,
progredir seu patrimônio, chegando a ocupar a presidência da Asso-
ciação Comercial do Estado. É nessa época que forma sociedade com
José Maria Carneiro da Cunha e, juntos, adquirem a Usina Beltrão.
Delmiro estava disposto a recuperar o empreendimento açucarei-
ro, tanto que adquiriu da França, Inglaterra e Alemanha novos ma-
24 Livro de Notas nº 228, fl. 16v/19v. do tabelião Manoel T. dos Reis Campelo (hoje, incor-
porado ao 1º ofício de Notas da Capital /Recife/PE).
25 Livro nº 141, fls. 8/17 do tabelião Adalberto Eugênio Maçães (hoje, incorporado ao Car-
tório Ivo Salgado).
26 Escritura de Compra e Venda, Livro nº 573, fls. 1v/11v, Cartório Hélio Coutinho.
27 Diario de Pernambuco, 17.ix.1985, p. A-10.
29 Idem.
Referências Bibliográficas
Fontes Primárias
Livro de Notas nº 228, fl. 16v/19v. do tabelião Manoel T. dos Reis Campelo
(hoje, incorporado ao 1º ofício de Notas da Capital /Recife/PE).
Província, A – PE (25.x.1891).
Luiz Barreto1
Santos Dumont faz ascensão com o balão Brazil no Jardin d’Acclimatation em Paris.
Foto do acervo do Musee de l’Air et de l’Espace, MA39568.
Santos Dumont voando no balão n. 10. Cartão postal da Editora LL, Paris.
música do 2º batalhão.
No hotel de Londres estava um moço baixo, magro,
muito parecido com Santos Dumont.
- É ele, gritaram diversas pessoas. Viva Santos Du-
mont! Viva Santos Dumont!
E o levaram de rojo, em passeata, aclamando-o deli-
rantemente.
Na Rua Primeiro de Março o mestre de uma banda
chegou-se a ele, comovido pelo entusiasmo e lhe ofe-
receu um ‘dobrado’:
- Mas, mestre, eu não sou Santos Dumont...
E o mestre da música duvidou, julgando que Santos
Dumont estivesse fazendo pouco a sua oferta.
Não se tratava, com efeito, do querido aeronauta; era
um moço auxiliar do comércio, que fora tomar uma
cerveja no Londres e viu-se assim, graças a ser pa-
recido com Santos Dumont, alvo de manifestações
populares, durante um bom quarto de hora, porque
raspou-se: quisesse ele e talvez a esta hora ainda fos-
se tomado pelo rei dos ares, sem nunca ter subido em
um balão nem nada”.
Referências Bibliográficas
Mas tudo isto vem a propósito dos 108 anos desta Universidade
que ora celebramos. Poderia parecer um tempo curto para que uma
Instituição de ensino e pesquisa fosse tão reconhecida nacional e
internacionalmente. Mas não o é. Exatamente pelo lado positivo do
manejo do binômio tempo & espaço. Pois, ao avaliarmos uma Ins-
tituição de tal grandeza é imprescindível inserir outros parâmetros,
além do seu caminho secular e luminoso, como: a qualidade e uti-
lidade do que faz e a interconexão com as congêneres. A pesquisa
compartilhada multiplica os resultados. A mobilidade e o intercâm-
bio discente alargam os horizontes. A superação do enclausuramen-
to pela cooperação gera um enriquecimento docente inigualável
o que não se cogitava no passado quando cada um pensava que
dominava completamente, do cimo da sua cátedra, todo o conheci-
mento na sua área.
Esta Universidade se adequou aos novos tempos e correspon-
deu com resultados palpáveis aos desafios atuais – os prêmios ora
concedidos são a prova disto! Parabenizamos efusivamente o Reitor
desta Casa, todos os dirigentes que formam a sua equipe – numa
real congregação de professores, alunos e funcionários em torno
dos mesmos objetivos. É assim que se contribui para um mundo
melhor onde os compromissos com o todo superam o individualis-
mo e o personalismo. À Universidade do Porto os cumprimentos e
a admiração de todos nós.
Mas, apesar de tantos desafios do mundo pós-certezas, há algu-
mas PERMANÊNCIAS posto que inerentes à natureza humana, como
– os SENTIMENTOS. E é, sobretudo, o sentimento que me move
nesta hora. Venho do Recife, cidade irmã do Porto, geminadas não
só por deliberação dos seus dirigentes há 35 anos, mas por vontade
de sua gente, desde sempre. Isto muito se deve à proveniência do
Norte de Portugal, da maioria dos portugueses que foi se plantar no
Recife, em Pernambuco. Usei propositadamente o verbo PLANTAR,
não disse se estabelecer, nem mesmo residir. Porque plantar é criar
raízes, é crescer, é dar frutos, inserir-se no ambiente com harmonia,
identificando-se plenamente. E vejam como uma palavra explica e
mostra a diferença. Quando nos referimos aos italianos ou japoneses
em São Paulo, dizemos que há uma grande Colônia Italiana, com
bairros quase exclusivos ou que a Colônia Japonesa comemorou há
baixas que ligam lugares e pessoas, como não estariam unidas por
suas Universidades?
E esta identificação que fortalece os sentimentos e os saberes, há
24 anos, dentro dos sonhos de alguns, levou a que se buscasse uma
rota inversa, criando uma Casa de Pernambuco na Universidade do
Porto. Projeto arrojado, grande entusiasmo no momento da Pedra
Fundamental. Mas, com o passar do tempo, mudaram os dirigentes e
a percepção do empreendimento; deterioraram-se as condições eco-
nômicas da nossa parte. E o Projeto teria caído no esquecimento se
não fosse a obstinação e o altruísmo do empresário Zeferino Ferreira
da Costa que tomou a si o encargo de concluir a obra.
Agora temos a Casa prestes a ser inaugurada. E há um excelen-
te projeto para a sua utilização e gestão, traçado pela competente
equipe do Reitor Antonio de Sousa Pereira. Embora se guarde a alma
original de Casa de Pernambuco, e assim o será, é de se ampliar o
seu escopo para abarcar um sonho maior e mais ambicioso, de tor-
ná-la um espaço compartilhado e dedicado à nossa mãe comum, a
LINGUA PORTUGUESA. Temos a consciência de mais esse grande
feito de espalhar o nosso idioma por todos os quadrantes da terra, e
que nós brasileiros contribuímos com 220 milhões de falantes. A Casa
será mais um ponto de estudos e difusão da unidade na diversidade
da nossa cultura lusófona. Os nossos autores, antigos e modernos, a
nova produção literária que vem se destacando por sua boa qualida-
de, tornar-se-ão mais acessíveis em livros físicos ou por outras mídias.
Será um espaço para a troca de saberes, de sonhos e de consolidação
de um legado. E assim, virá ao encontro do nosso destino comum -
que a LINGUA PORTUGUESA, como o MAR, nos unirá para sempre.
*
Dentro dessa perspectiva dos limites, escolho uma polêmica his-
tórica resultante desta questão dos limites, o território, que durante
os tempos coloniais se tornara a ‘terra de ninguém”, uma cartografia
semovente, o território entre a freguesia de Taquara e Goiana; (onde
o limite: rio Goiana ou Abiaí?). Território maleável na expansão da
cana e das atrocidades contra nossos ancestrais nativos, com o fim
da capitania de Itamaracá, cujos limites interioranos frágeis, baseados
em contratos orais, tipo légua de beiço, para amatutar a cultura práti-
ca, levou estas querelas, no fisco, a controvérsias e a pequenos con-
flitos fiscais, chegando uma povoação a ser dividida em duas cidades:
Pedras de Fogo e Itambé; outra em dois territórios, cidade e distri-
to: Juripiranga (de meus ancestrais maternos), Paraíba, e Ibiranga,
Pernambuco. Território tão movediço, de tal forma, que a primeira
manifestação de pensamento livre surgiu, exatamente, neste enclave,
o Areópago de Itambé (ou de Pedras de Fogo? – Quem faz a Histó-
ria? Ou: os Geógrafos também fazem História). O fato é que, até a
partilha das terras da capitania de Itamaracá (com sua dissolução em
1756), como acentuou o confrade do IHAGGO, Dr. Josué Sena, entre
Pernambuco e Paraíba, Pedras de Fogo, que pertencia à Capitania de
Itamaracá, ficara sob jurisdição de Goiana. Se à época do Areópago,
não havia Itambé e, sim, Pedras de Fogo (já que Itambé – municí-
pio? - seria fundado por volta de 1860), então seria construção de
geógrafos, homens designados pelas duas províncias para ratificarem
e retificarem os limites, pergunta-se: a que Capitania/Província per-
tenceu o Areópago? O lugar do Areópago de Itambé (1796) teria sido
edificado em território pernambucano ou paraibano? Foram os geó-
grafos que, já dividiram o município em dois, arrastando ‹a primeira
loja maçônica› para PE, ou ‹naturalmente›, já era território da nossa
capitania? Questões lançadas para futuras digressões.
