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Marcos Túlio
Júlia Morato
Larissa Rosa
Luca Vilela
Pedro Santos
Belo Horizonte
2022
Introdução
Para Herman Daly, por sua vez, crescimento sustentável é um oxímoro ruim,
dado que a substância do crescimento econômico são recursos naturais finitos, que
fazem parte de um sistema fechado. O autor classifica como impossível a ideia de
crescimento sustentável, dado que o verbo crescer significa “aumentar naturalmente
em tamanho pela adição de material através de assimilação ou acréscimo” (DALY,
2004, p.198). Já o verbo desenvolver significa “expandir ou realizar os potenciais de;
trazer gradualmente a um estado mais completo, maior ou melhor” (DALY, 2004,
p.198). Apesar de existir a possibilidade de um ecossistema se desenvolver, visto
que ele tem capacidade de evoluir, ele não consegue crescer – vide a Lei física da
Conservação das Massas. Portanto, pensar em redução da pobreza e degradação
ambiental pelo caminho da expansão exponencial do modelo de crescimento
econômico global, é – do ponto de vista metodológico – um absurdo, não existindo a
possibilidade de um crescimento sustentado. O autor também critica que
desenvolvimento sustentável tenha se tornado um sinônimo de crescimento
sustentável, argumentando que uma economia em desenvolvimento sustentável
adequa-se em conhecimento, organização, eficiência e técnica e sabedoria. A
política de desenvolvimento sustentável é feita sem acrescentar uma parcela cada
vez maior de matéria, ou seja, a política consegue aumentar a produtividade sem
aumentar os recursos necessários. A economia de crescimento nulo não é inerte,
ela está sendo incessantemente mantida e renovada como um subsistema (em
estado estacionário) do meio ambiente. Ademais, Daly faz questão de apontar
diretrizes para que os recursos continuem sendo explorados, tal como a limitação
das taxas de colheitas em relação às taxas de regeneração do solo e das emissões
de resíduos em relação à capacidade assimilativa do meio ambiente. Isso seria,
para o autor, uma forma de garantir que os recursos não renováveis se mantenham
presentes no ambiente, garantindo a capacidade do ambiente de lidar com os
resíduos. Desse modo, aponta para um modelo de desenvolvimento sustentável
estacionário, sem crescimento. Pensar na redução da pobreza para o
desenvolvimento sustentável é pensar em políticas de controle populacional,
distribuição de renda, aumento dos impostos sobre extrações minerais e promoção
de políticas de substituição dos recursos não renováveis e utilização dos recursos
respeitando a velocidade do crescimento natural.
A principal divergência teórica consiste não no diagnóstico crítico, mas sim nas
medidas recomendadas por ambas vertentes visando mitigar os efeitos da atual
crise socioambiental. Enquanto a leitura ecossocialista pressupõe a necessidade de
uma revolução social e econômica, os teóricos do Decrescimento Econômico
definem a necessidade de uma transformação social através de uma revolução
mental no nível dos indivíduos e também da coletividade. Assim, seria possível
alterar a mentalidade social em busca da aceitação do decrescimento. É necessário
ressaltar, entretanto, que decrescimento não significa, necessariamente, a
existência de um crescimento econômico negativo, mas sim o abandono da ideia de
crescer indefinidamente e sem objetivo concreto. Ou seja, adotar um pensamento
sustentável significa questionar as bases da própria economia tradicional, que visa
constantemente o crescimento e a acumulação desenfreada.
Referências Bibliográficas
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