*
Apresento-me a esta Casa, senhoras e senhores, numa curta bio-
grafia, como historiador. Como antes, dedicara minha dissertação de
Mestrado, volto a fazê-lo: ao agricultor, Manoel Camilo de Melo que,
na época das estiagens, descia dos roçados em Itabaiana e, a pé com
parentes e amigos, a procurar emprego nos canaviais de Pernambu-
letra do seu hino. Durante esse tempo, pude publicar algumas rese-
nhas críticas de história e de cultura, no Diário de Pernambuco, cau-
sando polêmicas com réplicas e tréplicas e fazendo crítica de cultura,
como me saudou o grande Jommard Muniz De Brito.
Na opção que fiz pelo ensino federal, em Campina Grande, brin-
cando, costumo dizer que voltei à Paraíba para pagar meu tributo, já
que descendo de paraibanos. Campina me acolheu muito bem, esta-
beleci família, fiz largos círculos de amigos e passei a colaborador da
imprensa, onde produzi mais de mil artigos, embora poucos de valor.
Para coroar a carreira acadêmica, tentei um doutorado na Inglaterra
que, por razões superiores, particulares e políticas (o presidente Collor
havia fechado a instituição de minha bolsa, a CAPES), não podendo
defender em Londres, a não ser a ‘qualify’, tendo concluído, na UFPE,
em 2000, com a tese: “Modernização e Mudanças: O Trem Inglês nos
Canaviais do Nordeste (1852-1902). Hoje, livro editado pela CEPE.
A experiência inglesa foi a mais alta etapa cultural de minha vida,
não só por visitar França, Portugal, Alemanha e Grécia, mas e, prin-
cipalmente, porque adorava ler os suplementos literários ingleses.
E, mais importante ainda, uma guinada em minha identidade, me
descobri latino-americano, ao conviver com gente do México, Gua-
temala, Colômbia, Peru, Porto Rico, Espanha, me dando a oportuni-
dade de praticar mais uma língua. Aí, também começaria meu desen-
canto com o socialismo, ao conhecer, através de colegas europeus,
a realidade da repressão, que, já estava em Soljenintsin e depois
corroborada por Milan Kundera, de quem fiz resenha em jornal.
Importante também por ter entrado em contato com intelectuais
estrangeiros, entre eles Eric J. Hobsbawm, a quem tive a ousadia de
entrevistar junto com outro amigo; conheci de vista intelectuais cuba-
nos, tanto os favoráveis como os críticos do regime. Mas, nada pode
se comparar aos ambientes de pesquisas, como Museu Britânico e
a British Library, bem como frequentar um dos melhores arquivos
públicos do mundo, o Public Record Office e. Estes, pois, senhoras e
senhores, são os meus créditos, ao adentrar tão honrosa Casa!
*
Nos meus estudos da História, havia e, sempre, há o destaque
de Goiana e dos goianenses, desde os tempo das refregas contra os
holandeses, até a luta entre os habitantes e lideranças de Vila Velha
e de Goiana, para ser cabeça de Capitania de Itamaracá, passando
por respingos similares aos da Guerra dos Mascates. Depois, a luta
pela emancipação do jugo colonialista, desde o Areópago de Itambé,
com Arruda Câmara, até 1817, e a Junta de Goiana que, em breve, vai
completar seu bicentenário, em 1821; voltariam os goianenses, de um
lado, pela Confederação do Equador, enquanto que a luta popular,
estranha às elites e até contra elas, levou Goiana ao foco do quilom-
bismo do Catucá, na figura do lendário Malunguinho e tantos outros
líderes pela liberdade e terra. Goiana tornou-se adulta nessas lutas e,
hoje, dá lição de História, embora tenha de estar atenta ao seu patri-
mônio e à sua identidade frente ao fenômeno da globalização. Salve,
Goiana, dos malunguinhos e caboclinhos, do sangue derramado em
favor da libertação do colonialismo e por sua afirmação municipal!
Salve, Goiana!
Ricardo Leitão2
1 Texto lido na ocasião pelo jornalista Ricardo Melo, Associado Honorário do IAHGP e
Diretor Editorial da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).
2 Jornalista. Associado Honorário do IAHGP. Presidente da Companhia Editora de Per-
nambuco (Cepe).
224 Ricardo Leitão
das pela Cepe, durante o ano de 2017, como parte das comemorações
dos 200 anos da Revolução Republicana de 1817, trabalho coordenado
pela Comissão do Bicentenário, com a participação do Governo do
Estado e instituições representativas da cultura e da memória pernam-
bucana. Assim, a chamada “Revolução das Revoluções”, movimento
antecipador da Independência, em 1822, ganhou novas interpretações
com a valiosa contribuição de associados deste Instituto.
Foi, igualmente, a relação cooperativa com o IAHGP que possi-
bilitou à Cepe, em 50 anos de existência – completados em 2017 –
lançar cerca de 200 livros sobre a História de Pernambuco – temática
que lhe é especialmente cara. O último deles, a reedição do clássico
de Gaspar Barléu, “História do Brasil sob o governo de Maurício de
Nassau”, cuja primeira edição é de 1647.
Agradecemos o gesto de todos e, de modo especial, ao Presidente
George Cabral, cuja brilhante gestão se conclui neste ano. Foi ele o
tecelão dos firmes laços que estreitam a relação entre o IAHGP e a
Cepe, empresa pública que dirigimos.
Temos certeza que essa parceria só irá crescer na presidência do
advogado Sílvio Tavares de Amorim, a quem saudamos nesta soleni-
dade. Estendemos nossas saudações aos atuais associados e damos
boas- vindas aos que hoje tomam posse.
****
A segunda questão, que pedimos licença para encaminhar, é uma
avaliação sobre os destinos históricos do Brasil. Não se trata de pro-
posição de um debate partidário. O IAHGP nunca foi um fórum para
tal tipo de discussão. E sim o reconhecimento de que o País inicia, em
2019, uma nova era, liderada por um governo liberal na economia,
conservador nos costumes e populista na política. Uma mistura inédita.
Qual o destino histórico que nos aguarda e aguarda as próximas
gerações de brasileiros e pernambucanos? As turbulências recentes
na política e na economia ainda são motivos de apreensão para todos
nós. A crise fiscal e a polarização partidária perduram.
Perigosamente, reitera-se que, caso a pacificação não seja logo al-
cançada, a democracia – pela qual tantos lutaram – estaria ameaçada.
Para evitar tamanho retrocesso, o poder da maioria teria então de
ser imposto, ao custo do sacrifício e sufocamento dos que compõem
anos à frente.
Honrados com nossa incorporação ao Colegiado do IAHGP, agra-
decemos a todos pela atenção.
Muito obrigado.
2 Na verdade não há repetição do registro verbo ad verbum, pois o registro citado n° 180, é
muito mais completo do que este e não se refere a Nicolau Tavares de Mello, e sim, a seu
irmão Capitão João Tavares de Mello. Ao invés da mensagem de alerta “Repetição por en-
gano. Veja-se n° 180, pag 114”, é correto “Veja-se n° 071, pág. 48-50; e n° 075, pág. 57-58.
“208. Diz D. Maria Elena Pessoa de Mello, que para bem de seu
direito precisa que qualquer tabelião a quem aprezentar a escriptura
de venda que fez Manoel Vas, a Jorge Camello do Engenho Monteiro,
da invocação, San Pantaleão, lhe certifique o seu theor; e para o que
pede ao Illmo Sr Dr Juiz de Direito do cível seja servido mandar passar
a certidão, requerida; do que receberá mercê. Certifique. Recife 7 de
dezembro de 1847. Silva Neves. Guilherme Patricio Bezerra Cavalcan-
ti, Tabelião público de notas, nesta cidade do Recife de Pernambuco,
e seu termo, por sua magestade o imperador a quem Deus guarde.
Certifico que por parte da supplicande me foi apresentada a escriptu-
ra de que faz menção e pede por certidão na petição supra, cujo
theor é da forma e maneira seguinte. Escriptura. Saibão quantos este
publico instrumento de venda e obrigação virem, que no anno do
Nascimentode Nosso Senhor Jesus Christo de Mil e quinhentos seten-
ta e sete, aos cinco dias do mez de dezembro, do dito anno, nesta
Villa de Olinda da Nova Luzitania, partes do Brasil, de que é Capitão
e Governador o Sr Duarte Coelho de Albuquerque, por El Rei Nosso
Senhor. Na rua desta Villa, nas casas de Morada de Henrique Leitão,
em presença de mim Tabelião Público, ao diante nomeado, e das
testemunhas ao diante escriptas, aparecerão partes, a saber: Manoel
Vas, morador na cidadedo porto estante nesta Villa, senhorio do En-
genho Invocação do São Pantaleão, que eu tabelião conheço, de uma
parte, e da outra Jorge Camello, morador nesta Villa de Olinda, e logo
pelo dito Manoel Vas foi dito que elle em seo nome e de sua mulher
Izabel Rodrigues, moradora na cidade do porto de que se obrigou a
dar sua outhorga dentro de seis mezes primeiros seguintes, vendia e
ora dava de venda deste dia para todo sempre ao dito Jorge Camello,
e a sua mulher Izabel Cardoza, o dito Engenho que estar no termo
desta Villa moente e corrente, com todas as casas do dito engenho, e
de caldeira, cobertas de telhas com seis caldeiras assentadas, e quatro
taxas, tres assentadas e uma bacia, e assim mais todos os cobres miú-
dos e necessarios; e assim uma caza de purgar de duzentos e cin-
quenta palmos de comprido, e quarenta de largo, coberta de telha,
com sua casa de pilheiras, sem furos, nem correntes; assim mais lhe
dava quatro milheiros de formas e quinhentos sinos; e assim lhes dá
a terra em que esta o dito engenho situado com toda as mais terra
que se achar da hida do dito engenho Sam Pantaleão para a banda
do mar ate dar no marco que esta no caminho que vai desta Villa e
toda a terra que se achar ser do dito Manoel Vaz, daseidada3 para o
marco, e assim para uma banda, como para a outra, ate onde chega-
rem as dadas como as tem por suas cartas que logo entregou a elles
compradores, assim lhe da a matta que tem João Malheiros de traz
dos oiteiros aonde lhe cahir, ou outra tao boa como ella, e assim mais
lhe da a terra que tem na varzea de Capibaribe que esta dada a par-
tido a André Gonçalves com todos os canaviais que deu dito André
Gonçalves, e Matta, e obrigação, a qual terra e maes se fará esta safra
que vem, somente nos Apipucos e no fim da safra ficará a obrigação
e terra, e canas aos ditos compradores com obrigação que o dito en-
genho tem a André Gonçalves, a qual elle Jorge Camello, comprara a
qual terra da Varzea te a do caminho que vai de casa de Henrique
Leitão para a casa de Luiz de Figueirôa de maneira que toda a terra
que se achar ser do dito Manoel Vaz deste caminho que vem de casa
de Luiz de Figueirôa para a casa de Henrique Leitão, ate vir contestar
com a terra de Francisco Mendes Loronha que ouve de Luiz Pirez;
toda esta terra que se achar lhe dá; com obrigação que um canaviá
que dentro na dita terra estar de Simão Vaz irmão de Manoel Vaz ti-
rará4as novidades que o dito canaviá der, e depois ficará a terra a elle
comprador; e assim será obrigado a lhe fazer a elle Simão Vaz as ditas
canasde meias, em quanto durarem; dando elle dito Simão Vaz ame-
tade das terras, e a cana toda cortada no canavial e assim lhe vende
mais quarenta peças de escravos machos e femeas, convem a saber
quinze de Guiné, e vinte cinco da terra em que entrão meia duzia de
Officiaes de Engenho e assim mais vinte juntas de bóis, convem a
saber, quinze manços e cinco novilhos, com dez carros; e o dito Ma-
noel Vaz se obrigou a dar o dito Engenho acabado moente e corren-
te, com as couzas atras declaradas no mez de setembro de setenta e
oito (ano, 1578) annos, e que faltando ao tempo que hé obrigado a
dar o Engenho preparado, faltando alguma cousa por faser se avalia-
ra e que for; e elle Manoel Vaz lhe pagará para o que elles compra-
dores o mandem fazer e acabar e assim se obriga elle Manoel Vaz a
dar a sudada segura pela primeira safra e dali em diante correrá o
risco delle comprador, o que tudo isto atráz declarado, lhe vendia por
preço e quantia de vinte mil arrôbas de assucar branco bom, e de
receber como de mercador a mercador, pagar na maneira seguinte;
convem a saber , duas mil arrôbas de assucar cada safra, que se co-
messarão deste setembro de setenta e oito annos(ano 1578) em dian-
te, convem a saber mil arrobas em dezembro do dito anno, e outras
mil em Março de setenta e nove annos (ano 1579) e por esta ordem
lhe hirá fazendo os pagamentosaté se acabarem que será dentro em
dez annos, que são dez safras que se acabarão na era de oitenta e
nove (ano 1589), no mez de Março que fazem as ditas vinte mil arro-
bas de assucar, que sahem duas mil arrobas de assucar cada safra o
qual assucar será do que se fizer no dito Engenho (branco) e de re-
ceber de mercador a mercador, e por assim ser, dava o dito Jorge
Camello por metido de posse do dito Engenho, terras, escravos e
boiada, para que seja seu de hoje para todo sempre, e que por esta
carta e sem mais Juiz nem justiça nem authoridade de Juiz possa to-
mar, e tome posse de toda a dita fazenda atraz declarada, raiz moveis
simoventes, que de hoje por diante lho há por metido de posse de
tudo e desiste de todo o direito Senhorio, acção real e pessoal que na
dita Fazenda tinha e por qualquer titulo, e nome que seja e tudo tras-
passava e cedia nos ditos compradores de hoje para todo sempre
para que seja para elles, e para todos seus herdeiros ascessores e
sucessores, ascendentes e descendentes e para todas as pessoas que
delles as houverem, a qual posse se abrigão sempre ter e manter, li-
vrar defender de quaes quer pessoas que lhe demandem, embar-
guem em parte ou em todo em juízo, ou fora delle, com obrigação da
mesma fazenda, e de todos os seus bens moveis, e de raiz havidos, e
por haver, e pelo dito Jorge Camello foi dito acceitava a dita venda
pelo dito preço e quantia, e se obrigava a pagar as ditas vinte mil
arrobas assucar, ou a seu certo recado nos tempos atrás declarados,
e se dava por entregue da escravatura e boiada e por impossado da
dita fazenda e obrigava seus bens moveis, e de raizhavidos e por
haver e a mesma fazenda a fazer os ditos pagamentos, e o dito Ma-
noel Vaz disse que transpassava os ditos pagamentos; e logo foi re-
querido por mim Tabellião a Graviel Daniel, procurador do Sr. Duar-
te Coêlho de Albuquerque, Capitão e Governador desta Capitania, a
quem o dito Engenho é foreiro a quatro por cento de todo o assucar
que nelle se fizer, se queria o dito Engenho pelo tanto para o Sr. Go-
vernador, e por elle foi dito que não, e somente que lhe pagasse sua
quarentena, e se deo logo por pago della por um assignado que elle
fizera e o dito Jorge Camello se obrigou a pagar o foro e pensão da
qui em diante ao Capitão e Governador desta Capitania, assim e da
maneira que o dito Manoel Vaz era obrigado, e ouve o dito Manoel
Vaz por desobrigado delle, e o procurador do dito Governador accei-
tou ao dito Jorge Camello por foreiro assim, e da maneira que o era
o dito Manoel Vaz, e declarou elle dito Manoel Vaz vendedor, que das
primeiras quatro mil arrôbas de assucar das primeiras duas safras
davão por quite e livre dellas aos ditos compradores, por se obriga-
rem por elle vendedor as paguem a Diogo Fernandes Camaragibe
por lhas dever elle dito Manoel Vaz, e que as deseceis mil arrobas
restantes se obrigavão elles compradores a pagarem a elle Manoel
Vaz, como atráz fica declarado. Em testemunho de verdade assim o
outorgarão e que desta nota lhe serão dados os translados que lhes
convierem, e o dito Manoel Vaz, se obrigou tanto que veis procura-
ção de sua5 outorga, sendo presentes por testemunhas Antonio Bar-
balho, Diogo Fernandes de Camaragibe, e Antonio Malla, moço da
Camera por El Rei Nosso Senhor, todos moradores estantes nesta
Villa, e eu Jorge Gonçalves Tabelião o escrevi = Jorge Camello = Ma-
noel Vas = Antonio Malla = Diogo Fernandes = Antonio Barbalho =
Graviel Daniel, e eu Antonio de Abreu, Tabelião Público de Notas
nesta Villa de Olinda e seus termos por sua magestade. Que esta es-
critura de venda fiz transladar do livro de notas do meu antecessor
Jorge Gonçalves, ao qual me reporto, e o subscrevir e assignei em
público6. Nada mais continha em dita escriptura que eu tabelião abai-
xo assignado fiz extrahir por certidão do trasladodos Autos de Libello
em que letigaram no anno de (1593) como autor Fernão Martins e
sua mulher Maria Gonçalves Rapouza Senhores do Engenho São Pan-
taleão, e como réos Leonardo Pereira e sua mulher, senhores do En-
genho Apipucos, por este privar de cahir no assude da quelle enge-
5 Entre linhas está escrito: “mulher a dar sua”. Na pauta esquerda está escrito: “Diz a emen-
da: mulher a dar sua outorga...” o amanuense João de Azevedo Soares Filho
6 Na pauta esquerda está escrito: Certidão do Libello de Fernão Martins contra Leonardo
Pera.
7 Existe algumas divergências entre os dois registros (nos 087 e 230), por isso mantivemos a
transcrição deste de n° 230. Entre as divergências e ausências de palavras, podemos citar:
o dia, horário e local da cerimônia, e o nome do procurador.
que é o vallor por que está empenhado reto aberto, e por que faltão
quatro peças dos ditos escravos para complemento das differentes
dez peças, esse obrigão elles dotadores de as dar e entregarem muito
a contento delle dotado, tanto que se chegar navio de Angola logo,
ou a quantia de 200$000 em dinheiro de contado, para elle dotado
as compras, como lhe pareces melhor, e outro sem a noiva amada
de seus vestidos de sêda para o recebimento e uso de casa com luzi-
mento, e branco como melhor poderem; e o seu enchoval de roupa e
mais paramentos possíveis; e assim mais oito bois manços e dous car-
ros. E por que por fallecimento do Pae delles dotadores e sogro delle
dotado, Cosme Bezerra Monteiro já defunto ficou sua mãe D. Lenarda
Cavalcante em posse e cabeça de casal de todos os bens, e por serem
muitas as dividas e as obrigações de filhos, se não fez inventario nem
partilhas, e está ainda a casal proindiviso, e se houverem feito outros
dotes: Disse elle dito doador que havendo-se de fazer dito inventario
se lançe d’elle e não quer partilhas nem a requerimento do dito casal;
e se da d’elle por pago entregue e satisfeito com este presente dote
que os ditos dotadores fazem a dita sua irmã por que lhes consta
ser a maior parte da própria fazenda delles dotadores; com a que
nesta forma se ajustarão com obrigação de que elle dotado haverá
e cobrará o resto deste dote e o que delle falta ao presente de qual
quer delles dotadores, posto que todos juntos se obriguem ou cada
um em solidum, por que de sua escolha fará elle dotado a elleição
para o cobrar, e isto sem que nem um delles dotadores terem nem
porem duvida alguma, nem em Juizo nem fora delle, e para comple-
mento deste dote, disserão todos juntos e cada um de per si só em
solidum que obrigão suas pessoas e o melhor, parado de sua fazenda
e todos seus bens moveis e de raiz, e por ventura se obrigão de não
virem nem irem com nenhum modo de regrado ou figura de Juizo
senão terem manterem comprirem e guardarem este escripturado tal
assim e da maneira que nelle, se contem e que para sua validade e
firmesa, disserão outro sim, renunciavao os Juízes de seu foro, Leis,
previlégios e liberdades, férias especiaes, e geraes que de nada se
queirão aproveitar, nem a terem senão em tudo e por tudo cumpri-la
e guarda-la, como nella se contem, e por estar, presente elle dito do-
tado, disse que elle acceitava esta escriptura da mais delles dotadores
com o dito dote com todas as clausulas e obrigações nella contidas
para pastos, não servindo para outra cousa, com todas as lenhas,
pastos e mattas; resalvando a da pau brasil; e cahindo a dita legoa de
terra ou parte della no meu Reguengo, me pagará foro como os mais
Reguengueiros, e outro sim me pagará a 3 por cento, de toda sorte de
moenda que nella se fizer, de farinha de pau, ou outra qualquer que
seja, e a dita legoa de terra em quadro será medida com justiça e ver-
dade, e todas as confrontações necessárias tem as duas mil e quatro
centas braças em quadro de 10 palmos de vara, cada braça, em parte
que não prejudique aos outros providos; pelo que peço por mercê
ao dito Senhor Capitão e mais Officiaes e justiças acima declaradas
que tanto que esta minha carta lhe for apresentada, se fará escriptura
em que o dito Pedro da Cunha de Andrade, confesse e declare acei-
tar esta mercê obrigando-se a cumprir tudo que nella se contem; e
a pagar o foro da dita terra cahindo alguma no meu Reguengo, e de
tudo o que lavrar a 3 por cento, como fica declarado; e não pagando
quando for tempo de ser executado por via executiva; e depois disso
feito darão a posse ao dito Pedro da Cunha de Andrade, da dita legoa
de terra, sem duvida nem embargos alguns, que lhe a isto lhe serão
postos; e esta se registrará no livro em que se costumão registrar as
datas de terras, onde se porão verbas, do tempo em que se tomar
posse da dita legoa de terra, e da demarcação que d’ella se fizer; com
declarações do que houver no meu Reguengo, para o effeito do foro
que ha de pagar, e esta mercê e doação faço ao dito Pedro da Cunha
de Andrade, neste dia para todo sempre para elle sua mulher, filhos,
netos e descendentes; os quaes seus filhos e mais herdeiros serão
obrigados a pagar o dito foro e a cumprir as mais obrigações decla-
radas na carta que que lhe mandei passar por certeza de todo. Dada
em Lisboa aos 27 de Dezembro por mim assignada e sellada com o
sello de minhas armas. Francisco Antunes a fez, anno do nascimento
de N. Senhor Jesus Christo de 1612. E eu Ayres Tavares a fiz escrever
e diz a entre linhas a fez pelo que peço por mercê ao dito Sr. Capitão,
e mando as mais justiças acima nomeadas que tanto que esta minha
carta com consalva lhes faz apresentada, se dê a sua divida execução,
na forma contenda na que acima vai incorporada, não havendo feito
obra pela própria e por certeza de todo, mandei passar a presente,
dada em Lisboa a 29 de Março, por mim assignada e sellada como
sello de minhas armas. João Pereira a fez no anno no nascimento de
elle dito Capitão mor a lhe os entregar, tanto que receber por mulher
na forma do Sagrado Concilio, a dita sua filha, nos gêneros seguintes
a saber huma morada de casa de três sobradoscom paredes de tijollo
e seus chãos que tem nesta rua que chamão da Cadeia na entrada
della vindo da Igreja Matriz do Corpo Santo a mão direita, em que de
presente vive por aluguel Bartholomeu Rodrigues de Xeres, e partem
da parte do Norte com casas do Alferes Jeronimo Coelho de Alvaren-
ga, e para o Sul com casa da viúva Margarida Lopes, tudo em preço
de 2$500 cruzados, e assim mais lhe dá umas casas e seus chãos em
que algum dia houve fornos de cozer paes pelos Flamengos, e estão
nesta dita rua vindo da dita Igreja Matriz a mão esquerda, que partem
daquela parte com chãos que de presente não tem casas, e da banda
da agua com casas em que vive Jacinto d’Amorim Salgado, e occupão
de uma rua a outra, que pelas costas das ditas casas e chãos há a rua
que vai por detraz da dita Cadea e na mesma forma tão bem as ditas
casas já mencionadas e seus chãos é de uma banda e outra da rua
referida e sai para a rua da Senzala, e seguir das casas e chãos lhe dá
em preço de 300$000 rs, e tão bem lhe dava outro sim os chãos que
tem defronte destas cazas de rua a rua pegadas as ditas casas de Ja-
cinto d’Amorim e entestão da Igreja com a travessa desta rua que vai
para a referida de detraz da Cadea, e para o rio donde chamão a
senzala, em preço de 150$000 rs as quaes casas e seus chãos e isto
atraz nomeiados disse elle dito Capitão mor que era tudo seu, livre e
isento como constava do titulo que disse tinha, mas que para segu-
rança e firmesa desta doação prometia e se obrigava a fazer de hoje
para todo sempre boas estas propriedades assim benfeitorias como
chão ao dito Jorge Vieira e a todos, e a todos seus herdeiros ascen-
dentes e descendentes livrando-lhes e defendendo-lhes de todas e
quaisquer duvudas ou embargos que em qualquer tempo possão
acontecer ou por via dos Ministros de Sua Magestade que Deus Guar-
de, por alguma ordem sua para effeito de serem para a sua real co-
roa, ou para alguma duvida arguida pelos Flamengos, de sorte que
de qualquer maneira se obriga elle dito Capitão mor por sua pessoa
e pelo mais bem parados de sua fazenda a fazer estas propriedades
boas ao dito Alferes Jorge Vieira, para não pagar nunca foro, pensão,
nem tributo algum a nenhuma pessoa, se não serem suas livres e
isentas, e nesta forma dispor dellas como lhe parecer; e assim mais
lhe da dez peças com três crias, a saber: Julia, Angola com uma cria
por nome Antonio coriboca, Christina, ambaça com uma creolina por
nome Anna, Francisca, Angola, com uma cria por nome Maria, outra
negra por nome Francisca, outra negra por nome Mariana, Jacinta,
Gracia Conga, e sua filha Luiza, creola; Domingos, Angola, e um ne-
gro por nome Felippe, todas as dez peças e crias em preço de 500$000
reis, e que os 250$000 que faltão para se prefazerem os ditos cinco
mil e quinhentos cruzados, disse elle dito Capitão mor os pagaria da
feitura desta escriptura a um anno ao dito Alferes Jorge Vieira, em
dinheiro de contado sem a isso por duvuda alguma a cujo cumpri-
mento do mais aqui declarado disse obrigava sua pessoa e bens ha-
vidos e por haver; e declarou que neste dote dos ditos cinco mil e
quinhentos cruzados se incluía a legitima que poderia caber a dita
sua filha D. Joanna Pereira da Silva, dos bens que ficavão por faleci-
mento de sua mãe D. Maria Pereira com quem elle dito dotador foi
casado na foorma do sagrado Concilio, não entrando porem a terça
que a dita sua mulher deixara a esta dita sua filha D. Joanna por que
em qualquer tempo o fará como devedor a dita sua filha e genro fu-
turo dito Jorge Vieira de Azevedo; e declarou que já havia saptisfeito
o dote que prometera a seu genro o Capitão João Dourado por casar
com sua filha D. Catharina Pereira, e que tinha bastante cabedal para
prefazer a legitima de seu filho o Capitão Pedro da Silva Pereira, e
que nesta escriptura não assignava sua segunda mulher com quem
elle outorgante hoje estaca casado, D. Anna de Azevedo, por ser es-
cusada em razão de ter mais de cincoenta annos e não ter razão de
lhe pertencerem estes bens que são elles doador livres e desembar-
gados e por assim ser disse que desde logo demetia e apertava de si
todo o direito, posse, acção, e útil domínio, uso e fructo e rendimen-
tos que elle dito doador teve até o presente nas ditas propriedades, e
nas ditas pessoas, e pelo tempo em diante podesse haver por que
tudo desde logo transpassava, transferia, renunciava e outorgava na
pessoa do dito Jorge Vieira de Azevedo, para que como cousas suas
que que são e ficão sendo por bem desta escriptura as logre e possua
assim e da maneira que elle doador as possuio até o presente e me-
lhor si em direito melhor poder ser tanto que receber por sua mulher
a dita D. Joanna por que nesta forma lhe há desde já por dada a
posse, e nelle doador por incorporada pela Clausula constitute, e
pelo que mais dito fica, e que para firmeza e validade desta escriptu-
ra havia aqui por expressas e declaradas todos e quaisquer condições
que o direito podesse permitir e que não queria ir numa contra esta
escriptura em parte nem em todo por si nem por outrem e que fazen-
do-o não queria ser ouvido em juízo nem fora delle antes lhe fosse
denegado todo o remédio de Direito e acção que em seu favor alegar
possa, por que de nada queria usar se não ter e manter, cumprir e
guardar esta escriptura assim e da maneira que nella se contem; e
pelo dito Alferes Jorge Vieira de Azevedo, foi dito que elle aceitava
esta escriptura debaixo das clausulas e obrigações nella inserta, e que
prometia dando-lhe Deus vida, receber por sua legitima mulher a dita
D. Joanna Pereira da Silva; e prometia que enquanto fosse vivo o dito
seu sogro dito Capitão mor Antonio da Silva, lhe não poderia cousa
alguma do que deve e pertence a dita D. Joanna Pereira, da terça que
lhe deixou a dita sua mãe D. Maria Pereira, como fica já declarado; e
nesta forma cada qual na parte que lhe toca prometerão cumprir e
guardar esta escriptura; e ambos e cada qual por si renunciou domi-
cilio, lei, liberdades, férias capéras e tudo o mais que a seu favor
alegarpusessem para o que mandarão ser feito este instrumento nes-
ta nota em que assignarão pedirão, e acceitarão e eu Tabelião o acei-
to em nome de quem tocar auzente como como pessoa publica esti-
pulante e aceitante o estipulei e aceitei sendo presentes por
testemunhas João Estevão da Costa e Francisco da Ponte e Manoel
Froes moradores neste dito Recife que todos conhecem tão bem aos
ditos contraentes que aqui assignarão e eu Antonio Soares Tabelião,
que o escrevi = Antonio da Silva = Jorge Vieira de Azevedo = João
Esteves da Costa = Francisco da Ponte = Manoel Froes = Moreno.”
(p. 229-235)
“253. Nota Curiosa. Domingos de Sá, natural de Portugal viveu
em Pernambuco antes da entrada dos holandeses casou na fre-
guesia de Ipojuca com Izabel Alves da Costa, e deste matrimonio
nasceu Matheos de Sá que no anno de 1676 servio de Vereador
na Camara de Olinda, e de Juiz Ordinário da mesma Camara em
1683, casou nobremente com D. Maria Cavalcante, filha do Capitão
Bernardino de Araújo Pereira e de sua mulher D. Ursula Cavalcanti
d’Albuquerque, dito Bernardino foi filho de Amador de Araújo Pe-
reira, Capitão mor de Ipojuca em 1645, .......... e de sua mulher D.
baiarés de Olinda, perdeo um olho, por uma flechada que lhe derão;
e depois de renhido e encainiçado combate, ficou prisioneiro. A sua
salvação foi uma filha do Cacique-Arco-Verde apaixonar-se por elle,
e pedio ao pai que não o matasse pois que o queria para seu marido.
Annuindo o pai a esta supplica, foi Jeronimo de Albuquerque, segun-
do os ritos e costumes daquelea tribo, considerado como marido da
India Arco-Verde, de quem teve os seguintes filhos:
1 Jeronimo de Albuquerque
2 André de Albuquerque
3 Manoel de Albuquerque
4 D. Catharina de Albuquerque
5 D. Brites de Albuquerque
6 D. Simôa de Albuquerque
7 D. Maria de Albuquerque
8 D. Joanna de Albuquerque
1 Jeronimo de Albuquerque teve mais de outras mulheres os se-
guintes filhos:
1 Lopo de Albuquerque
2 D. Felippa de Albuquerque
3 D. Antonia de Albuquerque
4 D. Anna de Albuquerque
5 D. Luiza de Albuquerque
De vários destes filhos e filhas de Jeronimo de Albuquerque, proce-
dem os Albuquerque e ainda muitas outras famílias ilustres de Pernam-
buco. Pretendendo Jeronimo de Albuquerque, depois da aliança que
conseguira dos Tabaiares com os Portugueses, e da completa expul-
são dos Caetés, solemnizou o contracto de sua união com a Princesa
Arco Verde (então já baptizada com o nome de D. Maria do Espírito
Santo Arco Verde), segundo o rito da religião catholica, escreveu-lhe
a Rainha D. Catharina de Portugal, declarando que espeiava que elle
casasse com uma das filhas de D. Christovão de Mello, que vinha para
a Bahia de Governador geral do Brasil. Foi esta insinuação da Rainha
ou mesmo segundo outros, ordens suas positivas, effectuou-se a final
o casamento de Jeronimo de Albuquerque com D. Filippa de Mello,
filha de D. Christovão de Mello e de sua mulher D. Joanna da Silva. Do
consorcio de Jeronimo de Albuquerque cognominado o Torto, com D.
Felippa de Mello, nascerão os seguintes filhos:
dito rumo ao sudueste pelo qual rumo se foi com trezentes e quaren-
ta braças e no cabo dellas demos com um rio por nome Tabatinga
que é o rio com que moe Pedro Dias da Fonseca, e da banda do sul
sudueste do dito rio, ao longo de um caminho que vai para casa de
Pedro Dias, que é de tirar madeiras, ficam dous marcos, convem a
saber um com duas testem unhas entre o dito ribeiro do dito caminho
e o outro ao pé de uma arvore da outra banda do dito caminho, ao
mesmo rumo guiado, o qual fica sem testemunha, e dahi se foi o
demarcador pelo dito rumo com centro e quarenta braças, onde se
acabou este rumo, e no cabo dellas meteo o demarcador dous mar-
cos de pedra, um que fica no cabo deste rumo guiado ao próprio
rumo do sudueste; e outro guiado ao rumo de noroeste, em mil e
trezentas braças, pelo qual rumo atravessamos muitas vezes o dito rio
Tabatinga; e não medimos mais este dia por não termos tempo. Aos
dezoitos dias do dito mês e anno atrás escripto, tornamos aonde aca-
bamos as mil e quatrocentas braças, e dahi se foi o demarcador pelo
ruomo do noroeste com trezentas e cinquentas braças aonde no meio
do rumo achamosuma pedra grande guiada ao dito rumo a qual fica
com uma cruz as quatrocentas braças meteo o demarcador um marco
de pedra com duas testemunhas todas brancas guiadas ao dito rumo,
ficando da banda esquerda obra de duas braças hum penedo pouco
mais ou menos, e fica uma cruz em uma arvore, e dahi se foi o de-
marcador pelo dito rumo. As seissentas braças poz o dito demarcador
em uma arvore, e dahi se foi o demarcador pelo dito rumo. As sete-
centas braças demos com um rio por nome Utinga antes de passar-
-mos da banda se sudueste do dito rio pozemos uma cruz em uma
arvore, e dahi se foi o demarcador pelo dito rumo e as mil e quinhen-
tas braças e em um oiteiro alto, e redondo, com duas arvores poze-
mos duas cruzes e dahi se foi pelo dito rumo as mil e cem braças,
demos com outro oiteiro grande e alto no cabo delle meteu o demar-
cado hum marco de pedra com suas testemunhas guiado ao noroeste
e outro grande ao rumo do nordeste, e estes marcos, ao marco que
metemos quando começamos este rumo do noroeste duas mil e
quinhentas braças e desta maneira o dito Felippe Cavalcanti fica
demarcado por três rumos, cada rumo de duas mil e quatrocentas
braças, que são: nordeste, - sudueste – e noroeste – sueste que são
os rumos que se querem, digo que se requerem no reguengo o Senr.
“Figura”
Domingos Fernandez e lhe obrigava para que sendo cazo que elle
dito Francisco Berenguer de Andrade não pague os ditos cento e vin-
te mil reis (120$000) com os juros delles, todos os annos, a dita Santa
Caza de Misericordia, e elle dito Domingos Fernendez por alguas das
ditas cousas os juros e o principal seja obrigado poderá ou della fazer
o que quiser, pera de seu valor pagar o que lhe for pedido pela dita
divida; e sendo cazo falte algua couza para isso por a dita terra não
chegar o seu valor poder vender, sendo elle dito Francisco Berenguer
de Andrade obrigado a lhe pagar o que se resta a dever vendida a
dita terra que por isso lhe fazia desde logo geral hyphoteca de todos
seus bens, sem que esta revogue a especial, nem a especial a geral. A
qual dita terra, assim confrontada como dito tem não poderá nunca
em tempo algum do mundo vender nem alienar, nem trocar, nem fa-
zer entre algum negocio com ella e que elle por si nunca virá contra
esta escriptura de hyphoteca em parte, nem em todo, em juizo, nem
fora delle, antes que é contente lhe seja denegado todo o remedio de
acção e pretenção, que possa em seu favor allegar, sem que primei-
ro desobrigue ao dito Domingos Fernandez da dita fiança que por
elle faz para o que se desaforava do Juizo de seu foro, previlegios,
leis, liberdades, ferias e esperas gerais e especiaes e de tudo quanto
possa allegar, que de nada se queriavaler, como dito, e para firmesa
de tudo, obriga sua pessoa e todos os seus bens assim moveis, como
de rais, havidos e por haver, e o mais bem para o delles e de todos,
lhe fazia geral hyphoteca, como dito tem. E logo pelo dito Domingos
Fernandez foi dito, perante as mesmas testemunhas que elle aceitava
esta escriptura de hyphoteca e obrigação da mão do dito Francisco
Berenguer e fez, digo, e se obrigava a fazer para elle a dita fiança a
Santa Caza de Misericordia, desta cidade de Olinda; e outro sim disse
o dito Francisco Berenguer de Andrade que sendo caso que faleces-
se da vida presente sem que tenha desobrigado o dito Domingos
Fernandez, da dita fiança, seos herdeiros não poderão entrar na dita
terra hyphotecada, sem que primeiro desobriguem ao dito Domingos
Fernandez da dita fiança, e se por isso for vendida, e não bastando
o seu valor lhe satisfaria da mais fazenda que lhe ficar primeiro que
tudo. Em fé e testemunho da verdade assim o outhorgaram, pediram
e acceitaram, do que mandaram fazer este instrumento em que se
assignaram; e eu Tabelião o acceitei em nome de quem tocar possa,
outra cousa algua, pelo amor de Deus e nao quero cançar a meus
irmãos, isso peço hua e muitas vezes pelo amor de Deus. Esta casa
comprei por cinquenta mil reis do dinheiro das esmolas, do Snr. e
vinte e cinco meus, se se vender, os dará o meu testamenteiro a João
da Mata criolo forro de São Tomé ou remeterão a sua mulher. O mu-
lato Raphael he do dito Manoel Maximo, que lhe deixarão Maria
Manoela mae da minha criação, consta de hu papel seu, que ahi fica
eu lhe tenho pedido o venda, e do seu procedido faça o que lhe te-
nho dito; e demais também tenho uma colher de prata, também , que
se dará a Antonio Vaz que me fez duas, e lhe devo não sei se dez
tostões; tenho uma mesa pequena, nada mais. O que se puder vender
se venderá, e o meu testamenteiro mandará dizer de missa por tensão
de quem me deu o seu dinheiro para acudir a este hospital quando
nao tinha esmola de ninguem e o desejava conserval-o. Declaro que
das missas que tem vindo a este oratorio nao devo nehua. declaro
que devo sete capellas de missas de dous tostoes e meia pataca, que
me pareceu dissesse, e meus achaques nao permittião, esta é a ansia
do meu coração, vender-se ha o que se achar e for necessário, e Ma-
noel Maximo pedira esmolas pelos SS. Conventos para que me digão
alguas atendendo, a que vinha pobresa, foi a causa, e pouca saude,
e que o não gastei e, vaidades nem cousas illicitas senão com esta
casa e pobres: e assim mais meus testamenteiros pedirão perdão a
Veneravel Ordem Terceira por meu Pe São Francisco que me perdoe
e que la devo a Irmandade das Santas almas, e a Irmandade de N.
Senhora dos Remedios, isto peço pelo amor de Deus. Declaro que
uns livros, que acima faço mensão, como sejão os Despertadores
Christãos os vendi em minha vida declaro que devo a Domingos Dias
Ribeiro, vinte cinco mil reis que tem parente no Porto o qual foi
mercador, que o matarão no Cabo. Declaro que esta terra se deu por
escriptura para doação dos pobres, o Capitão Eusebio de Oliveira
para seu hospital e que esta Igreja, não digo também como a minha
indústria, se hia fazendo, porque sou um inutil de Direito Divino e
humano, se deve conservar o que recommendo a meu testamenteiro
que faça toda deligência para que os ditos povres estejam em meu
hospital, que é das ansias do meu coração esta hua, e no caso que
fosse supperior o contraste para não assistir em tal caso esgotado de
todo o modo possível se retire daqui e va buscar modo, com que me
passar a presente doação nesta villa de Olinda, sob meu signal e sello
das armas do Senr. Governador, que ante mim servem, aos 17 dias
do mes de Dezembro – Gabriel Daniel, escrivão das datas das terras
e sesmarias, aguas e demarcações, de toda esta Capitania, pelo Snr.
Governador della, a fez anno de 1590 annos. Pagou desta e nesta
nada. Felippe Cavalcanti. Ao sello 20 reis. Figueiredo – Registre-se.
Vieira – Fica registrada no Livro dos registros das sesmarias, novo por
mim Antonio da Rocha. Escrivão da Fazenda e Almoxarifado, nesta
Capitania de Pernambuco pelo dito Senr. A fl. 31 até fl. 38 – Olinda 28
de Março de 1591 annos. Antonio da Rocha. Cumpra-se neste Recife
a 13 de Julho de 1602. O Governador.” (p. 286-287)
268. “Copia. Traslado do Foral que se pede. Duarte Coelho, Fidal-
go da Casa de El Rei Nosso Senhor, Capitão e Governador destas
terras da nova Lusitania por El Rei Nosso Senhor, etc. Faço saber a
quantos esta minha carta de Doação virem que no ano do Nascimen-
to de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e quinhentos e cincoenta
annos aos desessete dias de Março do dito anno a requerimento dos
Vereadores e Procuradores do Conselho desta Villa de Olinda foi
mandado tirar do Livro do Tombo e matricula carta de doação das
coisas que elle dito Senhor Governador tinha dadas a esta Villa, e
moradores e povoadores della as quaes forão dadas pelo dito Senhor
Governador na era de mil e quinhentos e trinta e sete, as quaes coisas
e dadas são as seguintes: No anno de mil quinhentos e trinta e sete
deu e doou o Senhor Governador a esta sua Villa de Olinda e para
seo serviço e de todo o seu Povo, moradores e povoadores della as
coisas seguintes. Os assentos deste monte e fraldas delle para casa-
rias e vivendas dos ditos moradores as quaes lhe dá livres foros
exemptos de todo o Direito para sempre e as vargeas das vacas e a
de Beberibe, e as que vão pelo caminho que vae para o Paço do
Governador, e isto para os que mão tem onde pastão seus gados e
isto será nas campinas para pasigo que as reboteiras dos mattos para
roça a quem o Conselho as arrendar, que estão dos capins para o
allagadiço e para os mangues com quem confinão as terras dadas a
Rodrigo Alves e outras pessoas. O Rocio que está defrtonte da Villa
para o Sul até o Ribeiro do Ribeiro até a lombada do monte que jas
para os mangues do Rio Beberibe, onde se ora faz o Varadouro em
que se corregio a Galiota; porque da lombada para baixo o qual o
copiar para este livro por mandado destre Senado e por mim confe-
rido e concertado nesta cidade de Olinda aos vinte e sete de Março
de mil oito centos e vinte e dous e eu João Antonio de Miranda Es-
crivão Secretario da Camara o subscrevi e assignei José Antonio da
Silva = João Gualberto Ferreira Guimaraes = Joaquim Jeronymo Serpa
= José Justino Fernandes Sousa = João da Costa Silva = João Antonio-
de Miranda. Eu o Principe = como regente e Governador dos reinos
de Portugal e Algarve etcetera. Faço saber aos que esta minha Provi-
são virem que tendo consideração aos officiaes da Camara da Villa de
Olinda me representarem que com a invasão que os Holandeses fize-
ram do Estado do Brasil e hostilidades que padecerão por decurso de
tantos annos se desctirão e perderão os livros da Camara e entre elles
todos os papeis importantes e uma Doação que Duarte Coelho havia
feito a mesma Camara, ficando com esta perda sem clareza nas dactas
da dita Villa e pertenções della e dos Officiaes cujo Provimento per-
tence aquelle Senado. E pelas diligencias que fizeram acharão no
Cartório de Sam Bento registada a dita doação por onde constavão as
ditas pertenças e foral que convinha se confirmasse para o ajusta-
mento dellas porquanto as datas que os antecessores fizerão de terras
devolutas ficarão nullas e se devião dar por arrendamento aos Povos
Pedindo-me lhes mandasse confirmar o ditto foral e doação com a
dita clausula e por aplicarem os ditos foros dos desembargadores do
Recife e a maior parte as fortificações em grande validade de meo
serviço. Tendo a tudo respeito e a informação que deo o Ouvidor
Geral da Capitania de Pernambuco e ao que respondeo o Procurador
da Coroa a que se deo vista. Hei por bem de lhes fazer mercê confir-
mar a dita Doação naquelles bens doados, de que a Camara está de
posse, mas não aquelles que estão em mão de terceiros por estes se
não poderem confirmar conforme a direito, e os devem requerer via
ordinaria. Pelo que mando ao meu Governador da Capitania de Per-
nambuco e mais ministros a que tocar cumprão e guardem esta pro-
visão e a fação muito inteiramente com digo e guardar como nella se
contem cem duvida alguma a qual valerá como esta sem embargo da
Ordenação do Livro segundo titulo quarenta em contrario e se pas-
sou por trez vias = Antonio Ferrão de Carvalho a fez em Lisboa a
quatorze de Julho de seis centos e setenta e oito = O Secretário Ma-
noel Barreto de Sampaio a fez escrever = Principe = O Conde de Val
Vieira, nem nada que lhe diga respeito. Além disto este hospital, foi
fundado, e a instituição dos orphaos depois de alguns annos da data
do testamento de Vieira, ou de sua morte. Como em Machico e Santa
Cruz, existem Casas de Mizericordia, mandei os apontamentos a um
amigo competente, para indagar nos archivos se existe lá alguma
cousa, pois como Vieira era do aniço, Conselho de Santa Cruz, pode
ser que fossem lá cumpridas as suas vontades, caso não se encontre
nada, farei indagar no Machico, que me dizem ser Mizericordia an-
tiquissima; mas hoje pouco mais que extincta ou abandonada (*)9”
(fl. 303v-304)
272. “Noticia sobre a extincta colonia allemã da Cova da Onça,
mais tarde officialmente denominada - Amelia, á mim prestada por
Anna Margarida Fildel, ultima das antigas colonas aqui existentes,
allemã de nascimento, [reiuna], com oitenta annos de idade, neta do
Mestre-escolla da Colonia, moradora no lugar Ferrar, que dista meia
legua do local onde existio a colonia. Os allemães que constituira
a colonia da Cova da Onça, que foi situada á duas leguas, mais ou
menos, desta capital, em local por onde corre o rio Paratibe, alli
estabeleceram-se em 1828 (**)10. Não trasiam destino a esta provin-
cia e sim á de Santa Catharina. Embarcaram com outras famílias da
mesma nacionalidade em Amsterdam, em dous navios hollandeses.
O primeiro destes navios seguiu para o sul, o segundo (e neste vi-
nham os que aqui ficaram), deixou parte de seus passageiros em uma
praia do Rio Grande do Norte, sob o pretesto de falta de viveres nem
ao menos deixando-lhes as bagagens. Os abandonados pelo capitão
hollandez foram parar ao Natal. D’alli, sob a protecção do encarre-
gado do consulado e com intervenção da autoridade brasileira, bus-
9 Trocamos este sinal por esta nota de rodapé. “Estas duas cartas pertencem ao Consocio
do Instituto Major Codeceira, que autorisou as copias neste livro”.
10 Trocamos este sinal por esta nota de rodapé. “A informante garante que a Colonia fun-
dou-se em 1828. A defficientes notas officiaes que existem, consideram-na estabelecida em
1829. Creio mais nas informações da velha allemã, que guarda com felicidade ate as nossas
datas nacionais de seu tempo. Talvez que as notas officiaesrefiram-se á legalização, ao reco-
nhecimento do que se havia feito; e neste caso é bem possivel que, os muitos meses depois
alguma cousa, que em todo o caso pouco valle, se escrevesse para o archivo; alem de que
a fundaçãopoder-se-hia ter dado nos ultimos meses de 1828. O casamento, já contractado,
da Princesa Amelia de Leuchtenberg com o 1° Imperador, explica a denominação dada
mais tarde á Colonia allemã da Cova da Onça”.
Notas adicionais:
1- Até o item 263 são numerações originais. A partir do item 264 (p.
276) foi por nós acrescentado o sequencial 264 até 271.
ÍNDICE ONOMÁSTICO
Nome Documento
ABREU
Antonio de 208
Manoel Pereira Calheiros de 206
ACIOLI, Joanna Baptista 201
ADÃO Pernambucano 254
AFONSO
Alvaro 270
Jordão 257
ALBUQUERQUE
Afonso de 254
André de 254
Anna de 254
Antonia de 204, 238, 239, 254
Antonio Cavalcanti de 224
Antonio de 254
Barbara Izabel da Camara e 214
Brites de 254
Brites Margarida de Castro e 254
Catharina de 204, 205, 254
Diogo Soares de 204
Duarte Coelho de 208, 254, 257
Elena Barboza de 226
Felippa de Mello de 254
Felippa de 254
Fernando Affonso de 254
Francisco de Brito Bez. Cavalcanti de 244
Geronimo de 249
Henrique de 208
Izabel de 204, 205, 254
Jerônima de 265
Jerônimo de 204, 239, 254, 268
Joanna de 254
João Afonso de 254
João de 254
João Soares de 205
André 208
João 215, 264
Jorge 208
Leonor Lopes 254
Lopo 254
Maria 215
Pedro 253
GOVÊA 202
Mariano de Almeida 202
Patricio Jose de Almeida 202
GOVEIA, Luiz Real de 218
GRACÊS, Francisca 226
GUEVARA, Eduardo Daniel Cavalcanti Vellez 250, 251
de
GUIMARÃES
Auelio Marques da Silva 251
João Gualberto Ferreira 268
GURJÃO, Germinio Walfredo de Souza 251
GUSMÃO, Antonio 241
HOMEM, Luiz de Almeida 238
INOJOSA, Gaspar da Serra 249, 268
ISAAC, Aureliano Almeida Rodrigues 251
IZABEL, Maria 202
JACOME, Diogo 262
JESUS
Antonia Maria de 202
Manoel de 233
Maria de 202
Thereza de 220
Thereza Maria de 206, 207
JOSÉ, Anna de São 242
LACERDA, Jerônimo d’Albuquerque e 230
LAPA, João Francisco da 251
LAVRA, André Lopes da 247, 249, 268
LAZAROS, Hospital dos 263
LEÃO
Antonio Dias de 219
José Quintino de Castro 250
Luzia de 219
LEIRIA
MORENO
José Cardoso 219, 246
Pedro Cardoso 219
MOURA
Alexandre de 245
Inocencio Correa de 249, 268
Manoel de 254
NAVARRO, José de Moraes 226
NEGREIROS
André Vidal de 240
Catharina Vidal de 240
NETA, Joanna 219
NEVES, Silva 208
NIGRAMONTE
Francisco Coelho 253
Manoel Coelho 253
NOGUEIRA, Francisco Luiz 207
NOVA
Pedro Gonçalves da 227
Vicente Dias da 227
NUNES, Leonor 205
OLIVEIRA
Antonio Gago de 225
Catharina de 234
Eusebio de 262, 263
Francisca de 213
Ignacia de 227
Maria José de 227
Suzana de 213
PACHECO, Maria 227
PAÇOS, Manoel 263
PAES
Cosme 257
João 257
Lourença Rodrigues 225
Manoel 262
Simão 268
PAIVA
João de 220
Manoel Borges de 220
PEQUENO, Francisco Alves 251
Francisco da 252
Gonçalo Ferreira da 212
QUARESMA
Luiz 214
Mathias 227
QUEIROS, Manoel da Silva 229
RAPOUZA, Maria Gonçalves 208
REGO 212
Anna do 212
Christovão de Barros 241
David de Barros 241
Faustino de Barros 253
Gracia de Barros 217
Gracia do 216, 229, 234
Lázaro de Barros 212
RIBEIRO
Bento Teixeira 233
Domingos Dias 263
Jerônimo Teixeira 231
ROCHA
Antonio da 267
Clemente da 253
Izabel da 220
Luiza Lins da 253
Manoel Pinto da 255
Margarida da 225
Maria da 253
Maria de Castro Loba da 231
Mecia da 253
RODRIGUES
Netto, Manoel 236
Antonio 248
Bartholomeu 268
Bartolomeu 249
Estolano Severo 202
Izabel 208
João 257
ROMEIRA, Jacinta Velho 203
ROSA
José da 227
José de Santa 250
TAVARES
Anna de Crasto 228
Antonia 234
Ayres 245
Francisco Paes 206
Thomé de Crasto 228
TAVELLE, Antonio 222
TEIXEIRA
Luiz Carlos de Paiva 250
Miguel José 250
Pedro 242
TELLO, João Afonso 254
TERCEIRA, Ordem 263
TEXEIRA, Manoel Pinheiro 226
TORRES, Francisco de 241
TRAVASSO, Domingos 263
VALCAÇAR, Joanna Camello 233
VALDIVESO, Balthazar Dornellas 231
VASCONCELLOS
Águida de Oliveira de 227
Apolinario Pereira de 263
Diogo Cavalcante de 240
Francisco Alvares de 207
Galdino Temystocres Cabral de 208
Gaspar Acyoli de 201
Gaspar de Mendonça e 242
Izabel Mendes de 224
Luiza de 206
Manoel de Mendonça e 242
Reinaldo Alvares de 207
Rozaura Tavares de 207
Simão Alvares de 207
Tranquilino Cabral Tavares de 251
VAZ
Domingos 215
Manoel 208
Simão 208
VIEGAS, Manoel Pereira 212
VIEIRA
André 233
Bernardo 218
Christovão 228
Joanna Fernandes 201
João Fernandes 240, 256, 270, 271
Jorge 252
José da Silva 229
Manoel da Silva 212, 216, 217, 229,
234
Manoel de Silva 215
Manoel Fernandes 256
VIRAES, Francisco Luiz 250
WANDERLEY
Adriana 253
Gaspar 253
João Mauricio 253
XAVIER, Antonia Francisca 202
XERES, Bartholomeu Rodrigues de 252
ZARCO, João Gonsalves 270
ZUMBI 266
ÍNDICE TOPONÍMICO
Local Documento
África 247
Alenquer 254
Alentejo 254
Algarves 247
Algodoaes 268
Amsterdam 272
Antonio Vaz 263
Apipucos 272
Araripe 241
Arassuagipe 257
Arraial de São Caetano 263
Arrombados 268
Bahia 254
Bairro de Santo Antonio 246, 268
Alemã 272
Amélia 272
Convento de São Francisco de Olinda 235
Cova da Onça 272
Curato de N. S. dos Prazeres de Goianinha 229
Curcuranas 268
Engenho
Abiay 230
Apipucos 208
Arariba 253
Caraú 244
Cunhaú 214
da Guerra 253
de São Pantalião do Monteiro 207, 208
Muribeca 205
São Francisco da Varzea 240
Trapiche 245
Velho 268
Ferrar 272
Fornos da Cal 268
Fortaleza do Brum 272
Freguesia
da Varzea 202
de Goiana 220
de Igarassu 228
de Itamaracá 206, 207, 244
de Maranguape 235
de Muribeca 246
de N. S. da Apresentação (RN) 226, 227
de N. S. da Luz da Matta 203, 222, 224, 263
de N. S. da Penha de França da Taquara 228, 230, 231
de Santa Maria Maior 270
de São Lourenço da Matta 224, 242
de São Lourenço de Tejucupapo 231
de São Pedro 217
do Cabo 253
do Martir São Sebastião 213
do Rio Grande do Norte 212, 213, 214, 229,
233, 234
Funchal 270, 271
Goiana 228, 242, 258, 265
Guiné 208, 247
Igarassu 241, 251
Igreja
de N. S. da Penha de França 228
de São Paulo 270
Ilha
da Madeira 216
de Fernando de Noronha 272
de Itamaracá 207, 253, 264
de Santo Antônio 268
de São Miguel 213, 227
do Porto dos Navios 249, 268
Ferere 268
Índia 254
Ipojuca 253
Irmandade de N. S. dos Remédios 263
Jangada 268
Jucuipe 263
Macaipe 239
Macaquinho 253
Machico 271
Maciape 239
Maranguape 235, 256
Matriz
de Itamaracá 236
de N. S. da Apresentação 227
do Corpo Santo 252
Miroeira 260, 261
Molinote 201
Mosteiro de São Bento 239, 249, 268
N. S. da Ágoa de Lupe 201
N. S. da Conceição 251, 262, 263
N. S. do Monte 249, 268
N. S. do Ó 263
Natal 272
Nazareth 268
Nova Lusitania 208, 268
Óbidos 254
Olaria 268
Olinda 201, 208, 235, 242,
244, 247, 248, 249,
250, 251, 252, 253,
254, 255, 256, 260,
261, 262, 263, 267,
268, 269
Palmares 266
Pao Amarelo 256
Paratibe 235, 239, 249, 260,
261, 268
Paratibe de Cima 237, 239, 261
Paróquia de N. S. da Apresentação 212, 213, 229
Paulista 225
Pernambuco 247, 253, 254, 258,
259, 266, 272,
Porto Alegre 272
Porto Calvo 253
Portugal 247, 249, 253, 254,
265
Tabatinga 257
Tapicurá 245
Tapinuacú 241
Timbó 272
Torres Vedias 254
Val de Fontes 268
Varadouro da Galiota 268
Vargem
do Beberibe 268
do Capibaribe 208
Vila
de Buarcos 217
de Igarassu 244
de N. S. da Conceição 265
de Olinda 208, 245, 249, 252,
257, 265, 267, 268
de Santa Cruz 249, 268
de Santo Antonio do Recife 262, 263
de São Paulo 226
do Recife 247, 258
dos Santos Cosme e Damião de Igarassu 268
Verde 254
1.1 Cada artigo deverá trazer, além do título em negrito com fonte
Garamond 14, o nome do autor à direita e informações particula-
res (titularidade, função e instituição a que está ligado).
1.2 Os textos deverão trazer um resumo (máximo de 10 linhas) e
palavras-chave (máximo de cinco) em português.
1.2.1 O título do artigo/ensaio também deverá ser traduzido para
a língua inglesa ou espanhola, bem como o resumo (máximo de
10 linhas), com suas respectivas palavras-chave (abstract-keywords /
resumen-palabras-clave)